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MILLENSON, J R (1967) Princípios de Análise do Comportamento Brasília Coordenada Editora COMPLETO

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Prévia do material em texto

J. R. MILLENSON
p r in c íp io s d e 
ANÁLISE DO 
COMPORTAMENTO
A mais moderna e sistemática coleção de princípios elementares 
universais que existem para a modificação do comportamento
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PRINCÍPIOS DE ANÁLISE 
DO COMPORTAMENTO
J.R. MILLENSON
PRINCÍPIOS DE ANÁLISE 
DO COMPORTAMENTO
T rad u ção de
A lina de A lm eida Souza
Dioue tie Kezende
COORDENADA
THESAURUS
© Copyright, J. R. Milleonson, 1967
Título original: Principles-of Behavior Analysis 
THI MACMILLAN COMPANY, NLW YORK
Library of Congress catalog card number: 67 15540
Montagem: Afonso Rocha 
Fotomontagem de : João Pinto
Composição de: Antonio Carlos da Silva e Clemente Silva l 'ilho 
Capa: Paulo Magalhães
MCMLXXV
Todos os direitos, em língua portuguesa no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte 
deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo 
fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito da editora 
COORDENADA / THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Q. 08 LOTE 2356 - 
FONE: (061) 344 3738 - FAX: (061) 344 2353 - Brasília - DF.
Para
VIVIENNE
PREFÁCI O À ED I Ç Ã O B R AS I L E I RA
A maior parte do livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO fo i 
escrita durante o ano acadêmico de 1964, enquanto eu era um jovem professor assistente 
de Psicologia no Institu to de Tecnologia Carnegie (agora Universidade Carnegie-Mellon), 
em Pittsburgh, Pensylvania. Eu o concebi como um texto sistemático de introdução dos 
estudantes, em nível elementar e avançado, àqueles princípios conhecidos de modificação 
do comportamento que devem servir de base à grande porção da conduta adaptativa do 
homem e de organismos relacionados com ele. Em sua maior parte, escrever este livro fo i 
um trabalho de amor. Eu ensinava Psicologia a iniciantes, para quem eu a interpretava 
como a ciência que se preocupa com as interações do comportamento com o meio 
ambiente e para quem havia tantas coisas que desejava dizer (e que o fiz muitas e muitas 
vezes!) que não se encontravam em qualquer dos livros textos existentes, que decidi 
desenvolvê-los por escrito. Aquela época existia apenas um livro tex to sistemático e 
elementar sobre esse campo de estudo que, embora suportando majestosamente a sua 
idade, muita coisa tinha acontecido desde a sua publicação em 1950.
Parece-me claro agora, como o fo i ent£o, que a Psicologia é um campo c ien tífico a 
mover-se rapidamente de seu estágio pré-paradigmático para a exploração sistemática de 
um conjunto unificado de comportamentos. Gosto de pensar que em sua d im inuta trilha, 
o livro PRINCÍPIOS DE ANÁLIS E DO COMPORTAMENTO continua a dar uma 
contribuição permanente pc.ra o estabelecimento desse novo paradigma da Psicologia. 
Agor.i, olhando para trás, uma década desde que esse livro apareceu, posso ver mais 
claramente as suas virtudes e falhas. É certo que nessa ciência de desenvolvimento tão 
rápido qualquer livro texto logo se desatualiza. Novos processos importantes, como a 
^uto-modelagcm, o comportamento adjuntivo e o biofeedback entraram em cena; outros 
processos familiares, como o da punição e do condicionamento clássico, foram 
consideravelmente relormulados. Por outro lado, enquanto em 1964 não tinhamos quase 
nenhuma teoria que merecesse esse nome, os anos de 70 testemunharam a chegada de 
modelos quantitativos tanto na teoria do reforço como na do condicionamento clássico. 
Esses modelos, embora deliberadamente restritos à área que cobrem, têm uma certa aura 
de au ten tic idade que íalta totalmente nas grandiosas teorias prim itivas sobre 
aprendizagem da era anterior. As descobertas complementares de que as atividades 
autônomas reflexas são reíorcáveis e nue os comportamentos emitidos nodem ser
excitados por contingências associadas/ colocam em questão nossa distinção fechada 
entre operantes e respondentes. É m uito cedo para dizer quão drasticamente essas 
descobertas vão abalar nossos fundamentos teóricos, mas é certo que maiores 
modificações estão no ar.
Há dez anos atrás, como reação às prematuras teorizações das décadas de 1940 e 
1950, a disposição dos que trabalhavam nesse campo era fortemente descritiva. A análise 
que B.F. Skinner fez do comportamento proposital, sua preocupação com o organismo 
individual e sua ênfase no controle pelo reforçamento de contingências eram as bases do 
cultivo em pírico vigoroso dos princípios de reforçamento positivo. A lei do efeito de 
Thorndike estava no seu zênite e este livro é um produto daquele clímax. Porém algumas 
mudanças sutis estão acontecendo no Zeitgeist. O controle de contingências — pervasivo 
e importante como é — começou a ceder lugar a um conjunto de efeitos perplexantes 
que, mesmo parecendo intimamente ligados ao reforço, vão alem da lei do efeito. Por 
outro lado, o condicionamento clássico, a outra face da moeda do determinismo na 
Psicologia, acha-se menos e menos seguro de seu papel como o segundo maior princíp io 
de modificação do comportamento. Suspeito mesmo que devemos logo nos preparar para 
aceitar a idéia de que as modificações das respostas no condicionamento clássico pode ser 
grandemente reduzido a uma forma de aprendizagem instrumental. Naturalmente que, 
quando e se, essa integração vier, ela certamente não eliminará Pavlov. Pelo contrário, os 
diques serão finalmente eliminados para a exploração das descobertas do grande fisiólogo 
Russo, em sua área mais apropriada: a modulação do comportamento corrente pelos 
efeitos Pavlovianos sobre a motivação, a emoção e a criação de reforçadores.
O livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO guarda um silêncio 
virtual sobre as contribuições dos biólogos comportamentais às fontes evolucionistas da 
variação do comportamento; fator este não facilmente manipulável mas não facilmente 
ignorado. Enquanto eu sempre senti a negligência às contribuições dos etologisias às 
características comportamentais das espécies, como a maior omissão de meu livro, e o 
enfoque no meio-ambientalismo (que poderia ter sido d ifíc il conseguir com uma 
apresentação balanceada de biologia e psicologia) fo i e é a sua maior força. Porquanto a 
sua preocupação com as variáveis do meio ambiente do passado e do presente 
permitiram-me aplicar a teoria do reforço de maneira criativa a um amplo espectro de 
com p o rta m e n to s humanos complexos, incluindo a aprendizagem de conceitos, 
significado e compreensão, solução de problemas, motivação e emoção, de tal modo que 
ainda hoje parece-me que retêm um sabor moderno. Assim, por todas as mudanças e 
fermentos que ocorreram desde o seu aparecimento e por todas as suas omissões, pode 
muito bem ser qüe o livro PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ainda 
contenha a mais noderna e sistemática coleção de princípios elementares universais que 
existem para a jodificação do comportamento. Certamente eu creio que minha atenção 
meticulosa para a elaboração e a aplicação de conceitos fundamentais, minha pressão 
neste livro na descrição formal de contingências de reforçamento, a preocupação no 
texto com os detalhes íntimos, em profundidade, de um número lim itado de processos 
fundamentais do comportamento, seu comprometimento em compreender, opondo-se a 
uma ( obertura superficial dos temas, sua natureza programada e, finalmente, sua fé em 
que a teoria psicológica pode e deve ser desenvolvida a um nível comportamental são, 
todos eles, características que permanecem distintas e perenes.
Tornando este livro disponível numa edição em Português a, talvez, uma audiência 
bem maior, esta poderá ser introduzida aos recentes insights e às promessas conceituais 
dessa ciência do século XX
PREFACIO
O objetivo deste livro é fornecer uma introdução rigorosa à Psicologia Experimental 
orientada para os dados. Ele se dirige principalmente ao estudante do primeiro curso em 
Psicologia e contém material adequado paradois semestres consecutivos ou um período 
de um ano. Embora o texto atinja um grau incomum de sistematização para 
o nível introdutório, o material que ele contém não é necessariamente mais difícil do que
o encontrado na maioria dos textos de abordagem geral no campo. Com um grupo 
limitado de conceitos gerais, tentei construir uma estrutura razoável de modo que o 
estudante tenha, se este fôr o seu primeiro, único ou último curso em ciência, os meios 
para interpretar e ordenar uma ampla variedade de fenômenos psicológicos.
Não fiz tentativa alguma para rever todas as atividades variadas dos psicólogos em 
geral na metade do século vinte. Na maior parte mantive o caminho direto e estrito da 
Psicologia Experimental. Dentro desses limites, concentrei-me no que, em termos tradi­
cionais, seria chamado aprendizagem e condicionamento, motivação e emoção e, em 
menor extensão, Psicofísica, percepção e resolução de problemas. Os correlatos fisio­
lógicos do comportamento são apresentados nas discussões sobre motivação e emoção. 
