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Programa Ler e Escrever Curso PIC para Ler e Escrever – Formador Governo do Estado de São Paulo Governador José Serra Vice Governador Alberto Goldman Secretário da Educação Paulo Renato Costa Souza Secretário-adjunto Guilherme Bueno de Camargo Chefe de gabinete Fernando Padula Coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas Valéria de Souza Coordenador de Ensino do Interior Rubens Antônio Mandetta Coordenador de Ensino da Região Metropolitana da Grande S Paulo José Benedito de Oliveira Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação Fábio Bonini de Lima Diretora de Projetos Especiais da FDE Claudia Rosemberg Aratangy Coordenadora Geral do PROGRAMA LER E ESCREVER Iara Gloria Areias Prado Sumário Apresentação ................................................................................................................................... Parte 1 - Estrutura da formação O papel do PIC na formação da criança com histórico de fracasso escolar....................... Plano da formação do curso para professores ................................................................... Curso para formador - Sequência de encontros dos formadores ...................................... Planejamento do formador ................................................................................................. Bibliografia .......................................................................................................................... Parte 2 - Apoio para o planejamento do formador Orientações para a aula 1 .................................................................................................... Orientações para a aula 2 .................................................................................................... Orientações para a aula 3 .................................................................................................... Orientações para a aula 4 .................................................................................................... Orientações para a aula 5 .................................................................................................... Orientações para a aula 6 .................................................................................................... Orientações para a aula 7 .................................................................................................... Orientações para a aula 8 .................................................................................................... Apresentação O início da alfabetização de uma criança na escola é um momento de grande realização para to- dos: para as crianças, que ingressam no mundo da escrita e para os professores, que vêem no avanço dos alunos a recompensa pelo seu dedicado trabalho. Mas, o que acontece quando o re- sultado esperado não vem no tempo esperado? Apesar de todos os esforços empreendidos na alfabetização no Ciclo I ainda há um número de alunos que não consegue completar seu processo de alfabetização até a 3ª ou 4ª série / 4º ou 5º ano. Para fazer frente a essa realidade e atender a esses alunos, a Secretaria Estadual de Educação desenvolveu uma proposta de intervenção para promover avanços nas aprendizagens por meio de definição de uma sala de aula com número reduzido de alunos, dando ao professor melhores con- dições de avaliação processual e de acompanhamento pedagógico; horário de trabalho extra-sala de aula (HTPC) para o professor se preparar para as aulas; material didático específico com con- teúdo adaptado que contempla parte dos conteúdos daquelas séries, sem desconsiderar as expec- tativas de aprendizagem das séries iniciais que ainda não foram alcançadas por esses alunos. Trata-se do Programa Intensivo de Ciclo – PIC - uma ação que pretende apoiar os alunos em seus percursos de aprendizagem sem que haja quebra de continuidade . Em 2009, a Secretaria Estadual de Educação iniciou um processo de formação para os professo- res coordenadores das oficinas pedagógicas - PCOPs - visando o atendimento específico aos pro- fessores que atuam com esses alunos, criando referências para as intervenções que se fazem necessárias para promover o seu avanço. O presente documento apresenta, na Parte 1, os princípios e a estrutura do Curso PIC-para ler e escrever formador e professor. Na Parte 2, o documento traz orientações para o planejamento dos 10 encontros para os professores. Parte 1 Princípios e Estrutura da formação O papel do PIC na formação da criança com histórico de fracasso escolar 1 Mais do que um trabalho intensivo de recuperação dos conteúdos curriculares, o PIC funciona como um projeto de recuperação de usuários da língua e linguagem, ou seja, constitui-se numa oportunidade de devolver a jovens marcados pelo fracasso escolar, condenados ao silêncio nas salas de aula, o lugar de sujeitos do processo de ensino e aprendizagem, de produtores da lingua- gem escrita. Como nos ensina Vygotsky (1993), o aprendizado tem um caráter social e interpessoal que impul- siona o desenvolvimento, que é potencializado quando a criança aprende. Nesta mesma linha, Weisz (2002) assume a importância de considerar que nenhum conceito nasce com o sujeito, pre- cisa ser construído por ele e que a escola tem um papel fundamental neste processo, devendo refletir sobre suas práticas, pois dependendo do modo como as desenvolve, pode estigmatizar e prejudicar a auto-estima das crianças e seu processo de aprendizagem. Esta reflexão nos ajuda a compreender o perfil do aluno que hoje frequenta as salas