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RESUMO Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

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LINDB LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO 
A LINDB pode ser divida em três partes: 
• Parte 1 (arts. 1º a 6º): norma geral sobre vigência, eficácia, interpretação, aplicação e integração de lei; 
• Parte 2 (arts. 7º a 19): direito internacional privado; 
• Parte 3 (arts. 20 a 30): princípios de direito público. 
PARTE 1 – NORMA GERAL 
A norma geral possui caráter interdisciplinar, trata de regras gerais sobre a própria lei, a qual estabelece alguns parâmetros genéricos para formação, elaboração, vigência, eficácia, interpretação, integração e aplicação das leis. 
Vigência da lei (força vinculante – princípio da obrigatoriedade) 
Uma lei se torna obrigatória a partir da sua vigência e não da sua publicação. Em alguns casos, haverá uma coincidência entre a publicação e o início da vigência, como quando há a disposição “esta lei passa a vigorar no início da sua publicação”. 
O período entre a publicação e a vigência da lei é chamado de vacatio legis. A vacatio legis dependerá da relevância da lei, em geral, leis menos relevantes tendem a produzir efeitos no início da publicação. 
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco (45) dias depois de oficialmente publicada. 
• Se houver previsão, prevalecerá a regra específica. O prazo de 45 dias somente será observado se a lei não dispuser sobre o início da vigência. 
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
Obs.: três meses, para fins legais, não são 90 dias. 
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
• É possível que determinada lei no período de vacatio legis venha a ser modificada?
 Sim, e o prazo para vigência da alteração começará a ser contado a partir da retificação. Por outro lado, se a modificação ocorrer quando a lei já estiver em vigor, a alteração será considerada lei nova. 
Vigência e validade 
• Validade: é a compatibilidade formal e material de uma lei com a Constituição Federal. 
• Vigência: é o momento em que a norma válida, sob aspecto formal e material, passa a ter força vinculante, ou seja, torna-se obrigatória. A vigência se dá em todo território nacional simultaneamente (princípio da obrigatoriedade simultânea). 
Os atos administrativos entram em vigor na data da publicação no órgão oficial (não se lhes aplica a lei de introdução). 
VACATIO LEGIS 
É o período entre a publicação da lei e o início de vigência. A lei se torna obrigatória com a vigência e não com a publicação. Com a publicação, a lei já existe, mas não tem força vinculante. Como a lei já existe, poderá ser modificada no período de vacatio legis através de outra lei. 
ALTERAÇÃO ANTES DA VIGÊNCIA 
Revisão da lei no período anterior à vigência, mas posterior à publicação, a fim de corrigir erros materiais ou falhas na redação: 
Art. 1º, § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação 
Somente a parte retificada submeter-se-á a um novo período de vacatio, voltando a fluir o prazo da obrigatoriedade apenas para a parte modificada. 
ALTERAÇÃO APÓS A VIGÊNCIA 
As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova (art. 1º, § 4º). O prazo de vacatio legis e o modo de cômputo do prazo deve ser de acordo com o artigo 8º da Lei complementar n. 95/1998. Se a lei tiver pouca relevância, entra em vigor na data da sua publicação. Se a lei tiver relevância e necessitar de um tempo para se tornar conhecida antes de se tornar obrigatória, haverá um prazo de vacatio legis. 
Modo de cômputo do prazo 
Art. 8º § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. 
• A data da publicação é considerada o primeiro dia do prazo. Quando o prazo de vacatio for consumado, a vigência iniciará no dia seguinte à consumação. 
PRAZO DE VIGÊNCIA 
• Princípio da continuidade. 
– Regra geral: a lei tem vigência por prazo indeterminado;
– Exceção: a lei terá prazo determinado (lei de vigência temporária). Nesses casos, a própria lei estabelecerá o prazo de vigência. No entanto, há determinados casos em que a lei será temporária sem que haja o estabelecimento do prazo de término, a exemplo das leis orçamentárias.
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
COMO CESSA A VIGÊNCIA DAS LEIS POR PRAZO INDETERMINADO? 
Revogação – nova lei 
Ab-rogação: supressão total. 
Derrogação: supressão de parte da lei.
A revogação pode ser Expressa ou tácita. 
A lei revogadora deve ter hierarquia normativa. 
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare (EXPRESSA), quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (TÁCITA). 
