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Os rins desempenham a principal função do sistema urinário. As outras partes do sistema são essencialmente vias de passagem e áreas de armazenamento. As funções dos rins incluem: ● Regulação da composição iônica do sangue. Os rins ajudam a regular os níveis sanguíneos de vários íons, sendo que os mais importantes são os íons sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca²+), cloreto (Cl-) e fosfato (HPO4²-). ● Regulação do pH do sangue. Os rins excretam uma quantidade variável de íons hidrogênio (H+) para a urina e preservam os íons bicarbonato (HCO3-), que são um importante tampão do H+ no sangue. Ambas as atividades ajudam a regular o pH do sangue. ● Regulação do volume de sangue. Os rins ajustam o volume do sangue por meio da conservação ou eliminação de água na urina. O aumento do volume de sangue eleva a pressão arterial, enquanto a diminuição do volume de sangue reduz a pressão arterial. ● Regulação da pressão arterial. Os rins também ajudam a regular a pressão arterial por meio da secreção da enzima renina, que ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona. O aumento da renina provoca elevação da pressão arterial. ● Manutenção da osmolaridade do sangue. Ao regular separadamente a perda de água e a perda de solutos na urina, os rins mantem uma osmolaridade do sangue relativamente constante de aproximadamente 300 miliosmóis por litro. ● Produção de hormônios. Os rins produzem dois hormônios. O calcitriol, a forma ativa da vitamina D, ajuda a regular a homeostasia do cálcio, e a eritropoetina estimula a produção de eritrócitos. ● Regulação do nível sanguíneo de glicose. Tal como o fígado, os rins podem utilizar o aminoácido glutamina na gliconeogênese, a síntese de novas moléculas de glicose. Eles podem então liberar glicose no sangue para ajudar a manter um nível normal de glicemia. ● Excreção de escórias metabólicas e substâncias estranhas. Por meio da formação da urina, os rins ajudam a excretar escórias metabólicas – substâncias que não tem função útil no corpo. Algumas escórias metabólicas excretadas na urina resultam de reações metabólicas no organismo. Estes incluem amônia e ureia resultantes da desaminação dos aminoácidos; bilirrubina proveniente do catabolismo da hemoglobina; creatinina resultante da clivagem do fosfato de creatina nas fibras musculares e ácido úrico originado do catabolismo de ácidos nucleicos. Outras escórias metabólicas excretadas na urina são as substâncias estranhas da dieta, como fármacos e toxinas ambientais. Os rins são um par de órgãos avermelhados em forma de feijão, localizados logo acima da cintura, entre o peritônio e a parede posterior do abdome. São retroperitoneais. Estão localizados entre os níveis das últimas vértebras torácias e a terceira vertebra lombar (LIII), uma posição em que estão parcialmente protegidos pelas costelas XI e XII. Se estas costelas inferiores forem fraturadas, podem perfurar os rins e causar danos significativos – potencialmente fatais. O rim direito está discretamente mais baixo do que o esquerdo, porque o fígado ocupa um espaço considerável no lado direito superior ao rim. Anatomia externa: Um rim adulto tem 10 a 12 cm de comprimento, 5 a 7 cm de largura e 3 cm de espessura – aproximadamente do tamanho de um sabonete comum – e tem massa de 135 a 150g. A margem medial côncava de cada rim está voltada para a coluna vertebral. Perto do centro da margem côncava está um recorte chamado hilo renal, através do qual o ureter emerge do rim, juntamente com os vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Três camadas de tecido circundam cada rim: ● Capsula fibrosa: é a camada mais profunda, é uma lamina lisa e transparente de tecido conjuntivo denso não modelado que é contínuo com o revestimento externo do ureter. Serve como uma barreira contra traumatismos e ajuda a manter a forma do rim. ● Capsula adiposa: é a camada intermediaria, é uma massa de tecido adiposo que circunda a capsula fibrosa. Também protege o rim de traumas e ancora-o firmemente na sua posição na cavidade abdominal. ● Fáscia renal: é a camada superficial, é outra camada fina de tecido conjuntivo denso não modelado que ancora o rim às estruturas vizinhas e à parede abdominal. Na face anterior dos rins, a fáscia renal localiza-se profundamente ao peritônio. Anatomia interna dos rins: Um corte frontal através do rim revela duas regiões distintas: ● Córtex renal: região vermelha clara superficial. ● Medula renal: região interna mais escura castanha-avermelhada. A medula renal consiste em várias pirâmides renais em forma de cone. A base (extremidade mais larga) de cada pirâmide está voltada para o córtex renal, e seu ápice (extremidade mais estreita), chamada papila renal, está voltado para o hilo renal. O córtex renal é a área de textura fina que se estende da cápsula fibrosa às bases das pirâmides renais e nos espaços entre elas. Ela é dividida em uma zona cortical externa e uma zona justamedular interna. As partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais são chamadas colunas renais. O córtex renal + as pirâmides renais da medula renal constituem o parênquima – porção funcional do rim. No interior do parênquima estão as unidades funcionais dos rins – aproximadamente 1 milhão de estruturas microscópicas chamadas néfrons. O filtrado formado pelos néfrons é drenado para grandes ductos coletores, que se estendem através da papila renal das pirâmides. Os ductos coletores drenam para estruturas em forma de taça chamadas cálices renais maiores e cálices renais menores. Cada rim tem de 8 a 18 cálices renais menores e 2 ou 3 cálices renais maiores. Um cálice renal menor recebe urina dos ductos coletores de uma papila renal e a carreia para um cálice renal maior. Uma vez que o filtrado entra nos cálices, torna-se urina, porque não pode mais ocorrer reabsorção. O motivo é que o epitélio simples dos néfrons e túbulos se tornam epitélio de transição nos cálices. Dos cálices renais maiores, a urina flui para uma grande cavidade única chamada pelve renal e, em seguida, para fora pelo ureter até a bexiga urinária. O hilo se expande em uma cavidade no interior do rim chamada seio renal, que contém parte da pelve renal, os cálices e ramos dos vasos sanguíneos e nervos renais. O tecido adiposo ajuda a estabilizar a posição destas estruturas no seio renal. Os rins removem as escórias metabólicas do sangue e regulam o volume e a composição iônica do sangue, por isso são abundantemente irrigados por vasos sanguíneos. Embora os rins constituam menos de 0,5% da massa total do corpo, recebem 20 a 25% do débito cardíaco de repouso por meio