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FUNDAMENTOS DA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
 
Siderly do Carmo Dahle de Almeida 
Alvaro Martins Fernandes Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
Siderly do Carmo Dahle de Almeida 
 
Doutora em Educação e Currículo pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (2012) é Mestre em Educação pela 
PUCPR (2006). Especialista em Gestão da Informação 
pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (1999) e em 
Educação a Distância pela Faculdade Educacional da Lapa 
(2009). É graduada em biblioteconomia pela Universidade 
Federal do Paraná (1988) e em Pedagogia pela Universidade 
Castelo Branco (2010). Desenvolve pesquisas e tem 
experiência na área de Educação, com ênfase em tecnologias 
e mídias educacionais, formação de professores, metodologia 
da pesquisa. Atuou na Prefeitura Municipal de Curitiba com 
Educação básica por 15 anos, entre 1991 e 2006, tendo neste 
período trabalhado com Educação Infantil e Primeiros anos 
do Ensino Fundamental, também implantou e coordenou 
os Faróis do Saber: bibliotecas de bairro instaladas nas 
Escolas Municipais e atuou na Coordenação Pedagógica das 
Usinas de Conhecimento, programa do governo instalado 
em alguns municípios do Estado do Paraná. Coordenou por 
6 anos o Núcleo de Aprendizagem e Aprimoramento para a 
Amadurescência da PUCPR e foi coordenadora de estúdio na 
EADCON, sendo responsável pela capacitação de docentes 
para atuar na Educação a Distância. Trabalhou na Unicesumar 
como Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação na área 
de Educação na modalidade a distância, e foi docente do 
Programa de Mestrado em Gestão do Conhecimento nas 
Organizações e Pesquisadora do Instituto Cesumar de Ciência, 
Tecnologia e Inovação (ICETI). Atualmente é Coordenadora e 
docente do Programa de Mestrado Profissional em Educação e 
Novas Tecnologias da Uninter. 
A
U
T
O
R
E
S
 
 
 
 
 
 
Alvaro Martins Fernandes Junior 
 
Doutorando em Educação: Currículo na PUC-SP. Mestre 
em Gestão do Conhecimento nas Organizações pelo Centro 
Universitário Cesumar - Unicesumar, na linha de pesquisa 
Educação e Conhecimento onde foi bolsista da Capes na 
modalidade I - PROSUP. Pós-graduado em EAD e Tecnologias 
Educacionais e em Gestão com Pessoas na mesma instituição 
e especialista em Marketing pelo Instituto Paranaense de 
Ensino-IEP. É bacharel em Comunicação Social com ênfase 
em Publicidade e Propaganda. Atuou como Tutor Mediador 
no Núcleo de Educação a Distância Unicesumar. É fluente 
em inglês. Foi voluntário na AIESEC Blagoevgrad (Bulgária) 
em 2010, onde trabalhou com projetos sociais nas escolas 
municipais da cidade por dois meses. Em 2011, foi trainee na 
Exevo India Ltda., trabalhando com pesquisa de mercado. Tem 
experiência com educação na modalidade a distância, atuando 
como docente em projetos de ensino, bem como docente, 
autor de livros didáticos e orientador de trabalhos de conclusão 
de curso na pós graduação. Atua como professor na Escola 
Superior de Educação da UNINTER - Centro Universitário 
Internacional. Atualmente é voluntário no projeto RH na 
Academia da ABRH-PR. 
A
U
T
O
R
E
S
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A educação a distância é uma modalidade de ensino intrinsecamente 
relacionada com as tecnologias digitais de informação e comunicação, tendo 
em vista as possibilidades de aproximação espaço-temporal que oferecem e, 
também, uma modalidade intencionalmente pedagógica, posto que objetiva 
particularmente o processo de ensino e de aprendizagem. 
 
Dando início ao nosso diálogo, faz-se necessário que compreendamos 
o significado da expressão “educação a distância”. Enquanto profissionais 
da área de educação, muitas vezes ouvimos falar em novos paradigmas 
educacionais, relevância das tecnologias de informação e comunicação em 
nosso campo de estudo, sociedade do conhecimento e práticas pedagógicas 
renovadas, tudo isso porque se compreendeu a importância da educação na 
vida das pessoas. 
 
Assim, a educação a distância vem ocupando cada vez mais espaço, 
ganhando evidência nos telejornais e outros meios de comunicação, 
apontando, em especial, para as oportunidades e os desafios pelos quais a 
modalidade vem passando. Toda essa mídia contribui, sobremaneira, para 
chamar a atenção da sociedade para essa modalidade que, no princípio, sofreu 
muito pela falta de credibilidade, mas hoje se encontra em franco processo de 
expansão. 
 
Não é nenhuma novidade que essa modalidade vem se apresentando 
como uma possibilidade de educação que pode satisfazer plenamente tanto o 
ensino formal quanto a formação técnica e profissional ou, ainda, a educação 
continuada e empresarial. 
 
No papel de alunos que somos e de docentes que queremos ser, é 
necessário e urgente que voltemos nossas reflexões para essa modalidade. 
 
Sejam todos bem-vindos! 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
06 | Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
16 | Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: 
Perfil Docente e Discente 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
28 | A Modalidade de EAD e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem 
 
 
 
CAPÍTULO 4 
41 | Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EaD 
6 PÁGINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• História da Educação a Distância no mundo 
• EAD no Brasil: o princípio 
• A televisão e a EAD no Brasil 
1 
CAPÍTULO 
BREVE HISTÓRICO DA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
NO BRASIL E NO MUNDO 
Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida 
Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 
Objetivos de aprendizagem 
 
• Apresentar um breve histórico da educação a distância no mundo 
• Explicar como a Educação a Distância desenvolveu-se no Brasil 
• Esclarecer o papel da televisão na EAD no Brasil 
 
Plano de estudo 
7 PÁGINA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Sabemos que o modo como as pessoas aprendem, vem sendo tema 
de pesquisas e de investigação há algum tempo, porém, apenas o “fenômeno” 
complexo denominado “educação” que temos visto sob o olhar da ciência, da 
arte e da tecnologia, e que se faz presente desde o início da civilização, ainda 
hoje suscita muitos estudos. 
 
A educação a distância foi normatizada, entre outros motivos, com 
o intuito de se levar educação formal a todo o Brasil, considerando o seu 
gigantesco espaço geográfico. Nas localidades distantes, a inexistência de 
instituições públicas e privadas para a educação superior significa a exclusão 
de grandes contingentes populacionais ao acesso e a permanência na 
Educação Superior e, consequentemente formação especializada. 
 
Nesse cenário, as universidades iniciaram um movimento de criação e 
oferta de cursos a distância, de naturezas diversas, com o objetivo de atender 
a demandas sociais: cursos de graduação, de pós-graduação, de extensão, 
técnicos, profissionalizantes, entre outros. Uma das questões que emergiu 
nesse movimento foi a necessidade de formação de professores. 
 
Deste modo, a maioria das instituições formadoras ainda não incorporou, 
nas práticas pedagógicas dos currículos, atividades suficientes e eficazes para 
a introdução das tecnologias na educação. Assim, existe uma necessidade de 
formação profissional docente para atender ao crescimento das atividades de 
EAD nas diversas instituições escolares. 
 
Temos ciência de que muitos elementos perpassam a educação a 
distância e todo o processo de ensino e de aprendizagem nessa modalidade. 
Vamos propor uma viagem virtual pelo tempo, enfocandocomo iniciou a 
educação a distância no mundo e, mais precisamente, no Brasil. Verificaremos 
a importância dos correios e dos meios de comunicação: jornal, rádio e 
televisão, que foram as principais mídias que permitiram que a EAD crescesse 
e pudesse democratizar a educação, tornando-se um caminho acessível e 
possível para toda a população. 
8 PÁGINA 
 
REFLITA 
Você sabia que os primeiros passos da EAD não foram dados por instituições 
de educação superior ou instituições tradicionais, como se poderia imaginar? 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO 
 
A Educação a Distância, tal qual a conhecemos hoje, parece ter nascido 
junto com a expansão da internet no final do século passado, porém, esta 
história iniciou muito antes disso. Vamos entender? 
 
Podemos considerar, de acordo com Nunes (2009), como uma das 
primeiras menções que se tem sobre a EAD uma propaganda publicada no 
jornal Boston Gazette, de Massachussets, em 1728, em que Caleb Phillipps, 
professor de taquigrafia, propunha ensinar suas técnicas semanalmente 
através do correio, mesmo para pessoas que morassem em outros locais. O 
anúncio prometia que qualquer pessoa poderia ser tão bem instruída como 
aqueles que viviam em Boston. 
 
De acordo com Dalmau (2014), em 1840, dessa vez no Reino Unido, 
Isaac Pitman propôs ensinar taquigrafia utilizando-se para isso do sistema 
postal inglês que oferecia baixo custo e grande alcance. Observamos que o 
correio foi, sem dúvida, um grande aliado para a distribuição de materiais 
didáticos na educação a distância. 
 