As desordens do comportamento são estruturadas como fenômenos emocionais patoló- 
>s. Não há um capítulo com títulos como os de Percepção e Psicofísica, mas seus 
1'miiTilns básicos e alguns dados representativos são considerados no texto, nos capítulos 
h*>l»ic* controle de estímulo, discriminação e aquisição de conceitos, e em outras partes. A 
aluminum na área é feita em termos da análise funcional do comportamento, um ponto 
do visla há muito tempo associado com B. F. Skinnei. Embora a maioria dos “prin­
cípios’* dosciilos tenham suas origens no laboratório de pesquisa animal,sua relevância 
para as atividades humanas é repetidamente enfatizada.
Algumas noçoes de Estatística elementar são apresentadas, principalmente para 
fornecei algum sabor à variabilidade dos dados e para apontar a utilidade de instrumentos 
estatísticos no losumo e interpretação dos resultados. Utilizei o método de anexar alguns 
capítulos com seçoes sobre análise de dados, muitos dos quais descrevem conceitos 
estatísticos simples. Embora estas seções estejam organizadas de modo a incorporar os 
dados empíricos citados nos capítulos em que aparecem, eles fornecem seqüência 
independente colocada à narte do corno do textn
Um sistema de notação de R e S para descrever os procedimentos comportamentais é 
uma parte integral do texto. Os procedimentos no campo estão se tornando cada vez 
mais complexos e algum esquema formal para reduzí-los aos seus elementos parece dese­
jável se se quer que o estudante aprecie diferenças e similaridades de procedimento. 0 
problema de se a notação particular, aqui elaborada, há de encontrar um lugar permanente 
na ciência não será resolvido aqui. Mas, com sua inclusão, desejo enfatizar que uma 
representação simbólica da lógica de nossos procedimentos está se tornando obrigatória 
para uma exposição e comun icação e ficientes.
Espero que o instrutor encontre dificuldade para modificar a seqüência dos capítulos 
ou omitir qualquer um completamente. (As seções que podem ser omitidas sem destruir a 
continuidade estão em tipo pequeno.) Os conceitos se constroem uns sobre os outros e o 
livro é uma unidade. O nível de dificuldade parece-me ser uma função direta do número 
do capítulo. Ao usar o material com estudantes de vários níveis, o principal grau de 
liberdade parece ser a velocidade em que o instrutor pode progredir. Mantendo o prin­
cípio de Bruner1, que “qualquer assunto pode ser ensinado, de modo efetivo e de uma 
forma intelectualmente honesta, a qualquer indivíduo em qualquer estágio de desenvol­
vimento” , espera que o livro seja útil para diversos níveis: talvez, como um 
texto auxiliar para o curso de aprendizagem em graduação, ou mesmo como um livro de 
consulta para cursos de pós-graduação em análise experimental do comportamento.
Um laboratório seria um complemento valioso para um curso tal como este e a 
seqüência do texto é tal que facilita uma ordem lógica de tópicos experimentais para o 
laboratório.
Meus agradecimentos são para muitos dos meus ex-alunos da Columbia University, 
Birkbeck College (University of London) e Carnegie Institute of Technology que, 
durante anos, estabeleceram as condições para escrever o livro e que modelaram 
amplamente a sua estrutura. A Susan Alcott, Nancy Innes, Mary Carol Perrott, e par­
ticularmente Isabelle Alter, tenho uma dívida pela leitura crítica, releitura, e edição dos 
rascunhos preliminares. As sugestões dos meus colegas Daryl Bem, John Boren, Derek 
Hendry, Dennis Kelly, Bernard Migler e do editor dessa serie, Melvin Marx, que entre eles 
ieu cada capítu lo do livro, esclareceram , apreciavelmente, a versão final. 
Evalyn Segai, generosam ente, realizou o árduo trabalho de reler todo o manuscritc 
durante as férias de verão, e seus comentários detalhados ajudaram a melhorar o livro de 
muitas maneiras. W. N. Schoenfeld e Francis Mechner merecem o crédito por aquilo que 
de valor original aqui for encontrado. Não seria necessário dizer que eles não são de 
modo algum responsáveis pelos defeitos e deficiências e espero que eles perdoem quais­
quer distorções de suas idéias que eu possa ter, inadvertidamente, criado.
J. R. M.
J. S. Bruner, The process of education. Cambridge: Harvard llnivrr Press 196^ n ^
1
S U M Á R I O
NOTA AOS ESTUDANTES......................................................................................... 19
PRIMEIRA PARTE: A REGULARIDADE DO COMPORTAMENTO..................... 21
CAPÍTULO 1 - UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTÍFICA AO
COMPORTAMENTO....................................................................... 23
1.1 Primeiras tentativas para explicar e classificar o comportamento hum ano..... 23
1.2 A ação reflexa........................................................................................................ 25
1.3 Reflexos condicionados ou adquiridos........... .................................................... 25
1.4 A teoria da evolução e o comportamento adaptativo....................................... 26
1.5 Os primeiros experimentos sobre o comportamento “voluntário” .................. 27
1.6 O Zeitgeist.............................................................................................................. 29
1.7 A psicologia perde a sua m ente............................................................................ 30
1.8 O firme estabelecimento de uma análise experimental do comportamento .... 32
1.9 Revisão.................................................................................................................... 34
CAPÍTULO 2 - COMPORTAMENTO REFLEXO (ELICIADO)........................... 37
2.1 A fórmula S - R .................................................................................................... 37
2.2 Leis do reflexo primário........................................................................................ 39
2.3 Leis secundárias do reflexo................................................................................... 41
2.4 Força do reflexo: um constructo hipotético....................................................... 42
2.5 Exemplos comuns de reflexos.............................................................................. 44
2.6 Variabilidade nas medidas; resumo de dados em distribuição de freqüência;
estatística básica; a curva norm al........................................................................ 45
CAPÍTULO 3 - CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO ....................................... 53
3.1 Reflexos condicionados e a natureza de um experimento................................. 53
3.2 O paradigma Pavloviano: um método esquemático de representar o condi­
cionamento 56
3.3 Relações temporais nos paradigmas de condicionamento................................. 62
3.4 A extensão do condicionamento clássico................................ ........................... 64
3.5 O método experimental ........................................................................................66
3.6 Introdução aos conceitos elementares de probabilidade................................... 70
CAPÍTULO 4 - FORTALECIMENTO OPERANTE............................................... 75
4.1 Introdução ao comportamento proposital.......................................................... 75
4.2 Um experimento protótipo.................................................................................. 77
4.3 Mudanças na taxa absoluta................................................................................... 79
4.4 Mudanças na taxa relativa.................................................................................... 84
4.5 Mudanças seqüenciais no responder.................................................................... 85
4.6 Mudanças na variabilidade.................................................................................... 86
4.7 Operantes e estímulos reforçadores..................................................................... 87
4.8 O paradigma do fortalecimento operante........................................................... 89
4.9 Operantes vocais..................................................................................................... 90
4.10 A extensão do fortalecimento operante............................................................. 92
4.11 Superstição............................................................................................................. 94
4.12 Condicionamento operante .................................................................................. 95
CAPÍTULO 5 - EXTINÇÃO E RECONDICIONAMENTO DO OPERANTE....... 99
5.1 Mudanças na taxa de resposta durante a extinção.............................................. 100
5.2 Mudanças topográficas e estruturais na extinção............................................... 101
5.3 Resistência à extinção........................................................................................... 102
5.4 Recuperação espontânea ....................................................................................... 106
5.5 Condicionamento e extinção sucessivos............................................................. 107
5.6 Esquecimento e extinção...................................................................................... 108
5.7 Uma definição compreensiva de extinção operante........................................... 112
5.8 A extensão dos conceitos de extinção................................................................. 112
5.9 Representações gráficas dos resultados de experimentos nos quais muitas
variáveis independentes são estudadas em conjunto........................................ 116
SEGUNDA PARTE: AS UNIDADES FUNDAMENTAIS DE ANÁLISE............... 121
CAPÍTULO 6 - NOTAÇÃO DE CONTINGÊNCIA DE RESPOSTA E ESTÍ­
MULO................................................................................................ 123
6.1 Respostas e eventos ambientais............................................................................ 124
6.2 Situações e eventos ambientais............................................................................. 126
6.3 A noção de uma contingência comportamental................................................ 127
6.4 A situação inicial (Sa ) .......................................................................................... 129
6.5 Contingências múltiplas na mesma situação....................................................... 130
6.6 A contingência n u la .............................................................................................. 132
6.7 A duração das situações e das contingências....................................................... 133
6.8 Mais de uma resposta é exigida para a conseqüência S ....................................... 134
6.9 Contingências repetitivas......................................................................... ........... 135
6.10 Facilitação............................................................................................................. 136
6.11 Çontingências negativas....................................................................................... 137
6.12 Contingências probabilísticas............................................................................. 138
6.13 Discriminações...................................................................................................... 139
6.14 R e S funcionalmente dependentes................................................................... 140
6.15 Contingências agrupadas...................................................................................... 141
CAPÍTULO 7 - REFORÇAMENTO INTERMITENTE......................................... 143
7.1 Contingência de intervalo.................................................................................... 144
7.2 Probabilidade de reforçamento.......................................................................... 149
7.3 Notas teóricas sobre esquemas de reforçamento.............................................. 152
7.4 Os efeitos do reforçamento intermitente na resistência à extinção................. 153
7.5 Outros efeitos comportamentais do reforçamento intermitente.................... 155
7.6 Estados estáveis do comportamento.................................................................. 155
CAPITULO 8 - A ESPECIFICAÇÃO DA RESPOSTA.......................................... 159
8.1 A definição de classes de resposta............................................... ..................... 159
8.2 Uma definição de resposta operante em termos da teoria dos conjuntos....... 163
8.3 O paradigma da diferenciação............................................................................ 164
