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Tratamento de Emissoes, Agua, Residuos e Efluentes

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1ª Edição |Fevereiro| 2014
Impressão em São Paulo/SP
Mariana Battochio
Tratamento de emissões,
 água, resíduos e efluentes
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
B335t Battochio, Mariana. 
 Tratamento de emissões, águas e efluentes. / Mariana 
 Battochio. – São Paulo : Know How, 2014.
 000 p. : 21 cm.
 Inclui bibliografia
 ISBN : 978-85-8065-224-6
 1. Emissões atmosféricas. 2. Resíduos sólidos. 3.Direito
 das águas. 4. Tratamento de efluentes. I. Título. 
CDD 628.3
Coordenação Geral 
Nelson Boni
Professor Responsável
Mariana Battochio
Coordenadora Peda-
gógica de Curso- EAD
Roseli Leal
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Revisão Ortográfica
Célia Ferreira Pinto
Projeto Gráfico, Dia-
gramação e Capa
Ana Flávia Marcheti
1º Edição: Fevereiro de 2014
Impressão em São Paulo/SP
Tratamento de emissões,
 água, resíduos e efluentes
Sumário
Apresentação
Introdução
Unidade 1 - Tratamento de emissões atmosféricas
1.1. Conceitos básicos sobre a ocorrência e efeitos 
da poluição do ar
1.2. A política nacional sobre mudança de clima 
1.3. Medidas de emissões atmosféricas e padrões de 
qualidade do ar 
1.4. Processos de controle da poluição e equipamen-
tos para tratamento das emissões atmosféricas
1.5. Sanções Penais
1.6. Monitoramento do ar 
1.7. Equipamentos e métodos para determinação da 
concentração de poluentes 
1.8. Processos de controle da poluição e equipamen-
tos para tratamento das emissões atmosféricas
1.9. Instrumentos de planejamento para a preserva-
ção da qualidade do ar e mitigação de ruído
1.10. Projetos de sistemas de tratamento e controle 
de emissões industriais
Questões
7
19
11
Unidade 2 - Resíuod sólidos
2.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
2.2. Sanções penais e administrativas envolvendo a 
má gestão dos resíduos sólidos
2.3. A limpeza urbana
2.4. Aspectos de valorização dos resíduos urbanos
2.5. Aterros sanitários
2.6. Incineração, Pirólise e Compostagem
2.7. Resíduos sólidos hospitalares
Questões 
Unidade 3 - O direito das águas
3.1. Conteúdo fundamental do código de águas e a 
qualidade das águas
3.2. A política nacional de recursos hídricos
Questões 
Unidade 4 - Tratamento de efluentes
4.1. Origem dos efluentes líquidos e gasosos
4.2. Caracterização qualitativa e quantitativa
4.3. Sistemas de tratamento de efluentes líquidos
4.4. Reuso da água
Questões
Referências Bibliográficas
53
83
99
111
5
6
7
Apresentação
O objetivo dessa disciplina é transmitir um pa-
norama geral do tratamento das emissões atmosfé-
ricas, da questão que envolve os resíduos sólidos, do 
direito das águas e do tratamento de efluentes.
A metodologia adotada emprega uma aborda-
gem crítica, holística, multidisciplinar e prática dos 
temas, visando facilitar o aprendizado e despertar 
seu interesse pelas questões ambientais.
Também, é importante esclarecer que estuda-
remos as emissões atmosféricas, os resíduos sólidos 
e os recursos hídricos em conjunto, pois constituem 
os maiores causadores de degradação ambiental, no 
mundo moderno e globalizado. 
Considerando que, hoje, a temática ambiental 
e a utilização racional dos recursos naturais estão, 
diariamente, em destaque na mídia, o poder público 
tem voltado sua atividade de fiscalização para os as-
pectos da sustentabilidade.
 Desta forma, para a atividade prática que en-
volve perícias, consultorias e auditorias, é de suma 
importância o conhecimento da legislação ambiental 
sobre as mudanças climáticas, o lixo urbano e a qua-
lidade das águas.
Convém ressaltar que o enfoque desta matéria 
8
é voltado para a legislação e para a parte regulatória 
dos temas, não adotando uma visão técnica.
Esperamos contribuir para seu desenvolvimen-
to profissional e acadêmico.
9
10
11
Iintrodução 
O surgimento da preocupação com o 
meio ambiente 
Durante o Século XIX, com o advento da Re-
volução Industrial, surgiram problemas que atingi-
ram toda a população mundial, afetando a qualidade 
de vida, a saúde e as condições de trabalho.
Em linhas gerais, com a massificação da produção 
dos bens de consumo e com o exacerbado crescimento 
das fábricas, conjugado com o uso irrestrito dos recur-
sos naturais, o meio ambiente passou a sofrer inúmeros 
danos de difícil ou impossível reparação.
Entre esses danos ambientais advindos do uso 
irresponsável dos recursos naturais, podemos citar a 
contaminação das águas, a eliminação de algumas es-
pécies, a poluição atmosférica e as mudanças climáticas. 
Infelizmente, todos esses problemas mundiais, 
ainda hoje, não foram solucionados.
A soma destes problemas despertou nos gover-
nantes mundiais, e principalmente na Organização 
das Nações Unidas – ONU uma preocupação com 
o tratamento da proteção do meio ambiente.
Por esta razão, em 1972, na Suécia, na cidade 
de Estocolmo ocorreu a Primeira Conferência Mun-
dial Sobre o Homem e o Meio Ambiente, com o 
objetivo de discutir as questões ambientais presentes 
no mundo todo, e apontar possíveis soluções para 
12
compatibilizar o desenvolvimento econômico, com 
a proteção dos recursos ambientais.
Neste momento, a ONU optou por cuidar de 
mais uma tarefa: a proteção ambiental. Assim, foi 
criado o Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente – PNUMA, com sede em Nairobi, no Qu-
ênia, para tratar da preservação do meio ambiente 
dentro do sistema das Nações Unidas.
Em seguida, para comemorar os dez anos da 
Conferência de Estocolmo, a ONU criou a Comis-
são Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, que publicou um relatório sobre as discus-
sões travadas ao longo de quase quatro anos. 
Tal relatório é conhecido como Relatório Brun-
dtland, pois a presidência desta comissão ficou a cargo 
da ex-primeira ministra da Noruega Gro Brundtland.
A publicação desse relatório trouxe, pela pri-
meira vez, um conceito de desenvolvimento susten-
tável, que conforme a ONU:
“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que en-
contra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das 
futuras gerações de atender suas próprias necessidades (...).”
“Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um proces-
so de mudança, no qual a exploração dos recursos, o direcio-
namento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento 
tecnológico, a mudança institucional estão em harmonia e re-
13
forçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e 
necessidades humanas.”
Fonte: Portal Eletrônico da ONU no Brasil. “Relatório Brun-
dtland – Nosso Futuro Comum”. 
Concluindo, podemos afirmar que desenvol-
vimento sustentável consiste em uma tentativa de 
conciliar três fatores: (i) preservação ambiental, (ii) 
crescimento econômico e (iii) justiça social.
Então, podemos entender que desenvolvimen-
to sustentável é a busca por um equilíbrio, deixando 
de lado as visões extremistas que, apenas, atentam 
à causa ambiental, ou aquelas que visam, exclusiva-
mente, ao desenvolvimento econômico das nações.
Outra conferência de suma importância para a 
construção da regulação do ambiente foi a Confe-
rência “ECO 92”, também conhecida como “Cúpu-
la da Terra”, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, 
no Brasil, em 1992.
Durante essa conferência, foram assinados do-
cumentos internacionais, onde os países assumiram 
importantes metas de melhoria da condição ambien-
tal mundial:
14
Documentos internacionais assinados durante 
a Conferência Mundial para o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento do Rio de Janeiro – ECO 92
1) Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento Sustentável: além de 
Criar a Carta da Terra (documento internacional volta-
do à criação de uma ética ambiental global) estabeleceu 
os princípios que devem reger o Direito Ambiental.
2) Agenda 21: corresponde a um plano de ações voltado 
para a implementação do desenvolvimento sustentável.
3) Convenção sobre Diversidade Biológica: tratado 
internacional que pretende proteger a biodiversidademundial e garantir o uso racional dos recursos genéticos.
4) Convenção do Clima: tratado internacional que 
criou ações de combate às mudanças climáticas em 
âmbito mundial. Criou a Conferência das Partes 
(COP), um órgão encarregado de reunir-se periodi-
camente para discutir e criar ações de combate às 
mudanças climáticas.
Em síntese, durante a ECO 92, os países dis-
cutiram formas de concretizar o postulado do de-
senvolvimento sustentável e avançaram na causa 
ambiental, pois assumiram metas de adequação da 
economia com a preservação ambiental.
Finalmente, precisamos recordar que recente-
mente, no ano de 2012, ocorreu, também, na cidade 
15
do Rio de Janeiro, a Conferência conhecida como 
“RIO+20”.
Apesar das críticas realizadas pela mídia, que 
questionavam a inexistência de acordos ou assunção 
de metas durante a conferência, houve avanço nas 
discussões que envolvem a temática dos recursos 
naturais.
Como resultado formal dessa conferência foi 
delineado o seguinte conceito de desenvolvimento 
sustentável: “O desenvolvimento sustentável é o 
modelo que prevê a integração entre economia, so-
ciedade e meio ambiente. Em outras palavras, é a no-
ção de que o crescimento econômico deve levar em 
consideração a inclusão social e a proteção ambien-
tal.” (Fonte: Portal Oficial da Conferência Rio+20.)
Assim, o desenvolvimento sustentável manteve-
-se como uma estratégia para a conciliação do cresci-
mento econômico dos países e a preservação do meio 
ambiente em sua concepção original, pois buscou es-
tabelecer uma nova sociedade, para que as futuras ge-
rações tenham a mesma possibilidade de usufruir dos 
recursos naturais que a nossa geração possui.