No ano de 1856, em Berlim, Toussaint e Langenscheidt criaram a 
primeira escola de línguas por correspondência. No ano de 1873, Anna Eliot 
Ticknor funda a Sociedade de Apoio ao Ensino em Casa em Boston. Em 
1891, Foster cria na Pensilvânia o Instituto Internacional por Correspondência, 
oferecendo um curso sobre medidas de segurança no trabalho para 
mineradores. (DALMAU, 2014) 
 
 
A EAD teve novo impulso depois da primeira guerra mundial, devido 
as necessidades socioeconômicas do período pós-guerra e ao incremento 
de tecnologias como o rádio e o cinema. Nos anos que se seguiram, a tv e 
os recursos audiovisuais desempenham papel fundamental na educação 
presencial e na educação a distância, aumentando consideravelmente as 
propostas de programas nessa modalidade. Entre os anos 50 e 60 do século 
passado, a instrução programada deixa sua marca e influencia as propostas de 
educação a distância no mundo todo. 
 
Em 1962, de acordo com Nunes (2009) surge na Inglaterra a fundação 
9 PÁGINA 
 
 
SAIBA MAIS 
Alguns pesquisadores propõem uma divisão na história da EAD segundo suas 
“Gerações”, relacionando-as com as tecnologias disponíveis em cada época. 
Simão Neto (2008) é um destes pesquisadores, propondo em seus estudos, 
três gerações: 
 
• Primeira Geração: Ensino por correspondência que se caracteriza por 
material impresso entregue pelo correio na casa (ou no local escolhido) 
de cada estudante. As instituições de ensino contratam um professor 
que se propõe a escrever passo-a-passo um determinado curso e o 
mesmo é moldado de modo a permitir que o aluno tome gradativamente 
suas aulas e aprenda um ofício, uma língua, ou seja, aquilo que foi 
proposto pelo curso. 
• Segunda Geração: Teleducação/Telecursos. Programas de rádio e 
TV que se comprometem a ensinar por meio de programas educativos 
nas grades de TVs comerciais, fitas cassete, videocassetes, 
concomitantemente com material impresso. 
• Terceira Geração: Ambientes virtuais de aprendizagem, que permitem 
que professores e alunos “conversem” em tempo real utilizando chats, 
fóruns de discussão, blogs etc. 
Open University que é considerada até hoje como a referência primeira na 
área. Ela estabeleceu um padrão de qualidade que contribuiu fortemente 
para que se superasse o preconceito com relação a modalidade a distância e 
colocou a EAD como possibilidade viável para a democratização da educação. 
Depois dela surge a Universidad Nacional de Educación a Distancia da 
Espanha (UNED), a FernUniversität da Alemanha e a Télé-Université, no 
Canadá. 
 
 
EAD NO BRASIL: O PRINCÍPIO 
 
No Brasil temos um cenário bem diverso no que se refere a história da 
EAD. Começamos com a oferta de bem-sucedidos cursos por correspondência 
como os oferecidos pelo Instituto Monitor e pelo Instituto Universal Brasileiro. 
O Projeto Minerva é um exemplo de curso oferecido pelo Rádio; o Telecurso, 
que existe até hoje, foi uma iniciativa da televisão; temos muitas instituições 
oferecendo educação a distância via internet e outras mídias. 
 
O Instituto Monitor foi a primeira escola no Brasil a oferecer educação 
a distância. Nicolás Goldberger, imigrante húngaro que chegou ao Brasil na 
década de 30, encantou-se com a dimensão do território e queria ajudar com 
o crescimento do país através da comunicação, representada naquela época 
pelo rádio. Nasceu assim o primeiro curso a distância que permitia que ao 
10 PÁGINA 
 
concluir o curso, o aluno fosse capaz de construir um rádio caseiro. A ideia 
era levar a possibilidade de ter uma profissão as pessoas mais carentes e que 
morassem em regiões distantes, desprovidas de outra forma de educação 
profissional. Em 1939 foi fundado o Instituto Radiotécnico Monitor sendo todos 
os seus cursos oferecidos por correspondência. (ALMEIDA, 2012) 
 
O Instituto Universal Brasileiro iniciou suas atividades em meados do 
século passado, utilizando como meio de divulgação revistas em quadrinhos, 
fotonovelas e outras publicações populares e se propunha a preparar pessoas 
oferecendo cursos profissionalizantes como corte-e-costura, eletricista, 
cabeleireiro, mestre de obras, entre outros. As pessoas que faziam o curso 
terminavam o mesmo com uma profissão e melhoravam sua qualidade de vida 
atuando na área escolhida. Era uma possibilidade real para aqueles que não 
podiam frequentar as salas de aula por precisarem trabalhar em tempo integral 
para manter suas famílias, mas vislumbravam ter uma profissão que lhes 
permitisse uma folga em seu orçamento doméstico. 
 
O Projeto Minerva iniciou em setembro de 1970, sob o comando do 
Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura. Seu 
nome era uma homenagem a Deusa grega da sabedoria. O site do projeto 
destaca como características essenciais o aporte para o incremento do sistema 
educacional, a complementação das tarefas propostas pelo sistema regular 
de ensino, a promoção da educação continuada, a divulgação de programas 
culturais, a elaboração de materiais didáticos e a avaliação dos resultados da 
utilização dos horários pela emissora de rádio. O rádio foi a mídia escolhida em 
função do baixo custo e da familiaridade dos ouvintes. 
 
Segundo Castro (2009), o mesmo contou com a seguinte estrutura: 
a) Recepção organizada - desenvolvia-se em radiopostos locais, onde 
30 a 50 alunos se reuniam, sob a liderança de um monitor, para 
ouvir a transmissão das aulas. O radioposto funcionava em escolas, 
quartéis, clubes, igrejas e outros locais. 
b) Recepção controlada - os alunos recebiam isoladamente a 
transmissão dos cursos reunindo-se semanal ou quinzenalmente 
sob a orientação do monitor, a fim de discutir ideias e dirimir dúvidas. 
c) Recepção isolada- os alunos recebiam emissões em suas casas. 
 
Castro (2009) explicita ainda que de outubro de 1970 ao mesmo período 
em 1971, 174.246 alunos participaram do projeto e desses, apenas 61.866 o 
concluíram. Observaram-se elementos negativos como evasões durante o 
curso e a avaliação que não foi efetivada, obrigando os alunos a fazer exames 
supletivosoferecidos pelo Departamento de Ensino Supletivo do MEC. 
 
 
 
 
11 PÁGINA 
 
A TELEVISÃO E A EAD NO BRASIL 
 
Considerando a televisão como mídia responsável pela educação a 
distância, observamos o seguinte histórico: 
 
Em 1978 a Fundação Roberto Marinho em parceira com a Fundação 
Padre Anchieta assinaram um convênio que permitia a realização do que seria 
o primeiro projeto de teleducação: o Telecurso 2º Grau. Foi a primeira vez 
que uma rede comercial de TV se lançava em um projeto educativo. No ano 
de 1981 foi a vez da Fundação Bradesco buscar parceria com a Fundação 
Roberto Marinho para oferecer o Telecurso 1º Grau que se destinava ao Ensino 
Fundamental em suas últimas 4 séries, tendo recebido apoio do MEC assim 
como da UnB – Universidade de Brasília. (FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO, 
2015) 
 
Novamente uma parceria com a Fundação Roberto Marinho, em 1994, 
dessa vez com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) 
criou uma proposta para quem não havia concluído o Ensino Fundamental ou o 
Ensino Médio: o Telecurso 2000. De acordo com dados expostos no site do 
Telecurso, o mesmo é reconhecido como uma metodologia que otimiza a 
qualidade na educação, tendo favorecido mais de 5,5 milhões de pessoas nas 
27.714 telessalas no país. (TELECURSO, 2017) 
 
De acordo com Markun (2010, p. 11), presidente da Fundação Padre 
Anchieta, 
 
Nos últimos anos, o avanço da tecnologia e o surgimento de novas mídias 
transformara a televisão, que no final dos anos 1960 era tecnologia de 
ponta, em parte de um complexo muito maior que envolve as tecnologias 
de informação e comunicação. Tais tecnologias oferecem inúmeras 
possibilidades: capacidade praticamente infinita de juntar informação; 
apresentação de conteúdos em diversos formatos; interatividade que 
permite a colaboração coletiva na produção desses conteúdos. 
 
Dessa maneira, hoje tornou-se imprescindível que a televisão, para 
acompanhar todo esse avanço, integre as várias mídias para produzir e 
estabelecer os conteúdos educacionais que pretende incluir em sua grade. 
 
O que se espera é a socialização do saber de modo a contribuir 
efetivamente para a melhora do nível de educação e, consequentemente, a 
melhora da qualidade de vida dos cidadãos em nosso país. 
12 PÁGINA 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesta nossa primeira unidade, verificamos que a Educação a distância 
via correio, foi a primeira forma pensada para tornar possível a educação em 
locais e horários distintos possibilitando que toda a população, independente 
do lugar onde vive de norte a sul do país, tenha acesso a educação de 
modo a poder melhorar sua qualidade de vida e, por conseguinte, a de sua 
comunidade. 
 
Vimos que a historia da EAD, segundo alguns pesquisadores, pode 
ser dividida em três gerações: uma primeira que abarca o ensino utilizando 
a correspondência como estratégia e servia-se de manuais escritos por 
professores para fundamentar os estudos de seus alunos, em um segundo 
momento contamos com a teleducação, que pode ser transmitida tanto por 
rádio quanto por televisão e, finalmente, a mais conhecida que faz uso de 
ambientes virtuais de aprendizagem e se caracteriza como a terceira geração. 
 
