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Livro- Texto - Unidade I FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR

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Autora: Profa. Leila Dutra Rodrigues 
Colaboradoras: Profa. Valdice Neves Polvora
 Profa. Angélica Carlini
Fundamentos do Direito 
Comercial e do Consumidor
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Professora conteudista: Leila Dutra Rodrigues
Mestra em Comunicação, especialista em Direito e Processo do Trabalho e História da Sociedade e Cultura, 
graduada em Ciências Jurídicas e Sociais e Licenciatura Plena em História. Atua como advogada nas áreas Cível, de 
Família, Previdenciária e Trabalhista há mais de vinte anos.
Na área acadêmica, é professora há mais de nove anos, ministrando aulas na Universidade Paulista – UNIP, 
em cursos presenciais e no ensino a distância, Possui também atuação como orientadora de Projeto Integrado 
Multidisciplinar – PIM.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R696f Rodrigues, Leila Dutra.
Fundamentos do Direito Comercial e do Consumidor. / Leila 
Dutra Rodrigues. – São Paulo: Editora Sol, 2019.
128 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-030/19, ISSN 1517-9230.
1. Direito comercial. 2. Direito do consumidor. 3. Relação de 
consumo. I. Título.
CDU 342.2
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Juliana Mendes
 Lucas Ricardi
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Sumário
Fundamentos do Direito Comercial e do Consumidor
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 DIREITO COMERCIAL .........................................................................................................................................9
1.1 Conceitos e fontes ..................................................................................................................................9
1.2 O Direito Comercial e as corporações de ofício ....................................................................... 10
1.3 Direito Comercial no Brasil e o Código Comercial .................................................................. 13
1.4 Empresário .............................................................................................................................................. 18
1.5 Noções de empresa e característica do empresário ............................................................... 20
1.6 Empresário de direito e de fato ...................................................................................................... 22
1.7 O empresário individual ..................................................................................................................... 25
1.8 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) .................................................. 26
1.9 Pessoas impedidas de serem empresárias .................................................................................. 28
1.10 Deveres do empresário à luz da legislação vigente ............................................................. 30
1.11 Registro do comércio ........................................................................................................................ 31
1.12 Registros de hospitais ...................................................................................................................... 32
2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS ....................................................................................................................... 33
2.1 Sociedades empresárias: conceito, características, classificação e distinção .............. 34
2.2 Classificação das sociedades ............................................................................................................ 34
2.2.1 Sociedades simples ................................................................................................................................. 34
2.2.2 Sociedades empresárias ....................................................................................................................... 35
2.2.3 Conceitos de microempresa e empresa de pequeno, médio ou grande porte .............. 36
3 TÍTULOS DE CRÉDITO ...................................................................................................................................... 37
3.1 Conceitos, características e princípios ......................................................................................... 37
3.2 Características dos títulos de crédito ........................................................................................... 38
3.3 Classificação dos títulos de crédito .............................................................................................. 39
3.4 Categorias dos títulos de crédito ................................................................................................... 41
3.5 Principais atos cambiários ................................................................................................................ 41
3.6 Principais títulos de crédito ............................................................................................................. 42
4 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ........................................................................................................... 43
4.1 Bens ........................................................................................................................................................... 43
4.2 Elementos de identificação do estabelecimento ..................................................................... 45
4.3 Estabelecimento virtual (internet) ................................................................................................ 46
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4.4 Marca e patente .................................................................................................................................... 46
4.5 Preposto, gerente, contador e auxiliares .................................................................................... 49
4.5.1 Preposto ...................................................................................................................................................... 49
4.5.2 Gerente....................................................................................................................................................... 50
4.5.3 Do contador e outros auxiliares ........................................................................................................ 51
Unidade II
5 DIREITO DO CONSUMIDOR.......................................................................................................................... 55
5.1 Conceito e previsão legal .................................................................................................................. 56
6 RELAÇÃO DE CONSUMO............................................................................................................................... 57
6.1 Conceito de consumidor ................................................................................................................... 58
6.2 Conceito de fornecedor ..................................................................................................................... 60
6.3 Produto ..................................................................................................................................................... 62
6.4 Serviço ...................................................................................................................................................... 64
7 POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO ........................................................................ 69
8 DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES ............................................................................................ 71
8.1 Educação e informação do consumidor ..................................................................................... 73
8.2 Proteção contra práticas comerciais abusivas.......................................................................... 74
8.3 Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva ............................................................... 76
8.4 Publicidade enganosa ......................................................................................................................... 78
8.5 Formas comuns de publicidade enganosa ................................................................................. 78
8.6 Publicidade abusiva ............................................................................................................................. 79
8.7 Responsabilidade do fornecedor-anunciante, das agências e dos veículos de 
comunicação pelas publicidades enganosas e abusivas .............................................................. 79
8.7.1 Prevenção de danos individuais e coletivos ................................................................................ 80
8.7.2 Proteção com relação aos contratos oriundos das relações de consumo ....................... 81
8.7.3 Inversão do ônus da prova .................................................................................................................. 83
8.8 Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço ............................................................ 83
8.8.1 Produtos com vícios............................................................................................................................... 85
8.8.2 Responsabilidade por vício do produto ou serviço ................................................................... 85
8.9 Prazo da garantia legal (decadência) ........................................................................................... 88
8.10 Responsabilidade por danos .......................................................................................................... 90
8.11 Direito de arrependimento ............................................................................................................. 92
8.12 Serviço de atendimento telefônico aos consumidores – SAC ......................................... 92
8.13 Da defesa do consumidor em juízo ............................................................................................ 94
8.14 Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor .................................................................. 95
8.15 Direito do Consumidor na área hospitalar .............................................................................. 96
8.16 Erro médico ........................................................................................................................................101
8.17 Danos gerados pela estrutura hospitalar ...............................................................................105
8.18 Práticas discriminatórias ..............................................................................................................110
8.19 Responsabilidade dos planos de saúde ...................................................................................113
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APRESENTAÇÃO
Na disciplina de Fundamentos do Direito Comercial e de Direito do Consumidor serão apresentadas 
as linhas iniciais sobre o Direito, bem como a importância do conhecimento de sua prática no cotidiano 
do profissional gestor hospitalar.
O conteúdo deste plano de ensino será distribuído de forma a conduzir o aluno a compreender 
e aprofundar o estudo do tema. O objetivo é proporcionar uma visão ampla do Direito, enfatizando 
princípios básicos e conhecimentos indispensáveis à atuação profissional.
Isso significa capacitar o aluno com noções iniciais do direito comercial e do consumidor, fornecendo 
um suporte para a atuar administrativamente, em relação às questões relativas às práticas empresariais, 
bem como às relações de consumo.
O aluno irá compreender o que significam os termos empresário, estabelecimento empresarial, 
obrigações do empresário, títulos de crédito, propriedade industrial etc.
Também estudará a legislação de consumo, entenderá o que é consumidor, fornecedor, 
responsabilidade do fornecedor, direitos básicos do consumidor, práticas comerciais, contratos etc.
É importante que o aluno leia este conteúdo, além das referências expostas no final deste livro, 
como também pesquise e consulte fontes confiáveis.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
O homem é um ser social. Em decorrência disso, desde os primórdios, vive em comunidades. 
Inicialmente, os homens se uniram por uma questão de sobrevivência, mas o viver com comunhão fez 
com que surgissem laços e afetos.
Assim surgiram as primeiras aldeias, que com o tempo transformaram-se em vilas, cidades, estados, países.
O comércio surge juntamente com esta realidade. Quando o homem passou a dominar os meios 
técnicos, por exemplo, aprendeu a arar a terra, cultivar plantações, domesticar animais, começaram a 
surgir excedentes.
Cada aldeia ou comunidade acabava se especializando em uma determinada cultura – por exemplo, 
batatas, milho, mandioca ou trigo. Com o aumento da produção, surgiram os excedentes, e, assim, as 
trocas. Uma aldeia trocava os seus excedentes com a outra, o que conhecíamos como escambo. 