8.4 Aproximação sucessiva........................................................................................ 169
8.5 Extensão do conceito de operante.................................................................... 170
8.6 Diferenciação de tax a .......................................................................................... 176
8.7 Reforçamento do responder contínuo.............................................................. 178
8.8 Sumário................................................................................................................. 179
8.9 A linguagem e lógica dos conjuntos................................................................... 180
CAPÍTULO 9 - CONTROLE AMBIENTAL............................................................ 185
9.1 Dimensões do estím ulo....................................................................................... 185
9.2 Generalização de estím ulo................................................................................... 190
9.3 Generalização da extinção................................................................................... 197
9.4 Algumas implicações da generalização............................................................... 199
9.5 Notas sobre o delineamento de experimentos em psicologia usando sujeitos
animais................................................................................................................... 201
TERCEIRA PARTE: UNIDADES COMPONENTES DO COMPORTAMENTO .... 203
CAPÍTULO 10 - DISCRIMINAÇÃO........................................................................... 205
10.1 Duas condições do estímulo, uma classe de resposta......................................... 206
10.2 O paradigma da discriminação............................................................................ 210
10.3 Duas condições do estímulo, duas classes de resposta..................................... 21 i
10.4 m Condições do estímulo, n classes de resposta............................................... 213
10.5 Mudanças contínuas no comportamento em função de mudanças contínuas
numa dimensão do estím ulo............................................................................... 215
10.6 Discriminaçãosem respostas em S^ .................................................................. 217
10.7 Tempos de reação discriminativos..................................................................... 219
10.8 As implicações do controle de estímulo operante........................................... 220
10.9 A significância das diferenças entre duas matérias........................................... 221
CAPITULO 11 - REFORÇADORES ADQUIRIDOS................................ 227
11.1 As propriedades reforçadoras dos estímulos discriminativos positivos.......... 228
11.2 Como aumentar a durabilidade de reforçadores condicionados..................... 229
11.3 Recompensas “token” ......................................................................................... 233
11.4 Reforçadores generalizados ................................................................................. 234
11.5 Respostas de observação ..................................................................................... 235
11.6 As condições necessárias e suficientes para se criar reforçadores condi­
cionados ................................................................................................................. 237
11.7 O reforçamento secundário no comportamento social................................... 239
CAPÍTULO 12 - ENCADEAMENTO........................................................... 245
12.1 Os elementos de cadeias comportamentais............................................. ......... 245
12.2 O desenvolvimento de uma cadeia complexa................................................... 247
12.3 A aprendizagem de labirinto como um encadeamento................................... 251
12.4 Os efeitos da extinção seletiva em pontos diferentes na cadeia..................... 252
12.5 Esquemas encadeados.......................................................................................... 255
12.6 O comportamento humano cotidiano como encadeamento........................... 257
12.7 Cadeias vocais....................................................................................................... 260
12.8 Cadeias ramificadas e representação do diagrama de fluxo............................ 263
12.9 Cadeias de comportamento encoberto.............................................................. 267
QUARTA PARTE: CONTINGÊNCIAS COMPLEXAS.............................................. 271
CAPÍTULO 13 - AQUISIÇÃO DE CONCEITO ......................................... 273
13.1 Dispc' íção para aprender (simples)................................................................... 274
13.2 Algumas variáveis que interferem na aquisição da disposição para aprender
(L -SE T )................................................................................................................. 278
13.3 L-SETS mais complexos.................................................................................... 278
13.4 Experimentos simples sobre formação de conceito em sujeitos humanos..... 280
13.5 Estudos sobre formação de conceito em animais............................................ 284
13.6 Classes arbitrárias de S^; conceitos disjuntivos............................................... 288
13.7 Significado e compreensão considerados como interrelações entre conceitos 291
13.8 A aquisição de conceito através da instrução programada............................. 298
13.9 As constâncias perceptivas.................................................................................. 305
CAPÍTULO 14 - SOLUÇÃO DE PROBLEMA E INTELIGÊNCIA........................ 311
14.1 A estrutura de um problema e a natureza de uma solução............................ 311
14.2 Quebra-cabeças..................................................................................................... 315
14.3 Estratégias de procura de heurísticas................................................................ 318
14.4 Identificação do conceito.................................................................................... 321
14.5 A mensuração de habilidades para solucionar problema: testes de inteli­
gência ..................................................................................................................... 323
14.6 Correlação, teste de confiabilidade e validade.................................................. 327
QUINTA PARTE: DINÂMICA DO REFORÇO......................................................... 335
CAPÍTULO 15 - MOTIVAÇÃO I ................................................................................ 337
15.1 Causa e efeito e a noção de lei científica......................................................... 337
15.2 Causas fictícias do comportamento .................................................................. 339
15.3 História passada com contingências de condicionamento e extinção como
causas do comportamento................................................................................... 340
15.4 Motivos e reforçadores................................................................... ..................... 342
15.5 Operações de impulso ......................................................................................... 343
15.6 Periodicidades no valor do reforçamento......................................................... 344
15.7 Paradigmas de privação e saciação.................................................................... 346
15.8 A mensuração dos impulsos................................................................................ 348
CAPÍTULO 16 - MOTIVAÇÃO I I ............................................................................... 361
16.1 Ativação e aspectos direcionais da motivação.................................................. 361
16.2 Incentivo ............................................................................................................... 365
16.3 Fatores fisiológicos na motivação ...................................................................... 366
16.4 Reforçadores primários adicionais...................................................................... 371
16.5 Drives adquiridos.................................................................................................. 377
CAPÍTULO 17 - CONTINGÊNCIAS AVERSIVAS................................................... 383
17.1 Reforçadores negativos........................................................................................ 383
17.2 Condicionamento de fuga ................................................................................... 384
17.3 Parâmetros de S'".................................................................................................. 385
17.4 Estímulos aversivos condicionados..................................................................... 390
17.5 Condicionamento de esquiva.............................................................................. 392
17.6 Punição................................................................................................................... 398
1 7.7 Masoquismo........................................................................................................... 402
CAPfrULO 18 - COMPORTAMENTO EMOCIONAL..............................P................ 405
18.1 É a emoção uma causa do comportamento ou um efeito comportamental? .. 405
18.2 Três conceitos de em oção.................................................................................. 407
18.3 O paradigma da ansiedade.................................................................................. 412
18.4 R aiva...................................................................................................................... 416
18.5 Elação..................................................................................................................... 418
18.6 Um modelo para representar e interrelacionar fenômenos emocionais.......... 421
18.7 Medicina psicossomática......................................................................................425
18.8 O sistema nervoso autônom o.................................................................... i........ 427
18.9 Controle emocional, maturidade emocional e comportamento emocional
patológico............................................................................................................... 431
18.10Um índice de mudança emocional..................................................................... 434
ÍNDICE ANALÍTICO.......................................................................................................... 437
NOTAS AOS ESTUDANTES
UMA PSICOLOGIA INTRODUTÓRIA PODE SER INTERPRETADA COMO UMA
introdução aos métodos e princípios da análise científica do comportamento. Embora as 
definições antigas de Psicologia enfatizassem os “processos mentais”, por razões que 
serão esclarecidas através deste texto, uma abordagem moderna àPsicologia toma o 
comportamento dos seres humanos assim como dos animais inferiores como seu objeto 
de estudo. Apoiando-se firmemente no canone de que apenas o que pode ser observado 
pode ser cientificamente estudado, este ponto de vista moderno ataca problemas da 
Psicologia tradicional através da análise do comportamento. No decorrer deste texto 
encontrar-nos-emos estudando e representando na linguagem do comportamento, tópicos 
tais como aprendizagem e memória, solução de problema e inteligência, sensação e per­
cepção, emoção e motivação.
A organização deste livro permitirá que você chegue a uma compreensão preliminar 
dos princípios básicos do comportamento humano. Embora muitos dos paradigmas e 
conceitos fundamentais, que são tratados com detalhes, tenham sido derivados origi­
nalmente de experimentos de laboratório com sujeitos animais, eles não são de modo 
algum limitados aos animais. Empregamos sujeitos animais na pesquisa psicológica por 
razões pragmáticas: o ser humano do século vinte provavelmente não se submeteria 
livremente a uma faixa ampla de controle ambiental necessária para um estudo científico; 
e mesmo que se submetesse, a sociedade não o permitiria.
Para chegar a uma compreensão das causas do comportamento humano e animal, 
será necessário que você adquira primeiro um vocabulário técnico e uma familiaridade 
completa com os conceitos básicos da Psicologia. Não se conhece um caminho mais curto 
para se chegar a tal vocabulário. Você deverá aprendê-lo do mesmo modo que, ao se 
preparar para uma partida de xadrez, é necessário aprender os nomes e movimentos 
permissíveis das peças, as saídas mais comuns e os princípios básicos de ataque e defesa.
