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SONO E VÍGILIA Hipócrates dizia que o sono e a vigília, ambos, quando excessivos, constituem doença. Freud dizia que o sono era extremamente importante para o sonho, sendo uma tentativa de livrar-se de uma perturbação do sono por meio de uma realização de desejos, sendo assim o sonho é o guardião do sono. O sono é um estado comportamental de inconsciência temporária e um dos grandes mistérios da neurociência moderna. Na década de 50, Nathaniel Kleitman e seus alunos, descobriram que o sono não era igual durante a noite. Possuia dois estados diferentes e vários estágios, sendo a fase que você fica totalmente inerte mas com os olhos movimentando, a fase do sono REM (sono profundo). Agora a fase que não se fica inerte e que se vira na cama e se movimenta, é a fase não REM, onde não acontece movimentação dos olhos. 1953: movimentos oculares rápidos no sono profundo. 1998: peptídeos hipotalâmicos incluíram o hipotálamo como um grande centro regulador do ciclo. Os movimentos oculares são detectados através do eletrooculograma e eletroencefalograma. A necessidade de se dormir é explicada através das teorias da Restauração e Adaptação, para restaurar energias gastas na vigília, aumento da produção de somatotrofina que irá estimular a síntese proteica, restaurando locais que precisam e restauração do sistema imunológico. Não existe nenhum evidência que diz que dormir melhora a memória, mas restaurando seu sistema, se melhora a condição de manter a atenção em algum lugar, facilitando a memorização. O sono gira em torno de um ciclo, sendo os ritmos circadianos, sendo o circadiano que se repete a cada dia (sono e vigília) a cada 24h, o infradiano se repete em intervalos maiores (menstruação, hibernação de alguns animais) e os ultradianos que se repete em intervalos muito pequenos como os batimentos cardíacos. Temos dentro do ciclo, a parte acordada (vigília) e sono propriamente dita, sendo que o último apresenta fases, sendo que na vigília o ritmo é mais rápido com baixa voltagem e alta frequência, e o sono é um ritmo mais lento, com alta voltagem e baixa frequência (não REM). Nesse fase os motoneurônios alfa medulares são totalmente inibidos, e com isso não corre movimentação e é nessa fase que ocorre a paralisia do sono, onde se acorda mas não consegue se mexer. Essa fase age ativando uma série de áreas mas inibe os motoneurônios e também é nessa fase que se ocorre o sonho. No complexo K, é onde o indivíduo está sonolento mas já está ocorrendo uns desligamentos. É a criação para desligamento do tálamo para poder ser ligado totalmente posteriormente. Esse ciclo dura em cerca de 90-120 min, ou seja, toda vez que termina um sono REM, se tem aquela fase de abrir o olho e voltar a dormir. A regulação começa com o tálamo que tem dois modos de transmissão por seus neurônios, um chamado de modo de transmissão onde os neurônios ficam despolarizados direto e portanto, eles mantém várias áreas corticais ativadas, já a outra forma é o modo de disparo em salvas que acontece durante o sono. Quando o tálamo está em vigília, ele trabalha no modo de transmissão, mas quando se está entrando no sono, ele muda do modo de transmissão para o modo de disparo em salva, que depende do cálcio, onde ocorre a inibição de algumas áreas do tálamo para se iniciar o sono, como se fosse um on e off, o cálcio funciona como um marca passo, colocando o tálamo, ora hiperpolarizado sem ativação do córtex, mas ele também inverte a polaridade e nessa hora, o tálamo envia informações para que possa trabalhar para uma hora acordar. Modo de transmissão: Consiste na ativação permanente das vias tálamo-corticais por sinapse excitatórias (glutamatérgicas) das vias aferentes. Isso acontece pois esses neurônios são mantidos ligeiramente despolarizados (potencial de membrana está próximo do limiar de disparo). Modo de disparos em salvas: Os neurônios se tornam menos excitáveis e só conseguem disparar pequenos PA de tempo em tempo em salvas periódicas. Isso só é possível pois esses neurônios ficam despolarizados, longe do limiar de despolarização. Como isso ocorre? Os neurônios talâmicos apresentam um canal de cálcio dependente de voltagem especial, sendo que ativo se abre e promove uma hiperpolarização com a saída também de potássio, deixando a célula cada vez mais negativa e conforme o cálcio vai diminuindo do lado de fora ocorre a inativação e fechamento e causa uma despolarização, no modo de transmissão esses canais estão fechados. No modo de disparo eles se abrem, despolarizam a membrana e imediatamente se fecham sincronizando o ritmo. Quem ativa o primeiro o canal para iniciar o ciclo é o núcleo reticular que está no próprio tálamo, sendo que este núcleo ativa o primeiro canal de cálcio para começar o disparo em salva, iniciando o modo de sono. Ou seja, durante o estado de vigília, esse núcleo está inibido. Quem mantém o núcleo reticular inativado é o SARA, para que se mantenha o estado de vigília. Neurônios colinérgicos do tronco encefálico que estendem seus axônios até os neurônios reticulares talâmicos inibindo sua atividade, mantendo o modo de transmissão ativo. Ação de vias histaminérgicas do hipotálamo posterior sobre o córtex cerebral e é por isso que se fica com sono ao tomar um anti-histamínico. Agora para ativação ou inativação do SARA se tem o controle através do Hipotálamo, através de dois núcleos, sendo o lateral e o posterior. E quem faz o hipotálamo diminuir a ativação do SARA é o núcleo supra quiasmático e a melatonina, sendo que a luz tem grande interferência. Resumo: O tálamo apresente neurônios em dois modos de trabalho, o modo de transmissão (despolarização contínua) é mantido pela inibição do núcleo reticular talâmico pelo SARA. O hipotálamo posterior também contribui para inativação deste núcleo a partir da ativação do núcleo reticular pela ação hipotalâmica e modulação do SARA, o tálamo passa a trabalhar no modo em salvas (com a presença dos canais especiais de cálcio - que despolarizam e hiperpolarizam os neurônios de tempo em tempo) para reiniciar o ciclo, a presença da luz e a produção de melatonina ativam o núcleo supra quiasmático que alterna novamente a excitação do SARA, inativando o núcleo reticular talâmico mudando novamente para o modo de transmissão (vigília). Distúrbios: insônia, com dificuldade nos neurotransmissores ou para ativação do núcleo reticular talâmico. A hipersonia com excesso de sono, ou a parassonia que a pessoa fica acordada mas não consegue se mexer.
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