Com o domínio da produção, houve uma melhora na qualidade de vida e, consequentemente, um 
aumento populacional. Vejam que estamos falando das primeiras cidades, há muitos séculos.
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Cresceram as cidades, cresceu o comércio, que deixou de ser somente entre povoados e passou a 
cruzar rios e mares, alcançando lugares cada vez mais longínquos. Surgiram as manufaturas, com uma 
produção em maior escala de calçados, roupas, utensílios, armas etc.
Com a ampliação do comércio, surgiu a necessidade da criação de moedas, sendo as primeiras o sal, 
as conchas, os metais, as pedras etc.
Conjuntamente, surgiu a necessidade de se estabelecer regras, normas, assegurandoos direitos 
dos comerciantes, dos produtores e das nações. Assim nasceu uma das legislações mais antigas da 
humanidade: o Direito Comercial. 
Com o desenvolvimento de novas técnicas da cadeia produtiva, a relação comercial entre os 
países tornou-se mais fácil e próxima. As distâncias diminuíram através da globalização e da divisão 
internacional do trabalho.
Para assegurar o equilíbrio comercial, surgiram várias leis. Da mesma forma, com o crescimento da 
atividade comercial, surgiu a necessidade de criar uma lei que protegesse a parte mais frágil da relação: 
o consumidor.
O Direito do Consumidor é protecionista. Seu objetivo principal é assegurar garantias e direitos 
essenciais a fim de equilibrar a relação de consumo, uma vez que os fornecedores detêm o poder 
econômico e da técnica. Conhecer essas legislações é essencial para o exercício da cidadania e, 
principalmente, de gestão dos negócios.
Tomamos o cuidado de citar vários trechos de lei. Há no trabalho a reprodução literal de artigos das 
legislações pertinentes. É muito importante que você, aluno, tenha condições de ler e interpretar o texto 
de lei sozinho. Muitas vezes, durante o desempenho da sua atividade profissional, surgirá uma dúvida, 
um problema, uma questão que necessite de uma resposta rápida. Esse contato inicial poderá auxiliá-lo 
em situações futuras.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
Unidade I
1 DIREITO COMERCIAL
1.1 Conceitos e fontes
O comércio surgiu das tecnologias desenvolvidas pelo ser humano. A partir do momento em que 
o homem aprendeu a dominar o meio pelas técnicas de agricultura ou domesticação dos animais, por 
exemplo, passou a produzir excedentes.
Inicialmente, o homem colhia do meio aquilo que necessitava para sobreviver; ao dominar as 
técnicas de plantio e criação dos animais, passou a produzir mais do que o necessário para manter a sua 
sobrevivência. Contudo, não produzia tudo o que precisava, passando a trocar com outras comunidades 
os bens e produtos que não produzia.
Com o crescimento das comunidades e a transformação em vilas e, posteriormente, cidades, houve 
a substituição gradual do escambo pela troca monetária. Criaram-se as primeiras moedas.
Mas surgiu outra dificuldade: para cada lugar, a moeda tinha um significado diferente. Para uma 
nação, o que representava valor era o marfim; para outra, era o sal; para uma, era o casco da tartaruga; 
para outra, os búzios, e assim por diante:
O tenente Cameron em sua viagem pela África (1884) narra como se 
arranjou para obter uma barca: “O homem de Said queria ser pago em 
marfim e eu não o tinha. Dei, então, a Ibn Guerib o equivalente em fios 
de cobre; este me deu em troca pano, que passei a Ibn Selib; este enfim, 
entregou a importância em marfim ao agente de Said; e eu obtive a barca” 
(BACCARIN; SILVA, 1982, p. 46).
Apesar das dificuldades, o comércio expandiu-se pelo mundo, e alguns produtos passaram a ser 
reconhecidos como moeda de troca universal, como o cobre, a prata e o ouro, o que facilitou as 
relações mercantis.
Médici (1977) apresentou o Código de Hamurabi, instituído pelo Rei Hamurabi, sexto monarca da 
primeira dinastia da Babilônia, que afirmava tê-lo recebido do deus Sol. Foi encontrado em escavações 
feitas por um grupo de arqueólogos franceses nas ruínas da cidade islamita de Susa (Pérsia), em 1901. 
Atualmente, encontra-se no Museu do Louvre, em Paris.
Esse documento foi gravado em um bloco de diorite, uma rocha de 2,25 metros de altura e 
1,90 metros de circunferência na base, no século XXIII a.C., contém 282 artigos e regulava quase 
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Unidade I
exclusivamente as atividades primárias, principalmente a agricultura e a pecuária, bases da economia 
daquela época. Era aplicado na região da Mesopotâmia e, além de regras das atividades produtivas, 
tinha normas de Direito Civil e Penal.
 Observação
A Mesopotâmia, que em grego quer dizer “terra entre rios”, é 
conhecida por ser um dos berços da civilização humana. Localizada no 
Oriente Médio, atualmente, essa histórica região constitui o território 
do Iraque.
Na Antiguidade, já existiam normas e regras equivalentes ao que hoje conhecemos como Direito 
Comercial, como: o empréstimo a juros, os contratos de sociedade, depósito e comissões. Essas práticas 
já estavam previstas no Código de Hamurabi.
Como sistema, porém, a formação e o florescimento do Direito Comercial só ocorreram na Idade 
Média, a partir do século XII, através das corporações de ofício.
1.2 O Direito Comercial e as corporações de ofício
No período da Idade Média, o comércio já estava bem avançado. Nessa fase, ocorreu também uma 
grande transformação nas sociedades. Inicialmente eram pequenas vilas, criadas em torno do pequeno 
centro comercial.
Essas vilas cresceram e se transformaram em cidades (burgos). Nesses centros comerciais, estavam 
concentrados os comércios, serviços, os primeiros modelos de bancos, além do transporte.
Nesse período, surgiram as corporações de ofício, que assumiram um papel muito importante 
ao conquistarem autonomia em relação à nobreza para legislar, fiscalizar e julgar normas quanto à 
atividade comercial.
 Observação
Burgos eram os nomes das cidades que cresceram em torno do 
comércio. Os comerciantes eram conhecidos como burgueses. A expressão 
burguês vem do surgimento de uma nova classe social: pessoas que 
criavam e administravam seus próprios negócios e passaram a desenvolver 
representação e força política justamente por controlar o comércio e 
portanto a circulação de dinheiro (riquezas). 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
 Saiba mais
A história do filme a seguir, escrita por William Shakespeare, retrata 
uma trama envolvendo a prática do comércio e apresenta um julgamento 
realizado pelo cônsul, além de um romance com um final surpreendente.
O MERCADOR de Veneza. Dir. Michael Radford. Itália; Reino Unido; 
Luxemburgo: Avenue P, 2004. 138 minutos.
Nesse sentido, esclarece Frederico Viana Rodrigues:
Com o incremento do comércio, fortaleceram-se os grupos profissionais 
dos mercadores, chamados de corporações de ofício. Bem-organizadas, as 
corporações passaram a tutelar os interesses de seus membros em face da 
impotência do Estado (RODRIGUES, 2004, p. 17).
É importante ressaltar que cada corporação tinha suas próprias regras, por exemplo: padeiros, 
sapateiros, proprietários de bancos, donos de navios de transporte de mercadorias, entre outros. Cada 
atividade tinha hábitos baseados nos usos e costumes, e somente podiam exercer o ofício aqueles que 
obtivessem a inscrição e a autorização da corporação correspondente.
Para fiscalizar o cumprimento dessas regras, havia os cônsules, que eram eleitos entres os associados. 
Eles exerciam uma função muito próxima à dos juízes atuais, mas a sua atuação era dentro da sua 
própria corporação.