de PIC e, por decorrência, a tarefa do professor na coordenação destas salas. Nas salas de PIC os professores lidam cotidianamente com crianças marcadas pelo fracasso esco- lar, que após cinco, seis ou mais anos de escolaridade não compreenderam as características do nosso sistema de escrita, não utilizam a linguagem escrita nas situações em que é requerida e, o que é mais grave, sentem-se incapazes de aprender, procuram não mostrar o que sabem por que acham que não sabem nada. Um dos principais problemas enfrentados por esses profissionais é lidar com um grupo de crianças “homogêneo” do ponto de vista da descrença em sua capacidade para aprender e da condição social, pois em geral são crianças que circulam nas periferias das cidades, com uma condição social menos favorecida. Talvez pelo fato de esperarem passar mais uma vez por conteúdos total- mente alheios aos seus saberes, estes aprendizes inicialmente se recusam a participar das ativi- dades, sendo necessário um trabalho intenso de inclusão e envolvimento no projeto do ano, além de uma boa gestão da sala de aula. A experiência desses profissionais, em São Paulo, tem de- monstrado que é possível envolver um grupo de crianças num projeto de ensino e aprendizagem em que eles sejam os principais responsáveis pela sua execução e resultados. Para tanto, há que se reconhecer, o professor deve ter um perfil especial que envolve não só co- nhecimento do processo de aprendizagem do aluno, das características do objeto de ensino – no caso a língua escrita – e da didática, mas também o conhecimento da gestão de grupos marcados 1 Texto de Marly Barbosa, apresentado no Congresso Lectura y Vida, La Plata, 2008. pelo fracasso escolar. Este último aspecto é imprescindível ao professor porque é o ponto de parti- da para o trabalho, requerendo que se articule o aspecto cognitivo da aprendizagem com o afetivo. Portanto, é sobre ele que teceremos algumas considerações. A gestão da sala de aula exige do professor um amplo conhecimentosobre as modalidades orga- nizativas dos conteúdos, sobre a didática do ensino da língua portuguesa (LERNER, 2002, TEBEROSKY, & outros), sobre o processo de aquisição da língua escrita (FERREIRO & TEBEROSKY, 1979), e uma disposição para olhar para o seu grupo e identificar as necessidades de aprendizagem e de atenção requerida por cada um, para voltar a acreditar na escola. Além disso, demanda disposição para incentivar as crianças a escreverem sempre, seja qual for sua hipótese de escrita. Da mesma forma, pressupõe a necessidade de conhecer de perto a trajetória dessas crianças até a chegada na escola e paciência e tolerância com a família, ausente, na mai- oria das vezes. Por outro lado, significa capacidade de utilizar diferentes fontes de informação, uma variedade de materiais e situações didáticas, sem subestimar a capacidade de aprender do grupo. Ter uma boa gestão da sala significa, por um lado, parar tudo para uma roda de conversa que não estava prevista na rotina, mas que se fez necessária por uma atitude extrema de desrespeito, co- mo também “abrir mão” de chamar a atenção por pequenas inadequações buscando envolver o grupo nos trabalhos e não transformar a aula em “bronca”. Significa ainda, estar disposto a criar situações em que o grupo se torne valorizado pelos outros, imprescindível para a escola, que te- nha contribuições, que faça atividades que sejam úteis a todos. Enfim, o professor do PIC precisa criar situações didáticas que sejam capazes de deslocar seu grupo de alunos do destaque negati- vo, de quem atrapalha, é indisciplinado, não aprende, para um destaque positivo de quem faz coi- sas interessantes e bem feitas, de quem traz notícias culturais, de quem convida para uma saída etc. e, acima de tudo, de quem é capaz de aprender! O uso do material: um grande desafio, um grande problema para o professor O Projeto está organizado para destacar e valorizar este grupo de alunos e algumas iniciativas são propostas e incentivadas como: priorizá-lo nas saídas (visitas a museus, cinema, exposições etc.); oferecer uma grande diversidade de livros em geral com textos de longa extensão variando entre gêneros da literatura e outros: expositivos, de divulgação cientifica etc.; oferecer materiais de apoio como catálogos de museus, calculadoras e fitas métricas; produzir material específico com projetos e sequências didáticas articuladas às expectativas de aprendizagem e à faixa-etária dos alunos. Tomando como exemplo o que ocorreu numa escola, esta iniciativa causou impacto e era comum ouvir dos colegas: “a sala com os mais difíceis tem tudo novo, saídas culturais e os demais (os bons) nada!!”. Concretamente, não podemos deixar de aceitar o argumento de que todos deveriam ter direito a tudo, mas o fato de o grupo do PIC ter um destaque positivo preparado pela secretaria da educação acabou por ajudar a tirar estas crianças do já citado destaque negativo, do lugar da incompetência, da punição pela não aprendizagem... Mas como nem tudo são flores, os problemas começaram a aparecer e não foram poucos. (...) os espaços que a cultura não-escolástica criou para que a escrita circulasse, a utilização de outros espaços naturais da escrita dentro sala de aula, geraram muitos temores, porque parece que se ultrapassou uma fronteira. Quantos anos faz que falamos que a escola tem de se abrir para a realidade, deixar entrar a realidade, sair em busca da realidade, inclusive?Isso também não acontece, as fronteiras entre o que é próprio e inerente à escola e o que é exterior ainda estão muito marcadas. Se se admitem livros que não são