Atualmente, a preocupação com a utilização ra-
cional dos bens ambientais continua na pauta dos 
governantes mundiais, pois essas questões afetam 
diretamente a vida de toda população mundial.
Como exemplo da evolução das preocupações 
ambientais, podemos citar a questão dos refugiados 
16
ambientais, que constitui o fluxo de pessoas que são 
obrigadas a deixar o seu país de origem, em razão 
de questões climáticas que impedem a sua ocupação. 
Calcula-se que os refugiados ambientais representam 
cerca de 10 milhões de pessoas, havendo indicativos 
de um aumento significativo nas próximas décadas.
Ainda, em relação à Economia dos países, toda 
a produção mundial está sendo cobrada pela prote-
ção ambiental.
Neste sentido, há a imposição das regras previs-
tas pela ISO 14.0001, uma certificação internacional, 
que visa assegurar a produção de determinada em-
presa, e deu-se com respeito às normas de proteção 
ao meio ambiente.
Pelo exposto, com os avanços na proteção dos 
bens ambientais e com a globalização dos meios de 
comunicação, não há como evitar que as empresas 
possuam uma responsabilidade socioambiental, e que 
a população crie uma cultura para o consumo cons-
ciente, sob pena de sofrermos a escassez dos recursos 
naturais, inviabilizando a vida humana no planeta.
Com o intuito de regular a proteção ambiental no 
país, em 1981 foi editada a Lei n.º 6.938, que estabe-
lece a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. 
Essa lei mais o artigo 225 da Constituição Fede-
ral Brasileira de 1988 apresentam quais são os princí-
pios que devem reger a proteção ambiental no país.
É muito importante uma rápida leitura prévia 
17
desses dispositivos legais, para assimilar os conteúdos 
que serão propostos nessa obra.
Ainda, a PNMA também criou o SISNAMA – 
Sistema Nacional do Meio Ambiente, que é compos-
to pelos órgãos brasileiros responsáveis pela proteção 
e melhoria da qualidade ambiental.
Dentre esses órgãos, o CONAMA – Conselho 
Nacional do Meio Ambiente é o órgão consultivo e 
deliberativo que vai assessorar e estabelecer normas e 
padrões compatíveis com o meio ambiente, ecologi-
camente, equilibrado.
Desta forma, muitas das legislações que ire-
mos estudar são editadas pelo CONAMA, no uso 
da sua competência estabelecida pela PNMA, no 
artigo 6.º, inciso II.
Unidade 1
Tratamento de emissões atmosféricas
Caro(a)Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
Nesta primeira unidade, iremos estudar o tra-
tamento das emissões atmosféricas produzidas por 
atividades que lançam gases, aerossóis e partículas, 
durante o processo de queima de sua matéria-prima.
O principal objetivo é adquirir uma visão global 
das legislações acerca do tema, dos padrões de quali-
dade do ar e de como se dá o monitoramente dessas 
emissões pelos órgãos reguladores.
Em linhas gerais, a legislação mais importante 
que devemos tratar é a Política Nacional sobre Mu-
dança do Clima, introduzida pela Lei n.º 12.187/2009 
e regulamentada pelo Decreto n.º 7.390/2010, segui-
da das Resoluções CONAMA n.º 05/1989 e 03/1990, 
que estabelecem padrões de qualidade do ar.
20
1.1. Conceitos básicos sobre a ocorrência e efeitos 
da poluição do ar
Neste momento, será necessário consolidar o 
conhecimento de alguns conceitos técnicos e jurí-
dicos, que envolvem o tema do meio ambiente e 
das mudanças climáticas, para conseguirmos mais a 
frente tratar dos assuntos que envolvem os padrões 
de qualidade do ar e as emissões atmosféricas.
Com o intuito de regular o sistema climático 
brasileiro, o Brasil editou legislações específicas, que 
serão estudadas ao longo dessa unidade. Conforme 
dito anteriormente, é de suma importância que no 
decorrer do estudo essas legislações sejam consulta-
das, viabilizando uma melhor compreensão do tema.
Primeiramente, cumpre lembrar que os fe-
nômenos das mudanças climáticas, em especial o 
aquecimento global, são causados pelo alto nível de 
concentração de gases de efeito estufa - GEE na Ca-
mada de Ozônio.
A atmosfera da Terra é formada por um con-
junto de gases. Entre eles podem citar: (i) o nitrogê-
nio, (ii) o oxigênio, (iii) o vapor de água, (iv) o dióxi-
do de carbono, (v) o ozônio, (vi) o metano, e (vii) o 
óxido nitroso, sendo os quatro últimos conhecidos 
como GEE.
Convém expor a ponderação feita por Antônio 
Carlos Porto Araújo (2010. P. 7), em relação ao fenô-
21
meno do efeito estufa:
A maior parte da irradiação que nosso planeta emite é absorvi-
da pelo vapor de água, pelo dióxido de carbono e outros “ga-
ses de efeito estufa”, que existem naturalmente na atmosfera. 
Esses gases impedem que a energia passe diretamente da su-
perfície terrestre para o espaço. Em vez disso, processos in-
terativos, como a radiação, as correntes de ar, a evaporação, a 
formação de nuvens e as chuvas, transportam essa energia para 
altas esferas da atmosfera. De lá, ela pode ser irradiada para o 
espaço. É bom que esse processo seja lento e indireto, porque 
se a superfície terrestre pudesse emitir energia para o espaço 
livremente, nosso planeta seria um lugar frio e sem vida, deso-
lado e estéril sem possibilidade de vida humana da forma como 
conhecemos hoje. (...) Todo esse processo seria perfeitamente 
equilibrado não fossem as atividades humanas sobre a Terra, 
que contribuem com emissões adicionais de gases de efeito es-
tufa e, consequentemente, ampliam a capacidade de absorção 
de energia, que naturalmente esses gases já possuem.
22
C - Parte da radiação infravermelha (calor) é refetida 
pela superfície da Terra, mas não regressa ao espaço, 
pois é refletida de novo e absorvida pela camada de 
gases de estufa que envolve o planeta. O efeito é o 
aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera.
Cabe ressaltar que, visando solucionar os pro-
blemas relacionados ao efeito estufa e as mudanças 
climáticas, diminuir o desmatamento das florestas 
seria a alternativa mais eficaz e menos custosa.
Em relação aos conceitos adotados pelas legisla-
ções ambientais brasileiras acerca da proteção do meio 
ambiente, a já mencionada PNMA, em seu artigo 3.º, 
apresenta esses conceitos, que são fundamentais para 
trabalhar-se com as questões ambientais:
I) Meio Ambiente: o conjunto de condições, leis, influências 
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga, e rege a vida em todasas suas formas;
23
II) Degradação da Qualidade Ambiental: a alteração adversa das 
características do meio ambiente;
III) Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividade que direta ou indiretamente: 
a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) Afetem desfavoravelmente a biota;
d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) Lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambien-
tais estabelecidos;
IV) Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou 
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade cau-
sadora de degradação ambiental;
V) Recursos Ambientais: a atmosfera, as águas interiores, super-
ficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o 
subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Em seguida, em relação ao tema que envolve 
as emissões atmosféricas, a Lei n.º 12.187/2009, que 
instituiu a Política Nacional sobre Mudança do Clima 
– PNMC, em seu artigo 2.º, apresenta os seguintes 
conceitos básicos:
VI) Adaptação: iniciativas e medidas para reduzir a vulne-
rabilidade dos sistemas naturais e humanos, frente aos efeitos 
atuais e esperados da mudança do clima; 
24
VII) Efeitos adversos da mudança do clima: mudanças no 
meio físico ou biota resultante da mudança do clima, que te-
nham efeitos deletérios significativos sobre a composição, resi-
liência ou produtividade de ecossistemas naturais e manejados, 
sobre o funcionamento de sistemas socioeconômicos ou sobre 
a saúde e o bem-estar humanos;
VIII) Emissões: liberação de gases de efeito estufa ou seus precurso-
res na atmosfera, numa área específica e num período determinado;
IX) Fonte: processo ou atividade que libere na atmosfera gás 
de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa;
X) Gases de Efeito Estufa: constituintes gasosos, naturais ou antrópi-
cos, que, na atmosfera, absorvem e reemitem radiação infravermelha;
XI) Impacto: os efeitos da mudança do clima nos sistemas hu-
manos e naturais;
XII) Mitigação: mudanças e substituições tecnológicas que re-
duzam o uso de recursos e as emissões por unidade de produ-
ção, bem como a implementação de medidas, que reduzam as 
emissões de gases de efeito estufa e aumentem os sumidouros;
XIII) Mudança do Clima: mudança de clima que possa ser di-
reta ou indiretamente atribuída à atividade humana, que altere 
a composição da atmosfera mundial e que se some àquela pro-
vocada pela variabilidade climática natural observada ao longo 
de períodos comparáveis;
XIV) Sumidouro: processo, atividade ou mecanismo que re-
mova da atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor 
de gás de efeito estufa; e
XV) Vulnerabilidade: grau de suscetibilidade e incapacidade 
de um sistema, em função de sua sensibilidade, capacidade de 
25
adaptação, e do caráter, magnitude e taxa de mudança e varia-
ção do clima a que está exposto, de lidar com os efeitos adver-
sos da mudança do clima, entre os quais a variabilidade climá-
tica e os eventos extremos.
Também, a Resolução CONAMA n.º 003/1990 
estabeleceu que são padrões de qualidade do ar as 
concentrações de poluentes atmosféricos que, caso 
ultrapassadas, podem afetar a saúde, o bem-estar e o 
meio ambiente em geral.
