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CONCRETO ARMADO APLICADO EM PILARES, VIGAS PAREDE E RESERVATÓRIOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Comparar reservatórios elevados e apoiados no terreno. > Aplicar o método de cálculo por lajes isoladas. > Projetar reservatórios elevados e apoiados no terreno. Introdução No contexto dos sistemas de distribuição de água do Brasil, reservatórios para armazenamento de água são imprescindíveis para garantir o abastecimento dos usuários finais, bem como a reserva em caso de incêndio. O concreto armado é o material mais utilizado no Brasil para esse fim devido à sua fácil adequação a distintas formas, ao bom desempenho perante as solicitações e também por conta da permeabilidade adequada, o que acontece desde que a relação água/ cimento seja escolhida da forma certa com tecnologias aplicadas corretamente (NEVILLE, 2013). Ao mesmo tempo, o projetista deve estar apto a identificar as cargas atuantes e gerar um modelo estrutural coerente com a realidade de aplicação. As normas e as literaturas disponíveis devem, portanto, ser observadas para que o dimensionamento seja claro, com detalhamentos adequados, de modo a garantir a durabilidade da estrutura. Neste capítulo, você irá estudar sobre os tipos de reservatórios e quais as diferenças entre eles, verá como utilizar o método de cálculo das lajes isoladas e suas aplicações práticas no projeto de reservatórios elevados e apoiados. Reservatórios Igor José Santos Ribeiro Tipos usuais de reservatório Os reservatórios podem ser classificados de acordo com a distância entre a laje de fundo e o nível do terreno. Desse modo, temos os seguintes tipos: elevado, stand pipe, enterrado ou semienterrado e apoiado (Figura 1). Elevado: caracterizado por apresentar uma mesoestrutura que permite signi- ficativas elevações do reservatório em relação ao nível do terreno. Em geral esse tipo é muito utilizado como solução de abastecimento para apartamentos de edifícios devido ao ganho de carga hidráulica proveniente da elevação. Stand pipe: caracterizado pela sua geometria cilíndrica, trata-se de uma solu- ção comumente utilizada em condomínios residências e em polos industriais. Enterrado ou semienterrado: soluções não recomendadas pela NBR 5626, ABNT (2020) — Sistemas prediais de água fria e quente — devido ao grande potencial de contaminação da água potável. Porém, caso não exista outra solução, recomenda-se um afastamento de 60 cm de qualquer obstáculo, inclusive das paredes e do fundo. É importante frisar que, para classificar como semienterrado, a distância entre a altura máxima d’água interna e o nível do terreno deve ser maior que 1/3 da altura total do reservatório. Apoiado: solução também não recomendada pela Norma citada anteriormente, mas ela se distingue dos casos anteriores pelo fato de a laje de fundo estar apoiada no nível do terreno, não sofrendo a influência dos empuxos de terra laterais. Figura 1. Tipos de reservatório. Fonte: Santiago (2015, p. 9). Elevado Enterrado Semienterrado ≥ 1/3 Apoiado Aterro Stand pipe Reservatórios2 Disposições construtivas básicas Para que seja possível a construção de um reservatório de forma segura, alguns parâmetros mínimos devem ser atendidos: � existência de abertura mínima para inspeções e limpeza de 60 cm × 60 cm, de modo a evitar a entrada de água da chuva, animais e insetos; � laje mínima da tampa de 7 cm; � laje mínima de parede e fundo de 12 cm para reservatórios retangulares; � laje mínima de parede e fundo de 18 cm para reservatórios