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História do Direito Procura-se reconstituir (mesmo provisoriamente) as ideias e práticas jurídico-sociais em determinado contexto histórico, social e intelectual e não da norma jurídica exclusivamente. Busca-se, portanto, compreender a evolução do pensamento jurídico, a fim de que o Direito atual seja mais claramente apreensível; As principais subdivisões para a análise e estudo da construção histórica do direito são: Direito primitivo ou Arcaico . Trata do Direito pré-histórico, ou seja, das experiências jurídicas que tiveram lugar em meio aos povos desconhecedores da escrita. Obs.: representa uma forma arcaica do Direito, portanto não deve ser feito juízo moral sobre estas experiências. As sociedades primitivas baseavam-se no princípio de parentesco suas peças fundamentais eram: - Laços de consangüinidade - Convívio social - União por crenças e tradições Principais características - Não havia escrita: as regras eram passadas através da oralidade; - Baseado na prática religiosa: havia forte presença de ritualismo e atos simbólicos; - Confusão entre religião e regras sociais, morais e jurídicas: esses costumes se misturavam a ponto de não se poder fazer diferenciação; - Não era legislado e possuía uma diversidade de direitos não escritos; - Cada organização possuía um direito único, ou seja, cada comunidade tinha suas próprias regras; - Marcado por preceitos sobrenaturais: a punição era divina (extinção da vida, da família, banimento). Fontes do Direito Arcaico - Decisões conforme a tradição - Provérbios e adágios, como fruto de uma cultura oral. - Poder, como meio de invenção das leis (ordens gerais e permanentes). - Costumes, representando a maneira tradicional de viver da sociedade. Direito na Antiguidade oriental . A invenção da escrita cuneiforme nas sociedades Antigas foi muito importante para o desenvolvimento dessa nova fase do Direito. No entanto, não há um Direito cuneiforme único, o mesmo varia de acordo com as particularidades de cada povo. (Babilônia, Mitanni, Urartu, Alalakh) A antiguidade oriental é bastante diversa (Egito e Mesopotâmia). Abrange no total nove civilizações: egípcios, sumérios, acádios, assírios, amoritas e caldeus. Ainda os fenícios, hebreus e persas. O Direito Penal foi o ramo que mais se desenvolveu entre os povos do passado e caracterizava-se por determinar penas muito cruéis, como: multiação, decapitação, crucificação, morte na fogueira Já no campo do Direito Civil, os antigos desenvolveram pactos sobre: locação, empréstimo, doação, arrendamento, penhor e compra e venda. Comparativo Mesopotâmia e Egito As duas civilizações, apesar de coexistirem na mesma época, possuíam suas particularidades e formas de se desenvolver. CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP No entanto, o Direito adotado por esses povos apresentavam algumas características em comum. - Caráter urbano e comercial mais complexo - Necessidade de regras e Tribunais - Ponto comum – revelação divina Código de Hamurabi - séc XVIII a.C É considerado o primeiro conjunto de leis escritas. Foi criado pelo sexto rei da Suméria Hamurábi na Mesopotâmia, atual Iraque. Foi uma compilação de normas e decisões pré-existentes, com o intuito de organizar da sociedade, tratando de assuntos como: - Direito de família - Domínio econômico - Direito penal - Direito privado A lei babilônica era composta por 282 artigos, havia a predominância da Lei de Talião ou Lex Talionis, na qual temos a reciprocidade entre os crimes e as penas sofridas. O Código de Hamurabi representou avanço no desenvolvimento de um sistema jurídico privado, notadamente no campo contratual. Dentre os muitos avanços, podemos citar: - Venda a crédito - Arrendamento - Empréstimo a juros - Títulos de crédito As leis eram escritas em tabletes de argila, nesse sistema não existia estrutura burocrática (mesopotâmia). A justiça era aplicada por auxiliares do soberano. Egito O Faraó era responsável pela manutenção da justiça, paz e equilíbrio. Sua tarefa era fazer com que as duas partes saíssem do tribunal satisfeitas. Poderiam delegar para funcionários especializados a tarefa de decisão. (princípio da delegação de competência). Existiam ainda, várias leis e regulamentos, justiça escalonada em instâncias, autoridades constituídas. Devido essa divisão de competências, a justiça egípcia tornava-se muitas vezes burocrática Direito Hebraico . Os hebreus foram um dos povos da Antiguidade e habitaram a região de Canaã, atualmente conhecida como Palestina. A história hebraica é marcada por três grandes períodos: - Patriarcas – 2000 a. C - Juízes – 1700 a. C - Monarquia – 1200 a. C Origem dos Hebreus A história dos hebreus está relacionada com Abraão. O