A mesma legislação estabelece que os poluentes 
atmosféricos constituam qualquer forma de matéria 
ou energia com intensidade, e em quantidade, con-
centração, tempo ou características em desacordo 
com os níveis estabelecidos, e que tornem ou pos-
sam tornar o ar: i) impróprio, nocivo ou ofensivo 
à saúde; ii) inconveniente ao bem-estar público; iii) 
danoso aos materiais, à fauna e a flora; ou iv) preju-
dicial à segurança ao uso e gozo da propriedade e às 
atividades normais da comunidade. Ainda, é extre-
mamente importante ter conhecimento dos seguin-
tes conceitos trazidos por essa Resolução:
I) Padrões Primários de Qualidade do Ar: são as concen-
trações de poluentes que, ultrapassadas poderão afetar a saúde 
da população;
II) Padrões Secundários de Qualidade do Ar: são as con-
centrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo 
26
efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o 
mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente, 
em geral.
Cabe lembrar, ainda, que a própria Resolução 
CONAMA n.º 003/1990 estabeleceu que os pa-
drões de qualidade do ar constituíssem o objetivo a 
ser atingido mediante a estratégia de controle fixada 
pelos padrões de emissões e deverão orientar a ela-
boração de Planos Regionais de Controle de Polui-
ção do Ar.
Por essa razão, convém saber que o artigo 23 da 
Constituição Federal estabeleceu que a competência 
para proteger o meio ambiente e combater a polui-
ção em qualquer de suas formas é comum da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Desta forma, deve haver cooperação entre os 
entes federativos para a proteção do meio ambiente, 
o que significa dizer que no caso da fixação de pa-
drões de emissões, devem os Estados e os Municí-
pios cooperar com a União para o estabelecimento 
desses padrões.
Além desses conceitos legais e técnicos que são 
importantes para o estudo da matéria que envolve o 
tratamento de emissões atmosféricas, existem certos 
termos adotados pelos órgãos ambientais, os quais 
o conhecimento é imprescindível para trabalhar-se 
com a matéria dos recursos ambientais. Então, a 
27
nosso ver, é de suma importância para a atividade 
prática, que envolve perícias e auditorias ambientais 
ter conhecimentos básicos sobre licenciamento am-
biental e o Formulário de Emissões Atmosféricas.
O licenciamento ambiental é um dos instru-
mentos da Política Nacional do Meio Ambiente - 
PNMA, sendo regulado pela Resolução CONAMA 
n.º 237/1997, que apresenta as seguintes definições:
I) Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo, 
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, 
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e ati-
vidades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efe-
tivas ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qual-
quer forma, possam causar degradação ambiental, consideran-
do as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas 
aplicáveis ao caso;
II) Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o ór-
gão ambiental competente, estabelece as condições, restrições 
e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas 
pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, 
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades uti-
lizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou, po-
tencialmente, poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, 
possam causar degradação ambiental;
III) Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos re-
lativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, ins-
talação, operação e ampliação de uma atividade ou empreen-
28
dimento, apresentado como subsídio para a análise da licença 
requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de 
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico 
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área de-
gradada e análise preliminar de risco;
IV) Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto 
ambiental que afete diretamente (área de influência direta do pro-
jeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.
Por sua vez, o Formulário de Emissões Atmos-
féricas, podendo também ser chamado de Declaração 
de Emissões Atmosféricas é exigido pelo IBAMA aos 
empreendimentos e atividades que em sua operação 
causem ou provoquem emissão de partículas, gases e 
aerossóis, durante seu processo produtivo.
Após, fazermos essas considerações acerca dos 
conceitos básicos sobre a ocorrência e efeitos da polui-
ção do ar, podemos prosseguir com o estudo das emis-
sões atmosféricas.
29
1.2. A POLÍTICA NACIONALSOBRE 
MUDANÇA DO CLIMA
A Política Nacional sobre Mudança do Clima – 
PNMC foi instituída pela Lei n.º 12.187/2009 e inte-
gra o ordenamento jurídico brasileiro sobre Direito 
Ambiental, em conjunto com a Política Nacional do 
Meio Ambiente – PNMA (Lei n.º 6.938/198).
Essa legislação foi editada como forma de regu-
lar no ordenamento interno, a prevenção e o comba-
te ao fenômeno universal das mudanças climáticas, 
através do estabelecimento de metas de redução de 
emissão de gases de efeito estufa, com vistas a re-
duzir de 36,1% a 38,9% das emissões projetadas até 
2020 (artigo 12).
O artigo 4.º desta lei bem sintetiza quais são os 
objetivos e diretrizes da PNMC:
Art. 4.º. A Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC visará:
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social 
com a proteção do sistema climático;
II – à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa 
em relação às suas diferentes fontes;
III – (vetado);
IV - ao fortalecimento das remoções antrópicas por semidou-
ros de gases de efeito estufa no território nacional;
V – à implementação de medidas para promover a adaptação à 
30
mudança do clima pelas três esferas da Federação, com a parti-
cipação e a colaboração dos agentes econômicos e sociais inte-
ressados ou beneficiários, em particular aqueles, especialmente, 
vulneráveis aos seus efeitos adversos;
VI - à preservação, à conservação e à recuperação dos recursos 
ambientais, com particular atenção aos grandes biomas natu-
rais tidos como Patrimônio Nacional;
VII - à consolidação e à expansão das áreas legalmente prote-
gidas e ao incentivo aos reflorestamentos e à recomposição da 
cobertura vegetal em áreas degradadas;
VIII – ao estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro 
de Redução de Emissões – MBRE.
Parágrafo único. Os objetivos da Política Nacional sobre Mu-
dança do Clima deverão estar em consonância com o desenvol-
vimento sustentável, a fim de buscar o crescimento econômico, 
a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais.
Desta maneira, as diretrizes e objetivos propos-
tos por essa legislação possuem caráter econômico, 
social e ambiental, compatibilizando essas três es-
feras, com o intuito de alcançar o desenvolvimento 
sustentável e uma economia verde.
1.3. Medidas de emissões atmosféricas e padróes de 
qualidade do ar
A partir de agora, veremos quais são as medidas 
31
de emissões permitidas pela legislação brasileira para 
a adequação ao padrão de qualidade do ar exigido no 
nosso país.
Desta forma, estes padrões de qualidade do 
ar estão disciplinados na Resolução CONAMA n.º 
003/1990 mencionada anteriormente.
Antes de analisarmos quais são as medidas le-
gais de qualidade do ar, devemos ter em mente que a 
poluição atmosférica será sempre definida pela pre-
sença de certas substâncias poluentes no ar. Então, o 
monitoramento do ar será realizado com o intuito de 
verificar a sua qualidade de acordo com a presença 
de certas substâncias na atmosfera.
Por essa razão, a Resolução CONAMA n.º 
003/1990, em seu artigo 3.º, prevê regras para os po-
luentes padrões, que são: (i) as partículas totais em 
suspensão, (ii) a fumaça, (iii) as partículas inaláveis, (iv) 
o dióxido de enxofre, (v) o monóxido de carbono, (vi) 
o ozônio e (vii) o dióxido de nitrogênio, a saber:
Art. 3.º. Ficam estabelecidos os seguintes Padrões de Qualida-
de do Ar:
I - Partículas Totais em Suspensão
a) Padrão Primário:
1- concentração média geométrica anual de 80 (oitenta) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2- concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 240 (du-
32
zentos e quarenta) microgramas por metro cúbico de ar, que 
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média geométrica anual de 60 (sessenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 
(cento e cinquenta) microgramas por metro cúbico de ar, que 
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
II - Fumaça
a) Padrão Primário:
1 - concentração média aritmética anual de 60 (sessenta) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 
(cento e cinquenta) microgramas por metro cúbico de ar, que 
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 100 
(cem) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser 
excedida uma de uma vez por ano.
III - Partículas Inaláveis
a) Padrão Primário e Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 50 (cinquenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2- concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 
(cento e cinquenta) microgramas por metro cúbico de ar, que 
não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
33
IV - Dióxido de Enxofre
a) Padrão Primário:
1 - concentração média aritmética anual de 80 (oitenta) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 365 (tre-
zentos e sessenta e cinco) microgramas por metro cúbico de ar, 
que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 40 (quarenta) mi-
crogramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de,100 
(cem) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser 
excedida mais de urna vez por ano.
V - Monóxido de carbono
a) Padrão Primário e Secundário:
1 - concentração médio de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) 
microgramas por metro cúbico de ar (9 ppm.), que não deve 
ser excedida mais de uma vez por ano.
2 - concentração média de 1 (urna) hora de 40.000 (quarenta 
mil) microgramas por metro cúbico de ar (35 ppm.), que não 
deve ser excedida mais de uma vez por ano.
VI - Ozônio
a) Padrão Primário e Secundário:
1 - concentração média de 1 (uma) hora de 160 (cento e ses-
senta) microgramas por metro cúbico do ar, que não deve ser 
excedida mais de uma vez por ano.
VII - Dióxido de Nitrogênio
a) Padrão Primário:
34
1 - concentração média aritmética anual de 100 (cem) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 1 (uma) hora de 320 (trezentos e 
vinte) microgramas por metro cúbico de ar.
b) Padrão Secundário:
1 - concentração média aritmética anual de 100 (cem) micro-
gramas por metro cúbico de ar.
2 - concentração média de 1 (uma) hora de 190 (cento e noven-
ta) microgramas por metro cúbico de ar.
Vale ressaltar que, em relação aos indicadores 
de qualidade atmosférica, esse grupo de poluentes 
consagrado pela Resolução CONAMA n.º 003/1990 
é universalmente adotado, pois essas substâncias es-
tão diretamente ligadas aos efeitos ofensivos à saúde 
humana e à degradação do meio ambiente.
