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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA) O QUE É NORMALIDADE? • Existem mulheres que menstruam pouco e as que menstruam muito sangue → São padrões normais • Frequência: 24 a 38 dias (média de 28 dias) • Duração: 4,5 a 8 dias • Fluxo: 5 a 80 mL ANORMALIDADES DO CICLO Frequentes • Ciclos menores de 24 dias → menstruações frequentes o Não se usa mais o termo polimenorreia o Há o encurtamento da fase proliferativa (lembrar que a fase lútea é fixa, de 14 dias) ▪ Geralmente, no início do climatério, com as mudanças fisiológicas. Infrequentes • Ciclos maiores de 38 dias o O termo oligomenorreia não é mais usado com frequência • Causas: o ANOVULAÇÃO → não há fase secretora, a paciente fica apenas na fase proliferativa Duração e Fluxo • Tempo de sangramento prolongado: > 8 dias o O termo hipermenorreia não é mais utilizado com frequência • Fluxo intenso: > 80 mL o O termo menorragia não é mais utilizado com frequência • Principais causas: o No período neonatal: privação de estrogênio materno ▪ Há a passagem de estrogênio via transplacentária para o feto, então há uma proliferação endometrial e, após o nascimento e a parada de passagem de estrogênio, há a descamação e um leve sangramento autolimitado o Na infância: corpo estranho, infecções, trauma puberdade precoce, abuso sexual, sarcoma botrioide (massa em “cacho de uva”), tumor ovariano produtor de hormônios, etc. o Na adolescência: imaturidade do eixo hipotálamo- hipófise-ovário ou discrasia sanguínea, vulvovaginite o Na Menacme: sangramentos da gestação e o SUD por Anovulação são as principais causas. ▪ A Anovulação é especialmente comum em meninas próximas à menacme e mulheres na perimenopausa, quando os ciclos anovulatórios são muito comuns. Além da SOP, como outra grande causa de Anovulação o Outras causas importantes na menacme: ▪ Doenças sistêmicas, como hipotireoidismo e hiperprolactinemia; desordens hematológicas; uso de anticoncepcionais, alterações estruturais benignas (miomas, pólipos, adenomiose, etc) e malignas (CA de endométrio, cervical) o Na pós-menopausa: ▪ ATROFIA ENDOMETRIAL é a causa mais comum, além da TRH em mulheres que usam hormônio ▪ Outra causa: CA de endométrio o Anatômicas → alteração estrutural do útero que provoca sangramento excessivo ▪ MIOMA é o principal ▪ Pólipos endometriais ▪ Adenomiose: infiltração de células endometriais no meio do miométrio. ▪ DIU de cobre o Outras causas: ▪ Anovulação: como a SOP • A pessoa passa muito tempo sem menstruar, porém quando menstrua é de grande quantidade → Apenas fase proliferativa, não há progesterona para ovular. Devido a grande proliferação acumulada, ela menstrua excessivamente ▪ Coagulopatia • Principalmente em adolescente → Descobrimos uma discrasia sanguínea (como von willer brand) nas primeiras menstruações. • Porém a maioria dos sangramentos em adolescente não é devido a coagulopatia ▪ Malignidade • Tempo de sangramento curto: < 4,5 dias • Fluxo leve: < 5 mL • Principais causas: o Uso de ACO → PRINCIPAL • Menorragia: o Intervalos regulares, com duração prolongada e fluxo excessivo • Hipermenorreia: o Intervalos regulares com duração normal e fluxo excessivo • Metrorragia: o Intervalos regulares, com duração prolongada e fluxo normal • Menometrorragia: o Intervalos irregulares, com duração prolongada e fluxo excessivo • Oligomenorreia: o Intervalos infrequentes ou irregulares de duração variável, fluxo excasso Amenorreia • Ausência de menstruação • No mínimo por 3 ciclos consecutivos OU 6 meses sem menstruar • Principal causa: GESTAÇÃO Spotting • Sangramento de escape intermenstrual • Causado por ACO de baixa dosagem o A baixa dose de estrogênio não prolifera adequadamente o endométrio • É um sangramento escuro em pequena quantidade • Tranquilizar a mulher, não quer dizer ineficácia do método. É normal. o Se repetir durante muito tempo, aumentar a dose do ACO #Importante • Sangramento pós-menopausa: o PRINCIPAL CAUSA: ATROFIA o Descartar sempre CA de endométrio ▪ USG TV: • > 4-5 mm em mulher que não está em uso de TRH • > 8 mm em usuárias de TRH ▪ Se presença de alguma das 2 