Assim nasceram as primeiras regras e normas. Nesse sentido, afirma Rubens Requião:
É nessa fase histórica que começa a se cristalizar o Direito Comercial, 
deduzido das regras corporativas e, sobretudo, dos assentos jurisprudenciais 
das decisões dos cônsules, juízes designados pela corporação, para, em seu 
âmbito, dirimirem as disputas entre comerciantes. Diante da precariedade 
do direito comum para assegurar e garantir as relações comerciais, fora do 
formalismo que o direito romano remanescente impunha, foi necessário, 
de fato, que os comerciantes organizados criassem entre si um direito 
costumeiro, aplicado internamente na corporaçãopor juízes eleitos pelas 
suas assembleias: era o juízo consular, ao qual tanto deve a sistematização 
das regras do mercado (REQUIÃO, 2003, p. 10-1).
É importante ressaltar que esse conjunto de regras era aplicado somente aos membros da corporação. 
Não havia uma influência do Estado, os próprios comerciantes criavam as normas e fiscalizavam o 
cumprimento delas. Como bem destaca Francesco Galgano:
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Unidade I
O ius mercatorum nasce, portanto, como um direito diretamente criado 
pela classe mercantil, sem a mediação da sociedade política; nasce 
como um direito imposto em nome de uma classe, e não em nome da 
comunidade no seu conjunto. É imposto aos eclesiásticos, aos nobres, 
aos militares, aos estrangeiros. O pressuposto da sua aplicação é o 
mero fato de se haverem estabelecido relações com um comerciante 
(GALGANO, 1990, p. 39).
Quando pensamos na criação das regras, normas e leis, é importante conhecer o contexto, saber 
o que estava acontecendo na época e no lugar. E sabemos que nesse período estava ocorrendo uma 
grande transformação geopolítica na Europa.
Nesse momento, estavam nascendo os estados absolutistas, ou seja, conceitos de Estado/Nação, 
com governo único, fronteiras, burocracia estatal. Essa nova estrutura fez com que nascesse um 
poder central, que, para exercer um controle maior, estabeleceu seu sistema jurídico, com legislação 
e Poder Judiciário. 
Lembre-se que antes disso não existiam os países como conhecemos hoje; a Inglaterra, a França 
e a Alemanha estavam surgindo. Um dos países mais antigos é Portugal, mas a Itália, por exemplo, é 
bem mais nova.
A Revolução Francesa ocorreu em 1789, sendo que logo em 1804 Napoleão Bonaparte foi proclamado 
imperador. Ele impôs um modelo centralizador, organizou a administração do Estado e criou normas e 
leis; as principais, que influenciaram outros países, inclusive o Brasil, foram o Código Civil, em 1804, e o 
Código Comercial, em 1808.
A importância foi que, desde então, iniciou-se uma nova fase do Direito Comercial, agora 
um sistema jurídico estatal criado para regular as relações jurídico-comerciais. Não eram mais 
legislações elaboradas pelos próprios interessados: agora havia a intervenção direta do Estado. No 
dizer de Francesco Galgano:
A classe mercantil deixa de ser artífice do seu próprio direito. O Direito 
Comercial experimenta uma dupla transformação: o que foi direito de classe 
transforma-se em direito do Estado; o que foi direito universal converte-se 
em direito nacional (GALGANO, 1990, p. 43).
Assim, houve uma divisão no direito privado: foram separados o Direito Civil e o Direito Comercial:
No início do século XIX, na França, Napoleão, com a ambição de 
regular a totalidade das relações sociais, patrocina a edição de dois 
monumentais diplomas jurídicos: o Código Civil (1804) e o Comercial 
(1808). Inaugura-se, então, um sistema para disciplinar as atividades 
dos cidadãos, que repercutirá em todos os países de tradição romana, 
inclusive o Brasil. De acordo com este sistema, classificam-se as relações 
que hoje em dia são chamadas de direito privado em civis e comerciais.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
Para cada regime, estabelecem-se regras diferentes sobre contratos, 
obrigações, prescrição, prerrogativas, prova judiciária e foros. A delimitação 
do campo de incidência do Código Comercial é feita, no sistema francês, 
pela teoria dos atos de comércio (COELHO, 2002, p. 7).
A grande transformação foi que, se antes a atividade era descrita de acordo com a corporação de 
ofício à qual pertencia, ou seja, pelo seu exercício, a partir do Código Comercial, a atividade do comércio 
passou a ser descrita pelos atos praticados.
Atos de comércio poderiam ser exercidos por qualquer pessoa e não precisariam mais estar 
vinculados às corporações de ofício. O grande problema é que ficaram de fora algumas atividades, 
como o exercício da corretagem de imóveis; com o passar dos anos, essas atividades foram reguladas 
por leis especiais.
Mas o comércio é dinâmico, assim como o Direito, e, em 1942, surgiu O Codice Civile italiano, que, 
de novidade, trouxe a Teoria da Empresa:
Em 1942, ou seja, mais de um século após a edição da codificação 
napoleônica, a Itália edita um novo Código Civil, trazendo enfim um 
novo sistema delimitador da incidência do regime jurídico comercial: 
a Teoria da Empresa. Esta, no dizer de Luiz Antonio Soares Hentz, 
“pretende a transposição para o mundo jurídico de um fenômeno que 
é socioeconômico: a empresa como centro fomentador do comércio, 
como sempre foi, mas com um colorido com o qual nunca foi vista” 
(ASQUINI, 1996, p. 109).
Essa nova visão cria uma nova forma de interpretar o que se definiria como empresa: atividade 
econômica organizada, com fins de obter lucro. Dessa maneira, várias atividades que estavam excluídas 
da teoria do comércio passaram a ser incluídas, necessitando-se de uma legislação mais ampla que 
passou a ser adotada por vários países.
1.3 Direito Comercial no Brasil e o Código Comercial
O Código Comercial Brasileiro foi instituído em 1850 e adotou a teoria francesa dos atos 
de comércio, definindo o comerciante como aquele que exercia a mercancia de forma habitual, 
como sua profissão. 
Ao definir a atividade de comerciante, estabeleceu direitos e garantias. Uma delas, de suma 
importância, é a proteção do patrimônio particular dos sócios, em relação ao patrimônio do comércio 
(pessoa jurídica). Além disso, havia a possibilidade de concordata e falência. 
Assim como ocorreu na França, também deixou algumas atividades fora da regulamentação, 
como prestação de serviços, negociação imobiliária e pecuária. Foram criadas normas específicas para 
regulamentar o exercício de tais atividades.
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 Saiba mais
Acesse o link e pesquise o Código Comercial de 1850, que foi inscrito no 
período do Império e esteve em vigor até 2002.
BRASIL. Lei nº 556, de 25 de junho de 1850. Rio de Janeiro, 1850. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM556.
htm>. Acesso em: 8 fev. 2018.
Este código ainda está em vigor, parcialmente, pois em 2002 foi publicado o Código Civil, que revogou 
em parte o Código Comercial, implantando a Teoria da Empresa, dessa vez tendo como base a teoria italiana.
 Saiba mais
Leia a obra a seguir:
COELHO, F. U. Manual de direito comercial: direito da empresa. 24. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2012.
O Direito de Empresa e o Código Civil de 2002
A Lei nº 10.406 (BRASIL, 2002) instituiu o Código Civil, revogando o antigo que estava em vigor 
desde 1916. Ocorre que os legisladores brasileiros optaram por introduzir no Código Civil atual capítulos 
que regulam o Direito Comercial.
Dessa forma, o Código Civil de 2002 revogou parte do Código Comercial de 1850. Esse documento 
anulou a Teoria dos Atos do Comércio e acabou com a figura jurídica do comerciante, instituindo a 
Teoria da Empresa e regulamentando a figura do empresário.
Seguindo à risca a inspiração do Codice Civile de 1942, o novo Código Civil 
brasileiro derroga grande parte do Código Comercial de 1850, na busca de 
uma unificação, ainda que apenas formal, do direito privado. Do CCom, 
resta hoje apenas a parte segunda, relativa ao comércio marítimo (a parte 
terceira – “das quebras” – já havia sido revogada pelo DL nº 7.661/45, 
que era a antiga Lei de Falências, hoje revogada e substituída pela Lei 
nº 11.101/05, a Lei de Recuperação de Empresas) (RAMOS, 2004, p. 9).