 Conforme visto anteriormente, no Brasil, 
são estabelecidos padrões primários e secundários 
de qualidade do ar (artigo 2.º da Resolução CONA-
MA n.º 003/1990). 
1.4. Processos de controle da poluição e equipamen-
tos para tratamento das emissões atmosféricas
Desta forma, são determinados níveis máximos 
toleráveis de concentração de poluentes na atmosfe-
ra e níveis desejados dessa concentração, visando ao 
35
estabelecimento de metas de redução a curto, médio 
e longo prazo.
É importante verificar que esta resolução esta-
belece que é de competência dos Estados o monito-
ramento da qualidade do ar (artigo 4.º).
Essa mesma resolução prevê em seu artigo 5.º 
situações excepcionais, quando os níveis de qualida-
de do ar podem ser alterados visando prevenir grave 
e iminente risco à saúde da população.
Então, nessas situações de emergência mesmo 
os particulares que estejam observando corretamen-
te os padrões de qualidade do ar, podem ser obri-
gados a reduzir suas atividades, sem direito à inde-
nização estatal, com o intuito de manter a higidez 
atmosférica da região.
Convém, ainda, lembrar que,no Brasil, a pre-
venção da qualidade do ar com o estabelecimento de 
padrões primários e secundários é dividida em clas-
ses, ou seja, áreas territoriais distintas dentro do ter-
ritório nacional de acordo com os usos pretendidos.
Desta maneira, a Resolução CONAMA 
005/1989, que disciplina sobre o Programa Nacio-
nal de Controle da Poluição do Ar – PRONAR esta-
belece as seguintes classes:
Classe I: áreas de preservação, lazer e turismo, tais como: Par-
ques Nacionais e Estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, 
Estâncias Hidrominerais e Hidrotermais. Nestas áreas, deverá 
36
ser mantida a qualidade do ar, em nível o mais próximo possí-
vel do verificado sem a intervenção antropogênica.
Classe II: áreas onde o nível de deterioração da qualidade do 
ar seja limitado pelo padrão secundário de qualidade.
Classe III: áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração 
da qualidade do ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade.
Histórico das Legislações Brasileiras acerca da Poluição At-
mosférica e estabelecimento de Padrões de Qualidade do Ar
Portaria do Ministério do Inte-
rior de n.º 231, de 21.04.1976.
Estabelece padrões de qualida-
de do ar e diretrizes sobre con-
trole da poluição do ar.
Resolução CONAMA n.º 18, 
de 06.05.1986.
Institui o Programa de Controle 
da Poluição do Ar por Veículos 
Automotores – PROCONVE.
Resolução CONAMA n.º 05 de 
15.06.1989.
Institui o Programa Nacional 
de Controle de Qualidade do 
Ar – PRONAR.
Resolução CONAMA n.º 03 de 
28.06.1990.
Dispõe sobre Padrões de Qualida-
de do Ar previstos no PRONAR.
Resolução CONAMA n.º 08 de 
06.12.1990
Dispõe sobre o Estabeleci-
mento de Limites Máximos de 
Emissões de Poluentes no Ar.
Resolução CONAMA n.º 340 
de 25.09.2003
Dispõe sobre a utilização de 
Cilindros para o Envasamento 
de Gases que destroem a Cama-
da de Ozônio.
37
Resolução CONAMA n.º 382 
de 26.12.2006.
Dispõe sobre o estabelecimento 
de Limites Máximos de Emis-
sões de Poluentes Atmosféricos.
Lei n.º 12.187/2009. Institui a Política Nacional sobre 
Mudança do Clima – PNMC.
Por fim, convém pontuar que a Lei n.º 
8.723/1993, que dispõe sobre a redução de emissão 
de poluentes por veículos automotores, prevê no 
artigo 15 que: “os órgãos ambientais governamen-
tais, em nível federal, estadual e municipal, a partir 
da publicação desta Lei, monitorarão a qualidade do 
ar atmosférico e fixarão diretrizes e programas para 
o seu controle, especialmente em centros urbanos 
com população acima de 500.000 (quinhentos mil) 
habitantes e nas áreas periféricas sob influência dire-
ta dessas regiões”.
Assim, os Estados e os Municípios também 
são chamados para atuar na proteção da qualidade 
do ar, como o exemplo do município de São Paulo, 
que instituiu o Programa de Inspeção e Manuten-
ção de Veículos em Uso, definido nas Lei Municipais 
11.733/1995, 12.157/1996 e 14.717/2008.
Desta maneira, o Programa inspeciona todos os 
veículos automotores que possuem registro no mu-
nicípio de São Paulo, através da Inspeção Ambiental 
38
Veicular, visando controlar a emissão de poluentes 
e melhorar a qualidade do ar na cidade, de acordo 
com os limites de emissões estabelecidos na Portaria 
009/SVMA 2013.
1.5. Sanções penais
Como vimos, o Brasil possui uma série de legis-
lações que estabelecem os padrões de qualidade do 
ar e os níveis de emissões, que precisam ser respeita-
dos pelas atividades humanas.
Ocorre que, algumas vezes, esses níveis permi-
tidos de emissões são ultrapassados, havendo o des-
respeito aos padrões exigidos pelo Estado.
Neste momento, nasce ao Estado a possibilidade 
de impor sanções aos transgressores, de modo que a 
legislação criminal é utiliza para punir os criminosos.
A Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei 
n.º 3.688/1941) estabelece em seu artigo 38:
Emissão de fumaça, vapor ou gás.
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fuma-
ça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois con-
tos de réis.
Como visto, a legislação brasileira acerca da pu-
nição criminal para emissões de gases não está atuali-
39
zada em relação à moeda utilizada no país. No entan-
to, continua em vigor, o que apenas causa a conversão 
da pena de multa na moeda, atualmente, corrente.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado (2011, 
P. 570) provocar emissão “significa lançar na atmos-
fera os poluentes que possam ofender a saúde, a se-
gurança, a tranquilidade de alguém”. 
O mesmo autor afirma que “não é qualquer 
emissão que caracteriza a contravenção”. Desta for-
ma, para haver a configuração da contravenção pe-
nal de emissão de fumaça, vapor e gás, é necessário 
que a quantidade emitida esteja regulamentada em 
alguma legislação ambiental, ou, no silêncio do po-
der público, é necessário que haja a probabilidade 
de ofensa ao ser humano, que pode ser constatada 
através de perícia.
Como vimos, a Lei das Contravenções Penais não 
pune de forma severa a emissão de poluentes atmosféricos.
Por sua vez, o Código Penal Brasileiro (Decre-
to-lei n.º 2.848/1940) trata os crimes que envolvem 
o perigo comum de maneira mais rígida.
Quanto às emissões atmosféricas, é necessário co-
nhecer os seguintes crimes previstos no Código Penal:
Uso de Gás Tóxico ou Asfixiante
Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patri-
mônio de outrem, usando gás tóxico ou asfixiante:
40
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Modalidade Culposa.
Parágrafo único: Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Fabrico, Fornecimento, Aquisição, Posse ou Transporte de Ex-
plosivos ou Gás Tóxico, ou Asfixiante.
Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, 
sem licença de autoridade, substância ou engenho explosivo, 
gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
A Lei n.º 9.605/98, que dispõe sobre as sanções 
penais e administrativas derivadas de condutas e ati-
vidades lesivas ao meio ambiente, conhecida como 
Lei de Crimes Ambientais, consolidou os tipos pe-
nais, que anteriormente eram previstos em legisla-
ções esparsas visando dar maior efetividade na puni-
ção desses delitos.
Convém atentar ao delito previsto no artigo 54 
da referida lei, pois prevê punição para os agentes 
que causem poluição de qualquer natureza:
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais 
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, 
ou que provoquem a mortandade de animais, ou a destruição 
41
significativa da flora:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1.º. Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2.º. Se o crime:
I – tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocu-
pação humana;
II – causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ain-
da que momentânea dos habitantes das áreas afetadas, ou que 
cause danos diretos à saúde da população;
III – causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção 
do abastecimento público de água de uma comunidade;
IV – dificultar ou impedir o uso público das praias;
V – ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou 
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacor-
do com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
§ 3.º incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo ante-
rior, quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade 
competente, medidas de precaução, em caso de risco de dano 
ambiental grave ou irreversível.
Em suma, essas são as sanções que podem ser 
aplicadas pelo poder público, em relação às emissões 
atmosféricas que não respeitem os níveis estabeleci-
dos em nosso território.
42
1.6. Monitoramento do ar
Após, verificarmos como são estabelecidos e 
quais os padrões de qualidade do ar, que são adota-
dos em nosso país, iremos estudar como é realizado 
o monitoramento da qualidade doar atmosférico.
Conforme vimos, a Resolução CONAMA n.º 
003/90 estabeleceu em seu artigo 4.º, que “o monito-
ramento da qualidade do ar é atribuído aos Estados”.
Desta maneira, cada Estado irá determinar atra-
vés de legislação específica como será desenvolvido 
o monitoramento das atividades, que lançam po-
luentes atmosféricos capazes de alterar o padrão de 
qualidade do ar.
É cediço que este monitoramento da poluição 
do ar deve ser realizado por técnico devidamente 
habilitado; capaz de captar, compreender e acompa-
nhar a situação dos recursos ambientais, que estão 
sendo afetados pelo processo produtivo.
O objetivo do monitoramento da qualidade at-
mosférica corresponde ao apresentado no artigo 2.º 
da PNMA (Lei n.º 6.938/81), qual seja “a preserva-
ção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental 
propicia à vida, visando assegurar, no País, condições 
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses 
da segurança nacional e à proteção da dignidade da 
vida humana”.
43
A título de exemplo, no Estado de São Paulo, a Companhia 
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB possui uma rede 
de monitoramento com estações móveis, que registra ininterrup-
tamente as concentrações dos poluentes na atmosfera.
