eu voce nos bota nela 017

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AO JUIZO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP
Distribuição por dependência
Processo nº: XXX
MARILENE, nacionalidade, estado civil, profissão, RG e CPF, e-mail e telefone, residência e domicilio, vem, por meio de seu patrono infra-assinado, propor:
EMBARGOS A EXECUÇÃO
Em face de BRENO, nacionalidade, estado civil, profissão, RG e CPF, e-mail e telefone, residência e domicilio, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I – DA JUSTIÇA GRATUITA
Conforme demonstrados nos documentos anexos, a embargante não possui condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízos ao seu sustento, demonstrando ainda que possui mãe adoentada que carece de gastos. Dessa forma, requer-se a gratuidade da justiça na forma do art. 5 LXXIV da CF.
II – DOS FATOS
Marilene, assustada, há duas semanas, recebeu a visita de um Oficial de Justiça, que entregou a ela um Mandado de Citação e Intimação. O Mandado refere-se à ação de execução de título extrajudicial ajuizada por Breno, distribuída para a 1ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, em que é pretendida a satisfação de crédito de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), consubstanciado em instrumento particular de confissão de dívida, subscrito por Marilene e duas testemunhas, e vencido há mais de um mês. Breno indicou à penhora valores que Marilene tem em três contas bancárias, um carro e o imóvel em que reside com sua família. Alegou ainda que a executada estaria buscando desfazer-se dos bens, razão pela qual o juízo deferiu de plano a indisponibilidade dos ativos financeiros de Marilene pelo sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional. 
Marilene, relata que manteve relacionamento com Breno, durante o qual ele insistiu que ela assinasse alguns papéis, informando se tratar de documentos necessários para que ele pudesse receber um benefício previdenciário acumulado. Ela, sem muito estudo, assinou, acreditando estar apenas declarando que ele, Breno, ainda não tinha recebido R$ 15.000,00 (quinze mil reais),aos quais alegava fazer jus frente ao INSS. Informa, inclusive, que uma das pessoas que assinou como testemunha é uma vizinha sua, que sabe que ele a induziu a acreditar que estava assinando apenas uma declaração para que ele obtivesse o benefício. 
Esclarece que, quando o relacionamento acabou, Breno se tornou agressivo e afirmou que tomaria dela as economias que sabia ter em uma poupança, mas, na época, ela achou que era uma ameaça vazia de um homem ressentido. 
Ela está especialmente preocupada em resguardar sua moradia e os valores que tem em uma de suas contas bancárias, que é uma poupança, que se tornou fundamental para a subsistência da família, já que sua mãe está se submetendo a um tratamento médico que pode vir a demandar a utilização dessas economias.
III – DA TEMPESTIVIDADE
A presente petição se mostra tempestiva, vez que foi protocolada no prazo de 15 dias, conforme o art. 915 do CPC, devendo ser contado da data da juntada do mandado de citação, por força do art. 231 do CPC.
IV – DO DIREITO
O artigo 917, VI do CPC determina que nos embargos a execução podem ser alegadas matérias de defesa de processo de conhecimento. Desta forma, é necessário salientar a ocorrência do vício de consentimento, praticado por dolo. Assim determina o Código Civil:
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Tal dolo está consubstanciado no ato ardil do embargado, que enganou a embargante a proceder a assinatura do instrumento de confissão de dívida, motivado apenas por motivos passionais.
O CPC/15 reconhece em seu artigo 833 os casos de impenhorabilidade, figurando em seu rol a conta poupança com o total de até 40 salários mínimos. A conta bancária apontada pelo embargado possui a quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), valor inferior ao estipulado por lei, não sendo cabível a penhora.
É igualmente impenhorável o bem de família, sendo no caso, o imóvel indicado. Assim determina a Lei nº 8.009/90:
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei
Desta forma, caso não seja dado o total provimento dos pedidos dos presentes embargos, requer que seja aceito apenas a indicação do automóvel para fins de penhora, visto o caráter impenhorável dos outros bens.
Destarte, pugna ainda pela concessão do efeito suspensivo, vez que demonstrado os requisitos essenciais do Art. 919 parágrafo 1º CPC, sendo garantida a penhora com o automóvel, demonstrando boa-fé da embargante. Igualmente, se verifica o fumus boni iuris e periculum in mora, evidenciados na possibilidade do direito, bem como na difícil reversão dos efeitos, haja visto a situação hipossuficiente em que se encontra a autora.
Portanto, pelo demonstrado, requer a extinção do processo executivo. Ainda há jurisprudência:
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - EMBARGOS À EXECUÇÃO - PRESSUPOSTO PROCESSUAL DA EXECUÇÃO - ORDEM PÚBLICA - FALTA DO TÍTULO EXECUTIVO ORIGINAL - INTIMAÇÃO PARA SANAR O VÍCIO - EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. A apresentação do título exequendo original constitui matéria de ordem pública nas ações de execução por título extrajudicial, por estar relacionado ao pressuposto peculiar do processo executivo. A extinção da ação executiva é indevida, mesmo que opostos os embargos do devedor, quando não oportunizado ao exequente a possibilidade de sanar o vício de apresentação do título executivo na via original.(TJ-MG - ED: 10694160057451003 MG, Relator: José Flávio de Almeida, Data de Julgamento: 11/03/2020, Data de Publicação: 18/03/2020)
Conforme a jurisprudência, a execução é indevida quando o título contem vicio, devendo o exequente buscar saná-lo. No caso, observa que a irregularidade fora criada pelo próprio exequente, por dolo. Assim, faz jus a extinção da execução.
V – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) A anulação do titulo executivo, reconhecendo o vício de consentimento;
b) A atribuição do efeito suspensivo a execução;
c) A extinção do processo executivo por vício no título;
d) O deferimento do pedido de gratuidade de justiça;
e) A condenação do embargado as despesas processuais, bem como aos honorários advocatícios.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova testemunhal.
Dá-se a causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
Ante o exposto,
Pede deferimento
Local, data
Advogado, OAB/UF