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VERIFICAÇÃO DA DESLOCABILIDADE DA ESTRUTURA Estruturas de Edifícios I Prof. Marcos Arndt Referências: Araújo, J. M. Projeto estrutural de edifícios de concreto armado. 3 ed. Rio Grande: Dunas, 2014. Modelos de análise estrutural • A estrutura usual dos edifícios é constituída de um pórtico espacial ligado às lajes dos pisos (estrutura 3D formada por elementos unidimensionais e bidimensionais). Modelos de análise estrutural • Com os atuais recursos computacionais é viável realizar a análise tridimensional da estrutura considerando as cargas verticais e as forças horizontais devidas ao vento simultaneamente, além da inclusão de outros efeitos como não linearidades. Modelos de análise estrutural • Entretanto, com o objetivo de simplificar o projeto, é usual separar a estrutura em duas subestruturas: subestrutura de contraventamento e subestrutura contraventada. Subestrutura de contraventamento • Formada por elementos de maior rigidez, cuja função principal é resistir às ações horizontais. • Também resiste a uma parcela do carregamento vertical. • Deve possuir uma rigidez suficiente para garantir a indeslocabilidade horizontal do edifício. • Empregaremos o modelo de pórticos planos para carregamento horizontal e de vigas contínuas para carregamento vertical. Subestrutura contraventada • Resiste apenas ao carregamento vertical. • Os seus pilares, denominados de pilares contraventados, podem ser calculados como se fossem apoiados no níveis das lajes. Assim os efeitos de segunda ordem nesses pilares são localizados. • Empregaremos modelo convencional de vigas contínuas. Exemplo – Planta de Formas Exemplo – Pórticos de Contraventamento na Direção X Exemplo – Pórticos de Contraventamento na Direção Y Indeslocabilidade • Uma estrutura aporticada pode ser considerada indeslocável quando, sob a ação de forças horizontais, seus nós sofrem deslocamentos pequenos, que não geram esforços globais de 2ª ordem significativos. • Nesse caso, a estrutura toda pode ser analisada de acordo com a teoria de 1ª ordem, ou seja, desprezando-se a não linearidade geométrica. • Em geral, nos projetos usuais despreza-se também a não linearidade física. Indeslocabilidade • Deve-se salientar que apenas os esforços globais de 2ª ordem é que podem ser desprezados. Os esforços de 1ª ordem devidos às forças do vento devem sempre ser calculados. • Assim, após a obtenção dos esforços de 1ª ordem através de uma análise linear, considera-se cada pilar como uma barra isolada e articulada em suas extremidades, onde se aplicam os esforços obtidos na análise linear. Indeslocabilidade • Os efeitos locais de 2ª ordem são considerados na análise de cada tramo do pilar, como uma barra isolada. • Dessa forma, consegue-se uma razoável simplificação na análise estrutural. Definição das rigidezes • Os deslocamentos nodais, obtidos da análise como pórtico plano ou espacial, são muito dependentes da rigidez das vigas e dos pilares. • Os esforços solicitantes nas barras dos pórticos dependem da rigidez relativa das vigas e dos pilares. • A correta definição dessas rigidezes é uma questão sempre presente nesse tipo de análise. Definição das rigidezes • Usualmente, os esforços solicitantes são determinados através de uma análise linear, onde se consideram as rigidezes EcsIc para vigas e pilares. Com esses esforços realizam-se os dimensionamentos no ELU. Definição das rigidezes • Se o objetivo for determinar os deslocamentos da estrutura e os esforços de 2ª ordem no ELU, é necessário levar em consideração a redução de rigidez decorrente da fissuração e as plastificações do aço e do concreto que precedem a ruptura. Nesse caso, Araújo (2014) sugere adotar 0,35EcsIc para vigas e 