didáticos, mas que podem ser utilizados didaticamente (mas que não se chamam livros didáticos), ocorre essa indefinição de fronteiras frente à qual sempre há sinais de alarme. Se entra um li- vro e esse livro pode ser controlado pelo professor, a coisa funciona, mas quando chegam muitos livros começa o problema. (FERREIRO, 2001:107,108). Neste trecho a autora fala da abertura da escola para o mundo exterior, da entrada de livros, mui- tos livros na escola e do impacto disso na ação do professor. Nessa experiência que estamos rela- tando, o uso do material não se restringia a um único livro, a um livro didático. Ainda que estivesse previsto um material específico, a ideia era que ele fosse um orientador para o professor, aliado a todos os demais materiais e orientações para o trabalho. Contudo, este foi um dos grandes pro- blemas, pois muitos professores utilizaram apenas o material do aluno. Quando utilizavam algum livro do acervo disponibilizado para as salas de aula, selecionavam os mais simples, por considera- rem que os alunos deviam primeiro se alfabetizar para depois fazerem uso do material. Aliado a isso, há o uso do livro de forma linear desconsiderando as necessidades de aprendizagem dos alunos. Articular o uso de uma variedade de materiais, desenvolvendo os conteúdos de leitura em diferen- tes modalidades organizativas do tempo didático (LERNER, 2002), de acordo com os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN 2 , 1998), numa rotina de trabalho partilhada com o grupo de alunos, exige, como já mencionamos, um amplo conhecimento por parte do professor. Como nos indica Ferreiro é importante que o professor não queira controlar o acesso a todo o material. Algumas das leituras podem ser realizadas por ele, outras pelos próprios alunos em situação de rodas de leitura, consulta e pesquisa. Há leituras, por sua vez, que podem ser feitas por outras pessoas que acom- panham o trabalho da classe. Contudo, sabemos que esta não é uma tarefa simples. No caso da sala de PIC um aspecto importante é garantir que essa rotina seja dinâmica, que tenha sempre novidades e seja articulada com uma intervenção constante do professor para garantir que 2 De acordo com os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: leitura colaborativa, leitura em voz alta pelo professor, leitura programada, leitura de escolha pessoal, leitura autônoma. Página 7 os alunos participem e acompanhem os objetivos das atividades ou projetos. Dizendo de outra forma, este aluno que tem um histórico de práticas menos reflexivas, mais passivas, acaba por perder o sentido final do trabalho mais rapidamente e é comum achar que as atividades são meras “lições” e tanto faz realizá-las. Para que não ocorra um abandono do processo de aprendizagem, pelo grupo, é importante que o professor construa situações em que os alunos controlem a realiza- ção da rotina, dos projetos. São situações em que eles tenham que tomar notas, planejar os traba- lhos a serem realizados e acompanhar a realização dos mesmos verificando prazos, tomando de- cisões etc. A conquista da constituição do grupo Um dos maiores problemas enfrentados pelas escolas é quando o professor que assume o PIC não o faz por escolha e, sim, pelo “acaso” da atribuição de aulas. É desejável que a escola como um todo assuma, ao formar uma sala de PIC, a responsabilidade pela aprendizagem dos alunos, que todos os professores partilhem de todo o processo envolvendo os demais alunos. Contudo, como contamos com uma realidade bem diferente em que professores não-titulares, que não per- tencem à escola, assumem o trabalho, o investimento na formação deste profissional é um dos pontos-chave do trabalho. Temos observado que, ainda que o professor não seja experiente nas questões de aprendizagem e didática, mas tenha um bom relacionamento com os alunos, e experiência com grupos com mais dificuldade para aprender, é possível que desenvolva um bom trabalho com o material de apoio. A partir da análise das condições de trabalho dos professores de PIC, das suas necessidades de aprendizagem e dos objetivos da formação para este projeto é que a Secretaria da Educação está organizando uma formação para estes professores com um desenho diferenciadoque envolve: 1. Ação de formação em serviço para todos os professores (mensalmente). 2. Acompanhamento em algumas salas de aula, tendo a atuação de uma formadora experi- ente junto ao professor, durante o planejamento e gravação do material audiovisual. 3. Produção de material audiovisual para reflexão sobre a intervenção com estes alunos. 4. Criação de um blog de professores que atuam nas salas de PIC para trocas permanentes, com a medição planejada de uma formadora, num determinado dia. 5. Sensibilização dos diretores para as salas de PIC numa tentativa de responsabilizar toda a escola na aprendizagem desses alunos e não apenas o professor do PIC. A sala de aula, uma experiência particular Em 2006, assumi uma sala com 28 alunos retidos na 4ª série no mínimo uma vez. O projeto previa a organização de salas com 25 alunos, contudo, eu recebi mais três que identifiquei com escrita não alfabética nas salas de 4ª Série / 5º ano daquele ano, um deles, inclusive, com escrita pressi- lábica. Os alunos tinham entre 10 e 15 anos 3 , eram agitados, brigavam muito e indispostos para a realiza- ção de atividades. Em geral, já tinham descoberto que a escrita tem uma relação com a fala, ape- nas três alunos apresentavam escritas mais iniciais, sendo que dois já utilizavam a letra inicial e a final de uma palavra. O que pude observar na ficha de avaliação que