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AT 1 2 32 S U M Á R IO 3 UNIDADE 1 - Introdução 5 UNIDADE 2 - Infecções Hospitalares 5 2.1 História das infecções hospitalares 6 2.2 Definição 7 UNIDADE 3 - Fatores de Risco para Infecções Hospitalares 10 3.1 Cateterização vesical 11 3.2 Ventilação invasiva 12 3.3 Cateterização venosa central 14 UNIDADE 4 - Patógenos 17 UNIDADE 5 - O Controle das Infecções 17 5.1 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) 19 5.2 Controle bacteriológico na UTI 22 UNIDADE 6 - Papel do Enfermeiro na Prevenção de Infecções na UTI 25 REFERÊNCIAS 31 GLOSSÁRIO BÁSICO 34 CLASSIFICAÇÃO DAS INFECÇÕES SEGUNDO O CDC 56 ANEXOS 2 33 UNIDADE 1 - Introdução A revolução social, cultural e profissional que se vive atualmente, proporciona avan- çados nos recursos tecnológicos com o intui- to de facilitar a vida das pessoas, tais como o uso de computadores, lap top ou notebook, alarmes, telefones celulares e diversos ou- tros equipamentos que são lançados con- tinuamente no mercado. No entanto, a uti- lização das novas tecnologias tem também promovido o aumento de acidentes de tra- balho, doenças ocupacionais, gerando ações nas esferas jurídicas, cível, criminal, traba- lhista e previdenciária, que trazem inúmeras repercussões e prejuízos nos relacionamen- tos entre capital e trabalho, empresário e trabalhador, e sociedade de um modo geral, como será demonstrado no decorrer desta obra. As consequências têm sido discutidas nas áreas de saúde, social, tecnológica, se- gurança, jurídica, pesquisa, normas interna- cionais, e tem motivado o desenvolvimento de trabalhos vinculados à prevenção primá- ria de saúde, ou seja, fazendo promoção de saúde e proteção específica, e segurança, bem como do conhecimento e avaliação dos riscos e dos efeitos que os mesmos ocasio- nam, buscando desta forma uma globaliza- ção e padronização de rotinas e práticas que tragam como resultado a proteção à saúde e segurança dos trabalhadores e do meio ambiente, onde criam-se ordens de serviço ou procedimentos específicos e que são exi- gências legais (Lei 6.514 - 22.12.1977 - NRs. Portaria 3.214- 08.06.1978). Apesar de existir um avanço tecnológico no que se refere à veiculação de informa- ções e pesquisas, através do uso da web ou internet, deve-se admitir que a velocidade dessas informações, bem como o seu dina- mismo, favorecem erros técnico-científicos, embora o processo de benchmarking entre os profissionais que atuam nas áreas de pre- venção à saúde, segurança, meio ambiente, resulte na criação de uma malha normativa que agrupa de maneira global as informa- ções a todos os envolvidos, na tentativa de propor alternativas mais adequadas para as atuais condições de trabalho (LOPES, 2001). Entretanto, os conflitos de interesses de classes, sindicatos, órgãos governamentais, convênios médicos, entre outros, demons- tram o envolvimento de grandes somas de dinheiro, aumentando consideravelmente o custo Brasil e que uma das causas do pro- blema está exatamente na falta de conhe- cimento técnico, científico, administrativo e legal, bem como a maneira com que os pro- blemas e sugestões para a erradicação dos mesmos são conduzidos. Na última década, observa-se que as pre- ocupações com a avaliação de riscos ineren- tes à função e a ambientes de trabalho, têm se tornado rotina, tomada como uma das poucas formas de resolver inúmeras situa- ções que resultam em prejuízos, tanto para trabalhadores quanto para empresas (LO- PES, 2001). Observa-se também que o Direito do Tra- balho vive, na sua rotina diária, mediando e intervindo na resolução de conflitos entre o capital e o trabalho, e que as questões refe- rentes à saúde no trabalho por exposição a riscos conhecidos e doenças ocupacionais, demonstram que o trabalho exigido, fre- quentemente está sendo realizado acima dos limites de segurança ou inadequadas. 4 54 Tais situações resultam, na maioria dos ca- sos, em ações jurídicas e processos movidos de maneira reativa e compulsória, visando o reconhecimento e a indenização monetária. Essas situações poderiam ser prevenidas por meio de práticas seguras e efetivas de pre- venção, através da ergonomia. Isto leva a considerar que a Ergonomia pode ser uma das principais possibilidades para a prevenção, tratamento, restrição de danos pessoais e econômicos, em toda sua amplitude, pois, por meio da ergonomia, po- de-se constatar diversos aspectos primor- diais para a prevenção de passivos ocupacio- nais, dentre eles: a biomecânica do posto de trabalho, a organização do trabalho, o levan- tamento e priorização de riscos, e ainda fato- res físicos e psicossociais dos trabalhadores, dentre outros (LOPES, 2001). Procuramos abordar estes temas – ergo- nomia e fisiologia – de forma teórica e prá- tica, evidenciando uma das importâncias da ergonomia, como instrumento preventivo de passivos ocupacionais, a fim de oferecer subsídios para que a ciência deste problema evite impactos às instituições e aos trabalha- dores, por meio das ações reclamatórias que variam de uma simples queixa até a instala- ção de processos, os mais variados possíveis. Enfim, esta apostila não é uma obra iné- dita, trata-se de uma compilação de autores e temas ligados à ergonomia e fisiologia do trabalho e tomamos o cuidado de disponi- bilizar ao final da mesma, várias referências que podem complementar o assunto e sanar possíveis lacunas que vierem a surgir. Desejamos bons estudos a todos! 4 55 UNIDADE 2 - Infecções Hospitalares 2.1 História das infecções hospitalares É fato não somente noticiado em jornais e periódicos científicos, que ao longo de todos os períodos históricos, a medicina vem se de- senvolvendo de forma gradativa, de acordo com as características da sociedade, econo- mia da época e do local. Quanto aos fatos e descobertas que mais contribuíram na prevenção de doenças in- fecciosas, elas se situam com força no século XIX. Um dos mais importantes acontecimen- tos naquele século foi a descoberta da causa e consequência da febre puerperal, já conhe- cida por Hipócrates, mas que se tornou gra- ve no século XVIII, quando foram criados os hospitais urbanos, onde as gestantes eram internadas antes, durante e após o parto (RODRIGUES, 1997). Philipp Semmelweis foi quem primeiro percebeu a relação entre o grupo de pa- cientes e infecção. No hospital onde atua- va, implementou a separação de serviço de obstetrícia das demais unidades, numa ten- tativa de erradicar ou diminuir as infecções. Esta medida não surtiu o efeito esperado e, então, em 1847, estabeleceu compulso- riamente a lavagem de mãos para todos os integrantes da equipe de saúde. Com esta medida obteve resultados significativos em relação à medida anteriormente adotada re- fletindo-se na redução da mortalidade ma- terna. (RODRIGUES, 1997; STARLING; TAVA- RES, 1998). Por esta mesma época, Joseph Lister (1827–1912) passou a utilizar o ácido fêni- co, pulverizando-o no ar e, depois, procurou utilizá-lo para melhor desinfecção das mãos; instrumentais e campos cirúrgicos. Lister utilizava esta prática mesmo após Charles Chamberland ter criado a autoclave para esterilização por calor úmido sob pressão, muito utilizada nos laboratórios de microbio- logia; e Pasteur ter demonstrado que a este- rilização pelo calor era superior à desinfecção química dos instrumentos cirúrgicos (RODRI- GUES, 1997; STARLING; TAVARES, 1998). Mesmo com essas técnicas, as infecções hospitalares nas salas de cirurgia não conse- guiam ser controladas devido a não lavagem das mãos dos cirurgiões. Foi, então, que a enfermeira do hospital, Miss Caroline Hamp- ton solicitou a confecção de dois pares de luvas, à “Goodyear Rubber Company” sendo prontamente atendida. As luvas já eram uti- lizadas em cirurgia com a finalidade de pro- teger os médicos, todavia, para a proteção dos pacientes, como passaram a ser usadas a partir de 1890, foi uma conduta inovadora (RODRIGUES, 1997). No século XX, Alexander Fleming desco- briu a