Buscar

2.09.COC.Desenho Universal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Recursos de Representação 
Gráfica 
 
 
PAULO EDUARDO BORZANI GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
2 DESENHO UNIVERSAL 
Como o próprio nome diz, Desenho Universal é 
aquele indicado a todas as pessoas e não somente a 
aquelas que necessitam. Ele destina-se a assegurar 
que todas as pessoas possam utilizar com 
autonomia e segurança os espaços e objetos 
construídos com esse conceito, por isso, não se 
destinam apenas às pessoas com deficiência e sim a 
todas. 
O Desenho Universal é bastante abrangente e é 
aplicado em diversas frentes, como em produtos 
consumidos diariamente, nos espaços públicos, nos 
lares, nos meios de transporte, no meio corporativo 
e nos meios de comunicação. O mundo não pode 
ter barreiras que impeçam as pessoas de irem e 
virem, de terem livre acesso aos locais em que 
desejam estar. 
Vivemos em um mundo plural, onde a diversidade é 
sua marca registrada. Crianças, idosos, gestantes, 
pessoas com deficiência que possuem restrições 
maiores ou menores, transitórias ou permanentes, 
devem ter livre acesso aos espaços públicos ou 
privados e devem ter a possibilidade de usar todos 
os objetos que desejam. Com esse ideal, o de servir 
a todos, nasceu o Desenho Universal. 
A cada dia o debate acerca do Desenho Universal 
vem aumentando e é defendido por vários setores 
 
 
 
16 
 
da sociedade. Hoje temos uma legislação ampla e 
consistente que regulamenta as questões 
relacionadas à acessibilidade. Essa evolução não se 
deu de forma isolada, ela foi fortalecida graças à 
participação efetiva e plena de vários profissionais 
que creem na viabilidade do conceito de Desenho 
Universal, de militantes dos movimentos de 
inclusão de pessoas com deficiência que atuam de 
forma direta e efetiva na causa e por formadores de 
opinião que, por causas diversas, compram e lutam 
pela causa. Entretanto, atos do Legislativo ou do 
Executivo não são suficientes para a incorporação 
do conceito do Desenho Universal de forma efetiva 
no cotidiano das pessoas. Infelizmente, para que a 
lei se cumpra, é fundamental a existência de 
instrumentos punitivos para aqueles que a 
desobedecem. Não podemos permitir que esse 
conceito tão rico e importante para o dia a dia das 
pessoas seja apenas uma fonte de inspiração em 
livros, teses, monografias e cartilhas distribuídas 
pelos defensores do movimento. 
 
 
 
 
17 
 
 
2.1 Histórico 
 
Questionamentos como a concepção de ambientes que não vão ao encontro da 
necessidade dos usuários ou modelos que tornam igual àquilo que é particular 
permeiam a concepção do Desenho Universal, que nasceu após a Revolução Industrial, 
movimento que conferiu massificação dos processos de produção. 
Foi na Universidade da Carolina do Norte, no campo da arquitetura, que nasceu o 
conceito do Desenho Industrial. A ideia de usar projetos e produtos por todos, sem 
necessidades de adaptação, ou projetos especializados para pessoas com deficiência 
foram a inspiração para o desenvolvimento do conceito de Desenho Industrial. 
Variáveis como estatura, dimensão, idade, destreza, força, habilidades e outras 
características pessoais irão definir aquilo que é confortável ou não. Tendo isso em 
mente, na década de 1960, mais precisamente em 1961, arquitetos e engenheiros 
vindos do Japão, EUA e alguns países europeus se reuniram na Suécia para 
reestruturar e recriar o conceito do “homem padrão”, que era o mesmo da Grécia 
antiga e validado pelos artistas do Renascimento Europeu. Dessa reunião nasceu o 
conceito de “homem real”, aquele que considera a diversidade dos indivíduos e as 
respeita, sem ignorar a sua existência. Em 1963, em Washington, nasceu uma 
comissão cujo objetivo era discutir equipamentos, edifícios e áreas urbanas que 
fossem adequados a todos, pessoas com e sem deficiência. Essa comissão recebeu o 
nome de Barrier Free Design. Com o passar do tempo esse conceito foi apropriado 
pelos Estados Unidos e teve seu nome mudado para Desenho Universal. Sua proposta 
era a de atender a todas as pessoas em uma perspectiva universal. 
Segundo a literatura, o nome Universal Design foi usado pela primeira vez por Ronald 
Mace, arquiteto americano graduado em 1966 pela Universidade Estadual da Carolina 
do Norte, nos Estados Unidos, cadeirante e usuário de respirador artificial. Mas segue 
uma informação importante, o termo Desenho Universal não surgiu da cabeça de um 
único homem. No início de sua carreira, Mace não seguiu o conceito do Desenho 
Universal até se envolver com o mundo do acessível, daquilo que serve a todos, 
independentemente de sua idade, condição física ou sensorial. 
 