circulares; � mísulas horizontais e verticais que proporcionam maior rigidez nas ligações; � impermeabilização das superfícies de concreto que constantemente terão contato com a água; � reservatórios construídos dentro de poços drenados constantemente; � quando elevado, geralmente apoia-se o reservatório nos pilares da caixa de escada. Método simplificado de cálculo de esforços Existem diversas metodologias de cálculo para determinar tanto os esforços quanto o dimensionamento dos reservatórios, os quais podem ser manuais ou computacionais. No entanto, falaremos aqui, de uma forma simplificada, sobre a obtenção dos esforços atuantes no reservatório, dividindo-os em dois casos: elevado e enterrado. Antes disso, porém, ressaltamos que serão desprezados, na situação do reservatório enterrado, os efeitos de carga originados de empuxo devido a cargas acidentais de formas distintas de compactação, água acumulada na tampa e águas pluviais. Para os reserva- tórios elevados, são adotadas as mesmas desconsiderações cabíveis para essa situação, acrescentando, porém, o fato de não nos preocuparmos muito com a sua influência na estrutura do edifício. Parte-se do princípio de o foco é calcular os esforços no reservatório e não nas outras estruturas ao redor. Caso elevado Na engenharia civil, é importante estar sempre preparado para a pior hipótese de carregamento ou para a influência dos esforços. Para esse caso, adotou-se a condição do reservatório completamente cheio. O método é simplificado, pois considera as paredes, a tampa e o fundo como lajes isoladas e porque Reservatórios 3 logo em seguida é possível comparar os resultados com a análise de um software estrutural. � Carregamentos ■ laje do fundo – carga da tampa; – carga das paredes; – laje da tampa; – peso próprio; – sobrecarga; – revestimento; – laje das paredes; � empuxo d’água. Caso enterrado Você deve sempre estar preparado para a pior hipótese de carregamento ou para a influência dos esforços na Engenharia Civil, sendo assim, é preciso adotar a condição do reservatório vazio internamente para que nas paredes haja apenas a ação externa proveniente do solo e a condição do reservatório completamente cheio, desprezando as influências externas do solo nas pare- des. A seguir estão os carregamentos que você deverá levar em consideração. � Carregamentos ■ laje do fundo – carga da tampa; – carga das paredes; – laje da tampa; – peso próprio; – sobrecarga; – revestimento; – laje das paredes; – empuxo de terra (considerando tanque vazio); – empuxo d’água (considerando tanque cheio). Reservatórios4 Caso o reservatório esteja abaixo do nível do solo, lembre-se de verificar a sua capacidade de carga, bem como o ângulo de atrito (Figura 2). Figura 2. Carregamentos para o tanque vazio (à esquerda) e cheio (à direita). Considerações para o cálculo dos momentos Após estabelecer os carregamentos em cada laje, é necessário que você siga as seguintes etapas: � verificar a necessidade de armadura nas duas direções, adotando L1 > 2 × L2 para a armação em uma única direção; � estabelecer quais são as condições de apoio para cada situação; � aplicar as tabelas referentes à Teoria das Grelhas, pois se trata de um método simples para lajes usuais concretadas monoliticamente com as vigas; � obter os momentos nas lajes, sendo possível comparar os resultados com software estruturais (Figura 3). Reservatórios 5 Figura 3. Detalhamento dos momentos fletores nas lajes. Fonte: Adaptada de Araujo (2014a). 