penicilina apartir dos efeitos de fun- gos. E na primeira metade do século XX até os anos 40, na era pré-penicilina, as infec- ções hospitalares eram causadas, predomi- nantemente, por Streptococcus pyogenes e pneumoniae. Com a introdução inovado- ra das sulfonamidas e da penicilina após a II Guerra Mundial, as infecções graves por es- treptococos e estafilococos passaram a ser tratáveis e curáveis. Mesmo com o uso das medicações anti-infecciosas, aumentava- -se cada vez mais o número de casos da re- sistência ao tratamento e da mortalidade. Em decorrência destes fatos, por meio da “American Hospital Association”, recomen- 6 76 dou-se a criação das “Comissões de Controle de Infecção Hospitalar”. Em 1962, criou-se a figura do enfermeiro, exclusivamente para o controle de infecção hospitalar no Reino Uni- do e, a cada 10 anos, realiza-se a “Interna- tional Conference on Nasocomial Infection” organizada pelo “Center for Disease Control and Prevention” (RODRIGUES, 1997). No Brasil, os primeiros relatos de infecção hospitalar, embora não se utilizassem estes termos, surgiram a partir de 1956, referin- do-se à esterilização do material hospitalar e ao uso indiscriminado e inadequado de anti- bióticos. A primeira Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) surgiu em 1963, no Hospital Ernesto Dornelles, no Rio Gran- de do Sul. As primeiras comissões multidis- ciplinares foram criadas na década de 1970, em hospitais públicos e privados, principal- mente ligados a escolas médicas. Em 1983, o Ministério da Saúde promulgou a Portaria nº 196 de 24 de junho, determinando que todos os hospitais do país deveriam manter CCIH. Já em 1985, foi publicado o “Manual de Controle de Infecção Hospitalar”, na tentati- va de delinear as medidas básicas, adaptan- do-se para a realidade nacional. No ano de 1987, a Portaria nº 232, do Mi- nistério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União, de 6 de abril de 1988, criava o Pro- grama Nacional de Controle de Infecção Hos- pitalar, que em 1990 viria a se transformar em divisão de Controle de Infecção Hospita- lar. Em 27 de agosto de 1992, o Ministério da Saúde expede, na forma de anexos, normas para o controle de infecções hospitalares, revogando a portaria 196, de 24 de junho de 1983 e edita a atual Portaria Nº 930 (LACER- DA, 1995). Mesmo que breve e sucintamente, cre- mos ter expostos os fatos mais relevantes que contam a trajetória do controle de in- fecções desde que despertou o interesse e preocupação dos médicos e que hoje encon- tram na CCIH um forte aliado para erradicar e combater a problemática das infecções hos- pitalares. 2.2 Definição O Center for Disease Control (CDC) define uma infecção hospitalar como qualquer in- fecção adquirida durante a hospitalização, que não esteve presente nem se incubou por ocasião da internação e não esteve rela- cionado com uma hospitalização anterior. Em outra definição, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), classifica a in- fecção hospitalar como aquela que é adqui- rida após a admissão do paciente na Unida- de Hospitalar e, que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando esta pode ser relacionada com a internação ou procedi- mentos hospitalares. De acordo com David (1998), a infecção é caracterizada pelo aparecimento, após 48 horas de internação, considerando preco- ces as infecções que surgem nas primeiras noventa e seis horas, e tardias quando está em processo de colonização microbiana por patógenos hospitalares. 6 77 UNIDADE 3 - Fatores de Risco para Infecções Hospitalares Segundo Sarria et al (1994), para que a infecção hospitalar exista, é necessário que haja a relação entre um microrganismo capaz de produzi-la, um vetor de transmissão e um hospedeiro susceptível. De acordo com Pereira et al. (2000), a as- sociação de doenças, procedimentos invasi- vos e fatores iatrogênicos por parte da equi- pe fazem com que os pacientes sejam mais acometidos de infecções. A resposta imu- nológica do paciente em terapia intensiva frente ao processo infeccioso é deficiente. A sua imunidade, os mecanismos de defe- sa estão comprometidos tanto pela doença motivadora da hospitalização quanto pelas intervenções necessárias para o diagnóstico e tratamento. Para David (1998), as principais causas das infecções são as condições clínicas do paciente, doenças de base, números ele- vados de procedimentos invasivos e falhas nas medidas e controle e prevenções das infecções. Infecções urinárias, pneumonias, feridas cirúrgicas, e os métodos invasivos, como os cateteres, a ventilação mecânica e cateteres intravasculares são responsáveis por grande número das infecções. Os fatores predisponentes à infecção hospitalar estão ligados à própria situação de saúde e doença, ou a métodos invasivos e ambientais aos quais o paciente está ex- posto. Os fatores relacionados a problemas de saúde estão ligados à terapia com es- teroides, transplante renal, transplante de medula óssea, fatores de imunodepressão, choque e queimaduras. Entre os fatores de risco devido ao uso de métodos invasivos de diagnóstico e trata- mento, os mais citados são: uso de cateteres, uso de ventilação invasiva, uso de nutrição parenteral, uso indiscriminado de antibióti- cos, uso de histamina e betabloqueadores (DAVID, 1998; SALOOJEE; STEENHOFF, 2000 apud LICHY; MARQUES, 2002). Somando-se a estes fatores, os autores abaixo também citados por Lichy e marques (2002), Kollef et al. (1999), acrescentam a resistência aos antibióticos como um fator contribuinte para o aumento da infecção hospitalar, somando- -se a isto, Schultz et al. (2001) consideram o fator idade como um predisponente à in- fecção. Pittet; Mourouga; Perneger (1999); Nogueras et al, (2001); Boyle; Henly; Larson (2001), afirmam que a lavagem das mãos é um dos mais importantes aspectos que elevam os índices de infecção hospitalar. Já Sharbaugh (2001), cita que os equipamen- tos são vetores de transmissão que propaga a infecção. Vejamos alguns fatores e/ou situa- ções predisponentes: a) Infecção urinária: consideram-se in- fecções urinárias as infecções nosocomiais, ou seja, adquiridas no ambiente hospitalar. É uma das doenças mais frequentes na UTI, acometem 2% dos pacientes internados, sendo responsáveis por 35% a 45% das in- fecções hospitalares. Aproximadamente 80% dos pacientes que contraem infecção urinária fazem uso de cateteres urinários, mesmo com emprego de técnica adequada de inserção do cateter vesical e uso de siste- ma de drenagem fechado, a colonização da urina na bexiga irá ocorrer em torno de 50% dos pacientes após 10 a 14 dias de cateteri- zação (ANVISA 2000). 8 9 Segundo Lichy e Marques (2002), o índice de mortalidade em decorrência do uso de ca- teter vesical é de 3,03%, índice este associa- do a permanência do paciente por mais de 10 dias na UTI. A maioria das infecções urinárias é cau- sada por bactérias, porém fungos e vírus, agentes mais raros, aparecem em situações especiais. As enterobactérias (Escherichia coli, Staphylococcus saprophiticus, Proteus sp, Klebsiella sp) são os microrganismos mais comum na UTI e podem atingir o trato uriná- rio por via retrógrada (ascendente), hemato- gênica ou linfática. A manipulação urológica através do cateterismo, endoscópios ou ci- rurgia podem levar os microrganismos para o interior do trato urinário e, neste caso, a fi- siopatogenia e a flora responsável são muito diferentes (LOPES; TAVARES, 2005). Segundo Angelino (2010), grande parte das infecções urinárias é assintomática, os sintomas mais frequentes são dores pélvi- cas ou hipogástrica, dor no flanco, disúria, náusea, vômito e febre. b) Pneumonia: é a infecção hospitalar que mais comumente acomete pacientes in- ternados em UTI, podendo ser de origem co- munitária ou nosocomial, associada à venti- lação mecânica. É definida como infecção do trato respiratório inferior, com envolvimento do parênquima pulmonar, adquirida em am- biente hospitalar, após48 a 72 horas de hos- pitalização (CARRILHO, 2004). Segundo o mesmo autor acima, é conside- rada precoce quando ocorre até o quarto dia e, tardia, quando tem início a partir do quinto dia. Essa classificação tem grande importân- cia para a diferenciação do agente etiológico e para a decisão quanto à terapêutica a ser instituída. Quando se faz o diagnóstico de pneumonia simplesmente com base em cri- térios clínicos, pode ocorrer grande proba- bilidade de risco, da utilização inadequada de antimicrobianos, devido a esse fato, faz- -se necessário a realização de técnicas mais sensíveis e específicas, tais como as culturas quantitativas para uma precisão no diagnós- tico. De acordo com David (1998), a pneumonia nosocomial aumenta a mortalidade (36% a 80%), principalmente quando é bacteriê- mica, a pneumonia nosocomial, em geral no paciente adulto, ocorre em 7 a 90/1000 e 7 a 46/1000 internações, respectivamente, e tem mortalidade de 6% a 58%. Segundo Angelino (2010), a pneumonia associada à ventilação mecânica é conse- quência da falta de equilíbrio entre os me- canismos de defesa do indivíduo e o agente microbiano, devido ao tamanho do inoculo ou virulência do microrganismo. Há quatro vias relacionadas à pato- gênese da pneumonia associada à ven- tilação mecânica: i. Aspiração do conteúdo orofaríngeo. ii. Contaminação do equipamento respi- ratório. iii. Transmissão de uma pessoa para ou- tra. iv. A disseminação hematogênica. A pneumonia associada à ventilação me- cânica também pode ser adquirida através de outros focos extrapulmonares como in- fecções pélvicas, feridas cirúrgicas e infec- ções a partir de cateteres vasculares (ANGE- LINO 2010). Segundo Fortuna et al. (2002), as ma- nifestações clínicas associada à ventilação mecânica podem ser: dispneia, astenia, fe- 8 9 bre, tosse, expectoração, emagrecimento, hemoptise e dor torácica. c) Ferida cirúrgica: pode ser classificada em superficial, profunda e de órgão ou cavi- dade, conforme definição. c.1) Superficial: é aquela que ocorre nos primeiros trinta dias do pós-operatório e en- volve unicamente pele e/ou tecido celular subcutâneo. c.2) Profunda: apresenta-se dentro dos primeiros trinta dias e, em caso de colocação de prótese, pode manifestar-se até um ano após o procedimento, podendo envolver te- cidos moles e mais profundos, fáscia e mús- culos. c.3) Cavidade ou órgão: inclui qualquer sítio anatômico relacionado com o procedi- mento, exceto a área da incisão cirúrgica. A infecção da ferida operatória é um risco inerente ao ato cirúrgico, sendo também sua complicação mais comum. Quase toda infec- ção de ferida cirúrgica é adquirida durante o ato cirúrgico, e a manifestação da infecção da ferida operatória se dá, em média, quatro a seis dias após o procedimento, observan- do-se edema, eritema e dor no sítio da inci- são com drenagem de secreção de aspecto purulento (MAIA, 2009). d) Métodos invasivos: cateteres são indispensáveis na prática da medicina mo- derna, particularmente em UTI, sendo, no entanto, importante fonte de infecção da corrente sanguínea primária, causa mais fre- quente de morbimortalidade (LICHY; MAR- QUES, 2002). A etiologia da infecção por cateteres é proveniente da via de acesso, pelo tempo de permanência do cateter, pelas mãos dos trabalhadores da saúde, pela flora da pele ou pela contaminação de uma outra parte ana- tômica. A colonização do sítio de inserção ou do canhão são as principais fontes. De acordo com os mesmos autores, a tro- ca dos cateteres periféricos a cada 48-72 horas, se faz necessária, pois reduz o risco de colonização e flebite. Para os cateteres centrais, esta troca rotineira não é benéfica à troca do sistema de infusão, devendo ser realizada a cada 72 horas, exceto quando fo- rem feito a infusão de sangue e derivados, emulsões lipídicas e outras soluções que fa- voreçam crescimento microbiano, quando os cateteres são inseridos usando mecanismos para segurança do profissional e do paciente como máscara, gorro, luvas estéreis, a dife- rença de casos é significante. e) Ventilação mecânica: é a administra- ção de oxigênio em pacientes impossibilita- dos de respirar ou quando essa atividade é realizada de forma exaustiva pelo mesmo. É um método usual na UTI, sendo utilizada em pacientes com insuficiência respiratória ou qualquer etiologia, dando suporte ao trata- mento da patologia-base pelo tempo que for necessário para reversão do quadro, portan- to não constitui um procedimento curativo, pode ser classificada em ventilação invasiva e não invasiva (SMELTZER; BARE, 2005). Para Lichy e Marques (2002), os pacientes submetidos a este procedimento estão de 6 a 21 vezes mais propensos a desenvolverem algum tipo de patologia respiratória. A ocor- rência de infecção pulmonar faz aumentar o índice de morbimortalidade independente da patologia do paciente. Para pacientes sob ventilação invasiva, o risco de desenvolver infecção cresce em 1% a cada dia de interna- ção. A ventilação mecânica invasiva trata-se de um procedimento que traz significativas 10 11 repercussões sobre os vários órgãos e siste- mas do paciente submetido à mesma, bem como está diretamente relacionada a com- plicações frequentes, algumas podendo ser potencialmente fatais, as sinusites, bron- queolites, broncopneumonias, traqueo- bronquite e pneumonia, são as complicações mais comumente relacionadas à ventilação mecânica (CINTRA, 2008 apud JÚLIO, 2013). f) Baixa imunidade: a terapia nutricional é peça fundamental nos cuidados dispensa- dos ao paciente crítico, devido às evidências científicas que comprovam que o estado nu- tricional interfere diretamente na sua evolu- ção clínica. A desnutrição progressiva de muitos pa- cientes sob cuidados intensivos, secundária a suspensão da dieta sólida e ao aumento das demandas metabólicas decorrentes de fatores como lesões teciduais, déficits de perfusão, febre e taquicardia resultam em diminuição da massa muscular e é predispo- nente para a aquisição de infecções hospita- lares (SANTOS et al., 2010). Segundo Ferreira (2007), o paciente críti- co, após a agressão, sofre uma série de alte- rações hormonais visando manter a home- ostase hemodinâmica. Fatores inerentes ao tratamento, como ventilação mecânica, uso de sedativos e fármacos vasoativos, tornam o suporte nutricional um desafio aos profis- sionais envolvidos. A via de administração da terapia nutricional, o tipo e a quantidade de dieta ofertada devem ser criteriosamente avaliados para diminuir o aparecimento de complicações. 3.1 Cateterização vesical Estudos apresentados por Lichy e Mar- ques (2002) mostraram que quanto à inci- dência de infecção associada ao uso de sonda vesical, a taxa média é de 20% nos pacientes com cateterização por mais de uma semana. O índice de mortalidade em decorrência do uso de cateter vesical é de 3,03, índice este associado à permanência do paciente por mais de 10 dias (MACHADO; OLIVEIRA; SILVA JUNIOR, 1998). A presença de cateter vesical no paciente significa possibilidade de infec- ção hospitalar com bacteriúria de até 5% por dia de sondagem, e as infecções do trato uri- nário representam a segunda maior causa de infecções hospitalares em UTI’s da Europa, e a primeira causa nos Estados Unidos (LEONI et al., 2001 apud LICHY; MARQUES, 2002). Os cuidados com os procedimentos de enfermagem devem ser otimizados, sendo estabelecidas regras quanto ao uso de anti- bióticos para o melhor controle da infecção do trato urinário. Segundo Fernandes; Ba- rata, (2002 apud LICHY; MARQUES, 2002), Silva; Pereira; Wey (1998), o sistema fecha- do é o mais recomendado para prevenir a infecção urinária relacionada ao cateter. O risco de infecção relacionada à cateteriza- ção reduz de 97% para até 8%, quando se emprega sistemas fechados de drenagem. Para Garibald (1987) e Stamm (1992 apud LICHY; MARQUES, 2002), dos pacientes que utilizam o sistema aberto, 100% podem ad- quirir infecção após 4 dias deuso, enquanto que quando utilizado o sistema fechado a porcentagem é de 