O Brasil apresenta um panorama bem distinto no que tange a 
composição histórica da EAD. Não há como falar dessa história sem mencionar 
os bem-sucedidos cursos por correspondência disponibilizados pelo Instituto 
Monitor e pelo Instituto Universal Brasileiro. Tivemos também a oferta do 
Projeto Minerva e, num passado recente, do Telecurso já como uma iniciativa 
da tv e que tem seu horário até hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
 
 
A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL 
Sandra Maria Castanho 
 
O Brasil tem passado por diversas transformações no campo educacional, as 
novas tecnologias tem proporcionado a aceleração do desenvolvimento da 
Educação a Distância (EaD) e uma maior transmissão de informações e 
instruções. Isto pode ser observado nas situações em que a educação 
convencional é de difícil acesso, seja pelas pessoas residirem em área 
geograficamente isolada ou por existir um déficit das condições sócio- 
econômicas que dificultam o acesso das mesmas aos cursos de ensino regular 
ou superior em período apropriado. A EaD também tem contribuído com 
aqueles que trabalham em horários que impossibilitam a freqüência em um 
curso presencial. O processo histórico da Educação a Distância foi marcado 
por experimentações, sucessos e fracassos. Sua origem foi caracterizada 
pela educação por correspondência iniciada no final do século XVIII e com 
ampla divulgação em meados do século XIX. A EaD tem sido adotada em 
diversos países e com várias possibilidades de atuação. Entre os propósitos 
da EAD tem aberta e continuada e uma educação que promove a cidadania. 
Assim, é neste final de milênio que surgem “os grandes sistemas de educação 
superior a distância, primeiramente na Europa e, em seguida, no Canadá, 
nos Estados Unidos e na Austrália”, para depois se expandir a todos os 
países desenvolvidos e para muitos países em processo de desenvolvimento 
(GUIMARÃES apud CASTANHO, 1997, p. 3). No que se refere a 
implementação da EaD no Brasil, destacamos a fundação das “Escolas 
Internacionais” em 1904, representando organizações norteamericanas. Um 
marco importante foi o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, 
noticiando na primeira edição da seção de classificados, anúncio que oferecia a 
profissionalização por correspondência (datilógrafo), isto comprova como havia 
tentativas em se buscar alternativas para a melhoria a educação brasileira 
 
Fonte: CASTANHO, Sandra Maria. A trajetória da educação a distância no 
Brasil. Disponível em http://www.indev.com.br/semana/trabalhos/2012/5.pdf 
 
 
 
LIVRO 
 
LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a 
Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. 
 
Composto por 60 capítulos escritos por especialistas brasileiros em EAD, este 
livro transmite ao leitor o conhecimento atingido pelas abordagens da educação 
a distância no país, considerando o contexto do cenário internacional de 
aprendizagem, tanto acadêmica quanto de treinamento corporativo. 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de. A TV pública e seu compromisso 
com a educação pública: o caso Escola 2.0. Tese (Doutorado) – Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo. Programa de Pós-graduação em 
Educação: Currículo, 2012. 
 
CASTRO, Marcia Prado. Projeto Minerva. Disponível em http://secbahia. 
blogspot.com.br/2009/03/projeto-minerva.html Acesso em 08 set. 2017. 
 
DALMAU, Marcos. Introdução à educação a distância. 3. ed. Florianópolis: 
Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2014. 
 
FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Linha do tempo. Disponível em http:// 
www.frm.org.br/linha-do-tempo/ Acesso em 08 set. 2017. 
 
MARKUN, P. Educação para um país mais justo e eficiente. In: ALMEIDA, F. J. 
de. Cultura é educação. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010. 
 
NUNES, Ivonio Barros. A história da EAD no mundo. In: LITTO, Fredric M.; 
FORMIGA, Marcos. Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: 
Pearson, 2009. 
 
SIMÃO NETO, Antônio. Cenários e modalidades de EAD. Curitiba: Iesde, 
2008. 
 
TELECURSO. Perguntas mais frequentes. Disponível em http://educacao. 
globo.com/telecurso/noticia/2014/11/perguntas-mais-frequentes.html Acesso 
em 8 set 2017. 
16 PÁGINAPlano de estudo 
 
• Conceituando a educação a distância 
• Distâncias e presenças 
• Ead e legislação brasileira 
2 
CAPÍTULO 
PROCESSO DE ENSINO E DE 
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO 
SUPERIOR: PERFIL DOCENTE E 
DISCENTE 
Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida 
Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 
Objetivos de aprendizagem 
 
• Conceituar educação a distância considerando-se todas as suas dimensões. 
• Distinguir o que são distâncias e o que são presenças no cenário da 
educação brasileira 
• Apresentar a legislação que rege a EAD no Brasil 
17 PÁGINA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Temos ciência de que muitos elementos perpassam a educação a 
distância e todo o processo de ensino e de aprendizagem nessa modalidade. 
Iniciemos por conceituá-la, prescindindo de conceitos importantes para a 
compreensão da mesma, por exemplo, o papel das tecnologias digitais de 
informação e comunicação, as principais características que a definem e as 
contraposições entre distâncias e presenças. 
 
Compreender a transitoriedade social que estamos vivendo, com a 
inserção de tecnologias de comunicação e informação, e demais fatores 
econômicos e políticos que contribuem para a transformação do tempo e do 
espaço, é imprescindível para que os educadores discutam a utilização, 
expansão e normatização da educação a distância dentro dos espaços 
escolares. 
 
A Educação a distância, sistematizada e propagada através do correio, 
vem formando pessoas há longo tempo, porém, podemos considerar que 
apenas nos últimos vinte anos começou a adquirir consistência, com a “era do 
conhecimento”. Mesmo com essa grande jornada, ainda tentamos estabelecer 
parâmetros específicos para essa modalidade de educação, e ainda ouvimos 
comparações com a educação presencial. Isso nos leva a refletir sobre a 
necessidade de haver muito estudo e pesquisa na área, buscando novas 
experiências em novos contextos. 
 
Para essa modalidade de educação, é preciso formar docentes hábeis 
para trabalhar em equipe, que se utilizem do conhecimento e criatividade 
coletivos, que se aproximem mais dos alunos, apesar da distância espaço- 
temporal, tendo todos os envolvidos nesse processo um objetivo fundamental: 
possibilitar que todos os cidadãos, independente do lugar em que vivem, 
em qualquer região do país, tenham acesso a educação de maneira a poder 
melhorar sua qualidade de vida e, por conseguinte, a de sua comunidade. A 
isso podemos chamar de democratização da educação. 
18 PÁGINA 
 
CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
Para muitos autores é possível caracterizar a EAD de acordo com o 
espaço físico, sugerindo que, se docente e educando não se encontram em 
um mesmo espaço, isto já significa educação a distância. Porém, quantas 
vezes nós mesmos enquanto alunos nos sentimos “ignorados” por nossos 
professores presenciais, que davam suas aulas sem se importar se estávamos 
compreendendo o que estavam falando, cumpridores de seu papel de 
“transmissores de conhecimento”? 
 
Belloni afirma que a „‟educação a distância é modalidade de ensino 
adequada às sociedades contemporâneas.‟‟ (2008, p. 3). Ao tornar-se um 
aspecto pedagógico inserido na realidade educacional, a EAD possibilita 
que as pessoas tenham condições eficientes e eficazes de compartilhar o 
conhecimento, debatendo, questionando e reformulando ideias, valores, 
percepções e experiências, sem a necessidade da palavra impressa e 
da presencialidade física. Isso supera a lógica das formas tradicionais 
de educação, como a obrigatoriedade do professor e do aluno em um 
mesmo ambiente físico, mas sem anular aquilo que é essencial: o conteúdo 
socialmente elaborado dentro de necessidades e interesses comuns. 
 
Assim sendo, o sistema educacional contemporâneo deve ligar-se 
diretamente a essa forma de produção do saber, sob uma concepção de ensino 
decorrente de um trabalho escolar realizado em sintonia com os novos tempos, 
acordos sociais e demandas institucionais. 
 
Nesse contexto uma expressão bem conhecida é “aprendizagem 
colaborativa”. É necessário que, para atuar à distância, o docente tenha 
vontade, vocação e conhecimento, tanto sobre o seu discurso quanto sobre 
a tecnologia que deverá dominar para propor um bom trabalho no ambiente 
virtual de aprendizagem. Devemos ainda levar em conta que não existe uma 
pedagogia própria para a EAD, e que somos nós, num processo colaborativo, 
que vamos construí-la. 
19 PÁGINA 
 
 
 
 
Os cursos de formação docente não preveem em seus currículos 
formação específica para docentes na modalidade EAD, sejam estes 
formadores responsáveis pelas aulas ou conteudistas, tutores e demais 
profissionais que se fazem necessários a área, isto constitui-se em um alerta 
sobre a necessidade de se repensar os currículos de formação de professores. 
 
 
DISTÂNCIAS E PRESENÇAS 
 
Quando nos referimos ao trabalho docente na educação a distância, 
um dos principais conceitos a ser repensado é o que diz respeito ao termo 
distância. Afinal, que distância é essa a qual estamos nos referindo? E quando 
pensamos em seu antônimo – presença – será que ela é mesmo o contrário de 
distância, ou seja, quem está presente, não está distante? 
 