Ao estudar Psicologia, você pode ter uma desvantagem peculiar que não existe na 
aprendizagem inicial de xadrez. Certas opiniões e pontos de vista pré-concebidos sobre as 
causas do comportamento, os quais são uma parte padrão da interpretação do mundo 
dada pelo bom senso, devem primeiro ser esquecidas. Infelizmente, esta visão do bom 
senso da natureza humana não é sempre a mais útil para a formulação de uma ciência
- 1 9 -
sistemática das relações entre o comportamento e suas variáveis controladoras. Por essa 
razão, será melhor que você tente colocar de lado seus preconceitos sobre as ações das 
pessoas e, em particular, seu sistema de representação dos assim chamados processos 
mentais internos. Tente, assim, abordar a matéria com um ponto de vista novo, conten­
tando-se, inicialmente, em fazer perguntas ingênuas tais como “O que o organismo 
observado estava fazendo? ” e “O que se relaciona consistentemente com o que ele 
fazia? ” No início, seu progresso pode parecer lento mas ele será sempre seguro.
J. R. M.
- 2 0 -
PRIMEIRA PARTE
A REGULARIDADE DO COMPORTAMENTO
1. UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM 
CIENTIFICA AO COMPORTAMENTO
2. COMPORTAMENTO REFLEXO (EL1CIADO)
3. CONDICIONAMENTO PAVLOV1ANO
4. FORTALECIMENTO OPERANTE
5. EXTINÇÃO E RECONDICIONAMENTO DO OPERANTE
Capítulo 1 UM BACKGROUND PARA A ABORDAGEM CIENTIFICA AO COM­
PORTAMENTO
Quando Sócrates ouviu falar das novas descobertas no campo da anatomia, que se 
propunham a provar que as causas dos movimentos corporais eram derivadas de um 
engenhoso arranjo mecânico dos músculos, ossos e articulações, disse: “ Isto dificilmente 
explica porque estou sentado aqui, numa posição recurvada... falando com vocês” 
(Kantor, 1963). Passaram-se 2.300 anos desde este comentário de Sócrates e nos séculos 
subsequentes, as causas do comportamento humano foram atribuídas a marés, espirito 
divino, posição das estrelas e, com freqüência, simplesmente ao capricho. Nos últimos 
cem anos, surgiu uma ciência do comportamento trazendo um conceito estrutural novo, 
com novas atitudes em relação às causas do comportamento. Uma breve história dos 
eventos que levaram ao desenvolvimento desta ciência é uma introdução apropriada para 
seu estudo. Assim como não existe um modo melhor de entender as atividades presentes 
de uma pessoa do que estando a par de sua história passada, também não há melhor meio 
de entender as atividades presentes de uma ciência do que através do conhecimento do 
seu passado.
1.1 PRIMEIRAS TENTATIVAS PARA EXPLICAR E CLASSIFICAR O COMPORTA 
MENTO HUMANO
As origens precisas da ciência do comportamento, como aquelas todos os campos 
do conhecimento, estão perdidas na obscuridade dos tempos. Mesmo assim, sabemos que 
pelo ano 325 a.C., na Grécia antiga, Aristóteles combinou a observação e a interpretação 
num sistema naturalístico de comportamento, ainda que primitivo. Aristóteles procurou 
as causas (1) do movimento dos corpos, e (2) das discriminações feitas pelos organismos. 
Descreveu muitas categorias de comportamento tais como a percepção dos sentidos, 
visão, olfato, audição, bom senso, pensamento simples e complexo, apetite, memória, 
sono e sonho..Seus tópicos soam-nos familiares, atualmente, e eles rão ainda encontrados 
de uma forma ou de outra, em quase todos os textos de Psicologia. Aristóteles estava 
menos interessado na previsão e controle da natureza do que estamos atualmente e, desta 
torma, suas explicações do comportamento têm um sabor mais antiquado. Aristóteles 
estava preocupado em explicar as várias atividades de um indivíduo, mostrando serem 
eias padrões específicos de “qualidades” gerais, tais como apetite, paixão, razão, vontade 
e habilidade sensorial (Toulmin e Goodfield, 1962).
- 23 -
As observações e classificações de Aristóteles e dos estudiosos gregos que o seguiram 
foram um início substancial na tentativa naturalística de entender as causas do compor-' 
tamento humano. Mas a nova ciência declinou com o desaparecimento da civilização 
helênica. O início da Era Cristã e da Idade Média produziu um clima intelectual pobre 
para o desenvolvimento da observação e pesquisa: o homem voltou sua atenção para os 
problemas metafísicos. Os Padres da Igreja iniciaram e os teólogos medievais comple­
taram uma transformação conceituai de uma das “qualidades” puramente abstratas de 
Aristóteles numa alma sobrenatural a quem as causas do comportamento humano eram 
atribuídas. Encarando esta alma como imaterial, insubstancial, e sobrenatural, um 
dualismo definitivo foi estabelecido entre alma e corpo. Colocando as causas do compor­
tamento numa região não observável do espírito, este dualismo inibiu o estudo natura- 
lístico do comportamento. Então, por um longo período de tempo, as ciências do 
comportamento permaneceram adormecidas. Temos que pular adiante para o século 
dezessete, no tempo de Galileu e o surgimento da física moderna para retomar os fios 
que eventualmente, deram-lhes uma estrutura científica.
As teorias do filósofo e matemático Renè Descartes (1596-1650), contemporâneo 
francês de Galileu, representam uma quebra parcial da explicação metafísica do compor­
tamento. Tomando como modelo as figuras mecânicas dos jardins reais de Versailles que 
se moviam e produziam sons, Descartes sugeriu que o movimento corporal era o 
resultado de causas mecânicas semelhantes.
As máquinas nos nrdins reais operavam baseadas em princípios hidráulicos. A água 
era bombeadaem tubos fechados para impulsionar os membros das figuras, produzindo 
movimentos, ou era conduzida através de aparelhos que emitiam palavras ou músicas 
quando a água passava. Descartes imaginou que animais e homens eram, na realidade, um 
tipo de máquina complicada, analogamente construída. Ele substituiu a água das figuras 
reais pelos espíritos animais, um tipo de substância intangível, elástica e invisível; e supôs 
que os espíritos fluíssem nos nervos de tal modo que entravam nos músculos causando, 
assim, sua expansão e contração e, por sua vez, fazendo os membros se movimentarem.
Algumas das Figuras Reais estavam arrumadas de maneira que, se os visitantes 
passassem por cima de ladrilhos escondidos, o mecanismo hidráulico atuante fazia as 
figuras se aproximarem ou se afastarem. Descartes tomou essa resposta mecânica como 
modelo para explicar como um estímulo ambiental externo poderia causar um movimento 
corporal. Uma ilustração (ver la. Parte, p.21) num dos seus trabalhos, mostra o retraimentc 
de um membro de um homem próximo de uma chama. De acordo com Descartes, “a má­
quina do nosso corpo é assim formada” de tal modo que o calor de uma chama excita 
um nervo que conduz essa excitação ao cérebro. Do cérebro, os espíritos animais são 
transmitidos ou refletidos de volta ao membro, através do nervo, aumentando o músculo 
e causando assim a contração e retraimento (Fearing 1930).
O desejo de Descartes de encarar o comportamento humano como determinado por 
íorças naturais foi somente parcial. Hle limitou sua hipótese mecânica para certos com­
portamentos “ involuntários” e supôs que o resto era governado pela alma, localizada no 
cérebro. A alma guiava inclusive os mecanismos dos comportamentos “ involuntários” , 
mais ou menos do mesmo modo que uma máquina poderia dirigir as Figuras Reais. A 
despeito deste dualismo e a despeito de sua escolha de um princípio hidráulico, as 
formulações de Descartes representaram um avanço no pensamento inicial sobre o com­
portamento. A teoria do corpo como um tipo específico de máquina poderia ser testada 
por observação e experimentação. Hsta foi a propriedade seriamente omitida nas
- 24
explicações medievais. Ao'restabelecer a idéia de que, pelo menos, algumas das causas do 
comportamento humano e animal poderiaim ser encontradas no ambiente observável, 
Descartes estabeleceu as bases filosóficas que eventualmente iriam justificar uma 
abordagem experimental do comportamento.
1 .2 - A AÇÃO REFLEXA
O ponto de vista de Descartes simboliza o novo interesse num mecanismo que 
conduziu à experimentação sobre a ação “reflexa” do animal. Em 1750, um psicólogo 
escocês, Robert Whytt, redescobriu e expandiu experimentalmente o princípio do 
estímulo, de Descartes. Pela observação da contração sistemática da pupila à luz, 
salivação a irritantes e vários outros reflexos, Whytt foi capaz de estabelecer uma relação 
necessária entre dois eventos separados: um estímulo externo (por exemplo, a luz), e uma 
resposta corporal (por exemplo, a contração da pupila). Além disso, a demonstração de 
Whytt que um número de comportamentos reflexos poderia ser eliciado numa rã decapi­
tada, enfraqueceu a atratividade de uma explicação em termos de alma. Contudo, não foi 
possível, ainda no século dezoito, olhar o estímulo isoladamente como uma causa sufi­
ciente do comportamento. A alma, pensou Whytt, provavelmente se difunde através da 
medula e do cérebro, retendo, consequentemente, o controle mestre dos reflexos.