3,03 -3 ,0 3 -3 ,3 3 4,73 2,32 -4,73 -1,16 1,16 0,63 2,65 3,33 3,33 3,33 3,332,57 5,14 -5 ,14 -3,33 -4,73 6,04 4,72 -1,16 3,03 4,73 -3 ,0 3 -6 ,0 4 2,32 1,16 -3 ,3 3 -3,33 Caso o reservatório seja dimensionado para outros líquidos, ele poderá ser apoiado diretamente no solo, enterrado ou semienterrado. Modelo de cálculo Conforme Vasconcelos (1998), o projeto de estruturas envolve a concepção de um modelo idealizado, fruto do conhecimento e de habilidades do estru- turalista para que o sistema forneça boa predictibilidade e indicativos de uma boa representação da realidade física do problema em análise. Devido às dificuldades geradas na execução de outros formatos, a maioria dos reser- vatórios tem formato cúbico. Entre os distintos métodos analíticos disponíveis na literatura, você aprenderá, a seguir, um dos mais utilizados por fornecer bons resultados e de modo bem simples:o método das lajes isoladas. Para aplicá-lo, dividiremos o reservatório em tampa (uma laje), paredes (quatro lajes) e fundo (uma laje). Devemos observar, inicialmente, as cargas atuantes em cada uma dessas partes para então calcular as lajes, corrigir os momentos negativos nos bordos, ajustar os momentos positivos na laje de fundo e, por fim, verificar a abertura de fissuras, conforme indica a NBR 6118 (ABNT, 2014). Reservatórios6 Cargas nos reservatórios Agora que você já sabe as cargas que devem ser consideradas e já compreende que cada uma delas está sujeita a solicitações distintas, chegou a hora de aprender a calcular. A tampa está sujeita ao peso próprio, a uma carga aci- dental para lajes sem acesso ao público de 0,5 kN/m², conforme a NBR 6118, ABNT (2014), além do revestimento aplicado. A laje do fundo está sujeita ao peso próprio, ao revestimento e à pressão de água. Por fim, as paredes estão submetidas a uma carga triangular devido ao empuxo de água na parede. As relações que descrevem essas cargas são: 1. Cargas na tampa a) peso próprio = 25ht, onde ht é a espessura da tampa em metros; b) revestimento calculado de acordo com a espessura, tendo usualmente o valor de 1,0 kN/m²; c) acidental = 0,5 kN/m2. 2. Cargas no fundo a) peso próprio = 25hf, onde hf é a espessura da laje do fundo em metros; b) revestimento similar ao item 1b; c) pressão hidrostática γw × hw = 10hw kN/m2, onde hw é a altura de água e γw é o peso específico da água. 3. Carga na parede a) empuxo na parede, como carga distribuída triangular de máxima or- denada igual à pressão hidrostática (item 2c). As paredes e a laje de fundo devem ter largura mínima de 12 cm. A tampa tem largura mínima de 7 cm. Consulte a ABNT NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento para mais informações. Cálculo de lajes No cálculo das lajes, são avaliados diversos esforços no centro destas e nos bordos. Nesse modelo, uma laje se apoia na vizinha e consequentemente as reações de apoio são transferidas para as lajes vizinhas como solicitações. Explicando de uma forma simplificada, é comum separar as lajes de acordo com os vínculos como engastadas ou simplesmente apoiadas em suas bordas, calculando-as de forma isolada. Quando as placas de duas lajes têm uma ten- Reservatórios 7 dência de rotação no mesmo sentido, os momentos negativos reduzidos serão pequenos e você poderá considerar que uma está simplesmente apoiada sobre a outra, o que é representado por uma linha na borda. No entanto, quando você observar que as duas lajes giram em sentidos contrários, momentos negativos significantes serão desenvolvidos, o que implica a consideração de uma laje como engastada na outra. Esse fato é representado por um tracejado na borda. Para