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unid_3 Prática Clínica no Processo de Cuidar da Saúde da Mulher, Criança e Adolescente

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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
Unidade III
5 O CUIDADO DA CRIANÇA E SUA FAMÍLIA NA ATENÇÃO BÁSICA: 
MONITORAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Realizaremos a SAE por meio de um estudo de caso sobre o acompanhamento de saúde de um lactente 
no cenário da atenção básica. O foco será a monitoração do crescimento e vigilância do desenvolvimento 
infantil. Incialmente, serão apresentados conceitos que subsidiam a compreensão e tomada de decisão na 
prática do enfermeiro que atua com promoção do crescimento e desenvolvimento saudável.
Uma constante preocupação das famílias é a saúde de seus filhos, em especial ao que se 
refere ao crescimento e desenvolvimento pleno. Profissionais envolvidos no cuidado da criança 
sabem bem disso, pois nos mais diversos cenários de atenção à saúde da criança se deparam com 
questionamentos e dúvidas como: “Não está muito magrinho? Seria bom alguma vitamina ou 
suplemento alimentar?”
Preocupar‑se com o crescimento e desenvolvimento não deve ser tarefa apenas dos pais, 
mas também de todos os envolvidos direta ou indiretamente com o cuidado da criança e do 
adolescente. Em nosso país, ações governamentais têm sido traduzidas em políticas sociais 
públicas que permitem à pessoa nascer e desenvolver‑se sadia e harmoniosamente. No conjunto 
dessas políticas sociais, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura o direito da criança 
à saúde e destaca o SUS como responsável pelo atendimento desde a concepção até o fim da 
adolescência (BRASIL, 1990).
Entre as ações desenvolvidas nos diversos programas e estratégias inseridos nas políticas públicas 
de atenção à saúde da criança, destacam‑se o acompanhamento do crescimento e a vigilância do 
desenvolvimento como eixo fundamental e integrador da assistência para a redução da morbimortalidade 
infantil (BRASIL, 2004).
Mas, afinal, qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento?
Crescimento é definido como “o aumento no número e tamanho das células, durante o processo 
de divisão e síntese de novas proteínas. Resulta em aumento de tamanho e peso, no todo ou em suas 
partes” (FRANKLIN; PROWS, 2014, p. 65). Nota‑se que esse conceito envolve mudanças corporais que 
podem ser medidas e traduzidas em números, como exemplo, o aumento do período cefálico no primeiro 
mês de vida.
Já o conceito de desenvolvimento pode ser compreendido como melhora na capacidade do indivíduo 
em realizar algo. Envolve avanços dos estágios mais simples para os mais complexos e resulta em 
mudanças qualitativas que podem ser observadas na redução da dependência e aumento da autonomia. 
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Unidade III
Tomando como exemplo o desenvolvimento motor do lactente, observam‑se avanços ao longo do 
primeiro ano em ações como sentar, engatinhar e andar (FRANKLIN; PROWS, 2014).
No entanto, embora sejam conceitos diferentes, todo o processo de crescer e desenvolver 
está inter‑relacionado. É complexo, simultâneo, contínuo e influenciado por fatores intrínsecos 
(genéticos) e extrínsecos (ambientais), com destaque para alimentação, afeto, acesso ao sistema 
de saúde e cuidados.
O fator intrínseco determina o potencial de crescimento e desenvolvimento de cada pessoa, mas o 
alcance ou não desse potencial genético está intimamente relacionado aos cuidados e interações com 
o meio (BRASIL, 2002b).
Dessa forma, o olhar atento e sistematizado ao processo de crescimento e desenvolvimento fornece 
ao profissional de saúde informações sobre as condições de vida e saúde da criança, emitindo sinais de 
alerta para situações de subnutrição ou obesidade, assim como para detecção precoce de alterações no 
desenvolvimento infantil (BRASIL, 2012d).
Atualmente, a Caderneta de Saúde da Criança é o documento usado para registrar as informações 
sobre o crescimento e desenvolvimento de crianças brasileiras desde o nascimento até os 9 anos de 
idade. Nela, estão os instrumentos preconizados para a avaliação, como os gráficos de crescimento e o 
Instrumento de Vigilância do Desenvolvimento Infantil (BRASIL, 2017a; BRASIL, 2017b).
Cabe destacar que a Caderneta de Saúde da Criança é uma ferramenta importante para 
a promoção da saúde infantil, uma vez que reúne orientações aos familiares sobre direitos e 
cuidados com a saúde.
O Ministério da Saúde recomenda que o monitoramento do crescimento e desenvolvimento seja 
realizado em cada consulta de rotina, sendo estas distribuídas nas seguintes idades: primeira semana de 
vida, 1 mês, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses, 12 meses, 18 meses e 24 meses. A partir dos 2 anos de 
idade, as consultas devem ser anuais e próximas ao mês de aniversário (BRASIL, 2012d).
5.1 Monitoramento e promoção do crescimento
A monitoração do crescimento inicia‑se com a obtenção de medidas que podem ser obtidas pela 
antropometria, ou seja, por técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes (HOCKENBERRY; 
WILSON, 2014).
Na Atenção Básica, as medidas antropométricas usadas para avaliar o crescimento infantil são o 
peso, a estatura e o perímetro cefálico (BRASIL, 2012d).
O peso é o melhor indicador do crescimento por refletir rapidamente as mudanças no estado de 
saúde. Deve ser verificado em todas as consultas de rotina, em balanças apropriadas e mantendo 
cuidados específicos para a idade.
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Crianças entre 0‑23 meses
• Devem ser pesadas totalmente despidas, sem fraldas e com o cabelo solto.
• Utilizar balanças pediátricas com precisão de 10 gramas e capacidade para 16 quilos.
• Limpar a bandeja da balança com álcool 70% e protegê‑las com papel‑toalha. Após tarar 
a balança.
• Com a ajuda dos pais, posicionar a criança no centro da balança mantendo a mão sobre o corpo, 
sem tocá‑lo, evitando, assim, queda acidental.
• Anotar o valor obtido e retirar a criança da balança.
Figura 21 – Lactente, 6 meses de idade, sendo pesado em balança pediátrica mecânica
Crianças após 23 meses
• Até que complete 5 anos, deve ser pesada descalça, com o cabelo solto e usando somente roupas 
íntimas.
• Após 5 anos, poderá usar roupas leves com atenção especial à privacidade da criança.
• Usar balanças com plataforma que possibilitem variações de medida de no mínimo 100 gramas.
• Durante o procedimento, manter‑se ao lado criança, ajudando‑a a subir e descer da balança, 
evitando quedas da plataforma.
• Anotar o valor obtido.
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Figura 22 – Criança, 3 anos, sendo pesada em balança de plataforma mecânica
 Observação
Pode‑se utilizar a balança pediátrica para pesar uma criança maior de 
23 meses com peso inferior a 16 quilos.
Já a estatura é uma medida mais estável, uma vez que ganhos não são perdidos. Utiliza‑se o termo 
comprimento para a medida obtida com a criança em decúbito dorsal e altura para a medida obtida com 
a criança em pé (REZENDE; PICCOLO, 2007).
Atenção especial à obtenção da medida da estatura, que deve ser precisa, evitando erros como a 
redução de valores entre consultas. Também deve ser avaliada em todas as consultas de rotina, com 
instrumentos específicos e de boa qualidade, mantendo cuidados específicos para idade.
Crianças entre 0‑23 meses
• Medida obtida em decúbito dorsal.
• Utilizar a régua antropométrica em uma superfície rígida e plana. A criança deve estar despida, 
com o cabelo solto, sem touca ou enfeites de cabelo.
• Solicite apoio da mãe ou cuidador, explicando como ela pode ajudar no procedimento.
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• Estender completamente o corpoda criança, mantendo a cabeça na linha média e os joelhos 
juntos. Estes devem ser delicadamente empurrados até que toquem a superfície da mesa e as 
pernas devem permanecer totalmente esticadas.
• Os pais podem segurar e manter a cabeça da criança encostada no braço fixo da régua 
enquanto o avaliador empurra a parte móvel da régua para que encoste firmemente nos 
calcanhares da criança.
• Anotar o valor, confortar e vestir a criança.
Figura 23 – Régua antropométrica
Figura 24 – Mensuração do comprimento com régua antropométrica
Crianças após 23 meses
• Medida obtida com a criança em pé.
• Utilizar balança de plataforma com antropômetro ou antropômetro vertical. A criança deve estar 
com roupas leves, cabelos soltos, sem touca ou enfeites de cabelo.
• Ajudar a criança a subir e descer da balança, evitando quedas acidentais.
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• Posicione a criança para que fique tão ereta quanto possível. A cabeça na linha média, olhando para 
frente, sem curvar os joelhos, braços ao longo do corpo, ombros eretos e maléolos mediais se tocando.
• Deslizar a haste metálica do antropômetro até encostar na cabeça.
• Anote o valor obtido, ajude na saída da plataforma e dê orientações para que a criança se vista.
A medida precisa da estatura exige precisão de 1 mm, no entanto, para evitar erros de medição, após 
obter uma medida precisa, aproxime os milímetros para o meio centímetro mais próximo. Por exemplo: 
medida precisa 70,4 cm. Aproxime para 70,5 cm (BRASIL, 2002b).
Para monitoração do crescimento cerebral, utiliza‑se a medida de perímetro cefálico. Essa medida deve 
ser realizada em todas as consultas de rotina até que a criança complete 2 anos de idade ou após essa idade 
em situações que se faça necessário avaliar variações no tamanho da cabeça (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Usando uma fita métrica de papel, o avaliador deve medir a maior circunferência da cabeça. Para 
isso, a fita deve ser posicionada acima das sobrancelhas e do pavilhão auriculares e sobre a proeminência 
occipital (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Após obter as medidas, o profissional deve comparar os valores obtidos com padrões de referência 
para crianças do mesmo sexo e idade. Desde 2006, os padrões de referência estão expressos nas novas 
curvas recomendadas pela OMS, as quais foram construídas a partir de pesquisas com crianças de 
diversas nacionalidades crescendo em condições ambientais adequadas e saudáveis (BRASIL, 2012d).