Nos 150 anos seguintes, mais e mais relações reflexas foram descobertas e elaboradas 
e o conceito de estímulo adquiriu mais força. Ao mesmo tempo, a ação do nervo passou 
a ser compreendida como um sistema elétrico ao invés de hidráulico. No inicio do século 
XIX, a tendência espiritual tomou-se supérflua para explicar a ação “involuntária” e Sir 
Charles Sherrington, célebre fisiologista inglês, pôde resumir as causas do comportamento 
reflexo em leis quantitativas de estímulo-resposta. Essas leis relacionavam a velocidade, 
magnitude e probabilidade da resposta reflexa à intensidade, freqüência e outras 
propriedades mensuráveis do estímulo. A ciência havia anexado inteiramente o reflexo. 
Mesmo assim, uma grande proporção do comportamento humano e dos animais 
superiores permaneceu ligada a forças sobrenaturais.
1.3 - REFLEXOS CONDICIONADOS OU ADQUIRIDOS
Pouco antes do início do século XX, Ivan Pavlov, fisiologista russo, estava 
pesquisando as secreções digestivas de cães. No curso desses experimentos, notou que 
enquanto a introdução de alimento ou ácido, na bôca, resultava num fluxo de saliva, a 
mera aparição do experimentador trazendo alimento poderia também eliciar um fluxo 
similar. Pavlov não foi, de modo algum, o primeiro homem a fazer observações deste 
tipo. Mas parece ter sido o primeiro a suspeitar de que seu estudo detalhado poderia 
fornecer um indício para a compreensão do comportamento ajustado e adaptado dos 
organismos. Foi esta visão que o ievou ao estudo sistemático desses reflexos, os quais 
chamou de reflexos condicionais, porque eles dependiam ou eram condicionais a um 
evento prévio na vida do organismo. A aparição do experimentador não eliciava origi­
nalmente a saliva. Somente depois que sua aparição era frequentemente associada com 
alimento ou ácido, ela apresentava esse efeito. A contribuição particular de Pavlov foi 
mostrar experimentalmente como os reflexos condicionais eram adquiridos, como 
poderiam ser removidos (extintos) e que faixa de energias do ambiente era efetiva em sua 
produção. Pavlov, em tempo, apontou uma lei geral de condicionamento: depois de uma
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associação temporal repetida de dois estímulos, aquele que ocorre primeiro, eventual­
mente, passa a eliciar a resposta que, normalmente, é eliciada pelo segundo estímulo.' 
Esta lei continua conosco até hoje, ligeiramente modificada.
Três aspectos gerais do trabalho de Pavlov merecem nossa atenção. Primeiro, ele não 
estava satisfeito em observar simplesmente os aspectos gerais do condicionamento, como 
muitos outros fizeram antes dele (c. f. Hall e Hodge, 1890). Ê m vez disso, ele prosseguiu 
para verificar a generalidade do fenômeno usando muitos estímulos e muitos cães. Foi 
somente depois de numerosas demonstrações que ele codificou numa lei o que havia 
descoberto -- lei esta aplicável, pensou ele, a todos os estímulos e a todos os organismos 
superiores. Segundo, Pavlov, preocupou-se com os aspectos mensuráveis ou quantitativos 
do fenômeno. Essas quantidades mensuráveis, tais como a quantidade de saliva e o 
número de emparelhamentos do retlexo, foram úteis por permitirem uma análise deta­
lhada do condicionamento. Um terceiro aspecto do trabalho de Pavlov foi sua natureza 
sistemática. Limitando seus estudos aos efeitos de numerosas condições sobre uma única 
grandeza (quantidade de saliva), Pavlov assegurou que suas descobertas experimentais 
pudessem ser interrelacionadas e, consequentemente, mais significativas.
Pavlov viu claramente como se deve proceder na explicação do comportamento.
“o naturalista deve considerar somente uma coisa: qual é a relação desta ou daquela 
reação extema do animal com os fenômenos do mundo externo? Esta resposta pode 
ser extremamente complicada em comparação com a reação de qualquer objeto 
inanimado, mas o princípio envolvido permanece o mesmo.
Estritamente falando, a ciência natural tem por obrigação determinar somente a 
conexão precisa que existe entre um dado fenômeno natural e a resposta do organis 
mo vivo a este fenômeno (Pavlov, 1928, p. 82)” .
Contudo, apesar de seu próprio interesse declarado na relação meio e resposta, 
Pavlov gradativamente passou a encarar o condicionamento como um estudo da função 
do cérebro. Suas explicações tendiam a ser em termos de processos cerebrais hipotéticos. 
Mas, na verdade, Pavlov raramente mediu qualquer relação real entre cérebro e compor 
tamento. Assim, estas explicações eram tão fictícias como as primeiras explicações em 
termos da alma. Tentandoexplicar o comportamento através de funções desconhecidas 
do cérebro, ele evitava uma descrição direta do próprio comportamento violando, deste 
modo, uma das suas próprias afirmações de que uma ciência do comportamento necessita 
determinar somente a "conexão precisa que existe entre um dado fenômeno natural e a 
resposta do organismo vivo a este fenômeno” .
L4 - A TEORIA DA EVOLUÇÃO E O COMPORTAMENTO ADAPT ATIVO
De certo modo, o trabalho de Pavlov representa o auge da doutrina mecanicista de 
Descartes sobre o comportamento reflexo. Com respeito ao comportamento que 
tradicionalmente era colocado sob o controle do desejo ou volição, Descartes seguiu os 
preconceitos de seu tempo, atribuindo-o ao controle de uma alma não observável. Tal 
“solução” , todavia, apenas adiou a investigação científica, uma vez que o problema 
original de explicar o comportamento foi simplesmente transferido para um outro mais 
difícil, o de explicar o comportamento da alma postulada. Em 1859, ocorreu um grande 
evento científico que alterou o clima intelectual tornando-o favorável para um estudo
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naturalistic*) do comportamento voluntário. Naquele ano, Charles Darwin propôs a teoria 
da evolução, dizendo que o homem era membro do reino animal e que diferenças entre o 
homem e outros animais eram quantitativas e somente uma questão de graus. Assim um 
conhecido historiador da Psicologia colocou a questão;
“A teoria da evolução levantou o problema da Psicologia animal porque ela exige 
uma continuidade entre diferentes formas animais e entre o homem e os animais. De 
uma maneira vaga, a noção Cartesiana [de Descartes] ainda prevalecia. O homem 
possuia uma alma e os animais eram considerados sem alma, e havia, além disso, 
pouca distinção entre uma alma e uma mente. A oposição à teoria da evolução era 
baseada principalmente na suposição que fazia de haver continuidade entre homens e 
feras e a réplica óbvia para a crítica foi demonstrar a continuidade. A existência de 
mente nos animais e a continuidade entre a mente humana e animal, deste modo, 
tornou-se crucial para a sobrevivência da nova teoria (Boring, 1929, p. 462-463)” .
A teoria de Darwin era baseada em muitas observações cuidadosas que ele havia feito de 
fósseis e da estrutura da flora e fauna vivas, em áreas isoladas da Terra. Além disso, ele 
pesquisou o comportamento através do qual os animais se adaptavam aos seus meios. As 
observações comportamentais de Darwin foram tão amplas e detalhadas que marcam a 
primeira tentativa sistemática de uma Psicologia Animal Comparativa (ver Darwin, 1873).
O interesse de Darwin no comportamento foi, como observou o professor Boring, 
baseado naquilo que tal comportamento revelaria sobre a mente. Assim, a demonstração 
da complexidade e variedade nos comportamentos adaptativos de animais em relação a 
seus ambientes mutáveis, pareceria provar que eles, como o homem, deviam também 
pensar, ter idéias, e sentir desejos. Consequentemente, Darwin foi criticado por seu 
antropomorfismo, isto é, por tentar explicar o comportamento animal em termos de 
conceitos mentalistas. Mas pouco se pensou neste tempo em levantar a questão meto­
dológica mais radicai; se os conceitos mentalistas tradicionais (pensamento, idéia, 
desejos) têm valor explicativo mesmo para o comportamento humano.
George John Romanes, amigo de Darwin, escritor inglês e popularizador da ciência 
escreveu um livro sobre a inteligência animal (Romanes, 1886) no qual comparou o 
comportamento de várias espécies de animais. Romanes colheu material da observação 
cuidadosa de animais, mas, também levou em consideração evidências de cunho popular 
sobre animais de estimação e de circo. Por esta razão, seu método veio a ser chamado 
anedótico. Os métodos, antropomòrfico e anedótico de Darwin e Romanes, 
respectivamente, marcaram uma renovação no interesse pelo comportamento adaptativo 
do animal e pela relação deste com o comportamento humano. Consequentemente, eles 
representam importantes precursores históricos de uma verdadeira análise experimental 
do comportamento.
1 .5- O S PRIM EIROS EXPERIM ENTOS SOBRE O COMPORTAMENTO 
“VOLUNTÁRIO”
Em 1898, Edward L. Thorndike, da Universidade de Columbia, publicou os 
resultados de alguns estudos de laboratório com gatos, cães e pintos. Seus métodos eram 
radicalmente opostos àqueles da observação casual que o haviam precedido. A 
aparelhagem utilizada por Thorndike é mostrada na Fig. 1-1.0 comportamento estudado 
foi a fuga de um ambiente fechado e atos, tais como, puxar um cordão, mover um trinco,
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pressionar uma barra ou abrir uma porta erguendo uma tramela, foram escolhidos por sua 
conveniência e exatidão de observação. Uma vez que qualquer um destes 
comportamentos podia ser organizado de modo a servir como instrumento que 
produziria a fuga da caixa, Thorndike os chamou de comportamentos instrumentais.
