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E-Book - A Comunicação Cartográfica e a Linguagem dos Mapas - Fapespa

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A COMUNICAÇÃO 
CARTOGRÁFICA E A 
LINGUAGEM DOS MAPAS 
 
 
Christian Nunes da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GeoDigital 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA E A 
LINGUAGEM DOS MAPAS 
 
Christian Nunes da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GeoDigital 
Belém 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editora GeoDigital 
 
Editor de publicações: Christian Nunes da Silva 
Gerência e preparação do texto: Joyce Caetano 
Revisão: Gustavo Saldivar 
Digramação e capa: Anderson Reis 
 
Todos os direitos reservados à Ed. GeoDigital 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
 
Índices para catálogo sistemático: 
1. Mapas, gráficos e redes : Cartografia geográfica 
526 
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 
 
Os conceitos, as declarações e as opiniões emitidos nos manuscritos são de 
responsabilidade exclusiva do(s) autor(es). 
Todos os direitos reservados à Ed. GeoDigital 
Impresso no Brasil 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO 9 
1. A CARTOGRAFIA E A NECESSIDADE DE SE LOCALIZAR 11 
1.1. AS QUESTÕES BÁSICAS DOS MAPAS 13 
1.2. AS REPRESENTAÇÕES ESPACIAIS E A EVOLUÇÃO DOS MAPAS 16 
2. OS ELEMENTOS BÁSICOS DO MAPA 23 
2.1. O TÍTULO 23 
2.2. CONVENÇÕES E LEGENDA 24 
2.3. AS ESCALAS: GRÁFICA E NUMÉRICA 25 
2.4. A GRADE DE COORDENADAS 26 
2.5. A ORIENTAÇÃO 27 
2.6. OUTROS COMPLEMENTOS DO MAPA 28 
3. OS TIPOS DE PRODUTOS CARTOGRÁFICOS 31 
3.1. O CROQUI 32 
3.2. A PLANTA 34 
3.3. A CARTA 35 
3.4. O MAPA 36 
3.5. O CARTOGRAMA 37 
3.6. O GLOBO 38 
3.7. A MAQUETE 39 
3.8. A ANAMORFOSE 39 
3.9. AS IMAGENS DE SENSORES REMOTOS 41 
3.10. OS MAPAS DIGITAIS EM REALIDADE AUMENTADA 42 
3.11. OS ATLAS GEOGRÁFICOS DIGITAIS NA INTERNET E O WEBGIS 43 
4. A CARTOGRAFIA E A NEOCARTOGRAFIA: ONTEM E HOJE, NA 
ANÁLISE DO ESPAÇO GEOGRÁFICO 
47 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 53 
REFERÊNCIAS 55 
O AUTOR 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
9 
APRESENTAÇÃO 
 
As representações espaciais estão presentes na vida dos seres humanos, 
desde antes, mesmo, da escrita e da fala articuladas. Por meio de símbolos e de 
desenhos, os seres humanos representaram suas primeiras apreensões da 
realidade e usaram-nas, para delimitar e para ocupar, efetivamente, os seus 
territórios. Evolutivamente, as técnicas cartográficas e o uso de recursos modernos 
possibilitaram ocupar diversos lugares da Terra, criando cidades e estados, além de 
outros fenômenos e objetos. Assim, a representação espacial ganhou formas mais 
precisas e significações cartográficas, cujas simbolizações foram se aproximando, 
cada vez mais, do real. Desenvolvia-se, assim, a ideia de convenções cartográficas. 
A partir de uma padronização internacional ‒ principalmente, nos últimos séculos ‒, 
as representações simbólicas foram aperfeiçoadas e, com o advento das fotografias 
aéreas e, posteriormente, com o emprego de imagens de sensores remotos, o 
espaço geográfico foi explorado e entendido de um modo que seria impossível, em 
tempos passados, quando a produção cartográfica ‒ composta, basicamente, de 
mapas impressos em papel ‒, era artesanal. 
Em tempos passados, mudanças na forma de organização dos seres 
humanos determinaram avanços nas técnicas de representação do espaço 
geográfico e o advento de novas tecnologias e normativas, aceitas 
internacionalmente ‒ chamadas de convenções cartográficas ‒, as quais fizeram 
com que os mapas fossem padronizados, levando em consideração as percepções 
da realidade e permitindo uma representação mais aproximada do ambiente 
existente, possibilitando a todos os indivíduos conhecer lugares, antes, 
desconhecidos ou inacessíveis. 
Neste sentido, os produtos cartográficos (mapas, globos, croquis, etc.) 
passaram a ser utilizados para diversos fins, ao longo da história, tendo em vista sua 
abrangência artística, científica e técnica: no planejamento, por parte de gestores 
territoriais, no ensino e no entendimento das características da superfície terrestre, 
através das diversas disciplinas e especialidades, criadas pelo ser humano. 
Contemporaneamente, o desenvolvimento de ferramentas computacionais fez 
com que as áreas do conhecimento tivessem um incremento, no que tange aos 
métodos e às metodologias do fazer das ciências, que não pararam de proliferar e 
de evoluir, dando origem a novas cartografias. Assim, as chamadas geotecnologias, 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
10 
apoiadas, principalmente, nos computadores, tornaram mais ágeis e seguras a 
coleta de dados espaciais, a elaboração de produtos cartográficos e a extração de 
novas informações espaciais de um produto já criado, como o levantamento de 
dados de um mapa preexistente ou a análise visual de imagens de sensores 
remotos, por exemplo. 
A cartografia computadorizada (incluindo o Sistema de Posicionamento 
Global (GPS), o sensoriamento remoto e o geoprocessamento) tem se mostrado 
uma poderosa ferramenta de entendimento, de representação e de interpretação do 
espaço geográfico e dos fenômenos e dos objetos nele incluídos. Tal técnica trouxe 
subsídios ao trabalho do planejador e se tornou instrumento para o educador, em 
sala de aula. Mas seus produtos são uma construção humana, uma simplificação do 
espaço real, que serve para comunicar ou para transmitir informações, as quais 
devem ser entendidas por elaboradores e por usuários. 
Este livro faz parte de uma coletânea de trabalhos, que objetivam contribuir 
no processo de ensino-aprendizagem da cartografia e das chamadas 
geotecnologias, além de auxiliar no entendimento do espaço geográfico, tendo em 
vista que a ausência dos conhecimentos cartográficos pode interferir na capacidade 
de leitura e de compreensão de mapas e de similares, sendo que a maior parte dos 
conteúdos deste livro foi publicada em revistas científicas ou em blogues, os quais 
foram, agora, atualizados, trazendo novas e úteis informações ao leitor. 
É importante enfatizar também que este livro foi elaborado a partir dos 
debates conceituais e técnicos sobre cartografia, suas ferramentas e seus avanços 
tecnológicos, realizados durante a execução do projeto “O uso da cartografia em 
sala de aula e a geoinformação como tecnologia assistiva de inclusão 
Socioespacial”, desenvolvido pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e 
financiado por meio de recursos oriundos da Chamada n°. 012/2017 (Concessão de 
Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas) da Fundação Amazônia de 
Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). 
 
 
 