que você consiga entender ainda melhor, observe a Figura 4. Figura 4. Vínculos entre as lajes. Com as cargas calculadas na seção anterior, as dimensões da laje e as condições de contorno, você pode obter os momentos fletores aplicando o método de cálculo de lajes da sua preferência. Lembre-se sempre de observar se a carga da tabela utilizada é trian- gular no caso das paredes. As cargas em seus apoios são usualmente definidas como a carga total na parede (p3) dividida por 2. Composição de momentos Uma vez que as lajes foram calculadas separadamente, você pode se per- guntar: se as cargas são diferentes na parede, na tampa e no fundo e se as dimensões também podem ser diferentes, para uma mesma borda não seriam gerados momentos distintos no engaste? Nesse caso, qual devo conside- rar? A resposta é sim, os momentos são distintos. Para o dimensionamento, o momento negativo do engaste real pode ser obtido levando em conta a rigidez de cada placa, porém, uma vez que estes sejam próximos aos obtidos Reservatórios8 pela média dos momentos negativos entre as placas, seguimos esse proce- dimento por simplicidade. Logo, você utilizará os momentos negativos dados pelas equações apresentadas a seguir. Ligação entre as lajes fundo × parede 1 e 2: = ( + 1) 2 (1) Ligação entre as lajes de fundo e parede 3 e fundo e parede 4: = ( + 2) 2 (2) Ligação entre as lajes das paredes: = ( 1 + 2) 2 (3) onde Yf é o momento de engaste no bordo da laje do fundo, Y1 é o momento de engaste no bordo da parede 1 ou 2, Y2 é o momento de engaste no bordo da parede 3 ou 4, X1 é o momento de engaste no bordo da parede 1, e X2 é o momento de engaste no bordo da parede 2. Observe a Figura 5 para identificar a localização dos momentos, na imagem, as cores iguais indicam momentos iguais. Figura 5. Momentos entre as placas. Reservatórios 9 Uma vez que os momentos negativos são corrigidos nos engastes, a laje do fundo terá seus momentos positivos alterados. Segundo Araújo (2014a), ao admitir uma variação senoidal ao longo das bordas, aplica-se a tabela a seguir e então é calculado o aumento de momento por meio das equações (4) e (5): ∆Mx = 2 × (γx1∆X + γx2∆Y) (4) ∆My = 2 × (γy1∆X + γy2∆Y) (5) onde ∆X = X – Xf, e ∆Y = Y – Yf. Os coeficientes γx1, γx2, γy1 e γy2 estão dispostos no Quadro 1 de acordo com a relação entre os lados da laje de fundo. Quadro 1. Coeficientes para lajes retangulares com momento senoidal aplicada às bordas lx ly γx1 γy1 γx2 γy2 0,50 0,300 0,153 0,063 -0,011 0,60 0,244 0,162 0,090 -0,003 0,70 0,194 0,165 0,113 0,013 0,80 0,151 0,165 0,131 0,034 0,90 0,114 0,161 0,145 0,058 1,00 0,084 0,155 0,155 0,084 1,10 0,060 0,146 0,161 0,111 1,20 0,042 0,137 0,164 0,138 1,30 0,027 0,126 0,166 0,163 1,40 0,016 0,116 0,166 0,188 1,50 0,007 0,106 0,165 0,210 Fonte: Adaptado de Araujo (2014a). É importante ter em mente que, para qualquer laje considerada, reco- menda-se o dimensionamento das ligações para um momento mínimo equi- valente a 80% do maior momento no bordo. Reservatórios10 Verificação da abertura de fissuras O concreto é um material quase frágil, com baixa resistência à tração, e que, de acordo com estudos de Bazant et al. (2019), rompe de modo ainda mais frágil para peças de maiores alturas de seção. Tendo em vista as alturas das lajes de reservatórios e o meio agressivo da armadura neste, é essencial que a abertura de trincas seja verificada para garantir a estanqueidade da peça e, consequentemente, a durabilidade adequada (ARAUJO, 2014c; NEVILLE, 2016). A Norma Brasileira NBR 6118, ABNT (2014), prescreve que o menor dos dois valores obtidos pelas formulações a seguir devem ser comparados com os limites estabelecidos. 