Buscar

PARASITOSES INTESTINAIS NA INFÂNCIA

Prévia do material em texto

- Identificar quais as protozooses mais comuns na infância
- Apontar as principais etiologias relacionadas com as protozooses
- Entender a fisiopatologia das principais protozooses intestinais
- Definir os principais métodos diagnósticos dessas patologias
- Elencar as principais políticas públicas voltadas para a contenção das parasitoses.
PROTOZOOSES NA INFÂNCIA .
As parasitoses intestinais ainda são um grave problema de saúde , principalmente nos
países em desenvolvimento. Segundo a OMS, essas englobam o conjunto de doenças mais
comuns da terra.
Epidemiologia: .
A ascaridíase, por exemplo, representa a segunda infecção mais comum, com cerca de 1
milhão de pessoas acometidas.
Lamentavelmente, por essas doenças acometem em suma países em desenvolvimento
onde a pobreza e condições precárias de saúde; poucos são os estudos epidemiológicos
voltados para essas doenças.
Além disso, há ainda a dificuldade em realizar os exames coproparasitológicos, pois poucos
dados etiológicos são fidedignos.
O último levantamento sobre parasitoses no brasil foi realizado em 2005. Com isso, os
resultados foram prevalência geral das parasitoses 15 a 80%, parasitoses em lactentes com
15%, em escolares 23,3 a 66,3% e poliparasitismo 15 a 37%.
Na tabela mostra as taxas em relação às diferentes etiologias:
Etiologia: .
As protozooses patogênicas mais comuns na infância são:
● Entamoeba histolytica (amebíase)
● Giardia lamblia (Giardia Intestinalis - Giardíase)
● Cryptosporidium parvum (criptosporidíase)
● Cystoisospora belli (Ciclosporíase)
● Balantidium coli (balantidiose)
● Microsporidia (Microsporidiose)
● Blastocystis hominis (blastocistose humana)
● Sarcocystis sp. (Sarcocistose)
● Dientamoeba Fragilis (Dientamoeba fragilis)
● Cyclospora cayetanensis (Ciclosporíase); dentre outros.
Já os helmintos são divididos em nematelmintos (cilíndricos) e platelmintos (achatados).
Os principais nematelmintos: (geo-helmintos) - ambiente
● Ascaris lumbricoides (ascaridíase)
● Enterobius vermicularis (oxiuríase)
● Trichuris trichiura (tricuríase)
● Necator americanus (ancilostomose)
● Ancylostoma duodenale (ancilostomíase)
● Strongyloides stercoralis (Estrongiloidíase)
Os principais platelmintos: (bio-helmintos) - animais
● Taenia solium - HI é o porco
● Taenia saginata - HI é o boi
● Hymenolepis nana - HI são os artrópodes
● Diphyllobothrium latum - HI são os peixes
● Schistosoma mansoni - HI é o caramujo
Ciclo de Vida: .
O ciclo de vida dos agentes depende muito da sua natureza,da localização no trato
gastrointestinal e da sua forma de contágio.
No caso dos helmintos,o ciclo é
ovo → larva → adulto
Já no caso dos protozoários,o ciclo é
cistos → oocistos → trofozoítos
Quadro Clínico: .
Quanto ao quadro clínico geral das parasitoses intestinais,em sua grande maioria, são
oligossintomáticas ou assintomáticas.
Geralmente, apresenta sintomas inespecíficos como diarreia, astenia, náuseas, vômitos, dor
abdominal inespecífica, distensão abdominal, má absorção e desnutrição.
É importante salientar que o modo como ocorre os mecanismos de desnutrição variam de
acordo com cada agente etiológico.
● Dentre as principais manifestações que sugerem helmintíase , manifestam-se de
forma essencial:
- Infestação com tendência à suboclusão (que é uma barreira dificultando a passagem
de fezes e gases pelo interior do órgão) e até obstrução intestinal na ascaridíase.
- Prurido anal na oxiuríase que ocorre porque as fêmeas depositam seus ovos na
borda anal.
