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Otorrinolaringologia – RESUMO Ana Bárbara Dias Lopes Urzedo 2/2019 OTITE MÉDIA AGUDA a. Epidemiologia 2/3 de todas as crianças vão ter pelo menos 1 episódio de OMA com 1 ano de vida e 90% até os 7 anos Tem maior incidência nos meses de inverno 2 picos: 6-11 meses, 4-5 anos < 2 anos: bilateral, > 2 anos: unilateral b. Fatores de risco Idade < 2 anos – imaturidade imunológica e tuba auditiva horizontalizada Posição de aleitamento materno Hipertrofia de adenoide – obstrui a tuba auditiva Baixo nível socioeconômico – tendência à aglomerações, higiene inadequada Exposição a outras crianças (irmãos, creches, escolas) – maior transmissão de IVAS Anomalias congênitas – fenda palatina e sd de Down Tabagismo passivo – gera imobilidade ciliar Ausência de vacina antipneumocócica e antiinfluenza *Fator de proteção: aleitamento materno! c. Etiologia Streptococcus pneumoniae – otalgia importante, febre e perfuração espontânea Haemophilus influenzae – otite + conjuntivite Moraxella catarrhalis OMA OMS Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae d. Anatomia Tuba auditiva: comunica a orelha média com a rinofaringe e tem 3 funções: (1) proteção contra secreção da nasofaringe, (2) drenagem de secreção da orelha média para a nasofaringe e (3) equalização da pressão da orelha média com a pressão atmosférica (ventilação) A tuba auditiva normal deve ter uma abertura ativa e intermitente que ocorre pela contração do músculo tensor do véu palatino durante a deglutição e bocejo, mantendo a pressão da orelha média próxima à do ambiente e. Patogênese Pode ocorrer por: Infecções – IVAS (gripe, resfriado, sinusite, amigdalite) Alterações imunológicas – alérgenos (leite, ovo) Disfunção da tuba auditiva 1) Com a tuba auditiva obstruída, a ventilação do ouvido médio fica prejudicada 2) Cria-se uma pressão negativa nesta câmara, estimulando a secreção de muco por seu epitélio 3) O muco acumula-se no ouvido médio (agora um espaço totalmente fechado) 4) Episódios intermitentes de aspiração, refluxo ou insuflação da tuba podem lançar bactérias que colonizam a nasofaringe na cavidade do ouvido médio 5) Essas bactérias encontram o meio ideal para se proliferarem (estase de muco) e produzem uma reação inflamatória piogênica > OMA 6) O acúmulo de pus provoca abaulamento da MT, levando a intensa otalgia – principal sintoma da OMA 7) Se a OMA não for tratada, após alguns dias, a tendência é que o pus no ouvido médio encontre uma via de saída (autodrenagem) através de uma pequena perfuração na MT 8) No momento da perfuração, a otalgia melhora e ocorre a otorreia OMA SIMPLES Manifestações clínicas: Precedida por IVAS Otalgia súbita e intensa Febre alta Náuseas e vômitos Irritabilidade, choro intenso OMA Tuba auditiva na criança: Horizontalizada Porção ístmica menor (mais propícia ao refluxo nasal) Menor extensão (18mm) Otoscopia: MT hiperemiada e abaulada *Não fazer otoscopia durante o choro, pois pode atrapalhar o diagnóstico, já que o choro deixa a MT hiperemiada! – se a hiperemia for devido ao choro, não tem abaulamento e as estruturas são facilmente vistas (ao contrário do que ocorre na OMA) OMA supurada: ocorre perfuração da MT com otorragia seguida de alívio da dor – a perfuração cicatriza em 3-4 dias Quadro clínico Otoscopia OMA IVAS > otalgia, febre MT íntegra, hiperemiada e abaulada OMA supurada IVAS > otalgia > otorreia com melhora da otalgia após saída de secreção MT perfurada e espessada com otorreia fluida amarelo-clara ou otorragia OMA OMA supurada (MT perfurada) Tratamento: Amoxicilina por 10-14 dias + Analgésico + Antitérmico Deve apresentar melhora (sem dor e sem febre) em 48-72h Se não melhorou: Amoxicilina + Clavulanato ou Cefalosporina Se não melhorou: miringotomia *Se paciente com alergia à penicilina: macrolídeo *Compressa quente para aliviar a dor OM SECRETORA Etiologia: Obstrução da tuba auditiva – pode ocorrer por: adenoide, alergia, IVAS *A obstrução da tuba faz com que a pressão no ouvido médio fique negativa, fazendo com que haja retração da MT (não doi!) e, como a tuba auditiva não consegue drenar, há acúmulo de secreção no ouvido médio, gerando hipoacusia que muda de acordo com a posição da cabeça (“ouvido estalando”) Manifestações clínicas: Hipoacusia Autofonia Vertigem *Não tem otalgia! OMS Se dúvida diagnóstica: 1) Audiometria: perda auditiva condutiva – a parte neurossensorial (>) encontra-se normal 2) Imitanciometria/Impedanciometria/Timpanometria: curva tipo B *A curva tipo C indica obstrução tubária, mas sem líquido acumulado no ouvido médio Tratamento: Depende da causa! CAUSA TRATAMENTO OMA que evoluiu para OMS após tratamento inadequado ATB Hipertrofia de adenoide Corticoide sistêmico Rinite alérgica ATB + Corticoide sistêmico Clínica leve Conduta expectante Se falha terapêutica ou persistência do líquido > 3m, perda auditiva importante (> 20dB), OMA recorrente: tubo de ventilação por 6 meses OMA RECORRENTE 1) Confirmar diagnóstico 2) Confirmar se o tratamento foi realizado corretamente Tratamento: Controlar e tratar fatores de risco Se não for possível: ATB profilático no inverno (Amoxicilina 15mg/kg/dia) ou colocar tubo de ventilação Prevenção: Orientar os pais quanto aos fatores de risco modificáveis: tabagismo passivo, creche, aleitamento materno, uso de chupeta Vacinas antipneumocócica e antiinfluenza Adenoidectomia Desestimular os pais a fumarem Otoscopia: MT retraída, nível hidroaéreo (líquido claro), bolhas 