50% após 7 a 10 dias de cateterização. Embora o uso do sistema fechado seja mais recomendado para a redução da infec- ção urinária, Leoni et al. (2001 apud LICHY; MARQUES, 2002) realizaram um estudo so- bre o índice de infecções relacionado ao tipo de cateter, comparando o uso do sistema fe- chado com o sistema aberto de duas entra- das. Os resultados demonstraram que não houve significância entre os dois sistemas 10 11 no que diz respeito ao aumento do índice de infecção, não justificando a sua utilização em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva. Na comparação das sondas de látex com as de silicone não foi observada diferença significativa, todavia, sondas impregnadas com liga de prata apresentam menor inci- dência de bacteriúria quando comparadas com sondas de látex, silicone, hidrogel e até mesmo com óxido de prata. Entretanto, as sondagens de curta duração não são in- fluenciadas pelo tipo de material empregado (BARATA; FERNANDES, 2002 apud LICHY; MARQUES, 2002). De acordo com Barata; Fernandes (2002); Leoni et al. (2001), não foi comprovada van- tagem de antissépticos para a limpeza do meato uretral prévia à sondagem. A apli- cação de soluções antissépticas no meato uretral não reduz o risco de infecção e a lim- peza vigorosa do meato pode aumentar sua ocorrência, sendo suficiente a manutenção da higiene local. A irrigação e instilação de antissépticos ou antimicrobianos, além de não prevenir infecção, expõe o paciente aos efeitos nocivos das drogas e à pressão sele- tiva dos microrganismos resistentes. Por ou- tro lado, Silva; Pereira; Wey (1998) afirmam que deve ser utilizada técnica asséptica, rea- lizando higiene íntima duas vezes ao dia com polivinilpirrolidona-iodo degermante (PVP- -I) e realizar antissepsia com PVP-I solução aquosa. Deve-se evitar a abertura deste sistema e, quando for manipulado, deve-se lavar as mãos e utilizar luvas de procedimento. O re- fluxo da urina é associado com infecção, por isso o saco coletor deve ser adequadamente posicionado em nível inferior ao corpo do pa- ciente. A adição de clorexidina ou de peróxi- do de hidrogênio no saco coletor não reduz a incidência de infecção, ele deve ser trocado apenas quando clinicamente indicado ou de acordo com as recomendações do fabrican- te. A sonda deve ser trocada apenas quan- do necessário, não existindo vantagens na sua troca periódica (BARATA; FERNANDES, 2002; GARIBALD, 1987 apud LICHY; MAR- QUES, 2002). 3.2 Ventilação invasiva Apesar de todo o avanço tecnológico pre- sente nas unidades de tratamento intensi- vo, a infecção pulmonar continua sendo a maior causa de morbi-mortalidade entre os pacientes que estão em ventilação mecâni- ca. Os pacientes submetidos a este procedi- mento estão de 6 a 21 vezes mais propensos a desenvolverem pneumonia. A ocorrência de infecção pulmonar faz aumentar o índi- ce de morbimortalidade, independente da patologia do paciente. Para pacientes sob ventilação invasiva, o risco de desenvolver infecção cresce em 1% a cada dia de interna- ção (MOHAMMED; HIJAZI, 2000 apud LICHY; MARQUES, 2002). De acordo com David (1998), a pneumonia associada à ventilação invasiva tem incidên- cia de 13% a 80% (2,6 a 6,2) dos casos por 100 dias de ventilação invasiva, também au- mentado o número de internação de sete a nove dias. Ainda, a mortalidade é de 20% a 75% dos pacientes sob ventilação invasiva. Entretanto, Mohammed; Hijazi (2000 apud LICHY; MARQUES, 2002) relatam que 27- 51% desenvolvem pneumonia com ris- co de mortalidade, e que a percentagem de mortes que não teriam ocorrido na ausência de infecção é de 33% a 50%. Os principais fatores de risco associados 12 13 à ventilação invasiva são: duração do trata- mento, reintubação, intubação emergencial, sonda nasogástrica, mudança frequente de ventilador, traqueostomia, posição supina do paciente, transporte do paciente para fora da UTI, pressão do balonete ou cânula, tratamento anterior com antibiótico, cirur- gia abdominal ou torácica, terapia inalatória, monitoração da pressão intracraniana, bron- coscopia, entubação nasotraqueal e aspira- ção de secreções (MOHAMMED; HIJAZI, 2000 apud LICHY; MARQUES, 2002). Nesse contexto, a educação dos profis- sionais de saúde é de fundamental impor- tância para a redução dos índices de infecção associado ao uso da ventilação invasiva. Es- tes profissionais devem seguir as recomen- dações das CCIHs. Alguns aspectos devem ser observados pela equipe de enfermagem, contribuindo assim na redução da infecção, citando: não trocar os circuitos do aparelho frequentemente, a troca a cada 24 ou 48 horas está mais associada à infecção do que a cada 7 dias; lavar as mãos e utilizar precau- ções em relação às secreções; desinfetar e esterilizar os nebulizadores; manter o pa- ciente em decúbito de 30 a 40º; usar másca- ra no contato com secreções (MOHAMMED; HIJAZI, 2000; GIROU, 2001 apud LICHY; MAR- QUES, 2002). No entanto, Echer; Onzi; Hoefel (1990) relacionam outras medidas a serem atendi- das pelo pessoal de enfermagem, como, por exemplo, realizar higiene oral 3 vezes ao dia, trocar conjunto de cânula de traqueostomia e cânula interna, trocar cadarço e curativo da traqueostomia ou da sonda endotraqueal, aspirar o paciente sempre que necessário, trocar sistema de aspiração a cada 6h e tro- car solução salina estéril a cada 24h. 3.3 Cateterização venosa central O uso de cateter venoso central (CVC) é a causa mais frequente de morbi-mortalidade nas UTI’s de todo o mundo e a mais importan- te complicação da nutrição parenteral (CO- OPERSMITH, 2002 apud LICHY; MARQUES, 2002). A etiologia da infecção por cateteres é proveniente da via de acesso, pelo tempo de permanência do cateter, pelas mãos dos trabalhadores da saúde, pela flora da pele ou pela contaminação de uma outra parte ana- tômica. A colonização do sítio de inserção ou do canhão, são as principais fontes. O princi- pal agente envolvido é o Staphylococcus epi- dermidis, mas o S. aureus e Candida sp, tam- bém aparecem como um agente importante. Estes microrganismos podem originar-se da contaminação a partir da flora cutânea, du- rante a inserção ou por migração ao longo do cateter e também das mãos da equipe ao contaminar o canhão (FERNANDES; BA- RATA, 2002 apud LICHY; MARQUES, 2002). Segundo os mesmos autores, veia subclávia tem um maior risco de infecção do que as veias jugular e femoral, mas de acordo com os autores Diener; Coutinho; Zocolli (1996), a inserção do cateter na veia jugular interna aumenta o risco de bacteremia relacionado ao acesso venoso central. A prática de técnicas assépticas apropria- das deve ser promulgada pelas organizações para o melhor controle da infecção, utilizan- do-se o máximo de precauções de barreira, prática esta que necessita do acompanha- mento e incentivo da educação continuada. Estudos demonstram que a reciclagem dos enfermeiros de UTI sobre os cuidados com o CVC, reduzem drasticamente a incidência de infecção (FERNANDES; BARATA 2002; CO- 12 13 OPERSMITH, 2002 apud LICHY; MARQUES, 2002). Os cateteres periféricos devem ser tro- cados a cada 48-72 horas, pois isto reduz o risco de colonização e flebite. Entretanto, para os cateteres centrais, esta troca roti- neira não é benéfica. A troca do sistema de infusão deve ser realizada a cada 72 horas, exceto quando forem administrados san- gue e derivados, emulsões lipídicas e ou- tras soluções que favoreçam crescimento microbiano (SALOOJEE; STEENHOFF, 2001; FERNANDES; BARATA, 2002 apud LICHY; MARQUES, 2002). Coopersmith (2002); Pearson (1997); Maki (1992); Gantz (1985 apud LICHY; MARQUES, 2002) relatam que quando os cateteres são inseridos usando- -se máscara, gorro, luvas estéreis, a dife- rença de casos é significante. Outra medida imprescindível quanto à prevenção de infecção associada ao uso de cateter venoso central é a limpeza e a an- tissepsia dapele no sítio de inserção do ca- teter, usando-se um efetivo antisséptico. Entretanto, os autores diferem quanto ao antisséptico mais