recebi dos colegas do ano anterior foi um desco- nhecimento dos saberes dos alunos e algumas contradições: Aluno: Ivan Ferreira idade 10 anos Frequência: regular Socialização / comportamento: é imaturo nos relacionamentos com a professora e os colegas. Nas situações de conflito faz birra ou recorre a força física, batendo nos colegas. Rendimento escolar / aprendizagem Está apresentando uma escrita alfabética com erros ortográficos e dificuldades na produção de textos. Começou a segmentar as palavras nas frases agora. Começou a ler recentemente, às vezes não entende o que lê. Apresenta muitas dificuldades em Matemática. Motivo da ( ) aprovação (x) retenção Não está alfabetizado Obs: é bastante carente, sua família tem dificuldades socioeconômicas sérias. Sua mãe demons- tra-se confusa e pouco protetora. Portanto estes alunos tinham toda a condição para avançarem em seus conhecimentos e precisa- vam apenas constituir-se como um grupo para aprenderem juntos. Uma das primeiras ações que realizei foi entrevistar todos os alunos e pais anotando informações importantes sobre suas vidas. Com isso fiz um quadro da sala que me ajudou a relativizar algumas inadequações de comportamento deles por saber das condições de vida, buscando, outras formas de intervir. O que contribuiu muito para oferecer modelo de como conviver foram as saídas da es- 3 4 com 10 anos, 14 com 11 anos cursando a 4ª serie pela segunda vez, 7 com 12 anos e pela terceira vez na 4ª serie, 1 com 13 anos e há 4 anos na 4ª série, 2 com 14 anos que há sete anos cursavam o ensino fundamen- tal I. cola com esta turma. Realizei oito saídas no ano (museus, cinema, exposição, escola vizinha, bi- blioteca do bairro). Essas situações contribuíram tanto para extravasar as energias quanto para oferecer um novo olhar para os conteúdos estudados. Os materiais, os muitos livros utilizados foram fundamentais em todo o processo e a partir deles diversos murais foram elaborados, inúmeras dicas de leitura foram apresentadas nas demais salas entre outras ações de leitura e escrita relacionadas aos projetos. Durante o ano desenvolvi os projetos JOGOS, CONTOS DE ASSOMBRAÇÃO, POVOS DO BRASIL. Todos eles envolviam a leitura e a escrita, fundamentalmente. Vou comentar uma das ações com esta sala que, particularmente, me marcou muito. O material do aluno prevê um projeto com jogos para o trabalho de construção da escrita, conside- rando, pelo seu perfil – idade e gostos – que dificilmente se envolveriam em textos do universo infantil. A ideia de inventariarmos os jogos conhecidos e aprender alguns novos foi bem recebida pelo gru- po, contudo, a elaboração do produto final proposto pelo material - a organização de um livro com as instruções dos jogos – seria inviável, tanto porque naquela época do ano a turma ainda tinha muita dificuldade de se vincular em projetos mais longos, pois perdiam a ideia de que estavam trabalhando por um produto final, quanto pelo fato de que construir um livro de regras de jogos, na minha opinião, descaracterizaria o contexto de produção do gênero: instrução de jogo. Visto que, geralmente, as instruções acompanham os jogos e são utilizadas na hora de jogar e não costu- mam ser organizadas em livros. Após esta análise resolvi fazer algumas sessões de jogos em sala e depois, com a professora de outra sala de PIC, planejamos jogar com as famílias. O dia foi muito esperado: fizemos os jogos, com suas respectivas instruções, preparamos os convi- tes para os familiares e a sala, em que cada detalhe foi pensado... era um DIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA para todas as salas e na nossa seria um salão de jogos. Para nossa surpresa as crianças foram chegando, alguns faltaram, e nenhum pai, mãe ou tio, compareceu... ficamos desesperadas ao ver os alunos ali sem ter com quem jogar. Até que tivemos a ideia de explicar a eles que como esta- vam se preparando para irem para o nível II, iríamos convidar alguns dos alunos deste nível para jogar com eles, afinal eles seriam em breve colegas. Foi o que animou o grupo, os jogos transcor- reram normalmente e ninguém tocou no assunto da ausência da família - nem nós, nem eles. Este foi sem dúvida um dos mais importantes aprendizados que tive neste ano: a escola precisa saber lidar com crianças que estão sozinhas na vida, que cotidianamente a reproduzem à revelia de quem as colocou no mundo. Este é o grande desafio da formação de professores, que iremos enfrentar neste ano: lidar com a gestão de um projeto pedagógico que exige de quem o coordena mais do que um conhecimento sobre os processos de aprendizagem e a didática da alfabetização, uma disposição para devolver a palavra a quem durante a vida toda tem sido silenciado. O curso para professores do PIC é um convite para compartilhar esse desafio e também para o compromisso de assegurar condições igualitárias a todos os alunos. A seguir, apresentamos a proposta de curso para professores e o cronograma preliminar do curso para os formadores. Plano de formação do curso para professores Justificativa De acordo com os dados da avaliação de aprendizagem de 2008, dos 177.194 alunos matriculados na 3ª série do Ciclo I nas escolas estaduais paulistas pertencentes à COGSP, 15.390 ainda teriam hipótese de escrita não-alfabética, o que se traduz por um descompasso com a expectativa da série e da idade. Na 4ª série, a situação não era diferente. Dos 175.532 alunos matriculados na 4ª série do Ciclo I, cerca de 13.752, ainda não escreviam alfabeticamente. Quadro semelhante a esse se repetia nos anos anteriores. Para fazer frente a essa realidade