3 ou mais OMA em 6 meses 4 ou mais OMA em 1 ano Sendo a última há menos de 6 meses f. Complicações MASTOIDITE A inflamação pode se estender para o periósteo da mastoide no osso temporal, provocando edema, rubor e dor atrás da orelha TC: desaparecimento dos septos ósseos nas células da mastoide Tratamento: ATB IV *Toda OMA cursa com algum grau de mastoidite por contiguidade, mas é subclínico e o processo se reverte com o uso de ATB INFECÇÃO DO SNC Meningite, abscesso ou tromboflebite do seio lateral OTITE MÉDIA CRÔNICA a. Conceito Perfuração da MT associada ou não a uma afecção de ouvido médio e/ou mastoide, associada ou não à otorreia É uma alteração crônica do epitélio de revestimento do ouvido médio associada a uma perfuração da MT permanente! Otorreia + perfuração da MT sem dor b. Fisiopatologia Otite média aguda necrosante: Ouvido médio é infectado pelo Streptococcus B-hemolítico, o qual geralmente acomete pessoas debilitadas > otorreia fétida > trata > MT persiste perfurada, gerando otorreia *A perfuração timpânica permanente não vem da OMA e nem do trauma, porque nestas, a MT perfura e fecha sozinha! c. Classificação OMC SIMPLES MT timpânica perfurada + otorreia, sem maiores danos no ouvido médio Uma vez exposto, o ouvido médio é alvo de infecções/entrada de água via conduto auditivo externo ou tuba auditiva, gerando otorreia Clínica: otorreia intermitente sem cheiro, hipoacusia de condução (nem sempre) É indolor!!! – porque não tem distensão da MT (que é o que gera dor) Ocorre remissão espontânea Otoscopia: perfuração central da MT, otorreia (pus) sem cheiro, mucosa do ouvido médio (vista através da perfuração) sem alterações Tratamento: Fase supurada – com otorreia ATB tópico (gotas) + ATB sistêmico Fase não supurada – sem otorreia Conduta expectante OMC SUPURADA NÃO COLESTEATOMATOSA MT perfurada + otorreia, com danos ao ouvido médio (acomete cadeia ossicular) Uma vez exposto, o ouvido médio é alvo de infecções/entradade água via conduto auditivo externo ou tuba auditiva, gerando otorreia – principais: Pseudomonas, colibacilo, Staphylococcus Clínica: otorreia fétida, hipoacusia de condução Tratamento: Fase supurada – com otorreia ATB tópico (gotas) + ATB sistêmico Fase não supurada – sem otorreia Timpanoplastia OMC COLESTEOMATOSA Colesteatoma: é um tumor benigno caracterizado por “enovelamento” epitelial com capacidade de produção de enzimas proteolíticas – destrói elementos importantes próximos à ele Pode ser: a) Congênito: raro, formado a partir de um defeito do desenvolvimento embriológico com crescimento de tecido epitelial no osso temporal, com MT íntegra e sem HP de lesão otológica – por isso o dx é mais difícil b) Adquirido: primário e secundário Sobre o adquirido: Fisiopatologia: - Metaplásica (primário): o epitélio da MT sofre uma metaplasia - Migratória (secundário): as lesões causadas pela OMA necrosante geram uma migração epitelial inadequada Clínica: otorreia extremamente fétida, otalgia, hipoacusia (condutiva > neurossensorial), zumbidos e vertigem Não tem fator predisponente (ex: entrada de água) e não melhora com o tratamento convencional! Otoscopia: perfuração marginal da MT, otorreia fétida, mucosa do ouvido médio edemaciada e hiperemiada Otoscopia: MT perfurada, tumor (pele enovelada), secreção purulenta esbranquiçada, sangramento, descamação Audiometria: perda condutiva que pode progredir para perda neurossensorial TC de osso temporal: apagamento do esporação de Chausse, erosão ossicular, pneumatização da mastoide Tratamento: Cirurgia (timpanomastoidectomia radial) *Muito recidivante! Complicações: Fístula labiríntica Labirintite Paralisia facial Meningite Abscessos FARINGOAMIGDALITES a. Anatomia 1) Nasofaringe: coana – palato mole 2) Orofaringe: palato mole – epiglote 3) Laringofaringe: epiglote – cordas vocais Anel de Weldeyer: tonsilas faríngea (adenoide) + palatina (amígdala) + lingual – serve como barreira imunológica enquanto o sistema imune é imaturo *A tonsila faríngea (anoide) desaparece até os 10 anos e a palatina e lingual diminuem, uma vez que o espaço aumenta! b. Conceito Angina: processo inflamatório da mucosa faríngea (infeccioso ou não) *Não depende das tonsilas, uma vez que pode haver faringoamigdalite após amigdalectomia ou adenoidectomia! c. Classificação ANGINAS AGUDAS INESPECÍFICAS 1) ANGINA VIRAL – mais comum (2-3 anos) Febre baixa Odinofagia Congestão nasal Rinorreia hialina Tosse Associada à rinite/conjuntivite *Ausência de adenopatia! Etiologia: mixovírus, adenovírus, Coxsackie, rinovírus, herpes simples, influenza Tratamento: sintomáticos (AINEs, analgésicos) + calor local 2) ANGINA BACTERIANA ERITEMATOSA – (5-10 anos) Febre alta súbita Mal-estar Cefaleia Odinofagia intensa Adenomegalia cervical Otalgia reflexa Mialgia Oroscopia: mucosa hiperemiada, tonsilas edemaciadas, presença de vesículas/aftas (Coxsackie) e exsudato catarral Oroscopia: mucosa muito hiperemiada, tonsilas edemaciadas, exsudato purulento puntiforme (placas) Artralgia *Não tem sintomas nasais! Etiologia: estreptococo B-hemolítico do grupo A Diagnóstico: hemograma (leucocitose com desvio à esquerda), cultura de orofaringe, teste rápido (ELISA) Tratamento: Amoxacilina (50mg/kg/dia para crianças, 500mg 3x/dia para adultos) por 7 dias + sintomáticos (AINEs, analgésico) *Se alergia à Amoxacilina: cefalosporina, macrolídeo Complicações: febre reumática (sinais e sintomas aparecem após 2-3 semanas), escarlatina, glomerulonefrite (síndrome nefrítica