Ao comparar os dados antropométricos de qualquer criança aos valores de referência da OMS, o 
profissional utiliza um instrumento que fornece evidências sobre a melhor descrição de crescimento 
físico para crianças.
Na Caderneta de Saúde da Criança, estão presentes as seguintes curvas para avaliação do crescimento 
na faixa etária entre 0 a 10 anos:
• Gráfico peso por idade: reflete a adequação do peso atual em relação ao esperado para idade e sexo.
• Gráfico comprimento/estatura por idade: permite reconhecer a adequação da estatura quanto 
à idade e ao sexo. No entanto, por causa de a estatura ser uma medida cumulativa e estável, a 
observação de uma alteração no gráfico comprimento/estatura por idade só será possível quando 
a deficiência nutricional for prolongada ou intensa.
• Gráfico IMC por idade: permite a avaliação do peso da criança em relação a sua estatura. Fornece 
subsídios para avaliação do impacto da desnutrição na estatura, bem como identifica crianças 
com excesso de peso e baixa estatura.
O uso do gráfico IMC para idade exige cálculo do IMC, que pode ser obtido por meio da 
seguinte fórmula: IMC = Peso (kg)/Altura2(m)
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
 Saiba mais
Monitorar o crescimento e desenvolvimento continua na adolescência. 
Gráficos e orientações específicas para adolescentes e jovens brasileiros 
estão disponíveis na Caderneta de Saúde do Adolescente.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta do adolescente. Brasília, 2018a. 
Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude‑para‑voce/saude‑do‑ 
adolescente‑e‑do‑jovem/caderneta‑do‑adolescente>. Acesso em: 22 maio 2018.
Cabe destacar que os gráficos presentes na Caderneta de Saúde da Criança utilizam o sistema de 
desvio padrão (escore Z), que representa a variabilidade de um determinado parâmetro entre indivíduos. 
Esse sistema localiza, em desvio‑padrão, o quanto a medida antropométrica da criança se desvia do valor 
médio obtido na população de crianças do mesmo sexo e idade (BRASIL, 2002b; BRASIL, 2017a; 2017b).
Um escore Z negativo representa que a medida antropométrica da criança está abaixo da média da 
população de referência. Já um escore Z positivo indica que o valor obtido está acima da média obtida 
na população de referência.
Os valores de referência para peso, estatura e IMC são destacados a seguir:
Quadro 7 – Valores de referência para avaliação do gráfico peso por idade, 
em escore Z e diagnóstico nutricional
Valores de referência para o gráfico peso/idade Diagnóstico nutricional
Escore Z < – 3 Peso muito baixo para idade 
Escore Z ≥ – 3 e < – 2 Peso baixo para idade
Escore Z ≥ – 2 e + 2 Peso adequado para idade
Escore Z > +2 Peso elevado para idade
Fonte: Brasil (2008, p. 110).
Quadro 8 – Valores de referência para avaliação do gráfico comprimento/estatura 
por idade, em escore Z e diagnóstico nutricional
Valores de referência para o gráfico estatura/idade Diagnóstico nutricional
Escore Z < – 3 Comprimento/altura muito baixa para idade 
Escore Z ≥ – 3 e < – 2 Comprimento/altura baixa para idade 
Escore Z > + 2
Escore Z ≥ – 2 e + 2 Comprimento/altura adequada para idade
Fonte: Brasil (2008, p. 110).
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Quadro 9 – Valores de referência para avaliação do IMC/idade, em escore Z 
e classificação do estado nutricional
Valores de referência para 
o gráfico IMC/idade Classificação do estado nutricional
Escore Z < – 3 Magreza acentuada
Escore Z ≥ – 3 e < – 2 Magreza
Escore Z ≥ – 2 e +1 IMC adequado
Escore Z > +1 e <+2 Sobrepeso (acima de 5 anos) e risco de sobrepeso (0‑5 anos)
Escore Z +2 e +3 Obesidade (acima de 5 anos) e sobrepeso (0‑5 anos)
Escore Z > +3 Obesidade grave (acima de 5 anos) e obesidade (0‑5 anos)
Fonte: Brasil (2008, p. 110).
Observe no gráfico a seguir o peso por idade, as quatro curvas/linhas de referência e os valores de 
referência correspondentes:
Figura 25 – Gráfico peso por idade: meninas (do nascimento aos 5 anos – escores‑z)
O acompanhamento do crescimento resultará, ao longo das consultas de rotina, em uma linha 
semelhante às observadas anteriormente, que representa a curva particular de cada criança.
Assim, sempre que a criança for pesada ou medida, o gráfico deverá ser preenchido e, para isso, 
recomendam‑se os seguintes passos:
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• Calcule a idade da criança em ano, meses e dias.
• Localize a idade no eixo horizontal do gráfico: observe que, no gráfico, no peso por idade para 
meninas entre de 0 a 5 anos, as linhas correspondentes à idade sofrem variação de 1 em 1 mês. 
Assim, ajustes são necessários para padronizar a avaliação.
• Localize o valor obtido na mensuração do peso, altura ou IMC. Faça ajustes.
• Trace linhas imaginárias até que peso e idade se encontrem. Não risque o gráfico. No encontro das 
linhas, assinale com um ponto.
• Cada ponto registrado deve ser ligado ao ponto anterior com um traço, formando assim uma 
curva de crescimento da própria criança.
Destaque especial deve ser dado ao ajuste da idade da criança no momento de inserir o ponto no gráfico:
• Considere a linha do mês anterior se for até dez dias. Exemplo: avaliaçãode um lactente com 
2 meses e 10 dias de idade. Anotar o ponto na linha correspondente à idade de 2 meses.
• Considere a linha imaginária se for entre 11 e 20 dias. Exemplo: avaliação de um lactente com 
2 meses e 15 dias. Anotar o ponto em uma linha imaginária entre as idades de 2 meses e 3 meses.
• Considere a linha do mês seguinte se for mais de 20 dias. Exemplo: avaliação de um lactente com 
2 meses e 22 dias. Anotar o ponto na linha correspondente à idade de 2 meses.
O traçado da curva de crescimento de uma criança normal é sempre ascendente. Curvas horizontais 
ou descendentes são sinais de alerta e as causas da desaceleração do crescimento devem ser investigadas 
(BRASIL, 2008).
As recomendações para algumas situações de crescimento encontram‑se no quadro a seguir:
Quadro 10 – Condutas recomendadas para algumas situações de crescimento da criança 
entre 0 a 10 anos de idade
Posição do peso Inclinação da curva Condição do crescimento Conduta 
Escore Z ≥ – 2 
e + 2 Ascendente Satisfatório
Parabenizar a mãe pelo crescimento da criança
Agendar consulta conforme calendário de 
consultas de rotina
Escore Z
> +2 Ascendente
Alerta
Risco de sobrepeso e 
obesidade
Verificar existência de erros alimentares
Orientar a mãe sobre alimentação adequada, 
cuidados gerais, estimulação, de acordo com a 
idade da criança
Agendar retorno para 30 dias
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Escore Z ≥ – 2 
e + 2
Horizontal ou 
descendente 
Alerta
Ganho insuficiente 
de peso ou 
emagrecimento
Investigar possíveis intercorrências e 
registrá‑las na caderneta
Tratar as intercorrências presentes
Agendar retorno para 30 dias
Escore Z ≥ – 3 
e < – 2 Ascendente 
Alerta
Risco nutricional
Investigar possíveis causas com atenção 
especial para o desmame, dentição, 
intercorrências infecciosas, formas de cuidado e 
afeto. Informar a mãe
Tratar intercorrências clínicas e registrar na 
caderneta
Agendar retorno para 30 dias
Escore Z ≥ – 3 
e < – 2
Horizontal ou 
descendente
Insatisfatório
Ganho insuficiente 
de peso ou 
emagrecimento
Investigar possíveis causas, com atenção 
especial para o desmame, dentição, 
intercorrências infecciosas, formas de cuidado e 
afeto pela criança e informar à mãe
Tratar intercorrências clínicas e registrar na 
caderneta
Orientar a mãe sobre alimentação especial, 
visando o ganho global de peso
Discutir intervenção conjunta da equipe de 
saúde
Agendar consulta em um intervalo máximo de 
15 dias
Escore Z < – 3 Qualquer inclinação Peso baixo
Orientar a mãe sobre alimentação especial, 
visando o ganho global de peso
Agendar consulta em um intervalo máximo de 
15 dias
Se a criança não ganhar peso, seguir protocolo 
para desnutrição
Fonte: Alves; Moulin (2008, p. 39).
5.2 Vigilância do desenvolvimento infantil
A vigilância do desenvolvimento infantil é um processo contínuo de acompanhamento das atividades 
de promoção do desenvolvimento normal e, portanto, envolve todas as pessoas que de alguma forma 
cuidam direta ou indiretamente da criança. Vigiar o desenvolvimento é responsabilidade dos profissionais 
de saúde, mas também dos professores, dos pais e familiares, bem como de pessoas envolvidas com 
a legislação e políticas que asseguram nascer e viver em condições dignas e saudáveis (OPAS, 2016; 
BRASIL, 2017a; BRASIL, 2017b).
Na atenção primária, a vigilância do desenvolvimento requer profissionais capazes para reconhecer 
as habilidades e competências infantis em cada uma das faixas etárias. Dessa forma, poderá notar 
situações que necessitam de avaliação mais acurada, como também poderá fornecer orientações 
adequadas às necessidades específicas para cada fase.