e atender as especificidades do processo de aprendizagem dos alunos, a SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO desenvolveu a presente proposta de intervenção cujo objetivo é prover condições para os alunos avançarem por meio de: Definição de uma sala de aula com número reduzido de alunos, dando ao professor melhores condições de avaliação processual e de acompanhamento pedagógico; Horário de trabalho extra-sala de aula para o professor se preparar para as aulas; Material didático específico com conteúdo adaptado que contempla parte dos conteúdos de 3ª e 4ª séries, sem desconsiderar as expectativas de aprendizagem das séries iniciais que ainda não foram alcançadas por esses alunos. Entretanto, os resultados de 2008 apontam que 30% dos alunos das 3ªsséries PIC pesquisadas não atingiram a hipótese de escrita alfabética. Da mesma forma, 17% dos alunos matriculados em classes do PROJETO INTENSIVO DO CICLO (4ª séries) não atingiram as expectativas de aprendizagem previstas para o ciclo, não podendo seguir seu percurso escolar sabendo ler e escrever. Esses resultados apontam para o sucesso do investimento, visto que a maioria dos alunos atingiu as ex- pectativas, mas chama a atenção para as necessidades que se impõem na conquista da meta de 100% de alunos alfabetizados antes da 4ª série, evitando que o atraso crie para os alunos proble- mas de continuidade em seus percursos de aprendizagem na 5ª série e seguintes. Justificam os resultados – bons, mas ainda não suficientes – a falta de formação específica dos professores, muitas vezes despreparados para assumir uma sala de aula com tantos desafios, tendo que desenvolver suas aulas a partir de um material didático do qual ainda não tem total a- propriação. Além disso, destacam-se também os problemas de auto-estima e de confiança dos alunos que, como já citado, passado o tempo, não se sentem mais capazes de aprender. Para fazer frente a essa realidade, a SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO se propôs a iniciar, no 2º semestre de 2009, uma formação específica para os Professores Orientadores da Oficina Pedagó- gica -PCOP, visando o atendimento aos professores que atuam com os alunos que ainda não atin- giram as expectativas de aprendizagem para a série e / ou ciclo, para que estes possam acompa- nhar de perto a evolução progressiva dos alunos, criando referências para as intervenções que se fazem necessárias para seu avanço. A seguir, o plano da formação que será desenvolvida ao longo do curso. I. Objetivos Gerais: Subsidiar os professores de PIC para que possam fazer frente às metas da Secretaria da Educação 4 . Recuperar a aprendizagem de leitura e escrita dos alunos do PIC. Promover o aprofundamento de conhecimento acerca dos processos de ensino e de a- prendizagem da língua escrita nas séries iniciais, considerando as dificuldades de aprendi- zagem dos alunos das salas de PIC. Específicos: Sensibilizar os professores de PIC para o atendimento aos seus alunos reconhecendo seus saberes e suas necessidades de aprendizagem; Analisar práticas de linguagem sugeridas nos materiais didáticos do PIC de 3ª e de 4ª sé- ries e no cotidiano escolar, de modo a favorecer a construção de conhecimentos sobre a língua e a linguagem; Sensibilizar os professores de PIC para o valor das interações entre os alunos no processo de aprendizagem e de ensino; Sensibilizar os professores de PIC para a importância de trabalhar com situações de a- prendizagem complexas, tendo em vista a necessidade de manter o desafio no limite supe- rior do possível para seus alunos; Propiciar o uso dos conhecimentos sobre a psicogênese da Língua Escrita de modo con- textualizado, nas hipóteses e nas análises das escritas dos alunos; Construir referências para o planejamento de boas intervenções e modos de agrupamento para apoiar o professor na promoção de avanços na escrita e na leitura dos alunos de sua turma; 4 Alfabetizar, até 2010, a todos os alunos com idade de até oito anos do Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de Ensino. Apoiar professores e coordenadores pedagógicos (PCs) na organização dos conteúdos nas diferentes modalidades, ressaltando o desenvolvimento de projetos didáticos, favore- cendo uma rotina de aula mais produtiva; Refletir sobre modos de validar os conhecimentos do grupo e promover interações que fa- voreçam as trocas, dando visibilidade às novas aprendizagens dos alunos. II. Conteúdos a. Expectativas de aprendizagem em Língua Portuguesa para o PIC: o que são e para que servem. b. Especificidades do perfil dos alunos de PIC. c. Pressupostos teóricos: 1. concepção de língua, de linguagem e de aprendizagem; 2. psicogênese da língua escrita; 3. didática da língua escrita. d. Aspectos metodológicos: 1. movimento metodológico das práticas de linguagem: como se ensina a ler e a escre- ver; 1.1 modalidades organizativas do tempo didático; 1.2 papel da interação no processo de aprendizagem; 1.3 elaboração de boas situações de aprendizagem; 1.4 organização do tempo e do espaço – as diferentes possibilidades de gestão de aula – e seu papel na aprendizagem dos alunos; 1.5 situações de escrita, de produção de textos orais e escritos e de leitura, como espa- ço específico de reflexão para aprendizagem do sistema de escrita e da linguagem. III. Natureza da formação É muito importante compartilhar com o grupo toda a sequência das aulas do curso para que os professores possam ter uma visão não só do conjunto, mas também do tempo de cada discussão. É importante que eles reconheçam que: vamos sempre considerar que cada aula do curso foi