 
 
18 
 
Ron, na década de 1990, mais precisamente em 1997, liderou um time de arquitetos e 
militantes dos ideais do acessível a todos para determinar os Sete Princípios do 
Desenho Universal. Estes conceitos são adotados mundialmente para todo e qualquer 
programa de acessibilidade. 
A partir desse momento ficou bastante claro que a acessibilidade está intimamente 
relacionada ao arquétipo do Desenho Universal. Os projetos arquitetônicos, mobiliário 
urbano, utensílios, meios de transporte etc. devem ser projetados para TODOS e não 
apenas para pessoas com deficiência. O fortalecimento do movimento de inclusão 
trouxe à tona a importância do olhar para todas as barreiras que impedem a inclusão 
em sua totalidade, não somente a arquitetônica. 
Hoje os designers e arquitetos têm a consciência de atender a todos com direitos 
igualitários, tendo em mente que o “homem padrão” não existe. Um dos marcadores 
dessa nova concepção foi a exposição Design for Independent Living, que aconteceu 
em 1988 no museu de Arte Moderna de Nova Iorque – MoMA. Do ponto de vista 
corporativo, a primeira empresa a trabalhar com essa nova forma de ver o direito de 
todos foi a OXO Internacional, que introduziu utensílios de cozinha para pessoas com 
artrite. 
 
2.2 Espaço inclusivo 
 
Usar todas as possibilidades da cidade, tendo a garantia de ir e vir é a acessibilidade 
universal. Não importa a idade ou as limitações, permanentes ou temporárias, não 
importa estar grávida ou acima do peso, se é capaz de ver ou ouvir, o direito de 
transitar e acessar todos os espaços é direito de todos. Por definição, acessibilidade é a 
possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com 
segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e 
elementos (ABNT, 2004/2015). Não obstante, as dificuldades encontradas nas nossas 
cidades ainda são inúmeras, seja qual for o local em que estejamos. 
Propor, segundo as diretrizes do Desenho Universal ou do Projeto Universal, é criar 
elementos e espaços que sirvam a todos, independentes de suas particularidades. 
Todos têm o direito de usar todos os objetos e acessar qualquer ambiente. 
 
 
 
19 
 
O normal é ser diferente, por isso, os produtos manipulados sob a luz do Desenho 
Universal devem atender a todos em uma larga escala de habilidades relacionadas a 
cada indivíduo. As restrições existentes e podem ser classificadas segundo: 
• Restrições sensoriais: a percepção do meio está prejudicada pela não efetividade 
de um dos cinco sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato; 
• Restrições cognitivas: são as limitações do sistema cognitivo; 
• Restrições físico-motoras: todo e qualquer impedimento advindo de dificuldades 
que dependem da força física, coordenação motora fina ou não, precisão ou 
mobilidade; 
• Restrições múltiplas: é a associação de dois ou mais tipos de restrição. 
 