1 = 12,5 1 × × 3 2 = 12,5 1 × × ( 4 + 45) onde ϕi é o diâmetro da barra em análise (mm), η1 é o coeficiente de aderência, σsi (kN/cm²) é a tensão de tração do concreto fissurado, Esi é o módulo de elasticidade do aço (kN/cm²), ρri é a taxa geométrica de armadura, e fctm é a resistência média à tração do concreto em análise. Tendo em vista que, para os concretos usuais, você usará barras nervuradas CA-50, os valores Esi = 210 GPa e η1 = 2,25 são considerados. É importante estar ciente que, para essa verificação, σsi deverá ser calculada para combinação em serviço. O cálculo de ρri deve ser feito por meio da equação: = , onde As,ef é a área de aço adotada. Em seguida, você pode determinar a área de envolvimento da armadura (Acr) traçando retângulos de abcissa 15ϕ por altura a partir do centro da armadura de 7,5ϕ, conforme mostra a Figura 6. Reservatórios 11 Figura 6. Cálculo de Acr. Fonte: Pintos (2020). Para o reservatório, a NBR 6118, ABNT (2014), estabelece um limite de abertura de trinca de wk = 0,2 mm. Se você seguiu os passos e o resultado do menor valor entre w1 e w2 for inferior a 0,2 mm, o dimensionamento estará satisfatório, caso contrário, você deverá aumentar a área de aço e refazer a verificação. Lembre-se sempre de usar os coeficientes adequados para a combi- nação frequente em serviço. Consulte a norma ABNT NBR 6120: ações para o cálculo de estruturas de edificações, para mais informações. Projeto de reservatório Agora iremos calcular os momentosatuantes em cada placa do reservató- rio a partir da Teoria das Grelhas. Para isso, adotaremos como exemplo o reservatório em concreto armado elevado, sendo apresentados, na Figura 7, a planta baixa e o corte vertical (transversal). Reservatórios12 Figura 7. Laje para cálculo. Fonte: Adaptada de Araujo (2014a). Dados extras: � peso específico do concreto armado = 25 kN/m3; � revestimento = 1 kN/m2; � peso específico da água = 10 kN/m3; � carga acidental para a tampa = 0,5 kN/m2. Cargas nas placas Inicialmente, determinaremos as cargas atuantes na tampa, nas paredes e no fundo. Carga na tampa: � Peso próprio = 25 x 0,10 = 2,5 kN/m2; � Revestimento = 1,0 kN/m2; � Acidental = 0,5 kN/m2; � TOTAL = 4,0 kN/m2. Carga no fundo: � Peso próprio = 25 x 0,15 = 3,75 kN/m2; � Revestimento = 1,0 kN/m2; � Pressão hidrostática = 10 x 2,40 = 24 kN/m2; � TOTAL = 28,75 kN/m2. Reservatórios 13 Carga nas paredes: � Ordenada máxima da carga triangular d’água = 2,40 x 10 = 24 kN/m2. Esforços nas lajes isoladas Agora entraremos em um processo mais denso do cálculo, no qual se faz necessário o uso de tabelas de cálculo de lajes pelo método das grelhas. Primeiramente, deve-se selecionar a tabela adequada, observando a nomenclatura utilizada. Utilizaremos, aqui, as tabelas disponíveis em Araujo (2014a). Além disso, como forma de acelerar o processo de cálculo, quando lx/ly < 1, usaremos as equações apresentadas a seguir. = 0,001 � � � ( ) 4 ( flecha no centro da laje) = � ℎ 3 12 � (1 − 2) Mx = 0,001 � mx � p � (lx)2 (momento posi�vo no centro da laje) My = 0,001 � my � p � (lx)2 (momento posi�vo no centro da laje) Rx = 0,001 � rx � p � (lx)2 (reação de apoio) Ry = 0,001 � ry � p � (lx)2 (reação de apoio) Quando ly/lx < 1, usaremos estas equações: = 0,001 ∗ ∗ ∗ ( ) 4 Mx = 0,001 * mx * p * (ly)2 My = 0,001 * my * p * (ly)2 Rx = 0,001 * rx * p * (ly)2 Ry = 0,001 * ry * p * (ly)2 Reservatórios14 É imprescindível que você note que a nomenclatura das fórmulas