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Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINES)

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Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________ 
 
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES (AINES) 
 
Inflamação é a resposta protetora do sistema imune a um estímulo prejudicial. 
Anti-inflamatórios são um grupo de fármacos quimicamente heterogêneos que possuem atividade 
antipirética, analgésica e anti-inflamatória. 
▪ AINES: inibem a cicloxigenase 2 (COX2) 
▪ Glicocorticoides 
▪ Anti-histamínicos 
▪ Anti-reumáticos, incluindo imunossupressores 
▪ Fármacos usados no tratamento da gota 
▪ Anticitocinas e outros agentes biológicos 
O ácido araquidônico é substrato das lipoxigenases (LOX) e cicloxigenases (COX). 
▪ LOX produz leucotrienos e lipoxinas, é mais relevante em respostas alérgicas. 
▪ COX forma prostanoides (prostaglandinas, prostaciclina e tromboxano), moléculas sinalizadoras com 
papel fisiológico e em respostas inflamatórias. 
o Prostaglandinas, tromboxano e prostaciclina são produzidos a partir da Prostaglandina H2, 
por meio da ação de isomerases e sintases (essas enzimas são expressas nas células de forma 
específica, de modo que cada célula produz um ou dois prostanoides dominantes). 
o COX1: constitutivamente expressa em diversos tecidos, produz prostanoides que regulam 
diversos aspectos fisiológicos: 
▪ Vasodilatação de vários leitos vasculares (PGD2) 
▪ Secreção de muco gástrico (proteção da mucosa do estômago) 
▪ Filtração glomerular (vasodilatação da arteríola aferente) 
▪ Contração da musculatura lisa 
▪ Aumento da agregação plaquetária (TXA2) 
▪ Inibição da agregação plaquetária (PGI2) 
▪ Contração uterina (PGF2α, PGE2) 
▪ No desenvolvimento mantém o canal arterial aberto 
o COX2: constitutiva em alguns tecidos (cérebro, rins e ossos), mas principalmente induzida por 
citocinas inflamatórias em tecidos. Produz prostanoides que estimulam a resposta 
inflamatória e regulam alguns aspectos fisiológicos 
PGE2 principalmente: 
▪ Aumentam o fluxo sanguíneo local 
▪ Aumentam a permeabilidade vascular 
▪ Infiltração de leucócitos 
▪ Recrutamento de células inflamatórias 
▪ Ativação endotelial (resulta em rolamento e adesão de leucócitos) 
o Prostaglandinas e dor: 
▪ Ação indireta pelo edema (causa compressão). 
▪ PGE2 liga-se a terminações nociceptivas (↓limiar, causando sensibilização periférica). 
▪ PGE2 fortalece as sinapses dos neurônios de dor, na medula espinhal (sensibilização 
central). 
 
Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________ 
o Prostaglandinas e febre: 
▪ PGE2 produzida pela COX2 liga-se aos neurônios hipotalâmicos, estimulando elevação 
da temperatura. 
Anti-inflamatórios não esteroides (AINES): inibem COX2 (e COX1) 
Ácido araquidônico entra no canal hidrofóbico, liga-se ao sítio catalítico, sofrendo a transformação. 
AINE entram no canal hidrofóbico da COX, ligando-se ao sítio catalítico, impedindo a ação da 
enzima/metabolismo do ácido araquidônico. São inibidores reversíveis, exceto AAS (radical acetil é 
transferido e fica ligado covalentemente à enzima) 
Indicações: ação anti-inflamatória, antipirética, analgésica, cardiovascular (AAS inibe agregação 
plaquetária), uso cutâneo (ação queratolítica dos salicilatos em acne, calosidades e verrugas) 
Farmacocinética: 
▪ Ácidos orgânicos fracos 
▪ Maioria tem boa absorção e biodisponibilidade 
▪ Ação no SNC (maioria, pois são ionizáveis) 
▪ Alta taxa de ligação com proteínas plasmáticas (pode ocorrer interação medicamentosa) 
▪ Excreção principalmente renal 
▪ Se concentram no líquido sinovial 
Efeitos adversos: 
▪ Gastrointestinais: dispepsia e sangramentos 
▪ Renais: retenção de sais e água 
▪ Cardiovasculares: eventos trombóticos no uso crônico 
▪ Hipersensibilidade 
▪ Gestação: fechamento precoce do ducto arterial 
▪ Respiratórios: crises de asma em pacientes susceptíveis, pelo aumento de leucotrienos 
▪ Toxicidade: náuseas, vômitos, tontura, confusão mental 
▪ Síndrome de Reye (rara): encefalopatia e hepatopatia em crianças, pela associação de AINES 
e infecção viral. 
 