- Prolapso retal na tricuríase
- Anemias importantes por espoliação( Fe) na ancilostomíase e necatoríase
- Disseminação séptica na estrongiloidíase em paciente imunossuprimido
- Convulsões no adolescente decorrentes da neurocisticercose nas teníases por
Taenia solium.
- Tenesmo nas teníases em geral.
- Hepatoesplenomegalia na esquistossomose.
- Síndrome de Loeffler (migração errática para via respiratória) na necatoríase,
ascaridíase, estrongiloidíase e ancilostomíase.
● Nas protozooses, acentua-se:
- Síndrome disabsortiva da giardíase
- Disenteria sanguinolenta e abscessos hepáticos na amebíase.
- Diarreia do imunossuprimido na criptosporidíase e cistoisosporíase.
IMPORTANTE:
Existem muitos mitos referentes aos sintomas das parasitoses, muito cuidado!
Cabe ao pediatra identificar a relevância e esclarecer os familiares. A eliminação dos
parasitas no vômito ou na evacuação, com a descrição do evento pelos familiares ou
visualização pelo pediatra, ajuda no diagnóstico correto para a parasitose.
Diagnóstico: .
O diagnóstico para as parasitoses é feito pelo aspecto clínico,mas pode ser complementado
pelo laboratorial. Existem muitos métodos coproparasitológicos utilizados pelos laboratórios.
Enquanto, quando não há a especificação no parasitológico de fezes em relação ao método
ou qual o parasita suspeito, o laboratório realiza em média de 2,3 testes mais abrangentes,
no entanto, pode não ser os métodos ideais para a parasitose em questão. Por esse motivo,
um exame negativo não afasta a suspeita, mas um exame positivo confirma.Logo, é
importante que o pediatra fique atento às especificações para o parasitológico de fezes.
Um exame direto das fezes a fresco pode determinar qualquer parasitose com baixos níveis
de sensibilidade. Em média, o ideal é fazer um exame que contemple todas as formas de
helmintos e protozoários e melhorar a sensibilidade dos exames. Por isso, é importante a
coleta seriada de fezes, uma vez que é feita a cada 7 dias por 3 semanas. Com esse
período, é possível avaliar melhor todas as formas.
Em relação aos exames inespecíficos, eosinofilia (nível elevado de glóbulos brancos) é um
achado comum em helmintos. Nos protozoários, o Cystoisospora belli pode apresentar.
A radiografia é um método auxiliar para suboclusão por áscaris e também na síndrome de
Loeffler (pneumonite eosinofílica). A ecografia abdominal (avaliar os principais órgãos do
abdome superior) pode auxiliar na migração errática de áscaris(?) para colédoco e
abscesso amebiano, por exemplo.
Algumas parasitoses podem ser diagnosticadas por sorologias, como estrongiloidíase,
esquistossomose e amebíase. Retossigmoidoscopia com biópsia, colonoscopia com
biópsia, biópsia de intestino delgado e pesquisa de antígenos nas fezes também são
métodos de investigação que podem ser usados na investigação.
Tratamento: .
Primeiramente, é importante salientar que o tratamento das parasitoses não visa apenas a
eliminação do parasita do corpo do paciente, mas também sua diminuição progressiva no
contexto geral. Segundo a OMS, para países em desenvolvimento, preconiza-se uma
terapia empírica a cada 4,6 ou 12 meses, dependendo da região e epidemiologia local.Essa
medida é mais segura e econômica,o que facilita a necessidade de coleta em massa para
definir um tratamento para tais doenças.
Já quanto às parasitoses, ainda se atua de maneira ampla, mas deveria ser específica. Este
fato ocorre também pela alta incidência de poliparasitismo e pelo fato dos
coproparasitológicos apresentarem grande quantidade de falsos negativos.
Com as medidas profiláticas de antiparasitários, as taxas de infecção pelos parasitas
intestinais vão decrescendo gradativamente. A maioria dos helmintos tem sua taxa
diminuída com a terapia profilática empírica sequencial, principalmente ascaridíase,
ancilostomíase, enterobíase e tricuríase ( terapia: albendazol em dose única). Esse
impacto ocorre principalmente em crianças devido a profilaxia das verminoses feita pelos
pediatras.