Esse tema está regulado noCódigo Civil de 2002, no Livro II, Título I, Do Direito de Empresa. Não se 
fala mais em comerciante como aquele que pratica habitualmente atos de comércio; fala-se agora em 
empresário, aquele que “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou 
a circulação de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002).
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Nesse mesmo sentido, Reale (2004) destaca que:
Uma das inovações da nova lei civil de 2002 consta na disciplina autônoma 
da vida societária, destinando-lhe uma das partes especiais, à qual foi dado 
o nome de Direito de Empresa. Essa denominação se justifica porque nela se 
trata mais amplamente da “sociedade empresária”, que pode ser comercial, 
industrial ou de prestação de serviços, sendo organizadas segundo um dos 
tipos previstos no Código (REALE, 2004, p. 243).
Portanto a grande mudança ocorrida foi que o Direito Comercial, que disciplinava apenas as 
empresas que praticavam os chamados atos de comércio (comércio habitual de troca com finalidade 
de lucro), agora teve a interpretação substituída pelo conceito mais amplo de Direito Empresarial, que 
regulamenta as empresas que praticam qualquer atividade econômica organizada, exceto a intelectual, 
para a produção ou circulação de bens ou serviços.
Quadro 1 
Teoria dos atos de comércio Teoria da empresa
• Indústrias
• Bancos
• Seguradoras
• Operação de Câmbio
• Fretamento
• Especulação Imobiliária
• Logísticas
• Espetáculos Públicos e Armações de Navios
Todo aquele que exercer profissionalmente 
uma atividade econômica organizada, para a 
produção e circulação de bens ou serviços, é 
considerado empresário
Vamos rapidamente explicar o conceito de empresa:
Capacidade empresarial
Trabalho = trabalhadores
Capital = estrutura utilizada para a produção
Terra = insumos
Tecnologia = meios usados para a produção
Figura 1 - Atividade empresarial organizada
Conforme Cometti:
[...] sob a vigência da Teoria da Empresa, portanto, nada mais correto 
do que designar o seu sujeito como empresário; a atividade por ele 
explorada como empresa; o conjunto de bens por ele organizado para 
exploração de sua atividade como estabelecimento empresarial; e o 
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ramo do Direito Privado composto por normas a ele destinadas como 
Direito Empresarial (COMETTI, 2007).
O empresário, utilizando sua capacidade profissional, organiza os meios de produção visando ao 
lucro. Os meios de produção são:
• Trabalho: representa os trabalhadores envolvidos na produção – empregados, prestadores de 
serviços, proprietários e sócios.
• Capital: toda a estrutura da empresa – prédio, instalações, equipamentos, além dos recursos financeiros.
• Terra: são os insumos, a matéria-prima, água, energia elétrica, entre outros.
• Tecnologia: são todos os equipamentos, máquinas, utensílios e também recursos tecnológicos 
utilizados na produção de bens e serviços.
Portanto, uma empresa passou a ser aquela que atua, organizando os meios de produção, de forma 
habitual, visando ao lucro.
Assim, a consequência prática disso foi que as empresas prestadoras de serviço, anteriormente 
sociedades civis, passaram a ser, em algumas situações, sociedades empresárias ou, simplesmente, 
empresas, regidas pelo Código Civil de 2002.
Os hospitais também foram incluídos nesta alteração. A atividade desenvolvida enquadra-se em 
prestação de serviços e desde o novo Código Civil passou a ser compreendida como atividade empresarial.
O hospital é uma reunião de vários tipos de atendimentos médicos isolados. Muitas atividades não 
são classificadas especificamente como tratamento médico, mas são necessárias, uma vez que compõem 
um complexo maior. 
Gonçalves e Aché (1999, p. 85) nos explicam que hospital é um complexo “vivo”, que envolve 
simultaneamente as seguintes áreas:
• áreas assistenciais:
— ambulatório;
— pronto atendimento;
— unidades de internação;
— centro cirúrgico;
— centro obstetrício.
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• áreas administrativas:
— financeira;
— almoxarifado;
— farmácia;
— materiais;
— recursos humanos;
— sistemas de informação.
• área logística:
— lavanderia;
— centro de esterilização;
— manutenção;
— zeladoria;
— segurança;
— higiene e limpeza.
• área técnica:
— serviços de enfermagem;
— serviço médico de diagnóstico e tratamento;
— nutrição e dietética;
— fisioterapia;
— psicologia.
Existem outras empresas que também lidam com pessoas. Podemos citar os hotéis e os restaurantes 
como exemplos. Mas a maior diferença que existe entre o hospital e outras empresas é a sua função 
primordial de cuidar da saúde das pessoas.
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Outra importante característica dos hospitais é o fato de lidar com bens intangíveis, algo muito 
precioso e que exige um comprometimento muito grande para com a sociedade: a saúde. A saúde não é 
algo que se toca, se pesa ou se mede, embora seja de suma importância para o paciente, seus familiares 
e a sociedade como um todo.
Para desempenhar sua atividade, o hospital possui vários bens tangíveis (equipamentos, moveis, 
utensílios etc.), mas o seu maior patrimônio são os profissionais, que desempenham a função de salvar, 
cuidar e preservar vidas. 
O gestor hospitalar tem como atribuições administrar essa complexa reunião de várias 
atividades independentes e gerir a diversidade de profissionais, que devem estar comprometidos 
com o objetivo principal da empresa, conciliando, ainda, a função de cuidar da saúde da 
comunidade e gerar lucros.
1.4 Empresário
A Lei nº 10.406 (BRASIL, 2002) institui o Código Civil, que, em seu art. 966, define a figura do empresário:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa (BRASIL, 2002).
Mas o que significa isso?
Vamos desmembrar o conceito:
• Exerce profissionalmente: significa que ele desempenha a atividade com fins de lucro, como fonte 
de renda; para isso, deve ser habitual, rotineira, ou seja, é a sua atividade principal. 
• Atividade econômica organizada: quer dizer que o empresário organiza os meios de produção 
(terra, trabalho, capital, capacidade tecnologia) com o intuito de obter lucro.
• Produção: fabricação, criação, construção etc.
• Circulação: importação, exportação, distribuição.
• Bens: tangíveis.
• Serviços: intangíveis.
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Figura 2 
O objetivo principal do empresário é obter lucro, essa é a principal característica da empresa. Cabe ao 
empresário administrar esses fatores com o intuito de produzir cada vez mais, com mais qualidade, no 
menor custo. Para isso, ele utiliza sua capacidade empresarial para administrar esses recursos, com um 
custo cada vez menor, utilizando-se da máxima capacidade de cada um dos fatores.
Em contrapartida, o artigo exclui algunsprofissionais que, apesar de exercerem a atividade com o 
intuito de lucro, não podem ser considerados empresários.
Leia o parágrafo único a seguir:
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa (BRASIL, 2002).
A profissão intelectual engloba as de natureza científica, como os profissionais liberais 
(médico, engenheiros, advogados, dentistas, contadores etc.) e as de natureza literária ou 
artística (músicos, escritores, atores etc.). Nessa situação, eles não serão empresários desde que 
a atividade esteja vinculada à pessoa.
Vamos analisar a seguintes situação: você procura um médico, Dr. Souza Saúde, em seu consultório, 
por indicação do convênio. Neste momento, o Dr. Souza Saúde não está atuando como empresário e sim 
como profissional liberal. Veja que há a identificação com a pessoa dele, com o profissional.
Em decorrência da qualidade do seu profissionalismo, seu consultório começou a atrair mais 
pacientes. Em poucos anos, transformou-se em clínica. Em uma década a clínica se tornou um hospital: 
Hospital Dr. Souza Saúde Ltda.
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Caso a atividade profissional cresça a ponto de perder a vinculação com a pessoa, ela será empresária.
Quando você for a um hospital para ser atendido pelo médico que estiver no plantão, embora o 
proprietário do hospital seja o Dr. Souza, você buscará o atendimento da instituição e não de determinado 
médico. A sua referência mudou: agora é o hospital, não um médico especifico.
O mesmo se aplica aos artistas. Vamos citar o exemplo da Fernanda Montenegro: ela atua como 
atriz em uma peça de teatro, e é exatamente por admirar o trabalho dela que você irá assistir à peça. 