pensada para resolver um problema da gestão das aprendizagens dos alunos no PIC. Por isso, tomaremos como princípio a cada aula a postura interrogativa, precisamos nos fazer a seguinte pergunta: que proble- ma(s) do PIC estamos procurando resolver com a aula de hoje? o curso é teórico-prático, o que significa que todas as reflexões estão articuladas às práti- cas de sala de aula e servem exclusivamente para subsidiar o trabalho com os alunos que nesse momento mais precisam da ajuda especializada do professor; a sequência das aulas acompanha o desenvolvimento de um semestre de aula: começa- mos com a avaliação inicial, avançamos para a construção de algumas situações didáti- cas que podem dar contextos às intervenções necessárias, avaliamos ao final, etc. Por- tanto, participar do curso é uma forma de manter atualizado o seu próprio planejamento de aulas; o curso tem metas claras voltadas para o ensino e a aprendizagem dos alunos do PIC. Espera-se que o mesmo dê subsídios suficientes para que os professores possam condu- zir melhor suas aulas tendo em vista algumas metas de aprendizagem, como consta nas expectativas das respectivas séries. IV. Sequência de aulas Encontro 1: O que sabem os alunos sobre a escrita Mais importante do que saber os nomes das hipóteses que as crianças consideram em um da- do momento é saber como elas refletem sobre o sistema de escrita. Nesse encontro, os pro- fessores serão convidados a investigar o pensamento das crianças na passagem da hipótese silábica para a alfabética, momento crucial no processo de alfabetização. Vão compreender como as trocas de letras que as crianças fazem revelam um tipo de reflexão com as quais bus- cam compreender como é possível separar, na escrita, as letras que elas escutam simultane- amente, como se fosse um acorde musical. Para os professores do PIC esse encontro será útil para interpretar as escritas infantis nas situações de sondagem, podendo ainda discutir: Conceitos: representação, sistema de representação e sistema de escrita. Hipóteses de escrita: estudos mais recentes de Emília Ferreiro e seu grupo. O nome e outros referenciais de escrita. Procedimentos para a realização da sondagem e o uso dos dados revelados por ela (aplicação, leitura, análise e encaminhamento). Critérios para o planejamento de situações didáticas envolvendo a escrita (livro do PIC). Encontro 2: Gestão da sala do PIC Conhecer como os alunos pensam a escrita e reconhecer o que é necessário propor são co- nhecimentos fundamentais ao professor. Mas, para saber como intervir é preciso também pla- nejar os modos de organizar o tempo e o espaço da sala de aula. Nesse encontro, os profes- sores do PIC terão espaço para discutir possibilidades de gestão de sala de aula com o intuito de viabilizar o acompanhamento mais individualizado dos alunos que mais necessitam da pre- sença do professor e, ao mesmo tempo, o trabalho das demaiscrianças do grupo. Discutirão algumas orientações específicas como: a organização da roda com as crianças para discutir assuntos da vida em grupo; agrupamentos para as atividades de escrita; diversidade de pro- postas para diferentes alunos da turma; organização da sala para as discussões coletivas so- bre como se escreve ou sobre os assuntos que estão envolvidos no projeto da sala. Será o momento mais oportuno para discutir: As condições didáticas para aprender a ler e a escrever. A gestão da aula: agrupamentos, discussões coletivas, propostas alternativas, consig- nas diferentes para grupos diferentes. Gestão do espaço e gestão do tempo: proposta de rotina e a importância das modali- dades de organização do tempo didático. Estudo de situações problema que levem o professor a pensar nos agrupamentos e nos critérios de gestão de sala para algumas atividades específicas. Orientações didáticas para o uso do livro do PIC. Encontro 3: Gestão da aula para as atividades de escrita Dando continuidade aos estudos sobre o processo de aquisição do sistema de escrita, nesse encontro os professores analisarão situações didáticas a fim de serem subsidiados para o pla- nejamento e o desenvolvimento de propostas de escrita para a sua turma: Os modos de organização de sub-grupos: critérios e tarefas de escrita em função do que sabem os alunos e do que podem avançar. Condições didáticas para a escrita: o papel da lista de nomes da sala como condição didática para que os alunos possam refletir sobre outras escritas. Discussão e planejamento das intervenções do professor: a troca de saberes no gru- po. Reflexão sobre o que o professor precisa assegurar para que os alunos possam saber mais sobre os assuntos estudados no projeto didático. Encontro 4: Por que trabalhar por projetos didáticos? Refletir sobre o funcionamento do sistema de escrita é fundamental, mas, é importante tam- bém considerar que o contexto altera significativamente a produção das crianças tanto nas si- tuações de escrita quanto de leitura. Para discutir esse assunto, os professores tematizarão uma proposta didática que visa contextualizar a escrita e a leitura. Os professores de PIC po- derão refletir sobre as possibilidades de trabalho com a escrita a partir de um propósito claro e compartilhado no grupo. Ao final, refletirão sobre as possibilidades que esse tipo de trabalho pode criar aos alunos do PIC. Nesse encontro terão a oportunidade de: Discutir as ideias da Mirta Castedo e da Delia Lerner sobre o porquê é melhor traba- lhar conteúdos da língua nos projetos. Discussão sobre o papel da escrita como meio e não como fim. Levantar as características dos projetos didáticos que