dispostas acima é para a situação das bordas apoiadas e para os momentos no centro da laje. Quando existirem situações nas quais as bordas estiverem engasta- das, as reações e os momentos negativos serão calculados com as mesmas fórmulas, alterando somente os coeficientes para aqueles que representam a vinculação de engaste. Para que você possa utilizar as tabelas, primeiro devemos estabelecer as condições de contorno de cada placa. Confira a seguir. Tampa: � todas as bordas apoiadas; � carregamento distribuído retangular. Paredes 1 e 2: � uma borda apoiada e as demais engastadas; � carregamento distribuído triangular. Paredes 3 e 4: � uma borda apoiada e as demais engastadas; � carregamento distribuído triangular. Fundo: � todas as bordas engastadas; � carregamento distribuído retangular. Visando à organização dos dados, elaborou-se uma tabela com os resul- tados parciais obtidos referente a cada placa (Quadros 2 e 3). Reservatórios 15 Quadro 2. Momentos fletores atuando nas placas Parâmetro Tampa Paredes 1 e 2 Paredes 3 e 4 Fundo P (kN/m2) 4 24 24 28,75 Lx (m) 2,90 2,40 2,40 2,90 Ly (m) 4,90 2,90 4,90 4,90 Lx/Ly 0,59 0,83 0,49 0,59 Mx 86,9 15,80 20,60 38,20 My 40,7 10,30 5,80 14,90 Mx (kN.m/m) 2,92 2,18 2,85 9,24 My (kN.m/m) 1,37 1,42 0,80 3,60 Mxe 0,00 –34,60 –41,30 -78,40 Mye 0,00 –38,20 –45,10 -56,20 Mxe (kN.m/m) 0,00 –4,78 –5,71 -18,96 Mye (kN.m/m) 0,00 –5,28 –6,23 -13,59 Quadro 3. Reações de apoio nas placas Parâmetro Tampa Paredes 1 e 2 Paredes 3 e 4 Fundo P (kN/m2) 4 24 24 28,75 Lx (m) 2,90 2,40 2,40 2,90 Ly (m) 4,90 2,90 4,90 4,90 Lx/Ly 0,59 0,83 0,49 0,59 Mx 86,9 15,80 20,60 38,20 My 40,7 10,30 5,80 14,90 Mx (kN·m/m) 2,92 2,18 2,85 9,24 My (kN·m/m) 1,37 1,42 0,80 3,60 (Continua) Reservatórios16 Parâmetro Tampa Paredes 1 e 2 Paredes 3 e 4 Fundo Mxe 0,00 –34,60 –41,30 –78,40 Mye 0,00 –38,20 –45,10 –56,20 Mxe (kN·m/m) 0,00 –4,78 –5,71 –18,96 Mye (kN·m/m) 0,00 –5,28 –6,23 –13,59 Momentos negativos para dimensionamento Os momentos positivos devem ser corrigidos por intermédio da média dos valores obtidos com as lajes isoladas. = 1 + 2 2 = 4,78 + 5,71 2 = 5,25 = + 1 2 = 13,59 + 5,28 2 = 9,44 = + 2 2 = 18,96 + 6,23 2 = 12,60 Correção dos momentos positivos no fundo A correção dos momentos positivos é obtida por meio das seguintes equações: ∆Mx = 2 × (γ1x × ∆X + γ2x × ∆Y) ∆My = 2 × (γ1y × ∆X + γ2y × ∆Y) ∆X = 18,96 – 12,60 = 6,36 ∆Y = 13,59 – 9,44 = 4,15 ∆Mx = 2 × (0,24 × ∆X + 0,09 × ∆Y) = 3,85 ∆My = 2 * (0,162 * ∆X + 0 * ∆Y) = 2,06 A partir dos coeficientes de correção, os momentos no fundo serão: Mx = 9,24 + 3,85 = 13,09 My = 3,60 + 2,06 = 5,66 (Continuação) Reservatórios 17 Dimensionamento das armaduras Para o dimensionamento das áreas de aço, adotaremos algumas condições essenciais como: � as áreas de aço das lajes serão calculadas supondo que sejam capazes de resistir a um esforço de flexo-tração; � classe de agressividade ambiental II; � cobrimento nominal = 2,5 cm; � resistência à compressão do concreto → fck = 25 Mpa; � armaduras de aço da tampa = CA-60; � armaduras de aço do fundo/paredes = CA-50; � dimensões da tampa → b = 100 cm, h = 10 cm, d = 7 cm; � dimensões do fundo/paredes → b = 100 cm, h = 15 cm, d = 12 cm. A partir de todos os parâmetros acima e daqueles que são de conhecimento básico de qualquer profissional que atua na área, realizaram-se os cálculos das armaduras com base em duas fórmulas principais. Área mínima: As,mín = ρmín × Ac Sempre verifique a armadura mínima, pois muitas vezes ela é usada em reservatórios de concreto armado. Área principal: = × × × Após