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Seleção de Habitat, Territorialidade e Migração - Comportamento Animal

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@danie�eferreira._
Seleção de Habitat, Territorialidade e Migração
Seleção de Habitat
Como os animais escolhem seu habitat?
● local que permite sucesso reprodutivo
● local que permite maior ganho energético
● local com menor predação
Cada um desses fatores pode ter relevância para uma espécie, mas não ter para outra.
Além disso, deve ser levado em conta que nem todos os animais podem circular livremente no
território, sendo que o deslocamento dos animais pode ser limitado por vários fatores, podendo ser
limites endógenos (como não ser capaz de se locomover tanto) ou por limites impostos por outros
indivíduos.
Exemplo: Toutinegra-de-topete-preto (Sylvia atricapilla)
Nessa espécie, os machos que nidificam primeiro
escolhem os melhores locais (margens de riachos, com
maior disponibilidade de recursos). Os outros machos
são obrigados a ocuparem áreas afastadas da água.
Porém, a média de filhotes nos dois casos é a mesma
(não há diferença no sucesso reprodutivo).
Os machos que conseguem os melhores não são mais
bem sucedidos pois gastam bastante energia defendendo
o seu território e acabam não podendo sair várias vezes
para buscar comida pois corre o risco de outro macho
roubar seu território.
Teoria da distribuição-livre ideal: no caso das espécies em que os indivíduos têm livre circulação
(como no exemplo anterior), o aumento dos indivíduos no melhor habitat faz com que os habitats
menos vantajosos se tornem vantajosos, pois neles há menor competição por recursos e espaço.
É importante saber como cada ave escolhe o seu habitat: com base na densidade populacional ou pelo
ganho calórico de cada local?
Nessa espécie, a teoria da distribuição-livre ideal
foi bem estudada. Os indivíduos vivem em
bandos de diferentes tamanhos e se alimentam de
pequenos caramujos.
Através de estudos e
observações, os pesquisadores
chegaram à conclusão de que
essa espécie escolhe seu habitat
com base na disponibilidade de
comida.
Portanto, o local escolhido para
fazer a preservação dessa
espécie deve ter abundância de
alimentos.
Defesa Territorial
Alguns animais defendem muito o território, geralmente com comportamento agonístico
(agressividade) contra indivíduos da mesma espécie e até de espécies diferentes.
Na distribuição livre ideal, nós pensamos que os indivíduos se encontram distribuídos livremente, de
acordo com as necessidades nutricionais e os locais que estão disponíveis não serão disputados.
Porém, há casos em que a defesa territorial vai muito além de defender apenas o que o indivíduo
precisa e ocorre um monopólio das áreas de maior qualidade.
Exemplo: chimpanzé
Na foto, os indivíduos estão realizando a
patrulha diária do território, um
comportamento comum desse bando.
Na Uganda, região onde foi realizado as
observações e os estudos, o clima é de
savana e as áreas de florestas acabam
sendo muito disputadas.
Na imagem ao lado, podemos perceber que esse bando
entrou em uma guerra por território que durou 10 anos,
para manter e expandir seu território.
Exemplo: Lagarto-espinhoso-de-Yarrow
Essa espécie também é muito territorialista, principalmente os machos. Diferente
do chimpanzé, essa espécie é mais territorialista em determinadas épocas do ano
do que em outras. Sabendo disso, os pesquisadores fizeram um experimento
colocando cápsulas de testosterona sob a pele dos lagartos em uma época em que
eles estavam pouco territorialistas.
Como resultado, eles
perceberam que o
territorialismo aumenta
quando há maior nível de
testosterona no organismo,
pois esse hormônio é o responsável por esse
comportamento.
Além disso, através de um
experimento fornecendo
suplemento alimentar para
alguns dos lagartos com
implante de testosterona, eles
perceberam que as mortes
eram maiores nos lagartos
territorialistas não
suplementados. Conclusão: a
sobrevivência não é devido às
brigas por território, e sim
devido à alimentação. Os
machos territorialistas em excesso gastaram ⅓ a mais de energia e, quando não suplementados,
morreram mais cedo. Então, se os machos dessa espécie se tornassem mais territorialistas do que já
são naturalmente, o sucesso reprodutivo seria impactado negativamente.
Exemplo: Pseudo-escorpiões
Os machos dessa espécie (Besouro arlequim) são
territorialistas. Na foto eles estão em posição de
briga.
Os pseudo-escorpiões vivem nas mesmas árvores
que o Besouro-arlequim e não são territorialistas
quando estão nessas árvores. Essa espécie tem o
hábito de “pegar carona” em outros animais para se
dispersar pelo ambiente e, nesse caso, eles utilizam
os Besouros arlequim. Porém, quando esses
pseudo-escorpiões sobem nos besouros, os machos
se tornam territorialistas e disputam ferozmente pelo
pequeno espaço no besouro.
Exemplo: American redstart
Essa espécie é migratória,
se alimenta na Jamaica e
se reproduz nos EUA.
Elas competem por
território na estação seca.
Os machos maiores ficam
em florestas e mangues e
os machos menores e as
fêmeas ficam em áreas em
regeneração (menor valor
nutricional dos recursos). Apenas os machos maiores defendem território.
Através de pesquisas,
perceberam que as aves
que colonizam os
mangues migram mais
cedo, pois eles
conseguem os nutrientes
necessários para
migração mais rápido.
Além disso, eles perceberam que as
aves que se alimentaram em florestas e
mangues tiveram muito mais filhotes
que as aves que se alimentaram em
áreas de regeneração (maior sucesso
reprodutivo).
Obs: as fêmeas têm menor sucesso
reprodutivo pois são monogâmicas,
diferentemente dos machos.