O acompanhamento e avaliação do desenvolvimento é um dos componentes da vigilância a 
saúde e tem como principal objetivo a detecção de problemas e intervenção precoce. Demanda a 
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utilização de instrumentos específicos e deve considerar as informações dos pais e cuidadores da 
criança (BRASIL, 2012d).
Grande parte desses instrumentos baseia‑se nos marcos do desenvolvimento que correspondem ao 
conjunto de habilidades e competências que as crianças precisam concretizar em cada um dos estágios 
etários. A maioria dos instrumentos de avaliação prioriza a avaliação do desenvolvimento motor grosso 
(locomoção), motor fino (coordenação), pessoal‑social e linguagem (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Cabe lembrar que o desenvolvimento infantil é fortemente influenciado por questões como interação 
com o meio, seu ambiente de cuidados e oportunidades e estímulos à aprendizagem (BRASIL, 2002b).
Entende‑se por ambiente de cuidados as formas de cuidado e as condições físicas do ambiente. 
O ambiente deve ser capaz de prover as necessidades essenciais da infância, compreendidas como 
aquelas que, quando atendidas, possibilitam o desenvolvimento emocional, intelectual e social da 
criança (USP, 2018).
Portanto, na avaliação do desenvolvimento da criança, é de extrema importância avaliar e reconhecer 
seu ambiente de cuidados. Instrumentos como a Ficha de Acompanhamento dos Cuidados para a 
Promoção da Saúde da Criança são específicos para a avaliação do ambiente e permitem conhecer 
aspectos do cuidado relacionados à saúde, alimentação, brincadeiras, limites, prevenção de acidentes, 
entre outros (VERÍSSIMO et al., 2013).
Os principais fatores ambientais ou biológicos que colocam em risco o desenvolvimento infantil são:
• Ausência ou pré‑natal incompleto.
• Problemas na gestação, parto ou nascimento.
• Prematuridade (menor que 37 semanas).
• Peso abaixo de 2.500 g.
• Icterícia grave.
• Hospitalização no período neonatal.
• Doenças graves como meningite, traumatismo craniano ou convulsões.
• Parentesco entre os pais.
• Casos de deficiência ou doença mental na família.
• Fatores de risco ambientais como violência doméstica, depressão materna, drogas ou alcoolismo 
entre os moradores da casa, suspeita de abuso sexual etc.
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O instrumento vigilância do desenvolvimento presente na Caderneta de Saúde da Criança permite 
avaliar crianças entre 1 mês a 3 anos de idade. O quadro a seguir é a parte desse instrumento que 
possibilita avaliar crianças com até 12 meses de idade.
Na coluna à esquerda, são apresentados os marcos de desenvolvimento. Observe que os marcos 
contemplam habilidades nas áreas motoras (fino e grosso), linguagem e pessoal‑social.
Na coluna a seguir, observam‑se recomendações específicas de como o marco deve ser testado ou avaliado.
Quadro 11 – Instrumento vigilância do desenvolvimento
Registre na escala: P = marco presente; A = marco ausente; NV = marco não verificado; 
Idade em meses
Marcos do 
desenvolvimento Como pesquisar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Postura: barriga 
para cima, 
pernas e braços 
fletidos, cabeça 
lateralizada
Deite a criança em superfície 
plana, de costas; observe se 
seus braços e pernas ficam 
flexionados e sua cabeça 
lateralizada.
Observa um rosto
Posicione seu rosto a 
aproximadamente 30 cm 
acima do rosto da criança e 
observe se ela olha para você, 
de forma evidente.
Reage ao som
Bata palma ou balance um 
chocalho a cerca de 30 cm 
de cada orelha da criança 
e observe se ela reage com 
movimentos nos olhos ou 
mudança da expressão facial.
Eleva a cabeça
Posicione a criança de bruço 
e observe se ela levanta 
a cabeça, levantando 
(afastando) o queixo da 
superfície, sem se virar para 
um dos lados.
Sorriso social 
quando 
estimulada
Sorria e converse com a 
criança; não lhe faça cócegas 
ou toque sua face. Observe se 
ela responde com um sorriso.
Abre as mãos
Observe se em alguns 
momentos a criança abre as 
mãos espontaneamente.
Emite sons
Observe se a criança emite 
algum som que não seja choro.Caso não seja observado, 
pergunte ao acompanhante se 
ela faz em casa.
Movimenta 
ativamente os 
membros
Observe se a criança 
movimenta ativamente 
os membros superiores e 
inferiores.
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
Resposta ativa ao 
contato social
Fique à frente do bebê e 
converse com ele. Observe 
se ele responde com sorriso 
e emissão de sons como se 
estivesse “conversando” com 
você. Pode pedir que a mãe/
cuidador o faça.
Segura objetos
Ofereça um objeto tocando 
no dorso da mão ou dedos da 
criança. Esta deverá abrir as 
mãos e segurar o objeto pelo 
menos por alguns segundos.
Emite sons
Fique à frente da criança e 
converse com ela. Observe se 
ela emite sons (gugu, eeee etc.).
De bruço, 
levanta a cabeça, 
apoiando‑se nos 
antebraços
Coloque a criança de bruço, 
numa superfície firme. 
Chame sua atenção à frente 
com objetos ou seu rosto e 
observe se ela levanta a cabeça 
apoiando‑se nos antebraços.
Busca ativa de 
objetos
Coloque um objeto ao 
alcance da criança (sobre a 
mesa ou na palma de sua 
mão) chamando sua atenção 
para o mesmo. Observe se ela 
tenta alcançá‑lo.
Leva objetos à 
boca
Coloque um objeto na mão 
da criança e observe se ela o 
leva à boca.
Localiza o som
Faça um barulho suave (sino, 
chocalho etc.) próximo à 
orelha da criança e observe se 
ela vira a cabeça em direção 
ao objeto que produziu o 
som. Repita no lado oposto.
Muda de posição 
ativamente (rola)
Coloque a criança em 
superfície plana de barriga 
para cima. Incentive‑a a virar 
para a posição de bruço.
Brinca de 
esconde‑achou
Coloque‑se à frente da 
criança e brinque de aparecer 
e desaparecer, atrás de um 
pano ou de outra pessoa. 
Observe se a criança faz 
movimentos para procurá‑lo 
quando desaparece, como 
tentar puxar o pano ou olhar 
atrás da outra pessoa.
Transfere objetos 
de uma mão para 
a outra
Ofereça um objeto para a 
criança segurar. Observe 
se ela o transfere de uma 
mão para outra. Se não 
fizer, ofereça outro objeto 
e observe se ela transfere o 
primeiro para a outra mão.
Duplica sílabas
Observe se a criança fala 
“papa”, “dada”, “mama”. Se 
não o fizer, pergunte à mãe/
cuidador se ela o faz em casa.
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Unidade III
Senta‑se sem 
apoio
Coloque a criança numa 
superfície firme, ofereça‑lhe 
um objeto para ela segurar 
e observe se ela fica sentada 
sem o apoio das mãos para 
equilibrar‑se.
Imita gestos
Faça algum gesto conhecido 
pela criança como bater 
palmas ou dar tchau e 
observe se ela o imita. Caso 
ela não o faça, peça à mãe/
cuidador para estimulá‑la.
Faz pinça
Coloque próximo à criança 
uma bolinha de papel. Chame 
a atenção da criança para 
que ela a pegue. Observe 
se, ao pegá‑la, ela usa o 
movimento de pinça, com 
qualquer parte do polegar 
associado ao indicador.
Produz “jargão”
Observe se a criança 
produz uma conversação 
incompreensível consigo 
mesma, com você ou com a 
mãe/cuidador (jargão). Caso 
não seja possível observar, 
pergunte se ela o faz em casa.
Anda com apoio
Observe se a criança 
consegue dar alguns passos 
com apoio.
Fonte: Brasil (2017a, p. 44‑45).
Cabe destacar que, no desenvolvimento humano, o aparecimento ou desaparecimento dos marcos 
obedecem a um padrão sequencial, independentemente da população. Esse padrão de desenvolvimento 
está relacionado à maturação do sistema nervoso central e pode ser observado na evolução da capacidade 
de locomoção de um bebê em seu primeiro ano de vida. É preciso sustentar cabeça e tronco, adquirir 
habilidade de sentar‑se sem apoio para finalmente andar sozinho por volta dos 12 meses de idade 
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Mas todos os bebês andam com 12 meses?
Não! Provavelmente, você conhece histórias de crianças que andaram aos 10 meses de idade e 
outras que andaram com 1 ano e 3 meses.
Então, estão atrasadas ou adiantadas?
Também não. A sequência da aquisição de habilidades motoras está determinada, mas a idade pode 
variar conforme a da população estudada.
Observe novamente o instrumento da Caderneta de Saúde da Criança. Nas colunas à direita, distribuem‑se 
as idades em meses e, para cada idade, estão destacadas em amarelo as habilidades que devem ser testadas.
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Considerando a habilidade “andar sem apoio”, último marco apresentado no quadro a seguir, é 
possível observar que tal habilidade deve ser avaliada no período que compreende a idade de 9 meses 
até a de 15 meses. Esse é o período em que 90% das crianças adquirem a habilidade de andar.
Dessa forma, os destaques em amarelos também representam a faixa etária em que aquele marco é 
conquistado pela maioria das crianças.
A estratégia Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) e a Caderneta de Saúde 
da Criança propõem alguns passos para realizar a avaliação do desenvolvimento (OPAS, 2016; BRASIL, 
2017a; BRASIL, 2017b):
Primeiro passo – perguntar e investigar
• Perguntar e investigar os fatores de risco para o desenvolvimento na história de saúde da criança.
• Conhecer a percepção da mãe/cuidadores sobre o desenvolvimento do seu filho.
• Observar interação cuidador‑criança para identificação de evidências sobre formação de 
vínculo afetivo.
Segundo passo – verificar e observar
• Verificar o perímetro cefálico e avaliar utilizando o gráfico perímetro cefálico por idade.