adequado. Segundo Co- opersmith (2002 apud LICHY; MARQUES, 2002), a fórmula com a composição de glu- nato de clorexidine com álcool de isopropril foi aprovado recentemente pelo Food & Drug Administration (FDA) na preparação da técnica na passagem do cateter, a combi- nação da rápida ação do álcool com a persis- tente ação do clorexidine produz um melhor efeito. Para Krzywda (2002 apud LICHY; MAR- QUES, 2002), a solução adequada como antimicrobiano inclui a tintura de iodo, pol- vidine iodado, álcool ou clorexidine, como agentes isolados ou em conjunto. Chaiyaku- napruk (2002 apud LICHY; MARQUES, 2002) constatou em pesquisa que clorexidina deve ser o agente de escolha para os pacientes graves. Já Saloojee; Steenhoff (2001); Fer- nandes; Barata (2002), enfatizam o uso de clorexidine a 2% como sendo mais efetivo do que o polvidine a 10% e o álcool a 70% quando comparados quanto a incidência de bacteremia. A comparação da clorexidina aquosa com a alcoólica demonstrou vanta- gens desta última formulação, por combinar os benefícios da rápida ação germicida do álcool com a excelente ação residual da clo- rexidina. A aplicação de solventes orgâni- cos, como acetona ou éter, é contra indicada por aumentar a inflamação local e causar desconforto ao paciente (LICHY; MARQUES, 2002). 14 1514 UNIDADE 4 - Patógenos A sepse é uma causa importante de hospitalização, e a principal causa de morte em Unidades de Terapia Intensiva, tratando-se de uma síndrome de respos- ta inflamatória, motivada por um agente agressor, associada à infecção sistêmica. Os sinais e sintomas se apresentam de forma diversificada, sobretudo em pa- cientes graves cujas doenças são com- plexas e com frequência já estão em uso de antimicrobianos (BOECHAT; BOECHAT, 2010). Reafirmando o que já falamos, agora em palavras mais simples: as infecções tendem a se disseminar através de vários mecanismos, como as mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo, equi- pamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos. Muitos destes procedimentos são invasivos e nem sem- pre as técnicas são realizadas de modo a evitar a contaminação, elevando assim o risco de infecção do paciente (MACIEL; CÂNDIDO, 2010). De acordo com David (1998), os pa- tógenos mais comuns encontrados e envolvidos nas infecções do pacientes atendido na UTI são Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa; Staphylococ- cus aureus; Enterococcus spp. Vejamos um pouco mais sobre al- guns deles: a) Escherichia coli: são microrga- nismos procariotas, unicelulares. Foi descrita pela primeira vez em 1885 por Theodor Escherich, um bacteriologista alemão, que a designou como bacterium coli commune. O nome “Escherichia coli”, refere-se a um grupo de bactérias cons- tituído por diferentes estirpes que têm em comum várias características (gêne- ro: Escherichia; espécie: coli) (VELOSO, 2006 apud JÚLIO, 2013). É um microrganismo relativamente pequeno e simples. A sua dimensão típi- ca é de 0,5 μm de diâmetro e 1,5 μm de comprimento, apresentando uma forma de bastonete. b) Pseudomonas aeruginosa: é um importante patógeno humano que está frequentemente associado a infecções dentro da UTI acometendo, principal- mente, pacientes imunossuprimidos, pertence à família Pseudomonadaceae e apresenta-se na forma de bastonetes de 0,5 a 0,8 μm de largura por 1,5 a 3,0 μm de comprimento. É um bacilo Gram negativo, aeróbio, não-esporulado, não- -fermentador de glicose e móvel devido à presença de um flagelo polar, elas po- dem se visualizadas ao microscópio como isoladas, aos pares ou em cadeias curtas (FERREIRA; LALA, 2010). Em 1862, Luke descreveu pela primei- ra vez o microrganismo com a observação de pus de cor azul esverdeada presente em algumas infecções purulentas, sen- do a principal causa de infecções na UTI. As fontes de maior contaminação são os aparelhos de respiração, sistemas de he- modiálise, pias e artefatos de limpeza. A taxa de colonização em paciente que uti- liza o mecanismo artificial de respiração pode exceder 50%, sendo a causa mais 14 1515 importante de óbito dentro da UTI. Está diretamente ligada a infecções do trato urinário, peritonites em pacien- tes submetidos à diálise peritoneal. A disseminação desta bactéria é facilitada pela sua natureza ubíqua, o controle da infecções por pseudomonas aeruginosa exige o uso prudente de antimicrobianos e a prática da higienização das mãos diá- ria, as técnicas das limpezas do ambiente e dos equipamentos médicos (FERREIRA; LALA, 2010). c) Staphylococcus aureus: é um importante patógeno devido à sua viru- lência, resistência aos antimicrobianos e associação a várias doenças, incluindo enfermidades sistêmicas potencialmen- te fatais, infecções cutâneas, infecções oportunistas e intoxicação alimentar, se tornando ao longo dos anos cada vez mais frequente nas infecções na UTI (CRUVINEL; SILVEIRA; SOARES, 2011). São encontradas nas regiões da naso- faringe, fossas nasais, podendo causar infecções simples na pele até uma infec- ção de caráter mais grave profunda em pacientes debilitados por doenças crôni- cas, traumas físicos, queimaduras e imu- nossupressoras. Esta é uma das razões pelas quais as infecções estafilocócicas severas são mais frequentemente ad- quiridas na UTI. Indivíduos que carregam o staphylococcus aureus e não apresen- tam sintomatologia são conhecidos como portadores são ou assintomáticos, sendo considerada uma das principais fontes de transmissão tanto da infecção nosoco- mial, quanto da comunidade (CRUVINEL; SILVEIRA; SOARES, 2011). No Brasil, o número de infecções hos- pitalares causadas por Staphylococcus aureus corresponde de 40% a 80%, principalmente na UTI (VILELA 2009). d) Enterococcus: são bactérias co- mensal presentes na microbiótica do ho- mem, porém podem comportar-se como agente infeccioso principalmente em pacientes cujos fatores de riscos estão presentes. São patógenos oportunistas reconhecidos como causa importante de infecção na UTI. A terapêutica desta in- fecção tem se mostrando limitada, uma vez que os Enterococcus vêm adquirin- do resistência a vários antimicrobianos (FURTADO et al., 2005). De acordo com Vrajac (2005), as prin- cipais espécies de enterococos que cau- sam infecções no homem são Enterococ- cus faecalis (80 a 90%) e Enterococcus faecium (5 a 15%). A aquisição da infec- ção por enterococcus geralmente ocor- re a partir da microbiota endógena após manipulação do trato gastrointestinal, por transmissão cruzada através das mãos dos profissionais de saúde e atra- vés de equipamentos/artigos médicos (termômetros, estetoscópios) e superfí- cies (mesa, maçaneta, telefone, bandeja de medicação) contaminadas que servem como fontes de transmissão. e) Klebsiella: as espécies de Kleb- siella spp. podem causar vários tipos de infecções, principalmente hospitalares, e têm merecido destaque pelos seus variados e emergentes mecanismos de resistência, tanto por isso se destaca entre os patógenos causadores de in- fecções na UTI. Os fatores de riscos mais importantes encontrados são: ventila- ção mecânica, escores clínicos e cirurgia cardíaca. Este microrganismo aumenta 16 1716 drasticamente no ambiente hospitalar e causa infecções em diferentes órgãos e sistemas como no trato urinário e Siste- ma Nervoso Central (ALMEIDA, 2005). São encontradas em locais como água, solo, plantas e esgoto, sua colonização em seres humanos provavelmente ocor- re por contato com as diversas fontes ambientais e também pode ser encon- trada colonizando a orofaringe e fezes de pessoas sadias. Já no organismo de pes- soas imunocomprometidas esta bactéria encontra um ambiente propício para seu crescimento, levando aos quadros de in- fecções graves (OLIVEIRA et al., 2011). 