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JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P • A informação genética vai gerenciar todas as funções vitais da bactéria, determinando sua expressão proteica, perfil enzimático, e então os ambientes que a bactéria vai tolerar, os nutrientes que vai conseguir metabolizar, etc • “toda a informação necessária à vida está armazenada no material genético de um indivíduo” A informação genética pode ser utilizada de duas formas: ❖ Entre as gerações de células filhas: no processo de multiplicação – por replicação (duplicação de material genético, aumento da estrutura bacteriana e depois a divisão, formando 2 bactérias idênticas (sem variabilidade genética) ❖ No interior de uma célula: a partir do processo de expressão gênica (processo pelo qual a informação hereditária contida em um gene, tal como a sequência de DNA, é utilizada de modo a formar um produto génico funcional, tal como proteínas ou RNA – a informação codificada em um gene é decodificada em uma proteína). Primeira etapa é a transcrição, com a formação de RNA mensageiro, e depois a tradução, com a formação de proteína ❖ Então, as células bacterianas, quando encontram condições favoráveis, se multiplicam, e, dentro delas mesmas, fazem a expressão gênica, dando origem a proteínas específicas para determinadas funções vitais, mantendo a viabilidade da célula JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P DNA ❖ Filamento duplo ❖ Cadeia de polinucleotídeos ❖ A formação do nucleotídeo é bem característica – açúcar desoxirribose, associado a um grupo fosfato e uma base nitrogenada ❖ Bases nitrogenadas – adenina, timina, citosina e guanina ❖ Elas se ligam de forma complementar A-T; C-G ❖ Adenina se liga à timina por ligação do tipo dupla de pontes de hidrogênio e citosina à guanina por ligação tripla de pontes de H RNA ❖ Filamento único ❖ Açúcar é uma RIBOSE; possui fosfato; é associada a bases nitrogenadas, com a diferença que a timina dá lugar à URACILA no RNA mensageiro ❖ É o produto da primeira etapa da expressão gênica JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P ❖ RNAm (mensageiro) - responsável por levar a informação do DNA do núcleo até o citoplasma, onde a proteína será produzida. Como o RNA é uma cópia fiel de uma das fitas de DNA, é a partir dessa informação que o RNA mensageiro irá determinar quais são os aminoácidos necessários para a formação de determinada proteína, pois ele possui as trincas (códons) de bases nitrogenadas que definem cada aminoácido ❖ RNAr (ribossomal) – faz parte da constituição dos ribossomos. É nos ribossomos que a sequência de bases do RNA mensageiro é interpretada e a proteína, de fato, sintetizada O ribossomo percorre a molécula de RNAm, interpretando-a. É formado por 2 estruturas (subunidade maior – 50s e menor – 30s). Quando elas se juntam, forma o ribossomo 70s, formação típica de procariotos – excelente alvo terapêutico no combate de infecções bacterianas, pois quando utilizamos um antimicrobiano que atinge esse ribossomo, inibimos a síntese de proteínas, já que é o RNA ribossômico que lê a molécula de RNA mensageiro ❖ RNAt (transportador) - também é produzido a partir de uma fita do DNA. Esse RNA é assim chamado porque ele é o responsável por transportar os aminoácidos que serão utilizados na formação das proteínas até os ribossomos – ele traz o aminoácido correspondente ao códon por meio do anticódon, formando a cadeia polipeptídica (proteína) ARMAZENAMENTO DA INFORMAÇÃO GENÉTICA BACTERIANA ❖ MATERIAL CROMOSSÔMICO: cromossomo essencial (conjunto de informações imprescindíveis para a manutenção da viabilidade da célula) ❖ MATERIAL EXTRACROMOSSÔMICO (plasmídeo): cromossomo adicional – como a resistência a antimicrobianos *quando falamos em essencial e adicional, estamos considerando ambientes não restritivo, como ambientes sem antimicrobianos, pois se houvesse a presença dele, o material extracromossômico seria essencial JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P CROMOSSOMO ESSENCIAL ❖ DNA circular de fita dupla ❖ Haploide ❖ Apesar de não estar dentro de um núcleo, não fica solto aleatoriamente no citoplasma, tem um lugar específico (nucleoide) ❖ Replicação semelhante ao material genético dos eucariotos – semi-conservativa – dentro da fita de DNA duplo, um molde da fita é utilizado para a produção de novas moléculas de DNA ou expressão gênica ❖ O tamanho é muito maior do que a própria célula bacteriana – então ele precisa ficar muito bem condensado. Por isso, ele