 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
11 
1. A CARTOGRAFIA E A NECESSIDADE DE SE LOCALIZAR 
 
Desde a pré-História, o homem apresenta aptidão para a representação 
gráfica e tal disposição o colocou no caminho da Cartografia. Antes, mesmo, da 
invenção da escrita ou do surgimento da fala, o ser humano já comunicava as suas 
descobertas, como os locais de alimentos e os ambientes bons de viver, por meio de 
desenhos rudimentares, isto é, os traços e as expressões, que imprimiu nas paredes 
das cavernas, em cascas de arvores ou em pedras e barrancos significavam mais 
do que as palavras, que só aprenderia a pronunciar muito mais tarde. 
A produção dos quadros ou desenhos, que o ser humano usou, como meio de 
planificar fatos, representa o começo da formação cartográfica e das ideias, que 
proporcionaram as renovadas visões do espaço de vivência ou da evolução da 
sociedade, as quais seriam, mais tarde, apropriadas por uma Geografia apoiada, 
ainda, nessa habilidadede interpretação do espaço e de representação simbólica. 
A sociedade se desenvolveu, cresceu e incorporou muitos significados 
históricos, filosóficos e práticos, sem prescindir, jamais, da mentalidade cartográfica, 
mas foi muito tempo depois da pré-História e da História Antiga que a palavra 
Cartografia foi apresentada ao ser humano, quando o historiador português 
Visconde de Santarém escreveu, de Paris, uma carta ao também historiador 
brasileiro Adolfo de Varnhagem. Nessa carta, datada de 1839, o Visconde de 
Santarém substituía o termo cosmografia por cartografia (SILVA, 2013). 
O novo termo buscava dar novo entendimento do que poderia significar o 
processo de informação, para a tomada de posição do ser humano daquele tempo, 
em relação aos vários problemas, que envolviam a superfície do planeta Terra, tanto 
os relacionados ao meio físico, de regiões inteiras e/ou de continentes, quanto os 
relativos à socioeconomia de países ou de lugares específicos, que exigiam um 
tratamento mais técnico e uma interpretação mais acurada e atenta das 
características geográficas multifacetadas, as quais sempre o inquietaram. 
Após o seu batismo e o seu reconhecimento, como ciência e/ou, mesmo, 
como técnica, sua eficiência foi posta à disposição de reis, de imperadores ou de 
governos de diversas regiões, bem como de princípios, contribuindo para 
intervenções, com apropriação de bens naturais e de territórios, como ainda 
acontece. Por conta disso, a Cartografia foi conclamada a mais importante 
abordagem usada pela humanidade, pois tanto participou do desenvolvimento da 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
12 
sociedade humana, desde a pré-História, tirando os seres humanos de seu estado 
primitivo e induzindo-os a comunicar e a projetar seus interesses, junto a outros 
seres humanos, como, num passado mais distante, serviu de base para o 
estabelecimento de políticas de expansão territorial, por parte dos países 
colonizadores. 
No seu percurso, a Cartografia auxiliou populações colonizadas e 
colonizadoras, serviu a governos de todos os matizes e territórios, promovendo a 
organização de regiões, planejando ocupações de domínios externos, servindo, 
inclusive, ao atual modo de produzir civilizações. Pode-se dizer que, hoje, a 
Cartografia está popularizada; não, tanto, por ter crescido e se implantado no 
cotidiano da sociedade atual, e, sim, porque se tornou um meio de solucionar 
problemas físicos, sociais, econômicos e de outras naturezas, em espaços urbanos 
ou rurais, relativos à saúde, à moradia, à segurança, ao lazer e a outros aspectos da 
vida humana. 
Apesar da sua popularização, a Cartografia continua a ser uma disciplina 
confundida com outras, como o geoprocessamento e o sensoriamento remoto. Tal 
se dá, por um lado, porque esta ciência já foi sobrepujada, em sua capacidade de 
resolver problemas, como já mencionado, e, por outro lado, porque se entende que 
sua necessidade está atrelada ao ponto de vista das instituições de pesquisa e de 
assistência técnica. Negligencia-se, portanto, a capacidade da Cartografia de ser 
uma disciplina formadora de uma consciência objetiva e, ao mesmo tempo, de ser 
interveniente, reflexiva e crítica, a respeito do próprio futuro da humanidade. 
Por estes aspectos, que envolvem esta arte, esta técnica e esta ciência 
(IBGE, 1999) é que a apresentamos neste texto, entendendo que se trata de uma 
contribuição ao conhecimento geográfico e de outras ciências, tendo em vista o 
emprego da Cartografia, quando discutimos os seus fundamentos, a partir dos 
capítulos: a Cartografia, como necessidade de se localizar; os tipos de produtos 
cartográficos; os principais elementos do mapa; e o uso e as principais perspectivas 
da Cartografia, nos dias de hoje, de onde se conclui que a ideia de um uso mais 
abrangente e mais eficaz desta ciência serve de suporte a diversas outras ciências e 
que as tecnologias que a caracterizam, incluindo seus produtos, constituem um 
aumento e uma melhoria no nível de informação, além de uma intervenção, em 
conformidade com as necessidades do planejamento, da gestão e do ensino, 
considerando, ainda, o advento da informática e da internet, além de outras 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
13 
tecnologias, que facilitam sobremodo o emprego da abordagem, tanto em termos 
quantitativos quanto qualitativos, através da qual podemos tratar as temáticas 
requisitadas pelo atual público da Cartografia. 
 
 
1.1. AS QUESTÕES BÁSICAS DOS MAPAS 
 
O que fez o ser humano desenvolver os conhecimentos, as técnicas e as 
habilidades, que resultaram na concepção da Cartografia, está diretamente 
relacionado aos tempos mais remotos, em que começou a interferir nos lugares de 
sua morada e de seu trabalho. Tentando, sempre, entender melhor tais espaços, 
para aproveitá-los melhor, o ser humano se revelou grande modificador da 
paisagem, principalmente, quando começou a sentir necessidades: de se alimentar, 
de se vestir, de trabalhar ou, mesmo, de ter lazer, as quais lhe fizeram exercer 
ações cada vez mais impactantes sobre a natureza. 
Ao mesmo tempo em que investia sobre a natureza, o ser humano 
mergulhava em muitas dúvidas, perguntando-se, sempre, sobre o que era o mundo, 
sobre qual era a sua localização, dentro dele, e levantando muitas outras questões 
(Figura 1). 
 
Figura 1 ‒ A pergunta básica do mapeamento: “onde estou?” 
 
 Fonte: IBGE (2011) 
 
O ser humano precisava entender os lugares, conhecer o seu mundo e tentar 
representar o seu cotidiano, de maneira variada. O humano primitivo, por exemplo, 
fazia pinturas em cavernas (Homem de Cro-Magnon (Figura 3)) e, nelas, buscava 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
14 
apresentar a forma de vida daquele tempo; o humano inteligente concebeu mapas, 
em materiais por ele forjados, como a argila cozida, por exemplo (Mapa de Ga-Sur 
(Figura 4); e o humano dos dias atuais, não, apenas, mudou a forma de 
representação como avançou para novas técnicas, que, agora, incluem a informática 
e a computação, com as quais consegue obter a reprodução do espaço-tempo, em 
inúmeras modalidades de produtos e de processos, inclusive, no ciberespaço (um 
suporte virtual). 
O que mudou dos tempos antigos para hoje foi a forma, pela qual a tecnologia 
está disponível, mas o interesse dos humanos em mapear os lugares continua o 
mesmo. Graças às perguntas que o ser humano fez e que vem fazendo, ao longo do 
tempo, a grande maioria das ciências foi criada e vem se desenvolvendo, durante a 
história da humanidade, utilizando-se de mapas, para apoiar suas pesquisas e suas 
comprovações, considerando que a localização dos objetos ou dos fenômenos se 
tornou um fato (geográfico) importante, para se incluir no entendimento dos 
processos, que envolvem a evolução das sociedades humanas. 
O espaço tornado geográfico interfere nos estudos ou é parte importante 
deles. A pergunta: “onde estou?”, por exemplo, sempre motivou o ser humano e o 
incitou a tentar representar seu espaço de atuação, contribuindo, também, para 
defini-lo, dentro desse espaço. Assim, o tipo de tecnologia por ele empregada 
(carvão, pincel, caneta, computador, etc.) definia o produto cartográfico que ele 
elaborava, que também era variado. O importante a saber e a não esquecer é que o 
ser humano imprime nos mapas o que vê na realidade, a partir das suas percepções 
de um espaço real, que é “visto de cima” e que é representado cartograficamente, 
em uma folha de papel ou em uma tela de computador. Isto é, o produto cartográfico 
é uma representação de um corpo tridimensional (uma esfera, com volume ‒ o 
planeta Terra) em um meio bidimensional (um plano, com largura e com altura), com 
o uso das chamadas projeções cartográficas, as quais buscam minimizar as 
distorções, em área, em distância e em direção, por meio dos traços, que irão 
compor o modelo terrestre ou partedele (carta, mapa, planta, etc.). Portanto, faz-se 
necessário compreender como a superfície esférica do planeta Terra ‒ o globo ‒, 
pode se tornar uma superfície plana ‒ o mapa (Figura 2). 
 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
15 
Figura 2 ‒ A Terra é dividida em segmentos ou em gomos, ao longo das linhas de longitude 
 
 Fonte: Phillipson (2010, p. 7) 
 
As representações que o ser humano construía foram se manifestando, ora 
como um simples desenho, sem escala ou exatidão, chamado croquis, ora como um 
globo, do tipo usado, atualmente, em salas de aula, ora como uma representação de 
certas condições de clima, de solo, de vegetação ou de outro tipo de informação, 
chamada de mapa temático de determinada região. Tais produtos cartográficos 
serão colocados a nossa disposição, para avaliarmos as suas formas e a sua 
eficiência, mais adiante, quando estudarmos os croquis, os globos, os mapas, as 
cartas e as plantas, sabendo, de antemão, que estes nada mais são do que uma 
simplificação da realidade ou uma tentativa de representar, gráfica e 
simbolicamente, o espaço real, que os seres humanos habitam, na superfície do 
planeta Terra. 
Saber se localizar e transmitir com precisão sua própria localização, em 
formato de mapas, é uma das características da comunicação cartográfica, que só 
os seres humanos possuem. Deste ponto de vista, a Cartografia é uma forma de 
comunicação universal, através da qual o leitor, independentemente do idioma ou do 
país, reconhecerá as formas dos rios, das estradas, das cidades e dos outros 
objetos, bastando, para tanto, que tenha as percepções comuns a todos os que 
observam a superfície terrestre: suas formas, suas cores, suas orientações, etc. 
Apesar deste bom entendimento do que seja a Cartografia e da capacidade 
do ser humano de se localizar, construindo mapas, é importante dizer que nenhum 
mapa é perfeito ou que sua perfeição nunca atingirá a todos os objetos da superfície 
terrestre, nem a todos os objetivos de um projeto humano, no sentido de conseguir 
resolver os problemas da sociedade, porque não é possível representar, neles, os 
fenômenos da forma como realmente ocorrem; ao invés disso, os fenômenos são 
apresentados, através dos recursos da Cartografia, cuja leitura de mundo é, 
naturalmente, limitada, como ocorre com todas as ciências. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
16 
Isto significa que os mapas são esquemáticos e que os elaboradores de 
mapas (todos nós) devemos buscar torná-los mais compreensíveis, para que todos 
os que os manusearem possam identificar os lugares por eles representados (o 
onde?), de modo a ter a certeza de que os mapas que estão sendo lidos se refiram 
a lugares determinados, em um determinado período de tempo (o quando?), 
considerando que todos os mapas refletem o momento, em que foram 
confeccionados, representando os lugares daquele momento, podendo dar 
sugestões para cenários futuros. 
 