contextualizam as situações comunicativas envolvendo a leitura e a escrita (ver conceito de projeto da Delia) Analisar situações didáticas de leitura e escrita no contexto dos projetos. Estudar alguns dos projetos do livro do PIC. Encontro 5: Planejamento e intervenções de situações didáticas de escrita Sabemos que os alunos do PIC necessitam praticar muito a escrita para recuperar o tempo perdido e avançar em seu percurso de aprendizagem. Por isso, será necessário planejar boas situações de escrita, ora aproveitando as sugestões apresentadas no material do aluno, ora complementando os projetos com outras propostas de escrita, desafiadoras para os alunos do PIC. Essa é a proposta do 4º encontro de formação. Nesse encontro, os professores poderão discutir: A escrita na sala de PIC. Critérios para se pensar boas propostas. O que significa tratar da escrita como forma de interação, com propósitos comunicati- vos claros, e não como um fim em si mesma. O papel do nome como referencial privilegiado na construção da escrita. O uso de letras móveis. Propostas e intervenções do professor a partir das situações criadas nos projetos e de algumas situações vividas em sala de aula. Tematização das atividades prototípicas “qual é qual” e “onde está”. Orientações para o planejamento de novas propostas de escrita pela criança nos pro- jetos didáticos em curso nas salas de PIC. Encontro 6: Os conteúdos envolvidos na prática de leitura A experiência com os alunos do PIC (mas não só com eles) tem mostrado que a clareza sobre os conteúdos envolvidos na prática de leitura e escrita alteram, consideravelmente, a qualidade de suas produções e, consequentemente, de suas aprendizagens. No encontro 3 os professores terão podido reconhecer como os projetos de leitura e escrita criam bons contextos para as situações comunicativas. No encontro 4, planejar boas situações de es- crita contextualizadas nas diferentes práticas sociais. No encontro 5, os professores pode- rão refletir sobre outros contextos possíveis para significar as atividades de leitura e de es- crita, muitos deles propostos nos projetos e sequências didáticas presentes nos materiais do PROGRAMA LER E ESCREVER. Neste encontro, vamos discutir a importância de se consi- derar os conteúdos envolvidos na leitura: comportamentos leitores, capacidades e proce- dimentos, ao planejar as atividades, no contexto dos PROJETOS ANIMAIS DA MATA ATLÂNTICA E JOGOS. Nesse encontro, os professores poderão discutir: O que significa tratar a leitura na sua complexidade como prática social. O que é ambiente alfabetizador. Quais são os conteúdos de leitura a serem trabalhados na escola e sua presença nos materiais do PROGRAMA LER E ESCREVER. Análise de atividades de leitura. Encontro 7: O trabalho com os textos literários Ler todos os dias, em sala de aula, é uma atividade imprescindível para a formação do leitor na escola. Já sabemos que a prática de leitura implica o desenvolvimento de capacidades e procedi- mentos de leitura, assim como de comportamentos leitores. No entanto, não é qualquer modalida- de didática que é adequada para se trabalhar com os diferentes aspectos envolvidos na leitura. Neste encontro, os professores poderão discutir: Conhecimentos envolvidos nas práticas de leitura, com foco para o comportamento leitor. Modalidades de leitura e o seu papel nos diferentes conteúdos propostos. As finalidades de leitura: a leitura em diferentes contextos. As especificidades do texto literário: critérios de seleção de livros. Encontro 8: A prática de produção de textos Neste encontro, os professores poderão refletir sobre os conteúdos envolvidos na prática de produção de textos. A partir da análise da produção de uma curiosidade, por alunos de 4as sé- rie, serão enfocados o os princípios didáticos e as condições necessárias à aprendizagem na produção de texto. Deverá envolver, ainda, estudos a respeito do conceito de contexto de pro- dução e a análise de projetos de produção escrita do material do PROGRAMA LER E ESCREVER. Também serão discutidos: O movimento metodológico que envolve a produção de textos para os alunos, desde o momento em que a professora trabalha com a análise do modelo-referência, do gênero a ser produzido, até a produção individual do aluno. As propostas de produção de textos do material do LER E ESCREVER. Encontro 9: A prática de Análise linguística Para os alunos do PIC, a oportunidade de ler e escrever em diferentes contextos nos quais possam expor seus conhecimentos é fundamental, tanto para a valorização dos saberes que eles têm, quanto para que reconheçam a diversidade de situações comunicativas, adequando as formas de comunicação. Aprender a escrever supõe aprender a deixar os textos cada vez mais bem escritos, o que envolve um conhecimento sobre a revisão tanto durante a produção, quanto ao final, além de muitos outros. A partir de uma publicação do texto, por exemplo, exige um certo grau de revisão que passa, necessariamente, por perguntar se é assim que se escre- ve, se está certo ou errado, qual expressão ficamelhor, considerando o contexto em que o tex- to circulará etc. Nesse encontro, os professores vão tematizar a revisão de textos com um exemplo de sala de aula em que a professora propõe a revisão de um relato de experiência vivida. Poderão ainda discutir: A revisão como parte do processo de produção de textos. O papel do modelo na revisão de texto. A diferença entre a finalidade e os processos da revisão no âmbito da língua e da lin- guagem, apontando caminhos para as intervenções dos professores. Situações didáticas de análise e reflexão