Ainda em relação ao princípio da continuidade, há a repristinação ou efeito repristinatório, que aparece bastante em concursos. Imagine a seguinte situação: a lei A é revogada pela lei B (lei revogadora). Quando há a revogação, a lei A perde sua força vinculante, pois deixa de ter vigência. Depois, aparece a lei C revogando a lei B que havia revogado a lei A. Se a lei B, que é a revogadora da A, for revogada, a lei A volta a ter vigência? A regra é que a lei não tem efeito repristinatório. 
Repristinação 
É a possibilidade de lei revogada ter os efeitos restaurados, porque a lei que a revogou perdeu vigência. 
§ 3º Salvo disposição em contrário (possibilidade de efeitos repristinatórios quando houver expressa disposição neste sentido), a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. 
EXEMPLO: lei “A” revoga a lei “B” e, posteriormente, a lei “A” (revogadora), perde vigência, porque foi revogada expressamente pela lei “C”. A lei “B”, que havia sido revogada pela lei “A” volta a produzir efeitos? 
Como regra, nossa legislação não admite o efeito repristinatório. A regra é não ter efeito repristinatório. De acordo com a LINDB, essa regra possui uma exceção. A exceção é quando a própria lei dispor que haverá efeito repristinatório. É preciso, portanto, uma norma expressa que ressuscita a lei. 
Há, ainda, uma outra exceção que não está na LINDB e é reconhecida pelo Supremo. Essa exceção ocorre quando é declarada a inconstitucionalidade da lei revogadora. Imagine: a lei B é revogada pela lei A. A lei A é a revogadora. O STF declara a inconstitucionalidade da lei A, que é a revogadora. Nesse caso, a lei B, que havia sido revogada, volta a ter efeitos. Portanto, haveria uma repristinação em razão de uma declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora. 
Há quem defenda que, nesse caso, nem haveria repristinação, pois, quando há uma declaração de inconstitucionalidade e a lei revogadora é considerada nula, na realidade, a lei que teria sido revogada pela lei declarada inconstitucional nunca deixou de ter vigência. Logo, não haveria que se cogitar em repristinação. Se houve modulação de efeitos ou se houve uma cautelar com efeitos ex-nunc, poderia se falar nesse caso de efeito repristinatório daquela lei que havia sido revogada pela revogadora. 
Repristinação e a “ultratividade” (possibilidade material e concreta que uma lei revogada possa produzir efeitos). EXEMPLO: o CC/2002 manteve a vigência de vários dispositivos do CC/2016, com o que conferiu ultratividade para algumas normas específicas, ou “sobrevida”, mesmo após a revogação do CC/16 pelo CC/2002 (enfiteuse, sucessão aberta antes do CC/2002). 
DESCONHECIMENTO, OMISSÃO NORMATIVA, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA LEI 
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não aconhece (OBRIGATORIEDADE) 
Obs.: o artigo 3º ajuda a justificar o período de vacatio legis. 
Há três teorias que tentam explicar o artigo 3º: 
1ª) Tese da ficção jurídica. 
2ª) Tese da presunção absoluta. 
3ª) Tese da necessidade social, que é a que prevalece. 
A lei é obrigatória, não porque há uma ficção de que todos a conheçam ou que se presume que todos a conheçam, mas porque é necessário, para uma harmonia social, que a lei seja obrigatória. Esse princípio da obrigatoriedade não é absoluto. Ele é relativizado pelo próprio Código Civil. Hoje, pode-se falar em erro de fato e erro de direito. O erro de direito está no artigo 139, III, Código Civil. O erro de direito é, a partir daqueles parâmetros, buscar a invalidação de um ato ou negócio jurídico, se for demonstrado que não se tinha como saber sobre a vigência de uma lei e, por isso, busca-se requerer a invalidação de um ato ou negócio. O erro de direito, na realidade, é uma flexibilização do artigo 3º. 
Integração 
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia (casos semelhantes), os costumes (práticas longevas – caracterizado pela repetição e percebido pela convicção da necessidade) e os princípios gerais de direito (fontes formais de direito – a lei é a fonte principal/ direta ou imediata e as demais fontes secundárias/mediatas ou indiretas). 
Obs.: o artigo 4º serve como suporte para as situações de lacunas, de omissão. 
Além da analogia, a integração pode acontecer também por meio dos costumes (legais: quando a própria lei apresenta previsão. Nesse caso não é integração, pois o costume já pode ser utilizado pela força da própria lei. Costume integrativo: práxis, condutas reiteradas em que se admite uma determinada situação). Os princípios gerais de direito foram elevados a fontes primárias, ao lado das regras. 