• Observar alterações fenotípicas, tais como: fenda palpebral oblíqua; olhos afastados; implantação 
baixa de orelhas; lábio leporino; fenda palatina; pescoço curto e/ou largo; prega palmar única; 
5º dedo da mão curto e recurvado. Tais alterações estão associadas a síndromes com repercussão 
para o desenvolvimento infantil.
• Localizar a idade da criança na linha superior do Instrumento Vigilância do Desenvolvimento 
de Crianças. Identificar e testar as habilidades com destaque amarelo. Registrar P quando 
marco presente; A quando marco ausente ou NV quando não for possível avaliar aquele 
marco de desenvolvimento.
• Verificar se os marcos de desenvolvimento esperados para idades anteriores já foram conquistados.
Terceiro passo – classificar
De acordo com as evidências obtidas, o desenvolvimento da criança poderá ser classificado em: 
desenvolvimento normal, desenvolvimento normal com fatores de risco, alerta para o desenvolvimento 
e provável atraso no desenvolvimento.
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Unidade III
Quarto passo – decidir
Para cada classificação do desenvolvimento infantil, o profissional deverá escolher e indicar as ações 
apropriadas, conforme quadro de orientação para a tomada de decisão, apresentado a seguir:
Quadro 12 – Condutas recomendadas para algumas situações de desenvolvimento de crianças 
entre 1 mês a 3 anos de idade
Dados da avaliação Classificação Conduta 
Perímetro cefálico < – 2 escores Z ou > 
+ 2 escores Z, ou presença de 3 ou mais 
alterações fenotípicas ou ausência de 2 ou 
mais marcos para a faixa etária anterior
Provável atraso no 
desenvolvimento Referir para avaliação neuropsicomotora
Ausência de 1 ou mais marcos para a sua 
faixa etária
Alerta para o 
desenvolvimento
Orientar a mãe/cuidador sobre a 
estimulação da criança
Marcar retorno em 30 dias
Todos os marcos para a sua faixa etária 
estão presentes, mais existem 1 ou mais 
fatores de risco
Desenvolvimento 
adequado com fatores de 
risco
Informar a mãe/cuidador sobre os sinais 
de alerta
Marcar retorno em 30 dias
Todos os marcos para sua faixa etária estão 
presentes
Desenvolvimento 
adequado
Elogiar a mãe/cuidador
Orientar a mãe/cuidador para que 
continue estimulando a criança
Retornar para acompanhamento 
conforme a rotina do serviço de saúde
Informar a mãe/cuidador sobre os sinais 
de alerta
Fonte: Brasil (2017a, p. 48).
5.3 Estudo de caso: consulta de enfermagem na atenção básica – saúde da 
criança
A Sra. Ana compareceu à UBS, trazendo sua neta Maria Flor de 7 meses de idade. Relata que procurou 
a unidade após perceber que a “assadura” na região perineal de Maria Flor está piorando. A avó diz 
que no momento passa a maior parte do tempo com Maria Flor, pois a mãe da criança já retornou ao 
trabalho e trouxe a Caderneta de Saúde da criança. A enfermeira confere as informações registradas e 
identifica que Maria Flor não passou em consulta de rotina na idade de 6 meses.
A enfermeira identifica também que Maria Flor nasceu a termo, de parto vaginal, com Apgar 9 
no 5º minuto, pesando 3.020 gramas, com 50 cm de comprimento e 35 cm de perímetro cefálico. 
Ficou hospitalizada para tratamento com fototerapia e recebeu alta com uma semana de vida. A 
mãe realizou 2 consultas de pré‑natal. A criança realizou o teste do pezinho e recebeu aleitamento 
materno exclusivo até 4 meses de idade. Maria Flor não recebeu as vacinas recomendadas para o 
sexto mês de vida. A avó relata que Maria Flor é uma criança calma, feliz e amada pela família. 
Os pais trabalham muito, mas quando podem sempre brincam e estimulam a menina. Segundo a 
avó, Maria Flor está se desenvolvendo bem; recebe 6 mamadeiras de leite de vaca integral por dia 
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e ainda não come papas salgadas, somente frutas amassadinhas. Refere uso de sulfato ferroso 
diariamente. Informa que Maria Flor teve diarreia há 15 dias.
A enfermeira avalia o desenvolvimento utilizando o instrumento de vigilância do desenvolvimento 
e identifica que a criança brinca de esconde‑achou; transfere objeto de uma mão para outra; duplica 
sílabas e senta‑se sem apoio. Todos os marcos de desenvolvimento anteriores e os específicos para a 
idade de 7 meses encontram‑se presentes. Após realizar as medidas antropométricas e inserir os dados 
nos gráficos de crescimento, a enfermeira identifica que Maria Flor encontra‑se entre os escores Z – 
2 e + 2, com curva ascendente no gráfico perímetro cefálico por idade e comprimento/estatura por 
idade. Em relação ao peso, encontra‑se entre os escores Z – 2 e + 2, com curva horizontal. Ao exame 
físico da região perineal, identificou hiperemia intensa, com bordas delimitadas e ruptura da pele em 
pontos isolados.
Quadro 13 – Diagnósticos de enfermagem identificados de acordo com os dados de 
enfermagem apresentados no caso da criança Maria Flor
Dados de enfermagem Diagnóstico de enfermagem
Características 
definidoras
Fator relacionado/fator 
de risco
Aleitamento materno 
interrompido aos 4 
meses de idade. Não 
recebe papas salgadas, 
somente mamadeiras 
de leite com amido de 
milho e frutas
Nutrição desequilibrada: 
menor que as necessidades 
corporais
Informações 
insuficientes (familiares)
Ingestão alimentar 
insuficiente
Não recebeu vacinas 
recomendadas para o 6º 
mês de vida
Risco de infecção Vacinação inadequada
Consulta de rotina 
e vacinação não 
realizadas aos 6 meses 
de idade. Falta de 
informações sobre 
início da alimentação 
complementar
Paternidade ou maternidade 
prejudicada
Manutenção 
inadequada da saúde da 
criança
Conhecimento deficiente 
sobre a manutenção de 
saúde da criança
Realizou duas 
consultas de pré‑natal. 
Hospitalização no 
período neonatal
Risco de desenvolvimento 
atrasado
Cuidado pré‑natal 
insuficiente
Hospitalização neonatal
Peso localizado entre 
escore Z – 2 e + 2, com 
curva horizontal
Risco de crescimento 
desproporcional
Comportamentos 
alimentares mal adaptados 
do cuidador
Infecção (diarreia)
Lesão em região perineal, 
com hiperemia intensa, 
bordas delimitadas e 
ruptura da pele em 
pontos isolados
Integridade da pele 
prejudicada
Alteração na 
integridade da pele
Extremos de idade
Umidade
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Quadro 14 – Resultados esperados e intervenções de enfermagem de acordo com os 
diagnósticos de enfermagem no caso da criança Maria Flor
Diagnóstico de enfermagem Resultado esperado (NOC) Intervenções de enfermagem (NIC)
Nutrição desequilibrada: menor 
que as necessidades corporais Estado nutricional do lactente Aconselhamento nutricional
Risco de infecção Comportamento de imunização (cuidadores)
Controle de imunização/
vacinação
Paternidade ou maternidade 
prejudicada Desempenho dos pais: lactente
Aconselhamento
Orientações aos pais: lactente
Risco de desenvolvimento 
atrasado Desenvolvimento da criança Orientação antecipada
Risco de crescimento 
desproporcional
Crescimento
Conhecimento: cuidados com o lactente
Controle do peso
Ensino: nutrição do lactente 
7‑9 meses
Integridade da pele prejudicada Integridade estrutural: pele e mucosas Cuidado perineal
Quadro 15 – Prescrição de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem 
identificados no caso da criança Maria Flor
Diagnósticos de 
enfermagem Prescrição de enfermagem 
Nutrição 
desequilibrada: menor 
que as necessidades 
corporais
1. Orientar sobre esquema alimentar díário aos 7 meses de idade: leite (manhã), papa de fruta 
(manhã), papa salgada (almoço), papa de fruta (tarde), papa salgada (jantar) e leite (noite). 
2. Fornecer informações sobre horários, composição e preparo de papa salgada.
3. Conversar sobre como prevenir anemia.
Risco de infecção
1. Fornecer informações precisas sobre cada uma das vacinas a serem administradas, explicando 
os benefícios e potenciais efeitos adversos.
2. Reconhecer as dúvidas dos familiares com empatia.
3. Administrar as vacinas para atualização do calendário vacinal. 
4. Orientar condutas para as potenciais reações vacinais. 
5. Registrar na caderneta.
6. Agendar data das próximas vacinas.
Paternidade ou 
maternidade 
prejudicada
1. Verificar a disponibilidade dos pais para uma consulta na UBS ou em uma visita domiciliar. 
2. Monitorar as necessidades de aprendizagem da família.
Risco de 
desenvolvimento 
atrasado
1. Fornecer orientação a família sobre os próximos marcos do desenvolvimento. 
2. Estimular o desenvolvimento de atividades e cuidados que atendam às necessidades de 
saúde, sono, prevenção de acidentes, alimentação e higiene. 
3. Informar sobre os sinais de alerta. 
4. Marcar retorno em 30 dias.
Risco de crescimento 
desproporcional
1. Investigar possíveis intercorrências desde a última consulta. 
2. Registrar na caderneta o relato da avó de diarreia a 15 dias e não introdução de papas 
salgadas na alimentação.
3. Tratar as intercorrências presentes. 
4. Agendar retorno para 30 dias para monitoramento do ganho de peso.
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Integridade da pele 
prejudicada
1. Trocar a fralda logo que fique molhada. 
2. Limpar a região delicadamente com água e sabão neutro. 
3. Remover resíduo de pomada com óleo mineral, evitando esfregar vigorosamente.
4. Evitar uso de lenços umedecidos comerciais.
5. Manter sem fralda, sempre que possível, para expor a pele ao ar. 
6. Aplicar pomada à base de óxido de zinco. 
6 O CUIDADO DA CRIANÇA COM DIARREIA E DESIDRATAÇÃO E SUA FAMÍLIA 
NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Focaremos a atenção às doenças diarreicas na infância. Um estudo de caso será utilizado para 
discutir a SAE no processo de cuidar da criança com diarreia aguda e desidratação na Atenção Básica. 