das artérias renais direita e esquerda. Em adultos, o fluxo sanguíneo renal, o fluxo sanguíneo através de ambos os rins, é de aproximadamente 1.200ml por minuto. No rim, a artéria renal se divide em várias artérias segmentares, que irrigam diferentes segmentos do rim. Cada artéria segmentar emite vários ramos que penetram no parênquima e passam ao longo das colunas renais entre os lobos renais como as artérias interlobares. Um lobo renal consiste em uma pirâmide renal, um pouco da coluna renal em ambos os lados da pirâmide renal, e o córtex renal na base da pirâmide renal. Nas bases das pirâmides renais, as artérias interlobares se arqueiam entre o córtex e a medula renais; são conhecidas como artérias arqueadas. As divisões das artérias arqueadas produzem várias artérias interlobulares. Estas artérias irradiam para fora e entram no córtex renal. Neste local, emitem ramos chamados arteríolas glomerulares aferentes. Cada néfron recebe uma arteríola glomerular aferente, que se divide em um enovelado capilar chamado glomérulo. Os glomérulos capilares então se reúnem para formar uma arteríola glomerular eferente, que leva o sangue para fora do glomérulo. Os capilares glomerulares são únicos entre os capilares no corpo, porque estão posicionados entre duas arteríolas, em vez de entre uma arteríola e uma vênula. Como são redes capilares e também tem participação importante na formação de urina, os glomérulos são considerados partetanto do sistema circulatório quanto do sistema urinário. As arteríolas eferentes se dividem para formar os capilares peritubulares, que circundam as partes tubulares do néfron no córtex renal. Estendendo-se de alguns capilares glomerulares eferentes estão capilares longos, em forma de alça, chamadas arteríolas retas, que irrigam porções tubulares do néfron na medula renal. Os capilares peritubulares por fim se unem para formar as veias interlobulares, que também recebem sangue das arteríolas retas. Em seguida, o sangue flui pelas veias arqueadas para as veias interlobares, que correm entre as pirâmides renais. O sangue sai do rim por uma veia renal única que emerge pelo hilo renal e transporta o sangue venoso para a veia cava inferior. Muitos nervos renais se originam no gânglio renal e passam pelo plexo renal para os rins, juntamente com as artérias renais. Os nervos renais integram a parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso. A maior parte consiste em nervos vasomotores que regulam o fluxo sanguíneo renal, causando dilatação ou constrição das arteríolas renais. Os néfrons são as unidades funcionais dos rins. Cada néfron consiste em duas partes: ● Um corpúsculo renal – onde o plasma sanguíneo é filtrado. ● Um túbulo renal – pelo qual passa o líquido filtrado (filtrado glomerular). Os dois componentes de um corpúsculo renal são o glomérulo e a cápsula glomerular (cápsula de Bowman), uma estrutura epitelial de parede dupla que circunda os capilares glomerulares. O plasma sanguíneo é filtrado na capsula glomerular, e então o líquido filtrado passa para o túbulo renal, que tem três partes principais. O túbulo renal consiste em: o Túbulo contorcido proximal (TCP) – proximal denota a parte do túbulo ligado a cápsula glomerular o Alça de Henle o Túbulo contorcido distal (TCD) – distal indica a parte que está mais longe. Contorcido significa que o túbulo é espiralado em vez de reto. O corpúsculo renal e os túbulos contorcidos proximais e distais se localizam no córtex renal; a alça de Henle se estende até a medula renal, faz uma curva fechada e então retorna ao córtex renal. Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons drenam para um único ducto coletor. Os ductos coletores então se unem e convergem em várias centenas de grandes ductos papilares, que drenam para os cálices renais maiores. Os ductos coletores e papilares se estendem desde o córtex renal ao longo da medula renal até a pelve renal. Então, um rim tem aproximadamente 1 milhão de néfrons, mas um número muito menor de ductos coletores e ainda menor de ductos papilares. Alça de Henle: comunica os túbulos contorcidos proximais e distais. A primeira parte da alça de Henle começa no ponto em que o túbulo contorcido proximal faz a sua última curva descendente. Inicia-se no córtex renal e estende-se para baixo e para dentro da medula renal, onde é chamada ramo descendente da alça de Henle. Em seguida, faz uma curva fechada e retorna para o córtex renal, onde termina no túbulo contorcido distal e é conhecido como ramo ascendente da alça de Henle. Aproximadamente 80 a 85% dos néfrons são néfrons corticais. Seus corpúsculos renais se encontram na parte externa do córtex renal e tem alças de Henle curtas, que se encontram principalmente no córtex e penetram somente na região externa da medula renal. As alças de Henle curtas são irrigadas por capilares peritubulares que emergem das arteríolas glomerulares eferentes. Outros 15 a 20% dos néfrons são néfrons justamedulares. Seus corpúsculos renais encontram-se profundamente no córtex, próximo da medula renal, e tem alças de Henle longas que se estendem até a região mais profunda da medula renal. As alças de Henle são irrigadas por capilares peritubulares e arteríolas retas que emergem das arteríolas glomerulares eferentes. Além disso, o ramo ascendente da alça de Henle dos néfrons justamedulares consiste em duas partes: uma parte ascendente delgada seguida por uma parte ascendente espessa. O lúmen da parte ascendente fina é o mesmo que em outras áreas do túbulo renal; apenas o epitélio é mais fino. Os néfrons com alça de Henle longa possibilitam que os rins excretem urina muito diluída ou muito concentrada. Uma camada única de células epiteliais forma toda a parede da cápsula glomerular, túbulos e ductos renais. No entanto, cada parte tem características histológicas distintas que refletem suas funções especificas. Cápsula glomerular: consiste em camadas visceral e parietal. A camada visceral é formada por células epiteliais pavimentosas simples modificadas chamadas podócitos. As muitas projeções em forma de pé destas células (pedicelos) envolvem a camada única de células endoteliais dos capilares glomerulares e formam a parede interna da capsula. A camada parietal consiste em epitélio pavimentoso simples e forma a parede externa da cápsula. O líquido filtrado pelos capilares glomerulares entra no espaço capsular, o espaço entre as duas camadas da capsula glomerular, que é o lúmen do tubo urinário. Correlação: o glomérulo é uma mão fechada dentro de um balão flácido (a capsula glomerular), até que a mão fechada é revestida por duas camadas de balão (a camada do balão que toca a mão fechada é a