Os espaços inclusivos devem ir além da eliminação das barreiras urbanas, eles 
precisam oferecer a opção de disfrutar de experiências no espaço. A compreensão do 
ambiente ocorre desde que seja possível circular pelos espaços, mesmo aqueles que 
estejam além do que é possível ser visualizado. A consciência do espaço vem da 
vivência do mesmo. Os espaços inclusivos precisam transmitirsegurança àqueles que o 
acessam, sejam pessoas com deficiência ou não. Sentir segurança, competência e 
liberdade para locomoção e atingir o objetivo final de suas ações em harmonia com o 
meio que o cerca é direito de todos. 
Nossas características de ação sobre o mundo mudam com o passar do tempo. 
Quando somos crianças nossa altura nos impede de pegar ou manipular uma série de 
objetos, algumas vezes por segurança e outras porque a criança não foi considerada 
um possível usuário. Na idade adulta, várias situações nos colocam em situações de 
difícil movimentação, como quando é necessário nos imobilizarmos por algum 
acidente, quando mulheres ficam grávidas ou até o simples carregar de pacotes 
grandes ou pesados mudam a relação do homem com o mundo. Com o avançar da 
idade não é rara a diminuição da força e resistência. Os sentidos também são afetados, 
ficando menos aguçados e a memória também sofre um decréscimo. Pela exposição a 
tantas variáveis ao longo da vida, não é raro que, em algum momento, seja adquirida 
alguma deficiência, seja ela física, psíquica ou sensorial. 
 
 
 
 
20 
 
2.3 Sete princípios básicos 
 
O Desenho Universal tem como premissa servir a todos sem recursos ou projetos 
adaptados. Eles devem tornar a vida mais fácil e simples, em qualquer idade, estatura, 
estrutura ou capacidade física. Produtos, equipamentos urbanos, formas de 
comunicação e/ou informação devem ser viáveis a uma gama cada vez maior de 
pessoas, independente de terem dificuldades ou não, de suas incapacidades serem 
temporárias ou permanentes. O fundamental é que todas as pessoas possam se 
integrar totalmente à sociedade. 
Na década de 1990, Ron criou um grupo de arquitetos militantes das causas inclusivas 
e estabeleceu os sete princípios do Desenho Universal, que são: 
1 Utilização equitativa: pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores; as 
pessoas não são iguais, possuem idades, tamanhos, estrutura física diferentes, mas 
utilizam o mesmo equipamento. Prover os mesmos significados de uso para todos 
os usuários: idêntico quanto possível, equivalente quando não possível. Impedir 
segregação ou estigmatização dos usuários. Prover privacidade, segurança e 
proteção de forma igual a todos os usuários. Tornar o desenho atraente para todos 
os usuários. 
2 Flexibilidade de utilização: engloba uma gama extensa de preferências e 
capacidades individuais; prover escolhas na forma de utilização. Acomodar acesso 
e utilização para destros e canhotos. Facilitar a precisão e acuidade do usuário. 
Prover adaptabilidade para a velocidade (compasso e ritmo) dos usuários. 
3 Utilização simples e intuitiva: fácil de compreender, independentemente da 
experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de 
concentração; eliminar a complexidade desnecessária. Ser coerente com as 
expectativas e intenções do usuário. Acomodar uma faixa larga de habilidades de 
linguagem e capacidades em ler e escrever. Organizar informações de forma 
compatível com sua importância. Providenciar respostas efetivas e sem demora 
durante e após o término de uma tarefa. 
4 Informação perceptível: fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária, 
quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades 
 
 
 