As recomendações do Ministério da Saúde embasarão as estratégias de atendimento e condutas, 
especialmente, a estratégia de AIDPI.
A estratégia AIDPI é uma abordagem de atenção à saúde infantil cujo principal objetivo é a redução 
da mortalidade nessa população. Foi desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo 
Fundo das Nações Unidas para a Infânciae a Adolescência (Unicef) para o atendimento do conjunto de 
doenças de maior prevalência em crianças menores de 5 anos (TRAPÉ; FUJIMORI; BERTOLOZZI, 2009).
Os pilares da estratégia AIDPI são: capacitação de recursos humanos na atenção primária e 
reorganização dos serviços de saúde e educação em saúde para família e comunidade (BRASIL, 2002a).
Entre as doenças prevalentes na infância, destaca‑se a diarreia aguda, por ser uma das principais 
causas de morbidade e mortalidade infantil nos países em desenvolvimento, especialmente quando 
associada à desidratação.
A diarreia pode ser definida como “alteração da função intestinal com perda excessiva de água e 
eletrólitos” e se manifesta com aumento do número de evacuações ou diminuição da consistência das 
fezes (BRASIL, 1993; BRASIL, 2012a, p. 56).
Quando há presença de muco, pus ou sangue, é denominada disenteria e indica invasão da mucosa 
intestinal pelo agente infeccioso com proliferação bacteriana (BRASIL, 2012a).
Considerando a duração do quadro, é classificada em:
• Diarreia aguda: duração menor que 14 dias.
• Diarreia persistente: duração maior ou igual a 14 dias.
• Diarreia crônica: duração maior que 30 dias.
Estudaremos primordialmente os aspectos conceituais, epidemiológicos, etiológicos e a fisiopatologia 
da diarreia aguda.
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Unidade III
A Doença Diarreica Aguda (DDA) tem caráter autolimitado e geralmente cede sem tratamento 
específico quando não houver complicações. Frequentemente é causada por agentes infecciosos do 
trato gastrointestinal, no entanto, pode estar associada a infecções do trato respiratório superior e ao 
uso de medicamentos (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015).
Os agentes infecciosos mais comuns são:
• Vírus: rotavírus e Norwalk.
• Bactérias: Vibrio cholerae; Escherichia coli; Clostridium difficile; Salmonella e Shigella.
• Protozoários: Entamoeba hystolitica; Giardia lamblia e Criptosporidium sp.
• Ingestão de toxinas: Estafilocócicas, Baccilus cereus e Clostridium perfingens.
Estima‑se que 80% dos casos de DDA sejam virais, com maior ocorrência no inverno. O rotavírus 
apresenta‑se como a causa mais comum de diarreia em crianças com idade inferior a 5 anos e, 
frequentemente, resulta em desidratação grave (BRASIL, 2005).
Cabe destacar que crianças menores de 1 ano são mais vulneráveis à diarreia por patógenos 
específicos para a idade, como o rotavírus, uma vez que não possuem muitos anticorpos protetores 
ativos, apenas os adquiridos da mãe.
A gravidade também é aumentada nessa fase devido às características fisiológicas e do 
desenvolvimento. Já o aleitamento materno reduz a incidência e gravidade da doença (HOCKENBERRY; 
WILSON, 2014).
No Brasil, a vacina oral contra rotavírus humano (VORH) é parte dos imunobiológicos disponíveis no 
Programa Nacional de Imunizações e, desde 2006, é ofertado gratuitamente a todas as crianças com 
menos de 6 meses de vida (BRASIL, 2005).
 Saiba mais
Conheça as atualizações do Calendário Nacional de Imunizações e 
aprofunde seus conhecimentos sobre a VORH. O conteúdo está disponível 
nos endereços eletrônicos descritos a seguir.
BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário nacional de vacinação. Brasília, 
2018b. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/acoes‑e‑programas/
vacinacao/calendario‑nacional‑de‑vacinacao>. Acesso em: 23 maio 2018.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Doença diarreica por rotavírus: 
vigilância epidemiológica e prevenção pela vacina oral de rotavírus 
humano (VORH). Informe Técnico. Brasília, 18 nov. 2005. Disponível em: 
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/informe_
rotavirus2_1254747927.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de normas e procedimentos para 
vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2014c. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.
pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.
A via de disseminação das DDA é a oral‑fecal através do consumo de água/alimentos contaminados 
ou de pessoa a pessoa, sobretudo, em locais com estreito contato entre as crianças, como as creches.
Saneamento básico precário, higiene inadequada, desmame precoce e deficiências nutricionais 
também são fatores de risco para diarreia e, consequentemente, as estatísticas são maiores em regiões 
onde a pobreza predomina (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015).
Os agentes infecciosos têm a capacidade de desencadear diferentes processos que causam a doença 
diarreica, como: adesão ao epitélio intestinal e possível invasão, produção de toxinas, danos às células 
epiteliais maduras, interferência no transporte de água, eletrólitos e nutrientes e danos à rede vascular. 
Esses mecanismos levam a duas situações distintas: condições que aumentam a secreção intestinal ou 
condições que diminuem a absorção intestinal (CARNEIRO; SABATÉS, 2008).
O aumento da secreção intestinal é a resposta que ocorre em 95% dos casos de diarreia e resulta em 
secreção ativa de água e eletrólitos para a luz intestinal na tentativa de expulsar o agente infeccioso 
ou as toxinas liberadas através do aumento do volume e da frequência das evacuações. Destacam‑se o 
mecanismo osmótico e o mecanismo secretor (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015).
O mecanismo osmótico é observado quando há aumento da osmolaridade na luz intestinal, como 
o que ocorre na infecção por rotavírus devido ao aumento da lactose não digerida na luz intestinal em 
consequência da redução da concentração da enzima lactase, levando à passagem de água e eletrólitos 
para dentro do lume. A fermentação da lactose em excesso leva à formação de ácidos graxos de cadeias 
curtas e radicais, ácidos que resultam em distensão abdominal, cólicas, diarreia aquosa e explosiva, com 
osmolaridade elevada e pH abaixo de 5 (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015; CARNEIRO; SABATÉS, 2008).
O mecanismo secretor ocorre quando há estímulos dos mediadores de secreção por toxinas 
produzidas por bactérias, como o Vibrio cholerae. Ou, ainda, quando patógenos causam alterações na 
mucosa intestinal com consequente morte e substituição dos enterócitos maduros por imaturos. Esse 
mecanismo provoca no intestino delgado um estado secretor de cloro, água e sódio. A perda de sódio é 
maior nesse mecanismo quando comparado ao mecanismo osmótico (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015).
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Clinicamente, a DDA se caracteriza por distensão abdominal, vômitos, indisposição, cólicas, ausência 
de febre ou febre baixa, fezes amolecidas ou aquosas. Quando o agente causal for bacteriano, poderá 
evoluir com maior toxemia, disenteria e invasão da corrente sanguínea com bacteremia.
O uso de antibióticos é recomendado apenas nos casos de disenteria, comprometimento do estado 
geral e cólera grave. Já os antiparasitários devem ser usados na amebíase e giardíase. O Ministério da 
Saúde não recomenda o uso de antidiarreicos e antieméticos (BRASIL, 2014b).
As principais complicações da DDA são a desidratação e a desnutrição, e o objetivo do tratamento é 
recuperar o balanço hidroeletrolítico e prevenir a desnutrição (MELLO; LIMA; TONETE, 2009).
Durante a DDA, a alimentação habitual da criança deve ser mantida, exceto na vigência de 
desidratação durante as primeiras 4 horas de terapia de reidratação. O aleitamento materno deve ser 
mantido mesmo nessa condição.
Há evidências de que a manutenção da dieta com composição calórica e nutricional adequada reduz 
a gravidade e duração do quadro diarreico e aumenta o ganho de peso (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015).
A estratégia AIDPI recomenda intensificar o aporte calórico, aumentando a frequência das refeições 
diárias durante todo o período de diarreia e manutenção dessa conduta por mais duas semanas após o 
términodo quadro (BRASIL, 1993).
 Observação
Lactentes e crianças pequenas são especialmente vulneráveis à 
desidratação e ao desequilíbrio eletrolítico devido a características fisiológicas 
inerentes ao desenvolvimento. Assim, a desidratação ocorre mais frequente e 
rapidamente nessa fase (PICCOLO; ROSSATO; KOMESSU, 2008).
As características fisiológicas que justificam a vulnerabilidade à desidratação são:
• Maior proporção do total de água no corpo: a água é o principal constituinte dos tecidos corporais. 
O recém‑nascido têm 80% do peso corporal em água. Em um adulto, essa proporção é de 60%.
• Maior proporção de líquido no compartimento extracelular (LEC) do que intracelular (LIC): a água 
corporal total distribui‑se dentro e fora das células. O LIC refere‑se ao líquido contido no interior da célula 
e o LEC encontra‑se no espaço extracelular distribuído no interior dos vasos sanguíneos, circundando as 
células ou ainda em cavidades corporais especializadas, como o líquor. Os compartimentos intracelular 
e extracelular possuem diferentes composições iônicas e há constante troca de água e eletrólitos entre 
eles por meio do transporte ativo de potássio para o interior da célula e do sódio para fora da célula. 
No recém‑nascido, 45% do líquido corporal estão contidos no LEC, enquanto no adulto somente 20%. 
O LEC é mais vulnerável em situações de perdas de volume, o que ocasiona distúrbios hidroeletrolíticos 
frequentes, com rápida instalação e de maior gravidade na infância.
