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Recursos de Representação Gráfica PAULO EDUARDO BORZANI GONÇALVES 15 2 DESENHO UNIVERSAL Como o próprio nome diz, Desenho Universal é aquele indicado a todas as pessoas e não somente a aquelas que necessitam. Ele destina-se a assegurar que todas as pessoas possam utilizar com autonomia e segurança os espaços e objetos construídos com esse conceito, por isso, não se destinam apenas às pessoas com deficiência e sim a todas. O Desenho Universal é bastante abrangente e é aplicado em diversas frentes, como em produtos consumidos diariamente, nos espaços públicos, nos lares, nos meios de transporte, no meio corporativo e nos meios de comunicação. O mundo não pode ter barreiras que impeçam as pessoas de irem e virem, de terem livre acesso aos locais em que desejam estar. Vivemos em um mundo plural, onde a diversidade é sua marca registrada. Crianças, idosos, gestantes, pessoas com deficiência que possuem restrições maiores ou menores, transitórias ou permanentes, devem ter livre acesso aos espaços públicos ou privados e devem ter a possibilidade de usar todos os objetos que desejam. Com esse ideal, o de servir a todos, nasceu o Desenho Universal. A cada dia o debate acerca do Desenho Universal vem aumentando e é defendido por vários setores 16 da sociedade. Hoje temos uma legislação ampla e consistente que regulamenta as questões relacionadas à acessibilidade. Essa evolução não se deu de forma isolada, ela foi fortalecida graças à participação efetiva e plena de vários profissionais que creem na viabilidade do conceito de Desenho Universal, de militantes dos movimentos de inclusão de pessoas com deficiência que atuam de forma direta e efetiva na causa e por formadores de opinião que, por causas diversas, compram e lutam pela causa. Entretanto, atos do Legislativo ou do Executivo não são suficientes para a incorporação do conceito do Desenho Universal de forma efetiva no cotidiano das pessoas. Infelizmente, para que a lei se cumpra, é fundamental a existência de instrumentos punitivos para aqueles que a desobedecem. Não podemos permitir que esse conceito tão rico e importante para o dia a dia das pessoas seja apenas uma fonte de inspiração em livros, teses, monografias e cartilhas distribuídas pelos defensores do movimento. 17 2.1 Histórico Questionamentos como a concepção de ambientes que não vão ao encontro da necessidade dos usuários ou modelos que tornam igual àquilo que é particular permeiam a concepção do Desenho Universal, que nasceu após a Revolução Industrial, movimento que conferiu massificação dos processos de produção. Foi na Universidade da Carolina do Norte, no campo da arquitetura, que nasceu o conceito do Desenho Industrial. A ideia de usar projetos e produtos por todos, sem necessidades de adaptação, ou projetos especializados para pessoas com deficiência foram a inspiração para o desenvolvimento do conceito de Desenho Industrial. Variáveis como estatura, dimensão, idade, destreza, força, habilidades e outras características pessoais irão definir aquilo que é confortável ou não. Tendo isso em mente, na década de 1960, mais precisamente em 1961, arquitetos e engenheiros vindos do Japão, EUA e alguns países europeus se reuniram na Suécia para reestruturar e recriar o conceito do “homem padrão”, que era o mesmo da Grécia antiga e validado pelos artistas do Renascimento Europeu. Dessa reunião nasceu o conceito de “homem real”, aquele que considera a diversidade dos indivíduos e as respeita, sem ignorar a sua existência. Em 1963, em Washington, nasceu uma comissão cujo objetivo era discutir equipamentos, edifícios e áreas urbanas que fossem adequados a todos, pessoas com e sem deficiência. Essa comissão recebeu o nome de Barrier Free Design. Com o passar do tempo esse conceito foi apropriado pelos Estados Unidos e teve seu nome mudado para Desenho Universal. Sua proposta era a de atender a todas as pessoas em uma perspectiva universal. Segundo a literatura, o nome Universal Design foi usado pela primeira vez por Ronald Mace, arquiteto americano graduado em 1966 pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, cadeirante e usuário de respirador artificial. Mas segue uma informação importante, o termo Desenho Universal não surgiu da cabeça de um único homem. No início de sua carreira, Mace não seguiu o conceito do Desenho Universal até se envolver com o mundo do acessível, daquilo que serve a todos, independentemente de sua idade, condição física ou sensorial. 