Para nos ajudar nesta tarefa, vamos voltar ao dicionário. Ferreira 
(1986) evidencia distância como ”espaço entre duas coisas ou pessoas, 
intervalo; lonjura, longitude; separação, apartamento, afastamento”. Já no 
Houaiss (2008) temos como “um espaço muito grande que separa dois seres, 
dois lugares ou dois objetos”. Hum... então um espaço pequeno não significa 
distância. Será? 
 
Aqui gostaríamos de esclarecer que existem distintos tipos de distâncias 
que se fazem relevantes em muitas áreas, mas de modo bem especial quando 
tratamos da educação a distância. Ressaltamos que, em primeiro lugar, 
 
SAIBA MAIS 
Destacando a questão do conceito de EAD, Moore e Kearsley (2007) 
afirmam que EAD é: “O aprendizado planejado que ocorre normalmente 
em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas especiais de 
criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias 
e disposições organizacionais e administrativas especiais”.(MOORE; 
KEARSLEY, 2007, p. 2). 
 
Os autores enfatizam o aspecto geográfico e as exigências específicas 
no processo pedagógico, com formas próprias de docência e interação para 
essa modalidade de ensino, bem como abordam a necessidade de recursos 
que facilitem a comunicação. Ainda nessa concepção, percebemos que na 
educação a distância a gerência dos processos didáticos e pedagógicos é 
estruturada com base em equipes de profissionais que planejam e tomam as 
decisões pedagógicas e administrativas. 
20 PÁGINA 
 
devemos ponderar sobre a distância geográfica que separa os atores do 
processo educacional na EAD: professores e alunos. Essa distância possível 
de ser medida é um dos aspectos cuja superação determina a maioria dos 
programas na modalidade. 
 
Considerando-se que a distância geográfica e o uso de múltiplas mídias 
são características inerentes à educação a distância, mas não suficientes 
para definirem a concepção educacional, discute-se a educação a 
distância (EaD) não como uma solução paliativa para atender alunos 
situados distantes geograficamente das instituições educacionais nem 
apenas como a simples transposição de conteúdos e métodos de 
ensino presencial para outros meios e com suporte em distintas 
tecnologias. Os programas de EaD podem ter o nível de diálogo 
priorizado ou não segundo a concepção epistemológica, tecnologias de 
suporte e respectiva abordagem pedagógica. (ALMEIDA,2003, p. 327) 
 
Esses programas procuram alcançar o sujeito que vive em locais 
geograficamente afastados do local em que os professores se encontram para 
ministrar as aulas ou mesmo do local em que essas aulas são produzidas. 
Se levarmos em conta as pessoas com dificuldade ou mesmo que não tem 
meios de locomoção para os grandes centros, aquelas que muitas vezes se 
utilizam de bicicleta, barco, cavalo, ou ainda que andam quilômetros em busca 
de progredir em seus estudos, essa distância geográfica nem precisa ser tão 
grande. 
 
Outra distância a ser avaliada é a que se refere ao poder aquisitivo do 
aluno. É certo que, além do valor das mensalidades de um curso em uma 
instituição de ensino, devem ser considerados gastos com meio de transporte, 
alimentação, materiais de estudo, o que pode tornar a educação mais distante 
da realidade de muitas pessoas que concluem que a mesma não cabe em seu 
orçamento doméstico. 
 
É preciso falar ainda sobre a distância de papéis entre professor e 
alunos, pois alguns professores infelizmente se colocam em um patamar 
inacessível, não possibilitando o diálogo com seus alunos. Isso se torna mais 
frequente em cursos com turmas maiores em que o aluno não passa de um 
a mais na plateia, sendo ser passivo na construção de seu conhecimento, 
cabendo a ele apenas ouvir e repetir o que o professor disse. Simão Neto 
(2008, p. 17) chama esta de distância transacional: 
 
Esse tipo de distância pode ser mais comumente observado em grandes 
turmas que seguem modelos de ensino, como os cursos preparatórios 
para vestibulares e concursos. Neles, o aluno é apenas mais um membro 
da plateia a desempenhar o simples papel de receptor passivo das 
informações que o professor envia. Vale notar que o tamanho da turma 
não é uma condição para existir a distância transacional. Mesmo em 
turmas pequenas, nas quais o professor ainda segue metodologias 
expositivas responsáveis por afastá-lo dos alunos, as distâncias também 
podem ser muito grandes. 
 
21 PÁGINA 
 
REFLITA 
As mídias e tecnologias de informação e comunicação, a televisão interativa, 
o celular são alguns exemplos de tecnologias que permitem uma aproximação 
ainda que não física. 
O vocábulo distância pode também indicar para uma questão temporal 
e na EAD, isso é bem comum, afinal, o professor pode ter gravado uma aula 
na semana passada, no ano passado ou a mais tempo ainda. Por outro lado, 
se tomarmos a escrita como exemplo, podemos ler obras de autores que já se 
foram muitos anos de nós termos até mesmo nascido e muitas vezes tais obras 
podem ter conteúdos bem atuais. 
 
Aliás, o próprio conceito de distância está se transformando, como as 
relações de tempo e espaço, em virtude das incríveis possibilidades de 
comunicação a distância que as tecnologias de telecomunicações 
oferecem. Também o conceito de interatividade carrega em si grande 
ambigüidade, oscilando entre um sentido mais preciso de virtualidade 
técnica e um sentido mais amplo de interação entre sujeitos, mediatizada 
pelas máquinas. (BELLONI, 2008, p. 123) 
 
Agora que já pensamos nas questões que se referem as distâncias, 
vamos entender um pouquinho o conceito de presença? Entendida muitas 
vezes como antônimo de distância pois, se estamos presentes é porque não 
estamos ausentes, é preciso notar que presenças não excluem distâncias. 
 
 
 
EAD E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
 
Para entendermos o papel histórico da EAD em nosso contexto 
nacional, faz-se importante tomar conhecimento da legislação que a ampara. 
Há exatamente vinte anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - 
9394/96, instituía em seu art. 87 a chamada “Década da Educação” em que 
se pretendia promover a formação em nível superior de todos os professores 
em exercício, determinando ainda que “cada Município e, supletivamente, o 
Estado e a União, deverá (...) realizar programas de capacitação para todos 
os professores em exercício, utilizando também, para isto, os recursos da 
educação a distância”. (BRASIL, 1996). 
 
Muitos dos parágrafos da lei foram posteriormente revogados, no 
entanto, neste período, começam a surgir cursos de graduação na modalidade 
a distância, especialmente os de formação de professores – inicialmente o 
magistério superior e, após, a pedagogia, e também o curso de administração, 
para suprir a demanda existente. 
 
22 PÁGINA 
 
A Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED, em seu 
relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil – Censo EAD 2013, 
aponta que existem 1772 cursos regulamentados totalmente a distância 
oferecidos pelas instituições participantes do Censo, atingindo 692.279 alunos 
regularmente matriculados nestas mesmas instituições. (ABED, 2013, p. 68). 
Aqui não se contabilizam os cursos semipresenciais, cursos livres e educação 
corporativa que, somados aos cursos totalmente a distância contabilizam 
15.733 cursos e 4.044.315 alunos impactados. 
 
Ainda de acordo com o Censo da ABED, entre os principais obstáculos 
enfrentados pelas instituições participantes do Censo, está a resistência dos 
educadores à modalidade EAD, ou seja, vinte anos após a promulgação da lei, 
ainda se percebe uma oposição a modalidade de ensino. 
 
Observando a Lei 9.394/96, o artigo 80 é o primeiro a se mencionar 
a Educação a distância, exibindo o seguinte texto: “Art. 80. O Poder Público 
incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a 
distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação 
continuada. ” 
 
Salienta-se então que interessa ao Poder Público que se compartilhe 
o saber sistematizado por meio de currículos e programas de Educação a 
distância, levando o acesso e democratização do conhecimento em todos os 
seus níveis a todos os cidadãos. 
 
Nos parágrafos que acompanham este art. 80, é possível avaliar que a 
Federação organiza os regulamentos para que se concretizem os exames e 
futuros registros de diplomas em cursos que se realizem em tal modalidade. O 
artigo 82 faz referência aos estágios, indicando que as instituições de ensino 
devem sistematizar as normas para que estes se realizem, advertindo que tal 
estágio não constitui vínculo empregatício de qualquer natureza. 
 
Após quase dez anos da publicação da Lei 9.394/96, o Presidente da 
República estabelece o decreto que regulamenta o artigo 80, apresentando o 
seguinte texto: 
 
Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância 
como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica 
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de 
meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e 
professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos 
diversos. 
 
Assim, observamos uma definição para a EAD que apresenta a 
tecnologia como qualidade sine-qua-non para que o processo de ensino 
e de aprendizagem se efetive nessa modalidade observando-se inclusive 
a distância espaço-temporal como característica particular da mesma. No 
23 PÁGINA 
 
parágrafo primeiro do artigo, se estabelece que necessariamente na educação 
a distância, é preciso que haja momentos presenciais especialmente no que 
tange a avaliação dos educandos (BRASIL, 2005). 
 