sobre a língua e a linguagem. Encontro 10: Situações didáticas de leitura, produção e revisão de textos Para finalizar o curso, os professores vão tematizar atividades de leitura, produção e revisão de textos, no projeto Crianças como Você, para analisar todas as condições didáticas necessá- rias para que as crianças avancem no conhecimento sobre a lingua e linguagem. Para os pro- fessores o interessante é discutir alguns mitos e incorreções da prática de revisão em textos articulada à prática de produção e leitura. Poderão ainda discutir: Novas questões conceituais sobre a revisão de linguagem em um texto produzido pe- los alunos de 4ª série PIC, mostrando o que eles já sabem e o que os professores da 5ª série devem cuidar para a continuidade das aprendizagens dos alunos. Exemplos da prática de revisar textos no processo de escrita: relato, estudo da biogra- fia (pequena apresentação como no livro crianças como você). As questões sobre o ensino e a aprendizagem da ortografia. Avaliação Ao longo do curso, os professores participarão de algumas situações que contribuirão para a construção de uma avaliação final que deve dar conta de verificar os conhecimentos dos mes- mos sobre: Que atividades podem servir aos propósitos de avaliação dos alunos do PIC. O que significa avaliar no processo da alfabetização, que expectativas priorizar para avaliar estes alunos. Leitura e análise dos dados de sondagem com vistas às intervenções didáticas. Planejamento de intervenções pedagógicas para a continuidade dos alunos no ano seguinte. Critérios para a organização de relatório dos avanços do aluno, recomendações aos próximos professores etc. V. Material de apoio Todo o curso está organizado em torno de materiais de apoio – textos, orientações de atividade e vídeos – especialmente preparados para os objetivos específicos do PIC. Os formadores do PIC receberão formação específica e orientações diretamente da equipe central de coordenação do projeto. Durante os encontros serão apresentados propostas das aulas do curso para que sejam avaliadas pelos formadores, que poderão mandar antecipadamente suas contribuições, para organização do material escrito. Além do material organizado, os formadores também terão acesso ao ambiente virtual para a inte- ração entre seus pares e para esclarecer dúvidas e receber apoio na medida da sua real necessi- dade. Neste espaço virtual e durante os encontros presenciais, os formadores poderão, ainda, discutir detalhes do planejamento de cada aula, aproveitando o tempo da formação para se prepa- rar em conjunto com os demais formadores. Os alunos, por sua vez, receberão de seus formado- res um material de apoio para cada aula. Veja a seguir, na Parte 2, os modelos de aula do curso para professores. Curso para formadores - sequência dos encontros do formador 1ª fase (30h) Objetivos: apresentar a estrutura do curso PIC para Ler e Escrever; compartilhar metas e levantar pontos para a avaliação da formação; compartilhar o plano da formação; conhecer o material e planejar as primeiras aulas do curso; Outubro Novembro Dezembro Total Encontro 1 (4h): Apresentação do curso e cons- trução do plano de formação Estudo dos materiais do Ler e escrever Encontro 2 (4h): Planejamento da aula 1 Encontro 3 (4h): Estudo dos materiais do Ler e escrever Planejamento da aula 1 Encontro 4 (3h): Estudo dos materiais do Ler e escrever Planejamento da aula 2 Encontro 5 (3h): Estudo dos materiais do Ler e escrever Planejamento da aula 3 Encontro 6 (3h): Estudo dos materiais do Ler e escrever Planejamento da aula 4 Encontro 7 (3h): Estudo dos materiais do Ler e escrever Planejamento da aula 5 Encontro 8 (6h): Planeja- mento da aula 6 Distribui- ção dos materiais 30h. 2ª fase (30h) Objetivos: planejar as aulas 8, 9 e 10 do curso para professores do PIC; supervisionar a realização dos primeiros encontros; tematizar estratégias e a condução dos formadores; tematizar e socializar boas práticas formativas nas diferentes diretorias; acompanhar os resultados da formação e dos alunos de PIC. Bibliografia BAKHTIN, Mikhail. 1952-1953 “Os gêneros do discurso”. IN: Estética da criação verbal: 277-326. São Paulo: Martins Fontes 2ª edição, 1997. BRÄKLING, Kátia Lomba. “O contexto de produção de textos”. IN. Oficina Cultural 4. Lendo e pro- duzindo Textos Acadêmicos. Momento I. PEC – Formação Continuada São Paulo (SP) SME/PUC/USP/UNESP/ Fundação Vanzolin, 2001-2002. __________ “A noção de gênero”. In Oficina Cultural 4. Lendo e Produzindo Textos Acadêmicos. Momento 1. PEC- Formação Continuada. São Paulo (SP): SME/PUC/USP/UNESP/Fundação Van- zolini, 2001-2002. FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1991. ___________ Cultura escrita e educação. Porto Alegre: Artmed, 2001. ___________ Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1987. ___________ & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1991. ____________ O texto na sala de aula. São Paulo: Ed. Assoeste, 1985. (Foi publicado também pela Ática, mais recentemente). GOODMAN, Kenneth S. “O processo de leitura: considerações a respeito das línguas e do desen- volvimento”. IN FERREIRO, E. E PALACIOS, M.G. Os processos de leitura e escrita. Novas Pers- pectivas. Porto Alegre (RS): Artmed; 1989. KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas (SP): Pontes, 2000. LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE/CENP, 2004. SEE, Letra e Vida, São Paulo: 2003. SMITH, Frank. Leitura significativa. Porto Alegre: Artmed, 1999. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed,1998.
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