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1 ATIVOS INTANGÍVEIS (IAS 38 - CPC 04 (R1)) Prof. Bruno Salotti Objetivos de aprendizagem 1. Identificar o objetivo e o escopo da IAS 38 e do CPC 04 (R1) 2. Compreender a definição de ativo intangível 3. Identificar os critérios de reconhecimento e mensuração de um ativo intangível 4. Reconhecer o tratamento contábil para os ativos intangíveis gerados internamente Os termos a seguir foram extraídos na íntegra do Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1) e serão utilizadas nesse material com os seguintes significados: Amortização é a alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo da sua vida útil. Ativo é um recurso: (a) controlado pela entidade como resultado de eventos passados; e (b) do qual se espera que resultem benefícios econômicos futuros para a entidade. Valor contábil é o valor pelo qual um ativo é reconhecido no balanço patrimonial após a dedução da amortização acumulada e da perda por desvalorização. Custo é o montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo de qualquer outra contraprestação dada para adquirir um DEFINIÇÕES ativo na data da sua aquisição ou construção, ou ainda, se for o caso, o valor atribuído ao ativo quando inicialmente reconhecido de acordo com as disposições específicas de outro Pronunciamento, por exemplo, o Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações. Valor amortizável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo menos o seu valor residual. Desenvolvimento é a aplicação dos resultados da pesquisa ou de outros conhecimentos em um plano ou projeto visando à produção de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou substancialmente aprimorados, antes do início da sua produção comercial ou do seu uso. Valor específico para a entidade é o valor presente dos fluxos de caixa que uma entidade espera (i) obter com o uso contínuo de um ativo e com a alienação ao final da sua vida útil ou (ii) incorrer para a liquidação de um passivo. Valor justo de um ativo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração (ver CPC 46 – Mensuração do Valor Justo). Perda por desvalorização é o valor pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável (Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos). Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física. Ativo monetário é aquele representado por dinheiro ou por direitos a serem recebidos em uma quantia fixa ou determinável de dinheiro. Pesquisa é a investigação original e planejada realizada com a expectativa de adquirir novo conhecimento e entendimento científico ou técnico. Valor residual de um ativo intangível é o valor estimado que uma entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil. Vida útil é: (a) o período de tempo no qual a entidade espera utilizar um ativo; ou (b) o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo. Sobre o ativo intangível As entidades frequentemente despendem recursos ou contraem obrigações com a aquisição, o desenvolvimento, a manutenção ou o aprimoramento de recursos intangíveis como conhecimento científico ou técnico, projeto e implantação de novos processos ou sistemas, licenças, propriedade intelectual, conhecimento mercadológico, nome, reputação, imagem e marcas registradas (incluindo nomes comerciais e títulos de publicações). Exemplos de itens que se enquadram nessas categorias amplas são: softwares, patentes, direitos autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, listas de clientes, direitos sobre hipotecas, licenças de pesca, quotas de importação, franquias, relacionamentos com clientes ou fornecedores, fidelidade de clientes, participação no mercado e direitos de comercialização. Nem todos os itens descritos acima se enquadram na definição de ativo intangível, ou seja, são identificáveis, controlados e geradores de benefícios econômicos futuros. Caso um item abrangido pelo presente Pronunciamento não atenda à definição de ativo intangível, o gasto incorrido na sua aquisição ou geração interna deve ser reconhecido como despesa quando incorrido. No entanto, se o item for adquirido em uma combinação de negócios, passa a fazer parte do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) reconhecido