camada visceral e a camada que não toca a mão fechada é a camada parietal) com um espaço entre elas (o interior do balão), o espaço capsular. Túbulo renal e ducto coletor: No túbulo contorcido proximal, as células são células epiteliais cúbicas simples com uma borda em escova proeminente de microvilosidades em sua superfície apical (superfície voltada para o lúmen). Estas microvilosidades, como as do intestino delgado, aumentam a área de superfície para a reabsorção e secreção. A parte descendente da alça de Henle e a primeira porção da parte ascendente da alça de Henle (a parte delgada ascendente) são compostas por epitélio pavimentoso simples. (os néfrons corticais ou de alça curta não tem a parte ascendente delgada). A parte espessa ascendente da alça de Henle é composta por epitélio colunar cúbico simples a epitélio colunar baixo. Em cada néfron, a parte final ascendente da alça de Henle faz contato com a arteríola glomerular aferente que irriga o corpúsculo renal. Como as células colunares tubulares desta região estão muito próximas uma da outra, são conhecidas como mácula densa. Ao lado da mácula densa, a parede da arteríola glomerular aferente (e as vezes arteríola glomerular eferente) contém fibras musculares lisas modificadas chamadas células justaglomerulares (JG). Em conjunto com a macula densa, constituem o aparelho justaglomerular (AJG). O AJG ajuda a regular a pressão arterial no interior dos rins. O túbulo contorcido distal (TCD) começa a uma curta distância depois da macula densa. Na última parte do TCD e continuando até os túbulos coletores, dois tipos diferentes de células estão presentes. A maior parte são células principais, que tem receptores tanto para o hormônio antidiurético quanto para a aldosterona, dois hormônios que regulam suas funções. Um número menor é de células intercaladas, que atuam na homeostasia do pH do sangue. Os ductos coletores drenam para os grandes ductos papilares, que são revestidos por epitélio colunar simples. O número de néfrons é constante desde o nascimento. qualquer aumento do tamanho do rim se deve ao crescimento individual de néfrons. Se os néfrons forem lesionados ou estiverem doentes, não se formam novos néfrons. Os sinais de disfunção renal geralmente não se tornam aparentes até que a função tenha diminuído para menos de 25% do normal, porque os néfrons funcionais restantes se adaptam para lidar com uma carga maior do que a normal. A remoção cirurgia de um rim, por exemplo, estimula a hipertrofia do rim remanescente, que acaba conseguindo filtrar o sangue com 80% da velocidade de dois rins normais. Para produzir urina, os néfrons e os ductos coletores realizam três processos básicos – filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. Filtração glomerular: Na primeira etapa da produção de urina, a água e a maiorparte dos solutos do plasma sanguíneo atravessam a parede dos capilares glomerulares, onde são filtrados e passam para o interior da cápsula glomerular e, em seguida, para o túbulo renal. Reabsorção tubular: Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as células tubulares reabsorvem aproximadamente 99% da água filtrada e muitos solutos úteis. A água e os solutos retornam ao sangue que flui pelos capilares peritubulares e arteríolas retas. O termo reabsorção se refere ao retorno de substâncias para a corrente sanguínea. O termo absorção indica a entrada de novas substâncias no corpo, como ocorre no sistema digestório. Secreção tubular: Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as células dos túbulos renais e dos ductos secretam outros materiais – como escórias metabólicas, fármacos e excesso de íons – para o líquido. Observe que a secreção tubular remove uma substância do sangue. A filtração glomerular ocorre no corpúsculo renal. A reabsorção tubular e a secreção tubular ocorrem ao longo do túbulo renal e tubo coletor. Os solutos e o líquido que fluem para os cálices renais menores e maiores e para a pelve renal formam a urina e são excretados. A taxa de excreção urinária de qualquer soluto é igual à taxa de filtração glomerular, mais a sua taxa de secreção, menos a sua taxa de reabsorção. Taxa de excreção de S = taxa de filtração de S – taxa de reabsorção de S + taxa de secreção de S. Os néfrons (por meio de filtração, reabsorção e secreção) ajudam a manter a homeostasia do volume e da composição do sangue. A situação é um pouco semelhante a um centro de reciclagem: os caminhões de lixo despejam lixo em um alimentador de entrada, onde o lixo pequeno passa por uma esteira transportadora (filtração glomerular do plasma). À medida que a esteira transportadora transporta o lixo, os funcionários removem artigos úteis, como latas de alumínio, plásticos e recipientes de vidro (reabsorção). Outros funcionários colocam o lixo adicional deixado na esteira e itens maiores na esteira transportadora (secreção). No final da esteira, todo o lixo restante cai em um caminhão para ser transportado para o aterro (escórias metabólicas na urina). O líquido que entra no espaço capsular é chamado filtrado glomerular. A fração de plasma sanguíneo nas arteríolas glomerulares aferentes dos rins que se torna filtrado glomerular é a fração de filtração. Fração de filtração usual: 0,16 a 0,20 (16 a 20%). Em média, o volume diário de filtrado glomerular em adultos é de 150L nas mulheres e 180L em homens. Mais de 99% do filtrado glomerular regressa à corrente sanguínea por meio da reabsorção tubular, de modo que apenas 1 a 2 L são excretados como urina. Membrana de filtração: Juntos, os capilares glomerulares e os podócitos, que circundam completamente os capilares, formam uma barreira permeável conhecida como membrana de filtração. Esta configuração em sanduíche possibilita a filtração de água e pequenos solutos, mas impede a filtração da maior parte das proteínas plasmáticas, células sanguíneas e plaquetas. As substâncias filtradas do sangue atravessam três barreiras de filtração – a célula endotelial glomerular, a lamina basal e uma fenda de filtração formada por um podócito: 1. As células endoteliais glomerulares são bastantes permeáveis, porque tem grandes fenestrações (poros) com 0,07 a 0,1 um de diâmetro. Este tamanho possibilita que todos os solutos do plasma sanguíneo saiam dos capilares glomerulares, mas impede a filtração de células sanguíneas e plaquetas. Localizadas entre os capilares glomerulares e na fenda entre as arteríolas glomerulares aferentes e eferentes estão as células mensagiais. Estas células contrateis ajudam a regular a filtração glomerular. 