Exemplo: Borboleta Malhadinha - resolução arbitrária de disputa
Os machos dessa espécie disputam pequenas áreas
iluminadas no chão. Nessas áreas com luz, os machos
conseguem copular (se não conseguem áreas com luz, não
copulam).
Essa espécie possui duas formas: uma não melânica e uma
melânica
Na resolução arbitrária de disputa, o
ganhador é sempre o dono do território,
não importando o tamanho, cor ou força
do indivíduo. Quem ganha o território
tem maior sucesso reprodutivo.
Porém, fica a dúvida: por que os intrusos
desistem rápido da disputa? A hipótese
teórica é de que seria porque o risco de
dano físico é alto, então diminuiria o sucesso reprodutivo. É considerado uma “Estratégia
Evolutivamente Estável”.
Porém, há um erro neste experimento das borboletas: a captura gerou muito estresse para as
borboletas.
Realizaram esse mesmo experimento, porém sem manter as borboletas capturadas em uma rede. Elas
eram mantidas em um cooler refrigerado, para diminuir o estresse. Resultado: os residentes originais
ganharam 96% das brigas.
Obs: o experimento das borboletas era o único exemplo que se tinha de resolução arbitrária de
disputa, mas provou-se que o experimento estava errado.
Resolução de disputas por meios não-arbitrários
A resolução não-arbitrária quer dizer que, direta ou indiretamente, quem ganha é mais forte, ou tem
mais acesso a recursos nutritivo, ou é mais esperto ou inteligente.
Exemplos:
Os machos dessa espécie têm uma mancha na base da asa. Através
de experimentos, foi percebido que os machos com a mancha maior
eram mais bem sucedidos de maneira geral. Porém, não é a mancha
em si que faz com que eles ganhem a disputa, mas a mancha é uma
medida indireta de força, cognição e inteligência.
Mesmo pintando a mancha de
alguns indivíduos, eles
continuaram ganhando as
disputas.
Nessa espécie e em outras espécies da mesma ordem, os
machos disputam por território, porém eles não se batem nem
se matam. A disputa é feita voando um atrás do outro
(disputando corrida) até um deles se cansar.
O comportamento é modulado pela
quantidade de gordura acumulada no corpo.
Quanto mais gordura, mais combustível
para queimar, portanto maior a chance de
ganhar a disputa.
No caso dessa espécie, o determinante nas disputas
por território é a idade. As borboletas, quando mais
velhas, já não conseguem voar tão bem, portanto é
arriscado ir em busca de novos territórios. Por isso, os
indivíduos mais velhos levam a disputa muito a sério
e vencem na maioria das vezes.
Dispersão e Migração
Dispersão: é quandoalguns animais deixam seus habitats.
Migração: é um tipo especial de dispersão, que envolve a saída e retorno ao local de origem (o
retorno pode ser dos mesmos indivíduos ou dos seus descendentes)
Foi feito um estudo a respeito da dispersão dessa
espécie.
Indivíduo
1: visitou
apenas
áreas
familiares a
ele
Indivíduo 2: visitou lugares familiares e não familiares
a ele
Ou seja, pode haver variações no comportamento dos
indivíduos de uma mesma espécie.
Os indivíduos aventureiros se arriscam muito, pois
gastam mais energia e correm um maior risco de
predação.
Por outro lado, há casos em que há um padrão mais bem
estabelecido dentro da espécie.
No caso do Esquilo-terrestre-de-Belding, apenas os machos
dispersam, as fêmeas tendem a ficar no local onde nasceram.
Uma hipótese para isso é de que, se os machos não se dispersarem,
a monogamia dentro do grupo é alta. Ou seja, os machos que se
dispersam, têm mais sucesso
reprodutivo que os machos que
não se dispersam. Para as
fêmeas, o custo da dispersão é
muito alto e, como elas teriam
que carregar os filhotes,
ficariam mais expostas a
predadores, por isso elas
permanecem no local onde
nascem.
Esse estudo com Rato Oldfield mostrou que uma
maior dispersão resulta em menor endogamia.
As fêmeas endogâmicas têm menor sucesso
reprodutivo, portanto a endogamia não é adaptativa.
Existem alguns casos de migração que são absurdos,
como por exemplo a Pardela-escura. Essa ave é
recordista em migração, podendo migrar 60 mil
quilômetros por ano.
Como a migração de longa distância evoluiu?
Provavelmente de ancestrais que migravam pequenas
distâncias
No caso da
Araponga-do-nicarágua, por
exemplo, o padrão de
migração é muito variável.
Alguns indivíduos migram
distâncias longas, outros
distâncias curtas, e os padrões
variam também ao longo do
ano. Pode ser que, ao longo do
tempo, isso vire padrões
distintos entre si.
A mesma espécie pode exibir dois padrões de migração,
com controle endógeno. E pode estar ligado, por exemplo, à
reserva energética, como é o caso da Juruviara. Os
indivíduos com muita gordura migram para uma área mais
distante, tendo maior gasto energético. O mesmo indivíduo
pode apresentar os dois padrões de comportamento, pois
depende apenas de quão bem alimentado ele está.
É importante
compreender
os fatores
determinantes
da migração (o
que motiva o
animal a
migrar) para
que se possa
conservar as
espécies
migratórias.
Por exemplo, no caso das borboletas-monarca, elas buscam uma área de temperatura baixas (para que
elas possam manter um baixo metabolismo), porém com uma umidade que não as congele.
Muitas pessoas acreditam que
alguns grandes mamíferos da
África migram em busca de
comida mas, na verdade, eles
migram em busca de água que
possam consumir, pois em
determinadas épocas do ano, a
água em alguns locais
apresentam alta salinidade,
ficando impróprias para o
consumo.

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