Buscar

PF096: Introdução a Economia; 2S2020; Prova 2; ProFIS; Unicamp

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS / INSTITUTO DE ECONOMIA
PF-096 – Introdução à Economia / Profa. Dra. Ana Lucia Gonçalves da Silva
Aluno: Alice ----- Pasolini
PF-096 - 2a. PROVA (08/01/2021)
096_2020_AlicePasolini
NOTA: 9,75
A década de 1920 não figura apenas como um marco histórico, mas um divisor de águas entre o que a
atuação do Estado era na economia de um país e o que deveria se tornar. No entendimento anterior a este
momento da história, a responsabilidade do Estado era limitada a manter a ordem, justiça e serviços sociais
em uma nação. Isso, no entanto, dava-se ao fato do Estado ser um agente improdutivo e não-priorizador do
lucro como objetivo final. Desse modo, o regime anterior adotava práticas como o livre-cambismo,
livre-empresa e livre-concorrência na economia de mercado mundial — reservando o controle do pleno
emprego a forças abstratas, independentes e acidentais do liberalismo econômico. Após a fatídica crise
econômica e social de 1929, restou ao Estado intervir diretamente na produção de B&S, tornando-se mais
forte e presente na sociedade. Desse modo, este agente deu surgimento ao chamado Estado
desenvolvimentista, em que adotou práticas como planejamento governamental, promoção de vantagens
financeiras a industriais, investimento público no setor de produção e criação de bancos de desenvolvimento.
As rendas que financiam este Estado e suas medidas, por outro lado, podem ser resumidas na tributação,
juros e lucros, rendas patrimoniais e transferências inter-estado.
Nesse contexto, a tributação pode ser desmembrada em 4 facetas distintas, tais como: imposto direto
— progressivo e proporcional ao patrimônio; imposto indireto — regressivo, proporcional a taxa de consumo
e prejudicial às classes mais baixas; contribuições sociais e taxas sob serviço. Ao afunilar para o cenário
brasileiro, sabe-se que este é um Estado que taxa de forma altamente regressiva e dependente do imposto
indireto, ou seja, priorizando a taxação baseada no consumo. Essa prática, no entanto, auxilia na
concentração de renda das classes mais altas, haja vista que estes pagam 10% a menos que a parcela mais
pobre e populosa do país — realizando a manutenção dos altos índices de desigualdade de renda pelo qual o
Brasil é conhecido internacionalmente. O Brasil, desse modo, concentra uma importante característica de
economias conservadoras e subdesenvolvidas: alta tributação indireta e sem transferência de renda às classes
mais baixas. Essa característica resulta, por exemplo, no desequilíbrio das contas públicas e o aumento da
inflação devido a não-integralização da sociedade na totalidade no sistema econômico, marginalizando parte
da população, aumentando índices de violência, reduzindo o poder industrial e aumentando a dependência
externa.
No início dos anos 2000, por outro lado, o Brasil adota a prática da repartição de renda para
diminuição dos índices de desigualdade social pelo programa Bolsa Família. Desse modo, adotando medidas
de países desenvolvidos ao redistribuírem os impostos em benefício dos mais pobres, reinserindo essas
pessoas como agentes ativos do sistema econômico e as tirando da marginalização — alcançando o marco
histórico de 14,1% de aumento na renda per capta da população mais pobre.
Em síntese, entende-se que a chave para a redução para a desigualdade de renda latente no Brasil não
está apenas em uma taxação progressiva da população, mas na repartição correta da renda adquirida pelos
impostos. Por isso, a taxação regressiva, ainda que atrativa a classe dominante, é notoriamente nociva ao
índice de desenvolvimento de um país, haja vista que a marginalização dos menos desfavorecidos é uma
consequência direta, gerando um alto déficit público e pressão inflacionária.

Continue navegando