2. A lâmina basal, uma camada de material acelular entre o endotélio e os podócitos, consiste em fibras colágenas minúsculas e proteoglicanos em uma matriz glicoproteica; as cargas negativas na matriz impedem a filtração de proteínas plasmáticas maiores carregadas negativamente. 3. Estendendo-se de cada podócito estão milhares de processos em forma de pé denominados pedicelos, que envolvem os capilares glomerulares. Os espaços entre os pedicelos são as fendas de filtração. Uma fina membrana, a membrana da fenda, se estende através de cada fenda de filtração; isso possibilita a passagem de moléculas que tem um diâmetro menor do que 0,006 a 0,007 um, incluindo a água, a glicose, as vitaminas, os aminoácidos, as proteínas plasmáticas muito pequenas, a amônia, a ureia e os íons. Menos de 1% da albumina, a proteína mais abundante no plasma, passa pela membrana da fenda, porque, com um diâmetro de 0,007 um, a albumina é um pouco grande demais para passar. O princípio da filtração: o uso da pressão para forçar os líquidos e solutos através de uma membrana – é o mesmo tanto nos capilares glomerulares quanto nos capilares sanguíneos de outras partes do corpo. No entanto, o volume de líquido filtrado pelo corpúsculo renal é muito maior do que em outros capilares sanguíneos do corpo, por três razões: ● Os glomérulos capilares apresentam uma grande área de superfície para a filtração, porque são longos e extensos. As células mesangiais regulam a quantidade de área de superfície disponível. Quando as células mesangiais estão relaxadas, a área de superfície é máxima, e a filtração glomerular é muito alta. A contração das células mesangiais reduz a área de superfície disponível, e a filtração glomerular diminui. ● A membrana de filtração é fina e porosa. Apesar de ter várias camadas, a espessura da membrana de filtração é de apenas 0,1mm. Os capilares glomerulares também são aproximadamente 50 vezes mais permeáveis do que os capilares sanguíneos da maior parte dos outros tecidos, principalmente por causa de suas grandes fenestrações. ● A pressão sanguínea capilar glomerular é alta. Como a arteríola glomerular eferente tem um diâmetro menor do que o da arteríola glomerular aferente, a resistência à saída do sangue do glomérulo é alta. Como resultado, a pressão sanguínea nos capilares glomerular é consideravelmente mais elevada do que nos capilares sanguíneos em qualquer outro local no corpo. Pressão efetiva de filtração: A filtração glomerular depende de três pressões principais. Uma pressão promove filtração e duas pressões se opõem a filtração. ● A pressão hidrostática glomerular do sangue (PHGS) é a pressão do sangue nos capilares glomerulares. Em geral, a PHGS é de aproximadamente 55mmHg. Ela promove a filtração, forçando a água e os solutos do plasma sanguíneo através da membrana de filtração. ● A pressão hidrostática capsular (PHC) é a pressão hidrostática exercida contra a membrana de filtração pelo líquido que já está no espaço capsular e no túbulo renal. A PHC se opõe a filtração e representa uma pressão de retorno de aproximadamente 15 mmHg. ● A pressão coloidosmótica do sangue (PCOS), que é decorrente da presença de proteínas – como a albumina, as globulinas, o fibrinogênio no plasma e no sangue – também se opõe a filtração. A PCOS média nos capilares glomerulares é de 30 mmHg. Pressões que impulsionam a filtração glomerular. Consideradas em conjunto, essas pressões determinam a pressão de filtração efetiva (PFE). A pressão hidrostática do sangue glomerular promove a filtração, enquanto a pressão hidrostática capsular e a pressão coloidosmótica do sangue se opõem a filtração. Taxa de filtração glomerular: A quantidade de filtrado formado em todos os corpúsculos renais de ambos os rins a cada minuto determina a taxa de filtração glomerular (TFG). No adulto, a TFG média é de 125ml/min em homens e 105 ml/min em mulheres. A homeostasia dos líquidos corporais exige que os rins mantenham uma taxa de filtração glomerular relativamente constante. Se a TFG for demasiadamente elevada, as substâncias necessárias podem passar tão rapidamente pelos túbulos renais que algumas não são reabsorvidas e são perdidas na urina. Se a TFG for muito baixa, quase todo o filtrado pode ser reabsorvido e determinadasescórias metabólicas podem não ser adequadamente excretadas. A TFG está diretamente relacionada com as pressões que determinam a pressão efetiva de filtração; qualquer mudança na pressão de filtração efetiva influencia a TFG. A perda importante de sangue, por exemplo, reduz a pressão arterial média (PAM) e diminui a pressão hidrostática do sangue glomerular. A filtração cessa se a pressão hidrostática do sangue glomerular cair para 45mmHg, porque as pressões de resistência somam 45mmHg. Surpreendentemente, quando a pressão arterial sistêmica está acima do normal, a pressão de filtração efetiva e a TFG aumentam muito pouco. A TFG é quase constante quando a PAM está em algum ponto entre 80 e 180mmHg. Os mecanismos que regulam a TFG operam por dois modos: ● Ajustando o fluxo sanguíneo para dentro e para fora do glomérulo. ● Alterando a área de superfície disponível para filtração capilar glomerular. A TFG aumenta quando o fluxo sanguíneo nos capilares glomerulares aumenta. O controle coordenado do diâmetro das arteríolas glomerulares aferentes e eferentes regula o fluxo sanguíneo glomerular. A constrição da arteríola glomerular aferente diminui o fluxo sanguíneo no glomérulo, enquanto a dilatação da arteríola glomerular aferente o aumenta. Três mecanismos controlam a TFG: ● A autorregulação renal ● A regulação neural ● A regulação hormonal Autorregulação renal da TFG: Os rins por si sós ajudam a manter o fluxo sanguíneo renal e a TFG constantes, apesar das mudanças cotidianas normais na pressão arterial, como as que ocorrem durante o exercício. Esse recurso é chamado autorregulação renal, e é composto por dois mecanismos – o mecanismo miogênico e o feedback tubuloglomerular. Atuando em conjunto, eles são capazes de manter a TFG quase constante ao longo de uma vasta gama de pressão arterial sistêmica. o O mecanismo miogênico: ocorre quando a distensão dispara a contração das células musculares lisas das paredes das arteríolas glomerulares aferentes. Conforme a pressão arterial sobe, a TFG também aumenta, porque o fluxo sanguíneo renal aumenta. No entanto, a pressão sanguínea elevada distende as paredes das arteríolas glomerulares aferentes. Em resposta, as fibras de musculo liso da parede da arteríola glomerular aferente se contraem, o que reduz o lúmen da arteríola. Como resultado, o fluxo sanguíneo renal diminui, reduzindo assim a TFG para o nível prévio. Inversamente, quando a pressão arterial diminui, as células de músculo liso são menos distendidas e assim