Nessa situação ela não será empresária. No entanto, ela também é dona de um teatro. Você escolhe ir 
àquele local pelos espetáculos que estão sendo apresentados, não porque a sala é dela. Nessa situação 
ela será empresária.
1.5 Noções de empresa e característica do empresário
O Código Civil, no art. 966 (BRASIL, 2002), define a empresa através da figura do empresário; 
assim, podemos compreender a empresa como a atividade econômica organizada para a produção ou 
circulação de bens ou serviços.
A Dra. Maria Bernadete Miranda define “empresa”:
Empresa significa empreendimento, associação de pessoas para exploração 
de um negócio. É o conjunto de atividades do empresário. É toda 
organização econômica civil, ou empresarial, instituída para a exploração de 
um determinado ramo de negócio (MIRANDA, 2009, p. 3).
Em outras palavras, atualmente, toda atividade econômica organizada com o intuito de obter lucro 
pode ser considerada empresa. Da barraca do ambulante ao shopping center, do salão de cabeleireiro 
de bairro à rede de salões, da pequena pousada à rede de hotéis, da quitanda à rede de supermercados. 
Tudo pode ser considerado empresa, sem distinção entre indústria, comércio e prestação de serviços.
O Professor Requião cita em seu livro o ensinamento de Giuseppe Ferri, que afirma:
[...] a empresa, em um conceito econômico, seria a combinação dos 
elementos pessoais e reais, colocada em função de um resultado econômico, 
e realizada em vista de um intento especulativo de uma pessoa, que se 
chama empresário (FERRI apud REQUIÃO 2003, p. 50).
Assim a empresa nasce da vontade do empresário, de sua formação, de sua aptidão, de seu gosto, 
de suas habilidades, de suas experiências. Adequando sua vontade à realidade, à legislação, às normas 
técnicas, à forma de produção, aos custos, ao mercado, aos fornecedores, aos consumidores etc.
A empresa representa uma combinação de elementos reais e pessoais, mas sempre tendo como 
objetivo principal o lucro. A empresa surge da vontade do empresário de administrar vários fatores para 
obter o seu intuito. O risco do negócio é seu.
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A empresa caracteriza-se por sua organização, pois todos os fatores devem estar organizados de 
forma a garantir seu objetivo: desenvolver uma atividade produtiva.
Nesse sentido, podemos afirmar que a empresa é um conceito abstrato, incorpóreo, pois ela 
representa o conjunto de atividades do empresário. O prédio, as máquinas, o nome, os recursos 
são fatores, elementos desse ente abstrato que, utilizados de forma correta, alcançam a razão 
da sua existência.
Assim ensina Fábio Ulhoa Coelho:
[...] a empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No 
primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário 
individual; no segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que 
explora a atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio 
da sociedade empresária (COELHO, 2013, p. 127).
Podemos compreender que a empresa pode ter como titular um proprietário, acionista, cotista, uma 
pessoa física, uma pessoa jurídica, pode ser uma única unidade, como várias. O que a caracteriza é o 
exercício da atividade de forma organizada, regular, visando ao lucro. As características do empresário, 
como ensina Waldírio Bulgarelli, podem ser definidas como:
a) exercício de atividade econômica e, por isso, destinada à criação de 
riqueza, pela produção de bens ou serviços para a circulação, ou pela 
circulação dos bens ou dos serviços produzidos;
b) atividade organizada, através da coordenação dos fatores de produção 
– trabalho, natureza e capital – em medida e proporção variáveis, 
conforme a natureza e [o] objeto da empresa;
c) exercício praticado de modo habitual e sistemático, ou seja, 
profissionalmente, o que implica dizer, em nome próprio e com ânimo 
de lucro (BULGARELLI, 1980, p. 20-1).
O empresário é a pessoa que exercita a empresa, é o comerciante, o industrial, o pecuarista, o grande 
agricultor etc. Não podemos nos esquecer de que o termo empresário substitui a expressão comerciante.
O jurista Marcelo M. Bertoldi afirma:
[...] o empresário nada mais é senão o comerciante dos dias atuais, não 
existindo qualquer motivo para fazer distinção entre essas duas figuras, 
que, na verdade, representam o sujeito com o qual se ocupa o direito 
comercial, ou, numa nomenclatura mais atualizada, o direito empresarial 
(BERTOLDI, 2006, p. 52).
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Empresário é o empreendedor; segundo Igor Ansoff, “[...] o empreendedor é aquele indivíduo cujo desejo 
de independência foi capaz de motivá-lo no sentido de estabelecer sua própria empresa” (ANSOFF, 1993, p. 52).
Esse empreendedor tem como característica o espírito de criação, de pesquisa. Ele sempre está 
buscando novas soluções, caminhos, alternativas para atender às necessidades das pessoas.
Sua essência é o negócio, buscar alcançar uma meta de sucesso e realização dos objetivos do 
empreendimento. Para isso, ele aceita os riscos do negócio e conta com um arcabouço legal para 
concretizá-los. Ele tem o poder diretivo da empresa.
Ele cria a equipe, administra, delega, confia nas pessoas e busca incentivá-las a fim de obter 
resultados. A Constituição Federal e o Direito Empresarial têm normas para proteger a empresa; e o 
Direito do Trabalho regula a atividade do empregador, para lhe assegurar o exercício do poder diretivo.
 Saiba mais
O que é ser empreendedor
Numa visão mais simplista, podemos entender como empreendedor 
aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que 
realiza antes, aquele que saida área do sonho, do desejo, e parte para a 
ação. “Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza 
visões” (FILION, 1999, p. 19).
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
(SEBRAE). O que é ser empreendedor. [s.d.]b. Serviço Disponível em: 
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/O-que-%C3%A9-ser-
empreendedor>. Acesso em: 8 fev. 2016.
Ser empreendedor significa, acima de tudo, ser um realizador que produz 
novas ideias através da congruência entre criatividade e imaginação.
1.6 Empresário de direito e de fato
Empresário de fato é aquele que exerce a atividade empresarial sem estar legalmente constituído; 
ele é considerado irregular. O registro na Junta Comercial é pré-requisito para a regularidade. Para a 
pessoa, o que a torna cidadão é o registro civil (a certidão de nascimento); já para a empresa, é o registro 
do seu contrato social, ou dos seus estatutos, que a torna regular.
O empresário responderá de forma ilimitada e solidária perante terceiros se a empresa for irregular. A 
lei protege a pessoa do sócio, separando a pessoa jurídica da pessoa física do sócio, mas para que a empresa 
obtenha essa proteção legal, precisa ter todos os seus atos registrados perante a Junta Comercial.
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O que isso significa?
Empresa regular: os patrimônios não se comunicam
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Patrimônio da pessoa física Patrimônio da pessoa jurídica
Figura 3
Em caso de insolvência ou falência, o patrimônio dos sócios não irá responder pelas dividas, salvo 
em caso de fraude.
Empresa irregular: os patrimônios se comunicam
$ $
Patrimônio da pessoa física Patrimônio da pessoa jurídica
 
Figura 4
O patrimônio dos sócios irá pagar pelas dívidas da empresa.
A sociedade irregular não é um sujeito ativo regular, não pode pedir recuperação judicial, nem 
requerer a falência dos seus devedores.
Outra situação que pode gerar a situação irregular ocorre quando a empresa, legalmente constituída, 
deixa de registrar seus atos na Junta Comercial por mais de dez anos.
Resumidamente, as restrições do empresário irregular são:
• não pode ser beneficiado pela recuperação judicial de empresas;
• não pode requerer falência de um devedor seu, embora possa figurar no polo passivo de um 
pedido de falência, bem como requerer sua autofalência;
• os livros comerciais da empresa irregular sem registro não poderão ser autenticados e não têm 
eficácia probatória em favor do exercente da empresa;
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• não pode participar de licitações públicas, nem contratar com o Poder Público;
• responderá solidária e ilimitadamente pelas obrigações da empresa;
• não poderá emitir notas fiscais;
• não será cadastrado junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e arcará com as sanções 
dali decorrentes;
• não haverá autonomia entre o patrimônio da sociedade e o dos sócios. Os bens de ambos 
responderão ilimitadamente pelas obrigações sociais;
• os sócios só provarão as relações entre si e com terceiros por escrito;
• não poderá ser adotada a forma de microempresa.