após 1-2 semanas), síndrome do choque tóxico, abscesso periamigdaliano (S. pyogenes) 2 maiores ou 1 maior + 2 menores 3) ANGINA BACTERIANA PSEUDOMEMBRANOSA Formação de pseudomembrana invasiva sobre as tonsilas que se destaca facilmente Etiologia: Streptococcus, Pneumococcus Tratamento: Amoxacilina (50mg/kg/dia para crianças, 500mg 3x/dia para adultos) por 7 dias + sintomáticos (AINEs, analgésico) 4) ANGINA BACTERIANA FLEGMONOSA Abscesso agudo unilateral – abaulamento de orofaringe Disfagia Trismo Aparecimento de voz gutural Tratamento: Penicilina cristalina por 14 dias + Drenagem *Tem que cobrir anaeróbios 5) ANGINA DE LUDWIG Inflamação do assoalho da cavidade oral que se dissemina ao longo da fáscia cervical bilateralmente – abscesso Inicia-se por um foco traumático ou infeccioso na região bucal Tratamento: manter via aérea superior livre + Penicilina cristalina por 14 dias + Drenagem VIRAL BACTERIANA Quadro mais discreto Inicio insidioso Dor de garganta + quadro gripal (tosse, coriza, congestão nasal) Febre baixa Mal estar Hiperemia local, sem pus nas amígdalas Quadro mais intenso Inicio súbito Dor de garganta intensa, odinofagia Febre alta Cefaleia, vômitos, dor abdominal Exsudato purulento nas amígdalas Não há associação com conjuntivite e rinite Associação com conjuntivite e rinite Acometimento bilateral e simétrico das amígdalas Ausência de linfonodomegalias cervicais Acometimento unilateral ou assimétrico das amígdalas Linfonodomegalia cervical dolorosa e maior do lado acometido ANGINAS AGUDAS ESPECÍFICAS 1) ANGINA DIFTÉRICA Inicio insidioso Febre baixa Mal-estar Linfonodomegalia cervical Albuminúria Pulso rápido Hipotensão Arritmia Palidez Adinamia Etiologia: Corinebacterium difteriae Diagnóstico: bacterioscopia direta, cultura das secreções Tratamento: soro anti-diftérico *Rara, devido à vacinação 2) ANGINA DE PLAUT-VINCENT Odinofagia unilateral – sem febre!!! Lesões gengivais próximas ao último molar Etiologia: bacilo fusiforme + espirilo (má higiene oral!) Tratamento: Penicilina cristalina por 14 dias + sintomáticos (analgésicos) 3) ANGINA MONOCÍTICA (MONONUCLEOSE) Simula uma angina normal, mas não melhora com o tratamento convencional (Amoxicilina) Começa a tratar e após 3 dias surge o rash cutâneo Intensa adenopatia cervical, axilar, inguinal Hepatomegalia Esplenomegalia Etiologia: EBV Diagnóstico: hemograma (linfocitose com linfócitos atípicos > 10%), reação de Paul-Bunnel-Davidson, pesquisa de anticorpos anti-capsídeo viral (positiva após 10-12 dias), monoteste Tratamento: suspender Amoxacilina ANGINAS CRÔNICAS INESPECÍFICAS 1) ANGINA CRÔNICA PURULENTA ≥ 7/ano Oroscopia: presença de membrana branco-acinzentada que envolvem as tonsilas, pilares e úvula de odor fétido e que sangra Oroscopia: ulceração da amígdala e formação de pseudomembrana Oroscopia: amígdala hiperemiada, exsudato pseudofibrinoso ≥ 5/ano por 2 anos consecutivos ≥ 3/ano por 3 anos consecutivos *As infecções devem ser constatadas por um médico! 2) ANGINA CRÔNICA CASEOSA Tonsilas cheias de secreção e restos alimentares no interior das criptas (caseum) com intensa halitose Aspecto social incômodo Tratamento: gargarejo diário para remoção do caseum 3) ANGINA CRÔNICA HIPERTRÓFICA Respiração difícil e bucal Apneia noturna Irritabilidade e sonolência Prejuízo do aprendizado Deformidades ósseas faciais e dentárias Se avançado: hipertensão pulmonar, cor pulmonale *Ocorre principalmente em crianças e muitas vezes não estão relacionadas à quadro infeccioso! Tratamento: cirurgia 4) ADENOIDITE CRÔNICA Obstrução nasal Respiração bucal Secreções na parede posterior da faringe e nas fossas nasais Tendência à OMA de repetição, OMS, sinusopatias, resfriados Tosse espasmódica noturna Rouquidão Roncos Dorme de boca aberta Baba no travesseiro Voz anasalada Deformidades faciais: palato ogival e prognatismo da arcada superior Diagnóstico: RX de cavum + nasofibroscopia Tratamento: cirurgia ANGINAS CRÔNICA ESPECÍFICAS – são infecções secundárias, provenientes de doenças sistêmicas 1) SÍFILIS 2) TUBERCULOSE 3) BLASTOMICOSE *Sempre pensar em pacientes que não melhoram com o tratamento convencional! d. Cirurgia – sempre que tira a amígdala também tire a adenoide, mas o contrário não é verdadeiro! Indicações absolutas: Cor pulmonale Apneia noturna Disfagia Indicações relativas: Anginas de repetição (≥ 4/ano) Abscesso periamigdaliano Febre reumática Amigdalite caseosa – avaliar aspecto social Apenas adenoidectomia: Otites de repetição Sinusite de repetição Obstrução das vias aéreas superiores Contraindicações: Discrasia sanguínea Imunodeficiência Fenda palatina Anemia Infecção aguda Vacinação contra poliomielite PATOLOGIAS DO OUVIDO EXTERNO As patologias do ouvido externo jamais se desenvolvem sobre um epitélio íntegro! – sempre tem um trauma que leva à uma porta de entrada para infecção OTITE EXTERNA AGUDA Ocorre após um trauma (ex: uso de cotonete, entrada de água, queimadura) que abre uma porta de entrada, fazendo com que as bactérias da pele penetrem gerando um processo infeccioso Clínica: otalgia (piora com mastigação, bocejo, engolir e pode irradiar), hipoacusia de condução (edema diminui a luz do conduto auditivo), otorreia (secreção purulenta) Tratamento: ATB tópico (neomicina, gentamicina) + calor local *Se febre ou adenomegalia: + ATB sistêmico Profilaxia: evitar manipulação do conduto auditivo externa, evitar deixar entrar água OTITE EXTERNA ECZEMATOSA Reação de hipersensibilidade do epitélio do conduto