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• Taxa metabólica basal (TMB) maior que a do adulto: a taxa metabólica basal é três vezes maior que 
a do adulto e isso resulta em maior produção de resíduos do metabolismo e maior necessidade de 
água para excretá‑los. Situações como trauma, infecções e febre aumentam ainda mais a TMB e 
a necessidade de água para excreção.
• Maior a superfície corporal em relação ao peso: a área de superfície corporal maior em relação ao 
peso contribui para perdas insensíveis através da pele. Estima‑se que a área de superfície corporal 
de um neonato seja três vezes maior que a de um adulto.
• Maior a superfície do trato gastrointestinal em relação ao peso: resulta em maior perda hídrica 
na vigência de diarreia e vômitos, porque a quantidade de água envolvida na digestão é 
proporcionalmente maior.
• Maior a quantidade de água necessária para excretar resíduos metabólicos: em lactentes, a função 
renal é imatura e ineficaz para excretar resíduos do metabolismo. Além disso, são incapazes de 
concentrar a urina e conservar ou excretar sódio.
• Necessidades hídricas aumentadas: as necessidades de líquidos de manutenção são maiores no lactente 
do que em crianças maiores, pois ingerem e eliminam maior quantidade de líquido por peso.
Conceitua‑se como necessidade hídrica de manutenção “o volume de água necessário para repor a 
perda de líquido obrigatória, como as que ocorrem na sudorese, na respiração, na formação de urina e 
de fezes” (LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014, p. 731).
A necessidade de líquidos diários para crianças pode ser estimada considerando seu peso corporal, 
conforme quadro a seguir:
Quadro 16 – Cálculo da necessidade hídrica de manutenção para crianças
Peso corporal (kg) Quantidade de líquidos por dia
1 – 10 1000 ml/kg
10 – 20 1000 ml/kg mais 50 ml/kg para cada kg > 10 kg
>20 1500 ml/kg mais 20 ml/kg para cada kg > 20 kg
Fonte: Lammert; Wilson; Wilson (2014, p. 731).
Assim, considerando o quadro anterior, uma criança com peso corporal igual a 23 kg terá uma 
estimativa de quantidade de líquidos igual a 1560 ml por dia.
Cabe ressaltar que a necessidade hídrica de manutenção fica aumentada na vigência de DDA, sendo 
necessário acompanhamento do estado de hidratação da criança e terapêuticas preconizadas para 
evitar desidratação, distúrbios eletrolíticos e choque.
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Unidade III
Segundo a estratégia AIDPI, a avaliação da criança com diarreia deve responder às seguintes questões:
• Por quanto tempo a criança tem tido diarreia?
• Há sinais de desidratação?
• Há sangue nas fezes?
Desidratação é definida como diminuição do LEC por perdas hidroeletrolíticas ou baixo aporte de 
líquidos e ocorre sempre que a eliminação total de líquidos excede a ingestão total. A depender do tipo 
de líquido perdido e da capacidade de compensação do organismo, distúrbios eletrolíticos e acidobásicos 
podem estar associados (PICCOLO; ROSSATO; KOMESSU, 2008).
O sódio é o soluto principal do LEC e determina seu volume a partir de mecanismos compensatórios 
como a sede e secreção de hormônio antidiurético (ADH). Na DDA, a perda de sódio ocorre através das 
fezes e no compartimento de LIC a fim de manter o potássio no interior da célula.
A desidratação pode ser classificada de acordo com o nível sérico de sódio resultante das perdas em:
• Desidratação hiponatrêmica: ocorre perda proporcionalmente maior de sódio em relação à água, 
que resulta em diluição do LEC e movimento de água para o compartimento intracelular.
• Desidratação isonatrêmica: ocorrem perdas proporcionais de água e sódio e não há movimentação 
de fluídos entre os compartimentos.
• Desidratação hipernatrêmica: a perda de água é proporcionalmente maior que a de sódio, que 
resulta em hipertonicidade do LEC e movimentação do LIC para fora da célula. A volemia é 
preservada, no entanto, ocorre desidratação celular.
O grau de desidratação pode ser estabelecido pela perda de peso corporal e pelos sinais clínicos. 
Determinar o grau de desidratação é fundamental para estabelecer a terapêutica.
Quadro 17 – Classificação clínica do grau de desidratação em crianças
Leve Moderada Grave
Estado geral Irritada, com sede, dorme mal e pouco
Mais agitada, muita sede, 
raramente dorme
Deprimida, comatosa, não 
chora mais
Boca Seca, lábios vermelhos, língua seca e saburrosa
Muito seca, lábios às 
vezes cianóticos Lábios cianóticos
Sede Normal ou pouco aumentada Bebe rápido, com avidez
Dificuldade para ingerir 
líquidos
Olhos Normais Fundos Muito fundos
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
Fontanela Normal Deprimida Muito deprimida
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Pele Quente, seca, elasticidade normal
Extremidades frias, 
elasticidade diminuída
Pele fria, acinzentada, 
elasticidade muito diminuída 
(maior que 2 segundos)
Pulsos Normais Finos Muito finos
Diurese Normal Urina concentrada Oligúria
Enchimento capilar Normal (até 3 s)
Lentificado
(3‑10 s)
Muito lentificado
(mais de 10 s)
Perda de peso 2,5 a 5% 5‑10% Acima de 10%
Déficit estimado 25 a 50 ml/kg 50 a 100 ml/kg > 100 ml/kg
Fonte: Barbosa; Sztajnbok (1999, p. S224).
A terapia de reidratação oral (TRO) deve ser preferencialmente usada para reidratação, exceto nos 
casos de desidratação grave em que a escolha é a via venosa. A via oral é eficaz, pois o transporte de sódio 
acoplado à glicose e a absorção de água pelo enterócito estão preservados na DDA, independentemente 
da etiologia (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015).
A OMS e a Unicef recomendam a utilização de uma fórmula de sais de reidratação oral para a TRO 
adotada pelo Ministério da Saúde em 1982 como medida para reduzir a mortalidade por diarreia aguda 
e desidratação em crianças brasileiras (SBP, 2017; BRASIL, 1993).
No Brasil, sais de reidratação oral são distribuídos para todos os serviços de saúde em pacotes 
aluminizados e precisam ser reconstituídos com 1 l de água filtrada ou fervida. A solução final é isotônica, 
com osmolaridade de 311 mOsm/l, concentração de sódio 90 mEq/l e de glicose 111 mEq/l. Em sua 
composição, ainda estão presentes potássio, cloro e citrato (BRANDT; ANTUNES; SILVA, 2015; CARNEIRO; 
SABATÉS, 2008).
Já o soro caseiro é uma misturade açúcar, água e sal de cozinha e só é recomendado se for realizado 
com colher de medida específica para evitar erros na composição final.
Sal
Açúcar 1 copo cheio de 
água limpa
1 medida rasa 
de sal
Use esta colher 
de medida
2 medidas rasas 
de açúcar
Figura 26 – Colher de medida e composição do soro caseiro
Sobre os cuidados a serem implementados na vigência de DDA, a estratégia AIDPI preconiza que 
todas as crianças devam ser classificadas quanto ao estado de hidratação e utiliza os parâmetros: estado 
geral, olhos, sede e turgor cutâneo. A partir dos achados clínicos, a conduta é estabelecida.
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Unidade III
Quadro 18 – Classificação do estado de hidratação e condutas conforme estratégia AIDPI
Classificação estado de hidratação Condutas
Sem desidratação Plano A
Desidratação Plano B
Desidratação grave Plano C
Recentemente, o Ministério da Saúde ampliou os dados a serem avaliados para determinar o estado 
de hidratação da criança, no entanto, manteve a classificação e os planos de cuidados, conforme quadro 
a seguir (BRASIL, 2012a).
Quadro 19 – Avaliação do estado de hidratação para crianças com diarreia
Observar
Estado geral Bem, alerta Irritado, intranquilo Comatoso, hipotônico
Olhos Normais Fundos Muito fundos e secos
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
Boca e língua Úmidas Secas Muito secas
Sede Bebe normalmente Sedento, bebe rápido e avidamente Bebe mal ou não é capaz de beber*
Examinar
Sinal da prega Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente
Pulso Cheio Rápido e débil Muito débil ou ausente*
Enchimento capilar
Normal
(até 3 segundos)
Prejudicado
(3 a 5 segundos)
Muito prejudicado
(mais de 5 segundos)
Conclusão Não tem desidratação
Se apresentar dois ou 
mais dos sinais descritos 
acima, existe desidratação
Se apresentar dois ou mais dos sinais 
descritos, incluindo pelo menos um 
dos assinalados com asterisco, existe 
desidratação grave
Tratamento Plano A Plano B Plano C
Adaptado de: Brasil (2014b).
 Observação
A avaliação do enchimento capilar é feita observando o tempo de 
retorno da coloração da palma da mão da criança, após ter sido fechada e 
comprimida por 15 segundos.
6.1 A criança com DDA sem desidratação – Plano A
O examinador precisa certificar‑se de que a criança não apresenta sinais de desidratação que a 
coloque em outro plano de cuidado. Rigorosamente, deve investigar a condição geral da criança, 
especialmente se está letárgica, inconsciente, inquieta ou irritada. Observar se os olhos estão fundos, se 
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há saliva e presença de lágrimas. Oferecer‑lhe líquidos e observar se tem sede e bebe avidamente ou se 
não consegue beber. Avaliar turgor cutâneo, também denominado sinal da prega, e observar o retorno 
ao estado anterior. Verificar presença e intensidade do pulso (cheio, débil ou muito débil) e retorno da 
perfusão periférica em segundos.
Na ausência de sinais de desidratação, será classificada como criança com diarreia sem desidratação 
e receberá tratamento em casa após seus familiares terem recebido orientações para aumentar a 
oferta de líquidos adicionais como solução de reidratação oral (SRO), água, sucos e sopas, além de 
manter a alimentação e reconhecer sinais de piora que indicarem a necessidade de a criança retornar 
imediatamente ao serviço de saúde.