18 Ron, na década de 1990, mais precisamente em 1997, liderou um time de arquitetos e militantes dos ideais do acessível a todos para determinar os Sete Princípios do Desenho Universal. Estes conceitos são adotados mundialmente para todo e qualquer programa de acessibilidade. A partir desse momento ficou bastante claro que a acessibilidade está intimamente relacionada ao arquétipo do Desenho Universal. Os projetos arquitetônicos, mobiliário urbano, utensílios, meios de transporte etc. devem ser projetados para TODOS e não apenas para pessoas com deficiência. O fortalecimento do movimento de inclusão trouxe à tona a importância do olhar para todas as barreiras que impedem a inclusão em sua totalidade, não somente a arquitetônica. Hoje os designers e arquitetos têm a consciência de atender a todos com direitos igualitários, tendo em mente que o “homem padrão” não existe. Um dos marcadores dessa nova concepção foi a exposição Design for Independent Living, que aconteceu em 1988 no museu de Arte Moderna de Nova Iorque – MoMA. Do ponto de vista corporativo, a primeira empresa a trabalhar com essa nova forma de ver o direito de todos foi a OXO Internacional, que introduziu utensílios de cozinha para pessoas com artrite. 2.2 Espaço inclusivo Usar todas as possibilidades da cidade, tendo a garantia de ir e vir é a acessibilidade universal. Não importa a idade ou as limitações, permanentes ou temporárias, não importa estar grávida ou acima do peso, se é capaz de ver ou ouvir, o direito de transitar e acessar todos os espaços é direito de todos. Por definição, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos (ABNT, 2004/2015). Não obstante, as dificuldades encontradas nas nossas cidades ainda são inúmeras, seja qual for o local em que estejamos. Propor, segundo as diretrizes do Desenho Universal ou do Projeto Universal, é criar elementos e espaços que sirvam a todos, independentes de suas particularidades. Todos têm o direito de usar todos os objetos e acessar qualquer ambiente. 19 O normal é ser diferente, por isso, os produtos manipulados sob a luz do Desenho Universal devem atender a todos em uma larga escala de habilidades relacionadas a cada indivíduo. As restrições existentes e podem ser classificadas segundo: • Restrições sensoriais: a percepção do meio está prejudicada pela não efetividade de um dos cinco sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato; • Restrições cognitivas: são as limitações do sistema cognitivo; • Restrições físico-motoras: todo e qualquer impedimento advindo de dificuldades que dependem da força física, coordenação motora fina ou não, precisão ou mobilidade; • Restrições múltiplas: é a associação de dois ou mais tipos de restrição. Os espaços inclusivos devem ir além da eliminação das barreiras urbanas, eles precisam oferecer a opção de disfrutar de experiências no espaço. A compreensão do ambiente ocorre desde que seja possível circular pelos espaços, mesmo aqueles que estejam além do que é possível ser visualizado. A consciência do espaço vem da vivência do mesmo. Os espaços inclusivos precisam transmitirsegurança àqueles que o acessam, sejam pessoas com deficiência ou não. Sentir segurança, competência e liberdade para locomoção e atingir o objetivo final de suas ações em harmonia com o meio que o cerca é direito de todos. Nossas características de ação sobre o mundo mudam com o passar do tempo. Quando somos crianças nossa altura nos impede de pegar ou manipular uma série de objetos, algumas vezes por segurança e outras porque a criança não foi considerada um possível usuário. Na idade adulta, várias situações nos colocam em situações de difícil movimentação, como quando é necessário nos imobilizarmos por algum acidente, quando mulheres ficam grávidas ou até o simples carregar de pacotes grandes ou pesados mudam a relação do homem com o mundo. Com o avançar da idade não é rara a diminuição da força e resistência. Os sentidos também são afetados, ficando menos aguçados e a memória também sofre um decréscimo. Pela exposição a tantas variáveis ao longo da vida, não é raro que, em algum momento, seja adquirida alguma deficiência, seja ela física, psíquica ou sensorial. 