16 1717 UNIDADE 5 - O Controle dasInfecções Vilela (2009) e vários outros autores reforçam que um terço das infecções hospitalares poderia ser evitado com programas de controle de infecção efe- tivos, contendo quatro itens principais: i. Programa de vigilância. ii. Um profissional de controle de infec- ção hospitalar para cada 250 leitos. iii. Pelo menos um epidemiologista trei- nado. iv. Treinamento para cirurgiões sobre risco de infecção em sítio cirúrgico. Igualmente, Pereira et al. (2000) asseve- ram que a UTI é o local onde se concentram pacientes clínicos ou cirúrgicos da mais alta complexidade, necessitando de monitoriza- ção e suporte ventilatório e controle de suas funções vitais pelo alto grau de complexi- dade que o paciente pode apresentar, logo, este perfil de paciente apresenta doenças ou condições clínicas predisponentes a in- fecções. Muitos deles já chegam à UTI com algum tipo de infecção de origem comunitária isto é, já presente ou incubada na época da ad- missão hospitalar, ou nosocomial, definida pelo aparecimento após quarenta e oito (48) horas de internação e, a absoluta maioria, é submetida a procedimentos invasivos ou imunossupressivos com finalidades diag- nóstica e terapêutica (PEREIRA et al., 2000). As condições em que chegam e as infec- ções que podem levar a óbito ou restabeleci- mento tardio da saúde nos levam à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). 5.1 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) A infecção hospitalar no Brasil constitui- -se em um problema de saúde pública, ne- cessitando de intervenções do setor público para a definição de parâmetros de controle. A criação das Comissões de Controle de In- fecções Hospitalares (CCIH) foi um marco, já que as mesmas passaram a desempenhar dentro das instituições as funções de con- trole dos processos e de educação da co- munidade hospitalar no que diz respeito às infecções (SANTOS et al., 2008). Apesar da formação multidisciplinar das CCIHs, grande parte da responsabilidade, tanto da prevenção quanto do controle das infecções, é assumida pelos enfermeiros tornando-se um desafio para estes pro- fissionais. Alguns aspectos constituem-se como pontos essenciais para o trabalho do enfermeiro da CCIH e, entre esses, desta- cam-se a promoção de debates, a realização de treinamentos e a divulgação de informa- ções para a equipe. Com o desenvolvimento destas ações, espera-se uma mudança de comportamento dos profissionais da área da saúde no que tange o controle das infecções hospitalares (PEREIRA et al., 2005). Além do conhecimento das tecnologias disponíveis para a identificação, o controle e o tratamento das infecções hospitalares, a equipe multidisciplinar da CCIH necessita de informações claras sobre a população aten- dida pelo serviço, os principais microrganis- mos identificados, os setores com maiores taxas de infecções hospitalares, entre ou- tros, possibilitando o planejamento de ações mais efetivas. 18 19 Silva e Santos (2001) nos lembram que uma das primeiras medidas de controle das infecções hospitalares foi a criação, na dé- cada de 1950, de Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), sob a recomenda- ção da Associação de Hospitais Americanos – American Hospital Association, que tinha por objetivo prover os hospitais americanos de um sistema que lhes permitisse apurar as causas das infecções nosocomiais e dotá-los de instrumentos necessários contra possí- veis ações legais movidas pelos pacientes. O entusiasmo pela vigilância epidemiológica das infecções hospitalares adentrou as dé- cadas seguintes com a implementação de novas medidas, objetivando prevenção e controle das infecções em âmbito hospitalar. A portaria 2.616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde (MS), conceitua a Co- missão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), como um órgão de assessoria à auto- ridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar. Ainda segundo o MS, a CCIH deverá elaborar, implementar, manter e avaliar o programa de controle de infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da institui- ção. Segundo Moura et al. (2008), até esta data, o Programa de Prevenção e Controle das infecções hospitalares do Governo Fede- ral, apresentava-se com capacidade limitada para modificar os indicadores de infecção hospitalar nos serviços de saúde pública do país e não contribuiu muito para mudanças de atitude dos profissionais de saúde que, simplesmente, realizavam os procedimentos de assistência aos pacientes sem atentarem para os devidos cuidados protocolados pelos órgãos de controle. Felizmente isto vem mu- dando. Boszczowaki (2007) exemplifica medi- das de controle iniciais para a infecção hos- pitalar, em destaque citando a importância do reforço de boas práticas de assistência, o que inclui higiene das mãos e adequação téc- nica em relação à inserção e manutenção de dispositivos invasivos. Estudos de Oliveira et al. (2010) apontam que as infecções hospitalares em UTI estão associadas, primariamente, à gravidade clí- nica dos pacientes e procedimentos invasi- vos, como o uso de cateter venoso central, sonda vesical de demora e ventilação mecâ- nica, uso de imunossupressores, período de internação prolongado, o próprio ambiente de UTI, prescrição de antimicrobianos, que favorece a seleção natural de microrganis- mos, e a colonização por microrganismos re- sistentes. Vimos anteriormente que as infecções hospitalares que ocorrem em UTIs geral- mente são causadas por microrganismos multirresistentes a antimicrobianos, sendo que os mais frequentes as Pseudomonas ae- ruginosa, Staphylococcus aureus resistente à meticilina, Acinetobacter baumannii, Kle- bsiella pneumonia e Escherichia coli , agen- tes estes destacados em estudos de Lima, Andrade e Haas (2007) e Oliveira; Kovner e Silva (2010). Os dados sobre infecção hospitalar no Brasil são pouco divulgados, com destaque para aqueles que dizem respeito aos recém- -nascidos. Muitos hospitais, principalmente os privados, não relatam esses índices, es- sencialmente por se tratar de um tema deli- cado. No entendimento de Oliveira (2013), a infecção hospitalar é um assunto que deve- ria ser mais explorado, e o controle de infec- ções em neonatos necessita de atenção es- pecial, não somente pelo fato destes serem 18 19 mais suscetíveis às infecções nosocomiais, como também para que se possa desenvol- ver métodos de prevenção e controle mais efetivos. Enfim, de acordo com a ANVISA (2012), o enfermeiro é o profissional mais requisitado na CCIH pelas tarefas que lhe são específicas. Além da vigilância epidemiológica teremos: - elaboração de normas e rotinas e super- visão do uso dos germicidas hospitalares; - supervisão do serviço de higiene e lim- peza hospitalares; - elaboração de normas e rotinas para pro- cedimentos hospitalares, como por exemplo, curativos; e, - controle dos egressos hospitalares. Com relação à responsabilidade da CCIH sobre os ambulatórios de um hospital, se estes forem do próprio hospital, a própria comissão de controle de infecção é atuante sobre eles; caso os ambulatórios sejam par- ticulares (cedidos), será necessário fazer um contrato para a atuação da comissão. Algumas estratégias para o combate às infecções passam pelos estudos pro- porcionados pela Epidemiologia e Vigi- lância, que seriam: conhecimento da própria realidade; identificação de fatores de risco; controle de surtos (uso de estudo caso controle); verificação da eficácia das medidas ado- tadas. 