na data da aquisição. Identificação A definição de ativo intangível requer que ele seja identificável, para diferenciá-lo do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill). O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) reconhecido em uma combinação de negócios é um ativo que representa benefícios econômicos futuros gerados por outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios, que não são identificados individualmente e reconhecidos separadamente. Tais benefícios econômicos futuros podem advir da sinergia entre os ativos identificáveis adquiridos ou de ativos que, individualmente, não se qualificam para reconhecimento em separado nas demonstrações contábeis. Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de um ativo intangível, quando: (a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato, ativo ou passivo relacionado, independentemente da intenção de uso pela entidade; ou (b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações. Controle A entidade controla um ativo quando detém o poder de obter benefícios econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Normalmente, a capacidade da entidade de controlar os benefícios econômicos futuros de ativo intangível advém de direitos legais que possam ser exercidos num tribunal. A ausência de direitos legais dificulta a comprovação do controle. No entanto, a imposição legal de um direito não é uma condição imprescindível para o controle, visto que a entidade pode controlar benefícios econômicos futuros de outra forma. O conhecimento de mercado e o técnico podem gerar benefícios econômicos futuros. A entidade controla esses benefícios se, por exemplo, o conhecimento for protegido por direitos legais, tais como direitos autorais, uma limitação de um acordo comercial (se permitida) ou o dever legal dos empregados de manterem a confidencialidade. A entidade pode dispor de equipe de pessoal especializado e ser capaz de identificar habilidades adicionais que gerarão benefícios econômicos futuros a partir do treinamento. A entidade pode também esperar que esse pessoal continue a disponibilizar as suas habilidades. Entretanto, o controle da entidade sobre os eventuais benefícios econômicos futuros gerados pelo pessoal especializado e pelo treinamento é insuficiente para que esses itens se enquadrem na definição de ativo intangível. Por razão semelhante, raramente um talento gerencial ou técnico específico atende à definição de ativo intangível, a não ser que esteja protegido por direitos legais sobre a sua utilização e obtenção dos benefícios econômicos futuros, além de se enquadrar nos outros aspectos da definição. A entidade pode ter uma carteira de clientes ou participação de mercado e esperar que, em virtude dos seus esforços para criar relacionamentos e fidelizar clientes, estes continuarão a negociar com a entidade. No entanto, a ausência de direitos legais de proteção ou de outro tipo de controle sobre as relações com os clientes ou a sua fidelidade faz com que a entidadenormalmente não tenha controle suficiente sobre os benefícios econômicos previstos, gerados do relacionamento com os clientes e de sua fidelidade, para considerar que tais itens (por exemplo, carteira de clientes, participação de mercado, relacionamento e fidelidade dos clientes) se enquadrem na definição de ativo intangível. Entretanto, na ausência de direitos legais de proteção do relacionamento com clientes, a capacidade de realizar operações com esses clientes ou similares por meio de relações não contratuais (que não sejam as advindas de uma combinação de negócios) fornece evidências de que a entidade é, mesmo assim, capaz de controlar os eventuais benefícios econômicos futuros gerados pelas relações com clientes. Uma vez que tais operações também fornecem evidências que esse relacionamento com clientes é separável, ele pode ser definido como ativo intangível. Benefício econômico futuro Os benefícios econômicos futuros gerados por ativo intangível podem incluir a receita da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. Por exemplo, o uso da propriedade intelectual em um processo de produção pode reduzir os custos de produção futuros em vez de aumentar as receitas futuras. 