I igura 1-1. A caixa quebra-cabeças utilizada por Thorndike para estudar a 
aprendizagem instrumental de animais (Garret, 1951).
Quatro elementos do trabalho de Thorndike sobre o comportamento instrumental 
demonstram uma qualidade moderna não vista nas pesquisas comportamentais antes de 
sua época. (1) Ele reconheceu a importância de se fazer observações de animais cujas 
histórias passadas fossem conhecidas e mais ou menos uniformes. Logo, criou seus 
animais no laboratório onde poderiam obter condições ambientais semelhantes antes do 
experimento. (2) Thorndike compreendeu a necessidade de se fazer observações repetidas 
de um mesmo animal e de se fazer observações em mais de um animal e em mais de uma 
espécie. Somente deste modo poderia estar certo de que os resultados que ele obtinha 
eram aplicáveis aos animais em geral. (3) Thorndike viu que, a menos que considerasse 
mais do que um ato particular do comportamento, suas conclusões, seriam válidas apenas 
para o único aspecto do comportamento que ele escolhesse. Logo, empregou diversos 
comportamentos em vários aparelhos diferentes. (4) Ainda outra qualidade do trabalho 
de Thorndike, caracteristicamente científica, foi sua tentativa de fazer uma apresentação 
quantitativa dos resultados.
De seus trabalhos com animais nas caixas quebra-cabeça, Thorndike apresentou um 
conjunto de princípios ou leis gerais do comportamento que acreditava serem válidas 
para muitas espécies e muitos tipos de comportamento. Um desses, princípios, embora
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modificado chegou até nossos dias. Thorndike notou que, quando os animais eram 
inicialmente colocados na caixa quebra-cabeça, eles apresentavam muitas respostas difusas 
de debater-se. Eventualmente, um desses comportamentos difusos poderia, por acaso, fazer 
funcionar o mecanismo de fuga. A porta, então, abrir-se-ia, permitindo ao animal sair da 
caixa e o b te r um a pequena quantidade de alimento. Thorndike observou que o 
comportamento, que inicialmente permitia ao animal sair, era apenas um dos muitos que ele 
executava na situação. Assim, à medida que o animal era repetidamente submetido à 
situação , ele passava a ap resen tar menos comportamentos supérfluos, até que 
eventualmente não apresentasse, praticamente, nenhum daqueles mal sucedidos. 
Thorndike concluiu disto que os resultados bem sucedidos do passado, ou efeitos do 
comportamento, deveriam ter uma influência importante na determinação das tendências 
comportamentais presentes do animal. Thorndike chamou isto — a capacidade dos efeitos 
passados do comportamento modificarem os padrões do comportamento animal — a lei 
do efeito. Esta lei sobrevive ainda hoje como um princípio fundamental na análise 
fundamental e controle do comportamento adaptativo.
1 .6- O ZEITGEIST
Thorndike forneceu um novo método experimental e com sua ajuda formulou o que 
logo seria aceito como uma lei básica do comportamento adaptativo. Do mesmo modo 
que Whytt, 1 50 anos antes, deixou o conceito de reflexos parcialmente no estado de fato 
observado e parcialmente no estado de interpretação supérflua, assim tambémThórndike 
deixou a lei doefeito. Na sua proposição do princípio, Thorndike não estava satisfeito em 
considerar o “efeito” como uma mera fuga do confinamento ou mero acesso ao 
alimento. Mas em vez disso, sentiu necessidade de inferir que o sucesso levava ao prazer e 
a satisfação, e que estas eram as causas verdadeiras das mudanças observadas no compor­
tamento. Deste modo, ele deixou a explicação a cargo de estados mentais hipotéticos, 
prazer e satisfação, os quais não eram mais reais do que a “alma” de Descartes. Para 
Thorndike, como para seus contemporâneos, o comportamento de um gato escapar de 
uma caixa quebra-cabeça não era importante como comportamento, mas somente como 
um meio de esclarecer os processos mentais e associações de idéias do animal.
T hornd ike foi, então, fiel à sua época e suas tradições considerando o 
comportamento principalmente interessante pelo que podia revelar sobre algum outro 
sistema. O que as épocas e as tradições impõem aos mais originais pensadores são 
frequentemente denominadas de Zeigeist. Os grandes homens de uma era erguer-se-ão 
acima de Zeitgeist de algumas maneiras mas, mesmo assim, serão por ele acorrentados de 
outras maneiras. Descartes superou-o quando propôs uma teoria mecanicista original 
sobre o movimento do corpo. Que ele foi acorrentado pelo Zeitgeist, é evidente, pela sua 
permanência no dualismo “mente-corpo” . Vimos o Zeitgeist em Whytt, que redescobriu 
o princípio do estímulo, mas não foi capaz de eliminar a alma como a causa final dos 
reflexos que observou. Pavlov estudou os reflexos condicionados, um fenômeno cuja 
importância foi negligenciada durante séculos. Mesmo assim, vimos que Pavlov estava 
preso pelo Zeitgeist; ele manteve o ponto de vista de que os reflexos condicionados, 
embora, claramente, um fenômeno comportamental, eram de interesse para a 
compreensão do cérebro ao invés do comportamento. Agora, vemos o Zeitgeist em 
Thorndike, que realizou alguns dos primeiros experimentos sobre o comportamento 
“voluntário” , mas explicou suas descobertas através da associação de idéias. De fato, o
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princípio do Zeitgeist penetra de tal forma todas as ciências que podemos tomar como 
regra geral que todo trabalho humano será colorido pelas teorias e ponlos de vistas 
aceitos em sua época. Assim, embora a grandeza de um homem consista em libertar-se de 
certas maneiras de pensar estabelecidas e ver o que ninguém antes dele viu claramente, 
ou, do mesmo modo, ele não escapará completamente do clima social, filosófico e 1 
cultural no qual trabalha.
1.7 - A PSICOLOGIA PERDE A SUA MENTE
Thorndike introduziu o comportamento adaptativo no laboratório e, assim fazendo, 
descobriu a importância da le i do efeito. Os estudos de Thorndike sobre o compor­
tamento surgiram do seu interesse, como Psicólogo, nos processos mentais. Será instru­
tivo, neste ponto, examinar a disciplina da Psicologia que, na primeira metade do 
século vinte, fundir-se-ia com outras contribuições históricas da ciência do 
comportamento. A pesquisa psicológica experimental iniciou-se em meados do século 
dezenove como uma disciplina derivada da fisiologia dos órgãos dos sentidos. De fato, os 
pioneiros Herman Helmholtz, Johannes Müller e Wilhelm Wundt eram todos físicos e 
fisiologistas. Estes primeiros psicólogos experimentais adotaram as categorias de 
comportamento descritas por Aristóteles mas, de um modo diferente deste, eles estavam 
interessados no comportamento, apenas, na medida em que esclarecia os processos 
mentais. Logo, o trabalho dos primeiros psicologistas representava uma tentativa para 
tornar os métodos experimentais naturalísticos, introduzidos por Galileu, compatíveis 
com as doutrinas metafísicas da Idade Média.
Foi Wundt que, em 1879, fundou o primeiro laboratório de Psicologia em Leipzig. 
Podemos considerar o seu sistema como representativo das atividades desta nova 
disciplina, a qual tinha menos de vinte anos quando Thorndike estava fazendo seus 
experimentos com gatos e pintos na Colúmbia. Wundt advogou que a psicologia era a 
ciência da experiência; e, como tal% seu objeto de estudo abrangia sentimentos, 
pensamentos e sensação. Ele formulou a doutrina de que o método da Psicologia era 
introspectivo, um exame dos processos conscientes do organismo em experiencia. Logo, 
Wundt esquematizou o problema da Psicologia como “(1) a análise dos elementos dos 
processos conscientes, (2) a determinação de como esses elementos são conectados e (3) 
a determinação das leis de conexão” (Boring, 1929, p. 328, ital. omitidos). Os expe­
rimentos que Wundt e seus seguidores realizaram dão uma imagem melhor do conteúdo 
da psicologia do que as definições fornecidas por Wundt. A maioria dos trabalhos foi 
classificada sob o título de sensação humana e dizia respeito ao sentido visual em 
particular. Numerosos experimentos mediam as intensidades mínimas de luz que um ob­
servador poderia detectar sob várias condições. Outros estavam voltados para as menores 
mudanças ambientais necessárias para um observador relatar diferenças apenas percebidas 
çm luminosidade, cor e distância dos objetos. Tais pesquisas vieram a ser chamadas de 
experimentos de limiares em Psicofísica. Psico— porque as sensações eram consideradas 
estar sob estudo; física - porque mudanças físicas no ambiente eram manipuladas e 
medidas experimentalmente. Audição, tato, gosto, olfato e o sentido do tempo também 
foram pesquisados, assim como o tempo de reação, atenção e sentimento. A memorização 
de vários tipos de sílabas sem sentido era um método para tratar a associação de idéias e 
deduzir as propriedades da memória.