Em seguida, com base nos dados coletados, é disponibilizado dia-
riamente um boletim com a situação do ar nas últimas 24 horas.
Para conhecer melhor o método utilizado para a determina-
ção dos poluentes consulte o portal eletrônico da CETESB, 
disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-
-B?sicas/23-Redes-de-Monitoramento. 
Outro exemplo que podemos citar é o do Estado do Rio de 
Janeiro, que através do Instituto Estadual do Meio Ambiente – 
INEA monitora a qualidade do ar para determinar o nível de 
concentração de poluentes presentes na atmosfera, de modo a 
subsidiar ações governamentais para o controle de emissões.
Para maiores informações sobre este monitoramento acesse o 
portal eletrônico do INEA, disponível em: http://www.inea.
rj.gov.br/fma/qualidade-ar.asp#monitoramento
Em linhas gerais, o monitoramento dos padrões 
de qualidade do ar será realizado pelo Estado através 
de sua companhia ambiental, com a finalidade de co-
letar dados sobre a situação climática de sua região, 
visando ao estabelecimento de plano de ações para 
preservar e restaurar a qualidade do ar.
44
1.7. Equipamentos e métodos para determinação da 
concentração de poluentes
Para que seja realizado o monitoramento do ar, 
surge a necessidade de utilização de equipamentos 
específicos e métodos para estabelecer-se a quanti-
dade de poluentes presentes na atmosfera.
Com efeito, os métodos de amostragem e aná-
lise de poluentes presentes no ar serão definidos por 
Instruções Normativas.
Nesta linha, a Resolução CONAMA n.º 003/90, 
que estabelece padrões nacionais de qualidade do ar, 
além de elencar poluentes padrões, também se pre-
ocupou em estabelecer métodos específicos para a 
averiguação dos poluentes na atmosfera (artigo 3.º).
Assim, os métodos adotados de acordo com a 
substância poluente são os seguintes:
Partículas Totais em Suspensão Método de Amostrador de 
grandes Volumes ou Método 
Equivalente
Fumaça Método da Refletância ou Mé-
todo Equivalente
Partículas Inaláveis Método de Separação Inercial/
Filtração ou Método Equivalente
Dióxido de Enxofre Método de Pararosanilina ou 
Método Equivalente
45
Monóxido de Carbono Método do Infra-Vermelho não 
Dispersivo ou Método Equivalente
Ozônio Método da Quimioluminescên-
cia ou Método Equivalente
Dióxido de Nitrogênio Método da Quimioluminescên-
cia ou Método Equivalente
Essa Resolução, além de determinar os méto-
dos de emissão por classe de poluentes, ainda es-
tabeleceu que essa metodologia referencial, precisa 
ser aprovada pelo INMETRO – Instituto Nacional 
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial 
ou pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Naturais Renováveis.
1.8. Processos de controle da poluição e equipamen-
tos para tratamento das emissões atmosféricas
Acerca desse tema, é muito importante o co-
nhecimento da Resolução CONAMA n.º 267/90, 
que proíbe o uso de substâncias que destroem a ca-
mada de ozônio.
Em linhas gerais, a proibição foi iniciada em 1.º 
de janeiro de 2001, estando válida para todo o ter-
ritório nacional. A vedação envolve a utilização de 
substâncias controladas especificadas nos Anexos A 
e B do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que 
destroem a Camada de Ozônio.
46
No mesmo sentido, a Resolução CONAMA n.º 
340/03, dispõe sobre a utilização de cilindros para 
o vazamento de gases, que destroem a Camada de 
Ozônio.
Desta maneira, conforme artigo 1.º desta lei 
fica proibido o uso de cilindros pressurizados des-
cartáveis, que não estejam em conformidade com as 
especificações dessa resolução.
O principal objetivo é evitar a liberação de 
substâncias controladas na atmosfera, estabelecendo 
o recolhimento e coletas adequadas, para que não 
ocorram danos ambientais, que colaborem para a 
ocorrência do fenômeno das mudanças climáticas.
1.9. Instrumentos de planejamento para a preserva-
ção da qualidade do ar e mitigação de ruído
Com o intuito de conservar a qualidade do ar 
e diminuir os ruídos advindos das atividades indus-
triais, estão nascendo novas tecnologias de produ-
ção em matéria de energia e transporte. A título de 
exemplo, podemos citar a energia eólica e os veícu-
los híbridos.
Em relação à poluição sonora, a Resolução CO-
NAMA n.º 001/90 estabeleceu critérios, padrões e 
diretrizes para que a emissão de ruídos, em decor-
rência de quaisquer atividades industriais, comerciais, 
sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda po-
47
lítica, não interfira na saúde e no sossego público.
Assim, essa legislação disciplinou que são pre-
judiciais à saúde e ao sossego público, os ruídos com 
níveis superiores aos considerados aceitáveis pela 
Norma NBR-10.151.
Cumpre ressaltar que o nível sonoro é medi-
do em decibel (dB), através de aparelhos específicos 
de medição. O objetivo é tentar estabelecer qual é 
a sensação que o ruído causa no ouvido humano. 
Ainda, cabe lembrar que a Resolução CONAMA n.º 
001/90 trouxe critérios para a execução de projetos 
de construção, ou de reformas de edificação e para a 
emissão de ruídos por veículos automotores.
Também, é necessário conhecer as disposições 
da Resolução CONAMA n.º 002/90, que institui o 
Programa Nacional de Educação e Controle da Po-
luição Sonora, denominado “SILÊNCIO”.
Desta forma, este programa será coordenado 
pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Naturais Renováveis, contan-
do com a participação de Ministérios do Poder Exe-
cutivo, órgãos estaduais e municipais.
Em relação ao Programa Silêncio, é necessário 
conhecer os dispositivos, que estão elencados do ar-
tigo 1.º da referida Resolução:
Art. 1.º. Instituir em caráter nacional o Programa Nacional de Educa-
48
ção e Controle da Poluição Sonora – SILÊNCIO com os objetivos de:
a) Promover cursos técnicos para capacitar pessoal e controlar os pro-
blemas de poluição sonora nos órgãos de meio ambiente estaduais e 
municipais, em todo o país;
b) Divulgar junto à população, através dos meios de comunicação dis-
poníveis, matéria educativa e conscientizadora dos efeitos prejudiciais 
causados pelo excesso de ruído;
c) Introduzir o tema “poluição sonora” nos cursos secundários da rede ofi-
cial e privada de ensino, através de um Programa de Educação Nacional;
d) Incentivar a fabricação e uso de máquinas, motores, equipamen-
tos e dispositivos com menor intensidade de ruído, quando de sua 
utilização na indústria, veículos em geral, construção civil, utilidades 
domésticas etc;
e) Incentivar a capacitação de recursos humanos e apoio técnico e lo-
gístico dentro da polícia civil e militar, para receber denúncias e tomar 
providências de combate para receber denúncias, tomar providências 
de combate para receber denúncias e tomar providências de combateà poluição sonora urbana em todo o Território Nacional;
f) Estabelecer convênios, contratos e atividades afins com órgãos e 
entidades que, direta ou indiretamente, possa contribuir para o desen-
volvimento do Programa SILÊNCIO.
Em relação à poluição sonora, ainda é neces-
sário saber que a medição do ruído é feita segundo 
o procedimento disciplinado na mencionada Nor-
49
ma da Associação Brasileira de Normas Técnicas – 
NBR 10.151.
Quanto aos efeitos adversos causados pelo ru-
ído, Paulo Affonso Leme Machado (2011. P. 636) 
expõe que um estudo da Organização Mundial de 
Saúde constatou os seguintes sintomas: “perda de 
audição; interferência com a comunicação; dor; in-
terferência no sono; efeitos clínicos sobre a saúde; 
efeitos sobre a execução de tarefas; incômodo; efei-
tos não específicos”.
Por essas razões, faz-se necessária a regulação e 
o estabelecimento de padrões, para que a emissão de 
sons não seja abusiva e prejudicial à saúde humana.
1.10. Projetos de sistemas de tratamento e controle 
de emissões industriais
A regulação da poluição industrial surgiu no 
Brasil com a publicação do Decreto-Lei n.º 1.413/75, 
que controla a poluição do meio ambiente provoca-
da por atividades industriais.
Essa legislação estabelece medidas que foram 
definidas pelos órgãos federais competentes visando 
que a instalação de indústrias, no país, promova atos 
de gestão preventiva e corretiva aos inconvenientes 
da contaminação do meio ambiente.
Em seguida, a Lei n.º 6.803/80 estabeleceu zo-
neamento industrial específico para áreas críticas de 
50
poluição. O intuito desta legislação é a criação de 
zonas destinadas à instalação de indústrias, compati-
bilizando suas atividades à proteção ambiental.
De acordo com José de Sena Pereira Jr., “tanto o 
Decreto-Lei n.º 1.413/1975, como a Lei n.º 6.803/1990, 
foram concebidos em decorrência dos graves proble-
mas de poluição do ar em regiões densamente indus-
trializadas, entre as quais Cubatão, em São Paulo. Eles 
estabelecem regras para a localização de áreas indus-
triais e as limitações de uso em seus entornos, e não 
tratam especificamente de limites de emissão”.
Em remate, essas são as legislações mais rele-
vantes em relação ao controle da poluição industrial 
por fontes fixas.
51
Questões
1. O que são os padrões de qualidade do ar?
2. Diferencie os padrões primários e secundários 
de qualidade do ar.
3. Conceitue poluente atmosférico, apontando a le-
gislação que o define.
4. Explique de maneira sucinta o fenômeno do efei-
to estufa.
5. Aponte quais sanções penais podem ser aplica-
das àqueles que não respeitam os padrões de emis-
sões atmosféricas.
