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Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB) A informação possui um papel estratégico dentro dos processos de tomada de decisão, no entanto, ainda é possível observar a existência de diversas dificuldades em acessar e tratar os dados de forma adequada, disponibilizando informações necessárias no processo de trabalho em saúde, em momento oportuno, bem como a falta de articulação que há entre os processos de planejamento e gestão da saúde com os próprios sistemas de informação (VASCONCELLOS et al., 2002). Os sistemas de informação em saúde objetivam processar, armazenar, coletar e disseminar dados, auxiliando a gestão e possibilitando o aprimoramento das ações por ela desenvolvidas, uma vez que são capazes de oferecer suporte ao processo decisório em saúde (MARIN, 2010; CAVALCANTE; SILVA; FERREIRA, 2011). Para auxiliar os profissionais no planejamento, bem como na tomada de decisões relacionadas à gerência e à assistência aos pacientes, os sistemas devem disponibilizar informações adequadas, potencializar a comunicação e promover a segurança necessária no ambiente organizacional (CAVALCANTE et al., 2012). Além disso, quando o sistema é utilizado de forma adequada, também pode promover a redução da dependência de papéis, principalmente, quando pode contar com um aparato tecnológico capaz de converter para a forma eletrônica as informações necessárias para o processo de trabalho, promovendo melhorias na atuação dos profissionais da saúde e, ainda, gerando redução de custos para a gestão (GUTIERREZ, 2011). Logo, a informação é capaz de promover a aceleração do processo de identificação de problemas e de potencializar a resolubilidade das situações que venham a se apresentar, nos mais diversificados cenários. Inclusive, a informática se tornou o meio mais eficaz de disseminação dessa informação. Assim, reconhece-se a importância da informação e da informática no apoio à gestão do trabalho em saúde de forma cada vez mais significativa (BRASIL, 2012). Desse modo, por meio da implantação de um sistema de informação em saúde, possibilita-se a comunicação entre profissionais e gestores, permitindo discussões, relacionamentos múltiplos, além de minimizar o impacto das barreiras culturais, da infraestrutura física e da distância, maximizando a troca de informações e a aquisição de conhecimentos que possam elevar a qualidade do cuidado prestado à população (SILVA, 2012). Além disso, junto com a sociedade, os sistemas de informação em saúde também evoluem rapidamente. Com o surgimento das inovações tecnológicas, evoluem os conceitos, as formas de armazenamento, processamento e disseminação da informação, para que possam ser utilizadas da melhor forma possível pelos diversos públicos, diminuindo suas formas fragmentadas, algo ainda muito presente na realidade do Brasil (BRASIL, 2009). O SIAB (antigo sistema de informação em atenção básica) contribuiu significativamente para facilitar a tomada de decisão e forneceu dados que agilizavam o processo de trabalho dos gestores e profissionais da saúde. Mas, o sistema SIAB estava obsoleto e havia a necessidade de melhoria estrutural em aspectos como: a unificação dos dados, a informatização do sistema, a inclusão de outras áreas da atenção básica no cadastro de informações (BRASIL, 2014). A reestruturação do SISTEMA DE INFORMAÇÃO em saúde ( antigo SIAB era necessária para que ocorresse uma mudança, mudança essa que foi orientada por meio de diretrizes alinhadas com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), a Política Nacional de Saúde Bucal, o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ), o Programa Saúde na Escola (PSE), a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS), o Plano Estratégico de e-Saúde no Brasil e a integração aos sistemas de informação que compõem as Redes de Atenção à Saúde (RAS) (BRASIL, 2014B). O Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) foi instituído pela Portaria GM/MS nº 1.412, de 10 de julho de 2013, passando a ser o sistema de informação da Atenção Básica vigente para fins de financiamento e de adesão aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica, substituindo o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). O SISAB integra a estratégia do Departamento de Saúde da Família (DESF/SAPS/MS) denominada e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), que propõe o incremento da gestão da informação, a automação dos