auditivo externo – eczema de contato Alérgenos mais comuns: xampu, condicionador, brinco, medicamentos, sabonete Clínica: prurido intenso, descamação furfurácea, otorreia (líquido clarinho) Fase aguda: “ouvido molhado” = liquenificação Fase crônica: “ouvido descascando” = descamação epitelial Tratamento: identificar e evitar alérgeno + corticoide tópico (betametasona) + anti-histamínico FURÚNCULO DO MEATO ACÚSTICO Infecção do órgão pilossebáceo por Staphylococcus ou Streptococcus Clínica: edema circunscrito eritematoso e doloroso Tratamento: ATB sistêmico + calor local + AINEs Otoscopia: edema e hiperemia do conduto auditivo externo, otorreia (secreção purulenta) OTITE EXTERNA MALIGNA Acomete pacientes debilitados (idoso, DM, imunocomprometidos) Etiologia: Pseudomonas Clínica: começa como OEA (otalgia, edema, hiperemia, otorreia) > não responde ao tratamento > evolui com necrose Diagnóstico: VHS alto, TC Tratamento: ATB sistêmico por 4-6 semanas (ciprofloxacino 500mg) OTOMICOSE Inflamação do conduto auditivo externo por fungos Etiologia: Candida, Aspergillus Causada por fatores internos (imunodepressão) + fatores externos (coisa suja que entra no ouvido) Clínica: prurido, otalgia Otoscopia: abaulamento localizado na parede do conduto Otoscopia: micélios pretos (Aspergillus) ou brancos (Candida) Tratamento: limpeza do fungo + antifúngico tópico *Ao coçar, pode abrir uma porta de entrada, levando à infecção bacteriana > otalgia intensa! – nesse caso, associar ATB + analgésico OTITE EXTERNA GRANULOSA Granuloma no terço interno do conduto auditivo externo ou na face externa da MT Etiologia: Pseudomonas Clínica: otorragia (sangramento) Tratamento: ATB tópico (ciprofloxacino) > se não resolveu > cauterização OTITE EXTERNA ESTENOSANTE Proliferação epitelial que diminui a luz do conduto auditivo Clínica: hipoacusia Tratamento: cirurgia – a depender dos sintomas do paciente OTITE EXTERNA HEMORRÁGICA Etiologia: vírus Clínica: otalgia, sintomas gerais (mal-estar, febre) Tratamento: analgésico + drenagem das flictênulas ERISIPELA DO PAVILHÃO AUDITIVO Celulite superficial aguda Otoscopia: flictênulas (bolinhas de sangue) na face externa da MT Etiologia: Streptococcus pyogenes Clínica: febre alta, otalgia intensa, edema, eritema de margens nítidas, pele em casca de laranja Tratamento: penicilina OTO-HEMATOMA Trauma fechado entre o pericôndrio e a cartilagem, com acúmulo de sangue Tratamento: drenagem *Se não drenar: risco de pericondrite EXOSTOSES Calo ósseo que aparece no conduto auditivo externo Comum em mergulhador, nadador Clínica: assintomático Tratamento: conservador – cirurgia se hipoacusia CORPOS ESTRANHOS Em casos de insetos: imobilizar animal com óleo + retirar com jato de água morna ou pinça ROLHAS CERUMINOSAS Clínica: hipoacusia de condução Tratamento: jato de água morna – cerumin se necessário RINOSSINUSITE a. Anatomia Meato inferior Ducto nascolacrimal - Meato médio Seios frontal, maxilar, etmoidal anterior Seios anteriores Meato superior Seios esfenoidal, etmoidal posterior Seios posteriores Função dos seios paranasais: Aquecer e umidificar o ar Secreção de muco Equilibrar a pressão nasal *Os seios maxilar e etmoidal estão presentes desde o nascimento; os seios frontal e esfenoidal desenvolvem-se após os 3 anos; com 15 anos, as cavidades dos seios são amplas e os óstios são estreitos b. Conceito Processo inflamatório da mucosa da cavidade nasal e dos seios paranasais – rinite + sinusite *Pode haver rinite sem sinusite, mas nunca há sinusite sem rinite c. Classificação AGUDA < 4 semanas SUBAGUDA 4-12 semanas CRÔNICA >12 semanas AGUDA RECORRENTE 3 episódios em 6 meses ou 4 episódios em 12 meses CRÔNICA AGUDIZADA Sintomas respiratórios residuais quee sofrem agudizações d. Fatores de risco IVAS (resfriado comum) Rinite alérgica Exposição à fumaça de cigarro Anormalidades estruturais – desvio de septo, corpo estranho nasal, pólipo nasal, hipertrofia de adenoide Disfunção ciliar – fibrose cística Imunodeficiência humoral Imunossupressão e. Fisiopatologia A secreção dos seios paranasais caminha, através dos óstios, em direção aos meatos (cornetos), que formam a parede lateral da via nasal A fisiologia nasal depende, principalmente de: 1) Motilidade ciliar do epitélio – fator mais importante para uma drenagem bem-sucedida! 2) Patência dos óstios 3) Boa produção de muco Qualquer fator que altere esses componentes pode gerar sinusite IVAS Rinite alérgica Edema + inflamação da mucosa > produção de muco espesso > obstrução dos óstios de drenagem dos seios paranasais > acúmulo de muco no interior dos seios paranasais > proliferação bacteriana secundária Ar frio e seco DRGE Fibrose cística Batimento ciliar ineficiente > acúmulo de secreção no interior dos seios paranasais > proliferação bacteriana secundária Desvio de septo Pólipo nasal Hipertrofia de adenoide Obstrução anatômica dos óstios de drenagem > acúmulo de secreção no interior dos seios paranasais > proliferação bacteriana secundária *A principal causa na criança é a adenoide! AGUDA Normal no escolar: 7-10 episódios/ano Normal no adulto: 2-5 episódios/ano Etiologia: Viral (rinovírus, influenza) – é a mais comum! Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae Moraxella catarrhalis Manifestações clínicas: Rinorreia (anterior + posterior) Congestão nasal Cefaleia tipo peso Tosse Se bacteriana: sintomas persistem por > 7 dias com piora à noite! – “gripe prolongada” Sempre pensar em 3 situações: 1) Abriu o quadro com febre > 39 graus, coriza nasal amarelada, tosse produtiva por > 3 dias – isto é, comprometimento sistêmico precoce!2) Resfriado (tosse e coriza nasal) que persiste por > 7 dias 3) Inicia com um resfriado (tosse e coriza nasal) que começa a melhorar e piora (febre mais alta, tosse mais produtiva) Exame: Rinoscopia anterior: secreção mucopurulenta drenando no meato médio/superior Oroscopia: gotejamento posterior Exames complementares – NÃO são necessários! RX de seios paranasais: espessamento > 4mm, nível hidroaéreo, opacificação completa TC de seios paranasais: observar se óstios estão livres Endoscopia nasal: estuda cavidade nasal – identifica pólipos *Não justifica pedir em < 6 anos, porque os seios ainda não se formaram! Diagnóstico: Clínico! Tratamento: Lavagem nasal com SF 0,9% Analgésico Descongestionante nasal (oximetazolina, nafazolina) Indicação de TC de seios paranasais: Complicação Falha terapêutica Sinusite de repetição RX: Caldwell (frontonaso): etmoidal, frontal Waters (mentonaso): maxilares Perfil: esfenoidal Axial: maxilares Corticoide (tópico ou sistêmico) ATB: Amoxicilina + Clavulanato 500mg 3x/dia (adultos) ou 45-90mg/kg/dia (crianças) por 10-14 dias CRÔNICA Divida em: com polipose e sem polipose É causada por uma inflamação crônica: infecção, rinite alérgica, alteração anatômica (desvio de septo) Etiologia: Streptococcus pneumoniae Anaeróbicos Manifestações clínicas: Redução/perda do olfato Tosse crônica noturna Cefaleia em peso constante Gotejamento posterior com halitose *Os sintomas são mais discretos, mas mais duradouros Diagnóstico: Endoscopia nasal: eritema, edema, pólipos, crostas, sinéquias – deve ser feito no período intercrise TC de seios paranasais: identifica causa da obstrução – pólipos? Tratamento: Tratar a causa: investigar fatores predisponentes, corrigir alterações anatômicas, reeducação do paciente Corticoide tópico (mometasona, fluticasona) – porque vai usar por muito tempo Lavagem nasal com SF 0,9% Se alergia: anti-histamínico Se polipose: anti-leucotrienos Em caso de agudização: Amoxicilina + Clavulanato/Clindamicina/Metronidazol por 4-6 semanas - Indicação de cirurgia: Rinossinusite recorrente ou complicada que não respondeu ao tratamento clínico d. Complicações Celulite periorbitária: edema bipalpebral, quemose periorbitária, diminuição da motricidade ocular, diminuição da acuidade visual – fazer TC > ATB IV Celulite orbitária Infecção do SNC (meningite, abscessos, trombose de seio): cefaleia de intensidade exagerada, sinais meníngeos, convulsões, rebaixamento do nivel de consciência RINITES a. Conceito Todo processo inflamatório da mucosa nasal Caracterizada pela presença 1 ou mais dos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorreia (anterior ou posterior), prurido, espirros, hiposmia – esses sintomas geralmente ocorrem por 2 dias consecutivos e duram cerca de 1h/dia b. Classificação INFECCIOSAS RINITE CATARRAL AGUDA/IVAS/RESFRIADO COMUM Etiologia: rinovírus, adenovírus Fisiopatologia: resfriamento das extremidades do corpo > vasoconstrição na mucosa nasal > diminuição dos mecanismos de defesa das fossas nasais (cílios batem menos, menor produção de muco) > predisposição à infecções Clínica: mal estar, febre, mialgia + rinite (rinorreia se inicia hialina > amarelada no 3º dia > hialina no 7º dia) É autolimitada (7 dias)! Tratamento: sintomático – lavagem nasal com SF, bebida quente, analgésico, antitérmico, hidratação RINITE DO LACTENTE Mesma coisa da rinite catarral aguda, no entanto, no lactente é mais importante, uma vez que este possui fossas nasais bem menores, evoluindo rapidamente com obstrução nasal, a qual pode prejudicar sua respiração, alimentação, sono, deglutição Clínica: obstrução nasal, dispneia, dificuldade de mamar, sono agitado Tratamento: sintomático – lavagem nasal com SF!! RINITE GRIPAL/GRIPE Etiologia: influenza – dura 30 dias dentro do organismo É mais sintomática que o resfriado comum A transmissão ocorre por gotículas de saliva Clínica: odinofagia, obstrução nasal intensa, cefaleia, otalgia, mialgia, febre intermitente, rinorreia hialina > amarelada Complicações: otite, sinusite, pneumonia – mais comum nos lactentes, gestantes, idosos, HAS, dm Vacinação anual, porque o vírus sofre muita mutação Tratamento: cuidados gerais + sintomáticos *Se piora do quadro = infecção bacteriana secundária > ATB! ALÉRGICAS É uma inflamação da mucosa nasal mediada por IgE após exposição da mucosa a um alérgeno (geralmente inalatório) Diagnóstico: clínico, testes alérgicos, dosagem de IgE (no sangue ou na secreção nasal) ALÉRGICA Etiologia: alérgeno inalatório – o mais comum é o ácaro (se alimenta de restos epiteliais) Fisiopatologia: a) reação imediata: paciente entra em contato com alérgeno > degranulação de mastócitos > liberação de histamina; b) reação tadia: eosinófilos > produção de leucotrienos, bradicina > quadro persistente Clínica: rinite desencadeada por algum fator específico Exame físico: cornetos hipertrofiados, palidez de mucosa, secreção hialina Diagnóstico: clínico! – se dúvida: testes alérgicos, hemograma (eosinofilia), dosagem de IgE sérica *O teste negativo não exclui rinite alérgica, porque pode ser rinite alérgica local! Tratamento: Intermitente Frequência < 4x/semana e duração < 4 semanas Persistente Frequência > 4x/semana ou duração > 4 semanas Leve Não há distúrbio do sono, alterações das atividades diárias, impedimento para escola ou trabalho, sintomas não incomodam Controle