▪ Derivados do ácido salicílico 
o Ácido acetilsalicílico (AAS): Inibe irreversivelmente a COX. Tem boa absorção no TGI, 
atravessa a barreira hematoencefálica, placentária e atinge o líquido sinovial; é excretado na 
urina, meia-vida relativamente curta. 
▪ Doses altas (325-1000 mg): ação analgésico, anti-inflamatório e antipirético (inibe 
também outros prostanoides) 
▪ Doses baixas (81-325 mg/dia): antiagregante plaquetário (inibe principalmente COX1 
em plaquetas, reduzindo formação de tomboxano e agregação plaquetária). 
▪ Atualmente tem sido usado para antiagregação plaquetária. 
▪ Reduz o risco de eventos vasculares graves em 20 a 25 % dos pacientes de alto risco e 
15% em AVE. 
▪ Aumenta o risco de sangramento em 2x, mas em pacientes de alto risco para o 
desenvolvimento de doenças vasculares, o benefício do AAS supera os riscos. Atenção 
para alguns casos, como dengue e hemofilia. 
Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
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o Ácido salicílico (gelol): é irritante (propriedade queratolítica, promove descamação da pele), 
uso externo 
o Salicilato de metila: analgésico com uso tópico, mais tóxico que AAS 
o Mesalazina, sulfassalazina, olsalazina: tratamento da inflamação nas porções finais do cólon 
e reto (retocolite), doença de Crohn etc. 
▪ Derivados do paraminofenol 
o Paracetamol (acetaminofeno): inibidor não seletivo da COX. Alta biodisponibilidade oral, 
concentração plasmática máxima em 30-60 min, dose oral de 4 a 6h (máximo 4g/dia, em 
pacientes com comprometimento hepático/etilismo o máximo é de 2g/dia). 
▪ Efeito predominantemente analgésico e antipirético. 
▪ Toxicidade hepática em doses muito altas (10-15g): metabólito de fase 1 (NAPQI) é 
muito tóxico e também há depleção de glutationa (é adicionada nas reações de fase 
2) 
▪ Derivados da pirazolona 
o Dipirona: inibidor não seletivo da COX. 
▪ Tratamento de dor pós-operatória, cólica, renal, dor oncológica, enxaqueca etc. 
▪ Proibida nos EUA e Reino Unido, devido à ocorrência de reações alérgicas graves 
(edema de glote e anafilaxia) e idiossincrásicas (agranulocitose potencialmente fatal) 
▪ Derivados do ácido acético 
o Diclofenaco (cataflam, voltarem, tandrilax): inibidor com alguma seletividade para COX2. 
Bem absorvido (biodisponibilidade ~50%), metabolizado no fígado e excreção renal e pela 
bile. 
▪ Potência maior que outros AINES 
▪ Efeitos adversos no TGI. Evitar uso prolongado e monitorar transaminases. 
▪ Derivados do ácido propiônico 
o Ibuprofeno (advil, buscofem), naproxeno, cetoprofeno (profenid), fenoproxeno: inibidores 
não seletivos da COX. Bem absorvidos oralmente. 
▪ Indicados para processos inflamatórios em geral. Artrite, espondilite, dismenorreia, 
tendinite, bursite. 
▪ Efeitos colaterais no TGI, menos comuns são cefaleia, tontura, visão embaçada, 
exantema. 
▪ Fenamatos 
o Ácido mefenâmico: inibidor não seletivo da COX. 
▪ Indicado para o tratamento de curta duração de dor em lesão de tecidos moles, como 
dismenorreia 
▪ Efeitos colaterais no TGI, diarreia e anemia hemolítica autoimune (raro) 
▪ Derivados enólicos (oxicans) 
o Piroxicam, meloxicam: inibidor com alguma seletividade para COX2. Meia vida maior. 
▪ Inflamação na artrite reumatoide e osteoartrite 
▪ Piroxicam inibe leucócitos independente de COX2 
▪ Efeitos adversos (20%): TGI e reações cutâneas graves 
▪ Derivados do indol 
o Indometacina, sulindaco, etodolaco, cetorolaco: inibidores não seletivos potentes da COX. 
▪ Artrite reumatoide, osteoartrite, fechamento do canal arterial em lactentes 
prematuros. 
▪ Efeitos adversos (35%): TGI, hepatite, tonturas, pancreatite, reações cutâneas graves 
Farmacologia João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________AINES inibidores seletivos de COX2: foram desenvolvidos para não induzirem efeitos adversos de inibição 
de COX1 (principalmente no TGI), no entanto, seu uso foi correlacionado com alto risco cardiovascular. 
Risco cardiovascular aumentado por redução de prostaciclina (antiagregante) via COX2 no endotélio 
vascular. 
▪ Celecoxibe, etoricoxibe: inibidores seletivos de COX2. 
o Osteoartrite, artrite reumatoide, espondilite anquilosante (inflamação da coluna e grandes 
articulações) 
o Aumentam o risco cardiovascular a longo prazo (até 40% de risco de AVE e IAM). Uso 
reservado para pacientes com alto risco de complicações no TGI. 
Intoxicações 
▪ Paracetamol: 
o Hepatotoxicidade em doses entre 10 e 15g, risco de morte em doses entre 20-25g 
o O metabólito tóxico N-acetil-p-benzoquinona imina (NAPQ) é hepatotóxico. 
o Lesão hepática: dor no hipocôndrio direito, icterícia, transaminases elevadas, hepatomegalia, 
insuficiência hepática 
o Tratamento: medidas de suporte, carvão ativado e N-acetilcisteína (NAC) em até 8h (é rico 
em glutationa) 
▪ Salicilatos: 
o Ocorrem com frequência, principalmente em crianças 
o Salicilato de metila é mais tóxico que AAS 
o Respiração: efeito indireto (desacoplamento da fosforilação oxidativa, levando acidose 
respiratória e aumento da FR) e efeito direto (ação no bulbo, reduzindo FR). 
o Salicilismo (intoxicação leve): cefaleia, tontura, zumbidos, cansaço, vômito, confusão mental. 
o Tratamento: medidas de suporte e alcalinização da urina para acelerar eliminação (sequestro 
iônico).

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