21 
 
sensoriais do utilizador; usar diferentes maneiras para a apresentação de uma 
informação. Maximizar a legibilidade da informação essencial. Diferenciar 
elementos para que possam ser descritos. Prever variedade de técnicas que 
orientem as pessoas. 
5 Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de 
ações acidentais ou involuntárias; organizar os elementos para minimizar riscos, 
erros e acidentes. Providenciar avisos de risco ou erro. Providenciar características 
de segurança na falha humana. Desencorajar ações inconscientes em tarefas que 
exijam vigilância. 
6 Esforço físico mínimo: pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com o 
mínimo de fadiga; permitir ao usuário manter uma posição corporal neutra. Usar 
força moderada em tarefas corriqueiras. Minimizar ações repetitivas. Minimizar a 
sustentação de um esforço físico. 
7 Dimensão e espaço de abordagem e de utilização adequados: espaço e dimensão 
adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da 
estatura, mobilidade ou postura do utilizador. O Desenho para Todos se assume, 
assim, como instrumento privilegiado para a concretização da acessibilidade e, por 
extensão, de promoção da inclusão social. Colocar elementos importantes no 
campo visual de qualquer usuário. Fazer que o alcance de todos os componentes 
seja confortável a qualquer usuário. Acomodar variações da dimensão da mão ou 
empunhadura. Prover espaço adequado para o uso de dispositivos assistidos ou 
assistência pessoal. 
 
2.4 Legislação e regulamentação 
 
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 9050), Acessibilidade 
é definida como “a condição para utilização com segurança e autonomia, total ou 
assistida, dos espaços mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos 
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e 
informação por uma pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”. 
 
 
 
22 
 
Na década de 1970 ocorreram às primeiras discussões sobre acessibilidade, nos 
Estados Unidos, com a criação da Lei de Reabilitação, que previa a implementação de 
adaptações que conferissem ao ambiente menor restrição de locomoção nos 
ambientes de trabalho e no ensino superior financiado pelo estado federal, o que mais 
tarde se expandiria às escolas e à integração de crianças e jovens com deficiência, 
através da lei Education for All Handicapped Children Act, de 1975. 
Juridicamente, a inclusão aparece no cenário em 1980 através da Lei ADA – Americans 
with Disabilities (Americanos portadores de Deficiência), que prevê a proibição da 
discriminação de pessoas com deficiência, estimula a acessibilidade no ambiente 
laboral e promove as bases legais nos fundos públicos para a compra dos recursos 
necessários. 
Datada de 1993, a publicação da ONU acerca das Normas sobre a Igualdade de 
Oportunidades para Pessoas com Deficiência. Esse documento destaca a Acessibilidade 
como área fundamental para a igualdade de direitos, deveres e participação. Segue o 
preâmbulo da norma [ONU 1993]: 
 
Os Estados devem reconhecer a importância global das condições de 
acessibilidade para o processo de igualdade de oportunidades em 
todas as esferas da vida social. No interesse de todas as pessoas com 
deficiência, os Estados devem: 
a) iniciar programas de ação que visem tornar acessível o meio físico; 
b) tomar medidas que assegurem o acesso à informação e à 
comunicação. 
 
A Resolução Res AP (2001) do Comitê de Ministros do Conselho da Europa (Resolução 
de Tomar) indica aos Estados membros que: "tomem em consideração, na elaboração 
das políticas nacionais, os princípios de desenho universal e as medidas visando 
melhorar a acessibilidade no sentido mais lato possível, relativamente aos programas 
de ensino e a outros aspectos da educação, da formação e da sensibilização que 
relevam diretamente dos governos, de acordo com as responsabilidades de cada país", 
entre outras medidas. 
 
 
 
 
 
23 
 
Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que 
permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com esse 
ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e 
segura. 1 
 
