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1
ELABORAÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO DO PROJETO DE PESQUISA1
 
Na seqüência da montagem de um projeto de pesquisa, o estudante, após 
definir um tema e um problema de pesquisa e realizar o levantamento 
bibliográfico, tem pela frente uma trabalhosa, porém muito importante tarefa: 
estudar o material bibliográfico selecionado e relatar sua compreensão do mesmo 
no capítulo chamado “Referencial Teórico” ou “Revisão da Literatura”. 
A finalidade do referencial teórico é a de apresentar, de maneira sintetizada, 
analítica, organizada e original, os estudos já realizados por outros autores sobre 
o tema e, mais precisamente, sobre o problema que é objeto de investigação no 
projeto de pesquisa. 
O capítulo do referencial é muito importante no projeto, para que o 
pesquisador mostre que tem um domínio sobre o assunto, obtido pelo 
conhecimento das principais descobertas relatadas nos estudos existentes e que 
está apto para avançar na pesquisa. É o referencial teórico do projeto que 
apresenta as principais sustentações científicas do projeto, indicando que o autor 
não está se baseando em impressões ou opiniões sobre o assunto investigado, 
mas utilizando os conceitos e teorias reconhecidos nos meios acadêmico e 
científico. 
Os conceitos e teorias selecionados para o referencial teórico servem 
também para um momento posterior, quando a pesquisa planejada no projeto for 
executada e os dados de campo coletados. O referencial teórico permitirá ao 
pesquisador, neste momento, analisar com base científica os dados coletados, 
confrontando-os com o que dizem as teorias e estudos apresentados. Isto 
permitirá que o pesquisador não se limite a uma mera descrição dos fatos 
investigados, mas faça uma reflexão sobre o seu significado diante do estado 
atual do conhecimento existente. 
Observaremos agora as etapas mais importantes na elaboração de um bom 
referencial teórico, começando pela síntese das informações reunidas nos 
documentos consultados. 
 
Síntese das leituras 
 
Após a seleção criteriosa do material bibliográfico, junto ao orientador do 
projeto, é preciso realizar uma leitura trabalhada dos textos, de modo a retirar 
suas idéias fundamentais. Não existe uma fórmula precisa para fazer a síntese de 
um texto. Isto depende da complexidade do assunto desenvolvido e do estilo de 
redação do autor que está sendo lido, fatores que interferem bastante no nível de 
clareza e de profundidade dos textos consultados. 
Os fichamentos representam uma importante forma de organização das 
informações dos textos consultados. Geralmente, a tentativa de escrever um 
referencial teórico sem tal organização prévia de informações resulta em um texto 
confuso, com informações desconexas que não chegam a lugar algum. É muito 
 
1 Texto de apoio da disciplina TCI, elaborado pela professora Vania Martins dos Santos. Duque de Caxias, 
2009. 
 2
comum que, nestas condições, o estudante sinta-se perdido e incapaz de concluir 
o capítulo. 
O fichamento é uma técnica de registro dos dados relevantes de um 
documento lido. 
Nos artigos, que são textos mais curtos, pode-se tentar um fichamento a 
partir de uma determinada estrutura para selecionar e registrar as informações 
lidas. Não há garantias de que um modelo de fichamento funcione melhor do que 
outro. Conforme nos habituamos à leitura de textos científicos, temos condições 
de escolher melhor os modos mais eficientes de extrair destes textos as 
informações importantes. Um modelo possível de fichamento apresenta os 
seguintes itens: 
 