Interpretação e aplicação da lei 
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (finalidade social do direito – valores sociais sobre valores individuais). 
Aliás, no mesmo sentido do artigo 8º do CPC: “ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”. 
Além disso, o sistema jurídico admite a EQUIDADE como mecanismo de integração, quando indicada pela própria norma (só em caso de previsão legal) – não previsto na LINDB. 
Decidir com EQUIDADE é julgar com base no que é mais justo, porém apenas nas hipóteses que a lei admite.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
As normas de Direito Internacional Privado, arts. 7º a 19 da LINDB, têm o objetivo apenas de identificar, diante de uma situação jurídica com conexão de uma lei brasileira e estrangeira, qual delas será aplicada. A LINDB, portanto, apresenta critérios para que, diante de uma situação concreta, aplique-se a lei brasileira ou estrangeira. A LINDB, no que diz respeito a conflitos de leis no espaço, não resolve o problema, por isso ela é denominada norma indireta, dispondo apenas qual a lei resolverá o problema. 
Esse assunto não deve ser confundido com o estudo das leis no tempo. Eficácia da lei no tempo (período de vida da lei – extensão) – art. 6º do Código Civil. Relevância: direito intertemporal (há situações ou relações jurídicas que foram estabelecidas sob a vigência da lei anterior, mas continuam projetando efeitos com o advento da lei nova). 
Obs.: quando surge o problema de direito intertemporal? Há uma situação jurídica, que foi constituída sob a vigência de uma lei anterior, mas continua produzindo efeitos sob a vigência de uma nova lei. Aí surge o problema. 
A fim de resolver conflitos de lei no tempo, há dois pressupostos: a lei não poderá retroagir, razão pela qual não pode a lei nova ser aplicada a situações anteriores já devidamente consumadas. Os fatos antigos continuam regidos pela lei anterior; a lei possui efeito imediato para regular todas as situações e relações jurídicas a partir de sua vigência. O artigo 6º da LINDB retrata e reproduz esses pressupostos ao dispor que a lei em vigor (vigência) terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Proibição do retrocesso: não pode uma norma retroagir a proteção dos direitos e garantias sociais e fundamentais. 
NORMA SOBRE A EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO 
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (os fatos ocorridos sob o império da lei antiga continuam regidos por ela) 
Obs.: a lei é irretroativa, devido à segurança jurídica. 
Lei não tem retroatividade – regra (deve ser observado pelo julgador e legislador). Os efeitos futuros de fatos ocorridos na vigência de lei antiga também não podem ser atingidos pela lei nova? (a lei nova se aplica às relações jurídica continuativas, de trato sucessivo?) 
Excepcionalmente, retroage – previsão na lei prevendo a aplicação a casos pretéritos e desde que não ofenda ao ato perfeito, direito adquirido e coisa julgada 
Obs.: a possibilidade de a lei nova disciplinar os efeitos futuros de relações jurídicas que foram constituídas sob a vigência de uma anterior é o que a doutrina vem denominando de retroatividade mínima, ou seja: há uma certa retroatividade, porque, de alguma forma, a lei nova repercute nos efeitos de um fato ou de uma relação jurídica que foi constituída sob a vigência de uma outra lei. O próprio CC trada da retroatividade mínima, senão vejamos:
Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no artigo 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. 
ATO JURÍDICO PERFEITO, DIREITO ADQUIRIDO E COISA JULGADA 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (reuniu todos os elementos necessários à sua formação). 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (São os direitos definitivamente incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam os que simplesmente dependem de um prazo para o seu exercício, sejam ainda os subordinados a uma condição inalterável ao arbítrio de outrem). 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
A irretroatividade em relação ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídica perfeito é absoluta? 
Não. O STJ e o STF relativizam, com frequência, a coisa julgada nas ações investigatórias de paternidade, que transitaram em julgado em uma época em que não existia teste de DNA. 
O caput do artigo 2.035 do Código Civil estabelece a possibilidade de uma retroatividade justificada. De acordo com o caput, em relação a preceitos de ordem pública, principalmente na função social do contrato e da propriedade, esses preceitos são aplicados a essas situações constituídas sob a vigência da lei anterior. No direito adquirido, há muitas relativizações. Não há direito adquirido em face do poder constituinte originário, quando se institui nova ordem jurídica. A distinção entre ato jurídico perfeito e direito adquirido é que este resulta diretamente da lei e o ato perfeito decorre da vontade, que a exterioriza de acordo com a lei. O exemplo de ato jurídico perfeito é o contrato que, formado e consolidado sob a vigência de uma lei, também quanto aos efeitos, não se expõem ao domínio normativo de leis supervenientes. Por fim, coisa julgada material, com efeito negativo, torna a decisão judicial imutável, com trânsito em julgado (artigo 505 do CPC e artigo 6, § 3º, daLINDB). É certo que, atualmente, há certa relativização da coisa julgada, em especial quando esta for inconstitucional (RE 363.889 – STF). 