A despeito de toda legislação e estudos sobre a modalidade, é preciso 
salientar que muitos cursos oferecem ainda uma visão tradicional de ensino, 
atendo-se mais as ferramentas oferecidas e as tecnologias empregadas para 
oferecer material aos alunos, remetendo-nos ao instrucionismo do início do 
século passado, importando-se muito mais com os aspectos do ensinar do que 
com as possibilidadese condições de o aluno aprender. 
 
A modalidade EAD necessita, baseada na democratização do 
conhecimento, ser aberta, espontânea, de vanguarda, criativa e global, pois 
se encontra em um permanente processo de mudança e sistematização 
desenvolvendo a competência de auto estudo e de análise da própria essência, 
assim como da natureza do outro, levando o sujeito que busca mudar o mundo 
a querer entender a si próprio e suas necessidades de transformação. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Averiguamos que os programas em EAD buscam alcançar o aluno 
que vive em locais geograficamente distantes do local em que os professores 
ministram as aulas ou do local em que tais aulas são geradas. A distância 
econômica também deve ser considerada, assim como, a distância de 
papéis entre professor e aluno, lembrando que, utilizando as tecnologias de 
informação e comunicação o professor pode estar presente ainda que distante. 
É essencial que as instituições de ensino e os educadores que desejam 
atuar com EAD considerem todas as formas de distâncias possíveis vistas, 
buscando tirar proveito de cada uma delas e não as vendo como dificuldades. 
 
Observamos que no portal do MEC temos a nossa disposição todas 
as diretrizes para os níveis de educação, desenvolvidos na modalidade à 
distância, incluindo aspectos como validação de cursos e emissão de diplomas. 
 
Abordamos os artigos da Lei 9.394/96 que regulamentam a Educação 
a distância no Brasil, e ainda alguns decretos e portarias que nos levaram a 
melhor compreender o que ampara a EAD em nosso país, como o artigo 80 
que é o primeiro a se referir a Educação a distância, o art. 82 que se refere 
a estágios, e o art. 87 que dispõe sobre a Década da Educação e em seu 
parágrafo 3º lembra da importância de cada Estado e Município disponibilizar 
cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos sem ou com insuficiente 
escolaridade e ainda promover cursos de educação continuada a todo o seu 
quadro de docentes em exercício, lembrando em seu artigo 4º que ao fim da 
Década da Educação só professores com habilidades em nível superior 
poderiam exercer a docência. 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
A legislação que trata da EAD 
Candido Alberto da Costa Gomes 
 
Quando se fechavam os portões das cidades medievais, permaneciam fora das 
suas muralhas muitas pessoas e grupos que tinham comportamentos 
desviantes ou indesejados, como indivíduos de modesta condição social, 
minorias étnicas, criminosos e exércitos inimigos. Embora parte deles tivesse 
admissão às urbes, dentro destas ficava a relativa „ordem‟; fora, a relativa 
„desordem‟. Essas tradições viajaram para o Brasil, tanto que o Rio de Janeiro 
foi envolvido por uma paliçada de barro, enquanto cidade provisória, e depois 
de pedra, em seu sítio definitivo. Se a „ordem‟ oferecia segurança, afastando 
flibusteiros, índios e contingentes de escravos, a flexibilidade da „desordem‟ 
ensejava relações e dinâmicas sociais novas que, depois, não raro adentravam 
as muralhas. A metáfora sugere que a EAD também nasceu fora dos muros 
da educação formal e convencional, utilizando desde a correspondência até 
as novas TICs. Atendendo a educandos situados a longa distância social e 
geográfica, sem um perfil muito claro, utilizando tecnologias pouco credíveis 
inicialmente, os nichos por ela encontrados foram os dos chamados cursos 
livres, na legislação brasileira. Se os saberes são estratificados pela sua 
valorização social, pode-se imaginar, no princípio, uma pirâmide em cujo 
topo se acha a educação acadêmica regular, abaixo, a educação de adultos 
e, em estrato inferior, a EAD (Gomes, 2005). O próprio termo, recente, depois 
de um meandro de outras denominações, patenteia a falta de definições e de 
reconhecimento social. Por essas e outras características, a sociologia 
organizacional já havia classificado a educação de adultos como uma área 
menos valorizada, alvo de recursos residuais, inclusive orçamentários. 
Embora este não seja o local para historiar a EAD, cabe lembrar o papel que 
os cursos livres profissionalizantes e os cursos de madureza desempenharam 
em seus primórdios. Como setor de pouco prestígio social, cabia à EAD o 
desafio de ser eficiente e bem-sucedida, isto é, buscar outro caminho para 
seu reconhecimento. Apesar da mistura do joio e do trigo, os bons cursos 
necessitavam atuar como a mulher de César, sendo e parecendo honestos. 
Esse status extramuros foi confirmado pelas leis orgânicas do ensino, que 
articularam e deram unidade à educação formal, segundo a arquitetura 
centralista e autoritária do Estado Novo. O mesmo foi ratificado pela primeira 
LDB (no 4.024, de 20 de dezembro de 1961) e pela lei no 5.692, de 15 de 
agosto de 1971. Essas duas últimas abriram porta estreita, construída para a 
exceção e não para a regra: a primeira, pelo artigo 104, permitiu a organização 
de cursos ou escolas experimentais, dependendo de autorização caso a 
caso do CEE, ao se tratar dos cursos primários e médios, e do CFE, quando 
 
PÁGINA 25 
cursos superiores. A lei no 5.692 não só manteve em vigor o dispositivo, como 
também dispôs que os conselhos de educação pudessem autorizar 
experiências pedagógicas com regimes diversos. Mais ainda, determinava que 
os cursos supletivos fossem ministrados também por meio do rádio, televisão, 
correspondência e outros meios de comunicação que permitissem “alcançar o 
maior número de alunos”. A concepção larga de ensino supletivo, abrangendo 
a educação continuada, vislumbrava novos horizontes e visava a ampliação do 
acesso. No entanto, os estudos supletivos estavam sujeitos a exames externos 
para terem validade. Desse modo, a EAD passava a contar com uma espécie 
de conta-gotas, processo a processo, contando com o notório saber dos 
colegiados. De certo modo, aproximava-se dos muros, porém não ingressava 
nos recintos urbanos fortificados. 
 
Fonte: GOMES, Candido Alberto da Costa. A legislação que trata da EAD. 
In: LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a Distância: o estado 
da arte. São Paulo: Pearson, 2009. Disponível em http://www.abed.org.br/ 
arquivos/Estado_da_Arte_1.pdf Acesso em 05 set. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
 
MEC atualiza regulamentação de EaD e amplia a oferta de cursos 
 
Para ampliar a oferta de cursos de ensino superior no país, o Ministério 
da Educação (MEC) publicou nesta quarta-feira, 21, portaria que regulamenta o 
Decreto nº 9057, de 25 de maio de 2017, com o objetivo de ampliar a oferta de 
cursos superiores na modalidade a distância, melhorar a qualidade da atuação 
regulatória do MEC na área, aperfeiçoando procedimentos, desburocratizando 
fluxos e reduzindo o tempo de análise e o estoque de processos. 
 
A portaria possibilita o credenciamento de instituições de ensino superior 
(IES) para cursos de educação a distância (EaD) sem o credenciamento para 
cursos presenciais. Com isso, as instituições poderão oferecer exclusivamente 
cursos EaD, na graduação e na pós-graduação lato sensu, ou atuar também 
na modalidade presencial. O intuito é ajudar o país a atingir a Meta 12 do 
Plano Nacional de Educação (PNE), que determina a elevação da taxa 
bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida em 33% 
da população de 18 a 24 anos. Na mesma linha, as IES públicas ficam 
automaticamente credenciadas para oferta EaD, devendo ser recredenciadas 
pelo MEC em até 5 anos após a oferta do primeiro curso EaD. 
 
Fonte: BRASIL. Ministério daEducação. MEC atualiza regulamentação de 
EAD e amplia a oferta de cursos. Disponível em http://portal.mec.gov.br/ busca-
geral/212-noticias/educacao-superior-1690610854/50451-mec-atualiza- 
regulamentacao-de-ead-e-amplia-a-oferta-de-cursos Acesso em 05 set. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
ALMEIDA, M. E. B. Tecnologias e gestão do conhecimento na escola. In: 
 . Gestão educacional e tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003. 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (ABED). Censo 
EAD 2013 Disponível em: <http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento. 
asp?Documento_ID=183>. Acesso em: 27 ago. 2017. 
 
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. Campinas: Autores Associados, 
2008. 
 
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes 
e bases da educação nacional. Brasília, 20 dez. 1996. Disponível em: <http:// 
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 14 ago. 2017. 
 
BRASIL. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o Art. 80 da Lei 
n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional. Brasília, 19 dez. 2005. Disponível em: <http:// 
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>. 
Acesso em: 14 ago. 2017. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua 
Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
 
HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2008. 
 
MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São 
Paulo: Thomson Learning, 2007. 
 
SIMÃO NETO, Antônio. Cenários e modalidades de EAD. Curitiba: Iesde, 
2008. 
28 PÁGINA 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
A MODALIDADE DE EAD E 
OS AMBIENTES VIRTUAIS 
 DE APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida 
Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 
 
 
Objetivos de aprendizagem 
 
• Analisar o papel do aluno enquanto protagonista em um Ambiente Virtual de 
Aprendizagem. 
• Verificar o papel do professor no Ambiente Virtual de Aprendizagem 
• Compreender o significado de aprendizagem colaborativa na Educação a Distância. 
 