1. Introdução 2. Ativos Intangíveis 2.1 Identificação 2.2 Controle 2.3 Benefícios econômicos futuros 3. Reconhecimento e mensuração 3.1 Aquisição separada 3.2 Aquisição como parte de uma combinação de negócios 3.2.1 Mensuração do valor justo de um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios 3.2.2 Gasto subsequente com um projeto de pesquisa e desenvolvimento em andamento adquirido 3.3 Aquisição por meio de uma subvenção governamental 3.4 Trocas de ativos 3.5 Goodwill gerado internamente 3.6 Ativos intangíveis gerados internamente 3.6.1 Fase de pesquisa 3.6.2 Fase de desenvolvimento 3.6.3 Custo de um ativo intangível gerado internamente 4. Reconhecimento de uma despesa SUMÁRIO 5. Mensuração após o reconhecimento 5.1 Método de custo 5.2 Método de reavaliação 6. Vida útil 7. Ativos intangíveis com vidas úteis definidas 7.1 Período de amortização e método de amortização 7.2 Valor residual 7.3 Revisão do período de amortização e método de amortização 8. Ativos intangíveis com vidas úteis indefinidas 8.1 Revisão da avaliação de vida útil 9. Baixas e alienações 10. Divulgação 10.1 Ativos intangíveis mensurados após o reconhecimento utilizando o método de reavaliação 10.2 Gastos com pesquisa e desenvolvimento 7 1. INTRODUÇÃO Em conformidade com o objetivo de elaboração de demonstrações contábeis que sejam úteis na tomada de decisões, tema abordado pelo CPC 00 – Estrutura Conceitual pra relatório financeiro, o CPC 04 – Ativos Intangíveis apresenta o tratamento contábil a ser adotado para a classificação de ativos intangíveis. São apresentadas diretrizes para a identificação, a mensuração, o reconhecimento e a contabilização dos intangíveis gerados internamente, dos adquiridos separadamente e dos adquiridos em combinações de negócios. Softwares, patentes, e copyrights são exemplos dessa classe especial de ativos. 8 2. ATIVOS INTANGÍVEIS Veja aqui um exemplo de contabilização de ativos intangíveis Um ativo intangível pode ser definido como um ativo não monetário identificável e sem substância física. De acordo com o CPC 00, “ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados e recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos” (CPC 00, p.19). Podemos destacar, então, três pontos dessas definições como critérios essenciais para o reconhecimento de um ativo intangível: identificação, controle e geração de benefícios econômicos futuros. As entidades frequentemente incorrem em gastos na aquisição, desenvolvimento, manutenção ou melhora de recursos intangíveis tais como softwares de computador, patentes, direitos autorais, entre outros. No entanto, para serem reconhecidos como ativos intangíveis os itens devem atender aos critérios de identificação, controle e geração de benefícios econômicos futuros; caso contrário, serão lançados como despesas. 2.1 Identificação Um ativo é identificável quando: a) for separável, capaz de ser dividido da entidade, e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja individualmente ou em conjunto com um respectivo contato, ativo identificável ou passivo; ou b) resultar de direitos contratuais ou legais, independentemente de esses direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/Materiais/COS-RF/balanco_anual_2018.pdf 9 2.2 Controle O controle de um ativo é dado pelo poder de obter benefícios futuros que fluam do recurso subjacente e de restringir o acesso de terceiros a estes. Geralmente, o controle advém de direitos legais, contudo, essa situação não é condição para a existência do controle. 2.3 Benefícios econômicos futuros Os benefícios econômicos futuros de um ativo intangível podem incluir receita proveniente da venda de produtos ou serviços, economias de custos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. Para fins de controle, o que vale é a essência da transação e não necessariamente a forma. Em outras palavras, independe o fato de a empresa possuir o titulo legal do ativo. AULA VIRTUAL 1 https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/xid-254563_1 10 3. MENSURAÇÃO NO RECONHECIMENTO Um ativo que atender à definição de intangível será reconhecido se (e apenas se): a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados que são atribuíveis ao ativo fluirão para a entidade; b) o custo do ativo puder ser mensurado de forma confiável. 