relaxam. As arteríolas glomerulares aferentes se dilatam, o fluxo sanguíneo renal se eleva e a TFG aumenta. O mecanismo miogênico normaliza o fluxo sanguíneo renal e a TFG segundos depois de uma alteração na pressão sanguínea. o Feedback tubuloglomerular: é chamado assim porque parte dos túbulos renais – a mácula densa – fornece feedback ao glomérulo. Quando a TFG está acima do normal em decorrência da pressão arterial sistêmica elevada, o líquido filtrado flui mais rapidamente ao longo dos túbulos renais. Como resultado, o túbulo contorcido proximal e a alça de Henle tem menos tempo para reabsorver Na+, Cl- e água. Acredita-se que as células da mácula densa detectem o aumento do aporte de Na+, Cl- e a água e inibam a liberação de óxido nítrico (NO) das células do aparelho justaglomerular (AJG). Como o NO provoca vasodilatação, as arteríolas glomerulares aferentes se contraem quando o nível de NO diminui. Como resultado, menos sangue flui para os capilares glomerulares, e a TFG diminui. Quando a pressão do sangue cai, fazendo com que a TFG seja menor do que o normal, ocorre a sequência de eventos oposta, embora em menor grau. O feedback tubuloglomerular é mais lento do que o mecanismo miogênico. Regulação neural da TFG: Como a maior parte dos vasos sanguíneos do corpo, os dois rins são inervados por fibras simpáticas do SNA que liberam norepinefrina. A norepinefrina causa vasoconstrição pela ativação de receptores alfa1, que são particularmente abundantes nas fibras musculares lisas das arteríolas glomerulares aferentes. Em repouso, a estimulação simpática é moderadamente baixa, as arteríolas glomerulares aferentes e eferentes estão dilatadas, e a autorregulação renal da TFG prevalece. Com a estimulação simpática moderada, tanto as arteríolas glomerulares aferentes quanto eferentes se contraem com a mesma intensidade. O fluxo sanguíneo para dentro e para fora do glomérulo é restrito na mesma medida, o que diminui apenas ligeiramente a taxa de filtração glomerular. Com maior estimulação simpática – como ocorre durante o exercício ou hemorragia – a constrição das arteríolas glomerulares aferentes predomina. Como resultado, o fluxo sanguíneo para os vasos capilares glomerulares é muito reduzido, e a TFG diminui. Esta redução no fluxo sanguíneo renal tem duas consequências: o Reduz o débito urinário, o que ajuda a conservar o volume de sangue. o Possibilita um maior fluxo sanguíneo para os outros tecidos. Regulação hormonal da TFG: Dois hormônios contribuem para a regulação da TFG. o A angiotensina II reduz a TFG; o O peptídio natriurético atrial (PNA) aumenta a TFG. A angiotensina II é um vasoconstritor muito potente que estreita as arteríolas glomerulares aferentes e eferentes e reduz o fluxo sanguíneo renal, diminuindo assim a TFG. As células nos átrios do coração secretam peptídio natriurético atrial (PNA). A distensão dos átrios, como ocorre quando o volume sanguíneo aumenta, estimula a secreção de PNA. Ao causar o relaxamento das células mesangiais glomerulares, o PNA aumenta a área de superfície disponível para a filtração capilar. A TFG aumenta a medida que a área de superfície aumenta. Princípios da reabsorção e secreção tubular: O volume de líquido que entra nos túbulos renais proximais em apenas 30 min é maior do que o volume total de plasma sanguíneo, porque a TFG normal é muito elevada. Obviamente, parte deste líquido deve ser devolvida de algum modo à corrente sanguínea. A reabsorção – o retorno da maior parte da água filtrada e de muitos dos solutos filtrados para a corrente sanguínea – é a segunda função básica do néfron e do coletor. Normalmente, cerca de 99% da água filtrada são reabsorvidos. As células epiteliais ao longo dos túbulos e ductos renais realizam a reabsorção, mas as células do túbulo contorcido proximal dão a maior contribuição. Os solutos que são reabsorvidos por processos ativos e passivos incluem glicose, aminoácidos, ureia e íons como Na+ (sódio), K+ (potássio), Ca2+ (cálcio), Cl- (cloreto), HCO3- (bicarbonato) e HPO4²- (fosfato). Uma vez que o líquido passa através do túbulo contorcido proximal, as células localizadas mais distalmente aperfeiçoam os processos de reabsorção para manter o equilíbrio da homeostasia de água e íons específicos. A maior parte das proteínas e peptídios pequenos que passam através do filtro também é reabsorvida, geralmente via pinocitose. A terceira função dos néfrons e ductos coletores é a secreção tubular, a transferência de materiais das células do sangue e do túbulo para o filtrado glomerular. As substâncias secretadas incluem íons hidrogênio (H+), K+, íons amônia (NH4+), creatinina e determinados fármacos, como a penicilina. A secreção tubular tem dois resultados importantes: o A secreção de H+ ajuda a controlar o pH sanguíneo. o A secreção de outras substâncias ajuda a eliminá-las do corpo pela urina. Em decorrência da secreção tubular, determinadas substâncias passam do sangue para a urina e podem ser detectadas pelo exame de urina. É especialmente importante para testar atletas a procura de substâncias que intensifiquem o desempenho, como esteroides anabolizantes, expansores plasmáticos, eritropoetina, hCG, hGH e anfetaminas. Os exames de urina também podem ser usados para detectar álcool etílico ou substâncias psicoativas, como maconha, cocaína e heroína. Vias de reabsorção: Uma substância que está sendo reabsorvida do líquido no lúmen dos túbulos pode seguir uma de suas duas vias antes de entrar em um capilar peritubular: o Pode mover-se entre células tubularesadjacentes ou o Através de uma célula tubular individual. Ao longo do túbulo renal, zônulas de oclusão cercam e unem células vizinhas umas às outras, muito parecido com o envoltório plástico que mantem um pacote de seis latas de refrigerante juntas. A membrana apical (o topo das latas de refrigerante) está em contato com o líquido tubular, e a membrana basolateral (a base e as laterais das latas de refrigerante) está em contato com o líquido intersticial na base e lados da célula. O líquido pode vazar entre as células em um processo passivo conhecido como reabsorção paracelular. Mesmo que as células epiteliais estejam ligadas por junções oclusivas, estas junções entre as células dos túbulos renais proximais são permeáveis e possibilitam que algumas substâncias reabsorvidas passem entre as células para os capilares peritubulares. Em algumas partes do túbulo renal, acredita-se que a via paracelular represente até 50% da reabsorção de determinados íons e da água que os acompanha por osmose. Na reabsorção transcelular, uma substância passa do líquido no lúmen tubular através da membrana apical de uma célula no túbulo, cruza