a) Referência completa do texto (autor, título, nome e número da revista 
científica, informações do congresso onde foi apresentado, etc.): para 
elaborar esta parte, é preciso consultar as normas de referências 
bibliográficas do Manual de Normalização indicado pelo orientador. 
b) Palavras-chaves (ou assuntos principais abordados): as palavras-chaves 
são itens obrigatórios em artigos científicos e têm como função justamente 
ajudar o leitor a identificar quais são os principais assuntos de que trata o 
artigo. 
c) Problema de investigação: descrever qual é a questão específica de que 
trata o artigo 
d) Conceituação dos termos-chaves do artigo: Como o autor define os 
principais termos envolvidos no problema de pesquisa que ele investiga. É 
importante observar que o autor do artigo pode estar simplesmente 
utilizando um conceito já definido por outro autor ou propondo um novo 
conceito. Caso o autor apresente várias conceituações destes termos, 
segundo diferentes autores, pode valer a pena registrar alguns destes 
conceitos, especialmente se os autores citados não puderem ser lidos. 
e) Outras conceituações importantes: Registrar as definições que circundam 
os termos-chaves da pesquisa desenvolvida pelo autor. 
f) Resultados de outros estudos apontados pelo autor: Se o autor do artigo 
citar achados de outros estudos que sejam relevantes para o problema do 
projeto de pesquisa, é importante registrar a informação. 
g) Pontos de convergência e de divergência entre conceitos observados pelo 
autor: registrar as observações que julgar interessantes feitas pelo autor 
sobre os conceitos apresentados (por exemplo, alguma crítica ou alguma 
comparação) 
h) Métodos de pesquisa utilizados: De que modo o autor coletou e tratou os 
dados de sua pesquisa. Por exemplo, se foi apenas uma pesquisa 
bibliográfica, se foi um estudo de caso, se aplicou entrevistas, etc. Caso a 
metodologia utilizada pelo autor do artigo não seja de interesse do projeto 
do estudante, não é preciso detalhar muito o tópico (por exemplo, não é 
preciso descrever todos os procedimentos estatísticos utilizados). 
i) Resposta ao problema investigado: o que o autor do artigo descobriu ao 
final de sua pesquisa, em relação ao que se propôs a investigar. Esta 
informação tem ainda maior importância quando o problema de pesquisa 
 3
investigado no artigo tem relação direta com o problema de pesquisa do 
estudante. 
j) Resumo de citações importantes: Registrar outros trechos importantes do 
artigo, quando, por exemplo, o autor faz alguma observação interessante 
ou esclarecedora sobre o tema. 
 
Este tipo de roteiro constitui um conjunto mínimo e inicial de tópicos que 
podem ser retirados dos textos. Porém, quando o estudante forma uma idéia mais 
sólida do roteiro de seu referencial teórico (isto é, dos principais assuntos que 
farão parte do capítulo) é provável que tenha que retornar à leitura de alguns 
textos, para buscar informações complementares. 
Nas teses e dissertações acadêmicas, pode-se utilizar o mesmo conjunto de 
tópicos acima, mas é preciso notar que se trata de trabalhos bem mais extensos e, 
neste caso, o estudante terá que usar mais a sua capacidade de síntese. 
Os livros possuem, geralmente, um modo de apresentação de informações 
bem diferente de teses e artigos científicos. Na maioria das vezes, os temas são 
tratados nos livros de modo amplo e não focado em um problema específico. Os 
livros costumam traçar um grande panorama do tema que investigam, abordando 
variados aspectos dentro de um mesmo assunto. Por isso, na leitura dos livros, é 
possível adotar a estratégia de selecionar um ou apenas alguns capítulos, de 
acordo com a proximidade dos mesmos em relação ao problema do projeto de 
pesquisa. A visão panorâmica oferecida pelos livros é de grande utilidade para 
que o pesquisador construa sua visão sobre o assunto. Além disso, parte 
significativa dos trabalhos considerados clássicos na área estão publicados neste 
tipo de documento, que são indispensáveis como parte da bibliografia. 
Quando se opta por ler um livro inteiro, pode-se fazer o fichamento capítulo a 
capítulo, sendo importante não perder a noção da ligação de cada parte com a 
proposta geral da obra, que geralmente é possível identificar na introdução escrita 
pelo autor. A proposta geral é uma espécie de tese que o autor tenta demonstrar, 
aprofundando em cada capítulo um aspecto dela. Em cadacapítulo, portanto, 
busca-se o que o autor está querendo dizer naquela parte e também como isto se 
liga a sua tese central. 
 