5.2 Controle bacteriológico na UTI Voltemos um pouco aos microrganismos... Em geral, os microrganismos conhecidos como Gram-negativos são menos sensíveis aos antibióticos que os Gram-positivos. São bacilos Gram-negativos: pseudomonas ae- ruginosa (microrganismo oportunista, facil- mente encontrado na água de umidificado- res, alimentos, respiradores), Klebsiella sp, Shigella sp, Escherichia sp e Proteus sp (ba- cilos intestinais,frequentemente presentes na porção uretral anterior e levados, pelo ca- teterismo, até a bexiga). Dentre os microrganismos Gram-positivos destacam-se Staphylococcus aureus (res- ponsável por lesões supurativas) e Strepto- coccus pyogenes. O fato de que infecções por Gram-negativos predominam em áreas de cuidados intensivos parece estar direta- mente ligado à presença de pacientes com falências de múltiplos órgãos, que os tornam altamente vulneráveis (GOMES, 2008). Para o controle bacteriológico, recomen- da-se hoje a organização de unidades com áreas de internação individualizadas (“bo- xes” fechados), com pequena mobilização da equipe entre um e outro paciente. A autoinfecção pode ser minimizada por um cuidado de enfermagem meticuloso, de- senvolvido por um pessoal em número ade- quado e altamente treinado, além de estar motivado a efetuar com atenção as ativida- des planejadas. Por exemplo, cuidados com cateteres nunca devem ser realizados logo após o manuseio de áreas contaminadas, como as colostomias; o uso de termômetros retais, como rotina, não deve ser estabeleci- do, pois está diretamente associado com o aumento das infecções por Gram-negativos. Gomes (2008) lista uma série de fatores importantes que se bem cuidados ajudam a 20 21 evitar a infecção. Vejamos: a)Fatores ambientais: As fontes ambientais de infecção devem ser controladas: uma cuidadosa limpeza da área de cuidados intensivos é necessária, a cada dia. Isto inclui uma total troca de equi- pamentos e material, quando um paciente deixa a Unidade. As limpezas de superfícies com sabão e água removem cerca de 80% dos organis- mos; desinfetantes removem de 90 a 95% (uma solução de hipoclorito de sódio a 1% é um bom desinfetante). Os visitantes devem ter uma área para sua recepção na Unidade, dotada de recursos para uma perfeita higienização das mãos; não há necessidade de se impedir a presença de visitantes para prevenir infecções. b) Sistemas de ventilação: Embora a instalação de sistemas de ven- tilação ou condicionadores de ar seja reco- mendada para o conforto dos pacientes e equipes de trabalho, provavelmente não contribui para a prevenção de infecção. Contudo, desde que presentes, recomen- da-se que tenham sistemas de exaustão ex- terna e que não recirculem o ar. c) Respiradores: Os respiradores (ventiladores) e seus cir- cuitos (umidificadores e tubulações) tam- bém são fontes de infecções e merecem atenção especial. Há alguns métodos satis- fatórios para a esterilização dos acessórios de respiradores. A exposição dos mesmos à autoclavagem é o melhor método, mas nem sempre aplicável. O uso de esterilização a óxido de etileno tem sido amplamente pre- conizado, mas é às vezes impraticável. Para se considerar o tempo gasto no processo de esterilização a óxido de etileno, cada respira- dor deve ter, pelo menos, três conjuntos de acessórios (umidificador e circuitos-pacien- te). Os acessórios dos respiradores devem ser trocados diariamente, e somente água des- tilada esterilizada deve ser usada nos umidi- ficadores. Uma alternativa na prevenção de infecção causada pelos respiradores é o uso de filtros de bactérias nos circuitos inspirató- rios e expiratórios. Durante um uso prolongado, recomen- da-se a troca do respirador a cada semana. Testes bacteriológicos devem ser feitos pe- riodicamente com a água dos umidificadores e nebulizadores. d) Soluções/preparados: As soluções antissépticas utilizadas nas áreas de cuidados intensivos e outros pre- parados (lubrificantes, anestésicos tópicos, cremes) devem ser acondicionados em pe- quena quantidade e desprezados após o uso. Cada paciente deve ter o seu conjunto de soluções antissépticas. A xylocaína geleia a 2%, usada em procedimentos invasivos (ca- teterismo vesical, entubação endotraqueal) deve ser nova e aberta com o uso de material esterilizado (agulha, por exemplo). e) Aspirações endotraqueais: As aspirações de traqueostomias e tubos endotraqueais implicam técnica asséptica (sondas de aspiração). O sistema de aspira- ção deve ser trocado diariamente por um ou- tro esterilizado. f) Infusões e cateteres: A administração de soluções e drogas através de cateteres (centrais ou periféri- cos) tem sido causa frequente do apareci- 20 21 mento de infecções sistêmicas em pacientes de áreas críticas. A frequente manipulação do cateter propicia a maior facilidade de contaminação; não é recomendável a admi- nistração de quaisquer tipos de drogas atra- vés da borracha do equipo de soro. O uso de torneira de 3 vias deve ser enfatizado para a administração concomitante de mais de uma solução; não deve ser mantida fechada, se não usada, porque funciona como um espa- ço morto, cheio de líquido, onde os microrga- nismos podem proliferar. Para uma maior segurança, os equipos utilizados nas infusões devem ser trocados a cada troca das soluções. O cateter é mantido livre de sujidades e qualquer umidade. O meio de minimizar o aparecimento de in- fecções através dos cateteres é o estabele- cimento de protocolos para a sua colocação e sua manipulação, baseados em cuidados de assepsia, frequente observação e remo- ção imediata dos mesmos a qualquer sinal de anormalidade (sinais de irritação venosa ou flebite, presença de secreção, hiperemia local). g) Drenos e coletores de urina: Os drenos devem ser acoplados a siste- mas de drenagem fechados (frascos e ex- tensões), trocados diariamente e esteriliza- dos. Os coletores de urina devem se constituir, também, em sistema de drenagem fechado. Os coletores providos de válvulas antirreflu- xo podem ser trocados a cada semana, se convenientemente manipulados (coletores e extensões não devem entrar em contato com o chão). h) Técnicas de isolamento: Precauções devem ser tomadas quando na Unidade há o aparecimento de doenças que exigem isolamento. Ao lado do isola- mento físico, faz-se um isolamento técnico, com medidas seguras nos cuidados de en- fermagem dispensados aos pacientes. i) Comadres, papagaios, recipientes para a medida de líquidos drenados e bacias: Devem ser de uso individualizado e con- servados limpos na unidade do paciente, de- vidamente protegidos. 22 2322 UNIDADE 6 - Papel do Enfermeiro na Prevenção de Infecções na UTI Considerando-se que ao enfermeiro cabe a administração da Unidade, além da sua atuação no planejamento, dire- ção, execução de cuidado de enfermagem e treinamento de pessoal, e que ele é o profissional que mantém contato direto e permanente com o paciente, torna-se ele- mento de vital importância na prevenção e controle de infecções (GOMES, 2008). Desse modo e nessa direção, a atuação do profissional de enfermagem, deve co- meçar já na fase de planejamento da Uni- dade e estender-se à prática das suas ati- vidades diárias. O enfermeiro, ao estabelecer normas e critérios para a implantação do serviço de enfermagem, deve estar conscientizado do grave problema das infecções. Exigem- -se dele conhecimentos científicos e pre- paro técnico adequado, que lhe garantam um suporte seguro para a determinação do trabalho a ser desenvolvido. Uma das suas funções abrange a ela- boração de rotinas e do manual de pro- cedimentos técnicos que, com base nos recursos existentes, devem visar ao aten- dimento das necessidades do paciente. Assim, deve-se considerar que, através da padronização das técnicas, dos proce- dimentos referentes ao preparo, desinfec- ção e esterilização de material e equipa- mento, da determinação do fluxo de lixo, de roupa, de alimentos, de material limpo e contaminado e de objetos, além das téc- nicas sobre a limpeza da Unidade, estará atuando, indiretamente, no combate às infecções. As rotinas quanto à circulação de pessoal, pacientes e visitas devem ser consideradas com igual importância. A participação do profissional de enfer- magem na seleção do material e equipa- mento a ser adquirido e na indicação de produtos químicos de maior eficácia, assim como a sua atuação posteriorno controle de qualidade dos mesmos são também ati- vidades relacionadas com a prevenção e o controle de infecções. A determinação quantitativa do pesso- al da equipe de enfermagem – que é fun- ção do enfermeiro – deve visar, principal- mente, à garantia de um padrão seguro de atendimento. A proporção adequada, fun- cionário/número de leitos, pode evitar que a sobrecarga de trabalho venha acarretar a diminuição da qualidade da assistência, com consequente aparecimento de infec- ções cruzadas. Após a organização do serviço e formu- lação teórica sobre o funcionamento da unidade, deve ser dada especial atenção ao programa de treinamento de pessoal, a fim de que os procedimentos a serem executados assegurem um cuidado eficaz, com o mínimo de riscos de contaminação para o paciente. Além do treinamento em serviço, im- prescindível para o desenvolvimento de qualquer atividade na UTI, a supervisão constante dos cuidados prestados e a ava- liação periódica da assistência de enfer- magem constituem fortes subsídios para a prevenção e controle de infecções, consi- derando-se que as taxas de infecções tam- bém dependem da atuação dessa equipe. 