Esse tratamento deve ser feito de forma dividida: antiparasitários antigos e novos. Definidos
por classes farmacológicas polivalentes ou específicas, anti-helmínticos e anti protozoários
e de acordo com a idade.
A imagem abaixo mostra os modos de ação de cada antiparasitário:
Na classificação por classes farmacológicas têm-se que:
os benzoimidazólicos - compostos por drogas anti-helmínticas, como mebendazol(mais
clássico devido ao seu baixo custo e polivalência na maioria das helmintíases; defeito: sem
ação na estrongiloidíase), tiabendazol (clássico paraestrongiloidíase) e albendazol;
os nitroimidazólicos - para protozoários , como metronidazol, tinidazol e secnidazol;
Os novos antiparasitários são ivermectina e nitazoxanida, além dos praziquantel e
oxamniquina.
IMPORTANTE:
A Piperazina foi uma medicação importante para suboclusão por Ascaris lumbricoides,
entretanto houve uma proibição devido aos efeitos anfetamínicos do fármaco.
Atualmente, para tratar suboclusão e oclusão intestinal na ascaridíase é feito com
internação hospitalar, jejum, sonda nasogástrica e óleo mineral, aguardando o
desenovelamento com expulsão dos helmintos. E caso o tratamento clínico falhe, ou
apareçam sintomas de sofrimento de alças, deve-se aderir ao tratamento cirúrgico. Após a
eliminação do ascaris, iniciar o tratamento com albendazol.
● O Albendazol é um antiparasitário polivalente importante na pediatria.
Apresenta ação sobre o ovo, a larva e o verme adulto, por esse motivo não é necessário
repetir seu ciclo, como no caso do mebendazol.
Além disso, não deve ser usado em menores de 2 anos, por falta de estudos, e deve-se
evitar em encefalopatas e hepatopatas, devido aos seus efeitos adversos.
● O Tiabendazol é utilizado por sua ótima ação na estrongiloidíase; no entanto, é um
dos antiparasitários mais tóxicos(neurotoxicidade), sendo recomendado para
pacientes maiores de 5 anos. O Cambendazol é uma opção, porém é pouco usual.
● Praziquantel é específico para as teníases, ocasionando a expulsão do platelminto.
Já a oxaminiquina para esquistossomose e ambos são dose única.
● O metronidazol pode ser utilizado de 3 a 4 vezes/dia por um período de 7 a 10 dias,
quando há um envolvimento de Giardia intestinalis ou entamoeba histolytica. No
entanto, seus efeitos adversos são: vômitos, náuseas, intolerância medicamentosa,
gosto metálico e boca seca. Os novos antiparasitários como secnidazol e tinidazol
apresentam a vantagem de serem dose única e menos efeitos adversos.
● Ivermectina apresenta ótima ação em ectoparasitas e ascaridíase. Além de atingir
uma ótima eficácia para estrongiloidíase (pode ser uma alternativa ao tiabendazol).
Age também na enterobíase e tricuríase.
● Nitazoxanida é um antiparasitário de amplo espectro, porém com eficácias diferentes
de acordo com cada parasitose. Age na enzima pFpr, responsável pelo metabolismo
dos parasitas,( desenvolvida para a cryptosporidium sp.), porém foi constatada sua
eficácia na maioria dos helmintos e protozoários, tornando-se a droga mais
polivalente. Porém ainda é um medicamento considerado de maior custo.
Na classificação por idade têm-se que:
● < 1 ano; o tratamento deve ser mais específico e realizado em casos confirmados,
não se indica terapia empírica nessa faixa.
● 1 e 2 anos;o tratamento pode usar terapia empírica com mebendazol e metronidazol
ou nitazoxanida isolada.
● > 2 anos; o tratamento pode ser usado a grande maioria dos medicamentos
empiricamente ou de acordo com o agente causal, como albendazol por 5 dias,
ivermectina e nitazoxanida.
● Patológico de fezes positivos; deve ter um controle de cura com parasitológicos
de controle por 15 a 30 dias após o tratamento.
IMPORTANTE:
De nada vale o tratamento antiparasitário se não houver uma orientação para medidas
profiláticas das parasitoses, enfatizando as orientações higiênicas universais.

Continue navegando