 
1.2. AS REPRESENTAÇÕES ESPACIAIS E A EVOLUÇÃO DOS MAPAS 
 
A forma, pela qual os seres humanos reproduzem simbolicamente os seus 
espaços de vivência, está presente, em toda a história da humanidade, antes, 
mesmo, da escrita ou das letras e da articulação da fala, como já foi observado. O 
ser humano desenhava suas aventuras sobre superfícies, as mais variadas, assim 
como as suas formas de expressão. Nesse sentido, para que pudessem representar 
e compreender os territórios desenhados, os seres humanos sempre utilizaram 
técnicas diversas, para a impressão desses territórios. Por exemplo, quando os 
humanos primitivos pintavam figuras nas paredes das cavernas ‒ objetos, 
fenômenos e seres ‒, estes buscavam apresentar o modo de vida daquele momento 
histórico (MENEZES; FERNANDES, 2013) (Figura 3). 
 
Figura 3 ‒ Pinturas em paredes de cavernas, elaboradas pelos povos da pré-história, encontradas na 
Serra da Capivara (PI), no Brasil 
 
 Fonte: acervo de Pedro Santiago, citado por Menezes e Fernandes (2013) 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
17 
No entanto, com o avanço das ferramentas construídas pelos humanos, pelo 
uso de recursos mais modernos (lápis, pincel, etc.), o que poderia ser representado 
simbolicamente foi ganhando mais similaridade com o que existia no espaço real. 
Assim, os lugares, as cidades, as casas e os demais objetos foram ganhando 
formas mais precisas nas representações simbólicas, a partir do momento em que a 
evolução dos meios de representação dos símbolos também tiveram um progresso 
importante. O ser humano primitivo, que realizava suas pinturas nas paredes das 
cavernas, passou a pintar, no decorrer do tempo, em placas de barro, depois, em 
papiros e em folhas de papel, até chegar aos computadores, suporte que 
conhecemos, pelo uso de softwares e de sites especializados na elaboração de 
mapas. 
Como exemplo de mapa antigo, há o Mapa de Ga-Sur (Figura 4), 
representação espacial feita em uma placa de barro cozido de 8 cm x 7 cm, 
elaborado pelo povo que vivia na Mesopotâmia, que busca representar uma região 
de vale, que, presume-se, seja do rio Eufrates, situado no Oriente Médio. Esse 
objeto é considerado um dos mais antigos mapas da humanidade e sua data de 
confecção é calculada entre 2.400 e 2.200 a.C. Naquele momento, diferente da 
pintura feita pelo humano das cavernas (Figura 3), o elaborador/mapeador já 
possuía outro suporte para gravar seu desenho: uma placa de barro. 
 
Figura 4 ‒ Mapa de Ga-Sur, um dos mais antigos mapas conhecidos 
 
 Fonte: Silva (2013) 
 
Assim, com o progresso da humanidade, as formas de representação dos 
territórios foram sofrendo alterações, de acordo com os avanços das tecnologias, 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
18 
passando por técnicas simples, como o uso de papiros e de pinceis, até chegar à 
utilização de computadores e de softwares de geoprocessamento, o que se verifica, 
hoje. Nesse percurso, apenas a tecnologia empregada na representação espacial foi 
mudada, pois o interesse em conhecer e em mapear os espaços continua o mesmo 
do passado. Com o acúmulo de informações, criado pelo volume de produtos 
cartográficos, reunidos durante séculos, foi necessária uma padronização 
cartográfica mais precisa, que possibilitou o aperfeiçoamento das representações do 
espaço, que pode ser observado, na atualidade. A Cartografia, neste sentido, desde 
seus primórdios, nas pinturas rupestres (MENEZES; FERNANDES, 2013), quando 
ainda não havia um idioma escrito desenvolvido ou noções sistematizadas de 
matemática ou de outra ciência, tem sido usada, como forma de entender e de 
representar e, logo, de produzir este espaço. 
Os povos antigos deram contribuições valiosíssimas, para chegarmos à forma 
como representamos os lugares, nos dias de hoje. Um exemplo disso é a geometria 
dos desenhos deixados pelos gregos, que fazem parte de um conjunto de 
conhecimentos e de percepções, atualmente, tidas como universais, mas que 
surgiram em lugares específicos, há muito tempo. 
Os conhecimentos adquiridos pelos povos antigos decorriam do mapeamento 
dos lugares, que eles conheciam ou que conquistavam, pois os guardavam e os 
repassavam, por meio de trocas ou de guerras de conquista, num processo, em que 
o povo conquistador recebia, além de joias e de recursos econômicos, os 
conhecimentos contidos em bibliotecas e em mapotecas. No decorrer do tempo, as 
mudanças nas técnicas de comunicação e de representação do espaço contribuíram 
para a evolução da Cartografia. Tal foi o que ocorreu na Era das Navegações, com o 
advento das tecnologias náuticas e com a expansão marítima europeia, 
principalmente, nos séculos XV e XVI, quando se intensificou o comércio com o 
Oriente e quando se obteve o conhecimento sobre os novos continentes, fato que 
suscitou mapas mais precisos, para a localização, principalmente, dos portos de 
abastecimento (Figura 5).A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
19 
Figura 5 ‒ Exemplo de mapa portulano do Atlântico e do Pacífico oriental, desenhado por João 
Teixeira Albernaz, em 1681 
 
 Fonte: Morales (2008) 
 
Frente a tal desenvolvimento, os mapas foram sendo divulgados e 
padronizados, permitindo uma representação mais aproximada do real e 
possibilitando ao ser humano conhecer lugares, antes, desconhecidos ou 
inacessíveis. Os mapas passaram a ser utilizados para diversos fins, que, não, 
apenas, os “descobrimentos”, mas para conquistas e para demarcações de novos 
territórios, bem como para o ensino e para o repasse de conhecimentos sobre a 
superfície terrestre a uma maior quantidade de pessoas, sobretudo, porque, no 
século XV, Johannes Gutenberg inventou a imprensa, fazendo com que os mapas, 
que, antes, eram elaborados artesanalmente, um a um, e repassados a algumas 
poucas pessoas, passassem a ser mais acessíveis a um número maior de usuários. 
Com tais mudanças, juntamente com a chegada da Revolução Industrial, 
tornou-se necessária a obtenção de uma maior padronização cartográfica, ou seja, a 
representação e a leitura dos mapas necessitaram da adoção das chamadas 
convenções internacionais, concebidas, principalmente, a partir do século XX, as 
quais possibilitaram o aperfeiçoamento dos mapas, o que seria impossível, num 
tempo passado, quando a produção cartográfica seguia um processo artesanal. 
Assim, todos os povos, em todas as épocas, sempre tentaram melhorar, de 
alguma forma, as representações de seus lugares de moradia, de trabalho e de 
lazer. Mas, simbólica e cartograficamente, houve um salto efetivo na qualidade 
instrumental e nos produtos da Cartografia, nas últimas décadas, a partir, 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
20 
principalmente, do avanço nas formas de obtenção de informações, através do uso 
de fotografias aéreas e de de imagens de sensoriamento remoto, as quais 
trouxeram um progresso inegável, juntamente com o advento da informática e a 
adoção da internet. 
A criação e a expansão dessas ferramentas são consideradas fundamentais 
para a nova consolidação da Cartografia. O sensoriamento remoto facilitou a 
percepção de regiões maiores e permitiu a manipulação e a impressão de novos 
produtos cartográficos, enquanto a internet veio proporcionar a visualização dos 
locais de moradia e de trabalho a milhares de pessoas, permitindo que esses 
espaços passassem ser vistos “de cima”, como se o usuário estivesse sobrevoando-
os (Figura 6) e mapeando os locais que conhece. 
 
Figura 6 ‒ Imagem de sensor remoto das ruas de Belém (PA), disponível na plataforma Google Earth 
 
 Fonte: http://www.google.com/intl/pt-PT/earth/ 
 
Esta última figura traz a visualização de algumas das ruas da cidade de 
Belém, capital do estado do Pará, no Norte do Brasil, demonstrando que as 
ferramentas disponíveis na internet são importantes para a popularização da 
Cartografia, uma vez que podem ser utilizadas, de modo que o planejador, o 
mapeador ou qualquer indivíduo possa se localizar na superfície da Terra. E o mais 
importante é que ela está disponível gratuitamente. Além disso, existem programas 
de computador especializados na manipulação de informações espaciais, que 
também são gratuitos e que podem ser utilizados na elaboração de mapas, por 
qualquer pessoa. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
21 
A Cartografia computadorizada (incluindo os Sistemas Globais de Navegação 
por Satélite (GNSS), o sensoriamento remoto e o geoprocessamento) se mostra 
uma ferramenta cada vez mais poderosa de entendimento, de representação e de 
interpretação do espaço geográfico e dos fenômenos e dos objetos a ele inerentes, 
seja como subsídio ao trabalho do planejador, seja como um instrumento de 
aprendizado para o educador, em suas aulas, seja como mecanismo de localização 
para o público em geral. Porém, não podemos desconsiderar que o mapa é uma 
construção humana de simplificação do espaço real e uma ferramenta de 
comunicação, que possui modos de transmitir as mensagens/informações, as quais 
devem ser entendidas, por seus elaboradores e por seus usuários. 
As Figuras 7A e 7B são exemplos de aplicativos de telefone celular, que 
funcionam sobre bases cartográficas, com geometrias de ruas, com limites e com 
informações transmitidas por usuários, de maneira voluntária ou automática, sendo 
“alimentados” por uma determinada parcela da sociedade. Contudo, apesar dos 
avanços observados na Cartografia, desde os tempos antigos, até hoje, os 
elementos que representam a esfericidade do planeta e que compõem um mapa não 
foram alterados, ou seja, as técnicas de redução do espaço real, de adequação à 
folha de papel (uso de escala), a manutenção de formas ou de distâncias na 
representação no plano/papel (projeção), o título, a orientação, as convenções e as 
legendas ainda são elementos imprescindíveis ao entendimento dos mapas. 
 