situações acima, indicar histeroscopia com biópsia dirigida. ▪ Se forte suspeita de CA de endométrio, a histeroscopia pode ser indicada, sem necessidade de USG TV Sinusorragia • É o sangramento pós-relação sexual • Principal causa: ECTOPIA o Células que deveriam estar dentro do canal endocervical, saem. Forma um epitélio friável que sangra com o contato com o pênis. Ocorre devido a exposição ao estrogênio, como ACO. o É BENIGNO • SEMPRE descartar CA de colo uterino SANGRAMENTO UTERINO DISFUNCIONAL (SUD) • É um sangramento anormal caudado por uma ação hormonal no endométrio • A causa é de natureza hormonal • PRINCIPAL CAUSA: ANOVULAÇÃO o Há um estímulo constante de estrogênio sem contraposição da progesterona. o Causas fisiológicas o Causas patológicas: SOP • Diagnóstico de exclusão, caso não seja encontrada nenhuma causa orgânica para o sangramento o Se houver uma causa orgânica (Ex: Mioma), não podemos chamar de SUD, mas sim de SUA (nem todo SUA é SUD) Causas fisiológicas: extremos da vida reprodutiva • Puberdade → GnRH → Pulsos de FSH e LH durante o sono → Produção de estrogênio (não é o suficiente para atingir um pico de estradiol e provocar o pico de LH) → Não ovula • É normal que as primeiras menstruações sejam anovulatórios → Eixo IMATURO o É normal, posteriormente, passar grandes períodos sem menstruar → Grande período de proliferação endometrial → Menstruação com sangramento intenso • Puberdade: o Menstruações infrequentes com ou sem sangramentos intensos o TRATAMENTO: ▪ Orientações: tranquilizar a paciente ▪ Se relevância clínica → ACO ▪ Indicação de investigação: • Apenas 2 anos após a menarca se mantiver o padrão de sangramentos intensos. #Pegadinha • Meninas que chegam no PS devido um sangramento muito intenso, pálida, hipotensa, taquicárdica. Aborto? Porém o beta-hCG negativo. Coagulopatia? • Principal causa de sangramento anormal em adolescente: ANOVULAÇÃO o Pode causar choque • Tratamento: hidratação vigorosa • 20% são causados por discrasia sanguínea. Climatério • Primeira fase: Encurtamento do ciclo menstrual o Devido à queda de Inibina, que leva ao aumento de FSH e de estradiol. O pico de FSH e estradiol ocorre * mais cedo, encurtando a fase proliferativa. o Causa menstruações frequentes • Segunda fase: esgotamento dos folículos ovarianos o Não há produção de estradiol devido a falta de folículos ovarianos o Sem o pico de estradiol no final da fase proliferativa, não há pico de LH e, consequentemente, não há ovulação o Ocorre menstruações infrequentes com ou sem fluxo intenso o Semelhante a puberdade Causa patológica • SOP: o Critérios de Rotterdam Tratamento do sangramento uterino • Causas estruturais o DIU de cobre? Trocar método o Miomatose? Tratar o mioma • Causas não estruturais: o Causas disfuncionais: ▪ Progesterona de 2º fase (Ex: acetato de medroxiprogesterona), tomar 14 dias após a menstruação, por 14 dias até a próxima menstruação. ▪ ACO: mais prático ▪ Análogo de GnRH → Bloqueia totalmente o eixo → Não é muito utilizado na prática devido aos efeitos adversos. ▪ DIU com levonorgestrel • A progesterona liberada dentro do útero impede a mulher de menstruar • Ótimo método ▪ AINEs: TRATAMENTO AGUDO do sangramento • Inibe a Ciclooxigenase → inibição do Tromboxano e Prostaglandinas. #Importante • TRATAMENTO: o Ácido tranexâmico, 2 cps de 250 mg de 6/6h por até 4 dias ou se parar de sangrar (antifibrinolítico) → QUADRO AGUDO ▪ Droga de alta eficácia para interromper o sangramento na fase aguda. SEMPRE DESCARTAR GESTAÇÃO. INVESTIGAÇÃO DO SUA • Fluxo ou duração aumentados e ciclos regulares? o AfastarSUD e Anovulação como causas prováveis • Sinais e sintomas associados, como a dismenorreia ou histórico de sangramentos gengivais/nasais, podem sugerir causas estruturais e hematológicas, respectivamente • Atenção ao uso de ACO e gravidez Na infância • Identificar se o sangramento é ginecológico isolado ou se está acompanhado de outros sinais de puberdade precoce o Sangramento ginecológico isolado: ▪ Investigar causas infecciosas, abuso sexual ou corpos estranhos o Puberdade precoce: ▪ Investigar desordens hormonais → pode ser causada por um tumor de