3.1 Aquisição separada Normalmente, o preço pago para se adquirir um ativo intangível refletirá as expectativas sobre a probabilidade de que benefícios econômicos futuros incorporados no ativo fluirão para a entidade. Os ativos intangíveis adquiridos separadamente, geralmente, têm um custo que pode ser mensurado de forma confiável. Esse custo compreende o preço de compra, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos e qualquer custo diretamente atribuível da preparação do ativo para seu uso pretendido. O reconhecimento dos custos no valor contábil de ativo intangível cessa quando esse ativo está nas condições operacionais pretendidas pela administração. Custos indiretos, outros custos administrativos, custos de transferência das atividades para novo local ou para nova categoria de clientes, incluindo custos de treinamento e custos incorridos na introdução de novo produto ou serviço, incluindo propaganda e atividades promocionais, são exemplos de gastos que não fazem parte do custo de ativo intangível. 3.2 Aquisição como parte de uma combinação de negócios Conforme a IFRS 3, quando um ativo intangível for adquirido em uma combinação de negócios, ele deve ser reconhecido pelo seu valor justo na data de aquisição. Assim, um adquirente reconhece nesta data, separadamente do goodwill, um ativo intangível da entidade A entidade deve avaliar a probabilidade de geração dos benefícios econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis, que representem a melhor estimativa da administração em relação ao conjunto de condições econômicas que existirão durante a vida útil do ativo. (ERNST & YOUNG; FIPECAFI, 2010, p. 371). 11 adquirida, mesmo que esse ativo não tenha sido reconhecido pela adquirida como um ativo intangível antes da data da aquisição. 3.2.1 Mensuração do valor justo de um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios Se um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios for separável ou resultar de direitos contratuais ou outros direitoslegais, existem informações suficientes para mensurar de forma confiável o valor justo do ativo. Da mesma forma, presume-se que um o valor justo de um ativo adquirido em uma combinação de negócios pode ser estimado com segurança quando este tiver vida útil definida. Na hipótese de um ativo adquirido em uma combinação de negócios puder ser separável apenas em conjunto com um contrato a ele relacionado, ativo ou passivo identificado, a adquirente deve reconhecer o ativo intangível separadamente do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill), mas em conjunto com o item relacionado. É possível realizar o reconhecimento de um grupo de ativos intangíveis complementares como um único ativo desde que os ativos individuais no grupo tenham vida útil semelhante. É muito importante perceber que, no caso do goodwill originado numa combinação de negócios, ele pertence à empresa adquirida. Há um pagamento por conta dele pelo adquirente, mas não se trata, de forma alguma, de algum crédito, bem, direito ou outra forma de ativo do próprio adquirente. Ele paga pela capacidade de a adquirida proporcionar lucros acima do normal, acima do que seria a remuneração normal do seu capital total (próprio e de terceiros). Por isso, esse goodwill só é registrado no Ativo Intangível no balanço consolidado. Nos balanços individuais dos investidores, ele aparece simplesmente como um componente do investimento societário, no grupo específico de Investimentos dentro do ativo não circulante. (FIPECAFI, 2018, p. 278). AULA VIRTUAL 2 https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/xid-254564_1 12 3.2.2 Gasto subsequente com um projeto de pesquisa e desenvolvimento em andamento adquirido Os gastos com pesquisa e desenvolvimento que puderem ser reconhecidos como ativos intangíveis, e que estiverem relacionados a um projeto em andamento adquirido separadamente ou em uma combinação de negócios devem ser: a) reconhecidos como uma despesa, se for um gasto com pesquisa. b) reconhecidos como uma despesa, se for um gasto com desenvolvimento que não cumpra os critérios para reconhecimento como um ativo intangível. c) adicionado ao valor contábil do projeto de pesquisa e desenvolvimento adquirido se for um gasto com desenvolvimento que atenda aos critérios para reconhecimento como um ativo intangível. 