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Movimento dos direitos civis – Wikipédia a enciclopédia livre

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Índice
1 Nos Estados Unidos
1.1 O início
1.2 Marcos históricos
2 Na Irlanda do Norte
3 Bibliografia
4 Ligações externas
Rosa Parks, com Martin Luther
King ao fundo. c. 1955.
Movimento dos direitos civis
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Movimento dos Direitos Civis)
O Movimento dos Direitos Civis é historicamente um período de
tempo compreendido entre 1954 e 1980, ocorrido de maneiras
diversas e marcado por rebeliões populares e convulsões na
sociedade civil em países de todos os continentes.
O processo de conseguir a igualdade perante a Lei para todas as
camadas da população independente de cor, raça ou religião, foi
longo e extenuante em diversos países e a maioria destes movimentos
não conseguiu atingir seu objetivo. Em seus últimos dias, alguns deles
acabaram se voltando para uma conotação política de esquerda.
Nos Estados Unidos
O mais conhecido e famoso deles através da história foi o Movimento
dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, entre 1955 e 1968,
que consistia em conseguir reformas nos Estados Unidos visando a abolir
a discriminação e a segregação racial no país. Com o aparecimento de
movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras no meio
dos anos 60, o clamor da sociedade negra por igualdade racial acabou
aumentando seu pleito para a dignidade racial, igualdade econômica,
auto-suficiência política e libertação da autoridade branca do país,
eclipsando a razão inicial do movimento.
O início
O marco inicial deste movimento se deu no sul eminentemente racista do
país, na cidade de Montgomery, estado do Alabama, em 1 de dezembro
de 1955, quando a costureira negra Rosa Parks ( “A Mãe dos Direitos
Civis”) entrou num ônibus de volta para casa após um dia de trabalho e,
estafada, sentou-se nos bancos da frente do ônibus, local proibido aos
negros pelas leis segregacionistas do estado. Intimada a dar seu lugar a
um passageiro branco e sentar no fundo do veículo, recusou-se, depois
de uma vida inteira de submissão, e foi presa, julgada e condenada. Seu ato e sua prisão deflagraram uma onda
de manifestações de apoio e revolta, além do boicote da população aos transportes urbanos, dando início, de
forma prática, à luta da sociedade negra por igualdade com a sociedade branca perante as leis americanas.
Convocado pela liderança negra da cidade e com o apoio de diversos brancos, o boicote aos transportes
públicos durou 386 dias, quase levando à falência o sistema urbano de transportes (a maioria dos passageiros
era de negros pobres) e acabando somente quando a legislação que separava brancos e negros nos ônibus de
Montgomery foi extinta.
Marcos históricos
Outros momentos importantes na luta pela igualdade civil nos Estados Unidos foram:
Ativistas negros e brancos
marcham em Washington pelos
direitos civis aos negros.
1957 - A Dessegregação em Little Rock
Nove estudantes negros conseguiram nas cortes federais o direito de estudar no Ginásio Central de Little
Rock, pequena cidade do Arkansas, onde as escolas eram até então segregadas. No primeiro dia de
aula, além dos insultos e ameaças feitas pelos estudantes e pela população branca na chegada à escola,
eles foram forçados a retornarem a suas casas, por ordem da Guarda Nacional do estado, convocada
pelo governador para impedir a sua entrada, em oposição à decisão da justiça federal. O então
presidente Dwight Eisenhower dissolveu a Guarda Nacional do Arkansas e enviou tropas de pára-
quedistas do exército para garantir e proteger a entrada e o estudo dos nove alunos negros em Little
Rock, cumprindo a decisão das cortes federais. O racismo no sul americano estava de tal maneira
arraigado, que quando o ano letivo terminou, os integrantes do sistema público de ensino de Little Rock
preferiram fechar a escola – no que foram seguidos por outras escolas do estado e do sul do país – a
permitir a integração racial nelas.