ovário, por exemplo. Exames complementares • Beta-HCH, TSH e prolactina são considerados exames de rotina na investigação • Hemograma: o Importante para diagnóstico de possível anemia (avalia a gravidade do sangramento) o Checar plaquetopenia • Ultrassonografia transvaginal (USG-TV) o Quase sempre o primeiro exame de imagem a ser solicitado o Capaz de diagnosticar (ou sugerir) a maioria das causas estruturais, como miomas, pólipos, CA de endométrio (espessamento), etc • Histeroscopia: o Importantíssima para diagnóstico e tratamento de diversas causas, como pólipos e espessamentos endometriais TRATAMENTO • Tratamento da causa base o Pode ser desde o uso de ACO na SOP até a quimioterapia/radioterapia no CA de colo intensivo • Nem sempre o tratamento da causa é 100% eficaz, restando o controle do sintoma que, muitas vezes, é um sangramento moderado/intenso o O sangramento pode causar anemia ou até mesmo instabilidade hemodinâmica • Controle sintomático: o Não-hormonais: AINE’s e ácido tranexâmico (antifibrinolítico); o Hormonais: ACO, progestágenos cíclicos, DIU hormonal (Mirena) e, nos casos graves, estrogênio conjugado em altas doses • Casos refratários e graves: o Opção de procedimentos invasivos: ablação endometrial, curetagem e até a histerectomia NA PRÁTICA Sangramento de baixa a moderada quantidade • AINE 3 a 5 dias geralmente é suficiente o Qualquer AINE pode ser utilizado o Geralmente é prescrito ibuprofeno ou diclofenaco pela facilidade de acesso e baixo custo o Ácido mefenâmico (Ponstan) é muito utilizado pelos ginecologistas Sangramentos recorrentes • Anticoncepcional hormonal combinado o AINE frequente pode levar a complicações gástricas e renais Sangramento uterino de forte intensidade • Ácido tranexâmico IV 2 a 3 g/dia VO (casos graves pode fazer EV): PRINCIPAL DROGA, facilmente presente nas emergências • Estrogênios Equinos Conjugados (EEC) 1,25 mg, VO, de 6/6h por 3 semanas + acetado de medroxiprogesterona nos últimos 10 dias de tratamento LEIOMIOMA UTERINO • São tumores benignos monoclonais do músculo liso (miométrio) • São as neoplasias mais comuns nas mulheres, atingindo cerca de 1/3 da população feminina • ASSINTOMÁTICOS na maioria das vezes (são diagnosticados como “incidentalomas”) em exames de imagens • PRINCIPAL CAUSA DE HISTERECTOMIA NO BRASIL • CLASSIFICAÇÃO de acordo com a localização: o Subseroso o Intramural o Submucoso • Sua localização modifica a sintomatologia e alguns métodos terapêuticos FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO • Mulheres na menacme, com pico entre a 3ª e 5ª década) (devido serem tumores estrogênio- dependentes) • São relacionados a diversas causas de “sobrecarga de estrogênio”, como a menarca precoce e nuliparidade Fatores de Risco Fatores protetores História familiar Uso de ACO Raça negra Tabagismo Menarca precoce e nuliparidade Primiparidade precoce Hipertensão arterial Uso de álcool Obesidade OBS: o estrogênio e a progesterona estimulam o crescimento dos leiomiomas uterinos. Apesar da redução do sangramento vaginal pela progesterona, isso é apenas um controle sintomático → não há redução em volume do Leiomioma MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • ASSINTOMÁTICOS na maioria das vezes • Principais sintomas: o Alterações no sangramento menstrual (aumento do fluxo e duração) o Dismenorreia (dor antes e durante a menstruação) • Leiomiomas intramurais ou submucosos: o Podem causar infertilidade o Aumento do volume abdominal e compressão de órgãos adjacentes, como bexiga e ureteres → a depender do tamanho do leiomioma OBS: o sangramento uterino anormal e infertilidade são duas manifestações relacionadas aos miomas submucosos (ou ao menos com componente submucoso) Mioma subseroso NÃO causa infertilidade ou sangramento COMPLICAÇÕES Degenerações • São alterações histológicas que os miomas podem sofrer, modificando muitas vezes sua história clínica • Degeneração hialina: é a MAIS COMUM • Degeneração rubra: MAIS COMUM NA GESTAÇÃO • Degeneração sarcomatosa (transformação em neoplasia maligna, leiomiossarcoma): MAIS GRAVE, ocorrendo em 0,5% dos casos e, normalmente, no pós- menopausa Mioma parido • São pediculados, podem se originar das camadas submucosa ou subserosa • Os submucosos com crescimento exagerado do pedículo podem ser expelidos pelo canal cervical, sendo então chamados de miomas paridos DIAGNÓSTICO • 1º exame: USG-TV o Achado: nódulo hipoecoico (imagem abaixo) • A RM é o melhor exame para avaliação da localização exata do tumor CONDUTA • Pode ser conservadora, medicamentosa ou cirúrgica o Depende de: ▪ Manifestações clínicas (existem? São graves?) ▪ Idade da paciente (está próxima à menopausa?) ▪ Desejo reprodutivo ▪ Risco cirúrgico ▪ Vontade da mulher Conduta conservadora • Indicação: o PACIENTES ASSINTOMÁTICAS OU; o Tumores pequenos leves, ou moderadamente sintomáticos em mulheres na perimenopausa • Essas indicações se justificam porque os miomas costumam reduzir demais com a diminuição drástica dos níveis de estrogênio após a menopausa Tratamento medicamentoso • Principal objetivo: o ALÍVIO DOS SINTOMAS em mulheres que não podem ou não desejam ser submetidas a procedimentos cirúrgicos • Utilizados em mulheres sintomáticas na perimenopausa ou para reduzir o tamanho tumoral e o sangramento no pré-operatório • Geralmente é um caso de mulheres com sangramento importante e com anemia, estando indicado o uso de medicamentos antes da cirurgia • Medicamentos que reduzem os miomas: o Danazol, gestrinoma ▪ Efeito antiestrogênico e androgênico ▪ Principais efeitos adversos é o androginismo (acne, hirsutismo, etc) o Análogos de GnRH ▪ São os mais efetivos (normalmente usados no pré-op) ▪ Agem dessensibilizando os receptores de GnRH na hipófise, após uma fase inicial de hiperestímulo (conhecida como flare-up) ▪ Inicialmente eles aumentam a produção de FSH e LH pela hipófise, consequentemente elevando a produção de estrogênio pelos ovários, mas rapidamente há uma dessensibilização, causando o que chamamos de menopausa farmacológica, com queda brusca nos níveis de estrogênio ▪ Principais efeitos adversos: fogachos, redução da massa óssea, atrofia epitelial o Antagonistas de GnRH ▪ Drogas mais recentes e que possuem como vantagem uma ação mais rápida e sem o efeito flare-up, gerando, desde o princípio, a menopausa farmacológica ▪ Principais efeitos adversos: fogachos, redução da massa óssea, atrofia epitelial Tratamento cirúrgico • Indicações: o Mulheres com boas condições cirúrgicas e sintomas moderados/intensos, especialmente quando não estão na perimenopausa • Qual procedimento indicar: o Deseja engravidar + mioma submucoso + sangramento intenso = miomectomia histeroscópica (MAIS COBRADA) o Deseja engravidar + mioma subseroso = Miomectomia laparoscópica o Múltiplos miomas não pediculados + sem desejo de engravidar ou risco cirúrgico positivo, ou que deseja preservar o útero = embolização de artéria uterina o Prole constituída + sintomas importantes = histerectomia via vaginal – se útero < 300 cm3 -, ou abdominal em tumores maiores ADENOMIOSE • Consiste na presença de tecido endometrial no miométrio, sendo considerado uma “endometriose do miométrio” QUADRO CLÍNICO• Dismenorreia grave e progressiva • Pode causar SUA e até infertilidade DIAGNÓSTICO • Clinicamente pode ser confundido com um mioma ou até mesmo pólipo • Exames de imagem são fundamentais para o diagnóstico • USG-TV: o Mostra imagens hipoecoicas heterogênias no miométrio • RM: o Melhor exame não invasivo o Evidencia a zona juncional mioendometrial (transição entre as camadas) irregular, com espessura aumentada (> 12 mm) • Diagnóstico definitivo: HISTOPATOLÓGICO TRATAMENTO • Mesmos medicamentos usados nos leiomiomas o Também é uma doença estrogênio-dependente • PRINCIPAL MÉTODO TERAPÊUTICO o HISTERECTOMIA, o que é facilidade pelo fato de a doença atingir mulheres > 40 anos, normalmente sem desejo reprodutivo PÓLIPO ENDOMETRIAL • São lesões em relevo na cavidade endometrial QUADRO CLÍNICO • Sangramento uterino anormal • Aumento de fluxo/duração da menstruação • Raramente: infertilidade e dismenorreia DIAGNÓSTICO • USG-TV • Diagnóstico definitivo: HISTOPATOLÓGICO APÓS SUA RETIRADA TRATAMENTO • Quase sempre HISTEROSCÓPICO, com visualização direta e POLIPECTOMIA ENDOMETRIOSE • Consiste na presença de