0,70EcsIc para pilares (de acordo com as recomendações da ACI). A NBR 6118 adota valores maiores (EcsIc). Definição das rigidezes • Se o objetivo for determinar os deslocamentos horizontais característicos do edifício sob a ação do vento, nas combinações de serviço (ELS), é importante considerar a redução de rigidez das vigas devido à fissuração. Nesse caso pode-se adotar 0,50EcsIc para vigas e EcsIc para pilares. NBR 6118 • De acordo com a NBR 6118, a indeslocabilidade da estrutura pode ser comprovada através de 2 critérios: - Parâmetro de instabilidade a; - Coeficiente gz. Parâmetro de Instabilidade • De acordo com a NBR 6118 (2014): Uma estrutura reticulada simétrica pode ser considerada como sendo de nós fixos (indeslocável) se: n = número de andares acima da fundação ou nível pouco deslocável do subsolo; htot = altura total da estrutura, medida do topo da fundação ou de um nível pouco deslocável do subsolo; FV = soma de todas as cargas verticais de serviço (valor característico). O valor de Ic deve ser calculado considerando as seções brutas dos pilares. 𝛼 = ℎ𝑡𝑜𝑡 𝐹𝑉 𝐸𝑐𝑠𝐼𝑐 ≤ 𝛼1 𝛼1 = 0,2 + 0,1𝑛 , 𝑠𝑒 𝑛 ≤ 3 𝛼1 = 0,6 , 𝑠𝑒 𝑛 ≥ 4 Parâmetro de Instabilidade • Segundo a NBR 6118 (2014), o limite 𝛼1 deve ser alterado para: a) 0,7 quando o contraventamento for constituído exclusivamente por pilares- parede; b) 0,5 quando o contraventamento for constituído apenas por pórticos; c) 0,6 quando o contraventamento for constituído por associações de pórticos e pilares-parede. Parâmetro de Instabilidade • Esse parâmetro limita os efeitos globais de 2ª ordem a um máximo em torno de 10% dos respectivos efeitos de 1ª ordem na estrutura. • Quanto mais alto for o edifício e quanto maiores forem as cargas verticais, maior rigidez de contraventamento será necessária para garantir a indeslocabilidade. Parâmetro de Instabilidade • Para o cálculo do momento de inércia Ic, adotam-se apenas as seções transversais de concreto sem a inclusão das armaduras. • O módulo de elasticidade secante Ecs pode ser obtido por (CEB/90): 𝐸𝑐𝑠 = 0,85 . 21500 𝑓𝑐𝑘 + 8 10 Τ1 3 , 𝑀𝑃𝑎 Parâmetro de Instabilidade • Quando a rigidez do pilar de contraventamento varia ao longo do seu eixo, é necessário determinar uma rigidez equivalente. O mesmo deve ser feito quando o contraventamento é constituído por pórticos. • A rigidez equivalente é a rigidez de um pilar de seção constante, engastado na base e livre no topo, de mesma altura que a estrutura real, que, submetido ao carregamento horizontal da estrutura, apresenta o mesmo deslocamento horizontal no topo. Parâmetro de Instabilidade • O valor da rigidez equivalente depende do carregamento usado na análise. • Pode-se aplicar, por exemplo, uma força horizontal FH no topo do pilar ou do pórtico. Se U representa o deslocamento obtido na direção da força, então: 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 𝐹𝐻ℎ𝑡𝑜𝑡 3 3𝑈 Parâmetro de Instabilidade • Alternativamente, o pórtico pode ser carregado com uma força horizontal p, uniformemente distribuída ao longo da sua altura. Essa força uniforme é substituída por um conjunto de forças horizontais concentradas nos nós do pórtico, nos níveis das lajes. Se U representa o deslocamento horizontal no topo do pórtico, então: 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 𝑝ℎ𝑡𝑜𝑡 4 8𝑈 Parâmetro de Instabilidade (Araújo, 2014) • Araújo (2014) recomenda que, a estrutura com contraventamento exclusivamente formado por pórticos seja considerada indeslocável se: 𝛼 = ℎ𝑡𝑜𝑡 𝐹𝑉 𝐸𝐼𝑒𝑞 ≤ 𝛼𝑙𝑖𝑚 𝛼𝑙𝑖𝑚 = 0,66 1 − 0,39 𝑛 ≤ 0,62 Parâmetro de Instabilidade (Araújo, 2014) • Na análise dos pórticos para cálculo do deslocamento horizontal U, considera-se a rigidez 0,35EcsIc para vigas e 0,70EcsIc para pilares. • Para o cálculo da rigidez equivalente dos