Figuras 7A e 7B ‒ Ilustrações dos aplicativos Onde Tem Tiroteio (à esquerda) e Waze 
 
Fontes: https://www.ondetemtiroteio.com.br/ (Figura 7A) e https://www.waze.com/pt-BR (Figura 7B) 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
22 
É importante perceber que o momento atual tornou a produção cartográfica 
automatizada e participativa, pois grande parte das bases cartográficas está 
disponível gratuitamente na internet e a própria produção do mapa não é mais fruto, 
apenas, do trabalho isolado de um profissional, mas, sim, a construção de uma 
coletividade, que informa, conscientemente ou não, objetos em movimento e 
fenômenos sociais, como vemos na Figura 7A, que traz informações de um 
aplicativo sobre violência, ou, de outra forma, na elaboração de mapas, em que os 
aparelhos celulares informam, de forma automática, a localização de automóveis e 
os fluxos de trânsito (Figura 7B). 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
23 
2. OS ELEMENTOS BÁSICOS DO MAPA 
 
Conforme mencionado, o mapa é um esquema, contendo objetos, definidos 
por pontos, por linhas e por polígonos, permeados por uma linguagem composta de 
sinais, de símbolos e de significados. Tais elementos são importantes e necessários 
à compreensão do produto cartográfico, independente do layout ou orientação do 
papel (retrato ou paisagem) e do tamanho da folha (A4, A1, A3, A0, etc.). 
Para que o usuário possa entender minimamente um mapa, devemos 
reconhecer seus elementos básicos, que auxiliam ao leitor no entendimento da 
representação cartográfica. São eles: o título, a legenda, as escalas gráfica e 
numérica, a grade de coordenadas e a orientação. Ausências e erros na 
interpretação de mapas ocorrem, na maioria das vezes, quando um desses 
elementos é apresentado de forma incompleta ou distorcida, sem seguir às normas 
da ciência cartográfica, o que pode contribuir para a apreensão incorreta das 
representações do espaço geográfico, por parte dos leitores. Veremos, a seguir, 
cada um desses elementos, para entender sua importância, na composição do 
mapa. 
 
 
2.1. O TÍTULO 
 
O título no mapa é como o título de um texto escrito: o menor resumo do 
documento. Em uma representação cartográfica, é o elemento que identifica o 
mapa, contendo informações do fato representado, do local de sua ocorrência e da 
época da representação (IBRAHIN, 2014). Nesse sentido, o título deve conter 
informações mínimas, que respondam às seguintes perguntas, a respeito da 
produção: “o quê?”, “onde?” e “quando?”. 
Assim, o título deve ser fiel ao que se desenvolve na representação 
cartográfica. Se escrevermos “Carta da Divisão Política e Administrativa dos Estados 
do Brasil” na parte superior do mapa ou de outro formato cartográfico, devemos ter 
elaborado uma carta, contendo todos os estados brasileiros, com suas respectivas 
capitais e demais informações necessárias, distinguidos por contornos/simbologias, 
que definem as áreas dessasunidades da federação por cores (de preferência), 
diferentes entre si. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
24 
2.2. CONVENÇÕES E A LEGENDA 
 
Conforme mencionado, foi a partir do século XX que os mapas passaram a ter 
o padrão normativo atual, estabelecido por leis e por convenções, transformadas em 
normas aceitas pelos estudiosos e por todos os que usam produtos cartográficos. 
Assim, foi estabelecida uma linguagem padronizada, com o objetivo de promover 
uma melhor compreensão para quem produz e para quem lê os mapas, resultando, 
principalmente, em uma melhor visualização do espaço geográfico, de modo a 
alcançar leitores com menor ou maior nível de conhecimento. A Figura 8 destaca um 
exemplo de legenda de uma carta. 
 
Figura 8 ‒ Exemplo de convenções e de uma legenda de uma carta topográfica 
 
 Fonte: http://migre.me/8Wb0x 
 
Desse modo, no contexto da evolução da cartografia, os mapas e as demais 
representações cartográficas tiveram suas legendas aprimoradas, ou seja, a parte 
da carta ou do mapa, que contém o significado dos fenômenos nele representados, 
geralmente, traduzidos por símbolos, por cores e por traços, desenhados 
cuidadosamente, para que o leitor de mapas entenda do que trata a representação 
cartográfica. Assim, a legenda de um mapa está situada, geralmente, dentro de sua 
moldura, contendo todos os símbolos, as cores e os demais artifícios, capazes de 
explicar, de modo resumido, o fenômeno, que está demonstrado nas geometrias do 
desenho cartográfico principal. 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
25 
2.3. ESCALAS GRÁFICA E NUMÉRICA 
 
A Escala possibilita ao usuário mensurar distâncias e áreas, e sua 
aproximação com a realidade dependerá diretamente do grau de visualização da 
informação (IBRAHIN, 2014). De acordo com Albuquerque (2002), a Escala é um 
número adimensional, utilizado para indicar como está sendo reduzida, a dimensão 
de uma região, para que ela possa ser representada em uma folha de papel. O autor 
explica que a notação 1/1000 informa que o mapa apresenta uma região, que teve 
suas dimensões reduzidas 1000 vezes, para caber no espaço de representação 
cartográfica. 
A Escala é uma relação entre grandezas. Num mapa, é a relação entre as 
medidas de objetos ou áreas da região representada em um espaço cartográfico 
(uma folha de papel ou a tela de um computador, por exemplo) e suas medidas 
reais. A Escala, na Cartografia, apresenta dois tipos: numérica e gráfica. 
 
Figura 9 ‒ Uma mudança de escala equivale a uma mudança de representação espacial 
 
Fonte: organizado pelo autor, a partir de Silva (2001) e de Cruz e Menezes (2009) 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
26 
Na Escala numérica, um produto cartográfico é expresso por uma fração ou 
proporção numérica, na qual a unidade de medida (distância do documento) se 
correlaciona à distância medida na mesma unidade, no terreno. 
A Escala gráfica é a representação da escala numérica, sob a forma de uma 
linha graduada, em que o total do seguimento da escala gráfica é dividido em 
parcelas-padrão, sendo cada parcela correspondente a uma unidade do valor da 
relação entre a grandeza representada e a grandeza correspondente à realidade. 
 
Figura 10 ‒ Exemplos de escalas gráficas, em que a escala maior é de 1:25.000 e a menor é de 
1:250.000 
 
 Fonte: IBGE (1999, p. 25) 
 
A Escala do mapa é um fator de aproximação do terreno e possui significado 
científico e técnico. No plano da pesquisa e do levantamento de campo, a Escala 
determina o nível de detalhe, em função do espaço a ser mapeado; no estágio da 
redação, a Escala é a condição da precisão, da legibilidade, da boa apresentação e 
da eficiência do mapa. 
 
 
2.4. A GRADE DE COORDENADAS 
 
A Grade de Coordenadas representa a Rede Geográfica, que pode ser 
considerada um sistema de referências, visando à localização, isto é, trata-se de um 
sistema, que auxilia as pessoas a se localizarem e a identificar qualquer objeto ou 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
27 
fenômeno, sobre a superfície do planeta. Aqui, é representado por um mapa, 
coberto por um conjunto de linhas imaginárias, que se cruzam, para facilitar a 
definição dos pontos, que permitem a construção de traçados de representações, 
como os mapas. 
Essas linhas de referência, que compõem a grade de coordenadas de um 
mapa, são conhecidas como paralelos e meridianos. Quando são transpostas da 
representação do globo para um mapa, este conjunto de linhas é chamado de rede, 
reticulado, quadriculado ou grade e constitui a base da construção de qualquer 
produto cartográfico, pois cada ponto da superfície terrestre está situado no 
cruzamento entre um meridiano e um paralelo. 
 
Figura 11 ‒ Representação da Rede Geográfica 
 
Fonte: Rosa (2004) 
 
Assim, devemos entender o sistema de Rede Geográfica como linhas 
imaginárias, como se representassem “ruas”, que se cruzam e que possibilitam às 
pessoas se encontrarem, em um “endereço”, de acordo com definições de Norte, de 
Sul, de Leste e de Oeste. Esta rede se baseia, principalmente, em duas linhas: o 
Meridiano Principal, definido para o observatório de Greenwich (na Inglaterra) e os 
Paralelos, vistos em função do Equador terrestre (DUARTE, 2006). 
 
 
2.5. A ORIENTAÇÃO 
 
A orientação mostra uma noção de direção, para a compreensão e para a 
contextualização da representação cartográfica (IBRAHIN, 2014). Assim, a 
orientação é, sem dúvida, um elemento fundamental, pois, sem ela, fica muito difícil 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
28 
de responder à segunda pergunta (“onde?”), considerando que o produto 
cartográfico é uma parcela do sistema maior do planeta Terra. Assim, é preciso 
estabelecer alguma referência, para sabermos onde se localiza a orientação da 
região que está sendo representada, geralmente, na forma de uma seta ou da 
conhecida Rosa dos Ventos (Figura 12). 
 
Figura 12 ‒ Exemplos de setas do Norte, para orientação no mapa 
 
 Fonte: encurtador.com.br/pDEGX 
 
A sugestão para o mapeador é de que coloque a orientação no canto superior 
direito do mapa, de modo que fique visível ao leitor, e que, se possível, a Direção 
Norte aponte para a parte de cima da representação (seguindo o sentido dos 
meridianos). 
 