3.3 Aquisição por meio de uma subvenção governamental Um ativo pode ser adquirido gratuitamente ou por contrapartida nominal por meio de uma subvenção governamental. Direitos de aterrissagem e licenças para operar aeroportos são exemplos destes. 3.4 Trocas de ativos Os ativos intangíveis podem ser adquiridos em troca de ativos ou ativos não monetários. Os custos desses ativos intangíveis são mensurados pelo valor justo, exceto se a transação de troca não tiver substância comercial, ou o valor justo do ativo recebido e do ativo trocado não forem mensuráveis de forma confiável. Se o ativo adquirido não for mensurável ao valor justo, seu custo deve ser determinado pelo valor contábil do ativo cedido. Uma entidade determina se uma transação de troca possui substância comercial, considerando até que ponto se espera que seus fluxos de caixa futuros mudem com essa troca e se: a) a configuração (ou seja, risco, época e valor) dos fluxos de caixa do ativo recebido for diferente dos fluxos de caixa do ativo transferido; b) o valor específico da entidade da parte das operações da entidade afetada pela transação mudar, como resultado desta operação; c) as diferenças anteriores forem significativas ao valor justo dos ativos trocados. 13 3.5 Goodwill gerado internamente Este goodwill não deve ser reconhecido como ativo, pois ele não é um recurso identificável e não pode ser mensurado confiavelmente pelo custo. 3.6 Ativos intangíveis gerados internamente Para avaliar se um ativo intangível gerado internamente atende aos critérios para reconhecimento, uma entidade classifica a geração do ativo em uma fase de pesquisa e uma de desenvolvimento. 3.6.1 Fase de pesquisa Nenhum ativo intangível resultante da fase de pesquisa deve ser reconhecido e os gastos com pesquisa serão contabilizados como despesas quando incorridos, pois, nesta fase, não há como demonstrar que existe um ativo intangível que gerará prováveis benefícios econômicos futuros. 3.6.2 Fase de desenvolvimento Um ativo intangível resultante do desenvolvimento será reconhecido se os seguintes itens forem demonstrados: a) viabilidade técnica de conclusão do ativo intangível, de modo que sua venda/uso torne-se disponível. b) sua intenção de concluir este ativo; c) sua capacidade de utilizar e vender este ativo; d) a forma como o ativo intangível deverá gerar benefícios econômicos futuros; e) a disponibilidade de recursos técnicos e financeiros para conclusão do desenvolvimento do ativo intangível; f) sua capacidade de mensurar de modo confiável o gasto atribuível ao ativo intangível durante seu desenvolvimento. A IAS 38 define desenvolvimento como a aplicação de resultados de pesquisas ou outros conhecimentos a um plano ou projeto para a produção de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas, ou serviços novos ou significativamente melhorados antes do início de sua produção ou uso comercial. A IAS 38 define pesquisa como a investigação original e planejada empreendida com o intuito de obter novo conhecimento e entendimento científico e técnico. Teste seu conhecimento Quiz 1: Clique aqui para realizar a atividade proposta no ambiente de aprendizagem. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR https://fipecafi.blackboard.com/webapps/blackboard/content/listContentEditable.jsp?content_id=_21155_1&course_id=_1164_1 14 É importante frisar que, caso os gastos com desenvolvimento atendam aos seis critérios descritos anteriormente, o ativo intangível deve ser reconhecido como tal, ou seja, a entidade não poderia escolher entre lançar o gasto em despesa ou ativar, pois ela deverá ativar, caso atenda aos critérios. Marcas geradas internamente, cabeçalhos, títulos, listas de clientes e itens deste tipo não serão reconhecidos como ativos intangíveis. 3.6.3 Custo de um ativo intangível gerado internamente O custo de um ativo intangível gerado internamente compreende todos os custos diretamente atribuíveis necessários para criar, produzir e preparar o ativo para ser capaz de operar na forma pretendida pela entidade. AULA VIRTUAL 3 Teste seu conhecimento Estudo de caso: Clique aqui para realizar a atividade proposta no ambiente de aprendizagem. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/xid-254565_1 https://fipecafi.blackboard.com/webapps/blackboard/content/listContentEditable.jsp?content_id=_21160_1&course_id=_1164_1 15 4. RECONHECIMENTO DE UMA DESPESA O gasto será reconhecido como despesa quando incorrido, exceto: a) se fizer parte do custo de um ativo intangível que atenda aos critérios de reconhecimento; b) se o item for adquirido em uma combinação de negócios e não puder ser reconhecido como um ativo intangível. Caso a entidade reconheça determinado gasto inicialmente como despesa, ela não deve reconhecer como parte do custo de ativo intangível em data subsequente. 16 5. MENSURAÇÃO APÓS O RECONHECIMENTO Primeiramente, a entidade deve escolher entre o método de custo ou o método de reavaliação. 5.1 Método de custo No caso de método de custo, após o reconhecimento inicial, um ativo intangível será reconhecido pelo custo menos qualquer amortização acumulada e quaisquer perdas acumuladas por redução ao valor recuperável. 5.2 Método de reavaliação Neste caso, após o reconhecimento inicial, um ativo intangível pode ser apresentado pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor justo, determinado em um mercado ativo, na data da reavaliação. O valor contábil do ativo intangível reavaliado deve ser ajustado de uma das seguintes formas: (a) o valor contábil bruto deve ser ajustado de forma que seja consistente com a reavaliaçãodo valor contábil do ativo. Por exemplo, o valor contábil bruto pode ser ajustado em função dos dados de mercado observáveis, ou pode ser ajustado proporcionalmente à variação no valor contábil. A amortização acumulada à data da reavaliação deve ser ajustada para igualar a diferença entre o valor contábil bruto e o valor contábil do ativo após considerar as perdas por desvalorização acumuladas; ou (b) a amortização acumulada deve ser eliminada contra o valor contábil bruto do ativo. Se um ativo intangível for contabilizado utilizando método de reavaliação, todos os outros ativos em sua classe também serão contabilizados utilizando o mesmo método, exceto se não houver nenhum mercado ativo para esses ativos. Nesse caso, o ativo será contabilizado pelo método de custo. Se o valor contábil de um ativo intangível for aumentado como resultado de uma reavaliação, o aumento será reconhecido em outros resultados É importante ressaltar que a reavaliação de ativos não é permitida no Brasil em razão das alterações trazidas pela Lei 11.638/07. Nesse sentido, apesar de permitido pela IAS 38, o método de reavaliação fica vedado no cenário nacional enquanto a referida Lei não for alterada. 17 abrangentes e acumulado no patrimônio líquido sob a rubrica reserva de reavaliação. Se o valor contábil de um ativo intangível for reduzido como resultado de uma reavaliação, a redução será reconhecida no resultado do exercício, exceto se houver um saldo positivo na reserva de reavaliação em relação a esse ativo. 18 6. VIDA ÚTIL Uma entidade avaliará se a vida útil de um ativo intangível é definida ou indefinida, e sua duração, ou número de unidades de produção ou unidades similares que constituem essa vida útil. Um ativo intangível será considerado como tendo vida útil indefinida quando não houver nenhum limite previsível em relação ao período durante o qual se espera que o ativo gere fluxos de caixa. Além disso, o ativo intangível com vida útil definida é amortizado, porém, o ativo intangível com vida útil indefinida não, estando sujeito apenas ao teste de recuperabilidade anualmente ou sempre que houver indícios que o ativo intangível pode ter perdido valor. 19 7. ATIVOS INTANGÍVEIS COM VIDAS ÚTEIS DEFINIDAS 7.1 Período de amortização e método de amortização O valor depreciável de um ativo intangível com vida útil definida será alocado em uma base sistemática ao longo de sua vida útil. A amortização será iniciada quando o ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando ele estiver no local e na condição necessária para que seja capaz de operar da forma pretendida pela administração e deve cessar na data em que o ativo é baixado ou classificado como mantido para venda, o que ocorrer primeiro. Já o método de amortização utilizado refletirá o padrão em que se espera que os benefícios econômicos futuros do ativo sejam consumidos pela entidade. Se esse padrão não puder ser determinado de forma confiável, o método linear será utilizado. 