Embora se afirmasse ser a psicologia uma ciência dos conteúdos, processos e atos 
mentais, o que de fato ela investigava era o comportamento. Associações de idéias eram
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inferidas a partir da aprendizagem de sílabas sem sentido; sensações idênticas eram inferi­
das de observações do comportamento quando um sujeito humano agrupava dois objetos 
ambientais diferentes em contextos diferentes (por exemplo, duas amostras de papel 
cinza sob diferentes condições de iluminação); a velocidade do processo mental era 
inferida do tempo de reação do indivíduo. Assim, não foi paradoxo algum o fato de que 
quando Thorndike veio a fazer uma observação mais detalhada da associação de idéias, 
estivesse livre para escolher animais como sujeitos. Se o comportamento dos 
organismos humanos poderia levar à inferência sobre o processo mental, por que não o 
comportamento animal? Logo, aconteceu que o trabalho de Thorndike ajudou a intro­
duzir os métodos de pesquisa animal na Psicologia. Aí eles pejmanecem ao lado dos 
descendentes metodológicos da psicologia sensorial clássica e da Psicologia introspect iva 
do século dezenove.
Mas, talvez o homem que mais contribuiu para esclarecer a relação entre o 
comportamento e Psicologia foi John B. Watson. O primeiro trabalho deste psicologista 
americano dizia respeito às modalidades sensoriais que o rato usa na aprendizagem de um 
labirinto. À medida que Watson continuava seus estudos com animais, tornava-se mais e 
mais preocupado com o ponto de vista predominante de que o comportamento era 
significativo somente quando esclarecia processos mentais ou conscientes. Ocorreu a 
Watson que os dados do comportamento tinham valor em si mesmos e que os problemas 
tradicionais da Psicologia — imaginação, sensação, sentimento, associação de idéias — 
poderiam ser todos estudados estritamento por métodos comportamentais.
Em 1913, Watson publicou um trabalho, atualmente clássico, definindo a psicologia 
como ciência do comportamento e chamando esta nova Psicologia de “behaviorismo” . 
Watson argumentava, neste trabalho, que o estudo do comportamento poderia chegar a 
u m ‘status’ independente dentro da ciência. O objetivo de tal ciência seria a previsão e 
controle do comportamento de todos os animais, sem nenhuma preferência especial para 
os seres humanos. O behaviorista, dizia Watson, deve relacionar seus estudos de ratos e 
gatos com o comportamentohumano não mais (não menos) do que o zoologista deve 
relacionar suas dissecações de sapos e vermes à anatomia humana. Através de sua 
doutrina, Watson estava destruindo a teoria homocêntrica da importância do homem no 
mundo do comportamento tão eficazmente como Copérnico, quatrocentos anos antes, 
havia destruído a teoria do universo geocêntrico (terra no centro).
O ponto crítico de Watson era o de que a psicologia deveria ser objetiva — isto é, ela 
deveria ter um objeto de estudo que, como nas outras ciências, fosse independente do 
observador. A Psicologia clássica, tentando estabelecer como seu objeto a auto- 
observação, carecia de um observador independente, localizado fora do sistema em 
consideração. A adoção do comportamento como objeto a ser observado deu à nova 
psicologia o observador independente necessário.
O programa de Watson tinha um grande alcance e era para sua época, notavelmente 
sofisticado. Ao enfatizar o comportamento como um objeto independente de uma 
ciência dirigida para a previsão e controle do comportamento e a análise microscópica 
do ambiente e comportamento em termos de estímulo e resposta como a maneira para a 
compreensão eventual de padrões complexos do comportamento, o programa de Watson 
preparou a base para nossos pontos de vista modernos.
- 31 -
1 . 8 - 0 FIRME ESTABELECIMENTO DE UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL DO 
COMPORTAMENTO
Os primeiros experimentos de Thorndike sobre o comportamento animal e a 
definição de Psicologia dada por Watson, como uma ciência do comportamento, 
introduziram a pesquisa animal na Psicologia,Mesmo assim, o ‘status’ científico da nova 
Psicologia era precário. No princípio dos reflexos condicionados formulado por Pavlov, 
Watson pensou ter encontrado um mecanismo explicativo para muitos dos ajustamentos 
complexos e sutis de organismos adultos, inclusive o homem, aos seus ambientes. Mas a 
tentativa de forçar todos os comportamentos no modelo do reflexo foi um fracasso. 
Watson não soube apreciar a importância daJei do efeito de Thorndike, principalmente, 
pode-se supor, devido ao excesso de bagagem conceituai com que Thorndike envolvera a 
questão. O ponto de vista de Watson de que a tarefa de uma ciência preditiva do 
comportamento fosse a compilação de todas as correlações estímulo-resposta hereditárias 
e adquiridas que um dado organismo exibisse, desviou a atenção da procura de leis gerais 
do comportamento. Neste vácuo teórico, conceitos mentalistas tradicionais continuaram 
a sobreviver. O rigor experimental do behaviorismo estava fora de questão, mas sua meto­
dologia corria o risco de ser estéril.
“Vinte anos de “método de ciência natural” sustentados pelo behaviorismo fracas­
saram em fornecer uma formulação sistemática consistente e útil. Os dados experi­
mentais refletiam muitas propriedades arbitrárias dos aparelhos. Conclusões acei­
táveis com qualquer grau de generalidade referiam-se a aspectos, características ou 
capacidades limitantes. Enquanto muitas dessas eram bastantes válidas, poucas eram 
logicamente convincentes e preferências pessoais levavam a muitas ‘ciências’ 
individuais do comportamento” (Skinner, 1944; p. 276).
Numa série de publicações iniciadas em 1930, B. F. Skinner propôs uma formulação 
do comportamento que surgiu de observações feitas num único organismo respondendo 
numa situação experimental artificial, cuidadosamente controlada e altamente padro­
nizada. O organismo que Skinner usou foi o rato branco, e a aparelhagem consistia numa 
caixa contendo uma pequena barra que, se pressionada pelo rato, fornecia uma pequena 
pelota de alimento em um recipiente localizado diretamente abaixo da barra
Figura 1-2. A caixa de Skinner 
para o estudo do comportamen­
to operante de pequenos animais 
(Skinner, 1938).
- 3 2 -
Sob essas condições experimentais, um rato faminto deixado só na caixa, logo viria a 
pressionar a barra com uma taxa constante e moderada até que um dado número de 
pelotas de alimento liberadas começasse a saciar o animal. A situação experimental 
utilizada por Skinner e sua abordagem aos problemas do comportamento foram únicas 
em muitos aspectos. Skinner viu a necessidade de encontrar uma variável dependente 
sensível e exata. Isto é, algum aspecto quantitativo do comportamento que pudesse variar 
numa ampla faixa e ter uma relação ordenada e regular com as variáveis ambientais 
passadas e presentes, relação esta que pudesse ser formulada em termos de uma lei. Sua 
descoberta de que a freqüência de ocorrência da resposta de pressionar a barra durante 
um intervalo de tempo (sua taxa) satisfazia essas condições, foi o principal avanço em 
direção a uma análise sofisticada do comportamento individual.
A abordagem de Skinner aos problemas do comportamento diferia, de certo modo, 
daquelas dos seus precursores assim como de seus contemporâneos que trabalhavam com 
a psicologia animal. Como proposição fundamental, ele sustentou que uma ciência do 
comportamento poderia ser o que chamou de descritiva ou funcional; isto é, poderia 
limitar-se a descobertas de relações ou correlações entre variáveis mensuráveis. Skinner 
também argumentou que as pesquisas deveriam ser sistemáticas, no sentido de que as 
relações obtidas estivessem ligadas por um ponto comum. Limitando suas observações às 
formas pelas quais uma única variável dependente (a freqüência por unidade de tempo de 
um ato arbitrário mas, mesmo assim, representativo) mudavam com as condições 
ambientais variadas, Skinner manteve seu próprio trabalho altamente sistemático.
Um objeto de estudo, frequentemente, espera instrumentos para colocar o 
observador em melhor contato com ele. Skinner inventou um registrador que realiza um 
registro visual das respostas sucessivas através de um ligeiro deslocamento vertical de uma 
pena, movendo-se horizontalmente no tempo. À medida que o experimento progride, um 
gráfico de respostas acumuladas é desenhado em função do tempo. Esse registrador 
cumulativo de respostas torna possível um registro de alta qualidade do processo 
comportamental para inspeção imediata que funciona para os behavioristas de uma 
maneira não diferente da que o microscópio funciona para o biologista.
As contribuições metodológicas reais de Skinner para a ciência moderna do 
comportamento são numerosas e podemos apresentar, aqui, somente um esboço de 
algumas das mais importantes. Ele reconheceu a antiga dicotomia entre ações reflexas e 
voluntárias ou, como chamou mais tarde, operantes. Mas mostrando que o princípio de 
Pavlov se aplicava ao fortalecimento dos reflexos, enquanto a lei do efeito de Thorndike 
descrevia o fortalecimento de operantes, ele colocou ambos os tipos em perspectiva 
harmoniosa. Formulou, tambérq um vocabulário preciso cujos termos foram definidos 
com referência aos fatores observáveis que ele media e manipulava. Nessa terminologia 
está a base do nosso quadro conceituai moderno.