 
2.6. OUTROS COMPLEMENTOS DO MAPA 
 
Alguns mapas possuem, também, outros complementos, formados por 
informações ou figuras extras, que ficam fora da área de visualização do desenho, 
como, por exemplo: 
• Logomarcas: uso do logotipo do órgão/instituição ou do laboratório 
responsável pela elaboração do mapa; 
• Molduras: são necessárias, para dar a noção de arte, que caracteriza os 
mapas, e, principalmente, para que o mapa não fique “solto” na folha, para 
que tenha uma delimitação específica, de modo a evitar uma mistura com 
outros elementos textuais ou com gráficos presentes no mapa; 
• Gráficos ou Fotos da área do desenho do mapa: algumas dessas imagens 
não são georreferenciadas, isto é, não têm coordenadas ou informações 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
29 
espaciais a elas atreladas, por isso sua inserção no mapa deve ser feita de 
forma cautelosa, pois seu tamanho pode ocultar informações importantes do 
mapa; 
• Mapa de Localização/Situação: tem a finalidade de localizar o leitor do mapa 
em uma região maior. Por exemplo: o município de Campinas está localizado 
no estado de São Paulo, que será a representação da região maior no mapa 
de localização/situação, com destaque para Campinas. Caso o mapa principal 
seja de uma região brasileira, o mapa de localização/situação deverá mostrar 
o Brasil, com destaque para a região enfatizada; 
• Fonte dos Dados e Responsabilidade Técnica: elemento que respalda o 
produto cartográfico elaborado (IBRAHIN, 2014) e atribui responsabilidade 
pela origem dos dados, identificando a instituiçãoe o responsável técnico 
pela sua elaboração. Normalmente, tal informação é inserida no canto inferior 
direito do mapa. A Figura 13 mostra um exemplo de mapa, com os elementos 
básicos para sua compreensão. 
 
Figura 13 ‒ Exemplo de um mapa, com os elementos básicos para leitura 
 
 Fonte: elaborado pelo autor (2019) 
 
Os procedimentos descritos, ao longo deste capítulo, podem ser alterados, de 
acordo com o projeto cartográfico e com a necessidade do elaborador. O importante 
é compreender o funcionamento dos principais elementos, responsáveis por uma 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
30 
boa representação, em que a qualidade do produto cartográfico vai depender da 
prática do usuário. Assim, a representação cartográfica se torna bastante simples, a 
partir do momento, em que se descobre que o mapa pode ser transformado ou 
colocado em ordem e que essas transformações representam a forma visual da 
melhor compreensão de um objeto ou fenômeno no espaço geográfico. 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
31 
3. OS TIPOS DE PRODUTOS CARTOGRÁFICOS1 
 
A Cartografia categoriza os mapas em três tipos, basicamente: mapas gerais 
ou sistemáticos, mapas especiais e mapas temáticos. Os mapas gerais (ou 
sistemáticos) têm caráter comum e atendem a um público maior, pois demonstram 
a superfície terrestre de forma indeterminada ou apresentam, apenas, os fenômenos 
naturais e políticos nela distribuídos; os mapas especiais têm caráter específico e 
são direcionados a grupos de usuários distintos, para atender a uma determinada 
demanda técnica ou científica, como mapas meteorológicos, cartas náuticas, etc.; e, 
os mapas temáticos representam temas específicos, como geologia, demografia, 
vegetação, agricultura e outros, e também se direcionam a usuários definidos por 
área de atuação. 
A história das representações temáticas tem início com uma predominância 
dos enfoques essencialmente qualitativos ou tipológicos. Por isto, diferentemente da 
Cartografia Sistemática, na qual a terceira dimensão expressa a cota do terreno, na 
Cartografia Temática, a terceira dimensão expressa o tema e, segundo Martinelli 
(1993), permite mostrar modulações de um atributo, apenas, embora a manifestação 
do tema possa ocorrer de forma pontual, linear ou zonal. 
Por isso, o elaborador dos mapas deve atribuir, ao produto cartográfico, 
convenções e legendas capazes de direcioná-lo a uma linguagem geral, especial ou 
temática, utilizando-se de símbolos específicos, qualitativos e/ou quantitativos, de 
modo a localizar os fenômenos de qualquer natureza no globo terrestre. Ou seja, os 
fenômenos ou processos representados variam, segundo a necessidade de quem 
faz o mapa ou de quem vai utilizá-lo, sejam fenômenos geológicos, demográficos, 
econômicos, agrícolas, etc., visando sempre ao estudo, à análise e à pesquisa de 
temas, sobretudo, nos seus aspectos espaciais. Tal característica torna difícil 
realizar uma classificação de todos os mapas temáticos existentes ou possíveis de 
serem elaborados. 
Além dessa classificação dos mapas, em temáticos, em especiais ou em 
sistemáticos, para uso da Cartografia em Geografia, ainda podemos denominar tais 
produtos cartográficos, não, somente, como mapas, mas, também, de outros modos, 
 
1 Não faremos, neste livro, a diferenciação entre as variadas subdivisões da Cartografia, como 
proposta por Barbosa (1967) e por diversos outros autores, a partir de seus aspectos técnicos de 
escala e de representação. Consideramos, apenas, as três divisões mais divulgadas: as cartografias 
geral, especial e temática, e os produtos cartográficos deste capítulo seguem tal proposição. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
32 
segundo sua forma de elaboração, seu conteúdo, sua finalidade e objetivo, sua 
escala e seu público de destino. 
Não abordaremos, neste capítulo, os programas de computador ou as 
tecnologias, em que os produtos cartográficos são criados. A ênfase será no produto 
cartográfico final, uma vez que existem diversos programas de geoprocessamento 
ou Sistemas de Informações Geográficas (SIG) disponíveis aos usuários, e suas 
escolhas dependem do acesso ‒ OpenGis ou comercial ‒ e, muitas vezes, da 
intuitividade, da interatividade e da afinidade deste usuário com a tecnologia. 
 
 
3.1. O CROQUI 
 
O Croqui é uma representação de cunho cartográfico, embora não necessite 
de escala e nem de referência formal (coordenadas geográficas). Ou seja, é um tipo 
de mapa cognitivo ou mental, cuja confecção não segue convenção regulamentada 
por órgão oficial, que depende da percepção de seu elaborador sobre o meio que o 
circunda, por isto não possui rigores científicos, em sua concepção, conforme 
mostra a Figura 14. 
Para Simielli (1999, p. 105), o croqui pode ser entendido como uma “(...) 
representação esquemática dos fatos geográficos. Não é um mapa e não se destina 
a ser publicado; tem um valor interpretativo de expor questões, não sendo obra de 
um especialista em Cartografia.” Desse modo, tal produto cartográfico serve muito 
mais para dar informações à população em geral, sem apresentar um rigor científico, 
sendo baseado em conhecimentos do cotidiano e identificação do elaborador com o 
espaço que o cerca. 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
33 
Figura 14 ‒ Mapeamento parcial de um bairro de Caucaia (CE), feito por uma professora-aluna 
 
 Fonte: Seemann (2002) 
 
Pela visualização da figura anterior, pode-se perceber que não há rigor 
cartográfico na elaboração do croqui, como a exigência dos elementos básicos do 
mapa (legenda, escala, orientação, título, etc.). Nesse tipo, o elaborador deve 
buscar uma aproximação com a representação espacial, tal como esta se percebe, 
na realidade. 
Nos dias atuais, a elaboração da chamada Cartografia Social, que utiliza 
técnicas de mapeamento participativo (ACSELRAD, 2008), emprega o croqui ou o 
mapa mental, como base da produção cartográfica, em um tipo de produção, que 
envolve uma determinada coletividade ou comunidade na plotação de dados e de 
informações, em um suporte de papel ou em uma tela de computador (SILVA; 
VERBICARO, 2016; GORAYEB; MEIRELES; SILVA, 2015). 
 
 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
34 
3.2. A PLANTA 
 
A principal característica da planta é a restrição das dimensões da área 
representada. Em um mapa ou em uma carta, a extensão abrangida pela 
representação é muito superior à apresentada na planta, embora a escala desta seja 
maior. Outra restrição reside, sem dúvida, na ausência de qualquer referência à 
curvatura da Terra. O termo Planta pode ser definido como uma “carta que 
representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua curvatura 
não precise ser levada em consideração, e que tem a escala considerada constante” 
(IBGE, 1999, p. 19), já que a representação se restringe a uma área muito limitada, 
cuja escala tende a ser muito grande (1:10.000, 1:5.000, 1:1.000, etc.) e, em 
consequência, a aumentar o número de detalhes de uma área cada vez menor, 
prevalecendo os aspectos geométricos ou espaciais da representação. 
 
Figura 15 ‒ Exemplo de uma planta da Universidade Federal do Pará, em Belém (PA) 
 
 Fonte: Araújo e Silva (2014) 
 
Assim, a planta é uma representação gráfica do espaço em uma superfície 
plana, sendo similar a uma carta. Contudo, seu emprego se restringe à descrição de 
uma área muito limitada, motivo pelo qual apresenta grande escala e, 
consequentemente, um maior detalhamento. 
 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
35 
3.3. A CARTA 
 
 A carta é uma representação plana, em escalas médias ou grandes (entre 
1:100.000 e 1:50.000), que pode apresentar desdobramentos em folhas articuladas, 
de maneira sistemática, de modo que os limites das folhas são constituídos por 
linhas convencionais, destinadasà avaliação precisa de direções, de distâncias e de 
localização de pontos, de áreas e de detalhes. O que diferencia a carta do mapa é ‒ 
além da explicação histórica ou política, isto é, do fato de os ingleses darem o nome 
de carta a todo produto cartográfico utilizado na navegação (aérea ou náutica) e de 
mapa aos registros das áreas continentais ‒ que a primeira apresenta um número 
maior de informações do que o segundo, pois possui maiores detalhes e precisão. 
 