obter os dois valores de área, adota-se o maior deles com o intuito de estar em favor da segurança e, em algumas situações, facilitar o posi- cionamento da armadura no interior da peça antes da concretagem. Por fim, obtém-se a tabela final com os diâmetros de cada barra de aço e seus respectivos espaçamentos (Quadro 4). Reservatórios18 Q ua dr o 4. A rm ad ur as d o re se rv at ór io Di re çã o Lo ca l M k ( kN ·m /m ) N k (k N/ m ) A s ,m in (c m ²/ m ) A s (c m ²/ m ) A s a do ta da (c m ²/ m ) De ta lh am en to x Ta m pa 2, 92 11 ,8 7 1, 50 1, 22 1, 50 ∅ 5c . 1 3 y 1, 37 10 ,4 0 1, 50 0, 61 1, 50 ∅ 5c . 1 3 x Fu nd o 13 ,0 9 7,5 5 2, 25 4, 19 4, 19 ∅ 6, 3c . 9 y 5, 66 7,3 2 2, 25 1, 47 2, 25 ∅ 6, 3c . 1 3 x Pa re de s 1 e 2 2, 18 7,3 2 2, 25 2, 09 2, 25 ∅ 6, 3c . 1 3 y 1, 42 29 ,4 3 2, 25 2, 09 2, 25 ∅ 6, 3c . 1 3 x Pa re de s 3 e 4 2, 85 7,5 5 2, 25 2, 09 2, 25 ∅ 6, 3c . 1 3 y 0, 80 20 ,3 4 2, 25 2, 09 2, 25 ∅ 6, 3c . 1 3 Li ga çã o pa re de -p ar ed e 5, 25 – 2, 30 2, 09 2, 30 ∅ 6, 3c . 1 3 Li ga çã o fu nd o- pa re de 1 e 2 9, 43 – 2, 60 2, 09 2, 60 ∅ 6, 3c . 1 2 Li ga çã o fu nd o- pa re de 3 e 4 12 ,6 0 – 3, 80 4, 19 4, 19 ∅ 6, 3c . 9 Reservatórios 19 Na Figura 8 você encontra um detalhamento das armaduras necessárias na estrutura para paredes. Figura 8. Detalhamento das armaduras da parede. Fonte: Adaptada de Araujo (2014c). A seguir, na Figura 9, você pode ver o detalhamento das ligações entre as paredes. Observe que o número de barras e diâmetro é o mesmo, apenas o comprimento e a dobra se diferem. Figura 9. Detalhamento das ligações entre as paredes. Fonte: Adaptada de Araujo (2014c). 20xφ6,3c.13-70 cm 20xφ6,3c.13-210 cm Reservatórios20 Por fim, temos o detalhamento da laje de fundo e da tampa (Figura 10). Figura 10. Detalhamento das lajes de fundo e de tampa. Fonte: Adaptada de Araujo (2014c). Referências ABNT. ABNT NBR 5626: sistemas prediais de água fria e água quente: projeto, execução, operação e manutenção, Rio de Janeiro: ABNT, 2020. ABNT. ABNT NBR 6118: projeto de estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. ARAÚJO, J. M. Curso de concretoarmado: volume 2. 4. ed. Rio Grande: DUNAS, 2014a. Disponível em: http://www.editoradunas.com.br/dunas/V2.pdf. Acesso em: 27 jan. 2021. ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado: volume 4. 4. ed. Rio Grande: DUNAS, 2014b. Disponível em: http://www.editoradunas.com.br/dunas/V4.pdf. Acesso em: 27 jan. 2021. ARAÚJO, J. M. Projeto estrutural de edifício de concreto armado. 3. ed. Rio Grande: DUNAS, 2014c. Disponível em: http://www.editoradunas.com.br/dunas/V5.pdf. Acesso em: 27 jan. 2021. BAZANT, Z. P. et al. Dependence of fracture size effect and projectile penetration on fiber content of FRC. In: CONFERENCE SERIES MATERIALS SCIENCE AND ENGINEERING, 11., 2019, High Tatras. Annais [...]. High Tatras: IOP Publishing, 2019. Disponível em: https:// www.researchgate.net/publication/335191302_Dependence_of_fracture_size_effect_ and_projectile_penetration_on_fiber_content_of_FRC. Acesso em: 28 jan. 2021. NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. NEVILLE, A. M. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. Reservatórios 21 PINTOS, F. M. Deslocamentos limites e controle de fissuras em vigas segundo a NBR 6118 (2014). QiSuporte, 2020. 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São Carlos: EdUFSCar, 2014. PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme NBR 6118/2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Reservatórios22
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