7.2 Valor residual O valor residual de um ativo intangível com uma vida útil definida será assumido como zero, exceto: a) se houver um compromisso de um terceiro em comprar o ativo no final de sua vida; ou b) houver mercado ativo pra o ativo e: (i) o valor residual puder ser determinado por referência a esse mercado; e (ii) for provável que esse mercado existirá no fim da vida útil do ativo. 7.3 Revisão do período de amortização e método de amortização O período e o método de amortização de um ativo intangível com uma vida útil definida serão revisados pelos menos a cada final de exercício social (se as estimativas mudarem, os períodos também mudam). Se houver uma mudança no padrão esperado de consumo de benefícios econômicos futuros incorporados no ativo, o método de amortização muda para refletir o padrão alterado. Segundo a IAS 38, o valor residual de um ativo intangível é o valor estimado que uma entidade obteria presentemente a partir da alienação de um ativo, após deduzir os custos estimados de alienação, se o ativo já tivesse a idade e na condição esperada no final de sua vida útil. 20 8. ATIVOS INTANGÍVEIS COM VIDAS ÚTEIS INDEFINIDAS Um ativo deste tipo não será amortizado. No entanto, de acordo com a IAS 36, uma entidade está obrigada a testar um ativo intangível com vida útil definida pelo menos anualmente ou quando houver indícios de que ele possa ter perdido valor quanto à redução ao valor recuperável, comparando este último com seu valor contábil. 8.1 Revisão da avaliação de vida útil A vida útil de um ativo intangível que não está sendo amortizado será revisada em cada período para determinar se os eventos e circunstâncias continuam a suportar uma avaliação de vida útil indefinida para este ativo. Caso seja necessária uma mudança na avaliação da vida útil de indefinida para definida, ela será contabilizada como uma mudança na estimativa contábil de acordo com a IAS 8. Segundo o CPC 01 e a IAS 36, o valor recuperável de um ativo é o maior entre o seu valor líquido de venda e o seu valor em uso. AULA VIRTUAL 4 https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/xid-254566_1 21 9. BAIXAS E ALIENAÇÕES Um ativo intangível será baixado: a) na alienação; ou b) quando não forem esperados benefícios econômicos futuros de seu uso ou alienação. O ganho ou a perda de um ativo intangível será determinado como a diferença entre os proventos líquidos da alienação, se houver, e o valor contábil do ativo, e será reconhecido no resultado do exercício. Os ganhos não serão classificados como receitas. 22 10. DIVULGAÇÃO Uma entidade divulgará para cada classe de ativos intangíveis (gerados internamente ou não): a) se as vidas úteis são indefinidas ou definidas e, se definidas, as vidas úteis ou taxas de amortização utilizadas; b) os métodos de amortização utilizados para ativos intangíveis com vidas úteis definidas; c) o valor contábil bruto e qualquer amortização acumulada no início e no final do período; d) as rubricas da demonstração do resultado em que está incluída qualquer amortização de ativos intangíveis; e) uma conciliação do valor no início e no final do período demonstrando: 1. adições, indicando separadamente aquelas provenientes de desenvolvimento interno, aquelas adquiridas separadamente e aquelas adquiridas por meio de combinações de negócios; 2. os ativos classificados como mantidos para venda ou incluídos em grupo de alienação que seja classificado como mantido para venda de acordo com a IFRS 5; 3. aumentos ou reduções durante o período resultante de reavaliações e de perdas por redução ao valor recuperável reconhecidas ou revertidas em outros resultados abrangentes de acordo com a IAS 36; 4. perdas por redução ao valor recuperável reconhecidas no resultado do exercício durante o período de acordo com a IAS 36; 5. perdas revertidas na mesma situação anterior; 6. qualquer amortização reconhecida durante o período; 7. diferenças de câmbio líquidas resultantes da conversão de demonstrações financeiras para a moeda de apresentação e da conversão de uma operação no exterior para a moeda de apresentação da entidade; 8. outras mudanças no valor contábil durante o período. Para um ativo intangível com vida útil indefinida, o valor contábil e os motivos que suportam essa avaliação também devem ser divulgados. 