20 2.3 Sete princípios básicos O Desenho Universal tem como premissa servir a todos sem recursos ou projetos adaptados. Eles devem tornar a vida mais fácil e simples, em qualquer idade, estatura, estrutura ou capacidade física. Produtos, equipamentos urbanos, formas de comunicação e/ou informação devem ser viáveis a uma gama cada vez maior de pessoas, independente de terem dificuldades ou não, de suas incapacidades serem temporárias ou permanentes. O fundamental é que todas as pessoas possam se integrar totalmente à sociedade. Na década de 1990, Ron criou um grupo de arquitetos militantes das causas inclusivas e estabeleceu os sete princípios do Desenho Universal, que são: 1 Utilização equitativa: pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores; as pessoas não são iguais, possuem idades, tamanhos, estrutura física diferentes, mas utilizam o mesmo equipamento. Prover os mesmos significados de uso para todos os usuários: idêntico quanto possível, equivalente quando não possível. Impedir segregação ou estigmatização dos usuários. Prover privacidade, segurança e proteção de forma igual a todos os usuários. Tornar o desenho atraente para todos os usuários. 2 Flexibilidade de utilização: engloba uma gama extensa de preferências e capacidades individuais; prover escolhas na forma de utilização. Acomodar acesso e utilização para destros e canhotos. Facilitar a precisão e acuidade do usuário. Prover adaptabilidade para a velocidade (compasso e ritmo) dos usuários. 3 Utilização simples e intuitiva: fácil de compreender, independentemente da experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração; eliminar a complexidade desnecessária. Ser coerente com as expectativas e intenções do usuário. Acomodar uma faixa larga de habilidades de linguagem e capacidades em ler e escrever. Organizar informações de forma compatível com sua importância. Providenciar respostas efetivas e sem demora durante e após o término de uma tarefa. 4 Informação perceptível: fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária, quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades 21 sensoriais do utilizador; usar diferentes maneiras para a apresentação de uma informação. Maximizar a legibilidade da informação essencial. Diferenciar elementos para que possam ser descritos. Prever variedade de técnicas que orientem as pessoas. 5 Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de ações acidentais ou involuntárias; organizar os elementos para minimizar riscos, erros e acidentes. Providenciar avisos de risco ou erro. Providenciar características de segurança na falha humana. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que exijam vigilância. 6 Esforço físico mínimo: pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com o mínimo de fadiga; permitir ao usuário manter uma posição corporal neutra. Usar força moderada em tarefas corriqueiras. Minimizar ações repetitivas. Minimizar a sustentação de um esforço físico. 7 Dimensão e espaço de abordagem e de utilização adequados: espaço e dimensão adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da estatura, mobilidade ou postura do utilizador. O Desenho para Todos se assume, assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por extensão, de promoção da inclusão social. Colocar elementos importantes no campo visual de qualquer usuário. Fazer que o alcance de todos os componentes seja confortável a qualquer usuário. Acomodar variações da dimensão da mão ou empunhadura. Prover espaço adequado para o uso de dispositivos assistidos ou assistência pessoal. 2.4 Legislação e regulamentação Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 9050), Acessibilidade é definida como “a condição para utilização com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação por uma pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”. 22 Na década de 1970 ocorreram às primeiras discussões sobre acessibilidade, nos Estados Unidos, com a criação da Lei de Reabilitação, que previa a implementação de adaptações que conferissem ao ambiente menor restrição de locomoção nos ambientes de trabalho e no ensino superior financiado pelo estado federal, o que mais tarde se expandiria às escolas e à integração de crianças e jovens com deficiência, através da lei Education for All Handicapped Children Act, de 1975. Juridicamente, a inclusão aparece no cenário em 1980 através da Lei ADA – Americans with Disabilities (Americanos portadores de Deficiência), que prevê a proibição da discriminação de pessoas com deficiência, estimula a acessibilidade no ambiente laboral e promove as bases legais nos fundos públicos para a compra dos recursos necessários. Datada de 1993, a publicação da ONU acerca das Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência. Esse documento destaca a Acessibilidade como área fundamental para a igualdade de direitos, deveres e participação. Segue o preâmbulo da norma [ONU 1993]: Os Estados devem reconhecer a importância global das condições de acessibilidade para o processo de igualdade de oportunidades em todas as esferas da vida social. No interesse de todas as pessoas com deficiência, os Estados devem: a) iniciar programas de ação que visem tornar acessível o meio físico; b) tomar medidas que assegurem o acesso à informação e à comunicação. A Resolução Res AP (2001) do Comitê de Ministros do Conselho da Europa (Resolução de Tomar) indica aos Estados membros que: "tomem em consideração, na elaboração das políticas nacionais, os princípios de desenho universal e as medidas visando melhorar a acessibilidade no sentido mais lato possível, relativamente aos programas de ensino e a outros aspectos da educação, da formação e da sensibilização que relevam diretamente dos governos, de acordo com as responsabilidades de cada país", entre outras medidas. 