 
Plano de estudo 
 
• Ambiente virtual de aprendizagem: o aluno como protagonista 
• O professor e os ambientes virtuais de aprendizagem 
• Ambientes virtuais de aprendizagem e aprendizagem colaborativa 
3 
CAPÍTULO 
29 PÁGINA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Quando refletimos sobre a modalidade de Educação a distância (EAD) e 
os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) torna-se essencial que nos 
voltemos para algumas categorias que são fundantes para a análise e 
compreensão de tal modalidade. 
 
Muitos foram os motivos que levaram a normatização da educação a 
distância, entre eles, a democratização da educação. Considerando que o 
Brasil é um país de grandeza continental, em localidades remotas, a ausência 
ou a pouca oferta de instituições públicas e privadas que oferecem educação 
superior denota a supressão de grandes contingentes da população ao acesso 
e a permanência na Educação Superior. 
 
Por esta perspectiva, as instituições de ensino superior iniciaram um 
movimento de concepção e oferta de cursos na modalidade a distância, 
utilizando-se de ambientes virtuais de aprendizagem de natureza distinta, 
com a finalidade de atender a demandas econômicas e sociais: cursos 
de graduação, de pós-graduação, de extensão, tecnólogos, técnicos, 
profissionalizantes ou livres. 
 
Uma das propostas que aflorou neste movimento foi a premência de 
cursos de formação docente. Consequentemente, a maioria das instituições 
que se ocupam da formação ainda não agregou, em suas práticas 
pedagógicas, atividades suficientes e efetivas para a inclusão das tecnologias 
na educação e muitos têm ainda dificuldade para aderir a EAD e navegar em 
seus ambientes virtuais. 
 
Compreender a transitoriedade social que estamos vivendo, com a 
inserção de tecnologias de comunicação e informação e demais fatores 
econômicos e políticos que contribuem para a transformação do tempo e do 
espaço, é imprescindível para que os educadores discutam a utilização, 
expansão e normatização da educação a distância dentro dos espaços 
escolares 
30 PÁGINA 
 
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: O ALUNO COMO 
PROTAGONISTA 
 
Como vimos anteriormente, muitos autores gostam de caracterizar a 
EAD salientando a separação espaço-temporal entre professores e alunos. 
Sabemos que essa lacuna existe até mesmo no ensino presencial, pois, muitas 
vezes, o estudante está presente, mas com o pensamento tão distante que, 
ao término da aula, nem sabe sobre o que o professor falou. Outras vezes, 
os educadores fazem tanta questão de utilizar um vocabulário riquíssimo que 
também não conseguem se fazer entender. Que presenças são essas? 
 
A educação se faz “com” e “para” as pessoas. Assim, por trás da 
tecnologia, dos materiais impressos ou virtuais e das aulas disponibilizadas 
em vídeos, existem pessoas – e todas elas, independentemente do papel que 
desempenham, devem estar comprometidas com a qualidade da educação. 
 
Ao consultarmos o dicionário, encontramos a seguinte definição de 
“aluno”: 
 
1. Pessoa que recebe instrução e/ou educação de algum mestre ou 
mestres em estabelecimento de ensino ou particularmente; estudante, 
educando, discípulo. 2. Aquele que tem escassos conhecimentos em 
certa matéria, ciência ou arte; aprendiz. (FERREIRA, 1986, p. 95). 
 
Temos aqui algumas mudanças de paradigmas muito claras. Na 
primeira acepção, vemos que, para ser aluno, o indivíduo deveria frequentar 
um estabelecimento de ensino ou ter um professor que o atendesse 
particularmente. De acordo com o significado do dicionário, não se cogita a 
possibilidade de o estudante ser alguém que estuda em casa, sem a presença 
física de um mestre. Como se não houvesse a possibilidade de existir um 
aluno capaz de aprender e ter uma profissão lendo, estudando um material, 
fazendo atividades, pesquisando, enfim, dedicando-se sozinho para obter 
conhecimento. 
 
Podemos observar outra mudança de paradigma na segunda definição: 
nem sempre o estudante é alguém que tem escassos conhecimentos. Hoje, 
sabemos que todos os conhecimentos adquiridos ao longo da vida podem (e 
devem) ser levados em consideração pelo professor, deixando de lado a ideia 
de que o aluno vai para a escola porque não sabe nada e que o professor é o 
único profissional do mundo com uma capacidade infinita de conhecimento. 
 
Em geral, o estudante que se matricula em uma instituição de ensino na 
modalidade a distância tem anseios diferentes daquele de um curso presencial. 
É um aluno mais maduro, comprometido com seus ideais, que sabe o que quer 
e que se dedica para alcançar seus objetivos. Normalmente, é mais velho que 
o aluno do ensino presencial, trabalha fora, tem filhos e, portanto, precisa de 
31 PÁGINA 
 
REFLITA 
No Brasil, uma das razões que determinam esse crescimento exponencial 
é que o MEC proíbe que se diferencie os diplomas entregues aos alunos, ou 
seja, independentemente da modalidade escolhida pelo educando, o diploma 
recebido é o mesmo. 
uma modalidade de ensino que não exija sua presença em horários regulares 
e constantes. Muitas vezes, só vai poder assistir virtualmente a uma aula ou 
fazer suas leituras e atividades depois de preparar o jantar e colocar os filhos 
na cama. 
 
Muitos acreditam ser mais fácil ser aluno de EAD, mas é uma 
modalidade que exige muita motivação, concentração, disciplina, organização 
e gosto pela leitura e pesquisa. Os ambientes virtuais oferecemampla gama 
de materiais que devem ser lidos, estudados e pensados. É preciso realizar as 
atividades nos prazos estabelecidos, organizar-se para estudar todo o material 
e dedicar-se para conseguir uma nota que compense todo o trabalho do 
semestre. 
 
É importante lembrar que o aluno desempenha papel central no 
ambiente virtual de aprendizagem, sendo portanto, seu principal sujeito e para 
onde as ações educativas devem convergir. 
 
 
O PROFESSOR E OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 
 
O olhar nos diz muito em sala de aula; por meio dele, podemos avaliar 
nosso próprio desempenho. Sabemos se a aula está agradando ou causando 
sonolência. Percebemos se deixamos os alunos curiosos o bastante para 
pesquisarem mais sobre o assunto proposto na aula; se agregamos algum 
novo conhecimento ou até se nossa aula não atingiu o objetivo almejado. 
 
No caso da EAD, o educador precisa aprender a utilizar outro 
“termômetro” que não o olhar do aluno. Como o contato entre professor e 
aluno nessa modalidade de ensino se dá pelo ambiente virtual, ele precisa 
estar atento ao retorno que tem de suas aulas: Qual foi a quantidade de 
respostas ao fórum postado? Há questões a respeito do texto publicado 
para leitura complementar? Há participação nas atividades quando elas não 
são avaliativas? Esses são alguns exemplos que podem ajudar a mensurar 
o trabalho realizado por meio da EAD. Os educadores que atuam na EAD 
devem, assim como na educação presencial, saber quem é seu aluno, quais 
são seus sonhos, suas angústias, necessidades e, talvez o mais importante: 
por que optou por essa modalidade e o que busca alcançar no final desse 
curso a distância. 
 
32 PÁGINA 
 
De acordo com Morin (2002, p. 39), “o conhecimento, ao buscar 
construir-se como referência ao contexto, ao global e ao complexo, deve 
mobilizar o que o conhecedor sabe do mundo”. Dessa forma, não é possível 
que o docente continue deixando de lado o conhecimento prévio que o 
estudante construiu ao longo de sua vida, seja na convivência com os 
familiares, nas relações estabelecidas com os amigos ou, ainda, por meio da 
Internet ou de experiências e observações próprias. 
 
Tanto quanto os alunos, os docentes são, muitas vezes despertados a 
vislumbrar a possibilidade de trabalhar na educação a distância, levando em 
consideração algumas conveniências que tal modalidade oferece, por exemplo, 
desempenhar suas atividades em qualquer período do dia ou da noite. Sendo 
também considerada uma modalidade de vanguarda, pois se utiliza de distintas 
metodologias que envolvem tecnologias de comunicação, muitos professores 
desejam atuar na mesma para se sentirem mais valorizados e, de certo modo, 
com outras opções de empregabilidade. De todo modo, um ambiente virtual 
de aprendizagem é muito diferente de uma sala de aula convencional e 
qualquer docente sem experiência, precisa de capacitação específica para 
atuar de modo efetivo, contribuindo para o sucesso na aprendizagem dos 
alunos. 
 