patriarca é apresentado na bíblia como um pastor que vivia na região de Ur, na Mesopotâmia. Esse relato conta que Abraão teria recebido uma profecia para que abandonasse a região e se estabelecesse em outro lugar, que seria indicado por Deus. A migração levou Abraão a Canaã, local que atualmente é conhecido como Palestina. Obs.: Muitos historiadores entendem que a história de Abraão é um mito de origem, defendendo que os hebreus provavelmente surgiram, na verdade, no interior da sociedade cananéia. Migração para o Egito Após se estabelecerem em Canaã, os hebreus mudaram-se para o Egito. A motivação dessa migração teria sido a escassez de alimentos em Canaã, enquanto no Egito havia abundância de terras férteis. A chegada dos hebreus ao Egito coincidiu com o período em que a região estava sob domínio dos hicsos, um povo de origem semita. Isso possibilitou que os hebreus se estabelecessem no território egípcio sem problemas, chegando até a ocupar posições na administração do Egito. Depois da expulsão dos hicsos, os hebreus foram punidos pela colaboração com os invasores, sendo escravizados pelos egípcios. Somente conseguiram sua libertação por meio de Moisés. Retorno a Canaã – Fase dos juízes Os hebreus viveram como nômades na Península do Sinai e depois procuraram fixar-se em Canaã, mas a região já era ocupada por outros povos, como cananeus e filisteus (filisteia ou palestina). CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP Nessa fase da história hebraica, a grande autoridade dos hebreus eram os chefes militares, conhecidos como juízes. Conquista de Canaã – Monarquia Após se estabelecerem em Canaã, os hebreus deram início a uma fase de centralização do poder e expansão de suas fronteiras, o que resultou no surgimento da monarquia hebraica. Essa monarquia surgiu por meio de Samuel, o último juiz hebreu, que, no final do século XI a.C., decidiu coroar Saul como rei. A monarquia era ideal, pois uma liderança forte poderia garantir a defesa dos hebreus. Os três principais monarcas hebreus foram: - Saul: obteve muitas conquistas militares - Davi: conquista de jebus, atual Jerusalém e capital dos hebreus - Salomão: período de prosperidade econômica, houve construção do Templo de Jerusalém Diáspora Depois do reinado de Salomão, o Reino de Israel enfraqueceu-se e o território hebreu se dividiu em dois: Reino de Judá e Reino de Israel. Esse enfraquecimento permitiu que assírios, caldeus, persas, macedônios e romanos conquistassem a região. Durante o domínio babilônico (caldeus), os hebreus foram escravizados, e o Templo de Jerusalém, destruído, no século VI a.C. Após a libertação hebreia da escravidão na Babilônia, o templo foi reconstruído. Porém, foi novamente destruído. (pelos romanos em 70 d.C.) O domínio romano foi um momento de muita tensão na história hebraica. As rebeliões contra os romanos foram frequentes e resultaram nas Guerras Romano-Judaicas. A violência romana levou os hebreus a fugirem de suas terras, evento que recebeu o nome de Diáspora. Direito Hebreu Trata-se de um Direito de natureza religiosa monoteísta (“dado por Deus”). Sendo assim, imutável pelos homens. Apenas Deus pode alterá-lo. Os rabinos são os intérpretes dessas leis, mas jamais alteradores. (mishná) Obs.:O Direito Canônico, assim como o muçulmano, posteriormente, têm a mesma fonteque o Direito hebraico. Características - Caráter religioso (norma básica comum) - Lei era o pacto de Deus com uma Nação - Intervenção divina no processo judicial (sistema de ordálias. - Transgressão = violação de lei divina - Valor: raízes da moderna civilização ocidental Fontes do Direito Hebreu - Bíblia (Tanakh ou Torá) – Pentateuco Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. - Tanakh: acrônimo (conjunto de pergaminhos) - Talmude: coletânea de livros sagrados para judeus, um registro das discussões rabínicas sobre as leis, os ensinos, a moral e a ética judaica. - Leis orais derivadas de interpretações bíblicas Como a soberania de Israel deixou de existir após a destruição do templo pelos Romanos, o sistema deixou de existir na prática. Leis, crimes e punições passaram a ser teoria (sociedade ideal). Surgiu então um novo desafio: reconstruir o sistema jurídico hebreu. Administração da Justiça - Patriarcal: poder absoluto - Confederação: Limitação Tribunal/Conselho de Anciãos Crimes e punições No direito hebraico há a ausência da palavra “crime”. As principais formas de punição são: com morte, pelo Karet, pelo banimento, pela flagelação, pagamento de multa, escravidão penal. Justiça muito religiosa, com punições em forma de maldições, juramentos, confissões, lançar à sorte. CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
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