Análise e organização das informações 
 
Boa parte dos fracassos na elaboração do referencial teórico vem da má leitura 
dos textos, quando o estudante não consegue ver sentido no que está lendo e não 
usa sua capacidade de refletir e de comparar o que está sendo lido. O exercício 
permanente que o estudante deve fazer enquanto lê os textos é o de se perguntar 
de que lhe serve aquela abordagem ou conceito que está estudando. Além disso, 
deve explorar comparações entre os textos lidos. 
A partir da leitura do segundo ou terceiro texto selecionado, o estudante atento 
começará a perceber pontos de ligação entre os conteúdos abordados. Por 
exemplo, poderá começar a perceber como o conceito central está sendo definido 
pelos diferentes autores, ou poderá comparar os achados de pesquisa 
apresentados nos textos lidos. A partir deste momento, o estudante começa a 
 4
comparar e a interligar os conteúdos abordados pelos autores, percebendo as 
diferenças e as semelhanças entre as abordagens feitas. 
Um bom referencial teórico não é um simples amontoado de citações, dos mais 
diversos autores, mas um texto orgânico, produzido por alguém que entendeu e 
refletiu sobre as informações lidas e que, portanto, é capaz de interligá-las, 
apresentando um todo organizado. 
Uma ferramenta importante para a organização das informações extraídas dos 
textos é a preparação de um roteiro, que servirá como uma espécie de estrutura 
do capítulo. Embora o orientador possa ajudar bastante nesta parte, o estudante 
tem a responsabilidade principal, pois é ele quem está naquele momento em 
contato direto com os textos. De nada adianta separar uma infinidade de livros e 
esperar que o professor orientador dê o caminho para interpretá-los. As tarefas de 
ler, refletir sobre o conteúdo lido e interpretá-lo cabem ao autor do projeto. 
A partir do momento em que o estudante tem um roteiro para seu capítulo em 
mãos, pode distribuir mais facilmente as informações destacadas dos textos. Na 
maioria das vezes, a clareza para elaborar este roteiro só é alcançada conforme 
se avança na própria leitura dos textos. Conforme lê os textos, o estudante vai 
gradativamente ampliando seu conhecimento sobre o assunto e tomando 
consciência de todos os aspectos que compõem o tema. Nesta etapa, estará em 
melhores condições de estruturar seu referencial teórico, escolhendo com mais 
precisão os itens ou seções que irão compor este capítulo. 
 