Os cursos de formação específica e continuada para docentes que vem 
do ensino presencial e pretendem atuar na EAD em ambientes virtuais de 
aprendizagem, ajudam no sentido de alterarem crenças e até mesmo atitudes 
em relação ao processo de ensino e aprendizagem e também contribuem 
com relação às metodologias e tecnologias que podem ser disponibilizadas e 
utilizadas nestes ambientes. Na verdade, as competências para a prática online 
precisam ir além do uso da tecnologia, convergindo para a utilização que os 
alunos fazem dela mesmo quando fora da sala de aula. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Palloff (2013, p. 60) apresenta princípios relevantes na aprendizagem 
de adultos que devem ser considerados quando se planeja a capacitação de 
docentes para atuarem em ambientes virtuais: 
 
1. Os adultos aprendem melhor quando sua experiência é 
reconhecida e o novo conhecimento é construído sobre o 
conhecimento e a experiência anteriores. 
2. Os adultos são intrinsecamente e extrinsecamente motivados a 
aprender. 
3. Todos os adultos possuem formas preferidas de aprendizagem e 
processamento de informações; 
 
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4. É pouco provável que os adultos participem de situações de 
aprendizagem, a não ser que essas tenham sentido para eles. 
5. Os adultos são pragmáticos em sua aprendizagem e desejam 
aplicar diretamente o que estão aprendendo. 
6. Os adultos chegam até as situações de aprendizagem com metas e 
objetivos pessoais que podem não se alinhar as metas e aos 
objetivos planejados; 
7. Os adultos preferem ser alunos ativos do que passivos. 
8. Os adultos aprendem usando meios colaborativos e 
interdependentes, bem como independentemente. 
9. Os adultos são mais receptivos à aprendizagem quando ela ocorre 
em ambientes física e psicologicamente confortáveis. 
 
 
Isto evidencia que nem todos os docentes entram no processo de modo 
homogêneo, cada um trará sua bagagem de conhecimento e esta deve ser 
reconhecida. A progressão também ocorrerá de forma diversa: uns aprendem 
mais rápido, outros de modo mais lento. Os que chegam sem nenhum 
conhecimento de ambiente online, devem ser reconhecidos por sua experiência 
no ensino presencial, assim, não se sentirão desprezados ou humilhados. 
 
Para não frustrar os que já conhecem melhor os AVA, nem aqueles que 
tem bom desenvolvimento didático em suas aulas é preciso oferecer níveis 
diferentes de capacitação tecnológica e pedagógica. 
 
Quem oferece capacitação a principiantes precisa apresentar a 
capacitação pensando neste perfil, lembrando de suas primeiras experiências 
online e buscando ajustar o ritmo de tecnologia e de aprendizagem. 
 
Alguns docentes tem interesse em melhorar o processo de ensino e 
aprendizagem com integração de tecnologia. Assim, tem motivação interna 
para se capacitar. Outros precisam de incentivo para integrar tecnologias a 
aprendizagem, estes necessitam de motivação externa para aprender, fazer e 
refletir sobre o que fizeram, e a instituição que fornece a capacitação deve se 
preocupar em atender tais necessidades. 
 
Palloff (2013, p. 63) salienta que “quando os docentes são incapazes 
de se engajar nesse ciclo de aprender, fazer e refletir, eles tem dificuldade de 
entender o significado do que aprenderam e, muitas vezes, ficarão frustrados.” 
Para que não fracassem, é necessário conduzir a capacitação antes ainda que 
deem início a sua experiência em cursos online. 
 
A possibilidade de envolver os docentes no design e no desenvolvimento 
da capacitação pode contribuir para que todos os partícipes sejam ouvidos 
e apresentem suas reais necessidades, tornando tal momento, de grande 
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relevância para o professor. Outra forma de atender o corpo docente é modelar 
a aula de tal modo que a metodologia e as técnicas do processo de ensino 
e aprendizagem possam ser posteriormente utilizadas em suas próprias 
aulas. Estes docentes podem até mesmo pensar em uma comunidade de 
aprendizagem que sirva de suporte quando passarem de alunos a docentes 
efetivamente. 
 
 
AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM 
COLABORATIVA 
 
As tecnologias da informação e comunicação são essenciais para a 
ação docente nos ambientes virtuais de aprendizagem. Neles, é possível fazer 
uso de imagens, textos, planilhas, tabelas, mapas, enfim, uma infinidade de 
recursos antes de difícil acesso e, hoje, tão fáceis de serem utilizados. Chats, 
fóruns de discussão e e-mails entre tantas outras possibilidades, permitem que 
professores e estudantes, ainda que virtualmente, comuniquem-se a qualquer 
hora, de qualquer lugar.Com tanta facilidade, parece que todos os problemas educacionais 
tendem a desaparecer. No entanto, é preciso lembrar que ligar e desligar um 
computador não vai transformar o ensino. As pessoas envolvidas no processo 
precisam estar preparadas para empregar, da melhor maneira, todos os 
recursos que essas tecnologias oferecem. 
 
Vygotsky (1896-1934), no começo do século passado, criou o que 
chamou de “zona de desenvolvimento proximal” e a conceituou como a 
distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar 
através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento 
potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de 
um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 
2002, p. 112). 
 
Desse modo, o autor enfatiza que o que se realiza em colaboração é 
mais contundente e marcante do que aquilo que fazemos individualmente. Na 
aprendizagem colaborativa, pessoas com diferentes talentos e habilidades 
promovem descobertas de outros talentos nos demais integrantes do grupo, o 
que leva todos a novas aprendizagens. 
 
Ainda seguindo essa linha de pensamento, temos Popper, filósofo 
vienense que defendia a máxima “Posso estar enganado e tu certo, mas, pelo 
esforço, podemos aproximar-nos da verdade” (POPPER, 1996, p. 18). Esse 
autor acreditava na importância de não se aceitar o conhecimento como algo 
pronto, verdadeiro e indiscutível. Ao contrário, ele propunha que o debate era 
algo salutar e que a discussão crítica traria crescimento aos debatedores. 
 
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Podemos concluir que não há aprendizagem ou construção de 
conhecimento sem que haja uma discussão. Ninguém aprende nada sozinho. 
Ainda que pensemos em alguém autodidata, que não teve oportunidade ou não 
quis frequentar uma escola regular, que busca em livros a própria sabedoria, 
essa pessoa “discute” com os autores lidos suas experiências e conhecimentos 
a respeito daquele assunto. 
 
Quando falamos em Inteligência coletiva, outro autor muito importante 
é Pierre Lévy. Em sua teoria, Lévy apresenta três princípios fundantes que 
direcionam o crescimento do ciberespaço: “a interconexão, a criação de 
comunidades virtuais e a inteligência coletiva”. (LÉVY, 1999, p. 127). 
 
A interconexão traduz uma das pulsões mais fortes na origem do 
ciberespaço constituindo que “a humanidade em um contínuo sem fronteiras, 
cava um meio informacional oceânico, mergulha os seres e as coisas no 
mesmo banho de comunicação interativa”. (LÉVY, 1999, p. 127). Ainda de 
acordo com o autor, as comunidades virtuais são desenvolvidas conforme 
as afinidades em um processo de colaboração, sem considerar o espaço 
geográfico que seus interlocutores ocupam. Lévy acentua que, por se tratarem 
de relações “virtuais”, não se pode considerar que substituam ou representem 
os encontros físicos, mas é um engano pensar que uma comunidade virtual 
não possa ser real. Representa apenas um novo modo de organização. 
 
A essência da aprendizagem colaborativa fica por conta da interação 
e da troca entre os participantes de um ambiente virtual de aprendizagem, 
tendo por objetivo otimizar a competência destes para que possam construir 
novos conhecimentos. Assim, é possível trabalhar junto para se atingir um 
objetivo comum que é aprender. É diferente de se trabalhar em grupo, pois 
neste tipo de trabalho não há garantia de que todos participarão a contento, 
pois é comum que alguns alunos acabem trabalhando mais que outros e que 
alguns até mesmo nem produzam nada, aproveitando-se dos esforços dos 
companheiros. 
 
Desenvolver atividades de ensino e aprendizagem no meio digital implica 
lidar com a complexidade de situações educacionais evidenciadas por 
esse meio, enfrentar novos desafios relacionados às especificidades da 
comunicação multidirecional. Implica também utilizar o potencial da 
interatividade com os objetos de conhecimento, quer oriundos das 
informações pré-definidas para orientar o trabalho dos alunos, quer das 
interações entre participantes e suas respectivas produções. (ALMEIDA, 
2005, p. 75). 
 
Os registros de informação que acontecem por intermédio da 
cooperação em um ambiente virtual objetivam ampliar e facilitar o 
entendimento e a compreensão de conceitos entre os participantes, buscando 
diminuir a incerteza, a dúvida ou a falta de informação e também as respostas 
equivocadas, ambíguas ou que possam levar a conceitos conflitantes. 
36 PÁGINA 
 
Quando o participante registra suas ideias no ambiente, organizando 
conceitos e estabelecendo relações entre as informações, torna-se possível 
investigar o caminho que percorreu para chegar aquela determinada 
conclusão. 
 
Assim, a EAD pode utilizar o que há de mais sofisticado em termos 
de tecnologia, empregando nos ambientes virtuais de aprendizagem, como 
veremos no próximo capítulo, os mais variados tipos de instrumento para 
oferecer aos alunos um amplo leque de opções que possibilitam maior 
aprofundamento nos temas propostos. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesta unidade vimos que em tempos pós-modernos a educação deve 
ser proativa, proporcionando uma formação que permita o desenvolvimento de 
habilidades e competências que inspirem melhores processos decisórios tanto 
na escolha das informações quanto na produção do conhecimento. Verificamos 
também que as tecnologias que favorecem o consumo também democratizam 
a educação. Os ambientes virtuais de aprendizagem são cenários que 
ocupam o ciberespaço e permeiam interfaces que facilitam a interação entre 
seus usuários, englobando instrumentos que favorecem a prática autônoma, 
apresentando recursos para a aprendizagem coletiva e individual. O objetivo 
de tal ambiente é a aprendizagem em si e sua organização. As redes e os 
ambientes virtuais de aprendizagem possibilitam a comunicação deixando de 
lado as questões geográficas e temporais. 
 