Figura 16 ‒ Ilustração de um mapa, que traz informações sobre a intensidade de porte ilegal, do 
tráfico de drogas e de homicídios, no município de Marituba (PA), no ano de 2010 
 
 Fonte: Alvarez (2011) 
 
Para Gaspar (2004, p. 55) a carta é uma: 
 
Representação gráfica simbólica, geralmente plana, da superfície da Terra 
ou de outro corpo celeste, e dos fenómenos aí localizados. Na terminologia 
portuguesa, a distinção entre mapa e carta não está consolidada: mapa é 
um termo de utilização comum, aplicável à generalidade das 
representações cartográficas, enquanto carta é especialmente usado no 
âmbito da Cartografia topográfica e náutica. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
36 
 
Assim, o termo carta é utilizado, geralmente, como sinônimo de mapa. 
Contudo, é importante atentar à escala do objeto cartográfico, para a definição 
correta de seu tipo. 
 
 
3.4. O MAPA 
 
O mapa é uma representação geométrica plana, simplificada e convencional 
do total ou da parte de uma superfície, cuja relação de similaridade é conveniente ou 
uma construção seletiva e representativa, que exige o uso de símbolos e de sinais 
apropriados à escala, que pode ser 1:250.000 ou menor. Os mapas podem see 
divididos em três tipos: os mapas topográficos; os mapas temáticos e os mapas 
especiais, podendo ser identificados pelos seus conteúdos. Entre esses mapas, o 
mapa topográfico é considerado básico, porque apresenta informações sobre temas 
diversos, tais como: vegetação, geologia, sistemas ferroviários e outros. 
 
Figura 17 ‒ Ilustração de mapa de logística de transportes do Brasil, do ano de 2014 
 
Fonte: Silva e Silva (2018), a partir de IBGE (2014) 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
37 
Contudo, apesar da conceituação anterior, para um melhor entendimento 
geral, usa-se, genericamente, o termo mapa, como denominação de uma vasta 
gama de possibilidades de representação espacial e de produtos cartográficos, 
como a maquete, a planta, a carta, as imagens de sensores, os modelos digitais, 
etc. 
 
 
3.5. O CARTOGRAMA 
 
As Figuras 18A e 18B trazem um exemplo de um produto cartográfico cada 
vez mais comum na representação do espaço geográfico: o cartograma, que tem, 
como características principais, a falta de rigor, quanto à forma geométrica real, e a 
ausência dos elementos básicos do mapa, em sua elaboração. Na ilustração, é 
possível notar que existe duas informações, que descrevem uma determinada 
temática no território brasileiro, em que se mostra um cenário tendencial de 
diminuição de área de ecossistemas naturais (Figura 18A), caso os níveis de 
desmatamento e de outras atividades de degradação continuem como estão, o que 
difere no cenário desejável (18B), no qual os ecossistemas naturais podem ser 
preservados, com a adoção de modelos preservacionistas/conservacionistas. 
 
Figura 18A e 18B ‒ Cartogramas do cenários ambientais brasileiros 
 
 Fonte: PNOT (2006) 
 
18A 18B 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
38 
Para Oliveira (1980, p. 63), o Cartograma é uma “(...) representação de 
fenômenos geográficos mensuráveis, sob a forma de figuras proporcionais, 
localizadas em um fundo cartográfico, eventualmente, adaptado”. De outro modo, 
podemos entender o cartograma, como um exemplo de representação cartográfica 
esquemática, em que a escala e as posições relativas dos objetos são aproximadas, 
ou deliberadamente distorcidas, de modo a realçar o fenômeno representado, 
respeitando, em geral, as relações topológicas entre eles. Difere da anamorfose 
cartográfica, pelo fato de que a forma e as dimensões exteriores daquela superfície 
se mantêm inalteradas. 
 
 
3.6. O GLOBO 
 
 O Globo é uma representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em 
escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com 
finalidade cultural e ilustrativa. Geralmente, este objeto é chamado de globo escolar 
(Figura 19). 
 
Figura 19 ‒ Exemplo de um globo 
 
 Fonte: http://migre.me/8Wb6Q 
 
 O Globo, assim como as maquetes, simulam astros ou aspectos da superfície 
da Terra, como formas de relevo e de hidrografia, a partir de uma representação 
espacial, em curvas de nível, para representar a superfície de forma tátil, por isso a 
sua eficácia de uso, junto a pessoas com algum tipo de déficit visual. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
39 
3.7. A MAQUETE 
 
Podemos considerar a maquete, como um produto cartográfico manual (ou 
artesanal), que mostra uma determinada parcela do espaço, elaborada em uma 
superfície reduzida, com características táteis ou palpáveis. Para a sua produção, 
utilizam-se, geralmente, materiais leves, como papel e isopor, com o objetivo de se 
obter uma noção das dimensões reais de um espaço específico. 
 
Figura 20 ‒ Maquete de EVA do município de Conceição do Araguaia (PA) 
 
 Fonte: Vidal e Mascarenhas (2013) 
 
A construção deste tipo de produto cartográfico segue uma proporção de 
duas escalas ‒ uma, horizontal; outra, vertical ‒, sendo que essas relações resultam 
numa proporcionalidade, que representa as relações altimétricas, com detalhes 
visuais, que destacam determinadas características, tanto em aspectos físicos 
(geomorfologia, topografia, hidrografia, etc.) quanto em aspectos humanos (cultura, 
economia, política, etc.) (SIMIELLI, 1991; OLIVEIRA; MALANSKI, 2008). 
 
 
3.8. A ANAMORFOSE 
 
Considera-se a anamorfose um tipo de representação cartográfica espacial, 
em que a forma dos objetos é distorcida, de modo a realçar o tema (ou determinado 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
40 
atributo da geometria). Nesse sentido, a área das geometrias, às quais o tema se 
refere, são alteradas, de forma proporcional ao respectivo valor de seu atributo 
(qualidade ou valor), mantendo-se as relações topológicas entre as unidades 
contíguas. 
Na Figura 21, por exemplo, observa-se a distribuição geográfica da densidade 
de florestas nos países do globo, sendo que as áreas dos países que mais possuem 
florestas são ampliadas e as daqueles que possuem menos florestas são reduzidas. 
Assim, a distorção do espaço é realizada, de acordo com o valor do número de 
florestas na relação espacial entre os países. 
 
Figura 21 ‒ Florestas no mundo 
 
 Fonte: http://www.worldmapper.org/ 
 
Nesse sentido, a anamorfose é um tipo de representação, em que a 
geometria real das feições é desconsiderada, levando-se em conta a importância da 
temática analisada no produto cartográfico, isto é, salienta-se um componente ou um 
atributo de determinado tema, que merece destaque, ao ser cartografado. Nesse 
caso, para uma análise adequada, é imprescindível o conhecimento prévio das 
geometrias reais do espaço em estudo. Esse tipo de representação causa uma 
deformação no mapa principal, porém auxilia o usuário em análises comparativas 
entre as geometrias utilizadas. 
 
 
 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
41 
3.9. AS IMAGENS DE SENSORES REMOTOS 
 
O sensoriamento remoto pode ser entendido como um conjunto de técnicas, 
que objetivam a obtenção de informações sobre objetos, sem que o usuário tenha 
contato físico com eles (NOVO; PONZONI, 2001). Na atualidade, as técnicas 
remotas de coleta de informação, tanto com radares quanto com sensores óticos, 
são ferramentas eficazes na identificação de objetos e de fenômenos, que ocorrem 
no espaço geográfico.Assim, podemos considerar os sensores remotos como 
importantes ferramentas de otimização de trabalhos em lugares distantes ‒ com os 
quais o pesquisador não tem contato ‒ e que podem ser utilizados em diversos 
trabalhos, desde aqueles relacionados aos estudos ambientais, até os que se 
processam em ambiente urbano. 
Os sensores remotos utilizados no mapeamento geram imagens 
popularmente conhecidas como imagens de satélites2. Essas imagens são utilizadas 
na elaboração de mapas temáticos de objetos na superfície terrestre, que coletam 
informações, a partir de dados imageados, caracterizados pela cores e pela textura 
dos objetos identificados na imagem, de acordo com o comportamento espectral 
desses objetos e com a faixa espectral da Radiação Eletromagnética (REM) que o 
sensor é capaz de captar. Ou seja, a imagem que será coletada pelo sensor é fruto 
da interação da energia com os componentes físico-quimicos dos objetos 
imageados, caracterizados pela sua assinatura espectral, que é específica de um 
objeto ou de um elemento, que está na superfície da Terra. 
Assim, a vegetação tem um comportamento, que difere do do solo exposto, 
do da água e do das obras humanas, pois os componentes de cada um desses 
elementos são diferenciados, como pode ser visto na Figura 22. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 É importante destacar que nem todas as imagens de sensores remotos podem ser chamadas de 
“imagens de satélite”, pois essa generalização é incorreta. A plataforma de coleta das imagens 
trabalhadas pode ser outra, que não um satélite, como, por exemplo, sensores instalados em torres, 
em balões ou em drones, isto é, equipamentos em nível terrestre ou sub-orbital. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
42 
Figura 22 ‒ Composição colorida verdadeira-cor, obtida de Sensor TM/LANDSAT para a região de 
Belém (PA) 
 
 Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2018) 
 
Por causa de suas propriedades e pela abrangência da região, que pode ser 
imageada por cena, os sensores remotos são bastante utilizados, para a geração de 
imagens, quando se trata de levantamentos de dados em grandes áreas, uma vez 
que, dependendo da banda (da faixa espectral de energia) usada, tal dispositivo não 
apresenta dificuldades, quanto a nuvens, a chuvas e a outros tipos de obstáculos, já 
que é importante considerar a influência dos fatores atmosféricos na coleta de 
imagens. Por essas e por outras características, representar objetos, com base em 
imagens de sensores remotos, é diferente de produzir mapas no formato vetorial 
(ponto, linha e polígono), pois, neste, as informações são mais precisas e definidas, 
visto que seus limites e que sua localização são mais exatos do que os do formato 
matricial. 
 