O enfermeiro precisa dialogar com a família sobre o preparo e conservação da SRO e entregar os 
pacotes de sais de reidratação oral para preparo no domicílio. Também deve conversar acerca do volume 
a ser ofertado em casa, considerando a idade da criança, reforçando a administração frequente de 
pequenos volumes em copinhos ou colheres:
• Até 1 ano: ofertar 50 a 100 ml depois de cada evacuação aquosa.
• Após 1 ano: ofertar 100 a 200 ml depois de cada evacuação aquosa.
Caso a criança vomite, aguardar 10 minutos e oferece a SRO mais lentamente. Reforçar a importância 
dessa prática, especialmente quando a criança recebeu tratamento prévio para desidratação e agora 
recebe cuidados preconizados pelo Plano A.
Não interromper ou modificar a alimentação. Manter a dieta habitual e aumentar o número 
e frequência de refeições diárias durante todo período de DDA. Essa prática deve ser mantida após 
cessação da DDA para compensar perdas. Reforçar que a SRO não substitui a alimentação.
Conversar sobre os sinais de piora e orientar retorno imediato na vigência destes sinais: dificuldade 
para beber ou mamar, piora da diarreia, aparecimento ou piora da febre, surgimento de sangue nas 
fezes, vômitos repetidos e muita sede.
A reavaliação da criança que não melhora deve ser realizada em 5 dias.
6.2 A criança com DDA e desidratação – Plano B
A classificação desidratação será adotada para toda criança que apresentar ao menos dois dos 
seguintes sinais: olhos fundos, beber avidamente, sinal da prega (pele que volta lentamente ao estado 
anterior), choro sem lágrimas, mucosa oral seca, pulso rápido e débil, enchimento capilar prejudicado e 
inquietação/irritação.
Para essa classificação, adota‑se o Plano B de cuidados, e a criança deverá permanecer no serviço 
até a reidratação completa.
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A TRO terá duração de 4 horas, período em que receberá um volume total de SRO, que corresponde 
a 50‑100 ml por quilo de peso.
O profissional deve pesar a criança e calcular o volume de SRO a ser ofertado para a criança e 
orientar a mãe sobre o tempo de permanência na unidade. Durante esse período, a criança não será 
alimentada, exceto quando em aleitamento materno.
Sempre que possível, realizar controle de diurese por peso de fralda ou saco coletor.
Conversar com a família sobre a melhor forma de oferecer a SRO, ressaltando que a dose deve ser 
ofertada a cada 15 minutos sem exceder a capacidade gástrica, que é próxima a 40 ml/kg/hora. Nunca 
forçar a ingestão.
Realizar avaliação constante para classificação do estado de hidratação e readequar o plano de 
cuidados. Quando desaparecerem os sinais de desidratação, o Plano A deverá ser adotado. Se, após 4 
horas de TRO, a criança continuar desidratada, repetir o Plano B por mais 2 horas.
Caso a criança apresente perda ou ganho insuficiente de peso após as primeiras horas de TRO, 
vômitos persistentes, recusa persistente da SRO, distensão abdominal grave, alteração da consciência ou 
evolução para choque hipovolêmico, passar para o Plano C.
A solução oral pode ser ofertada por sonda nasogástrica (SNG) a crianças que recusam a ingestão do 
líquido ou apresentam mais de 4 episódios de vômitos por hora.
6.3 A criança com DDA e desidratação grave – Plano C
A classificação desidratação grave é estabelecida na vigência de dois ou mais sinais: letargia/
inconsciência/hipotonia, olhos muito fundos, lágrimas ausentes, beber muito mal ou não é capaz de 
beber; pulso muito débil ou ausente; enchimento capilar prejudicado e sinal da prega presente com 
retorno maior que 2 segundos ao estado anterior.
O objetivo do Plano C é repor água e eletrólitos rapidamente, por via intravenosa (IV) ou por sonda 
nasogástrica (SNG). Por ser uma emergência médica, os cuidados iniciais devem ser instituídos na própria 
unidade enquanto se espera pela transferência para um serviço de saúde hospitalar.
A terapia de reidratação venosa inclui a fase rápida, que objetiva restaurar o volume intravascular e 
a fase de manutenção e reposição.
Na fase de rápida, crianças menores de 5 anos recebem 20 ml/kg de uma solução composta de soro 
glicosado 5% e soro fisiológico na proporção de 1:1, em 30 minutos. Essa dose será repetida até que a 
criança esteja hidratada e apresente 2 diureses claras.
Em crianças maiores de 5 anos, durante a fase rápida, está indicado soro fisiológico 30ml/kg em 
30 minutos seguido de administração de Ringer com Lactato 70 ml/kg em 2 horas e 30 minutos.
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Para todas as faixas etárias, na fase de manutenção, é recomendada solução composta de soro 
glicosado 5% e soro fisiológico na proporção de 4:1. O volume é determinado considerando o cálculo de 
necessidades hídrica de manutenção da criança. Potássio a 10% é acrescentado à solução de manutenção 
na concentração de 2 ml para cada 100 ml. Para reposição, calcula‑se 50ml/kg/dia da mesma solução na 
proporção de 1:1, essa quantidade deve ser reavaliada conforme perdas.
Inicia‑se a TRO assim que a criança puder beber, a reidratação venosa é mantida até que ela consiga 
ingerir volume suficiente para manter‑se hidratada.
A terapia de reidratação por SNG está indicada na impossibilidade de hidratação venosa ou intraóssea.
6.4 Caso clínico: a consulta de enfermagem na atenção básica – a criança 
com DDA
A Sra. Josiane trouxe seu filho Vinícius, de 12 meses de idade, à UBS porque ele está com diarreia 
há um dia. Ao entrevistá‑la, o enfermeiro identifica que as evacuações são mais frequentes, um total 
de 6 episódios nas últimas 24 horas, líquidas, sem presença de sangue, e que o bebê apresentou 2 
episódios de vômitos.
O bebê recebeu aleitamento materno, porém a mãe suspendeu a alimentação complementar 
nesse período. Moram em casa de alvenaria com saneamento básico. As vacinas estão atualizadas. Ao 
examiná‑lo, você verifica que seu peso é de 10 kg e de acordo com dados anteriores registrados na 
Caderneta de Saúde da Criança houve variação de menos 300 gramas do último peso verificado. No 
momento, está choroso e irritado. Apresenta os olhos fundos, mucosa oral sem saliva, sinal da prega 
lentificado, enchimento capilar < 3 segundos e 37,8 ºC de temperatura axilar. À oferta de água, bebeu 
avidamente. Abdome globoso e pouco distendido, RHA hiperativos, indolor à palpação. Presença de 
hiperemia acentuada em região perineal.
A Sra. Josiane está muito preocupada, pois acredita que seu filho está piorando. Ela relata que essa 
é a primeira vez que Vinícius adoece e que não sabe o que fazer para que a diarreia pare. Perguntou se 
podem indicar medicamentos para interromper a diarreia.
Quadro 20 – Diagnósticos de enfermagem identificados de acordo com os dados de 
enfermagem apresentados no caso da criança Vinícius
Dados de enfermagem Diagnóstico de enfermagem
Características 
definidoras
Fator relacionado/fator 
de risco 
Evacuações líquidas sem sangue 
(6x/24h). Abdome globoso e 
distentido, RHA aumentado
Diarreia
Mais que três 
evacuações de fezes 
líquidas em 24 horas
Fisiológicos: infecção
Evacuações líquidas sem sangue 
(6x/24h). Vômitos
(2x/24h)
Risco de desequilíbrio 
eletrolítico
Diarreia
Vômito
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Perda de peso < 5%, olhos 
fundos, sinal da prega lentificado, 
bebe avidamente
Temperatura axilar 37,8 ºC
Irritado
Volume de líquidos 
deficiente
Alteração no turgor 
da pele, aumento da 
temperatura corporal, 
mucosas secas, perda 
súbita de peso, sede
Perda ativa de volume de 
líquido
Suspensão temporária da 
alimentação complementar
Evacuações líquidas sem sangue 
(6x/24h). Vômitos (2x/24h)
Nutrição desequilibrada: 
menor que as necessidades 
corporais
Diarreia
Informações erradas 
(pais)
Incapacidade de absorver 
nutrientes
Ingestão alimentar 
insuficiente
Temperatura axilar 37,8 ºC Hipertermia
Pele quente ao toque
Irritabilidade
Desidratação
Presença de hiperemia acentuada 
em região perineal
Integridade da pele 
prejudicada
Alteração na integridade 
da pele
Extremos de idade
Umidade
Preocupação e dúvidas maternas 
com o estado de saúde da criança
Risco de tensão do papel de 
cuidador
Inexperiência com 
oferecimento de cuidados
Quadro 21 – Resultados esperados e intervenções de enfermagem de acordo com os 
diagnósticos de enfermagem no caso da criança Vinícius
Diagnóstico de enfermagem Resultado esperado (NOC) Intervenções de enfermagem (NIC)
Diarreia Continência Intestinal Controle da diarreia
Risco de desequilíbrio eletrolítico Equilíbrio eletrolítico Controle de eletrólitos
Volume de líquidos deficiente Hidratação Controle hidroeletrolítico
Nutrição desequilibrada: menor 
que as necessidades corporais Estado nutricional: ingestão alimentar Controle da nutrição
Hipertermia Termorregulação Controle hídrico
Integridade da pele prejudicada Integridade estrutural: pele e mucosas Cuidado perineal
Risco de tensão do papel de 
cuidador
Quadro 22 – Prescrição de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem 
identificados no caso da criança Vinícius
Diagnósticos de 
enfermagem Prescrição de enfermagem 
Diarreia
1. Registrar e orientar a família, observar cor, volume, frequência e consistência das fezes.
2. Identificar fatores capazes de causar ou contribuir para a diarreia.
3. Conversar com a família sobre como prevenir diarreia.
4. Obter fezes para cultura e testes de sensibilidade se a diarreia persistir.
Risco de desequilíbrio 
eletrolítico
1. Avaliar e monitorar sonolência, letargia, irritabilidade, fontanela e convulsões.
2. Ofertar TRO conforme Plano B.
3. Orientar sobre importância de manter a TRO em casa.
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Volume de líquidos 
deficiente
1. Orientar a família sobre o estado de hidratação da criança e riscos relacionados.
2. Conversar com a família sobre a necessidade da permanência na UBS durante um período de 
aproximadamente 4 horas ou até que a criança fique hidratada.