A irretroatividade da lei é absoluta? 
Exceção 
A própria lei prevê a retroatividade (jamais se presume), mas não pode prejudicar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (seja a norma de direito público ou privado). 
RETROATIVIDADE MÍNIMA 
Bernardo Gonçalves destaca os graus de retroatividade: “retroatividade de grau máximo – a lei nova não estabelece o respeito às situações já decididas em decisões judiciais ou em situações nas quais o direito de ação já havia caducado; retroatividade de grau médio – há o respeito às causae finitae, mas aqueles fatos que não foram objeto de decisões judiciais, nem cobertos por títulos, podem ser modificados pela lei nova; retroatividade de grau mínimo – no qual há o respeito aos efeitos jurídicos já produzidos pela situação fixada anteriormente à nova legislação”. 
O STF, no RE n. 226.855 decidiu que as leis que afetam os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente são retroativas (retroatividade mínima) e, por isso, afetam os efeitos futuros dos fatos ocorridos sob a vigência da lei antiga que podem ser atingidos pela lei nova (retroatividade mínima). 
Contratos – retroatividade 
Lei aplicável aos contratos será a do tempo de sua constituição no que diz respeito à sua existência e validade. Quanto à eficácia, aplicam-se as normas vigentes na data de sua execução – artigo 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no artigo 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. 
RESUMO DA EFICÁCIA DAS LEIS NO TEMPO 
Pressupostos: a primeira premissa é que a lei não retroage, pois, de acordo com o artigo 6º, a lei possui eficácia imediata e disciplinará os fatos futuros que ocorrem durante sua vigência. Excepcionalmente, a lei pode retroagir, se expressamente tiver essa previsão, caso no qual ela deve respeitar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, ainda que, hoje, esses princípios sejam flexibilizados ou relativizados. Embora irretroativa, é possível aplicar a lei nova aos efeitos jurídicos de fatos, relações ou situações que foram construídos sob a vigência da lei anterior, mas somente os efeitos jurídicos futuros, o que a doutrina denomina de retroatividade mínima. 
LINDB E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
Os artigos 7º a 19 da Lei de Introdução buscam resolver problemas de conflito de leis no espaço, ou seja, diante de uma situação jurídica que se conecta com a lei brasileira e a lei estrangeira. Qual lei aplicar: brasileira ou estrangeira? O Direito Privado Internacional tem como objetivo definir critérios para dizer qual lei será aplicada. Lembre-se de que as regras da LINDB sobre leis no espaço, territorialidade e extraterritorialidade são indicativas ou indiretas, pois elas não resolvem nenhum problema, mas indicam critérios, caminhos para aplicação da lei brasileira ou estrangeira. 
Princípio da territorialidade moderada, temperada ou mitigada 
A LINDB adota o princípio da territorialidade moderada, temperada ou mitigada, pois permite, a partir de algumas circunstâncias, que seja aplicada no Brasil uma norma estrangeira, a ideia da extraterritorialidade. Como regra, o princípio da territorialidade: para tudo o que acontece no brasil, aplica-se a lei brasileira. No entanto, há situações em que a lei brasileira permite que a lei estrangeira repercuta na ordem jurídica interna brasileira. Por isso, fala-se em princípio da territorialidade moderada, temperada ou mitigada. 
Noção geral sobre Direito Internacional Privado 
Questão central – problema: algumas relações jurídicas transcendem a ordem jurídica interna e se interconectam com leis estrangeiras, autônomas e independentes. Desta conexão, nascem problemas que muitas vezes devem ser solucionadas pelo Judiciário. 
Como resolver esses problemas quando a questão JURÍDICA estiver conectada com leis de distintos países? Como o Judiciário vai percorrer o caminho para resolver questões jurídicas conectadas com leis estrangeiras, autônomas e independentes: esse é objetivo do DPI. 
Sempre que a relação jurídica se perfaz entre ordens jurídicas distintas, pode nascer o problema relativo a conflito de leis no espaço (porque as leis de cada país são distintas e autônomas e podem extrapolar as fronteiras daquele território). 