1961 – O protesto de Greensboro
Estudantes negros e brancos da cidade de Greensboro, Carolina do Norte, começaram a sentar em
grupos no chão de lanchonetes, restaurantes, lojas, museus, praças, teatros e demais estabelecimentos da
cidade em protesto pela segregação aos negros nestes locais. Centenas eram presos e soltos, muitas
vezes arrancados de seus lugares com violência pela polícia. O exemplo começou a ser seguido em
diversos estados durante todo o começo dos anos 60.
1962 – O Caso James Meredith
Em 20 de setembro de 1962, no início do ano letivo americano, o estudante James Meredith, após ter
ganho de causa nas cortes federais pelo direito de ingresso na Universidade do Mississippi, o mais
racialmente conservador de todo o país, teve sua tentativa de entrar no campus impedida por duas vezes,
por interferência pessoal do próprio governador do estado, que declarou que “nenhuma escola do
Mississipi seria integrada enquanto ele governasse o estado”. Após a apelação de Meredith à corte
federal, que instituiu uma multa diária de U$10 mil por cada dia que ele fosse impedido de entrar na
faculdade, Meredith conseguiu ingresso escoltado por agentes federais no dia 30 de setembro.
Civis e estudantes brancos começaram uma grande conflagração na universidade e suas vizinhanças que
acabou com a morte de duas pessoas e ferimentos à bala em 28 agentes federais e mais de 160 feridos
entre a população. No dia seguinte, o Presidente John Kennedy enviou forças do exército para garantir a
entrada e a permanência de Meredith na universidade e dominar os tumultos na cidade.
1963 – A Marcha sobre Washington
Em agosto de 1963, um quarto de milhão de manifestantes, negros
e brancos, vindos de toda parte da nação, se reuniram na capital
do país para um dia de discursos, protestos e cantos a favor da
igualdade dos direitos civis para todos os cidadãos, organizado
entre outros por Martin Luther King, Bayard Rustin e Phillip
Randolph, na maior aglomeração pacífica realizada nos Estados
Unidos com propósitos de integração racial, direito de moradia
digna, pleno emprego, direito ao voto e educação integrada.
1964 – O Verão da Liberdade
Durante os meses de verão de 1964, férias escolares nos Estados
Unidos, um grupo de mais de cem estudantes voluntários pelos
direitos civis do norte do país, brancos e negros, dirigiram-se ao
sul para iniciar uma campanha pelo direito de voto negro e para a formação de um partido pela liberdade
Lyndon Johnson assina a Lei dos
Direitos Civis em 2 de julho de 1964.
do Mississippi. Três deles acabaram assassinados pela Ku
Klux Klan em conluio com autoridades policiais da cidade de
Filadelfia, Missisipi e seus corpos, perfurados a tiros,
encontrados após mais de um mês de diligências do FBI,
enviado ao local pelo Presidente Lyndon Johnson para assumir
as investigações. Acompanhado diariamente pela imprensa em
rede nacional de televisão e pelos mais influentes jornais do
país, a indignação que o caso provocou na opinião pública
americana ajudou o Presidente Johnson a aprovar junto ao
Congresso a Lei dos Direitos Civis, em 2 de julho de 1964.
(este caso foi contado no filme de sucesso mundial “Mississippi
em Chamas”, de Alan Parker)
1964 – Prêmio Nobel
No fim do ano, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços pacíficos pelo fim
da segregação racial e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
1965 – Selma e o Direito de Voto
Martin Luther King liderou passeatas e manifestações na cidade de Selma, no Alabama, em prol do
direito de cidadãos negros se registrarem como votantes, em oposição ao chefe de polícia da cidade, Jim
Clark. Ele e centenas de manifestantes foram presos, mas as manifestações continuaram e acabaram em
violência por toda a cidade, com a morte de uma manifestante pela polícia. Nos dias que se seguiram,
choques entre civis brancos locais, policiais a cavalo e manifestantes negros resultaram em tumultos
generalizados com mortos e feridos, transmitidos pela televisão para todo o país. As cenas causaram a
mesma indignação dos fatos ocorridos no Mississipi no ano anterior e permitiramao Presidente Johnson
conseguir aprovar junto ao Congresso a Lei do Direito de Voto em 1965. Esta decisão provocou a
famosa lamentação de Lyndon Johnson de que “com essa assinatura acabo de perder os votos do sul na
próxima eleição”. (nota: Lyndon Johnson desistiu da reeleição em 1968, devido aos protestos
generalizados no país por causa da Guerra do Vietnam),
O direito ao voto negro mudou para sempre a face política do sul dos EUA, fazendo com que, em 1966,
o número de negros eleitos para cargos públicos no Mississipi, o mais racista dos estados sulistas, fosse
maior do que em qualquer outro estado do país. Em 1965, pouco mais de 100 negros foram eleitos para
mandatos públicos nos EUA. Hoje, os agora chamados afro-americanos são mais de 8.000, a maioria
em estados do sul.