Unidade 2
Resíduos sólidos
Caro(a)Aluno(a)
Seja bem-vindo(a)!
Nesta segunda unidade, iremos estudar a regula-
ção dos resíduos sólidos no país.
É muito importante a leitura da Lei n.º 
12.305/2010, que institui a Política Nacional de Re-
síduos Sólidos, compreendendo quais são seus objeti-
vos, instrumentos, como funciona a gestão integrada 
e gerenciamento do lixo no Brasil.
54
2.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
Antes de tudo, convém entender o conceito de 
resíduos sólidos proposto pela Lei n.º 12.305/2010, 
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos - 
PNRS, no artigo 3.º, inciso XVI:
Art. 3.º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por: 
(...)
XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descar-
tado resultante de atividades humanas em sociedade, cuja destinação 
final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, 
nos estados sólidos ou semissólido, bem como gases contidos em re-
cipientes e líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lan-
çamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam 
para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da 
melhor tecnologia disponível.
Como podemos notar, resíduos sólidos nada 
mais são do que o lixo produzido diariamente por 
nós após o consumo, uso e descarte de tudo aquilo 
que não nos tem mais utilidade.
Como sabemos cada tipo de substância possui 
o seu descarte adequado para que não haja danos ao 
meio ambiente. Por essa razão, a PNRS criou instru-
55
mentos para a gestão integrada dos resíduos sólidos, 
como, por exemplo, a coleta seletiva, os planos de 
resíduos sólidos, os inventários, acordos setoriais, 
entre outros.
Em relação ao gerenciamento de resíduos só-
lidos urbanos, a PNRS o conceitua como “conjun-
to de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas 
etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamen-
to e destinação final ambientalmente adequada dos 
resíduos sólidos e disposição final, ambientalmente, 
adequada dos rejeitos, de acordo com o plano muni-
cipal de gestão integrada de resíduos sólidos, ou com 
plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigi-
dos na forma desta Lei”.
Em outras palavras, o gerenciamento dos re-
síduos sólidos compreende as seguintes etapas: (i) 
a geração, (ii) o armazenamento, (iii) o transporte e 
(iv) a destinação final ambientalmente adequada.
Podemos pontuar como principais preocupa-
ções, em relação aos resíduos sólidos nas grandes 
cidades, o volume exacerbado da produção de lixo 
pela população e a destinação incorreta, que está, di-
retamente, ligada à poluição dos rios, do ar e a con-
taminação do solo.
Desta forma, algumas das soluções propostas 
pela PNRS seriam o estabelecimento de padrões 
sustentáveis de produção e de consumo, a recicla-
gem, a disposição ambientalmente adequada e a lo-
56
gística reversa.
Conforme artigo 9.º da PNRS, as diretrizes de 
gestão e gerenciamento de resíduos sólidos devem 
respeitar a seguinte ordem de prioridade:
Não Geração > Redução > Reutilização > Reciclagem > Tra-
tamento dos Resíduos Sólidos > Disposição Final Ambiental-
mente Adequada dos Rejeitos.
Respeitando essa ordem de prioridade, o geren-
ciamento dos resíduos será organizado através dos 
planos de resíduos previstos no artigo 14 da PNRS:
• Plano Nacional de Resíduos Sólidos: elaborado pela União 
com coordenação do Ministério do Meio Ambiente (artigo 15 
da Lei n.º 12.305/2010);
• Planos Estaduais de Resíduos Sólidos: elaborados pelos Esta-
dos como condição para obtenção de recursos da União (artigo 
16 da Lei n.º 12.305/2010);
• Planos Microrregionais, de Regiões Metropolitanas ou Aglo-
merações Urbanas: disciplinados pelo §2.º do artigo 16 da Lei 
n.º 12.305/2010;
• Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: 
elaborados pelos Municípios e pelo Distrito Federal como con-
dição para obtenção de recursos da União (artigo 18 da Lei n.º 
12.305/2010);
• Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: disciplinados 
pelo artigo 20 e seguintes da Lei n.º 12.305/2010.
57
Desta forma, o gerenciamento dos resíduos só-
lidos urbanos será exercido através da cooperação 
entre União, Estados, Distrito Federal, Municípios, 
regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas e 
estabelecimentos comerciais.
Faz-se necessário atentar que o poder público, 
o setor empresarial e a coletividade são responsáveis 
pela efetividade das ações voltadas para assegurar a 
observância da PNRS.
Por essa razão, a PNRS instituiu no seu arti-
go 30, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo 
de vida dos produtos, de modo que os fabricantes, 
importadores, distribuidores, comerciantes, consu-
midores e titulares dos serviços públicos de limpeza 
são responsáveis pela destinação adequada e logísti-
ca reversa dos resíduos utilizados por suas ativida-
des, formando uma cadeia de responsabilidade.
Para a atividade prática envolvendo o mane-
jo dos resíduos sólidos, é fundamental conhecer as 
proibições postas pela PNRS, nos artigo 47 a 49:
- lançamento de resíduos ou rejeitos em praias, no mar ou em 
quaisquer corpos hídricos;
- lançamento in natura a céu aberto, excetuado os resíduos 
de mineração;
- queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipa-
mentos não licenciados para essa finalidade;
- nas áreas de disposição finalde resíduos, é vedada a utilização 
58
dos rejeitos dispostos como alimentação;
- nestas áreas, é vedada a catação, a criação de animais domés-
ticos e a fixação de habitantes; 
-importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos;
-outras formas vedadas pelo poder público.
Em linhas gerais, essas são as principais dispo-
sições legais em relação ao gerenciamento dos resí-
duos sólidos urbanos.
2.2. Sanções penais e administrativas envolvendo a 
má gestão dos resíduos sólidos
Em relação às punições administrativas, Paulo 
Affonso Leme Machado (2011. P. 623.) pondera que:
No Estado de São Paulo, no caso de serem contrariadas as nor-
mas legais pertinentes a controle da poluição do solo poderá 
ser cominada a pena de multa de quatro vezes a seis vezes o 
maior salário mínimo vigente no Estado e interdição temporá-
ria, ou definitiva do estabelecimento ou intervenção, conforme 
o caso (art. 601, VI, b, do Decreto n.º 52.497, de 21.7.1970). 
No mesmo sentido a regulamentação vigente no Estado do 
Rio Grande do Sul, onde a multa é de sete a dez vezes o maior 
salário mínimo vigente no País (art. 818, VII, b, do Decreto 
n.º 24.430, de 24.10.1974). Pela Lei 6.205, de 29.4.1975, em 
59
substituição à correção pelo salário mínimo, o Poder Executivo 
Federal estabeleceu sistema especial de atualização monetária.
O Decreto federal 3.179/99, em seu art. 41, prevê a multa de 
R$ 1.000,00 (um mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta mi-
lhões de reais) para quem “lançar resíduos sólidos, líquidos ou 
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacor-
do com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos” 
(inciso V).
As infrações previstas pelas legislações estaduais e federais não 
inibem as Prefeituras municipais de também legislarem sobre 
a matéria, desde que não invadam as normas já estatuídas, dis-
pondo em contrário. As posturas municipais, portanto, pode-
rão ampliar as situações infracionais, a elas cominando penali-
dades adequadas. (grifo nosso)
Em relação à punição criminal da má gestão 
dos resíduos sólidos, aplica-se o mesmo tipo penal 
visto na unidade anterior, que abrange a poluição de 
qualquer natureza, previsto no artigo 54, caput, da 
Lei 9.605/1998 que diz: “causar poluição de qual-
quer natureza em níveis tais que resultem ou possam 
resultar em danos à saúde humana, ou que provo-
quem a mortandade de animais ou a destruição sig-
nificativa da flora: Pena – reclusão, de um a quatro 
anos, e multa”.
Ainda, o próprio artigo 51 da PNRS prevê que:
60
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da 
existência de culpa, reparar os danos causados, a ação ou omis-
são das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância 
aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita os infra-
tores às sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei 
9.605 de 12 de fevereiro de 1998: “dispõe sobre as sanções 
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades de-
rivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá 
outras providências” e seu regulamento.
Deste modo, também estão sujeitas à Lei de 
Crimes Ambientais as infrações penais contra a ges-
tão, ambientalmente, adequada dos resíduos sólidos 
2.3. A Limpeza urbana
 
O tratamento adequado dos resíduos sólidos 
urbanos é de suma importância para que o ambiente 
urbano seja saudável e sustentável, produzindo uma 
política urbana capaz de atingir o bem-estar dos ci-
dadãos e o equilíbrio ambiental.
Por questões de saúde pública, higiene, bem-
-estar, qualidade de vida da população são necessá-
rios e que serviços de primeira necessidade, como 
o caso do saneamento básico e da limpeza urbana, 
funcionem adequadamente para o desenvolvimento 
das funções sociais da cidade.
61
Por se tratar de um assunto de interesse do po-
der local que envolve a prestação e a organização de 
serviço público, a limpeza urbana fica sob a compe-
tência dos Municípios, conforme disciplina o artigo 
10 da PNRS:
Art. 10. Incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão 
integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos territó-
rios, sem prejuízo das competências de controle e fiscalização 
dos órgãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS e do Su-
asa, bem como da responsabilidade do gerador pelo gerencia-
mento de resíduos, consoante o estabelecido nesta Lei.
Ademais, cabe ressaltar que com a nova discipli-
na trazida pela PNRS, que visa proteger a saúde públi-
ca, a qualidade ambiental e a gestão integrada dos resí-
duos sólidos; os serviços de limpeza urbana tornam-
-se essenciais para a obtenção de um gerenciamento 
ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.
De acordo com a Lei 11.445/2007, que estabe-
lece diretrizes nacionais para o saneamento básico, 
a limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos 
compõem o conjunto de serviços, infraestruturas e 
instalações operacionais de saneamento básico.