Para viabilizar o direito internacional privado, o estado deve aceitar a eficácia de norma estrangeira na sua ordem jurídica. Se as relações jurídicas envolvem ordens estatais diversas, nasce o problema decisivo das opções a serem tomadas para resolver a questão da aplicação de mais de uma lei ao mesmo caso concreto. 
Qual é o objetivo do DPI? 
Escolher, dentre as ordens jurídicas em conflito, qual mais se aproxima da discussão. 
• DPI é causa de interação legislativa em nível global. O que isso significa? As leis precisam ter harmonia. É impossível uma uniformização global, mas, quando os Estados permitem que leis estrangeiras possam ter eficácia no seu ordenamento jurídico interno, isso aproxima os países. 
O conhecimento recíproco das legislações, ao longo do tempo, as uniformiza e as harmoniza; essa é uma função do DPI. Em função do DPI, as normas têm a potencialidade de ultrapassar as fronteiras nacionais. 
DPI e conflitos de leis no espaço 
Submissão do DPI aos direitos fundamentais (constitucionais) e aos direitos humanos (internacionais), que serão suporte axiológico para resolução de questões jurídicas no caso de conflito de leis no espaço. A CF prevalece sobre eventual norma estrangeira que preveja desigualdade entre homens, entre filhos na constância do casamento ou em razão de raça ou religião. Não se aplica norma de direito estrangeiro contrária às normas de índole constitucional. 
Como é impossível uniformizar regras, os estados estabelecem, por meio de direito interno, regras de solução de conflitos de leis no espaço, desde que haja conexão internacional. 
DPI – base de entendimento 
Extraterritorialidade das leis (nacionais e estrangeiras) e possibilidade de sua aplicação em ordens jurídicas distintas (aplicação da lei nacional no estrangeiro e vice-versa). O DPI apenas aponta qual lei será aplicada. Tal compreensão é fundamental As normas de DPI são indicativas e indiretas! 
O que isso significa? 
Apenas indicam qual a ordem jurídica substancial (nacional ou estrangeira) deverá ser aplicada no caso concreto para o fim de resolver a questão principal (por exemplo: não diz se o casamento é válido ou inválido, se o indivíduo tem ou não herança). 
A função do DPI é semelhante ao direito processual, porque não resolve a questão jurídica, mas cria mecanismos que servem de instrumento para se chegar ao conhecimento da norma material (nacional ou estrangeira) que será aplicada ao caso concreto. As normas de DPI são instrumentais, auxiliares, pois apenas indicarão se é o direito estrangeiro ou o direito nacional que resolverá a questão. Como não é possível submeter a relação jurídica a dois ordenamentos estatais distintos, o DIP escolhe qual deles resolverá a questão principal sub judice (direito sobre direito). A missão do DPI se esgota quando encontra a norma substancial, nacional ou estrangeira, indicada a resolver a questão concreta em discussão. 
Primeiro deve-se qualificar o instituto jurídico em causa (família, sucessões, obrigações); depois, localizar o elemento de conexão que levará à norma para resolver a questão principal. Para que se coloque o problema no DPI, deve haver divergência entre normas estrangeiras autônomas e independentes. 
As normas de DPI são indiretas. Há exceções? E o disposto no artigo 7º, § 5º, da LINDB? 
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge,requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. 
Regra direta – não pertence ao DPI 
Para a incidência do DPI – pressuposto (conexão espacial – elemento de conexão), os fatos devem estar em conexão espacial com leis estrangeiras divergentes, autônomas e independentes (denominado elemento estrangeiro). 
O que é a conexão espacial, premissa para a incidência das regras do DPI? 
Exemplo 
Ausência de conexão espacial: dois brasileiros se casam no brasil, adquirem bens no brasil e dissolvem no brasil a sociedade conjugal. 
Presença de conexão espacial: brasileiro casa com italiana na França, lá residem, adquirem bens e resolvem voltar a morar no brasil. 
Qual a metodologia de aplicação do DPI? 
Primeiro (objeto da conexão) – qualificação da relação jurídica (objeto da conexão – família, sucessão, contrato) – o assunto que será conectado. 
Segundo (elemento da conexão) – determinação da lei aplicável (elemento de conexão) – definição da lei que regerá o assunto – exemplo: domicílio como elemento. 
Há problema nas qualificações? 
Não é fácil definir o exato enquadramento jurídico da questão – ou seja, determinar a natureza de um fato ou instituto para enquadrá-lo como categoria jurídica existente (obrigação, família, sucessões etc.) 