ambiental: afastar do alérgeno – evitar almofada, travesseiro, cobertor, tapete, poeira; passar pano úmido na casa, evitar animal doméstico, evitar fumaça de cigarro Moderada- severa Há distúrbio do sono, alterações das atividades diárias, impedimento para escola ou trabalho ou sintomas incomodam Controle ambiental Anti-histamínico (2ª ou 3ª geração) + corticoide intranasal por, no mínimo, 30 dias Se crise intensa: descongestionante nasal por 7 dias Se não respondeu: imunoterapia específica ALÉRGICA LOCAL O paciente tem os sintomas + exame físico típicos de rinite alérgica, com dosagem de IgE no sangue negativa e dosagem de IgE na secreção nasal positiva NÃO-INFECCIOSAS E NÃO-ALÉRGICAS Os sintomas são desencadeados por outros fatores Teste alérgico negativo, dosagem de IgE sérica e na secreção nasal negativos, ausência de infecção IDIOPÁTICA/VASOMOTORA Etiologia: estímulos físicos (mudança brusca de temperatura) Fisiopatologia: estímulos físicos > resposta exagerada do SN parassimpático > excesso de acetilcolina > vasodilatação > congestão nasal Exame físico: hipertrofia de cornetos, hiperemia de mucosa, secreção hialina Tratamento: anti-colinérgico tópico nasal (Atrovent) + corticoide intranasal INTRÍNSECA/EOSINOFÍLICA Comum em pessoas com asma e intolerância à AAS Associada a polipose nasal Clínica: principalmente obstrução nasal Tratamento: corticoide sistêmico ou cirurgia + corticoide intranasal (evita recidiva) *Cirúrgico ou não, tem a mesma chance de recidivar SECUNDÁRIA a) Medicamentosa Etiologia: vasoconstritores nasais – se pingar mais de 7 dias > efeito rebote > ciclo vicioso Tratamento: trocar descongestionante nasal por descongestionante oral por 7 dias ao mesmo tempo que se inicia corticoide intranasal – pra dar tempo de fazer o efeito! b) Irritativa Etiologia: fumaça de cigarro, poluição ambiental, cloro Tratamento: retirar irritante + sintomático c) Hormonal/Gestacional Etiologia: aumento do estrogênio (ACO) Tratamento: anti-histamínico de 2ª/3ª geração + corticoide intranasal OCUPACIONAL É desencadeada/exacerbada no ambiente de trabalho, sendo ou não alérgica Tratamento:controle ambiental + uso de EPI MISTA Tem mais de um agente etiológico (ex: rinite alérgica + rinite catarral aguda/resfriado comum) SECUNDÁRIA A ANORMALIDADES ESTRUTURAIS Etiologia: desvio de septo, hipertrofia de adenoide, atresia coanal, corpos estranhos Tratamento: tratar causa SÍNDROMES VESTIBULARES a. Conceitos A tontura é dividida em: VERTIGEM Sensação de que as coisas estão rodando (objetiva) ou a própria pessoa está rodando (subjetiva) PRÉ-SÍNCOPE Escurecimento visual, palidez, náuseas, sudorese – diminuição do fluxo sanguíneo cerebral DESEQUILÍBRIO Sensação de perda de equilíbrio ATORDOAMENTO Sensação vaga de “cabeça vazia”, “cabeça cheia” A orientação espacial é dada por: Propriocepção Visão Sistema vestibular LABIRINTOPATIAS O labirinto possui alta suscetibilidade à alterações funcionais de fatores metabólicos e/ou vasculares O labirinto é altamente dependente de glicose e oxigênio – isso significa que, na ausência desses fatores, pode haver uma disfunção labiríntica O fator psicológico tem grande influência – a ansiedade piora a tontura e vice-versa b. Diagnóstico 1) Anamnese Inicio, término e tempo dos sintomas Fatores atenuantes e agravantes História prévia de tontura História familiar de tontura Associação com náuseas e vômitos Uso de medicação Alterações auditivas Crianças: Chorar ou ficar no colo com cabeça fixa Alteração na marcha Atraso na deambulação Nistagmo História familiar de tontura Cinetose Mau desempenho escolar 2) Exame físico Exame otoneurológico: Romberg – paciente cai para o lado: labirintopatia; paciente cai para frente/trás: lesão central Romberg-Barré Nistagmo espontâneo ou semi-espontâneo Função cerebelar – índex-índex, índex-nariz 3) Exames complementares - Screening metabólico: Hemograma Glicemia de jejum TSH e T4 livres Colesterol total e frações Triglicérides - Screening auditivo: Audiometria tonal e vocal Impedanciometria Teste vestibular – diferencia lesão central de periférica Se alteração: BERA TC RM c. Principais síndromes VPPB Epidemiologia: é a causa mais comum de vertigem periférica, principalmente em idosos Clínica: ataques recorrentes de vertigem rotatória intensa com duração de segundos desencadeada por movimentos cefálicos bruscos Fisiopatologia: deslocamento de otólitos do utrículo/sáculo para os canais semicirculares Diagnóstico: manobra de Hallpicke – presença de nistagmo Tratamento: manobra de Epley + inibidores do labirinto DOENÇA DE MENIÉRE Epidemiologia: acomete principalmente mulheres entre 30-50 anos e 10% apresentam forma familiar Clínica: vertigem espontânea que dura minutos a horas, plenitude auricular, zumbido, hipoacusia Fisiopatologia: falha na absorção da endolinfa > hidropsia endolifática Diagnóstico: clínico – se dúvida: eletrococleografia Tratamento: dieta hipossódica + diurético (indapamida) + inibidores do labirinto LABIRINTITE Fisiopatologia: processo inflamatório ou infeccioso do labirinto, geralmente como consequência de uma infecção da orelha médio Clínica: vertigem intensa Tratamento: ATB + corticoide NEURITE VESTIBULAR Fisiopatologia: lesão aguda do nervo vestibular Clínica: vertigem súbita que dura dias, com sintomas gerais e sem sintomas auditivos – geralmente é precedido por IVAS Tratamento: sintomáticos + inibidores do labirinto CINETOSE Fisiopatologia: hipersensibilidade do labirinto Clínica: tontura, náuseas