Existem ainda duas situações em relação à sociedade de fato. A primeira é o contrato de gaveta, que, 
apesar de não gerar efeito em relação a terceiros, garante a constituição da sociedade entre os sócios. 
Por exemplo: com qual valor cada sócio colaborou, quem forneceu cada equipamento e utensílio, qual 
a função de cada um na sociedade, entre outros. Na hora de dissolver a sociedade, fica mais clara a 
partilha dos bens. 
Quadro 2 – Contrato de gaveta
Maria & Joana Mini Salgadinhos
Maria colaborou com Joana colaborou com
R$ 1.500,00 R$ 2.000,00
Fogão Matéria-prima
Botijão de gás
A cozinha utilizada, que está instalada em sua casa
Panelas
Utensílios de cozinha
Seu veículo, que é utilizado para compra e venda dos produtos
Mão de obra
50% do valor 50% do valor
A segunda situação é aquela sem contrato, em que não há nenhum tipo de trato (acordo) escrito. 
Na hipótese de divisão do lucro ou dissolução da sociedade, fica mais difícil determinar a partilha.
Quadro 3 – Sem contrato 
Maria & Joana Mini Salgadinhos
Maria colaborou com Joana colaborou com
 ? ?
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1.7 O empresário individual
O empresário individual é uma pessoa física que, em nome próprio, exerce atividade de empresa.
Nesse caso, a empresa tem como proprietário uma única pessoa física, que integraliza seus 
próprios bens na exploração do negócio. Não há separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e o 
da pessoa física.
$
Patrimônio da pessoa
Física = Jurídica
Figura 5
Esse empresário responde de forma ilimitada pelas dívidas contraídas pela empresa. Caso haja uma 
insolvência, seu patrimônio pessoal irá responder perante os credores.
Nesse caso, quando há a inscrição da empresa na junta comercial, o nome da empresa deverá ser o 
nome do proprietário. Exemplo: 
LEILA DUTRA RODRIGUES ME
Resumidamente, os pequenos negócios são divididos da seguinte maneira:
• Microempreendedor Individual: faturamento anual até R$ 60 mil.
• Microempresa: faturamento anual até R$ 360 mil.
• Empresa de Pequeno Porte: faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões.
• Pequeno Produtor Rural: propriedade com até 4 módulos fiscais ou faturamento anual de até 
R$ 3,6 milhões (SEBRAE, [s.d.]a).
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1.8 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli)
Criada pela Lei nº 12.441 (BRASIL, 2011), a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
(Eireli) é aquela constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente 
integralizado, que não poderá ser inferior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no País. O titular 
não responderá com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa. A pessoa natural que constituir Eireli 
somente poderá figurar em uma empresa dessa modalidade.
Ao nome empresarial, deverá ser incluída a expressão “Eireli”, após a firma ou a denominação social 
da empresa individual de responsabilidade limitada. 
LEILA DUTRA RODRIGUES – EIRELI
A Eireli também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num 
único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
A Eireli será regulada, no que couber, pelas normas aplicáveis às sociedades limitadas. Para 
ser titular de Eireli, alguns requisitos legais devem ser preenchidos por aquele que deseja 
constituí-la ou abri-la.
Desde que não haja impedimento legal, pode ser titular de Eireli a pessoa natural:
• maior de 18 anos, brasileiro(a) ou estrangeiro(a), que se achar na livre administração de sua pessoa 
e seus bens;
• menor emancipado.
A pessoa jurídica não pode ser titular de Eireli, assim como a pessoa natural impedida por norma 
constitucional ou por lei especial.
Não pode ser administrador de Eireli a pessoa:
a) condenada a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou 
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra 
a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa 
da concorrência, contra relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto 
perdurarem os efeitos da condenação;
b) impedida por norma constitucional ou por lei especial:
— brasileironaturalizado há menos de 10 anos:
– em empresa jornalística e de radiodifusão sonora e radiodifusão de sons e imagens;
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
— estrangeiro sem visto permanente. A indicação de estrangeiro para cargo de administrador 
poderá ser feita, sem ainda possuir “visto permanente”, desde que haja ressalva expressa no ato 
constitutivo de que o exercício da função depende da obtenção desse “visto”;
— natural de país limítrofe, domiciliado em cidade contígua ao território nacional e que se 
encontre no Brasil;
– em empresa jornalística de qualquer espécie, de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
– em pessoa jurídica que seja titular de direito real sobre imóvel rural na Faixa de Fronteira 
(150 km de largura ao longo das fronteiras terrestres), salvo com assentimento prévio do 
órgão competente;
— português, no gozo dos direitos e obrigações previstos no Estatuto da Igualdade, comprovado 
mediante Portaria do Ministério da Justiça, pode ser administrador de Eireli, exceto na hipótese 
de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
— pessoa jurídica;
— o cônsul, no seu distrito, salvo o não remunerado;
— o funcionário público federal civil ou militar da ativa. Em relação ao funcionário estadual e ao 
municipal, observar as respectivas legislações;
— o Chefe do Poder Executivo, federal, estadual ou municipal;
— o magistrado;
— os membros do Ministério Público da União, que compreende: Ministério Público Federal, Ministério 
Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
— os membros do Ministério Público dos Estados, conforme a Constituição respectiva;
— o falido, enquanto não for legalmente reabilitado;
— o leiloeiro;
— a pessoa absolutamente incapaz, tais como: o menor de 16 anos; o que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a prática desses atos; o que, 
mesmo por causa transitória, não puder exprimir sua vontade;
— a pessoa relativamente incapaz, quais sejam: o maior de 16 anos e menor de 18 anos (pode ser 
emancipado e, desde que o seja, pode assumir a administração de empresa); o ébrio habitual, 
o viciado em tóxicos, e o que, por deficiência mental, tenha o discernimento reduzido, e o 
excepcional, sem desenvolvimento mental completo (PARANÁ, [s.d.]).
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Unidade I
Para abertura, registro e legalização da Eireli, é necessário registro na Junta Comercial, 
e, em função da natureza das atividades constantes do objeto social, inscrições em outros 
órgãos, como Receita Federal (CNPJ), Secretaria de Fazenda do Estado (inscrição estadual e 
ICMS) e Prefeitura Municipal (concessão do alvará de funcionamento e autorização de órgãos 
responsáveis por saúde, segurança pública, meio ambiente e outros, conforme a natureza da 
atividade). (PARANÁ, [s.d.]).
 Lembrete
A Eireli foi criada com o objetivo de proteger os bens da pessoa física. 
Antes dessa lei, o empresário individual, em caso de insolvência, responderia 
por seu patrimônio pessoal, agora a lei protege o patrimônio. Esse modelo 
de empresa protege o patrimônio pessoal do titular da empresa.
1.9 Pessoas impedidas de serem empresárias
Algumas pessoas são impedidas de serem empresárias. Esse impedimento pode ocorrer por 
questões pessoais ou profissionais. O rol de impedimentos está previsto no Código Civil e em algumas 
legislações esparsas.
As pessoas com impedimentos para a prática dos atos da vida civil não podem ser empresárias, 
conforme previsto nos arts. 3º e 4º do Código Civil:
• absolutamente incapazes:
— os menores de 16 anos;
— os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para exercer pessoalmente os atos da 
vida civil;
— os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade;
• relativamente incapazes:
— os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento reduzido;
— os pródigos;
— maiores de 16 e menores de 18 anos (exceto quando emancipados).
— a capacidade dos índios será regulada por lei especial (BRASIL, 2002).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
 Observação
Ébrio: pessoa que se entrega à embriaguez; quem é viciado em 
bebida alcoólica.
