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“Dos gentlemen569 que estão nesse negócio pode-se esperar que
ajam como agem, arrancar tudo o que podem dos moradores e deixar
a casa em máxima petição de miséria para seus sucessores.”570
Os aluguéis são semanais, e os senhorios não correm riscos. Em
decorrência da construção de estradas de ferro dentro da cidade
“viu-se recentemente na parte leste de Londres certa quantidade
de famílias, expulsas de suas antigas moradias, perambulando
num sábado à noite, com seus parcos bens terrenos às costas,
sem outro paradeiro que a Workhouse”.571
As Workhouses já estão superlotadas e os “melhoramentos” já
aprovados pelo Parlamento estão apenas no começo de sua execução.
Se os trabalhadores são expulsos pela demolição de suas velhas casas
não abandonam sua paróquia ou, no máximo, instalam-se em seus
limites ou na mais próxima.
“Eles, naturalmente, tentam permanecer tão perto quanto pos-
sível de seus locais de trabalho. A conseqüência é que, em vez
de dois quartos, apenas um tem de abrigar a família. Mesmo
com aluguel mais alto, a moradia se torna pior do que aquela já
ruim da qual foram expulsos. Metade dos trabalhadores do Strand
precisa agora viajar 2 milhas até o local de trabalho.”
Esse Strand, cuja rua principal causa ao estrangeiro uma im-
pressão imponente da riqueza de Londres, pode servir de exemplo do
empacotamento humano de Londres. Numa paróquia de lá, o funcio-
nário sanitário contou 581 pessoas por acre, embora inclusive na área
a metade do Tâmisa. É evidente que toda medida regulamentar da
polícia sanitária que, como tem sido o caso até agora em Londres,
expulsa pela demolição de casas inutilizáveis os trabalhadores de um
bairro, só serve para aglomerá-los ainda mais densamente noutro.
“Ou”, diz o Dr. Hunter, “todo esse procedimento tem de parar
necessariamente como sendo um absurdo, ou a simpatia (!) pública
precisa acordar para o que agora pode, sem exagero, ser chamado
de dever nacional, ou seja, de proporcionar teto para aqueles que,
por falta de capital, não podem arranjá-lo por si mesmos, mas que
mediante pagamento periódico podem indenizar os locadores.”572
Como é admirável a justiça capitalista! O proprietário fundiário,
o dono de casas, o homem de negócio, quando expropriados por im-
MARX
289
569 Cavalheiros. (N. dos T.)
570 Public Health, Eighth Report. Londres, 1866, p. 91.
571 Op. cit., p. 88.
572 Op. cit., p. 89.

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