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1 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre CARDIOLOGIA DISSEÇÃO AGUDA DE AORTA AULA 3 • A dissecção de aorta se dá quando ocorre laceração da íntima, fazendo com que o fluxo de sangue normal se direcione para dentro da parede, em vez de seguir o fluxo sanguíneo habituado. • Haverá dissecção da camada media que fica exposta separando-se da intima, criando o lumem falso, além o verdadeiro, ou seja a partir desse momento existirão dois lumens. • A pressão sanguínea dentro da parede acaba fazendo com que a dissecção prossiga retrogradamente ou anterogradamente. FISIOPATOLOGIA • Determinação da parede aórtica (ruptura longitudinal) • Laceração da intima (por enfraquecimento da parede, degeneração, por exemplo) + exposição da camada media, a pressão do sangue atuando somado ao enfraquecimento, rompe a camada, criando dois canais paralelos, o falso lumem além do lumem verdadeiro da aorta. • O falso lumem (criado dentro da parede do vaso), e a pressão sobre ele faz com que ele tenha maior diâmetro do que o lumem verdadeiro, criando, então um orifício comunicante de entrada e um de saída no falso lumem, para dispersar o sangue. • A parede sofre pressão do sangue por isso começa a separar a intima da média, expondo a camada media, que • começa a dissecando, desgastando a parede do vaso por dentro. • Na tomografia ou ecocardiograma, aparece o canal falso dentro da média no qual cria pressão comprimindo o canal verdadeiro, levando a um aumento do canal falso. E, quanto mais sangue entra nesse canal falso, maior espaço da falsa luz e sua abertura. Parte do sangue perde a pressão dentro do falso lumem e esse lumem começa a dilatar, enfraquecer e pode gerar rotura das camadas próximas, provocando sangramento. Mas, na dissecção não acontece rotura horizontal, mas sim, a rotura longitudinal, apenas se a dissecção complicar pode gerar também uma rotura horizontal que seria através de todas as paredes, rompendo-as e sangrando- as. • Importante salientar que para haver dissecção aguda de aorta é necessário ter enfraquecimento da parede da intima, seja por envelhecimento, doença genética. • Doenças inflamatórias, aterosclerose, HAS de longa data podem provocar/ contribuir para rompimento e dilaceramento ao longo prazo. VARIANTES: Pode ter enfraquecimento da média e a intima estar preservada, se por acaso tiver hematoma apenas dentro da parede do vaso é chamado de hematoma intramural (10- 20% dos casos) Como diferenciar a dissecção aguda clássica com hematoma intramural? O marco do hematoma é que a intima fica preservada, acontece apenas o rompimento da média e sua degeneração, trazendo sangue intramural, são 2 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre formados dois canais, o de dentro será preenchido por trombo, hematoma intramural. Ulcera aterosclerótica penetrante (mais comum na aorta descendente): paciente que tem muitas placas de ateroma na parede do vaso e uma dessas placas sofreu ulceração a ponto de romper a intima, o restante todo é igual, o que muda é o motivo que rompeu, sendo por conta de placa que ulcerou. EPIDEMIOLOGIA • Incidência 2,6 a 3,5 casos por 100000 pessoas/ ano • 2/3 sexo masculino • Média de idade 63-67 anos • Alta mortalidade se não tratada, chega a 1-2% por hora. • A cada 4 pacientes 1 morre Importante adotar diagnóstico precoce e terapêutica adequada e imediata, precisa tratar imediatamente para evitar alta complicação e morbidade e levar a óbito SINTOMAS • Dor torácica, súbita intensa lancinante, com irradiação para dorso. A dor assusta o paciente, é um paciente de emergência. Paciente chega sudoreico, sintomático. • Pode irradiar para região cervical ou mandibular. • Se dissecar na altura da aorta ascendente pode ir empurrando o arco e a dor ir pra mandíbula, cervical. Já se acometer em direção a descendente, a dor se irradia para o dorso • Pode ser interescapular com irradiação para abdome • Pode acontecer de ter dissecado, trombolizar rapidamente e o paciente chega na emergência quase assintomático