Com efeito, essa legislação em seu artigo 3.º, 
inciso I, alínea b, conceitua da seguinte forma, a lim-
62
peza urbana e o manejo dos resíduos sólidos:
Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos: 
conjunto de atividades, infraestruturas e instalações ope-
racionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e 
destino final do lixo doméstico, do lixo originário da var-
rição, limpeza de logradouros e vias públicas.
Como se nota, a limpeza do lixo urbano adota 
as mesmas etapas utilizadas para o gerenciamento 
de outros resíduos sólidos: (i) a geração, (ii) o arma-
zenamento, (iii) o transporte e (iv) a destinação final 
ambientalmente adequada.
Sobre o serviço público de limpeza urbana, o 
artigo 7.º da Lei 11.445/2007 dispõe:
Art. 7.º. Para os efeitos desta Lei, o serviço público 
de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos 
urbanos é composto pelas seguintes atividades:
I – de coleta, transbordo e transporte dos resíduos 
relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 
3.º desta Lei;
II – de triagem para fins de reuso ou reciclagem, de 
tratamento, inclusive por compostagem, e de dispo-
sição final dos resíduos relacionados na alínea c do 
inciso I do caput do art. 3.º desta Lei;
III - de varrição, capina e poda de árvores em vias 
e logradouros públicos e outros eventuais serviços 
pertinentes à limpeza pública urbana.
63
Cumpre, ainda, apresentar a classificação dos 
resíduos de limpeza urbana e dos resíduos sólidos 
urbanos, proposta pelo artigo 13 da PNRS:
Resíduos de Limpeza Urbana: os originários da 
varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e 
outros serviços de limpeza urbana;
Resíduos Sólidos Urbanos: (i) resíduos domi-
ciliares (os originários de atividades domésticas em 
residências urbanas) e (ii) resíduos de limpeza urba-
na (originários de varrição, limpeza de logradouros e 
vias públicas e outros serviços de limpeza urbana).
Após, conceituarmos os resíduos urbanos e sua 
limpeza, será necessário entender como se dá a sua 
gestão integrada de modo a compatibilizar a preser-
vação do meio ambiente urbano com os problemas 
de crescimento demográfico, de geração exacerbada 
de resíduos e a maneira adequada de realizar a sua 
coleta e destinação final.
É evidente que com a publicação da PNRS 
houve um enorme avanço nos serviços de limpeza 
urbana. Isto porque ela veio organizar toda a ope-
ração no trato dos resíduos sólidos, de modo que o 
manejo urbano também foi aprimorado.
De acordo com os termos desta lei, a gestão in-
tegrada de resíduos sólidos corresponde a um “con-
junto de ações voltadas para a busca de soluções 
para os resíduos sólidos, de forma a considerar as 
dimensões políticas, econômica, ambiental, cultural 
64
e social, com controle social e sob a premissa do de-
senvolvimento sustentável”.
Considerando que, atualmente, o Brasil encon-
tra-se em um período de crescimento econômico, as 
atividades industriais, de infraestrutura e o progresso 
tecnológico acabam dificultando, mas não impedin-
do, a implementação da gestão integrada de resíduos.
Por essarazão, a destinação final de resíduos 
sólidos urbanos no Brasil é, em sua maior parte, ina-
dequada, conforme mostra o gráfico a seguir.
Fonte: FILHO. 2012. P. 375.
Com o intuito de reverter esse quadro, a PNRS 
estabelece metas e diretrizes para que o poder públi-
co, o setor privado e a população cooperem para a 
melhoria do manejo de resíduos sólidos no Brasil.
65
A respeito da nova sistemática da PNRS em 
relação à limpeza urbana, Carlos R. V. Silva Filho 
(2012, p. 379) explica que:
O modelo de gestão integrada de RSU (Resí-
duos Sólidos Urbanos) previsto pela PNRS, a cargo 
dos municípios e do Distrito Federal, deverá cobrir 
integralmente o fluxo de resíduos, com a plena uni-
versalização da coleta e viabilização da destinação 
ambientalmente adequada e sustentável da totalida-
de dos materiais descartados. A esse novo proces-
so deverão ser adicionados esforços de redução na 
geração diretamente conectados com medidas de 
reutilização, os quais deverão ser agregados às ações 
de separação e reciclagem, permitindo a recupera-
ção dos materiais e da energia contida nos resíduos, 
por meio de processos de tratamento, com a poste-
rior disposição dos rejeitos em aterros sanitários, os 
quais deverão também proporcionar a recuperação e 
o aproveitamento do biogás gerado nessas unidades, 
o que possibilita, inclusive, a mitigação da emissão 
de gases de efeito estufa (GEE), com a consequente 
contribuição para a redução dos efeitos de aqueci-
mento global.
66
Fonte: FILHO. 2012. P. 375.
2.4. Aspectos de valorização dos resíduos urbanos
Como vimos, a limpeza urbana é de suma im-
portância para a salubridade da vida na cidade, para a 
estética urbanística e para efetiva implementação da 
PNRS. Para tanto, é necessário que os resíduos sóli-
dos urbanos sejam reduzidos, reciclados e reutiliza-
dos, visando o melhor aproveitamento dos resíduos 
sólidos urbanos.
67
Por essa razão, foi criado o Sistema de Valorização dos Resídu-
os Sólidos, que visa, justamente, reaproveitar os resíduos que 
teriam como destinação final os aterros sanitários.
O principal intuito deste Sistema de Valorização de Resíduos 
é transformar os resíduos urbanos em novas fontes de maté-
rias-primas, com o objetivo, em longo prazo, de transformar a 
produção regular de resíduos sólidos em um processo autos-
sustentável, através da reutilização.
Em relação a este tema, é importante conhecer alguns dos con-
ceitos apresentados pela PNRS, nos incisos do artigo 3.º:
Com a implementação efetiva desses instru-
mentos previstos na PNRS é possibilitado ao Poder 
Público e a toda coletividade o alcance do aproveita-
mento racional dos resíduos, proporcionando quali-
dade de vida na cidade.
2.5. Aterros sanitários
De início, cabe conceituar e diferenciar aterros 
sanitários e lixões.
Os aterros sanitários constituem a forma ade-
quada de destinação final para os resíduos sólidos. 
Nestes locais, há uma técnica de disposição que per-
mite o menor impacto ambiental no descarte das 
substâncias que não possuem mais utilidade para a 
68
sociedade: o aterramento dos resíduos sólidos.
Desta forma, o método utilizado nos aterros 
sanitários envolve o armazenamento do lixo no pró-
prio solo, ocorrendo uma operação periódica onde 
os resíduos são cobertos por terra e outras substân-
cias.
É certo que todo este procedimento exige o 
monitoramento adequado da área, uma seleção ri-
gorosa da sua localização e o preparo que antecede a 
operação do aterro sanitário.
Cabe informar que a técnica do aterramento é 
considerada simples, mas eficaz quanto ao descarte 
dos resíduos e rejeitos produzidos pela população; 
em especial quando o poder público não dispõe de 
recursos técnicos e financeiros para o tratamento de 
seus resíduos sólidos.
Por sua vez, os lixões constituem maneira com-
pletamente inadequada e irregular para o descarte 
dos resíduos sólidos, gerando inúmeras adversidades 
à salubridade do meio ambiente afetado, inclusive 
contaminação da área.
Em linhas gerais, nos lixões, os resíduos são 
despejados sem nenhuma espécie de controle: o des-
carte é realizado a céu aberto, sem a devida imper-
meabilização do solo e sem critérios técnicos.
Vale lembrar que outros instrumentos previstos 
na PNRS também devem ser adotados para a dispo-
sição dos resíduos, como a reciclagem, a reutilização 
69
e a logística reversa.
Isto porque, apenas a utilização de aterros sani-
tários não seria suficiente para a disposição de todos 
os resíduos advindos das grandes concentrações ur-
banas, vez que os aterros não possuem técnica para o 
aproveitamento energético dos rejeitos depositados.
A Lei da PNRS prevê no artigo 54 que as ati-
vidades dos lixões deverão ser encerradas até o ano 
de 2014:
Art. 54. A disposição final ambientalmente adequada dos rejei-
tos, observado o disposto no §1.º do art. 9.º, deverá ser implan-
tada em até 4 (quatro) anos após a data de publicação desta Lei.
Por sua vez, o artigo 9.º dispõe:
Art. 9.º. Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve 
ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, re-
dução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos 
e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
§1.º Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação 
energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido 
comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a im-
plantação de programa de monitoramento de emissão de gases 
tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.
70
Com efeito, após essa data estabelecida pela 
PNRS todos os estabelecimentos de disposição ina-
dequada de resíduos que se encontrem em funciona-
mento deverão ser compulsoriamente fechados pelo 
poder público.
Como exemplo de bom funcionamento, pode-
mos citar o Aterro Bandeirantes, localizado próximo 
a capital do Estado de São Paulo, desativado em 2007.
Aterro Bandeirantes
Conforme matéria veiculada na revista Época 
em 03.01.2012:
71
O LIXO QUE VIRA ENERGIA E CRÉDITO DE CAR-
BONO – Aterro Bandeirantes, em São Paulo, foi fechado em 
2007. Mas, os 40 milhões de toneladas de lixo enterradas lá, 
podem ser usadas para gerar energia.
Na superfície, uma paisagem bucólica, com grama verde, pe-
quenos morros e algumas árvores de pequeno porte. Quem 
vê o campo, às margens da rodovia dos Bandeirantes, em São 
Paulo, não imagina que debaixo do gramado estão enterradas 
mais de 40 milhões de toneladas de lixo, espalhadas pelos 140 
hectares do Aterro Bandeirantes. O aterro, administrado pela 
empresa Loga, funcionou entre os anos de 1979 e 2007. Nesse 
período, recebia metade de todo o lixo produzido diariamente 
em São Paulo.