processos, a melhoria das condições de infraestrutura e a melhoria dos processos de trabalho. Além do SISAB, temos os sistemas e-SUS AB para captar os dados, que é composto pelos sistemas de software que instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos no SISAB. São eles: 1) Coleta de Dados Simplificado (CDS); 2) Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e 3) Aplicativos (App) para dispositivos móveis, atualmente disponível: app AD (Atenção Domiciliar). Com o SISAB, será possível obter informações da situação sanitária e de saúde da população do território por meio de relatórios de saúde, bem como de relatórios de indicadores de saúde por estado, município, região de saúde e equipe. O ponto inicial dessa estratégia é o registro das informações em saúde de forma individualizada, para que seja possível realizar um futuro acompanhamento do histórico de atendimentos de cada usuário, assim como da produção de cada profissional da Atenção Básica (AB). Avanços na Estratégia e-SUS no contexto do Sistema de Informação em Saúde O e-SUS-AB é um software que tem o objetivo de simplificar a coleta, a inserção, a gestão e o uso da informação nesse nível da atenção, exerce função vital na rede de informação do SUS, já que atua na porta de entrada da atenção (BRASIL, 2013b). O e-SUS eletrônico pode ser utilizado pelos profissionais da AB, em todos os pontos da atenção nesse nível, essa integração beneficia usuários e profissionais, tais como: as equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), equipe de Consultório na Rua (CnaR), equipes da Atenção Domiciliar (AD), assim como as ações realizadas no âmbito do Programa Saúde na Escola, no Programa Academia da Saúde e desenvolvidas pelas Equipes de Saúde no Sistema Prisional (ESP). Essa capilaridade viabiliza o acesso aos dados, padroniza as informações, contribui para melhoria da assistência e facilita a inclusão dos dados com o Departamento de Informática do SUS (DATASUS)(BRASIL, 2013b). A coleta de dados por meio da estratégia e-SUS AB é realizada através de dois sistemas de softwares, composto pelo Sistema com Coleta de Dados Simplificada (CDS), que possui como instrumento de coleta de dados fichas para o registro das informações colhidas; e pelo sistema com Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) O e-SUS AB ainda traz consigo a integração dos diversos sistemas de informação oficiais existentes na AB, reduzindo a necessidade de registrar informações similares em mais de um instrumento (fichas/sistemas), o que otimiza o trabalho dos profissionais, o uso da informação para a gestão e qualificação do cuidado em saúde (BRASIL, 2014A). A implantação do e-SUS AB representa um importante avanço na qualificação e no uso da informação registrada durante as ações de saúde desenvolvidas na AB. Desafios na implantação da Estratégia e-SUS AB A implantação do e-SUS encontra muitas barreiras, sendo a estrutura das unidades de saúde a maior delas. O último censo revelou que 52,9% das UBS possuem computador, porém apenas 36,7% têm acesso à internet (BRASIL, 2013b). Dentre os obstáculos encontrados para a implantação e utilização do e-SUS AB pelos profissionais de saúde, estão: o despreparo inicial dos profissionais para o preenchimento adequando das fichas, dificultando a atualização dos dados no sistema; computadoresinadequados para uso e a impossibilidade de edição dos dados já cadastrados no e-SUS AB (OLIVEIRA et al., 2016). Destarte, é importante capacitar os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com suas necessidades, para a utilização do e-SUS, a fim de evitar erros que dificultam a atualização e manutenção do sistema, pois o processo de informatização é contínuo e gradativo, proporcionando aos profissionais uma atuação mais resolutiva. Contudo, Neves, Montenegro e Bittencourt (2014) destacam a importância de maiores investimentos em informática nas UBS, possibilitando aos profissionais a consulta de assuntos que auxiliam na tomada de decisões através da interpretação e análise dos dados, na prestação de uma assistência adequada aos usuários e nos processos de referência e contrarreferência. Outro desafio apresentado à sua efetiva operacionalização é a inexistência de cartão SUS por parte de alguns usuários. Embora não impeça o atendimento ao usuário, essa situação é impeditiva de que haja o registro da informação, gerando subnotificação dos atendimentos.
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