Desde o inicio, Skinner enfatizou a importância da predição e controle detalhados 
do comportamento individual, ao invés de diferenças gerais entre grupos de animais. Suas 
próprias pesquisas foram invariavelmente caracterizadas por um grande número de 
medidas em poucos organismos, sendo a reprodutibilidade do processo sob estudo o teste 
de sua validade. O enfoque de Skinner na taxa de uma resposta operante representativa 
evitou muitos dos problemas associados com as medidas mais indiretas do compor­
tamento. Thorndike observou o número de erros cometidos e o tempo gasto para 
alcançar o sucesso no seu quebra-cabeça, mas nenhuma dessas era, na realidade, uma 
propriedade real do comportamento instrumental que estava sendo adquirido. Se dese­
jamos treinar um cão a pular através de um aro, por exemplo, não estamos interessados
- 3 3 -
nos erros que ele comete, mas no seu comportamento de pular através do aro. Os erros são 
medidas de comportamentos outros que não aqueles que estamos investigando. Questões 
interessantes sobre se um dado ato ocorrerá ou não, ou com que freqüência ocorrerá, 
nuncapoderiam ser respondidas em termos de erros ou escores de tempo. O dado básico 
de Skinner, a taxa de respostas, está relacionado de perto com a probabilidade de 
ocorrência do comportamento e tem sido especialmente útil em fornecer respostas a 
questões sobre a probabilidade da resposta.
Com o passar dos tempos, Skinner ampliou sua base empírica. Combinações de 
respostas e organismos outras que não o pressionar a barra por ratos têm sido estudadas. 
A expectativa original de que este ato seria característico do comportamento operante, 
de um modo geral, tem sido aparentemente confirmada. Além disso, as relações que 
Skinner obteve garantem, em muitos casos, o título de princípios comportamentais, já 
que elas parecem manter-se para um grande número de organismos, incluindo o homem, 
e para todas as respostas que podem ser classificadas como operantes.
O trabalho de B.F. Skinner nos leva a um ponto próximo da nossa conceituação 
moderna de ciência do comportamento. Estamos ainda muito perto desse período his­
tórico, muito envolvidos em nosso próprio Zeitgeist, para termos a perspectiva necessária 
para determinar os pontos fracos no sistema de Skinner. Nos capítulos que se seguem, 
todavia, veremos que a ciência do comportamento, atualmente restabelecida de um modo 
firme como uma ciência natural, está se expandindo em muitas áreas de pesquisas. Talvez, 
a prova mais convincente de que essa ciência se desenvolveu encontra-se no surgimento 
recente de uma tecnologia do comportamento esboçada diretamente a partir dela. Como 
veremos, as aplicações de técnicas do comportamento estão sendo ampliadas a pesquisas 
de drogas, treino de animais, guerras, tratamento do comportamento humano anormal e 
educação.
1.9 - REVISÃO
A história da ciência do comportamento começa com a classificação naturalística do 
comportamento feita por Aristóteles. Logo foi sucedida por uma Filosofia Teológica e a 
análise do comportamento permaneceu adormecida por quase dois mil anos. Mas no 
século XVII, surge novamente com a concepção de Descartes de que o corpo animal é 
uma máquina, e alguns dos seus movimentos são ordenados e regulares. Robert Whytt e 
várias gerações de fisiologistas posteriores mostraram que estes movimentos de 
característica automática se relacionavam, de forma precisa, a eventos particulares nc 
ambiente do animal. Essa relação entre um evento ambiental e um movimento particular 
torna- e a primeira unidade organizada de análise para a ciência do comportamento. Ê o 
reflexo. Eventualmente, Pavlov amplia o conceito de reflexo para incluir relações 
ambiente-comportamento que são condicionais a operações anteriores na história do 
animal. Esses reflexos condicionais tornam possível uma análise de alguns dos 
comportamentos que um organismo adquire durante sua vida. Thorndike é o primeiro a 
mostrar que o comportamento que possui uma espontaneidade não observada nos 
reflexos obedece a certas leis qualitativas que diferem das leis do reflexo. Nessa época, 
John Watson inicia a sua campanha para convencer a Psicologia, o estudo da mente, de 
que a mente é, em grande parte, comportamento. Com a descoberta de B. F. Skinner de 
um objeto de estudo fidedigno, a taxa de respostas operante, o comportamento 
espontaneamente emitido começa a desenvolver leis próprias, sendo cada ocorrência tão
- 3 4 -
geral e previsível como aquelas do reflexo. Aiiistória da análise do comportamento revela 
que os homens estão bastante enclinados a adotar interpretações supérfluas sobre o 
com portam ento, ao invés de aceitar a realidade das descrições do próprio 
comportamento. Quase todo contribuinte da ciência compartilhou de algumas 
superstições da sua época sobre o comportamento que estava pesquisando.
REFERÊNCIAS PARA O CAPITULO 1.
Boring, E. G. A history of experimental psychology. New York: The 
Century Company, 1929.
Darwin, C. R. The expression of the emotions in man and animals.
London: Murray, 1873.
Dennis, W. Readings in the history of psychology. New York: Appleton- 
Century, 1948. (Chapters 3, 45, 48, and 50.)
Fearing, F. Reflex action: a study in the history of physiological psy­
chology. Baltimore: Williams and Wilkins, 1930.
Garrett, H. Great experiments in psychology, New York: Appleton- 
Century-Crofts, 1951.
Hall, G. S., and Hodge, C. F. A sketch of the history of reflex action.
Amer. J. Psychol., 1890, 3, 71-86; 149-173; 343-363.
Kantor, J. R. The scientific evolution of psychology. Vol. 1. Chicago: 
Principia Press, 1963.
Pavlov, I. P. Lectures on conditioned reflexes. New York: International 
Publishers, 1928.
Romanes, G. J. Animal intelligence. (4th ed.) London: Kegan Paul,
1886.
Skinner, B. F. A review of C. L. Hull’s Principles of behavior. Amer.
J. Psychol., 1944, 57, 276-281.
Skinner, B. F. The concept of the reflex in the description of behavior.
/ . gen. P s y c h o l1931, 5, 427-458.
Thorndike, E. L. Animal intelligence. Psychol. R ev . Monogr. Suppl.
1898, No. 8.
Toulmin, S., and Goodfield, June. The architecture of matter. New York: 
Harper and Row, 1962.
Watson, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychol. R ev.f 
1913, 20, 158-177.
- 3 5 -
Capítulo 2 - COMPORTAMENTO REFLEXO (ELICIADO)
Seria consistente com a nossa argumentação histórica sobre a ciência do compor* 
tamento afirmar que a Psicologia é a ciência que se preocupa com o modo pelo qual o 
comportamento de um organismo está relacionado com o seu ambiente. Talvez a mais 
simples dessas relações comportamento-ambiente seja o reflexo.
Para o fisiologista, o reflexo é um fenômeno a ser explicado. Isto é, o fisiologista 
está interessado nas estruturas anatômicas subjacentes ao reflexo e os eventos corporais 
que ocorrem entre o estímulo eliciador e a resposta. Seu interesse baseia-se na compo­
sição ou análise do reflexo. Para o Psicólogo, por outro lado, o reflexo é um fenômeno a 
ser empregado para explicar outros comportamentos. Isto é, o Psicólogo está interessado 
em mostrar que padrões complexos de comportamento são compostos de, ou podem ser 
sintetizados a partir dos reflexos. A distinção análise-síntese mostra de uma vez o ponto 
comum e o ponto de partida das duas ciências. A partir do reflexo, as duas disciplinas 
movem-se em direções diferentes. Como Psicólogos, desejamos usar o reflexo como um 
princípio explanatório ou como uma unidade de análise do comportamento mais com­
plexo. Portanto, devemos entender algumas das propriedades quantitativas e conceituais 
dos reflexos.
2.1 - A FÓRMULA S - R
Como vimos ao considerar o comportamento reflexo no capítulo 1, Descartes e 
Whytt representaram o ambiente com o conceito de estímulo. E representaram o com 
portamento em termos dos movimentos do organismo ou resposta a este estímulo. Esses 
conceitos continuam a ser úteis para a descrição de relações ordenadas entre ambiente e 
comportamento. Neste capítulo, designaremos o estímulo na relação reflexa pelo 
símbolo S e a resposta pelo símbolo R. A regularidade existente na relação entre eventos 
ambientais e ações reflexas podem ser resumidas pela fórmula.
R2 = / ( S2)
^ssa fórmula diz que uma certa resposta reflexa, R2 (chamada um respondente). é uma 
função de (isto é, depende de) um evento estímulo S2 (chamado um eliciador)1. Essa
1. Os índ ices num éricos serão esclarecidos no C ap ítu lo 3.
- 3 7 -
fórmula expressa uma relação ou correlação importante, entre dois eventos. No de­
correr deste capítulo, examinaremos esta correlação em detalhe.
Um dos experimentos de Sherrington serve de ilustração. Ele conectou um 
músculo da perna de um gato a um aparelho para medir a contração deste músculo. 
Anteriormente, sob anestesia, o cérebro do gato havia sido desconectado da medula. (No 
estudo dos reflexos, as influências que não estão sob o controle direto do expe- 
rimentador são frequentemente removidas cirurgicamente. Neste caso, separar o cérebro 
da medula espinhal remove qualquer efeito possível que o cérebro possa ter sobre o 
músculo em estudo.) Choques elétricos breves

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