O destino final do lixo orgânico é ainda um grande problema 
no Brasil. Todos os dias, mais de 190 mil toneladas de lixo são 
levadas para aterros, ou pior, lixões, em todo o país. A Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) diz que os governos têm 
até 2014 para acabar com todos os lixões, uma tarefa nada fácil, 
já que pelo menos metade dos municípios do país ainda destina 
seus lixos para lixões.
O técnico da Loga Álvaro Mitsuo Seriguti, que trabalha na ad-
ministração do aterro, diz que a grande diferença entre lixões e 
aterros é que os aterros tratam o lixo para evitar contaminação 
do lençol freático ou da atmosfera. Isso porque o lixo de de-
compõe, gerando o chorume, um líquido poluente, e gás, prin-
cipalmente metano, que polui e é 20 vezes pior para o clima da 
Terra do que o gás carbônico. A preocupação com o metano é 
72
tanta que não se pode, por exemplo, plantar árvores de grande 
porte no terreno do aterro, pois as raízes atingiriam os resíduos 
e poderiam liberar o metano na atmosfera.
Para capturar esse gás, o aterro Bandeirantes tem 400 pontos 
de captura, que retiram o metano que se forma com a putrefa-
ção do lixo, debaixo da terra, e leva para a Usina Termelétrica 
Bandeirantes. A usina, administrada pela empresa Biogás, apro-
veita esse metano, transformando o gás do lixoem eletricidade: 
a usina tem capacidade de fornecer energia elétrica para até 300 
mil pessoas.
A Biogás faz parte de um programa de crédito de carbono. 
Como o metano seria liberado na atmosfera, caso a usina não 
existisse, poluindo o ar e contribuindo para o fenômeno do 
aquecimento global, a usina e a prefeitura recebem dinheiro 
por evitar essas emissões. O ganho é duplo: financeiro, para 
a cidade e para a empresa, e ambiental para a sociedade. An-
derson Alves da Silva, coordenador da Biogás, diz que, sem a 
usina, 80% do metano do aterro simplesmente sairiam para a 
atmosfera. Com a usina, apenas 0,01% polui o ar. "Só nesta 
manhã, por exemplo, nós deixamos de emitir até o momento 
300 toneladas de CO2 equivalente", disse.
Fonte: Reportagem de Bruno Calixto para Revista Época. 
Ainda, é interessante conhecer o caso do Ater-
ro Mantovani, onde a contaminação do solo gerou 
graves problemas de saúde para a população local. 
73
Conforme notícia disponível no site da CE-
TESB – Companhia Ambiental do Estado de São 
Paulo, sobre o Aterro Mantovani:
(...) Esta é uma das maiores áreas contaminadas registradas na 
CETESB. Dados atuais apontam a existência confirmada de cer-
ca de 326 mil toneladas de resíduos industriais no local.
Localiza-se no município de Santo Antônio de Posse, região 
de Campinas, em área rural (Sítio Pirapitingui), com vizinhança 
constituída de sítios (Santa Adélia, Dois Irmãos, Santo Antônio e 
São José), onde moram aproximadamente 35 pessoas.
Teve suas atividades encerradas em 1987, por exigência da CE-
TESB. Operaram no local dois aterros de resíduos industriais: 
o Aterro Mantovani e a CETRIN, que receberam resíduos de 
cerca de 75 (setenta e cinco) empresas localizadas nos Estados 
de São Paulo e do Rio de Janeiro, parte das quais multinacionais.
A CETESB mantém, desde 1986, o monitoramento da quali-
dade das águas subterrâneas e superficiais da região próxima 
aos aterros. Em 2001, o monitoramento executado pela CE-
TESB evidenciou a contaminação do poço de abastecimento 
de água de um dos sítios vizinhos.
O proprietário do Sítio Pirapitingui e dos empreendimentos 
foi condenado em 1995 pela Justiça a pagar indenização pelo 
dano ambiental. Recentemente, o valor desta indenização foi 
arbitrado em R$ 90 milhões.
Até o ano de 2000, a CETESB concentrou suas ações admi-
nistrativas sobre o proprietário dos empreendimentos, que ale-
74
gava não dispor de recursos financeiros para a execução das 
medidas necessárias ao diagnóstico e remediação da área.
Em 2000, a CETESB e o Ministério Público Estadual decidi-
ram convocar as empresas que haviam depositado resíduos no 
local para assumirem sua parcela de responsabilidade sobre a 
contaminação.
Em 2001, a CETESB autuou as empresas que utilizaram o 
Aterro Mantovani, exigindo a adoção de medidas para a solução 
do problema, uma vez que o proprietário dos empreendimentos 
não reunia condições de resolvê-lo sozinho.
Fonte: Banco de Notícias do Site da CETESB. Disponível em: 
http://www.cetesb.sp.gov.br/noticentro/004/12/17_aterro.pdf
Fonte: Leandro Leal. Pirólise. Info Escola.
75
O próximo método de disposição dos resíduos 
sólidos que merece ser pontuado é a compostagem. 
Através desse processo biológico, o lixo é transforma-
do em matéria orgânica, que pode ser utilizada como 
adubo para o solo. Assim, são utilizados microrganis-
mos, no interior de um depósito próprio com o obje-
tivo de controlar a decomposição do resíduo.
Cumpre ressaltar que o procedimento da com-
postagem não pode ser utilizado para qualquer espé-
cie de resíduo sólido, apenas para resíduos orgâni-
cos, que não possuem qualquer tipo de contamina-
ção química perigosa.
Como vimos, essas soluções ambientais repre-
sentam alternativas eficientes para a substituição da 
disposição em aterros sanitários, considerando as 
dificuldades locacionais, que envolvem esse tipo de 
destinação final dos resíduos sólidos.
2.7. Resíduos sólidos hospitalares
Conforme classificação apresentada pelo artigo 
13 da PNRS, os resíduos de serviços de saúde são 
“os gerados nos serviços de saúde, conforme defi-
nido em regulamento ou em normas estabelecidas 
pelos órgãos SINAMA e do SNVS”.
Desta forma, é muito importante que esses re-
síduos possuam uma destinação, manejo e disposi-
ção adequadas, considerando o alto risco de conta-
76
minação da população.
Outra definição legal, sobre os resíduos prove-
nientes de serviços de saúde, está expressa no artigo 
1.º, da Resolução CONAMA n.º 283/2001, que dis-
põe o tratamento e disposição final dos resíduos de 
serviços de saúde:
I – Resíduos de Serviços de Saúde são:
a) aqueles provenientes de qualquer unidade que execute ativi-
dades de natureza médico-assistencial humana ou animal;
b) aqueles provenientes de centros de pesquisa, desenvolvi-
mento ou experimentação na área de farmacologia e saúde;
c) medicamentos e imunoterápicos vencidos ou deteriorados;
d) aqueles provenientes de necrotérios, funerárias e serviços de 
medicina legal; e 
e) aqueles provenientes de barreiras sanitárias.
Assim, além de conceituar essa categoria de 
resíduos, essa legislação prevê a obrigatoriedade do 
responsável pelo estabelecimento, que produz esses 
resíduos de apresentar um Plano de Gerenciamento 
de Resíduos de Serviços de Saúde, a ser aprovado 
pelo órgão ambiental competente.
Ademais, esse plano deverá ser elaborado por 
um responsável técnico devidamente registrado em 
conselho profissional.
Considerando a necessidade de aprimoramento 
da Resolução CONAMA n.º 283/2001, foi editada 
77
a Resolução CONAMA n.º 358/2005, dispondo 
igualmente sobre os resíduos de serviços de saúde.
Cabe salientar que uma das principais inovações 
trazidas por esta resolução são os seguintes concei-
tos dispostos no artigo 2.º, nos seguintes incisos: 
III – Estação de Transferência de Resíduos de Serviços de Saú-
de: é uma unidade com instalações exclusivas, com licença am-
biental expedida pelo órgão competente, para executar transfe-
rência de resíduos gerados nos serviços de saúde, garantindo 
as características originais de acondicionamento, sem abrir ou 
transferir conteúdo de uma embalagem para a outra;
X – Resíduos de Serviços de Saúde: são todos aqueles resul-
tantes de atividades exercidas nos serviços definidos no art. 
1.º desta Resolução que, por suas características, necessitam de 
processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não trata-
mento prévio à sua disposição final;
XI – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saú-
de – PGRSS: documento integrante do processo de licencia-
mento ambiental, baseado nos princípios da não geração de 
resíduos e na minimização da geração de resíduos, que aponta 
e descreve as ações relativas ao seu manejo, no âmbito dos ser-
viços mencionados no art. 1.º desta Resolução, contemplando 
os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamen-
to, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento 
e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao 
meio ambiente;
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XII – Sistema de Tratamento de Resíduos de Serviços de 
Saúde: conjunto de unidades, processos e procedimentos que 
alteram as características físicas, físico-químicas, químicas ou 
biológicas dos resíduos, podendo promover a sua descaracte-
rização, visando à minimização do risco à saúde pública, à pre-
servação da qualidade do meio ambiente, à segurança e à saúde 
do trabalhador;
XIII – Disposição Final de Resíduos de Serviços de Saúde: é 
a prática de dispor os resíduos sólidos no solo, previamente, 
preparado para recebê-los, de acordo com critérios técnico-
-construtivos e operacionais adequados, em consonância com 
as exigências dos órgãos ambientais competentes;
Após vermos esses conceitos trazidos pela nova 
Resolução do CONAMA disciplinando a disposição 
dos resíduos de saúde, é importante esclarecer que 
cabe aos geradores de resíduos e ao responsável 
legal, o gerenciamento desses

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