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Introdução à Psiquiatria

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ÁGATA BEOLCHI
Introdução à Psiquiatria
Por que estudar a Psiquiatria?
O Clínico Geral/Generalista é o médico que mais atua na área da saúde mental.
Alguns pacientes com transtorno mental procuram primeiro o Clínico Geral.
A formação em saúde mental dos médicos em geral no país não é sólida. Vemos grande número de condutas inadequadas.
Prestar um bom cuidado aos pacientes em outras especialidades
· quadros clínicos graves predispõe ao aparecimento de sintomas psiquiátricos
· sintomas psiquiátricos sem tratamento adequado interferem nos desfechos de outros tratamentos
· doenças orgânicas podem se apresentar com alterações do comportamento
Em alguns casos, a urgência de um paciente psiquiátrico grave vai demandar a ação de um médico não-especialista.
O que é a Psiquiatria?
Um ramo da medicina que cuida de doenças mentais
identificar, tratar e prevenir transtornos psiquiátricos
É uma atividade médica pragmática. Ela tem como fundamentos as ciências biológicas e o método científico, mas não se restringe a eles e em última análise o que define a psiquiatria são suas próprias definições de doenças e tratamentos utilizados (que mudam de acordo com a época e com a sociedade).
É a única especialidade da medicina que pode forçar um paciente a um certo tratamento ou a se internar (com respaldo na lei)
Talvez uma das especialidades mais humanas e pessoais. Permite uma proximidade grande com o elemento humano da medicina.
Também uma das que mais se desenvolveu do ponto de vista técnico e científico nas últimas décadas, através das neurociências.
O diagnóstico na psiquiatria
Nas outras especialidades o exame físico e exames complementares dão mais objetividade os sinais e sintomas, já psiquiatria temos que contar apenas com a anamnese e o exame psicopatológico.
O diagnóstico é então muito susceptível a 2 elementos: a subjetividade do avaliador e a colaboração do paciente (aliança terapêutica).
A correspondência etiopatogênica entre sinais e sintomas e os diagnósticos ainda não foram completamente elucidados, por isso chamamos as afecções na psiquiatria de "síndrome" ou "transtorno" e não de "doença".
Para que os diagnósticos na psiquiatria sejam confiáveis, consistentes e reproduzíveis eles são padronizados através de critérios operacionais, definindo categorias diagnósticas, contidos em manuais diagnósticos.
A ideia fundamental é que os transtornos mentais estão associados a uma perturbação clinicamente significativa na cognição, regulação emocional ou comportamento de um indivíduo. Essa perturbação gera uma disfunção.
conjunto de alterações psicopatológicas
+
sofrimento/incapacidade funcional (disfunção)
+
tempo
-
esperado / cultural / orgânico ou clínico / efeito de drogas
Modelos alternativos e complementares
Biopsicossocial. Uma tentativa de remediar o reducionismo que pode resultar do diagnóstico operacional. Leva em consideração fatores e vulnerabilidades genéticas e biológicas, ambientais, psicológicas e eventos vitais em conjunto para criar uma formulação diagnóstica.
Diagnóstico multiaxial. Contrapondo-se ao diagnóstico hierárquico e unicista, mais comum na medicina, essa proposta coloca diferentes eixos onde os processos de saúde-doença se manifestam e interagem horizontalmente. DSM-IV TR e CID 10.
Diagnóstico dimensional. Pressupõe que existe um contínuo clínico e fisiopatológico entre diversas categorias, gerando um espectro de sintomas. Exemplos: Espectro autista, espectro obsessivo-compulsivo e espectro bipolar.
História da Psiquiatria
Antiguidade. Diversas descrições de transtornos mentais estão presentes desde a antiguidade, onde eram vistas primariamente como manifestações sobrenaturais. Na Grécia, Hipócrates é o primeiro a confrontar essa noção. Exemplo: Histeria, Delirium e Teoria dos Humores. Em Roma, Galeno aprimora a teoria dos Humores.
Europa Medieval. Abandono das teorias biológicas e retorno da doença mental como manifestação da ira divina e pecado. Estigmatização, perseguição, punição e segregação dos doentes mentais. Maleus maleficarum (O martelo da bruxa). Criação das primeiras instituições asilares.
1793 Philipe Pinel. Somente a partir do Iluminismo a sociedade voltou a se ocupar com os "Alienados". Philipe Pinel é considerado o pai da psiquiatria por ter sido o primeiro a propor que os doentes mentais pudessem ser tratados. Tratamento moral.
1825 - 1893 Jean Marie Charcot. Neurologista, o primeiro a considerar a histeria como uma doença mental. Hipinose e sugestionabilidade. As suas aulas influenciaram as gerações seguintes.
1856 - 1926 Emil Kraepelin. Primeiro psiquiatra a propor uma metodologia científica para observação e classificação das doenças mentais. Primeiro a fazer a distinção entre Esquizofrenia (Dementia praecox) e Transtorno Bipolar (Psicose maníaco-depressiva). Observação longitudinal.
1883-1969 Karl Jaspers. Consolidação da psicopatologia e do exame psíquico.
1867-1967 Kurt Schneider. Primeiro compilado de psicopatologia descritiva.
1856-1939 Sigmund Freud. Criação da psicanálise e a primeira teoria psicodinâmica.
Segunda Guerra Mundial impulsionou a criação do primeiro manual diagnóstico
1952 Primeiro DSM. Alinhado com teorias psicanalíticas
1950s Descoberta da Clorpromazina como antipsicótico
1970s Descoberta de antipsicóticos de 2ª geração
1980s Descoberta dos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (Fluoxetina)
1980 DSM-III. Reaproximação com a psicopatologia de caráter empírico
2001 Lei da Reforma Psiquiátrica. Fim das instituições asilares no Brasil
2013 DSM-V. Edição mais recente do DSM

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