o citosol e sai para o líquido intersticial através da membrana basolateral. Mecanismos de transporte: Quando as células renais transportam os solutos para fora ou para dentro do líquido tubular, elas movem substâncias especificas em apenas uma direção. Não supreendentemente, diferentes tipos de proteínas transportadores estão presentes nas membranas apical e basolateral. As junções oclusivas formam uma barreira que impede a mistura de proteínas nos compartimentos das membranas apical e basolateral. A reabsorção de Na+ pelos túbulos renais é especialmente importante em decorrência da grande quantidade de íons sódio que passa através dos filtros glomerulares. As células que revestem os túbulos renais, assim como outras células de todo o corpo, têm baixa concentração de Na+ no seu citosol em decorrência da atividade das bombas de sódio-potássio. Estas bombas estão localizadas nas membranas basolaterais e ejetam Na+ das células do túbulo renal. A ausência de bombas de sódio-potássio na membrana apical assegura que a reabsorção de Na+ seja um processo unidirecional. A maior parte dos íons sódio que cruza a membrana apical vai ser bombeada para o líquido intersticial na base e nas laterais da célula. A quantidade de ATP utilizado pelas bombas de sódio-potássio nos túbulos renais é de aproximadamente 6% do consumo total de ATP do corpo em repouso. Isso pode não parecer muito, mas é aproximadamente a mesma quantidade de energia usada pelo diafragma ao se contrair durante a respiração tranquila. O transporte de material através das membranas pode ser ativo ou passivo. No transporte ativo primário a energia resultante da hidrolise do ATP é usada para bombear uma substância através de uma membrana; a bomba de sódio potássio é uma dessas bombas. No transporte ativo secundário, a energia armazenada no gradiente eletroquímico de um íon, em vez da hidrolise de ATP, impulsiona outra substância através de uma membrana. O transporte ativo secundário acopla o movimento de um íon contra o seu gradiente eletroquímico para o movimento “morro acima” de uma segunda substância contra o seu gradiente eletroquímico. Os simportadores são proteínas de membrana que movem duas ou mais substâncias em sentidos opostos através de uma membrana. Cada tipo de transportador tem um limite máximo de velocidade de atuação, assim como uma escada rolante tem um limite de quantas pessoas ela pode transportar. Este limite, chamado transporte máximo ( Tm), é medido em mg/min. A reabsorção de soluto impulsiona a reabsorção de água, porque toda a reabsorção de água ocorre por osmose. Aproximadamente 90% da reabsorção de água filtrada pelos rins ocorrem juntamente com a reabsorção de solutos, como o Na+, o Cl- e a glicose. A água reabsorvida com solutos no líquido tubular é denominada reabsorção de água obrigatória, porque a água é obrigada a seguir os solutos quando eles são reabsorvidos. Este tipo de reabsorção de água ocorre no túbulo contorcido proximal e na parte descendente da alça de Henle, porque estes segmentos do néfron sempre são permeáveis a água. A reabsorção dos últimos 10% de água, um total de 10 a 20L por dia, é chamada reabsorção de água facultativa – a reabsorção é capaz de se adaptar a uma necessidade. Essa reabsorção de água facultativa é regulada pelo hormônio antidiurético e ocorre principalmente nos ductos coletores. Na reabsorção paracelular, a água e os solutos no líquido tubular retornam para a corrente sanguínea movendo-se entre as células tubulares; na reabsorção transcelular, os solutos e a água do líquido tubular retornam para a corrente sanguínea passando através de uma célula do túbulo. O líquido filtrado se torna líquido tubular quando entra no túbulo contorcido proximal. A composição do líquido tubular muda conforme ele flui ao longo do néfron e do ducto coletor, em decorrência da reabsorção e secreção. O líquido que flui dos ductos papilares para a pelve renal é a urina. Secreção e reabsorção no túbulo contorcido proximal: A maior quantidade de reabsorção de soluto e água a partir do líquido filtrado ocorre nos túbulos contorcidos proximais, que reabsorvem: ● 65% da água filtrada, Na+ e K+, ● 100% da maior parte dos solutos orgânicos filtrados como a glicose e os aminoácidos; ● 50% do Cl- filtrado; ● 80 a 90% do HCO3- filtrado; ● 50% da ureia filtrada ● Uma quantidade variável dos íons Ca2+, Mg2+ e HPO4²- (fosfato) filtrados. Além disso, os túbulos contorcidos proximais secretam uma quantidade variável de H+, íons amônia (NH4+) e ureia. A maior parte da reabsorção de solutos no túbulo contorcido proximal (TCP) envolve o Na+. O transporte de Na+ ocorre via mecanismos utilizando simportadores e antiportadores no túbulo contorcido proximal. Normalmente, a glicose, os aminoácidos, o ácido láctico, as vitaminas hidrossolúveis e outros nutrientes filtrados não são perdidos na urina. Em vez disso, são completamente reabsorvidos na primeira metade do túbulo contorcido proximal por vários tipos de simportadores Na+ localizados na membrana apical. A figura abaixo: descreve o funcionamento de um destes simportadores, o simportador Na+ glicose na membrana apical de uma célula do TCP. Dois íons Na+ e uma molécula de glicose se ligam à proteína simportadora, que os transporta do líquido tubular para dentro da célula do túbulo. As moléculas de glicose então saem através da membrana basolateral via difusão facilitada e se difundem para os capilares peritubulares. Outros simportadores Na+ no TCP recuperam íons HPO4²- (fosfato) e SO4²- (sulfato), todos os aminoácidos e o ácido láctico filtrados de um modo semelhante. Normalmente, toda glicose filtrada é reabsorvida no TCP. Em outro processo de transporte ativo secundário, os contratransportadores Na+-H+ carregam o Na+ filtrado a favor do seu gradiente de concentração para dentro de uma célula do TCP conforme o H+ é movido do citosol para o lúmen, fazendo com que o Na+ seja reabsorvido para o sangue e o H+ seja secretado no liquido tubular. As células do TCP produzem o H+ necessário para manter os contratransportadores descolando-se da seguinte maneira. O dióxido de carbono (CO2) se difunde do sangue peritubular ou líquido tubular ou é produzido por meio de reações metabólicas no interior das células. Como também ocorre nas hemácias, a enzima anidrase carbônica (AC) catalisa a reação do CO2 com a água (H2O) para formar o ácido carbônico (H2CO3); este em seguida dissocia-se em H+ e HCO3-. A maior parte do HCO3- do líquido filtrado é reabsorvida nos túbulos renais proximais, salvaguardando assim o suprimento do corpo de um importante tampão. Depois que o H+ é secretado para o líquido no interior do lúmen do túbulo