Originalidade do texto 
 
A redação do capítulo do referencial teórico é um dos aspectos mais 
importantes na elaboração não só de um projeto de pesquisa, mas de qualquer 
trabalho de nível acadêmico. Neste sentido, o texto produzido pelo estudante deve 
ter duas qualidades fundamentais: citação correta das informações apresentadas 
e originalidade na redação. 
 A citação correta significa que cada idéia ou conceito apresentado deve ser 
corretamente creditada a seu autor. As citações devem ocorrer ao longo de todo o 
capítulo, uma vez que o referencial teórico é um relato de informações coletadas 
nos textos dos autores consultados e não um relato de idéias ou conceitos criados 
pelo estudante. 
 A originalidade não significa que o estudante tenha que criar novos 
conceitos ou teorias sobre o assunto que está tratando (pelo menos não neste 
momento), nem mesmo que deva fazer julgamentos sobre este assunto. 
Originalidade significa que a redação do texto do capítulo deverá ser de autoria do 
estudante, a partir de sua interpretação dos textos lidos. O ponto de vista original 
do estudante está presente no capítulo não por ele ser o criador dos conceitos 
apresentados, mas porque foi ele quem selecionou as informações apresentadas 
e organizou todas elas, interligando-as de um modo particular, a partir de uma 
interpretação própria. 
Um capítulo de referencial teórico jamais pode ser igual ao de outro já 
escrito, mesmo que dois estudantes tenham lido os mesmos livros. Mais do que 
isso: um referencial teórico não pode nem mesmo ter trechos iguais ao de outro, à 
exceção das citações diretas. A reprodução integral dos textos dos autores 
 5
consultados, ou a cópia de longos trechos, ou de parágrafos inteiros, fora da 
situação das citações diretas, significa plágio do trabalho de outros. Plágio 
significa assinar ou apresentar como sua uma obra científica ou artística de 
outrem. Esta atitude viola os direitos do autor e é passível de punição, inclusive 
definida por lei (Lei dos Direitos Autorais2). Portanto, pode não só gerar a 
reprovação de um estudante que apresenta o trabalho, como também outras 
punições cabíveis, inclusive para a instituição que aprova o trabalho. 
 Só podemos copiar trechos de outros autores nos casos em que fazemos 
citações diretas. Citação direta, segundo as normas da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT, 2002), é uma cópia literal do texto de outro autor. 
Embora esta prática seja legítima, não pode ser utilizada o tempo todo no 
trabalho, pois este se tornaria um somatório de pedaços escritos por outros. 
Portanto, não é correto fazer um capítulo inteiro de referencial teórico juntando 
citações diretas retiradas das mais variadas obras consultadas. A maior parte das 
citações feitas devem ser do tipo indireto, isto é, aquelas que não reproduzem 
exatamente o trecho original do pensamento do autor, embora permaneçam fiéis a 
seu pensamento (ABNT, 2002). 
Para visualizarmos um exemplo prático, vamos imaginar que o estudante lê 
um autor chamado Antônio Puppim, que escreveu um livro publicado em 2007, 
com o seguinte trecho: o movimento ambientalista começou nos países 
desenvolvidos e hoje está presente em praticamente todas as partes do mundo, 
atuando globalmente em rede. A Conferência das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente no Rio de Janeiro em 1992 consolidou o conceito de desenvolvimento 
sustentável e mudou o caráter do ambientalismo, para que fosse incluída a 
dimensão social em suas ações. 
Se o estudante quer utilizar estas informações em seu trabalho, tem duas 
opções: fazer a citação de modo direto ou indireto. Se optar pela citação direta, o 
trecho pode ficar igual ao do autor. Mas, neste caso, o estudante deve seguir as 
regras específicas para citações diretas. Tais regras estabelecem que, se o trecho 
citado tem somente até 3 linhas, deve-se usar aspas no começo e no fim do 
trecho, indicando o sobrenome do autor, o ano de publicação e a página de onde 
foi tirado o trecho. Se o trecho tiver mais de 3 linhas, deve-se usar um recuo de 4 
cm à esquerda, diminuir a fonte e o espaçamento entrelinhas e fazer as mesmas 
indicações (sobrenome do autor, ano e página). 
Ao optar pela citação indireta, o estudante interpreta o que o autor disse e 
reescreve seu texto, indicando os mesmos elementos, exceto a página. Por 
exemplo: de acordo com Puppim (2007), o movimento ambientalista se difundiu 
pelo mundo e teve como um dos principais marcos a Conferência das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente no Rio de Janeiro em 1992, pois nela foi 
consolidado o conceito de desenvolvimento sustentável. 
Deste modo, o estudante usa uma informação de outro autor, sem precisar 
criar uma nova, sem precisar copiar tudo o que o autor escreveu, porém citando 
quem forneceu a informação. Este procedimento deve ser feito na maior parte do 
 
2 Lei nº 9.610, de 19.02.98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais, publicada no 
Diário Oficial da União de 20.02.98, Seção I, pág. 3 por decreto do então presidente Fernando Henrique 
Cardoso. Pode ser consultada em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. 
 6
trabalho, em lugar da citação direta, que deve ficar reservada para alguns trechos 
do capítulo. 
Todos os autores citados ao longo do referencial teórico do projeto (tanto de 
forma direta quanto indireta) devem aparecer na listade referências bibliográficas, 
com as respectivas informações complementares de suas obras (editora, número 
da revista, endereço da internet, etc.). 
 