e vômitos desencadeados por veículos em movimento Tratamento: concentrar o olhar em ponto fixo + antieméticos LABIRINTOPATIA METABÓLICA Etiologia: hipo/hipertireoidismo, dislipidemia, distúrbios hormonais Clínica: vertigem, hipoacusia, zumbidos Tratamento: tratar doença de base - Inibidores do labirinto: Cinarizina 75mg/dia – pode aumentar depressão e seu uso crônico pode levar a doença de Parkinson Flunarizina 10mg/dia Betaistina 24mg 12/12h *Devem ser usados por no máximo 3 meses - Antieméticos: Metoclorpramida Ondansetrona Meclizina Dimenidrato VERTIGEM NO PS: Controlar PA Corrigir glicose Corrigir metabólitos Antieméticos Benzodiazepínico Na alta: encaminhar para controle ambulatorial para investigação EPISTAXE a. Conceitos Hemorragia nasal Epistaxe Qualquer sangramento que se exterioriza pelas fossas nasais, independente da origem Sangramento da mucosa das fossas nasais b. Epidemiologia Em 90% dos casos o sangramento é anterior!! c. Fisiologia As fossas nasais são irrigadas pela artéria carótida interna e externa (principalmente) Região anterior ACI > art. oftálmicas > art. etmoidais Plexo de Kiessellbach (área de Little): região septal anterior Região posterior ACE > art. maxilar > art. esfenopalatinas (se origina em um forame na cauda do corneto médio) Plexo de Woodruff: região posterior e inferior à concha média d. Etiologia Fatores locais: Trauma Inflamação Alterações anatômicas Corpo estranho Irritantes químicos Cirurgias Tumor intranasal Spray nasal Uso prolongado de oxigênio Fatores sistêmicos: HAS Discrasias sanguíneas Drogas Alergia Desnutrição e. Fisiopatologia Lesões que levam à perda da integridade da mucosa nasal (trauma, ressecamento do ar, diminuição da eficiência do sistema mucociliar) levam ao extravasamento de sangue dos seios cavernosos (lagos vasculares) para o espaço extravascular e, daí, para o exterior da mucosa nasal f. Conduta/Tratamento 1) EPISTAXE INATIVA Lavagem nasal com SF 0,9% 4x/dia Gelo em dorso nasal Orientações gerais: repouso, gelo, evitar AAS Quando sangrar, abaixar a cabeça, abrir a boca e comprimir o nariz por 10 minutos Cauterização química ou elétrica do plexo de Kiesselbach (área de Little) – cuidados após cauterização: não manipular o local, não assoar o nariz, hidratar região, evitar esforço físico 2) EPISTAXE ATIVA Assegurar vias aéreas Estabilização hemodinâmica Controlar PA Posicionar o paciente sentado e limpar Determinar local de sangramento – dar vasoconstritores (epinefrina ou nafazolima) Reposição volêmica Se não melhorou: Tamponamento anterior – introduzir gaze comprimida úmida (SF, nebacetin) + analgesia + remoção do tampão após 3-5 dias Se não melhorou: Tamponamento posterior – usar sonda de Foley + analgesia + ATB sistêmico (sinusite!) + internação + remover tampão após 4-5 dias *Nunca fazer em fratura de base de crânio!! Se não melhorou: Cauterização/ligadura da artéria esfenopalatina Se não melhorou: Angiografia + embolização DOENÇAS DA LARINGE a. Anatomia Órgão envolvido na respiração, deglutição e fonação Entre o sistema digestivo e respiratório Funções: protege as vias aéreas inferiores através da epiglote e do reflexo de tosse (n. laríngeo recorrente), função de fonação (cordas vocais fazem abdução, adução e movimentos ondulatórios) Se alterada, pode cursar com sintomas respiratórios, alteração da voz (disfonia), tosse (reflexo fica exacerbado por inflamação/infecção) b. Exames complementares Laringoscopia indireta Videolaringoscopia ou videonasolaringoscopia (nasofibroscópio) – fibra flexível Videotelelaringoscopia – fibra rígida Videolaringoestroboscopia – melhor exame para ver movimentos ondulatórios das cordas vocais!!! LARINGITES AGUDAS É todo processo inflamatório da laringe Pode ser viral ou bacteriana Cursa com disfonia, odinofagia, dor, tosse, estridor laríngeo São, com frequência, precedidas por IVAS LARINGITE VIRAL Etiologia: parainfluenza Clínica:disfonia (rouquidão), tosse seca, dor na garganta (sem odinofagia!), coriza, sintomas gerais (febre baixa intermitente, astenia, mialgia) O principal fator desencadeante é a mudança brusca de temperatura! É um quadro autolimitado – dura 5-7 dias Ao exame: hiperemia de faringe, hiperemia das falsas pregas vocais – as verdadeiras pregas vocais estão normais! Tratamento: cuidados gerais + sintomáticos (analgésico, antitérmico, antitussígeno, AINEs) Pode evoluir para laringite bacteriana ou laringotraqueíte (crupe) Cuidados gerais: Repouso vocal Hidratação Evitar gelado Tomar chá Vaporização com água quente Evitar cigarro e álcool LARINGITE BACTERIANA (CORDITE) Etiologia: pneumococo, Haemophilus influenzae, Moraxella Clínica: febre contínua, tosse produtiva, piora da disfonia (rouquidão) Geralmente é uma evolução da laringite viral – sintomas pioram! Ao exame: hiperemia das pregas vocais verdadeiras Hemograma: leucocitose Tratamento: cuidados gerais + ATB (Amoxicilina) LARINGOTRAQUEÍTE (CRUPE) Ocorre quando a laringite viral se estende para a traqueia Clínica: disfonia (rouquidão), tosse seca, dor na garganta (sem odinofagia!), sintomas gerais (febre baixa intermitente, astenia, mialgia) > estridor laríngeo (som de um gatinho) + tiragem supraclavicular e supraesternal É um quadro autolimitado – dura 5-7 dias Tratamento: cuidados gerais + inalação com epinefrina ou corticoide LARINGITE ESTRIDULOSA (FALSO CRUPE, ESPASMÓDICA) Associado à atopia e DRGE Clínica: o menino tá bem e acorda no meio da noite com estridor laríngeo intenso + dificuldade