sofre tantos enovelamentos que fica parecendo um fio no final do processo (mesmo sendo circular) ❖ Existem proteínas que funcionam como as histonas dos eucariotos – juntam o filamento, que agora parece um cordão, juntando suas partes, condensando ainda mais ❖ Antimicrobianos que atuem inibindo essa condensação levam a bactéria à morte, pois ela acaba rompendo pelo fato do material ser muito maior do que ela JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P ❖ Existem particularidades em relação à composição desse material genético – seu tamanho é variável, já que as bactérias são muito diferentes uma das outras em relação ao ambiente em que suportam viver, nutrientes que metabolizam e etc ❖ Ex: Mycoplasma spp – 580 kbp (kilo pares de base) – 475 genes potenciais (que carreiam informação útil); E. coli – 4639 kbp – 4288 genes potenciais. O mycoplasma não tem parede celular, é intracelular obrigatório, por isso é restrito a determinados ambientes; já a e. coli não, por isso o tamanho aumentado de seu material genético ❖ Organização em operons (permite que as bactérias expressem sua informação genética de maneira particular e OTIMIZADA) – economizam energia CROMOSSOMO ADICIONAL ❖ DNA fita dupla circular ❖ Replicação independente – quando os genes são ativados, a informação que está ali se auto-regula, independente do material cromossômico ❖ Não é essencial para sobrevivência sob condições não restritivas ❖ EXEMPLO: material que apresenta resistência a determinadas estruturas – nesse DNA há diferentes informações genéticas, que quando transcritas/traduzidas, geram uma proteína que confere resistência a essas estruturas ❖ Dentro do ambiente hospitalar, existem ainda bactérias que não carreiam apenas informações de resistência a antimicrobianos, mas também a, por exemplo, desinfetantes utilizados na esterilização desses ambientes, à luz UV, etc. Por isso existem microorganismos tão difíceis de serem eliminados desses espaços JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P EXPRESSÃO GÊNICA ❖ Modelo semi-conservativo ❖ Seja no material cromossômico, seja no extracromossômico, a expressão gênica acontece, e de forma independente ❖ As etapas do processo de síntese das proteínas são reguladas pelos genes. Expressão gênica é o nome do processo pelo qual a informação contida nos genes (a sequência do DNA) gera produtos gênicos, que são as moléculas de RNA (na etapa de transcrição gênica) e as proteínas (na etapa de tradução gênica) ❖ TRANSCRIÇÃO: é a produção do RNAm através do DNA. Nessa primeira fase a molécula de DNA se abre, e os códigos presentes no gene são transcritos para a molécula de RNA. A enzima polimerase do RNA se liga a uma das extremidades do gene, separando as fitas de DNA e os ribonucleotídeos livres se emparelham com a fita de DNA que serve de molde. U com A (Uracila-RNA e Adenina-DNA), A com T (Adenina-RNA e Timina-DNA), C com G (Citosina-RNA e Guanina-DNA) G com C (Guanina-RNA e Citosina-DNA) ❖ TRADUÇÃO: A cadeia polipeptídicaé formada pela união de aminoácidos segundo a sequência de nucleotídeos do RNAm. Essa sequência do RNAm, denominada códon, é determinada pela sequência de bases da fita do DNA que serviu de molde. Desse modo, a síntese de proteínas é a tradução da informação contida no gene, por isso se chama tradução gênica CONCEITOS IMPORTANTES ❖ GENE é um segmento de DNA que contém a informação necessária para codificar uma proteína ❖ OPERON é uma organização estrutural típica de genomas procarióticos, na qual duas ou mais sequências codificadoras de produtos gênicos estão sob o controle transcricional de um mesmo conjunto de sequências reguladoras. Em um operon, as sequências https://www.todamateria.com.br/que-sao-os-acidos-nucleicos/ JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P codificadoras são transcritas em um único RNA, chamado de mRNA policistrônico. Ou seja, 2 ou mais genes (que tem o mesmo produto final; são interligados; trabalham numa mesma via) vão ser transcritos ou traduzidos de forma simultânea pelo mesmo processo ❖ PROMOTOR é uma sequência específica de DNA reconhecida pela RNA polimerase; ela se liga a ele, para começar a transcrever ❖ OPERADOR é uma sequência específica de DNA reconhecida pelas proteínas repressoras ❖ REGIÃO CODIFICADORA é uma porção do gene que inclui sequências que serão transcritas e traduzidas em proteínas (a informação que importa para a produção da proteína) ❖ TERMINADOR é uma sequência de DNA que marca o final da transcrição do gene ou operon O sistema de operon pega 1 