porque já tem algumas horas de evolução, mas é importante investigar na anamnese e classificar a dor torácica. Obs: nunca pegar dor torácica e pensar ansiedade, sempre afastar patologias que matam. EXAME FISICO: 1. Avaliar asimetria de pulsos: ( o porquê) • Nadissecção ou lesão um pouco acima da ascendente que diminua fluxo para tronco braço encefálico, o pulso direito estará com menos amplitude do que o pulso esquerdo, fluxo estará comprometido.!! • O troncobraquiencefalico se bifurca na carótida comum direita e subclávia direita, ocorre redução de pulso, não some totalmente porque podem ter outros contralaterais irrigando. • Existem outras doenças que causam assimetria de pulso: doença de kataiak, processo inflamatório no vaso que comprometem a circulação no vaso. 2. sopro aórtico: 3 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre • Não se encontra sempre presente – sopro diastólico, insuficiência aórtica 3. sonoridade das bulhas, estase jugular: • paciente pode dissecar a aorta e ocorrer extravasamento de sangue para pericárdio, levando a um derrame pericárdio e o sangue no pericárdio faz com que as bulhas fiquem hipofoneticas, abafadas. Se o enchimento diastólico for comprometido, o coração deixa de encher adequadamente, porque existe a “carapaça” ao redor impedindo. Logo, aumentará a pressão nas 4 câmeras, gerará equalização de pressão e isso faz com que paciente aumente pressão nas câmaras direitas e quem vai sinalizar isso será a estase de jugular. • Estase de jugular, bulhas abafadas, hipotensão = tríade de Becker= tamponamento cardíaco→ é quando acumula liquido ao redor do pericárdio comprometendo enchimento, contração e DC do paciente. • Tamponamento é uma complicação da dissecção de aorta que pode acontecer por outras causas também, como por derrame pericárdio, por processo infeccioso etc • Dor torácica aguda, sopro aórtico, assimetria de pulso = chama muito atenção para dissecção COMPLICAÇÕES: • Ruptura da aorta, tamponamento cardíaco, IaO aguda, hematoma peri aórtico, DP, oclusão dos ramos aórticos (provocando por ex: isquemia cerebral, IAM, isquemia de membros, isquemia de qualquer víscera abdominal, isquemia medular) • Obs: oclusão dos ramos aórticos: se tiver dissecção a nível do ramo supra aórtico pode ter isquemia cerebral por conta da carótida comprometida e isquemia de membro. • Na aorta abdominal, se o ramo da artéria renal estiver comprometido gera isquemia renal, pode gerar ramo comprometido que vai para o baço, gera isquemia esplênica. Pode ter oclusão de qualquer ramo aórtico a depender da altura da dissecção, gerando isquemia cerebral por exemplo. Porque pode acontecer infarto? Se dissecar na altura da coronária esquerda pode ter infarto de coronária esquerda, acontece a mesma coisa na coronária direita, acometendo parede inferior por exemplo. Tem como ser infarto hemodinâmico não associado a tamponamento, dissecção que “pule” a coronária e mesmo assim faz infarto. Paciente fica com hipotensão. As coronárias enchem na diástole, se tiver comprometimento do enchimento diastólico as coronárias ficar com comprometimento do enchimento, podendo ter infarto hemodinâmico. É importante lembrar que a aorta leva sangue para todos os órgãos e possui ramos tronco braquiencefalico, carótida comum esquerda e subclávia, responsáveis pela circulação arterial da cabeça e membros inferiores. Se tiver dissecção a nível do arco aórtico o paciente vai ter isquemia de membro, AVC. FATORES DE RISCO: 4 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre • 72% são hipertensos, dislipidêmicos, possuem aterosclerose: geram disfunção endotelial,fragilidade na parede do vaso e laceração da intima • Tabagismo • Genéticas: que podem gerar fragilidade da camada media, como na síndrome de margan , tuner • Valvula aórtica bicúspide: que não é trivalvular mas é bi, e isso pode gerar turbilhonamento na aorta ascendente gerando fragilidade na parede da aorta ascendente, com fluxo obliquo mal direcionado. • coarctação de aorta: a aorta vem normal e ocorre estreitamento, lumen reduzido