Estilo de redação do texto científico 
 
O domínio das regras de ortografia e gramática é pré-requisito para 
qualquer um que se candidate a elaborar um trabalho acadêmico. Portanto, 
aqueles que possuem falhas neste campo devem dedicar algum tempo para 
corrigi-las. A comunicação escrita se realiza através de um código comum, a 
língua, que é regida por regras gramaticais, cujos padrões são aceitos por todos. 
Quando se despreza esse código, corre-se o risco de produzir distorções e erros 
de interpretação no processo de comunicação. Portanto, quem deseja ter seus 
textos compreendidos corretamente deve escrevê-los de acordo com as regras 
gramaticais de sua língua. Além disso, a ocorrência de erros no uso destas regras 
desqualifica o autor do trabalho, mesmo quando este tem uma boa idéia a 
apresentar. 
O estudante que redige um trabalho acadêmico deve ter em mente que sua 
produção não se destina a um público comum, mas a um público especializado no 
assunto que está sendo apresentado, sendo necessário usar uma linguagem 
especializada e adequada aos padrões estabelecidos pela comunidade 
acadêmica. Trata-se de uma comunicação científica que, segundo Salomon 
(2000), é uma comunicação de conhecimentos tratados à maneira científica, com 
o fim de informar. Nesta definição incluem-se livros, teses, artigos, monografias, 
projetos de pesquisa, entre outros. Conforme destaca Dusilek (1985), a 
comunidade acadêmica tende a julgar de maneira rigorosa o enquadramento de 
trabalhos aos padrões científicos, que possuem três características: objetividade, 
precisão e clareza. Textos obscuros, imprecisos ou incoerentes não comunicam, 
apenas deixam confuso o leitor. É importante reler, corrigir e reescrever o texto do 
trabalho acadêmico até que sejam obtidos os três itens mencionados. 
A clareza é capacidade de transmitir com exatidão as idéias. A clareza 
depende bastante do conhecimento do assunto tratado. Não é recomendável 
escrever para “clarear as idéias”, ao contrário, deve-se formar primeiro uma idéia 
nítida do que se vai expor, e então iniciar a redação do texto. Uma regra 
específica bem adequada à necessidade de clareza do texto é escrever frases que 
não sejam muito longas e que contenham, cada uma, uma única idéia. É melhor 
expressar as idéias de maneira gradual, do que tentar expressar todas elas de 
uma só vez, em uma só frase. Para obter equilíbrio no texto, vale o uso do bom 
senso. Não se deve abusar de frases muito curtas, que dão um estilo “telegráfico” 
ao texto, nem se deve ser prolixo, enchendo o texto de frases desnecessárias ou 
de idéias repetidas, que acabam dificultando o acompanhamento do raciocínio do 
autor. Além disso, deve-se cuidar da conexão lógica das frases no parágrafo, que 
devem ser coerentes entre si. 
 7
Para obter precisão, o estudante deve se apoiar no uso do vocabulário 
técnico de sua área de estudo, sempre que for necessário substituir termos 
imprecisos do linguajar comum. A precisão é especialmente importante quando se 
está apresentando os termos-chaves do trabalho, que devem ter um significado 
específico e científico, não se confundindo com o uso comum que se faz deles. 
Mais uma vez, isto deve ser feito com equilíbrio, pois o uso de termos técnicos não 
pode se confundir com um problema conhecido como circunlóquio, ou uso 
exagerado de termos para expressar algo que poderia ser dito de modo mais 
simples. Por exemplo: “os pesquisadores estiveram envolvidos no processo de 
fazer”, em lugar de “os pesquisadores fizeram”. Como regra geral, recomenda-se 
também evitar o uso de termos que sugerem radicalidade, como “tudo”, “sempre” 
ou “nunca” e também de expressões vagas, tais como “ligeiramente”, “em certos 
casos”, “antigamente”, “várias pesquisas” e “alguns estudiosos”. Expressões 
generalizantes, tais como “todo mundo sabe que...” ou “como podemos ver ao 
redor”, também devem ser evitadas, por representam afirmações sem nenhuma 
base teórica ou científica. 
Para alcançar a objetividade do discurso científico, é adequado utilizar a 
linguagem impessoal, evitando-se empregar expressões que personalizem o 
discurso (“eu”, “minha”, “nós”, etc.). Assim, é preferível utilizar “conclui-se que” em 
lugar de “eu concluo que” ou então “concluímos que”. É recomendável também 
evitar o uso de regionalismos ou gírias que, além de quebrar a formalidade do 
texto, mudam de sentido quando empregadas em outros contextos. 
Além disso, é preciso evitar ao máximo os julgamentos de valor no texto. 
“Certo” e “errado” no texto científico devem ser substituídos por “tem 
fundamentação científica” ou “não tem fundamentação científica”. Deve-se, 
portanto, evitar expressões que remetem diretamente a julgamentos de valor, tais 
como “bom”, “mau”, “justo”, “injusto”, dentre outras. Por esta razão, torna-se ainda 
mais importante o uso correto das citações de autores, pois são estas citações 
que indicam quais estudos fundamentam o que está sendo dito pelo estudante. 
Isto ajuda a validar as informações apresentadas e a diferenciar o que é opinião 
do que é fato discutido e sustentado pela comunidade científica (os autores 
renomados na área), mesmo quando se trata de assuntos em torno dos quais 
existe grande polêmica na academia, pois, neste caso, tem-se correntes de 
estudiosos sustentando cada uma das visões em debate.

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