Enquanto isso, no Brasil, em 1985 foi elaborada a primeira norma técnica (NBR) 
relacionada à acessibilidade, “Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e 
equipamentos urbanos à pessoa portadora de deficiência”.Já em 1994 houve a 
primeira revisão e em 2004, a última, que está em vigor até hoje e regulamenta todos 
os aspectos de acessibilidade no Brasil. 
O Decreto no 5.296/2004, expedido pelo Governo Federal, que foi embasado nas 
diretivas internacionais e quanto ao exposto nas Leis Federais no 10.048/2000 e 
10.098/2000, estabeleceu as normas gerais e critérios básicos para promoção da 
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. 
O Decreto-Lei no 6.949/2009 promulgou a “Convenção Internacional sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência”, que foi assinado em Nova Iorque em 30 de março de 
2007, tendo sido feito com o status de Norma de hierarquia Constitucional. 
Devido a não modificação do comportamento da sociedade e da continuidade das 
barreiras que violam o direito de todos os indivíduos participarem como membros 
igualitários da sociedade, o Brasil aderiu à Convenção mundial, que estabeleceu as 
obrigações gerais a partir do artigo 4o, indicando que os “Estados Partes” se 
comprometessem a garantir e impulsionar o integral exercício de todos os direitos 
humanos e liberdades essenciais para todas as pessoas, inclusive as pessoas com 
deficiência, assumindo medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra 
natureza, fundamentais para a realização dos direitos reconhecidos pela Convenção. 
É importante destacar que o acréscimo de custo no total das construções varia em 
torno de 1% para adequação aos itens exigidos pelo Desenho Universal. Por outro 
lado, o não atendimento às regras de acessibilidade, pode gerar custo em até 25% do 
total de uma obra após sua conclusão. 
 
1Fonte: Conceito Europeu de Acessibilidade – Relatório do Grupo de Peritos criado pela Comissão 
Europeia – 2003. 
 
 
 
24 
 
Hoje, a legislação federal que regulamenta a adequação de ambientes para a 
circulação de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é de 2015, sendo essa a 
revisão da primeira legislação que data de 1985. 
A Lei no 10.048 de 8 de novembro de 2000 regulamentou as Leis no 5.296/04 de 2 de 
dezembro de 2004, que prevê a prioridade de atendimento a uma parte específica da 
população, e no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece os critérios para 
promoção da acessibilidade para pessoas com deficiência. 
 
Em 6 de julho de 2015 a então presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a 
LBI (Lei 13.146), que vigorou a partir de janeiro de 2016 e ratificou as garantias de 
acessibilidade para pessoas com deficiência já previstas no Decreto Federal de número 
5.296/04. O texto final prevê o atendimento prioritário em órgãos públicos e reitera a 
necessidade e efetividade das políticas públicas de educação, saúde e trabalho para a 
população com necessidades especiais. 
No Brasil são mais de 25 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e esse 
número tende a aumentar, por diversas razões. Com o uso do Desenho Universal é 
possível atender às necessidades de mercado, conferindo autonomia, segurança, 
ambientes e adaptação a todas as pessoas, sem que sua condição física seja condição 
para seu direito de se apropriar do meio que a circunda. 
Centros nacionais da área da tecnologia e assistência às pessoas com deficiência foram 
implantados em alguns países. Algumas tarefas desses centros são: 
• Reunir, compilar e difundir informação para as pessoas com deficiência sobre 
as ajudas técnicas, os sistemas de prestação de serviços e o suporte financeiro 
destinado às tecnologias de apoio; 
• Manter uma base de dados sobre ajudas técnicas; 
Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de 
novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 
10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos 
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com 
mobilidade reduzida, e dá outras providências. 
Disponível em: <https://goo.gl/Z0Dg6>. Acesso em: 2 jul. 2018. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%205.296-2004?OpenDocument
 
 
 
25 
 
• Incentivar a investigação e o desenvolvimento, identificando as inovações 
necessárias, providenciando o conhecimento das necessidades existentes, 
dando pareceres sobre projetos de desenvolvimento e ideias na área da 
investigação e através de apoio financeiro; 
• Testar e avaliar produtos e serviços para pessoas com deficiência; 
• Servir como consultores especializados junto das autoridades públicas e de 
outras entidades no campo da tecnologia, da acessibilidade e da deficiência, 
mantendo um alto grau de eficiência; 
• Assegurar vigilância técnica no sentido de identificar importantes avanços 
futuros com impacto potencial sobre as pessoas com deficiência; 
• Participar nos trabalhos de normalização; 
• Participar nas trocas de informação e de conhecimentos, bem como na 
colaboração a nível internacional. 
 