por mal formação congênita, ficando estreitada, geralmente abaixo da subclávia esquerda e isso pode levar a turbilhonamento e fragilidade da parede do vaso • Trauma/iatrogenia, acidentes: Acidentes não costumam gerar dissecção, mas sim rotura no nível da aorta descendente, geralmente por facada. • Gestação (pode ser causa de TEP, infarto, disseção de coronária). • Droga: como cocaína • Infecciosa:( sífilis terciaria, aortite sifilítica que pode gerar obstrução ostial das coronárias) • Inflamatórias (takayasu, arterite de células gigantes – processo inflamatório na parede do vaso que está associado também com possibilidade de dissecção. FATORES DE PIOR PROGNOSTICO: • Idoso • Pior dissecção na ascendente: porque temos coronária, válvula aórtica, ramos supra aórticos, é uma área nobre. Se tiver dissecção tipo A é sinal de pior prognostico • Tamponamento cardíaco • Alterações neurológicas • Isquemia no eletro • Isquemia renal levando a insuficiênciac renal aguda. • Derrame pericárdio • Orifícios comunicantes distais responsáveis pela permanência de falsa luz: pode ter mais de um orifício de entrada da dissecção, pode até não ter orifício de saída. CLASSIFICAÇÃO Porque acometimento da ascendente é pior? Por conta de áreas nobres. Envolveu a aorta ascendente?Perigoso! Aorta ascendente: Inicia da origem da aorta, base de implantação da válvula aórtica, ate antes do início do tronco Arco: Tronco braquioencefálico até subclávia esquerda Aorta descendente: abaixo Aorta abdominal: fragmento que passa do diafragma CLASSIFICACAO DE STANFORD Envolve ascendente independente do tamanho da dissecção → dissecção de aorta tipo A Poupa ascendente e arco, da descendente pra baixo →tipo B 5 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre CLASSIFICAÇÃO DE THE BAKEY Tipo 1- envolve aorta completa: ascendente, arco, descendente. Tipo 2- envolve só aorta ascendente, disseção restrita a ascendente. Tipo 3 – envolve só aorta descendente, abaixo da subclávia OBS Do ponto de vista de tratamento a de Stanford é melhor porque só importa se tem acometimento da aorta ascendente, porque para tratamento o importante será se envolve ou não aorta ascendente. Caso envolva-a, o tratamento é por emergência e cirúrgico Envolveu a aorta ascendente, pode ter insuficiência aórtica, infarto, isquemia de membros superiores, cerebral. De forma geral, stanford tipo A que envolve aorta ascendente, o tratamento é cirurgia que é emergência!! DIAGNOSTICO Troponina, eletro, rx tórax para DD (Se tiver alargamento de mediastino, mas outra coisa pode gerar alargamento do mediastino superior: 1. T- Teratoma tumor 2. T Tireoide mergulhante 3. T Timoma 4. T Terrível linfoma Paciente com alargamento de mediastino + dor torácica + assimetria de pulso = dissecção de aorta Tempo porta raio x: 30 minutos EXAMES PARA AVALIAR AORTA: Ecocardiograma TT • Sensibilidade 59-83%, baixa • Especificidade 63% -93%, uma vez alterado, pega flapping, parte dissecada balança no eco, se tiver presente a especificidade é grande. • Importante pra visualizar aorta ascendente, que é a dissecção de aorta tipo A. • Não visualiza parte distal da AA do arco e da aorta descendente. • Melhor para ver parte da aorta proximal ascendente • VPP aceitável • VPN baixo • Aparelho que é colocado para visualizar será pelo tórax. Se passar pelo esôfago, transesofagico • Mais acessível, ajuda a ver parte da aorta, mas é limitado, visualiza porção da aorta ascendente, porçãozinha do arco, pedacinho da descendente e pouco da abdominal. ECO TE • Aumenta sensibilidade e especificidade • Sensibilidade: 94-100% • Especificidade – 77% - 100% • O paciente é sedado ( desvantagem) • Transdutor colocado no esôfago, fica perto do coração. • Limitação em visualizar porção distal da AA e proximal do arco aórtico devido a coluna de ar da traqueia e do brônquio direito • Não avalia aorta abdominal • Pode identificar os orifícios de entrada da aorta ascendente. 