Há diferenças de enquadramento a depender do sistema jurídico – não há uniformidade (Exemplo – num país, casamento pode ser questão de família e, em outro, de direito obrigacional) – Portanto, a qualificação, para efeito de aplicação substancial das normas de DPI, tem lugar no que tange ao OBJETO da conexão. 
Exemplo do objeto e elemento de conexão 
Artigo 8º Para qualificar os bens (objeto de conexão) e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados (elemento de conexão – local dos bens). 
Artigo 9º Para qualificar e reger as obrigações (objeto de conexão), aplicar-se à a lei do país onde se constituírem (elemento de conexão – local da constituição da obrigação). 
Objeto de conexão = Matéria regulada pela norma indicativa. 
Elementos de conexão = normas indicativas são os que ligam ou vinculam internacionalmente a questão de DIP, o que torna possível saber qual lei (nacional ou estrangeira) deve ser aplicada ao caso concreto para resolver a questão principal. 
Em resumo, elementos de conexão são elementos de localização do direito a ser aplicado, aqueles que a legislação interna de cada estado toma em consideração e entende como relevantes para a indicação do direito substancial aplicável. 
A determinação do elemento de conexão é dada pelas normas de DIP de cada país, dependendo o seu estabelecimento das tradições (costumes) e da política legislativa de cada qual. 
É possível o concurso de elementos de conexão? 
Art. 7º, § 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. 
Cada Estado escolhe seu elemento de conexão (pessoais – domicílio, residência, origem – quando há pessoa no centro da conexão; reais – ligadas às coisas, conexão universalmente adotada em relação a imóveis – artigo 8º; formais – lugar da celebração, lugar da execução, lugar de constituição – lugar do ato – exemplo: lei brasileira quanto a impedimentos e formalidades da celebração; delituais – são regidas e qualificadas pelo local onde se constituírem). 
As normas de DPI são, portanto, de discricionariedade do Estado – que pode, por exemplo, considerar que não é conveniente a aplicação da lei local para determinado assunto, que se submeterá apenas por norma estrangeira (ainda que com limitações). 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. 
DPI e ordenamento jurídico brasileiro – LINDB – Artigos 7º a 19 
Núcleo fundamental de aplicação das leis estrangeiras (CPC trata de outros assuntos sobre DPI – competência internacional, prova, homologação de sentença estrangeira). Em essência, a LINDB permite que norma estrangeira seja aqui aplicada e gere efeitos, com as ressalvas do artigo 17. 
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes 
A LINDB e estatuto pessoal – o que é tal estatuto? 
Relações inerentes ao estado da pessoa (individualidade) e aptidão para direitos e obrigações (capacidade). 
Lei da nacionalidade da pessoa ou de seu domicílio – regra 
Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família (prova de que as regras de DPI são meramente indicativas – indica a lei, mas não considera o conteúdo da norma). 
O próprio sistema excepciona. 
Artigo 5º, XXXI, da CF. para o fim de beneficiar o cônjuge ou os filhos brasileiros nos casos de sucessão de bens de estrangeiro situados no País – pode ser tanto a do domicílio quanto a da nacionalidade do de cujus, à luz do que for mais benéfico ao cônjuge supérstite ou aos filhos. 
CASAMENTO 
Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
 § 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. 
§ 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
Capacidade (incapacidade) – lei do domicílio/pessoal (independe do local da celebração e da nacionalidade). 
Forma – lei do local da celebração. 
Impedimentos matrimoniais – lei do local da celebração 
Casamento no Brasil 
Formalidades (lei brasileira) – todos deverão provar que cumprem as formalidades da lei brasileira (locus regit actum) – em especial aquelas dispostas no código civil (neste caso, não haverá problema de ordem pública – pelo simples fato de que não se aplicará a lei estrangeira) – por isso, eventual nulidade deste casamento segundo a lei do domicílio do estrangeiro, não terá efeito no brasil. 
Casamento realizado no exterior 
Pessoas, brasileiras ou estrangeiras, domiciliadas no Brasil: Aplica-se a lei do local onde o casamento será celebrado – cada País tem regras específicas que devem ser observadas pelos nubentes (podem ter até menos formalidades e mesmo assim será válido, como por exemplo os casamentos realizados em Las Vegas). Respeitada a lei local, tal casamento é válido no Brasil. Portanto, é reconhecida, em território nacional, a competência da lei estrangeira para a regência da celebração do matrimônio, salvo fraude.

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