 
3.10. OS MAPAS DIGITAIS EM REALIDADE AUMENTADA 
 
 Os mapas digitais elaborados em aplicativos de realidade aumentada podem 
ser considerados produtos cartográficos, que simulam características da superfície 
terrestre ou de outros planetas, por exemplo, ao dar destaque para as formas de 
relevo, a partir de uma representação espacial em curvas de nível (OLIVEIRA; 
OLIVEIRA, 2019). Estes aplicativos funcionam em computadores ou em celulares do 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
43 
tipo smartphone. A Figura 23 demonstra um exemplo de uso do aplicativo 
LandscapAR em sala de aula, para o ensino do relevo. 
 
Figura 23 ‒ Experimentações com esboços em curvas de nível, com partes do relevo do Brasil 
 
 Fonte: Oliveira e Oliveira (2019) 
 
Oliveira e Oliveira (2019) observam que ferramentas como o aplicativo 
LandscapAR, pedagogicamente estruturadas para uso em sala de aula, de fácil 
acesso e gratuitas, tornam-se mecanismos de transformação, possibilitando a 
melhoria qualitativa do processo de ensino-aprendizagem e fazendo com que as 
aulas de Geografia se tornem mais criativas e interativas, visto que aliam os 
objetivos pedagógicos do docente com a disposição dos alunos por novas 
tecnologias, tornando o processo de aprendizagem significativo. 
 
 
3.11. OS ATLAS GEOGRÁFICOS DIGITAIS NA INTERNET E O WEBGIS 
 
Um atlas geográfico deve ser compreendido como um conjunto sistematizado 
de mapas, que representam diferentes paisagens, objetos e fenômenos do espaço 
geográfico. Nos dias de hoje, o atlas impresso ainda tem fundamental importância 
no processo de ensino-aprendizagem, não, somente, de Geografia, mas de todas as 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
44 
disciplinas, que, de alguma forma, estudam a superfície terrestre, pois foi pelo uso 
dos atlas escolares impressos em sala de aula, que os mapas passaram a ser 
popularizados e a ser empregados, como ferramentas de ensino, com o objetivo de 
auxiliar os estudantes em sua aprendizagem. 
Como uma forma de aperfeiçoamento do uso dos atlas impressos, foram 
criados os chamados atlas geográficos digitais, como um modelo de comunicação 
visual, que pode ser utilizado cotidianamente, não, somente, por estudiosos da área 
de Cartografia, mas, também, por leigos, em várias atividades (trabalho, viagens de 
turismo, localização de imóveis, consultas em roteiros, etc.) (ALMEIDA; PASSINI, 
2002). O uso de mapas, a partir dos atlas geográficos digitais, tornou-se mais 
comum nos últimos anos, devido, principalmente, ao progresso da informática, à 
chegada da internet e à criação de softwares especializados de consulta e de 
manipulação de informações geográficas. 
Nesse sentido, consideramos como atlas geográfico digital, tanto aqueles 
programas, que podem ser baixados da internet, para uso offline, quanto os sites, 
que disponibilizam mapas, para visualização e para download, por qualquer usuário, 
como demonstra a Figura 24, que ilustra o uso do Atlas do Desenvolvimento 
Humano no Brasil, a partir do qual se pode obter a visualização simplificada de 
mapas prontos, com a possibilidade de escolha das temáticas e da realização de 
exportação/salvamento do mapa final. 
 
Figura 24 ‒ Exemplo de uso do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, um atlas geográfico 
digital 
 
 Fonte: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_rm/belem 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
45 
 Os Sistemas de Informação Geográfica na Web (WebGIS ou SIGWEB), são 
páginas na internet especializadas no armazenamento, na produção, na 
manipulação e na disseminação de bases e de produtos cartográficos, organizados 
em camadas ou layers, com informações geográficas no formato vetorial e matricial. 
São exemplos de produtos desses sistemas os chamados mapas inteligentes, nos 
quais o usuário elabora seu mapa customizado, sem dificuldades (SCHIMIGUEL et 
al., 2004; COSME, 2012). 
Com a criação dos WebGIS, surge a possibilidade da confecção customizada 
de mapas pelo próprio usuário, com divulgação agilizada dos produtos cartográficos, 
em um “espaço público” ‒ a internet. Além de permitir ao usuário a elaboração de 
mapas padronizados, a tecnologia WebGIS dá condições, ao elaborador, de agregar 
outros recursos, indisponíveis nos mapas em papel, como, por exemplo, animações, 
musicas, hipertextos, etc. Como afirma Santana (2009, p. 94) “os sistemas de 
informação geográfica, a multimídia e a internet permitiram uma cartografia 
interativa, que permite que o usuário se relacione, não, mais, com o cartógrafo, mas, 
sim, com o mapa”. A Figura 25 é um exemplo de um mapa digital, criado a partir da 
inserção de dados no aplicativo Google My Maps, que pode ser acessado no 
endereço abaixo. 
 
Figura 25 ‒ Exemplo de Mapa digital, criado no WebGIS Google My Maps 
 
 Fonte: encurtador.com.br/bpJP2 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
46 
A principal diferença entre o WebGIS e os atlas geográficos digitais está na 
possibilidade de manipulação, de alteração ou de criação de novos mapas, dentro 
do primeiro. Desse modo, em um WebGIS, o usuário pode realizar operações 
espaciaissimplificadas, que vão muito além da mera visualização, como nos atlas 
geográficos digitais. A Figura 25 é exemplo de um WebGIS, que contém 
informações coletadas em campo, em que o elaborador inseriu camadas vetoriais 
(pontos, linhas e polígonos) e seus respectivos atributos, com a possibilidade de 
exportação dessas geometrias para formatos adaptáveis a outros softwares, como o 
ArcGIS, o Terraview ou o QGIS, por exemplo. 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
47 
4. A CARTOGRAFIA E A NEOCARTOGRAFIA: ONTEM E HOJE, NA ANÁLISE 
DO ESPAÇO GEOGRÁFICO 
 
A construção histórica da Cartografia se consolidou, ao longo do tempo, 
desde a emergência e a institucionalização da Geografia, enquanto ciência, até 
meados do século XX, incluindo os descobrimentos, as explorações e a 
acessibilidade aos documentos cartográficos, por outras áreas do conhecimento, 
apesar da tendência eurocêntrica (GOMES, 2004). Gomes (2004) identifica três 
sinais, que modernizaram o pensamento cartográfico: o interesse no significado 
das palavras mapa e cartografia; a abordagem dos mapas como artefatos, com 
ênfase nos processos técnicos de sua produção e; a abordagem dos mapas 
antigos como meios de comunicação. 
Há muito tempo, o mapa é um meio de comunicação, que permite a 
transmissão visual de informações, que se prestam, também, a manipulações de 
discurso (persuasão, engano, sedução, decisão). De acordo com Gomes (2004), isto 
ocorre, tanto pela complexidade do seu sistema de significação quanto pelas 
instâncias sociais que o produzem, que o utilizam ou que o controlam, pois o mapa é 
um instrumento de duplo poder, no qual a eficácia não se reduz à representação 
objetiva de um fragmento da superfície. Como acontece com as linguagens escrita e 
falada, não se presta atenção à carta, no seu uso cotidiano ou técnico, e a condição 
de sua eficácia intelectual está, precisamente, nessa suposta transparência 
(GOMES, 2004). 
Apesar de todo o sucesso histórico da Cartografia, esta arte/ciência/técnica 
custou a ser utilizada, como o meio de comunicação eficiente que é. As técnicas e 
os processos de interpretação contiveram muitas distorções e dificultaram a 
popularização de sua aplicação, sobretudo, na prática escolar. É importante saber 
que o processo evolutivo da Cartografia tradicional ganhou grande contribuição, a 
partir do desenvolvimento da informática, através da utilização de computadores no 
processamento dos dados georreferenciados, o que, de certa forma, veio a 
revolucionar a Cartografia tradicional e a emprestar seus métodos e técnicas à 
chamada Cartografia Digital, que alcançou um patamar superior, na medida em 
que foram desenvolvidos, os sistemas de gerenciamento de banco de dados, 
tornando possível a ligação da base cartográfica digital a um banco de dados 
descritivo, resultando nos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) (Figura 26). 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
48 
Figura 26 ‒ Exemplo de um produto cartográfico, gerado com o uso de um computador 
 
 Fonte: Silva (2012) 
 
A formação de sistemas como o SIG demonstra que, atualmente, a maior 
contribuição que a Geografia empresta à Cartografia não se restringe, tão somente, 
à elaboração de mapas sistemáticos, especiais ou temáticos, mas possibilita a 
obtenção de outros produtos cartográficos. Entendemos que o SIG é um produto, 
que reflete o binômio Geografia-Cartografia, através do qual não se pode determinar 
qual ramo científico exerce maior influência sobre o outro. A isso, adiciona-se a 
extensão de dados de várias outras ciências (Biologia, Economia, Geologia, etc.) na 
elaboração do produto cartográfico final. 
Nesse sentido, os métodos e as técnicas de desenvolvimento do 
conhecimento também experimentaram avanços, pois, assim como as demais 
atividades humanas, o ensino de Cartografia vem sendo beneficiado pelos avanços 
dos últimos anos na informática e em suas ferramentas computacionais. Se, no 
passado, o instrumento principal do processo de ensino-aprendizagem da 
Cartografia era o mapa impresso em atlas e em livros didáticos, na atualidade, a 
diversidade de softwares e de ferramentas disponíveis na internet possibilita aos 
professores a atualização constante e o dinamismo das aulas, que envolvem 
produtos cartográficos. 
Nos dias de hoje, a popularização da informática e o acesso a textos e a 
produtos cartográficos em formato digital, além da flexibilidade/facilidade no 
manuseio das chamadas geotecnologias (hardwares, softwares e técnicas 
direcionadas à geração de geoinformação ou informação espacial/geográfica), 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
49 
facilitam as atividades produtivas de diversos usuários, não, somente, aos 
professores de Geografia ou de outras ciências, mas de profissionais de várias 
ciências, que integram suas atividades docentes ao ensino do/pelo mapa, além de 
outros sujeitos, que utilizam as geotecnologias em sua localização cotidiana em 
Sistemas de Posicionamento Global (GPS) ou na visualização de imagens, como as 
do Google Earth ou as de outros sites de empresas privadas e governamentais 
(Figura 27). 
 