22 2323 A maior ou menor incidência de infec- ções constitui um índice de qualidade hos- pitalar, já que reflete o estado do paciente, as condições de diagnóstico, o critério te- rapêutico e os padrões de atendimento da instituição. A atuação do enfermeiro referente ao cuidado direto com o paciente in- clui, ainda: a) determinação de isolamento para ca- sos de grande contaminação; b) colheita de secreções e pontas de ca- teteres para cultura, sempre que exista a suspeita de processos infecciosos; c) padronização de impressos que faci- litem a verificação dos agentes causais de infecções de cada paciente; e, d) elaboração de mapas de medicamen- tos para o controle individual do uso de an- timicrobianos (GOMES, 2008). Baseando-se, pois, à assistência de en- fermagem no atendimento às necessida- des básicas do paciente e sendo uma delas a de segurança, o enfermeiro deve tentar suprir tal necessidade, procurando não ser ele o agente transmissor de infecções, e sim atuar como primeira linha de defesa no combate às mesmas. A prevenção da infecção cruzada deve ser um componente contínuo e integral do trabalho desenvolvido na UTI. A infecção pode ser controlada pela vigilância cons- tante e pela avaliação diária das condições de trabalho junto ao paciente crítico. Ainda sobre a participação do enfermei- ro na prevenção de infecções, Carvalho e Marques (1999) nos lembram que os pro- blemas, ditos universais, no controle de infecções ocorrem tanto em países desen- volvidos quanto nos demais e compreende número inadequado de pessoal, recursos financeiros inadequados, relutância dos funcionários do hospital em modificar con- dutas e uso excessivo de agentes antimi- crobianos. Por outro lado, os problemas mais agu- dos nos países em desenvolvimento são água contaminada, falta de materiais des- cartáveis (agulhas e equipamentos), falta de controle de sangue e seus derivados, suporte microbiológico inadequado, falta de medicação, manutenção inadequada dos equipamentos hospitalares, educação continuada ineficiente, barreiras culturais e sociais e interferência governamental. As principais patologias de base que fa- vorecem a ocorrência da infecção hospi- talar por afetar os mecanismos de defesa são: grande queimado; acloridria gástrica; desnutrição; deficiências imunológicas; bem como o uso de alguns medicamentos e os extremos de idade (CARVALHO; MAR- QUES, 1999). Também favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos invasivos terapêuticos ou para diagnósticos, poden- do veicular agentes infecciosos no mo- mento de sua realização ou durante a sua permanência (FERNANDES et al., 2000). Segundo Moura e Gir (2007), é de vi- tal importância sanar quaisquer dúvidas a respeito da propagação de bactérias mul- tirresistentes como uma forma de adesão dos profissionais de saúde às medidas de controle e prevenção de bactérias multir- resistentes. No entendimento de Machado (2001 apud BATISTA; HONÓRIO JUNIOR, 2012), 24 2524 todos os profissionais de saúde devem ter por objetivo a prevenção da infecção hos- pitalar e que para tanto, o conhecimento dos meios de transmissão e lavagem das mãos constitui algumas das medidas de prevenção e controle da infecção hospita- lar. De acordo com Cardoso e Silva (2004), deste o início da enfermagem moderna com Florence Nightingale, em 1863, sur- giu uma preocupação com a qualidade da assistência aos pacientes internados e do ambiente de internação. Florence propôs diminuir os riscos para infecção, e para que sua ideia tomasse forma, ela descreveu manuscritos onde relatou suas experiên- cias na Guerra da Criméia onde diminuiu o risco de infecção hospitalar, experiência que constituíram a base do conhecimento para a criação de seus inúmeros princípios e adoção de pesquisa epidemiológica das doenças infecciosas antecipando o perío- do bacteriológico. Os fundamentos de Flo- rence Nightingale até hoje são observadas para o controle das infecções hospitalares (LACERDA; EGRY, 1997). Turrini (2002); Aguiar et al. (2008) e Santos et al. (2008) afirmam que para o controle da infecção hospitalar (CIH), é im- portante a atuação efetiva da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) setor que emprega uma equipe de multi- profissionais, e que a enfermagem pode ser inserida contribuindo de forma ativa no controle e prevenção da infecção hospi- talar, além de favorecer uma qualidade na assistência ao paciente. As infecções hospitalares são multifa- toriais, e toda a dificuldade de como redu- zi-las, consiste na falta de informação e atualização dos profissionais de saúde so- bre a infecção hospitalar e de como intervir em situações de surto e de como manter sob controle as infecções dentro de uma instituição de saúde, a prevenção e con- trole deve ser resultado de um trabalho de equipe (AZAMBUJA; PIRES; VAZ, 2004; PE- REIRA et al., 2005). Enfim, a enfermagem pode atuar na CCIH contribuindo para a elaboração de medidas eficazes para o controle e preven- ção da infecção hospitalar e na vigilância destas medidas, por se tratar de uma ca- tegoria que por mais tempo acompanha a evolução do paciente e que também con- tribui com sua visão holística do mesmo identificando os pontos fracos inerentes ao tratamento ou atendimento. A partir da observância das medidas de controle e prevenção das infecções hospi- talares e de biossegurança e com adoção de protocolos elaborados por cada setor do hospital, a enfermagem pode direcionar sua atenção para melhorar estes protoco- los de assistência e de acordo com suas ob- servações e vivenciam diárias, cooperando desta forma para elevar a qualidade e efi- ciência dos serviços prestados pela equipe de enfermagem (BATISTA; HONÓRIO JU- NIOR, 2012). 24 2525 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BÁSICAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em servi- ços de saúde: higienização das mãos. Brasí- lia, 2009. GOMES, Alice Martins. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 3 ed. São Pau- lo: EPU, 2008. KNOBEL, E. et al. Condutas no paciente grave. 3 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2007. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ABEGG, Patricia Terron Ghezzi M.; SILVA, Ligiane de Lourdes da. Controle de infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva: estudo retrospectivo. 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Assepsia - É o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de microrganismos num ambiente, que logica- mente não os têm, logo, um ambiente assép- tico é aquele que está livre de infecção. CCIH - Para reduzir os riscos de ocorrên- cia de infecção hospitalar, um hospital deve constituir uma Comissão de Controle de In- fecção Hospitalar (CCIH), que é responsável por uma série de medidas como o incentivo da correta higienização das mãos dos profis- sionais de saúde; o controle do uso de anti- microbianos, a fiscalização da limpeza e de- sinfecção de artigos e superfícies, etc. Essa comissão deve: desenvolver ações na busca ativa das infecções hospitalares; avaliar e orientar as técnicas relaciona- das com procedimentos
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