pórticos (carga uniformemente distribuída): 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 𝑝ℎ𝑡𝑜𝑡 4 8𝑈 Parâmetro de Instabilidade (Araújo, 2014) • Em todo caso, não deve ser esquecido que as alvenarias de vedação, não incluídas no cálculo, dão uma contribuição muito importante para a rigidez da estrutura. Dessa forma, resultará uma margem adicional de segurança em relação à deslocabilidade horizontal da estrutura. Aplicação Planta de formas do pavimento tipo Aplicação Pórticos na direção x: Contraventamento: (P1,P2,P3)(P8,P9,P10) (P11,P12,P13) (P18,P19,P20) Contraventados: (P4,P5,P6) (P15,P16,P17) Aplicação Pórticos na direção y: Contraventamento: (P18,P15,P11,P8,P4,P1) (P20,P17,P13,P10,P6,P3) Contraventados: (P19,P16,P12) (P9,P5,P2) Aplicação Como o sistema de contraventamento é formado apenas por pórticos: Para estimar a força vertical total Fv adotam-se os seguintes valores para a carga total de serviço por unidade de área: - lajes de piso: 12 kN/m2; - laje de forro: 10 kN/m2. Como o edifício possui 8 lajes de piso e 1 de forro, todas com área total de 184 m2: 𝛼1 = 0,5 𝐹𝑣 = 8𝑥12 + 1𝑥10 𝑥184 = 19504 𝑘𝑁 Aplicação Altura total da estrutura de contraventamento, do nível das fundações até a laje de cobertura (nível 2575): Para concreto fck = 25 MPa: ℎ𝑡𝑜𝑡 = 25,75m 𝐸𝑐𝑠 = 0,85x21500 25 + 8 10 Τ1 3 = 27208 𝑀𝑃𝑎 𝐸𝑐𝑠 = 272𝑥10 5 𝑘𝑁/𝑚2 Direção x – Pórticos (P1,P2,P3) e (P18,P19,P20) Direção x – Pórticos (P1,P2,P3) e (P18,P19,P20) Direção x – (P8,P9,P10) e (P11,P12,P13) Direção x – (P8,P9,P10) e (P11,P12,P13) Direção x Propriedades geométricas das seções transversais: Direção x Análise do pórtico 1 para FH = 100 kN no topo: U = 2,910 10-2 m 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 100. 25,753 3.2,910.10−2 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 19,56.10 6 𝑘𝑁𝑚2 Direção x Análise do pórtico 1 para p = 10 kN/m : U = 3,538 10-2 m 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 10. 25,754 8.3,538.10−2 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 15,53.10 6 𝑘𝑁𝑚2 Direção x Análise do pórtico 2: U = 3,215 10-2 m U = 3,949 10-2 m 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 13,92.10 6 𝑘𝑁𝑚2𝐸𝐼𝑒𝑞 = 17,70.10 6 𝑘𝑁𝑚2 Direção x Para carga concentrada: 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 2 19,56 + 17,70 10 6 = 74,52.106𝑘𝑁𝑚2 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 2 15,53 + 13,92 10 6 = 58,90.106𝑘𝑁𝑚2 Para carga distribuída: 𝛼 = 25,75 19504 74,52.106 = 0,42 < 0,5 𝛼 = 25,75 19504 58,90.106 = 0,47 < 0,5 Os 4 pórticos considerados são suficientes para garantir a indeslocabilidade em x. Direção y – (P18,P15,P11,P8,P4,P1) e (P20,P17,P13,P10,P6,P3) Direção y Propriedades geométricas das seções transversais: Direção y Análise do pórtico y para FH = 100 kN no topo: U = 1,682 10-2 m 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 100. 25,753 3.1,682.10−2 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 33,84.10 6 𝑘𝑁𝑚2 Direção y Análise do pórtico y para p = 10 kN/m : U = 2,007 10-2 m 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 10. 25,754 8.2,007.10−2 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 27,38.10 6 𝑘𝑁𝑚2 Direção y Para carga concentrada: 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 2 33,84 10 6 = 67,68.106𝑘𝑁𝑚2 𝐸𝐼𝑒𝑞 = 2 27,38 10 6 = 54,76.106𝑘𝑁𝑚2 Para carga distribuída: 𝛼 = 25,75 19504 67,68.106 = 0,44 < 0,5 𝛼 = 25,75 19504 54,76.106 = 0,49 < 0,5 Os 2 pórticos considerados são suficientes para garantir a indeslocabilidade em y. Aplicação - Conclusão Uma vez que a estrutura pode ser considerada indeslocável segundo as duas direções, permite-se calcular os esforços solicitantes de acordo com a teoria de primeira ordem (análise linear).
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