Figura 27 ‒ Imagem do site I3GEO, do Ministério do Meio Ambiente do Brasil 
 
 Fonte: http://mapas.mma.gov.br/3geo 
 
A facilidade gerada pelo avanço da informática, aliada aos conhecimentos 
cartográficos, desenvolvidos durante séculos de estudo, os quais, agora, estão 
dispersos nos computadores, permitiram a criação de programas e de sites, a partir 
dos quais é possível gerar produtos cartográficos, de forma ágil e rápida. A figura 
anterior demonstra a realidade de emprego dos ambientes WebGIS (SIG na 
internet), aos quais os órgãos governamentais e as empresas privadas estão 
aderindo. Esse tipo de tecnologia, com suas camadas vetoriais e de imagens, são a 
prova indiscutível da popularização da Cartografia e da geoinformação, resultante da 
crescente demanda dos usuários. 
Como reflexo, os produtos cartográficos também vêm sofrendo adaptações, 
em seus formatos de apresentação, como, por exemplo, a elaboração de Modelos 
Digitais de Terreno (MDT), de anamorfoses e de outros cartogramas complexos. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
50 
Dessa forma, é comum, nos dias de hoje, aprender a ler os mapas com as 
geometrias conhecidas dos continentes ou países e, também, por meio de 
cartogramas e de anamorfoses, que demonstram a realidade complexa, que está 
por trás das formas reais do espaço geográfico, como se pode observar na Figura 
28, em que a geometria dos lugares é desconsiderada, dando-se importância à 
temática analisada no produto cartográfico, sendo imprescindível, contudo, o 
conhecimento anterior do espaço estudado. 
 
Figura 28 ‒ Anamorfose, indicando a população brasileira por estado 
 
 Fonte: http://www.worldmapper.org/ 
 
As figuras 29A e 29B demonstram, igualmente, um avanço na divulgação da 
representação espacial, através de aplicativos, disponíveis em aparelhos de 
telefonia celular, que nos levam a questionar a existência de mapas impressos no 
futuro, uma vez que a informação espacial digital é cada vez mais automática e 
alguns mapas impressos se tornam defasados em poucos dias, após sua impressão. 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
51 
Figuras 29A e 29B ‒ Telas dos aplicativos Uber (à esquerda) e 99 Táxi 
 
Fontes: encurtador.com.br/cirv2 (Figura 29A) e encurtador.com.br/hDQWZ (Figura 29B) 
 
É importante observar que, apesar da grande importância do conhecimento 
apreendido em salas de aulas, o grande número de textos, de livros, de softwares e 
de tutoriais sobre cartografia, sobre sensoriamento remoto, sobre 
geoprocessamento e sobre geoinformação disponível na internet permite que 
qualquer indivíduo tenha acesso aos produtos cartográficos da era digital. Além 
disso, os sites, os blogs e as listas de discussão sobre a temáticavêm se 
multiplicando, diariamente, devido à facilidade do manuseio e ao fascínio, que o 
ambiente computacional oferece, para a confecção de produtos cartográficos. 
Desse modo, surge a discussão sobre o atual momento da ciência, chamado 
por alguns de Neocartografia (FREITAS, 2014; FERREIRA, 2016), caracterizado, 
principalmente, pela influência da internet e dos sistemas inteligentes de 
geolocalização na automatização da coleta de informações geográficas, por parte 
dos indivíduos ‒ majoritariamente, pela via da localização, por meio de aparelhos 
celulares, de tablets e de dispositivos assemelhados. Igualmente, a ciência 
cartográfica contemporânea é definida pela migração, pela manipulação e pela 
divulgação de dados espaciais para plataformas digitais, disponíveis na internet, 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
52 
sem o auxílio direto de um geógrafo ou de um cartógrafo, mas pela utilização de 
algoritmos de programação, executados por profissionais de fora da área da 
Cartografia ou, ainda, pela inclusão direta de dados, por intermédio de 
computadores ou de programas especializados em coletar e em plotar informações 
geográficas, em uma base de dados de ruas, de vias, etc., sem a necessidade de 
um programador, conforme demonstram as Figuras 29A e 29B. 
Os produtos cartográficos apresentados neste livro são exemplares da 
diversidade de formas de representação cartográfica, que podem ser obtidas, 
atualmente, bastando, para isso, a escolha adequada do modo de elaboração, isto 
é, das ferramentas disponíveis, para a construção do mapa ou de outro produto 
cartográfico. 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
53 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Modernamente, não apenas o geógrafo, mas diversos outros profissionais, 
vêm se capacitando nas ferramentas geotecnológicas e, para viabilizar o 
manuseio desses instrumentos (softwares de geoprocessamento, de processamento 
e de manuseio de imagens de sensores remotos, etc.), diversos 
desenvolvedores/programadores vêm optando pela divulgação democratizada dos 
aplicativos de criação de produtos cartográficos na internet, disponibilizando-os em 
variados idiomas e com alta qualidade. Assim, surgiu uma gama de materiais em 
formato digital e analógico, que vem subsidiando a aprendizagem de mais e mais 
usuários da Cartografia. 
A popularização das geotecnologias pode ser verificada pelo aumento de 
acessos a blogues, que disponibilizam tutoriais, pelo surgimento e manutenção de 
listas de discussões on-line, pela disponibilização de textos técnicos em eventos ou, 
mesmo, pela disposição de dados vetoriais e de arquivos matriciais para download 
na web. Além disso, houve um aumento nas discussões sobre Cartografia e sobre 
geotecnologias, com destaque na mídia, através de revistas e de sites 
especializados, bem como vem se registrando um crescimento no número de 
empresas neste setor, o que se reflete diretamente no aumento da oferta de 
empregos para profissionais da área, não, só, no Brasil, mas no mundo todo. 
Contudo, é importante que o usuário entenda que o manuseio de 
geotecnologias é fruto direto de trabalhos de campo e de reflexões teóricas, que 
transitam pela produção acadêmica, sobre os mais diversos assuntos, trabalhados 
na concepção do espaço geográfico, há muitos anos, os quais culminaram no que 
pode ser encontrado, hoje, em meio digital, sendo, a principal representação, 
expressa por meio de mapas. Deste modo, conceitos e categorias da Cartografia, 
como os vistos neste livro, não podem ser menosprezados ou desprezados no uso 
de produtos cartográficos, uma vez que o emprego das ferramentas mais atuais, 
pelos profissionais da Cartografia, deve ocorrer, sob o entendimento do meio que os 
circunda, considerando que a busca pelos fatos, que estão em evidência na 
sociedade, também deve ser uma contribuição a futuras discussões especializadas, 
que se estabelecerão, para representar adequadamente o que o espaço geográfico 
contém. 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
54 
Por isto, no resgate da história do ser humano, desde tempos anteriores à 
escrita e à fala complexas, os símbolos adquiriram importância e o transformaram 
num comunicador, capaz de desenvolver uma linguagem artificial, gráfica, visual, 
associativa, universal e plena de propriedades, que possibilitaram aos humanos 
passar dos desenhos das cavernas aos mapas representativos de territórios, 
revelados por estratégias de poder, que a Cartografia consolidou no tempo, ao se 
tornar instrumento de conquistas, que evoluiu, em termos de técnicas e de métodos. 
Isto fez com que a ciência alcançasse seu caráter moderno, transformando-se em 
uma ferramenta capaz de permitir o acesso a formas mais precisas e a significados 
mais próximos da realidade. 
No processo de evolução da Cartografia, a simbolização foi fundamental, para 
que as convenções e as legendas carregassem, em suas definições rápidas e 
objetivas, um conteúdo de fácil entendimento no uso dos mapas, tornando-os 
próprios para a utilização, por parte de todos os que necessitam complementar 
informações, decorrentes de imagens de sensores remotos, ou apoiar o emprego do 
geoprocessamento. A partir dos mapas, a interpretação do espaço geográfico e dos 
fenômenos e dos objetos a ele inerentes se tornou uma questão relevante da 
linguagem cartográfica, tendo em vista que estes objetos são usados por um número 
cada vez maior de pessoas de todas as profissões e interesses e, principalmente, 
por estudantes de todo o mundo, nas diversas áreas do conhecimento. 
Entretanto, o plano de representação do espaço é consolidado, apenas, se 
estiver apoiado na linguagem cartográfica. As ações mecânicas, que se processam 
no computador, como a seleção de cores, a possibilidade de uso de recursos de 
zoom automático e outros, colocam uma cortina sobre fatos importantes e encobrem 
a capacidade crítica do profissional, relativamente ao objeto de estudo. A questão 
principal não é o ferramental, mas, sim, os conceitos, as categorias e os elementos 
da ciência cartográfica, que continuam a ser fundamentais na compreensão do 
espaço geográfico. 
 
 
A comunicação cartográfica e a linguagem dos mapas 
55 
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