1966-1975 – O Black Power e os Panteras Negras
Em contraponto com a política de integração através da não-violência de Martin Luther King, surgiu em
1966 um grupo de homens liderados por Stokely Carmichael, pregando a necessidade dos negros de se
defenderem dos ataques sofridos pela Ku Klux Klan no sul do país. A partir de seus discursos, os
negros sulistas, em número muito maior do que o da organização racista, passaram a enfrentar de armas
nas mãos os ataques dos brancos racistas da região, fazendo com que a Klan desistisse de aterrorizar os
habitantes negros da região. A este movimento começou a se dar o nome de Black Power (Poder
Negro).
O movimento pelos direitos civis começava a enfrentar a violência através da violência. Os jovens
integrantes do Black Power passaram a mostrar seu orgulho de pertencer à raça negra ganhando maior
identidade cultural, exteriorizando seus sentimentos, usando indumentárias coloridas e cabelos no que
chamavam de estilo afro, inspirados nas tribos da África.
O sentimento de combater o racismo, a injustiça e a violência branca com a mesma moeda, cada vez
mais crescente, acabou desembocando na organização conhecida como “Panteras Negras”, um pequeno
partido político criado em Oakland, Califórnia, disposto a conseguir a igualdade racial e política “por
quaisquer meios”, seguidores ideológicos do falecido ativista Malcolm X. Sua indumentária padrão, de
Malcolm X, um dos
ideólogos do movimento
Black Power e dos
Panteras Negras.
casacos negros de couro, boinas negras, camisas azuis e cabelos afro
passou a fazer parte da paisagem política e policial americana junto com
sua saudação de punho levantado, até o meio dos anos 70, sempre ligada
a métodos agressivos de protestos e retaliação. Todos os seus mais
conhecidos líderes, como Huey Newton, Bobby Seale e Angela Davis
acabaram presos e relegados à obscuridade, à medida que as novas
medidas contra a desigualdade racial começaram a se incorporar à vida
cotidiana dos Estados Unidos.
Na Irlanda do Norte
A Associação dos Direitos Civis da Irlanda do Norte - The Northern Ireland
Civil Rights Association (NICRA) - atuou pelos direitos civis da minoria católica
no fim da década de 1960 e começo dos anos 70. Desde a concepção do
Estado, os católicos sofreram uma forte discriminação sob o governo unionista
protestante, e a NICRA balizou suas atividades e campanhas pelo movimento
dos direitos civis nos Estados Unidos.
Suas cinco principais exigências eram:
Um homem, um voto.
Fim para a discriminação em moradias.
Fim para a discriminação em governos locais.
Fim para a influência ilegal dos protestantes nas eleições, feitas nos limites dos distritos, que limitavam os
efeitos do voto católico.
O desmantelamento dos B-Specials, uma sectária polícia protestante da reserva.
Bibliografia
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Daniel Luna de Bocaiuva,
Ligações externas
The Civil Rights Era (http://memory.loc.gov/ammem/aaohtml/exhibit/aopart9.html)
Civil Rights Movement Veterans (http://www.crmvet.org)
Civil Rights Movement 1955-1965 (http://www.watson.org/~lisa/blackhistory/civilrights-55-65)
Civil Rights as a People's Movement
(http://www.american.edu/bgriff/H207web/civrights/CivilRightsOutline.htm)
Obtida de "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Movimento_dos_direitos_civis&oldid=32223102"
Categorias: Movimentos sociais Política dos Estados Unidos História dos Estados Unidos
Movimento negro Racismo
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