Em novembro de 2002 teve início o Instituto Nacional para a reabilitação e o Centro 
Nacional de Contato da Rede Europeia de Desenho para todos e Acessibilidade 
Eletrônica – EdeAN (European Design for All e-Accessibility Network), coordenando a 
Rede Nacional dos Centos de Excelência em Desenho para Todos e Acessibilidade 
Eletrônica, que conta com 160 membros e 23 deles constituem Centos Nacionais de 
Contato. 
 
2.5 Números da Deficiência 
 
Infelizmente, nos últimos anos, poucos países adotaram medidas efetivas para 
minimizar as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam. É importante 
ressaltar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2011 mais de 1 
bilhão de pessoas no mundo possuía algum tipo de deficiência. Número bastante 
significativo e importante. 
No Brasil o contingente de pessoas com deficiência também é grande. Segundo o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo 
Demográfico, em 2010 o percentual de pessoas que declararam algum tipo de 
 
 
 
26 
 
deficiência foi de 23,9%, número significativamente superior ao registrado em 2000, 
que estava na marca de 14,5%. É importante ressaltar que tal aumento ocorreu, em 
partes, em decorrência da mudança de metodologia de pesquisa. Somente em 2005 o 
Brasil passou a integrar o Grupo de Washington sobre Estatísticas das Pessoas com 
Deficiência (Washington Group on Disability statistics – GW), que tem como objetivos 
padronizar a coleta de dados que permite o estabelecimento das estatísticas acerca 
das pessoas com deficiência e promover a homogeneidade das informações 
levantadas sobre os países membros. 
Apesar de a padronização ter prejudicado a sequência de dados do Brasil, ela revelou 
um dado alarmante, a população de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil é 
mais que o dobro de países como Espanha e Alemanha, que possuem, 
respectivamente, 8,5% (Instituto Nacional de Estatística – INE, 2008) e 9,4% (Destatis 
Statistisches Bundesamt, 2013), e maior que a dos Estados Unidos (19% da população 
com algum tipo de deficiência, segundo a United States Census Bureau, 2012), país que 
enfrentou importantes guerras. 
Outra variável que merece atenção e desempenha papel importante no incremento 
das estatísticas das pessoas com deficiência é o envelhecimento populacional. 
Segundo a OMS (2015), até 2050 o Brasil triplicará o número de pessoas com mais de 
60 anos de idade, atingindo níveis superiores à média internacional e envelhecendo 
com maior velocidade. Vale ressaltar que em 2015 o Brasil possuía 12,5% de idosos e 
deve alcançar 30% em meados do século. Seremos, segundo nomenclatura da OMS, 
uma nação envelhecida, nome dado a países cuja população idosa é superior a 14%. 
A diminuição da taxa de mortalidade infantil é uma das variáveis que pode explicar o 
aumento da expectativa de vida. No ano 2000, a média era de 29 mortes para cada 
1.000 nascidos,em 2013 essa taxa caiu para 15. A probabilidade é que em 2060 a taxa 
de mortalidade aponte para valores de 7,1 mortes para cada 1.000 nascidos vivos. 
Ainda que tenhamos as mais avançadas normas no mundo, a aplicabilidade delas para 
benefício da inclusão da pessoa com deficiência ainda é falha. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Conclusão 
 
Dizem que toda unanimidade é burra, mas esse não é o caso do Desenho Universal, ele 
é o único a atender às necessidades de 100% das pessoas, sejam elas deficientes ou 
não. Não é complicado entender, quanto mais adaptado estiver um projeto e uma 
obra concluída para atender a quem tem necessidades particulares, mais fácil será a 
utilização por quem menos precisa. Ter em mente que nossas necessidades mudam ao 
longo da vida, seja pelo processo natural de envelhecimento ou por algum tipo de 
deficiência que venhamos a adquirir, realizar projetos embasados no Desenho 
Universal é também pensar em Arquitetura e Urbanismo e Design Sustentável, uma 
vez que eles não precisarão de adaptações futuras.

Outros materiais