Pródigo: pessoa que não tem controle financeiro, que gasta demais, que 
não tem condições de administrar e gerir a sua vida.
As pessoas que estejam legalmente impedidas em decorrência da profissão também não podem ser 
empresárias, conforme relação a seguir:
• pessoas já registradas como Empresário (Individual) em qualquer 
Junta Comercial do País;
• chefes do poder executivo, nacional, estadual ou municipal;
• membros do Poder Legislativo, como senadores, deputados federais 
e estaduais e vereadores, se a empresa gozar “de favor decorrente de 
contrato com pessoa jurídica de direito público, ou [se a pessoa] nela 
exercer função remunerada”;
• magistrados;
• membros do Ministério Público Federal;
• empresários falidos, enquanto não forem reabilitados;
• leiloeiros;
• cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados;
• médicos, para o exercício simultâneo da farmácia;
• farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina;
• servidores públicos civis da ativa, federais (inclusive ministros de 
Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral). 
Em relação aos servidores estaduais e municipais, observar a 
legislação respectiva;
• servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares 
(BRASIL, 2002).
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Unidade I
As pessoas que estão condenadas pela justiça também não podem ser empresárias:
• as pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente, 
o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, 
peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia 
popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de 
defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública 
ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação 
(BRASIL, 2002).
Os estrangeiros, conforme especificações seguintes, também não podem ser empresários:
• sem visto permanente ou com o visto fora do prazo de validade;
• em atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
• quando proprietários ou armadores de embarcação nacional, exceto 
embarcação de pesca;
• quando proprietários ou exploradores de aeronave brasileira.
• brasileiro naturalizado há menos de dez anos, para o exercício 
de atividade jornalística e de radiodifusão de sons e imagens 
(BRASIL, 2002).
1.10 Deveres do empresário à luz da legislação vigente
A empresa é uma ficção; ela nasce da vontade do empresário e dos sócios. Antes de se estabelecer, 
o empresário deve realizar uma pesquisa de mercado, das condições de produção, dos insumos, dos 
fornecedores, dos consumidores, do local, da logística, do pessoal necessário, enfim, todas as necessidades 
da futura empresa. Deve ainda se organizar economicamente, gerando condições para tocar o negócio 
até que ele comece a gerar lucros. Segundo estudos, uma empresa demora, em média, dois anos para 
começar a gerar lucros. Ao se preparar, o empresário deve estar ciente disso e organizar formas de 
sustentar o seu negócio por esse período inicial. 
Após todoo planejamento, para poder iniciar seus negócios, a primeira obrigação do empresário é o 
registro perante o órgão próprio, ou seja, a Junta Comercial. Conforme determina o art. 967 do Código 
Civil, o registro deve ser prévio.
O registro público das empresas vem regulamentado pela Lei nº 8.954 (BRASIL, 1994c), dividindo-se 
em dois órgãos: Departamento Nacional de Registro e Comércio (DNRC) – órgão federal ; e Junta 
Comercial – órgão estadual.
O empresário deve manter a escrituração dos livros comerciais, que se dividem em facultativos e obrigatórios.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
Os obrigatórios se dividem em especiais e comuns. O livro obrigatório comum é o Livro Diário. O livro 
obrigatório especial está ligado ao ramo de atividade da empresa.
Além do registro dos livros, o empresário deverá elaborar periodicamente os lançamentos contábeis. 
Nesses livros, deverão estar registrados o balanço patrimonial, que descreve o ativo e o passivo; e o 
resultado econômico, que descreve a existência de lucro ou de prejuízo em cada exercício fiscal.
1.11 Registro do comércio
As sociedades empresariais devem ser registradas na Junta Comercial. Já as sociedades simples devem 
ser registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas – art. 1.150 do novo Código Civil (BRASIL, 2002).
Dessa forma, devemos entender que a Junta Comercial é o único órgão responsável por receber a 
inscrição dos empresários. Os empresários que não tiverem seus atos constitutivos ou firma arquivados 
na Junta Comercial serão considerados irregulares, sendo impedidos de inscrever-se como contribuintes 
do ICMS, e não podem emitir nota fiscal.
No caso da empresa constituída no formato de S/A (Sociedade Anônima), seus atos constitutivos 
serão regulados pela Lei nº 6.404 (BRASIL, 1976), seu capital social será dividido em ações e, no início, 
haverá um depósito obrigatório do Banco do Brasil, no intuito de garantia inicial das suas ações. No 
entanto, essa modalidade é mais restrita, e somente empresas de grande capital é que aderem a ela. 
Todos os atos constitutivos da sociedade deverão ser arquivados na Junta Comercial, bem como as 
alterações que ocorrerem e a rescisão da empresa, de acordo com o previsto no art. 32 da Lei nº 8.934/94:
I – a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e 
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
II – o arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção 
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei 
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a 
funcionar no Brasil;
d) das declarações de microempresa;
e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao 
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que 
possam interessar ao empresário e às empresas mercantis;
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Unidade I
III – a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis 
registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria 
(BRASIL, 1994b).
1.12 Registros de hospitais
Além das normas comuns, aplicáveis a todas as empresas, as entidades médicas necessitam acatar as 
resoluções do Conselho Regional de Medicina. Como exemplo, citamos o Conselho Regional de Medicina 
do Estado de São Paulo (CREMESP).
Para que um hospital seja registrado, o médico responsável técnico deve solicitar o registro em 
requerimento, que deverá ser encaminhado ao Conselho Regional de Medicina do local. A instituição, 
além de atender às normas de ordem federal, deverá acatar as normas regionais. Cada estado possui 
uma jurisdição própria e um conselho regional. Veja a legislação:
• Lei Federal 6.839/80: determina o registro das empresas nas entidades fiscalizadoras do exercício 
de profissões.
• Resolução CFM 997/80: cria e disciplina os procedimentos para o cadastro central dos 
estabelecimentos de saúde de direção médica nos Conselhos Federal e Regionais de Medicina.
• Resolução CFM 1.342/91: estipula as atribuições do diretor técnico e diretor clínico e dá 
outras providências.
• Resolução CFM 1.352/92: permite ao profissional médico assumir a responsabilidade, seja como 
diretor técnico, seja como diretor clínico, em no máximo duas empresas médicas.
• Resolução CFM 1.481/97: determina o registro dos Regimentos Internos de Corpo Clínico das empresas 
médicas nos Conselhos Regionais de Medicina, nos moldes das diretrizes gerais nela contidas.
• Resolução CFM 1.590/99: dispõe sobre a obrigatoriedade de registro nos Conselhos Regionais de 
Medicina das operadoras de planos de saúde e de medicina de grupo, dos planos de autogestão e 
das cooperativas médicas devidamente registrados junto ao Ministério da Saúde.
• Resolução CFM 1.626/01: baixa instruções disciplinando os procedimentos para registro e/ou 
cadastro de empresas médicas nos Conselhos Regionais de Medicina.
É importante ressaltar que, no exercício de qualquer atividade médica, o atendimento ao Código de 
Ética é primordial, com especial atenção aos artigos 9º, 98 e 99 do Código de Ética Médica (CONSELHO 
FEDERAL DE MEDICINA, 2010):
Art. 9º – A Medicina não pode, em qualquer circunstância ou de qualquer 
forma, ser exercida como comércio. 
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Art. 98 – Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, 
laboratório farmacêutico, ótica ou qualquer organização destinada à fabricação, 
manipulação ou comercialização de produtos de prescrição médica de qualquer 
natureza, exceto quando se tratar de exercício da Medicina do Trabalho. 
Art. 99 – Exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia, bem como obter 
vantagem pela comercialização de medicamentos, órteses ou próteses, cuja 
compra decorra de influência direta em virtude da sua atividade profissional.
Neste sentido, dispõe o Guia de Pessoas Jurídicas na Área Médica (2003, p. 13):
A mercantilização da Medicina é conduta antiética, conflitante com o objetivo 
maior da profissão, que é a prestação de serviços médicos em prol do ser humano 
e da coletividade. Havendo cláusula que tenha por objeto social o comércio, o 
contrato não será aceito para registro junto ao Conselho Regional de Medicina.