10.1 Ativos intangíveis mensurados após o reconhecimento utilizando o método de reavaliação Caso os ativos intangíveis forem contabilizados pelos valores reavaliados, será divulgado: a) por classe de ativos intangíveis: 1. a data efetiva de reavaliação; 2. o valor contábil dos ativos intangíveis reavaliados; e 23 3. o valor contábil que teria sido reconhecido caso a classe reavaliada de ativos intangíveis tivesse sido mensurada após o reconhecimento utilizando o método de custo. b) o valor do superávit de reavaliação que está relacionado aos ativos intangíveis no início e no final do período, indicando as mudanças durante o períodoe quaisquer restrições sobre a distribuição do saldo aos acionistas. 10.2 Gastos com pesquisa e desenvolvimento Deve ser divulgado o valor total do gasto com pesquisas e desenvolvimento reconhecido como uma despesa durante o período. Veja aqui um exemplo de divulgação de gastos com pesquisa e desenvolvimento CLIQUE AQUI PARA ACESSAR AULA VIRTUAL 5 Teste seu conhecimento Quiz 2: Clique aqui para realizar a atividade proposta no ambiente de aprendizagem. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR Teste seu conhecimento Exercício: Clique aqui para realizar a atividade proposta no ambiente de aprendizagem. CLIQUE AQUI PARA ACESSAR https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/Materiais/COS-RF/BRF_DFs_2019_PORT.pdf https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/xid-254567_1 https://fipecafi.blackboard.com/webapps/blackboard/content/listContentEditable.jsp?content_id=_21156_1&course_id=_1164_1 https://fipecafi.blackboard.com/webapps/blackboard/content/listContentEditable.jsp?content_id=_103994_1&course_id=_4920_1 https://fipecafi.blackboard.com/webapps/blackboard/content/listContentEditable.jsp?content_id=_21157_1&course_id=_1164_1 24 Para reflexão 1. Reflita e expresse sua opinião sobre os motivos que levam as empresas a utilizarem critérios fiscais de amortização. 2. Analise as notas explicativas do Balanço da BRFOODS de 2019 e identifique os ativos de vida útil indefinida e de vida útil definida. No caso dos ativos de vida útil definida, verifique qual o método de amortização utilizado e quais as taxas de amortização. DOWNLOAD DO MATERIAL UTILIZADO NAS AULAS VIRTUAIS ARQUIVO DE IMPRESSÃO https://fipecafi.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/Materiais/COS-RF/BRF_DFs_2019_PORT.pdf http://aulavirtual.fipecafi.com.br/IFRS-Extensao/EIN/MOD2/IAS38_Impressao.pdf 25 REFERÊNCIAS CPC. Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1): Ativo Intangível. Brasí- lia, 5 nov 2010. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documen- tos/187_CPC_04_R1_rev%2014.pdf ERNST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de Normas internacionais de contabilidade: IFRS versus Normas Brasileiras. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. Capítulo 23. FIPECAFI. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as Normas Internacionais e do CPC. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2018. IASB - International Accounting Standards Board. IAS 38 - Intangi- ble Assets. Disponível em: https://www.iasplus.com/en/standards/ias/ ias38. IBRACON. Normas Internacionais de Relatório Financeiro: confor- me emitidas até 1º de janeiro de 2011. Parte A. / Fundação IFRS. São Paulo: IBRACON, 2011. Norma Internacional de Contabilidade IAS 38 - Ativos Intangíveis. http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/187_CPC_04_R1_rev%2014.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/187_CPC_04_R1_rev%2014.pdf https://www.iasplus.com/en/standards/ias/ias38. https://www.iasplus.com/en/standards/ias/ias38. 26 © FIPECAFI - Todos os direitos reservados. A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais, marcas registradas e patentes. 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