contorcido proximal, ele reage com o HCO3- filtrado para formar H2CO3, que se dissocia facilmente em CO2 e H2O. O dióxido de carbono em então se difunde para dentro das células dos túbulos e se junta ao H2O para formar H2CO3, que sedissocia em H+ e HCO3-. À medida que o nível de HCO3- no citosol sobre ele sai via transportadores por difusão facilitada na membrana basolateral e se difunde para o sangue com o Na+. Assim, para cada H+ secretado no líquido tubular do túbulo contorcido proximal, um HCO3- e um Na+ são reabsorvidos. A reabsorção de soluto nos túbulos contorcidos proximais promove a osmose de agua. Cada soluto reabsorvido aumenta a osmolaridade, primeiramente no interior da célula do túbulo, em seguida no liquido intersiticial, e por fim no sangue. Assim, a agua se move rapidamente do liquido tubular – tanto por via paracelular quanto via transcelular – para os capilares peritubulares e restaura o equilíbrio osmótico. Ou seja, a reabsorção dos solutos cria um gradiente osmótico que promove a reabsorção de água por osmose. As células que revestem o túbulo contorcido proximal e a parte descendente da alça de Henle são especialmente permeáveis a agua, porque contem muitas moléculas de aquaporian-1. Esta proteína integrante da membrana plasmática é um canal de agua que aumenta muito a velocidade do movimento da agua através das membranas apical e basolateral. Conforme a agua deixa o liquido tubular, as concentrações dos solutos filtrados restantes aumenta. Na segunda metade do TRP, os gradientes eletroquímicos para o Cl-, K+, Ca2+, Mg2+ e ureia promovem a sua difusão passiva para os capilares peritubulares utilizando tanto as vias paracelular quanto transcelular. Entre estes íons, o Cl- está presente na concentração mais elevada. A difusão do Cl- negativamente carregado para o liquido intersticial por meio da via paracelular torna o liquido intersticial eletricamente mais negativo do que o liquido tubular. Essa negatividade promove a reabsorção paracelular passiva de cátions como K+, Ca2+ e Mg2+. A amônia (NH3) é um produto residual toxico derivado da desaminaçao (remoção do grupo amina) de vários aminoácidos, uma remoção que ocorre principalmente nos hepatócitos (células do fígado). Os hepatócitos convertem a maior parte desta amônia em ureia, um comporto menos tóxico. Embora pequenas quantidades de ureia e amônia estejam presentes no suor, a maior parte da secreção desses produtos residuais contendo nitrogênio ocorre por meio da urina. A ureia e a amônia no sangue são filtrados no glomérulo e secretados pelas células tubulares proximais renais para o liquido tubular. As células do túbulo contorcido proximal podem produzir NH3 adicional pela desaminaçao do aminoácido glutamina, em uma reação que produz igualmente HCO3-. A NH3 se liga rapidamente ao H+ para se tornar o íon amônio (NH4), que pode substituir o H+ a bordo dos contratrasnportadores Na-H+ na membrana apical e ser secretado para o líquido tubular. O HCO3- produzido nesta reação se move através da membrana basolateral e então se difunde para a corrente sanguínea, fornecendo tampões adicionais ao plasma sanguíneo. Reabsorção na alça de Henle Como todos os túbulos contorcidos proximais reabsorvem aproximadamente 65% da agua filtrada (aproximadamente 80ml/min), o liquido entra na parte seguinte do nefron – a alça de henle – a uma velocidade de 40 a 45ml/min. A composição química do liquido tubular agora é muito diferente porque a glicose, os aminoácidos e outros nutrientes não estão mais presentes. Contudo, a osmolaridade do liquido tubular ainda é semelhante a osmolaridade do sangue, porque a reabsorção de agua por osmose mantem o ritmo com a reabsorção de solutos ao longo do túbulo contorcido proximal. A alça de Henle reabsorve aproximadamente: 15% da agua filtrada 20 a 30% do Na+ e K+ filtrados; 35% do Cl- filtrado 10 a 20% do HCO3- filtrado E uma quantidade variável do Ca²+ e Mg²+ filtrados. Aqui, pela primeira vez, a reabsorção de agua por osmose não é automaticamente acoplada à reabsorção de solutos filtrados, porque parte da alça de Henle é relativamente impermeável a agua. A alça define assim o cenário para regulação independente tanto do volume quanto da osmolaridade dos líquidos corporais. As membranas apicais das células da parte ascendentes espessa da alça de Henle tem simportadores Na+-K+-2Cl- que simultaneamente recuperam um Na+, um K+ e dois Cl- do liquido do lumen tubular. O Na+ que é transportado ativamente para o liquido intersticial na base e nas laterais da célula se difunde para as arteríolas retas. O Cl- se move pelos canais de vazamento na membrana basolateral para o liquido intersticial e, em seguida, para as arteríolas retas. Como muitos canais de vazamento de K+ estão presentes na membrana apical, a maior parte do K+ trazido pelos simportadores se move a favor do seu gradiente de concentração de volta para o liquido tubular. Assim, o principal efeito dos simportadores Na+-K+-2Cl- é a reabsorção de Na+ e Cl-. O movimento do K+ carregado positivamente para o liquido tubular através dos canais da membrana apical deixa o liquido intersticial e o sangue com cargas mais negativas em relação ao liquido na parte ascendente da alça de Henle. Essa negatividade relativa promove a reabsorção de cátions – Na+, K+, Ca²+ e Mg²+ - utilizando a via paracelular. Embora aproximadamente 15% da água filtrada sejam reabsorvidos na parte descendente da alça de Henle, pouca ou nenhuma água é reabsorvida na parte ascendente. Neste segmento do túbulo, as membranas apicais são praticamente impermeáveis a água. Como os íons, mas não as moléculas de água, são reabsorvidos, a osmolaridade do líquido tubular diminui progressivamente a medida que o liquido flui para a extremidade da parte ascendente. Reabsorção no início do túbulo contorcido distal: O líquido entra nos túbulos renais distais a uma velocidade de aproximadamente 25ml/min, porque 80% da água filtrada agora foram reabsorvidos. A parte inicial do túbulo contorcido distal (TCD) reabsorve aproximadamente 10 a 15% da água filtrada, 5% do Na+ filtrado e 5% do Cl- filtrado. A reabsorção de Na+|e Cl- ocorre por meio dos simportadores Na+-Cl- nas membranas apicais. As bombas de sódio-potássio e os canais de vazamento de Cl- nas membranas basolaterais então possibilitam a reabsorção de Na+ e Cl- para os capilares peritubulares. O início do TCD também é um importante local onde o hormônio paratireóideo (PTH) estimula a reabsorção de Ca2+. A quantidade de reabsorção de Ca2+ no início do TCD varia de acordo com as necessidades do organismo. Reabsorção e secreção no final do túbulo contorcido distal e no ducto coletor: No