respiratória (asfixia, sufocando) Por mais alarmante que seja, é um quadro benigno, de fácil resolução! Ao exame: sem alterações Tratamento: vaporização com água quente ou inalação com epinefrina ou corticoide COQUELUCHE Etiologia: Bordetella pertussis Acomete crianças < 6m ou > 16a Clínica: tosse paroxística (inspiração forçada e expiração rápida ) em guincho Hemograma: leucocitose > 20.000 Tratamento: ATB (eritromicina) por 14 dias para o paciente e contatos íntimos + cuidados gerais EPIGLOTITE Etiologia: Haemophilus influenzae tipo B É uma celulite da epiglote e do andar supraglótico! Muito grave!!!! Evolução rápida – pródromo dura poucas horas (2-6h) Clínica: febre alta, dor intensa na garganta (sensação de aperto), asfixia, odinofagia intensa, salivação, posição característica (mandíbula pra frente) Ao exame: hiperemia e edema acentuado da epiglote Tratamento: internação + manter VA pérvias (intubar ou traqueostomizar!) + ATB (ceftriaxona 50mg/kg/dia) DOENÇAS DAS CORDAS VOCAIS O acometimento das cordas vocais geralmente é secundário à alguma doença de base Se o paciente não apresentar outros sintomas, além da disfonia, deve-se pensar em doenças estruturais As cordas vocais devem fechar totalmente no movimento de adução – se isso não ocorrer, forma-se uma fenda glótica, responsável pela rouquidão Melhor exame: vidrolaringoestroboscopia Clínica: disfonia (rouquidão) crônica! NÓDULO VOCAL Etiologia: mau uso da voz – comum em professores, cantores, oradores, políticos Saliência na borda livre da corda vocal (“calo na corda vocal) que não deixa as cordas vocais se fecharem totalmente – fenda glótica Bilateral e simétrico Tratamento: fonoterapia > cirurgia (se refratário ou muito grande) Se continuar usando a voz de forma inadequada, ocorre recidiva (mesmo após a cirurgia) PÓLIPOS Etiologia: fonotrauma – ex: gritou muito em um show Podem ser branco/vermelho/roxo ou pediculado/séssil Unilateral Tratamento: cirurgia ou fonoterapia GRANULOMA Etiologia: intubação prolongada, DRGE ou abuso vocal É uma “verruguinha” mais irregular que o pólipo Tratamento: depende da etiologia 1) IOT: cirurgia 2) DRGE: tratar DRGE 3) Fonotrauma: fonoterapia PAPILOMAS Etiologia: HPV Lesões múltiplas em cachos de uvas São lesões pré-cancerosas!! Pode se estender para a traqueia Tratamento: cirurgia EDEMA DE REINKE Etiologia: tabagismo e etilismo Clínica: disfonia crônica + abaixamento do tom fundamental (voz grave) Muito mais diagnosticado na mulher Ao exame: edema generalizado das cordas vocais, translúcido – as cordas vocais ficam parecendo uma gelatina Tratamento: cessar tabagismo e etilismo Se não tratar: evolui para CA de laringe CISTO Pode ser adquirido (mau uso da voz) ou congênito É uma lesão intrapregal (dentro da prega!) Unilateral – parede um nódulo, mas é unilateral Tratamento: cirurgia + fonoterapia LEUCOPLASIAS Lesão branca superficial na prega vocal São lesões pré-cancerosas ou já com CA in situ!!! – INDEPENDENTE DO TAMANHO Tratamento: biópsia excisional CA DE LARINGE Etiologia: tabagismo e etilismo – relação absoluta! Sexo masculino, 60-70 anos Sintomas insidiosos e progressivos O prognóstico inicial é bom! Tratamento: cirurgia ou radioterapia – possuem o mesmo prognóstico, mas a radioterapia conserva mais a qualidade vocal EXAMES COMPLEMENTARES AUDIOMETRIA TONAL E VOCAL Avalia a audição a) Tonal: teste subjetivo para avaliar o grau e o tipo de perda auditiva (condução, neurossensorial ou mista) b) Vocal: avalia a capacidade de compreensão da fala humana Interpretação do audiograma: Eixo vertical: decibéis – intensidade do som (conforme se aumenta os dB, o som fica mais alto) Eixo horizontal: frequência – quanto maior a frequência, mais agudo é o som Vermelho: OD Azul: OE Via aérea: O, X Via óssea: <, > Tonal normal: perda na via aérea + via óssea até 25dB (25-40 leve, 40-70 moderada, 70-90 grave, > 90 profunda) Vocal normal: acertar no mínimo 88% das palavras Condução Neurossensorial Via aérea alterada Via óssea normal Via aérea alterada Via óssea alterada Condução: perfuração da MT, otite, cerúmen Hipoacusia de condução Hipoacusia neurossensorial Audiometria normal IMPEDANCIOMETRIA/IMITANCIOMETRIA Analisa a integridade funcional das estruturas do sistema auditivo A análise da orelha média é feita através de 2 testes: a) Timpanometria: mede a complacência da membrana timpânica – a pressão no OD deve ser igual à do OE b) Reflexo estapediano: analisa o reflexo acústico pela contração reflexa do m. estapédio frente a sons intensos Interpretação das curvas: TIPO A TIPO B TIPO C Normal Otite média aguda secretora (OMS) Disfunção tubária EMISSÕES OTO-ACÚSTICAS É o teste da orelhina – feito até o 2º dia de vida Capta o som produzido pela vibração das células ciliadas (emissões oto-acústicas) Não quantifica, apenas vê se tem audição ou não (ausência ou presença de resposta) *Se ausência de resposta: BERA AUDIOMETRIA DO TRONCO CEREBRAL (BERA) Determina o limiar fisiológico da audição Diferencia alterações da cóclea de alterações do nervo vestibulococlear Avalia o nervo auditivo – lesão retro-coclear Indicações: Hipoacusia nerossensorial unilateral Teste da orelhinha (emissões oto-acústicas) com ausência de resposta TESTE VESTIBULAR COM ELETRONISTAGMOGRAFIA Realizado em casos de labirintopatia VIDEONASOFARINGOSCOPIA Realizado em casos de patologias nasais VIDEOLARINGOSCOPIA Realizado em casos de patologias faríngeas ou das cordas vocais
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