3. Iniciar prontamente a TRO conforme Plano B.
4. Calcular volume da solução de TRO a ser administrada e iniciar prontamente.
5. Preparar solução de TRO explicando para a mãe como preparar em casa.
6. Oferecer a solução de TRO, a cada 15 minutos, em pequenos volumes.
7. Se possível, solicitar avaliação médica.
8. Estimular o aleitamento materno e orientar para não ofertar alimentos durante as primeiras 
horas de terapia de reidratação.
9. Monitorar perda rápida de peso considerando o peso anterior documentado na Caderneta de 
Saúde da Criança ou informado pela família.
10. Controlar diurese através de peso de fralda ou saco coletor.
11. Monitorar constantemente o estado de hidratação, avaliando estado geral, enchimento capilar, 
turgor cutâneo, presença de lágrimas e de saliva, peso, diurese, temperatura corporal, pulso.
12. Classificar o estado de hidratação periodicamente e ao fim de 4 horas de TRO.
13. Acionar serviço móvel de urgência e referir para atendimento especializado caso a criança 
apresente sinais de desidratação grave. 
Nutrição 
desequilibrada: menor 
que as necessidades 
corporais
1. Alimentar a criança ao término das 4 horas em TRO ou quando a classificação for criança sem 
desidratação.
2. Conversar com a família sobre a importância de manter a alimentação durante todo o período 
em que a criança apresentar diarreia.
3. Reforçar a orientação de que o soro de reidratação oral não substitui a alimentação.
4. Manter a alimentação habitual. Não diluir as refeições, oferendo somente caldos e sopas.
5. Orientar sobre aumentar o número e frequência das refeições diárias durante todo o período de 
diarreia e manter por mais duas semanas após o término do quadro diarreico. 
Hipertermia
1. Monitorar temperatura corporal.
2. Orientar a família que a febre é um sinal de desidratação e tende a ceder conforme a criança 
recebe a TRO.
3. Ofertar a solução de TRO conforme Plano B.
4. Aplicar compressa fria ou banho térmico. 
Integridade da pele 
prejudicada
1. Trocar a fralda logo que apresente urina ou fezes.
2. Limpar a região delicadamente com água e sabão neutro.
3. Remover resíduo de pomadacom óleo mineral, evitando esfregar vigorosamente.
4. Evitar uso de lenços umedecidos comerciais.
5. Manter sem fralda, sempre que possível, para expor a pele ao ar.
6. Aplicar pomada à base de óxido de zinco. 
Risco de tensão do 
papel de cuidador
1. Responder atentamente às preocupações e dúvidas dos familiares.
2. Orientar sobre os sinais de gravidade que devem ser observados em casa, reforçando a 
necessidade do pronto retorno ao serviço de saúde.
3. Orientar sobre retorno em 5 dias para reavaliação.
4. Conversar com a família sobre como manter a criança hidratada em casa.
5. Estimular a ingestão de líquidos, evitando refrigerantes.
6. Esclarecer que o uso de medicamentos antidiarreicos é contraindicado, pois podem agravar o 
quadro infeccioso.
7. Fornecer orientações por escrito sobre o plano de tratamento domiciliar. 
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 Resumo
Aprendemos que o crescimento e desenvolvimento infantil precisam 
ser constantemente monitorados e promovidos por profissionais de saúde 
nos primeiros 5 anos de vida. Vimos as técnicas usadas para determinar as 
principais medidas antropométricas, como interpretar os valores obtidos na 
pesagem da criança e as principais condutas propostas pelo Ministério da 
Saúde para promoção do crescimento. Também conhecemos o instrumento 
para a vigilância do desenvolvimento infantil presente na Caderneta de 
Saúde da Criança, que permite detectar problemas e intervir precocemente.
A SAE foi acentuada em um estudo de caso que possibilitou identificar 
os principais diagnósticos de enfermagem e intervenções para Maria 
Flor, uma lactente acolhida por demanda espontânea na Atenção Básica, 
cuja queixa principal do cuidador era dermatite de fralda. A consulta de 
enfermagem se transformou em oportunidade para monitorar e promover 
o crescimento e desenvolvimento da criança.
Os principais diagnósticos de enfermagem relacionados ao processo de 
crescimento e desenvolvimento foram: risco de crescimento desproporcional, 
nutrição desequilibrada, menor que as necessidades corporais e risco de 
desenvolvimento atrasado.
No planejamento da assistência de enfermagem, foram utilizados o 
sistema de NIC e o NOC.
Sequencialmente, foram apresentados os conceitos que fundamentam 
a atenção a doenças diarreicas na infância. Aprendemos sobre as principais 
complicações associadas e conhecemos as recomendações do Ministério da 
Saúde, especialmente as estratégias de atendimento e condutas para assistir 
a criança com diarreia aguda e desidratação na Atenção Básica. Os planos 
A, B e C para atendimento da criança com diarreia foram destacados e 
discutidos. Entre as condutas estabelecidas, destaca‑se a TRO como estratégia 
para prevenir e tratar desidratação em situações em que a criança apresenta 
diarreia sem desidratação ou ainda com desidratação que não é grave. Na 
desidratação grave, a via intravenosa é recomendada para reidratação.
O planejamento da assistência de enfermagem foi elaborado utilizando 
um estudo de caso que possibilitou reconhecer os principais diagnósticos 
de enfermagem relacionados a doenças diarreicas: volume de líquidos 
deficiente, risco de desequilíbrio eletrolítico e nutrição desequilibrada, 
menor que as necessidades corporais.
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
As ações prescritas pelo enfermeiro com o objetivo de atingir os 
resultados esperados estão pautadas nas condutas estabelecidas pelo 
Plano B para atendimento da criança com diarreia.
 Exercícios
Questão 1. (Ines 2013) Sobre as condições do crescimento da criança, assinale a alternativa correta.
A) Entre P 10 e P 3. Satisfatório. Parabenizar a mãe sobre o crescimento satisfatório da criança.
B) Entre P 97 e P 10. Insatisfatório. Classificar como risco nutricional. Orientar a mãe sobre alimentação 
especial visando ao ganho de peso. 
C) > P 97. Alerta: risco de sobrepeso e obesidade. Verificar a existência de erros alimentares, orientar 
a mãe para uma alimentação mais adequada de acordo com as normas para alimentação da 
criança sadia.
D) > P 97. Peso baixo. Tratar como peso muito baixo ou encaminhar para serviço de maior 
complexidade de cada localidade ou serviços de referência.
E) Entre P 3 e P 0,1. Satisfatório. Parabenizar a mãe sobre o crescimento satisfatório da criança.
Resposta correta: alternativa C. 
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: entre P 10 e P 3, curva de crescimento horizontal ou descendente, insatisfatório. 
Investigar possíveis causas com atenção especial para o desmame, alimentação, intercorrências 
infecciosas, cuidados com a criança, afeto, higiene e informar a mãe. Orientar a mãe sobre alimentação 
especial visando ao ganho de peso. Encaminhar para o serviço social, se disponível (BRASIL, 2002b).
B) Alternativa incorreta. 
Justificativa: entre P 97 e P 10, curva de crescimento ascendente. Condição de crescimento 
satisfatório. Parabenizar a mãe sobre o crescimento satisfatório da criança (BRASIL, 2002b). 
C) Alternativa correta. 
Justificativa: acima da P 97 Curva de peso ascendente. Alerta: risco de sobrepeso e obesidade. Verificar 
a existência de erros alimentares, orientar a mãe para uma alimentação mais adequada de acordo com 
as normas para alimentação da criança sadia, excetuando‑se bebês em aleitamento materno exclusivo 
(BRASIL, 2002b). 
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Unidade III
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: > P 97. Sobrepeso e obesidade. Verificar a existência de erros alimentares, orientar a 
mãe para uma alimentação mais adequada de acordo com as normas para alimentação da criança sadia 
(BRASIL, 2002b). 
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: entre P 3 e P 0,1. Peso Baixo. Encaminhar a criança para medir altura, se peso/altura 
for < P 3, tratar como peso muito baixo ou encaminhar para serviço de maior complexidade de cada 
localidade ou serviços de referência. Encaminhar para o serviço social, se disponível (BRASIL, 2002b).
Questão 2. (Fadesp 2010, adaptada) Uma criança de três anos chegou à unidade de saúde com 
diarreia há 14 dias, segundo informações da mãe. O enfermeiro, após avaliação criteriosa, identificou 
que a criança apresentava sinais de desidratação, a qual não era grave, e em seguida classificou a 
diarreia como diarreia persistente grave. Diante dessa constatação, e como a criança não tinha outra 
classificação grave, o profissional tomou a seguinte conduta quanto ao tratamento da diarreia: 
A) Referiu a criança ao hospital imediatamente, sem tratar a desidratação.
B) Orientou a mãe sobre a alimentação da criança e recomendou ir para casa.
C) Recomendou antibiótico para Shigella durante cinco dias e encaminhou ao hospital.
D) Tratou a desidratação antes de referi‑la ao hospital.
E) Orientou a mãe sobre o hábito de tomar água. 
Resolução desta questão na plataforma.

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