ou mais genes que tem a mesma função / o produto da expressão deles é importante numa via só – e transcreve/traduz eles de forma simultânea, formando apenas 1 RNAm, otimizando então o gasto de energia. Apenas bactérias apresentam esse tipo de RNA. REGULAÇÃO GÊNICA Dentro desse modelo de expressão gênica, existe o processo de regulação (vai regular a expressão – quando determinado gene vai ser expresso e quando não), para que a bactéria não gaste energia à toa – não há a necessidade de produzir tal gene se ele não vai ser de importância para ela naquele momento. A regulação funciona sobre 2 tipos de genes: ❖ GENES CONSTITUTIVOS X GENES REGULADOS: os genes constitutivos precisam estar regularmente ativados; constantemente expressos; pois o produto da expressão deles vai estar ligado a informações vitais da célula bacteriana, como nutrição e metabolismo. Já os genes regulados podem estar ou não ativados/expressos, pois eles estão relacionados às JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P condições do meio (os componentes que estão naquele meio, os componentes que vão ser necessários ou não, etc) ❖ SISTEMA DE REPRESSÃO E INDUÇÃO: no sistema de repressão, a atividade de determinado gene vai ser reprimida (estava ativado constantemente, por ser vital, e vai ser desativado, devido a adição do produto desse gene no meio). No modelo de indução, o gene estava desativado, pois não era vital, e passa a ficar ativado devido à necessidade momentânea dele Exemplo da figura 1: bactéria estava gastando energia, produzindo o aminoácido arginina, que é essencial para ela. Mas em algum momento, a disponibilidade de arginina no meio aumenta muito, então ela suspende a produção, para que não haja desperdício de energia, já que ela pode usar o componente do meio Exemplo da figura 2: o gene que produz a enzima B- Galactosidase não estava sendo expresso (já que não havia lactose no meio, portanto não havia necessidade da produção do gene da enzima que metaboliza esse açúcar), mas, a partir de determinado momento, a lactose foi adicionada naquele meio, fazendo com que fosse necessária a reativação desse gene para que o açúcar pudesse ser utilizado ❖ INDUÇÃO – OPERON LAC – é o operon lactose. Existem enzimas que precisam ser codificadas de forma simultânea para que consigam quebrar a lactose. Então se temos genes que, para atuar sobre determinado componente, precisam ter expressão conjunta, eles vão estar agrupados no modelo operon Em azul – os genes que vão ser transcritos/traduzidos (gene LAC Z, gene LAC Y, gene LAC A) na presença de lactose. Cada gene desse vai expressar uma enzima que vai atuar na metabolização da lactose Como as proteínas repressoras atuam? Se ligam à região operadora, impedindo que a JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P RNA polimerase faça a transcrição dos genes, não havendo a formação do RNAm (no caso de ausência de lactose no meio) Se há a presença de lactose – a lactose se liga à proteína repressora, deixando a região operadora livre para que a RNA polimerase possa atuar, formando, no final, as enzimas que, atuando juntas, conseguem metabolizar a lactose ❖ REPRESSÃO – OPERON TRP – (triptofano) Na repressão, o gene está ativado, pois o produto daquela expressão gênica é vital para a bactéria, mas há a sua inativação devido agora à presença daquele produto no meio. Para a produção do triptofano, são necessários 5 genes. Então se a bactéria precisa do triptofano, e não há presença dele no meio, a bactéria terá que produzí-lo. Para isso, os genes vão estar ativos, a região operadora estará livre para que a RNA polimerase possa passar e realizar seu trabalho. Todos os genes vão ser transcritos, com a formação do RNA policistrônico e posterior tradução. Se há a presença do triptofano no meio – ele vai funcionar como um co-repressor, se ligando à proteína repressora, de forma que esse conjunto tenha afinidade pela região operadora, impedindo o processo de expressão gênica. JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P MECANISMOS DE VARIABILIDADE GENÉTICA ❖ Como vimos anteriormente, o mecanismo de duplicação das bactérias não gera variabilidade genética, pois são geradas células filhas idênticas ❖ Então qual é o mecanismo de variabilidade genética nos procariotos? Como elas conseguem diferenciar o material genético? E qual é a importância dessa variabilidade para a adaptação dessas bactérias aos diferentes meios? ❖ A variabilidade delas está diretamente relacionada à adaptação e evolução delas ❖ Alterações genotípicas