23 Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com esse ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e segura. 1 Enquanto isso, no Brasil, em 1985 foi elaborada a primeira norma técnica (NBR) relacionada à acessibilidade, “Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos à pessoa portadora de deficiência”.Já em 1994 houve a primeira revisão e em 2004, a última, que está em vigor até hoje e regulamenta todos os aspectos de acessibilidade no Brasil. O Decreto no 5.296/2004, expedido pelo Governo Federal, que foi embasado nas diretivas internacionais e quanto ao exposto nas Leis Federais no 10.048/2000 e 10.098/2000, estabeleceu as normas gerais e critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. O Decreto-Lei no 6.949/2009 promulgou a “Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”, que foi assinado em Nova Iorque em 30 de março de 2007, tendo sido feito com o status de Norma de hierarquia Constitucional. Devido a não modificação do comportamento da sociedade e da continuidade das barreiras que violam o direito de todos os indivíduos participarem como membros igualitários da sociedade, o Brasil aderiu à Convenção mundial, que estabeleceu as obrigações gerais a partir do artigo 4o, indicando que os “Estados Partes” se comprometessem a garantir e impulsionar o integral exercício de todos os direitos humanos e liberdades essenciais para todas as pessoas, inclusive as pessoas com deficiência, assumindo medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra natureza, fundamentais para a realização dos direitos reconhecidos pela Convenção. É importante destacar que o acréscimo de custo no total das construções varia em torno de 1% para adequação aos itens exigidos pelo Desenho Universal. Por outro lado, o não atendimento às regras de acessibilidade, pode gerar custo em até 25% do total de uma obra após sua conclusão. 1Fonte: Conceito Europeu de Acessibilidade – Relatório do Grupo de Peritos criado pela Comissão Europeia – 2003. 24 Hoje, a legislação federal que regulamenta a adequação de ambientes para a circulação de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é de 2015, sendo essa a revisão da primeira legislação que data de 1985. A Lei no 10.048 de 8 de novembro de 2000 regulamentou as Leis no 5.296/04 de 2 de dezembro de 2004, que prevê a prioridade de atendimento a uma parte específica da população, e no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece os critérios para promoção da acessibilidade para pessoas com deficiência. Em 6 de julho de 2015 a então presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a LBI (Lei 13.146), que vigorou a partir de janeiro de 2016 e ratificou as garantias de acessibilidade para pessoas com deficiência já previstas no Decreto Federal de número 5.296/04. O texto final prevê o atendimento prioritário em órgãos públicos e reitera a necessidade e efetividade das políticas públicas de educação, saúde e trabalho para a população com necessidades especiais. No Brasil são mais de 25 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e esse número tende a aumentar, por diversas razões. Com o uso do Desenho Universal é possível atender às necessidades de mercado, conferindo autonomia, segurança, ambientes e adaptação a todas as pessoas, sem que sua condição física seja condição para seu direito de se apropriar do meio que a circunda. Centros nacionais da área da tecnologia e assistência às pessoas com deficiência foram implantados em alguns países. Algumas tarefas desses centros são: • Reunir, compilar e difundir informação para as pessoas com deficiência sobre as ajudas técnicas, os sistemas de prestação de serviços e o suporte financeiro destinado às tecnologias de apoio; • Manter uma base de dados sobre ajudas técnicas; Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: <https://goo.gl/Z0Dg6>. Acesso em: 2 jul. 2018. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%205.296-2004?OpenDocument 25 • Incentivar a investigação e o desenvolvimento, identificando as inovações necessárias, providenciando o conhecimento das necessidades existentes, dando pareceres sobre projetos de desenvolvimento e ideias na área da investigação e através de apoio financeiro; • Testar e avaliar produtos e serviços para pessoas com deficiência; • Servir como consultores especializados junto das autoridades públicas e de outras entidades no campo da tecnologia, da acessibilidade e da deficiência, mantendo um alto grau de eficiência; • Assegurar vigilância técnica no sentido de identificar importantes avanços futuros com impacto potencial sobre as pessoas com deficiência; • Participar nos trabalhos de normalização; • Participar nas trocas de informação e de conhecimentos, bem como na colaboração a nível internacional. Em novembro de 2002 teve início o Instituto Nacional para a reabilitação e o Centro Nacional de Contato da Rede Europeia de Desenho para todos e Acessibilidade Eletrônica – EdeAN (European Design for All e-Accessibility Network), coordenando a Rede Nacional dos Centos de Excelência em Desenho para Todos e Acessibilidade Eletrônica, que conta com 160 membros e 23 deles constituem Centos Nacionais de Contato. 2.5 Números da Deficiência Infelizmente, nos últimos anos, poucos países adotaram medidas efetivas para minimizar as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam. É importante ressaltar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 mais de 1 bilhão de pessoas no mundo possuía algum tipo de deficiência. Número bastante significativo e importante. No Brasil o contingente de pessoas com deficiência também é grande. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo Demográfico, em 2010 o percentual de pessoas que declararam algum tipo de 26 deficiência foi de 23,9%, número significativamente superior ao registrado em 2000, que estava na marca de 14,5%. É importante ressaltar que tal aumento ocorreu, em partes, em decorrência da mudança de metodologia de pesquisa. Somente em 2005 o Brasil passou a integrar o Grupo de Washington sobre Estatísticas das Pessoas com Deficiência (Washington Group on Disability statistics – GW), que tem como objetivos padronizar a coleta de dados que permite o estabelecimento das estatísticas acerca das pessoas com deficiência e promover a homogeneidade das informações levantadas sobre os países membros. Apesar de a padronização ter prejudicado a sequência de dados do Brasil, ela revelou um dado alarmante, a população de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil é mais que o dobro de países como Espanha e Alemanha, que possuem, respectivamente, 8,5% (Instituto Nacional de Estatística – INE, 2008) e 9,4% (Destatis Statistisches Bundesamt, 2013), e maior que a dos Estados Unidos (19% da população com algum tipo de deficiência, segundo a United States Census Bureau, 2012), país que enfrentou importantes guerras. Outra variável que merece atenção e desempenha papel importante no incremento das estatísticas das pessoas com deficiência é o envelhecimento populacional. Segundo a OMS (2015), até 2050 o Brasil triplicará o número de pessoas com mais de 60 anos de idade, atingindo níveis superiores à média internacional e envelhecendo com maior velocidade. Vale ressaltar que em 2015 o Brasil possuía 12,5% de idosos e deve alcançar 30% em meados do século. Seremos, segundo nomenclatura da OMS, uma nação envelhecida, nome dado a países cuja população idosa é superior a 14%. A diminuição da taxa de mortalidade infantil é uma das variáveis que pode explicar o aumento da expectativa de vida. No ano 2000, a média era de 29 mortes para cada 1.000 nascidos,em 2013 essa taxa caiu para 15. A probabilidade é que em 2060 a taxa de mortalidade aponte para valores de 7,1 mortes para cada 1.000 nascidos vivos. Ainda que tenhamos as mais avançadas normas no mundo, a aplicabilidade delas para benefício da inclusão da pessoa com deficiência ainda é falha. 27 Conclusão Dizem que toda unanimidade é burra, mas esse não é o caso do Desenho Universal, ele é o único a atender às necessidades de 100% das pessoas, sejam elas deficientes ou não. Não é complicado entender, quanto mais adaptado estiver um projeto e uma obra concluída para atender a quem tem necessidades particulares, mais fácil será a utilização por quem menos precisa. Ter em mente que nossas necessidades mudam ao longo da vida, seja pelo processo natural de envelhecimento ou por algum tipo de deficiência que venhamos a adquirir, realizar projetos embasados no Desenho Universal é também pensar em Arquitetura e Urbanismo e Design Sustentável, uma vez que eles não precisarão de adaptações futuras.
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