Vale dizer que a instituição hospitalar, por ser uma empresa, deve sim visar ao lucro, mas nunca 
perdendo a sua função primordial, que é o compromisso com toda a sociedade de cuidar da saúde.
2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
As sociedades empresárias são caracterizadas pela reunião de duas ou mais pessoas que se unem para 
garantir um fim e essencialmente obter lucros. Basicamente, são divididas de acordo com a relação a seguir:
• Grupo I – Empresa de grande porte: superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), de 
acordo com a Medida Provisória nº 2.190-34/2001.
• Grupo II – Empresa de grande porte: igual ou inferior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de 
reais) e superior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), de acordo com a Medida Provisória 
nº 2.190-34/2001.
• Grupo III – Empresa de médio porte: igual ou inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de 
reais) e superior a R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), de acordo com a Medida Provisória 
nº 2.190-34/2001.
• Grupo IV – Empresa de médio porte: igual ou inferior a R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), deacordo com a Medida Provisória nº 2.190-34/2001.
• Empresa de pequeno porte (EPP): igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos 
mil reais) e superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), de acordo com a Lei 
Complementar nº 139/2011.
• Microempresa: igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), de acordo com a 
Lei Complementar nº 139/2011.
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Unidade I
2.1 Sociedades empresárias: conceito, características, classificação e distinção
As associações estão previstas no art. 53 do Código Civil, que dispõe:
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem 
para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos 
(BRASIL, 2002).
Portanto o grande diferencial dessas entidades é não terem finalidade de lucro. As associações 
podem até visar a um ganho monetário, mas para manter o projeto, a finalidade da sua existência.
O lucro não é para ser dividido entre os associados, e sim para manter o projeto, por exemplo: o 
Projeto Tamar, que tem por finalidade a preservação das tartarugas.
Para visitar o projeto, são cobrados ingressos; também existem lojas em que são vendidas lembranças. 
O intuito dessa arrecadação não é dividir os lucros entre os associados, e sim reaplicar os ganhos no 
próprio projeto.
As associações deverão convencionar se os associados respondem ou não pelas obrigações da entidade:
Art. 46. O registro declarará:
V – se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações 
sociais (BRASIL, 2002).
2.2 Classificação das sociedades
As sociedades são divididas levando em consideração a responsabilidade dos sócios e a forma de 
constituição da sociedade.
2.2.1 Sociedades simples
A sociedade simples também é uma pessoa jurídica, mas que realiza atividade intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, 
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, conforme parágrafo único do 
art. 966 do Código Civil (BRASIL, 2002). Exemplo típico são as sociedades de advogados, médicos 
ou engenheiros, configurando-se como sociedades simples conforme arts. 966 e 981 do Código 
Civil (BRASIL, 2002).
O contrato social é inscrito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, salvo quando se tratar de sociedade 
de advogados, que é inscrita apenas na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conforme art. 16 da Lei 
n º 8.906 (BRASIL, 1994a).
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Advogados, médicos ou engenheiros, por força da lei, mesmo que atuem com a ajuda de colaboradores 
e de outros profissionais do mesmo ramo, como ocorre em consultórios médicos, escritórios de 
contabilidade ou de advocacia, enquadram-se no conceito de sociedade simples; enquanto o hospital, 
a empresa de contabilidade que ministra cursos e a empresa do ramo imobiliário (atividade organizada) 
caracterizam sociedades empresariais.
Consultório
Hospital
Figura 6 – Sociedade simples: consultório. Sociedade empresária: hospital
2.2.2 Sociedades empresárias
São aquelas que se enquadram no conceito de empresa, devendo ter seus atos constitutivos inscritos 
na Junta Comercial do Estado em que se encontram. Atualmente a legislação prevê os seguintes tipos 
de sociedades:
Sociedade em nome coletivo
Tipo societário que praticamente não é mais utilizado, pois exige que os sócios sejam pessoas físicas 
e com responsabilidade solidária e ilimitada em relação a todas as dívidas da empresa, podendo o credor 
executar os bens particulares dos sócios, mesmo sem ordem judicial.
O nome da empresa deve ser composto pelo nome dos sócios, podendo ser acrescentada a expressão 
“& Cia” ao final (ex: João e Luiza ou João, Luiza & Cia).
Sociedade em comandita simples
Atualmente pouco utilizada, a empresa é formada por sócios comanditados, que participam com 
capital e trabalho, tendo responsabilidade solidária e ilimitada, ou por comanditários, que participam 
somente com o capital, tendo responsabilidade limitada sobre o capital empregado e não participando 
da gestão dos negócios da empresa.
O capital é fechado; significa que as ações não são negociáveis na Bolsa de Valores. Na razão social, 
devem figurar apenas os sócios comanditados.
Sociedade anônima
Utilizada principalmente nos casos de grandes empresas, em que o capital encontra-se dividido 
em ações. Cada acionista é responsável apenas pelo preço de emissão de suas próprias ações; a 
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responsabilidade é limitada e não solidária. Os acionistas controladores respondem por abusos. A 
regulamentação está na Lei 6.404 (BRASIL, 1976).
Seus atos devem ser publicados no Diário Oficial e em jornal de grande circulação editado no local 
da sede da companhia e deverão ser arquivados no registro do comércio. Podem ter o capital aberto, 
significando que suas ações poderão ser negociadas na Bolsa de Valores. O nome deve ser acrescido da 
expressão “S/A” ou antecedido da expressão “Companhia” ou “Cia”.
Sociedade em comandita por ações
Regida por normas relativas às sociedades anônimas, com diferença em relação à restrição de 
que somente os acionistas podem ser diretores ou gerentes, sócios comanditados, respondendo 
ilimitadamente pelas obrigações da empresa.
Os sócios comanditários, que não exercem a função de gerentes ou diretores, têm responsabilidade 
limitada sobre o capital social. Podem ter o capital aberto, ou seja, ações em Bolsa de Valores. O nome 
deve ser acrescido da expressão “Comandita por Ações” ou “C/A”.
Sociedade limitada
A maioria das empresas no Brasil é Ltda. Nesse tipo de sociedade, a responsabilidade de cada sócio é 
restrita ao valor de suas cotas, mas o sócio responde solidariamente pela integralização do capital social, 
referente à parte não integralizada pelos demais sócios. Ao nome, deve ser acrescida a expressão “Ltda”.
2.2.3 Conceitos de microempresa e empresa de pequeno, médio ou grande porte
Vamos entender o conceito:
Empresas em geral
Microempresas e 
empresas de pequeno 
porte (LC 123/06)
Optantes pelo 
Simples
Empreendedores 
individuais
Figura 7 
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FUNDAMENTOS DO DIREITO COMERCIAL E DO CONSUMIDOR
A classificação das empresas leva em consideração o porte e avalia o número de funcionários 
e o faturamento.
O Microempreendedor Individual (MEI) é conhecido como autônomo, não tem sócio e foi criado pela 
Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (BRASIL, 2006).
Já as demais empresas obedecem à seguinte classificação:
Quadro 4 – Classificação das MPEs segundo o número de empregados
Porte da empresa
Números de empregados
Comércio e serviços Indústria
Microempresa até 9 até 19
Empresa de pequeno porte 10 a 49 20 a 99
Empresa de médio porte 50 a 99 100 a 499
Empreso de grande porte > 99 > 499
Adaptado de: Sebrae (2013, p. 17).
Além do número de empregados, é avaliado o faturamento anual. Esses valores são alterados 
anualmente; em 2015, foram:
• Microempresa: até R$ 2.400.000,00.
• Pequena: de R$ 2.400.000,01 a R$ 16.000.000,00.
• Média: de R$ 16.000.000,01 a R$ 90.000.000,00.
• Média-grande: de R$ 90.000.000,01 a R$ 300.000.000,00.
• Grande: acima de R$ 300.000.000,00 (BANCO DO BRASIL, 2016).
3 TÍTULOS DE CRÉDITO
3.1 Conceitos, características e princípios
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