são importantes para gerar variabilidade e contribuir, assim, para o processo de evolução dos microorganismos ❖ Evolução requer variabilidade ❖ Face a uma mudança brusca no meio ambiente, as bactérias e outros microorganismos possuem um conjunto de mecanismos geradores de alterações genéticas que conduzem a variantes, fornecendo-lhes assim a possibilidade de contornar situações que ponham em risco a sua sobrevivência ❖ Microorganismos que possuem uma variabilidade maior, são mais adaptados, mais evoluídos, e, por isso, mais abundantes MECANISMOS DE TROCA DE MATERIAL GENÉTICO ❖ TRANSFORMAÇÃO: a célula bacteriana adquire material genético exógeno de uma bactéria que veio à morte ❖ CONJUGAÇÃO: envolve a participação de 2 bactérias vivas e metabolicamente ativas, que vão compartilhar material genético do tipo extracromossômico (plasmídeo) ❖ TRANSDUÇÃO: envolve a participação de vírus que as infectam (bacteriófagos) e acabam inserindo um material genético diferenciado JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P Esses processos permitem que elas alterem a composição do seu material genético, permitindo a elas uma maior adaptação aos mais variados ambientes - aprofundamento TRANSFORMAÇÃO – DNA livre é incorporado em uma célula receptora Requerimentos para que ela ocorra ❖ Bactérias tem de ser TRANSFORMÁVEL (capacidade de inserir aquele material para dentro) ❖ Células em estado de COMPETÊNCIA (inserirde forma correta o material, sem a perda de informações nesse processo) ❖ Presença de DNA livre no meio JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P TRANSDUÇÃO – transferência de DNA de uma célula para outra por meio da ação de um vírus ❖ O bacteriófago (vírus que infecta bactéria) insere seu material genético na célula bacteriana e, a partir dessa inserção, o vírus vai alterar o gerenciamento da célula bacteriana, fazendo com que ela trabalhe em função das reações virais, produzindo componentes virais, replicando o material genético, etc, para dar origem a novos bacteriófagos ❖ Na formação desses novos bacteriófagos, pode haver a formação de uma partícula transdutora (contendo DNA bacteriano), ao invés de ter condensado material viral, condensa, acidentalmente, material bacteriano também ❖ Quando essa partícula transdutora for fazer uma nova infecção, vai injetar material genético bacteriano em uma outra célula bacteriana, gerando então uma variabilidade no DNA dessa célula, e não partículas virais (que é o objetivo dela) CONJUGAÇÃO – processo de transferência de DNA que requer o contato entre as 2 células bacterianas ❖ É a mais frequente. A transformação e a transdução são mais raras. Requerimentos para que ela ocorra ❖ Contato entre as células ❖ Envolve uma célula doadora que possui o plasmídeo conjugativo (fator de fertilidade) e uma célula receptora ❖ Em E. coli, a célula doadora é denominada F+ (tem o plasmídeo conjugativo) e a célula receptora F- (não tem) COMO OCORRE: ❖ Envolve a participação do PILUS (estrutura que liga essas 2 células); esse pilus é formado quando a célula doadora expressa a informação contida no plasmídeo F ❖ Ocorre a retração do pilus (encurtamento), com a aproximação das duas JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P ❖ Fusão das membranas das células com a passagem do plasmídeo F da célula doadora para a receptora ❖ Conforme ele vai sendo passado para a célula receptora, ele vai sendo autoduplicado, formando uma fita dupla ❖ No final do processo, vamos ter 2 células F+, ou seja, agora vão ser 2 células capazes de conjugar (doadoras), e assim vai, essa população de bactérias doadoras e capazes de compartilhar informação genética, entre elas informação de resistência OBS: O material extracromossômico (plasmídeo) é um auto replicon (se replica sozinho, se expressa sozinho) OBS: então, dentre os processos de variabilidade genética, a conjugação é o principal e acaba sendo o mais preocupante, principalmente pela alta disseminação de plasmídeos de resistência, que vão atrapalhar de maneira significativa o tratamento terapêutico. APLICABILIDADE DISSO TUDO EM LABORATÓRIO IDENTIFICAÇÃO DE MICROORGANISMOS ❖ Testes genotípicos: buscar diretamente a informação genética naquele microorganismo (extrai o DNA, leva para laboratório) – qual é a bactéria, se apresenta genes de resistência ❖ Testes fenotípicos: se baseiam na expressão do gene; na forma que ela cresceu. Ex: se ela fermenta determinado açúcar JULIA NUNES MICROBIOLOGIA – AULA 3 MED 104 – III P
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