momento em que o líquido alcança o final do túbulo contorcido distal, 90 a 95% dos solutos filtrados e água retornam para a corrente sanguínea. Existem dois tipos diferentes de células – principais e intercaladas – na parte final ou terminal do túbulo contorcido distal e ao longo do ducto coletor. As células principais reabsorvem Na+ e secretam K+-, as células intercaladas reabsorvem K+ e HCO3- e secretam H+. Na parte final dos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores, a reabsorção de água e solutos e a secreção de soluto variam de acordo com as necessidades do organismo. Em contraste com os segmentos prévios do néfron, o Na+ atravessa a membrana apical das células principais via canais de saída de Na+, e não por meio de simportadores ou contratransportadores. A concentração de Na+ no citosol permanece baixa, como de costume, porque bombas de sódio-potássio transportam ativamente o Na+ através das membranas basolaterais. O Na+ então se difunde passivamente para os capilares peritubulares dos espaços intersticiais em torno das células tubulares. Normalmente, a reabsorção transcelular e paracelular no túbulo contorcido proximal e na alça de Henle retornam a maior parte do K+ filtrado para a corrente sanguínea. Para se ajustar a ingestão dietética variada de potássio e manter um nível estável de K+ nos líquidos do corpo, as células principais secretam uma quantidade variável de K+. Como as bombas de sódio-potássio basolaterais trazem continuamente K+ para as células principais, a concentração intracelular de K+ permanece alta. Os canais de vazamento de K+ estão presentes nas membranasapical e basolateral. Assim, um pouco do K+ se difunde a favor do seu gradiente de concentração no líquido tubular, onde a concentração de K+ é muito baixa. Este mecanismo de secreção é a principal fonte do K+ secretado na urina. Cinco hormônios afetam a extensão da reabsorção de Na+, Cl-, Ca²+ e água, bem como a secreção de K+ pelos túbulos renais. ● Angiotensina II ● Aldosterona ● Hormônio antidiurético ● Peptídio natriurético atrial ● Hormônio paratireóideo. Sistema renina-angiotensina-aldosterona: Quando o volume de sangue e a pressão arterial diminuem, as paredes das arteríolas glomerulares aferentes são menos distendidas, e as células justaglomerulares secretam a enzima renina no sangue. A estimulação simpática também estimula diretamente a liberação de renina pelas células justaglomerulares. A renina retira um peptídeo com 10 aminoácidos chamado angiotensina I a partir do angiotensinogenio, que é sintetizado pelos hepatócitos. Ao retirar mais dois aminoácidos, a enzima conversora de angiotensina (ECA) converte a angiotensina I em angiotensina II, que é a forma ativa do hormônio. A angiotensina II afeta a fisiologia renal de três modos principais: 1. Ela diminui a taxa de filtração glomerular, causando vasoconstrição das arteríolas glomerulares aferentes. 2. Ela aumenta a reabsorção de Na+, Cl- e agua no túbulo contorcido proximal, estimulando a atividade dos contratransportadores Na+-H+. 3. Ela estimula o córtex da glândula suprarrenal a liberar aldosterona, um hormônio que por sua vez estimula as células principais dos ductos coletores a reabsorver mais Na+ e Cl- e a secretar mais K+. a consequência osmótica de reabsorver mais Na+ e Cl- é que mais água é reabsorvida, provocando aumento do volume sanguíneo e da pressão arterial. Hormônio antidiurético: HAD ou ADH ou vasopressina é liberado pela neuro-hipófise. Ele regula a reabsorção facultativa de água, aumentando a permeabilidade à água das células principais na parte final do túbulo contorcido distal e no túbulo coletor. Se não houver HAD, as membranas apicais das células principais têm uma permeabilidade muito baixa a água. No interior das células principais existem pequenas vesículas que contêm muitas copias de uma proteína de canal de água conhecida como aquaporina-2. O HAD estimula a inserção das vesículas contendo aquaporina-2 nas membranas apicais por exocitose. Como resultado, a permeabilidade à água da membrana apical da célula principal aumenta, e as moléculas de água se movem mais rapidamente do líquido tubular para o interior das células. Como as membranas basolaterais são sempre relativamente permeáveis a água, as moléculas de água então se movem rapidamente para o sangue. Os rins podem produzir somente 400 a 500ml de urina muito concentrada por dia quando a concentração de HAD é máxima, como durante a desidratação grave. Quando o nível de HAD declina, os canais de aquaporina-2 são removidos da membrana apical via endocitose. Os rins produzem um grande volume de urina diluída quando o nível de HAD é baixo. Um sistema de feedback negativo envolvendo o HAD regula a reabsorção facultativa de água. Quando a pressão osmótica ou a osmolaridade do plasma e dos líquidos intersticiais aumenta – isto é, quando a concentração de água diminui – apenas 1%, os osmorreceptores no hipotálamo detectam a alteração. Os impulsos nervosos estimulam a secreção de mais HAD para o sangue, e as células principais se tornam mais permeáveis a água. Conforme a reabsorção facultativa de água aumenta, a osmolaridade do plasma diminui até o normal. Um segundo estímulo poderoso para a secreção de HAD é a diminuição do volume de sangue, como ocorre na hemorragia ou na desidratação grave. Na ausência patológica de atividade do HAD, uma condição conhecida como diabetes insípido, uma pessoa pode excretar até 20L de urina muito diluída diariamente. Peptídio natriurético atrial: Um grande aumento no volume de sangue promove a liberação de peptídio natriurético atrial (PNA) pelo coração. Embora a importância do PNA na regulação da função tubular normal não seja clara, ele pode inibir a reabsorção de Na+ e água pelo túbulo contorcido proximal e pelo ducto coletor. O PNA também suprime a secreção de aldosterona e HAD. Esses efeitos aumentam a secreção de Na+ na urina (natriurese) e aumentam a produção de urina (diurese), o que diminui o volume sanguíneo e a pressão arterial. Paratormônio: Embora os hormônios mencionados até agora envolvam a regulação da perda de água na urina, os túbulos renais também respondem a um hormônio que regula a composição iônica. Por exemplo, um nível mais baixo do que o normal de Ca2+ no sangue estimula as glândulas paratireoides a liberar o PTH. O PTH por sua vez, estimula as células do início dos túbulos contorcidos distais a reabsorver mais Ca²+ para o sangue. O PTH também inibe a reabsorção de HPO4²- (fosfato) pelos túbulos contorcidos proximais, promovendo assim a secreção de fosfato. Referencia: Tortora – anatomia e fisiologia
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