Entender a transitoriedade social que contemporaneamente estamos 
vivendo, com a entrada de tecnologias de comunicação e informação, e 
demais questões econômicas e políticas que contribuem para a transformação 
do tempo e do espaço, é necessário de modo a permitir que os educadores 
discutam a utilização, expansão e normatização da educação a distância 
dentro dos espaços escolares. 
 
Observamos os papéis de professor e aluno, verificando que todos 
os conhecimentos adquiridos ao longo da vida podem ser levados em 
consideração pelo professor, deixando de lado a ideia de que o aluno vai 
para a escola porque não sabe nada e que o professor é o único profissional 
com uma capacidade infinita de conhecimento. Salientamos que toda a ação 
docente deveria ter por objetivo primordial a construção do conhecimento, 
buscando desenvolver as potencialidades e talentos dos alunos. 
 
Observamos ainda que o que se realiza em colaboração é mais 
marcante do que aquilo que fazemos individualmente, pois, na aprendizagem 
colaborativa, pessoas com diferentes talentos e habilidades promovem 
descobertas de outros talentos nos demais integrantes do grupo, o que leva 
todos a novas aprendizagens. O ponto central da aprendizagem colaborativa 
fica por conta da interação e da troca entre os usuários de um ambiente virtual 
de aprendizagem, tendo por mote melhorar as habilidades destes para que 
juntos possam construir novos conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
 
As tecnologias da inteligência 
Pierre Lévy 
 
Pierre Lévy (1993) caracteriza o hipertexto por meio de seis princípios: 
 
1. Metamorfose - o texto virtual é modificável, pode-se alterar, deletar, inserir, 
fazer correçõesetc. A rede hipertextual está em constante construção devido à 
dinâmica da propagação da informação na web. 
2. Heterogeneidade - os nós, as informações e as conexões de uma rede 
hipertextual são heterogêneos. Os nós podem ser palavras, textos, imagens, 
gráficos, sons. Não há uma padronização. As informações são expostas sob 
variados pontos de vista. As conexões se dão devido a várias razões: trabalho, 
estudo, diversão. As pessoas que interagem na internet são diferentes 
(diferença de idade, sexo, gosto, cultura, procedência). 
3. Multiplicidade – a rede oferece ao usuário um grande número de opções de 
conexões, de percursos, múltiplas opções de leitura. Exige um leitor autônomo, 
dinâmico, que faça suas opções e que se torne um co-autor. 
4. Exterioridade - a rede não possui unidade, tamanho, início ou fim. Sua 
existência depende de múltiplas conexões entre pessoas e equipamentos. 
5. Topologia - nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por vizinhança. 
Neles, o curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhos. 
Não há espaço universal homogêneo onde haja forças de ligação e separação, 
onde as mensagens poderiam circular livremente. Tudo que se desloca deve 
utilizar-se da rede hipertextual tal como ela se encontra, ou então será obrigado 
a modificá-la. A rede não está no espaço, ela é o espaço. 
6. Mobilidade - a rede não tem centro, tudo é móvel, passando de um nó a 
outro, de acordo com o usuário. 
 
Considerando estes seis princípios, é possível compreender que o hipertexto 
leva o leitor a trilhar seu próprio caminho. Este “movimento” deve ter um fim, 
que é a construção de conhecimento. 
 
Fonte: LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Editora 
34, 1993. 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
 
O futuro da computação aposta no fim da separação entre mundo virtual 
e realidade física, e na completa eliminação da distância. A coluna Conecte 
visitou o laboratório da Microsoft, em Redmond, nos Estados Unidos. 
 
A tecnologia inteligente ao alcance dos dedos. Começamos a contagem 
regressiva para a era dos computadores invisíveis. “Invisíveis. “Não teremos 
que segurar um tablet, nem precisar de uma tela na nossa frente, entre nós”, 
como explica Steve Bathiche, diretor de pesquisas do centro de ciências 
aplicadas da Microsoft. 
 
Essa tecnologia está em fase de testes na Microsoft. Que tal transformar 
uma folha de papel em uma tela virtual? Uma palavra escrita no Brasil pode ser 
vista, na hora, nos Estados Unidos. O documento que está nos Estados Unidos 
pode ser assinado do Brasil. 
 
Assista mais em: Computação aposta no fim da separação entre mundo virtual 
e realidade física. Disponível em http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal- da-
globo/v/computacao-aposta-no-fim-da-separacao-entre-mundo-virtual-e- 
realidade-fisica/2565341/ Acesso em 01 set. 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ALMEIDA, Fernando José de. Avaliação educacional em debate: experiên- 
cias no Brasil e na França. São Paulo: Cortez, 2005. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua 
portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
 
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. 
 
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: 
Cortez, 2002. 
 
PALLOFF, Rena M. O instrutor online: estratégias para a excelência 
profissional. Porto Alegre: Penso, 2013. 
 
POPPER, Karl R. O mito do contexto: em defesa da ciência e da 
racionalidade. Lisboa: Edições 70, 1996. 
 
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos 
processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
41 PÁGINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Conceito de autonomia e ead 
• Definição de emancipação e a ead 
• Ead como proposta de emancipação social 
POSSIBILIDADE DE 
AUTONOMIA E 
EMANCIPAÇÃO PELA EAD 
Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida 
Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 
Objetivos de aprendizagem 
 
• Conceituar autonomia e suas relações com a EAD 
• Definir emancipação estabelecendo suas relações com a EAD 
• Compreender a EAD como proposta de emancipação social 
 
Plano de estudo 
4 
CAPÍTULO 
42 PÁGINA 
 
INTRODUÇÃO 
 
Para começarmos a conversar nesta unidade, precisamos ter alguns 
conceitos bem elaborados: O que é autonomia e o que é emancipação. Para 
isso, vamos trabalhar com dois autores bem conhecidos na educação: Paulo 
Freire e Edgar Morin. 
 
Paulo Freire (1921 – 1987), pernambucano, filósofo e educador 
que debruçou-se ao longo de sua vida sobre as questões que se referem a 
autonomia do aluno no processo de ensino e de aprendizagem reconhecendo 
a educação como um ato político que envolve a cultura. O autor se destacou 
por seus estudos sobre a educação popular, sempre pensando a escola como 
possibilitadora de formação para uma consciência política, ou como o autor 
mesmo chama, uma pedagogia libertadora que conscientize o homem de seu 
lugar no mundo. 
 
O francês Edgar Morin tem foco de estudo sobre a filosofia, a 
sociologia e a epistemologia e é um dos principais pesquisadores na área 
da complexidade e suas relações com a educação. Escreveu um livro muito 
utilizado pelos educadores de modo geral: os sete saberes necessários a 
educação do futuro, numa tentativa de mostrar a integração das disciplinas 
escolares, tendo em vista a compartimentalização destas desde a revolução 
industrial, afirmando que o todo é maior que a simples soma das partes. 
 
Com a visão destes dois autores, propomos a leitura dessa unidade 
de modo a compreender as possibilidades da educação a distância como 
promotora da autonomia e da emancipação tanto do professor quanto do aluno 
e da sociedade como um todo. 
 
 
CONCEITO DE AUTONOMIA E EAD 
 
Vamos começar este tópico buscando no dicionário o conceito de 
autonomia. Em Silveira Bueno (2000, p. 17) encontramos que autonomia é “1. 
A faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de se reger por 
leis próprias; emancipação; independência.” Também encontramos que um ser 
autônomo é aquele que se governa por leis próprias; independente; livre. 
 
Com este conceito aclarado, vejamos como Paulo Freire o traz para 
suas reflexões. O autor analisa o processo de ensino e de aprendizagem sob 
a luz de uma ação que permite ao educando que possa construir gradualmente 
a sua independência no sentido de sua intelectualidade, de acordo com sua 
autonomia: 
 
Se trabalho com crianças, devo estar atento a difícil passagem ou 
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caminhada da heteronomia para a autonomia, atento à responsabilidade 
de minha presença que tanto pode ser auxiliadora como pode virar 
perturbadora da busca inquieta dos educandos, se trabalho com jovens 
ou adultos, não menos atento devo estar com relação a que o meu 
trabalho possa significar com estímulo ou não à ruptura necessária com 
algo defeituosamente assentado e à espera de superação. 
Primordialmente, minha posição tem que ser de respeito à pessoa que 
queira mudar ou que recuse mudar. Não posso negar- lhe ou esconder-
lhe minha postura mas não posso desconhecer o seu direito de rejeitá-la. 
Em nome do respeito que tenho aos alunos não tenho por que me omitir, 
por que ocultar a minha opção política, assumindo uma neutralidade que 
não existe. (FREIRE, 1996, p. 70). 
 
O que podemos verificar aqui é que o processo de ensino e de 
aprendizagem precisa ser uma ação compartilhada que permita aos alunos 
construir com suas experiências, o seu conhecimento e é isso que

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