6 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre Imagem do transesofagico Transdutor passa em paralelo com aorta e faz cortes, e conforme aumenta transdutor é possível visualizar a altura aorta a ser examinada. Se coloca pelo esôfago, consegue avaliar segmentos da aorta tendo com o parâmetro a altura com relação a arcada dentaria, facilitando a localização que está sendo examinada. É colocada 33cm da arcada dentária. Na imagem: tem uma laceração da intima, sendo criadas 2 luzes, uma falsa luz e outra a verdadeira. Sendo a verdadeira a menor. Doppler mostra o fluxo de sangue: fluxo sanguíneo que vai para cima está sendo representado de vermelho, fluxo sanguíneo que vai para baixo está sendo representado de azul, tem fluxo indo nessa direção. A menor é a luz verdadeira, onde tem-se a intima lacerada e o fluxo sanguíneo indo para a falsa luz, criando pressão e comprimindo a luz verdadeira. Começando a formar trombo com fluxo de sangue mais lentificado, se trombo formar e fechar, o paciente pode sobreviver porque resolveu sozinho e trombosou, e fechou a luz do vaso. Alguns pacientes dissecam e trombosam a falsa luz, resolvendo a situação. Quanto menor FC, pressão mais controlada, uma vez que é a pressão na luz verdadeira e desgaste que gera a falsa luz. DIAGNOSTICO Angiotomografia de tórax: • Permite ver toda a aorta • Combinação entre angiografia e tomografia angiografia é o estudo do vaso). A tomografia utiliza contraste, serão feitos cortes finos da aorta. • Analisando as imagens pós processamento pela máquina, em corte axial, é possível ver de vários ângulos e gerar imagem tridimensional da aorta. • Exame padrão ouro, consegue avaliar toda a aorta, arco, ramos supra aórticos. • - Sensibilidade 95% • -Especificidade 87-100% • Maior acurácia para diagnostico de envolvimento dos vasos supra aórticos • Não avalia Vao, dificilmente identifica o Orifícios de entrada, quem identifica é o ECO. • Necessita de contraste (desvantagem) porque algumas pessoas tem alergia, contraste dentro do vaso vai fazer a imagem. Angio RNM de tórax • Excelente acurácia, parecida com angiotomografia • Não pede para paciente com dissecção, com aortapatia aguda, porque é um exame demorado e isso limita deixar paciente estável por muito tempo, ele pode desestabilizar e ter rotura de aorta. • exame demorado, com limitação para pacientes instávei Aortografia: • exame padrão ouro até os anos 80. Atualmente raramente utilizada 7 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre • espécie de cateterismo cardíaco, injeta contraste na aorta, avalia bem a aorta com excelente acurácia. • Deixou de ser padrão ouro porque é invasivo. TERAPEUTICA CIRURGIA: • Dissecção tipo A (ou retrógrada para AAssc) • Trata com cirurgia • Tipo A diz se tem ou não o envolvimento da aorta ascendente, rompe na ascendente ou retrogrado, ou seja vamos supor que o ponto de rotura, o orifício de entrada foi na descendente e, em vez de o sangue vim pra baixo for pra cima, envolveu aorta ascendente, vale como stanford tipo A. • Se for dissecção aguda de aorta tipo A seja anterógrada ou retrograda para aorta ascendente, o paciente está tendo dissecção em área muito nobre e precisa de forma emergencial fazer cirurgia • Fez eco,viu imagem do flapping • Prognostico: mortalidade 1-2% por hora CIRURGIA OU TERAPIA ENDOVASCULAR • Dissecção tipo B, envolveu a aorta descendente, complicada ou não? Se for complicada, ou seja, com isquemia visceral e de membro, chama disseção de aorta tipo B complicada • Pode tratar com cirurgia fechada botando prótese na luz verdadeira fechando o orifício. TERAPIA MEDICA • Dissecção tipo B não complicada, o paciente não está com dor abdominal refrataria, sinal de isquemia, não tem insuficiência renal. • Menos fatal, mortalidade 10% em 30 dias • Controla a dor, baixa a FC, PA, usar medicamentos venosos (nitride) para baixar a PA com vasodilatação arterial nesse caso, são benéficos • Uso de beta bloqueador venoso • importante nesse caso eeduzir FC para 55-60 e reduzir PA pra dar oportunidade de fechar orifício de entrada por trombo de forma endógena. 8 Dissecção Agua de Aorta Luisa Tejerizo 6° semestre
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