tecido endometrial fora do útero • Atinge 5 a 10% das mulheres em idade fértil (a minoria é sintomática) • Principais locais (em ordem decrescente): o Ovários o Ligamentos uterossacros o Fundo de caso posterior • Pode atingir praticamente todos os órgaõs, inclusive olhos, SNC e intestino (principal localização extrapélvica) PATOGÊNESE • Não é totalmente compreendido, existem várias teorias. • Refluxo menstrual: TEORIA DE SAMPSON o Menstruação retrógada, atingindo a cavidade peritoneal) o Foi observado que 90% das mulheres apresentam líquido livre na pelve em época menstrual, sugerindo, assim, que certo grau de refluxo tubário ocorra o Células endometriais, então, se implantarão no peritônio e nos demais órgãos pélvicos, dessa forma, iniciando a doença o Como somente 10% das mulheres apresentam endometriose, os implantes ocorreriam pela influência de um ambiente hormonal favorável e de fatores imunológicos que não eliminariam essas células desse local impróprio • Metaplasia celômica: o Lesões de endometriose poderiam se originar diretamente de tecidos normais mediante um processo de diferenciação metaplásica • Deficiência imunológica • Teoria genética: o Predisposição genética ou alterações epigenéticas associadas a modificações no ambiente peritoneal (fatores inflamatórios, imunológicos, hormonais, estresse oxidativo) poderiam iniciar a doença nas suas diversas formas • Iatrogenia o Procedimentos que levariam o tecido endometrial a locais inapropriados. FATORES DE RISCO • Alguns fatores de risco reforçam a teoria do refluxo menstrual por estarem associados a uma maior quantidade de: o Perda sanguínea → Fluxo menstrual aumentado, com duração maior e menstruações com intervalo mais curto o Obstrução de saída teoricamente aumentariam o refluxo menstrual, o que é coerente com a principal teoria da patogênese da endometriose • Outros fatores: o História familiar o Raça asiática e branca o Menarca precoce/nuliparidade o IMC baixo o Consumo elevado de álcool e café MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Tríade: o Dismenorreia progressiva o Dispareunia (principalmente de profundidade) o Infertilidade • Pode causar dor pélvica crônica • É comum nas mulheres jovens, entre 25 e 40 anos DIAGNÓSTICO • Diagnóstico definivo: ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA dos focos endometriais • USG (preparo intestinal melhora a visualização) • Ressonância magnética: o Melhor exame não invasivo • Laparoscopia: o Padrão-ouro o Capaz de fechar o diagnóstico e é fundamental também no tratamento da doença • Exame físico: o Nódulos em fundo de caso e ligamentos uterossacros palpáveis • CA-125: o É um marcador tumoral, que se eleva na maioria dos casos de endometriose moderada/grave o Possui uma alta sensibilidade nesse contexto o Especificidade baixa (diversas doenças podem elevá-lo) o São úteis basicamente para seguimento após o tratamento, exatamente como ocorre com marcadores tumorais em vários tipos de câncer CONDUTA • É variável, sem protocolos absolutos Não desejam engravidar E a doença é leve/moderada • ACO contínuos (mais usados) • DIU (levonorgestrel) • Progestágenos cíclicos • Danazol • Gestrinona • GnRH • AINEs • Nestes casos, o objetivo é controlar os sintomas (que são leves) e, na maioria das vezes, os anticoncepcionais (contínuos, sem interrupção cíclica) são suficientes • Lembrar que é uma doença estrogênio-dependente Desejam engravidar OU a doença é moderada/grave • TRATAMENTO CIRÚRGICO o Especialmente com a laparoscopia e exérese de todos os focos endometriais • Atualmente, a maioria dos autores recomenda tratamento medicamentoso por 6 meses após a laparoscopia e um segundo procedimento (second look) nos casos refratários (permanece dor e/ou infertilidade) • A presença de endometriomas (cisto ovariano causado pela endometriose) impõe o tratamento cirúrgico com cistectomia, especialmente se houver infertilidade, já que os medicamentos possuem efeitos limitados sobre eles o Endometriomas pequenos em pacientes com pouco sintomas não é necessário a cistectomia Infertilidade • Endometriose mínima/leve → Laparoscopia • Endometriose grave → FIV OBS: pacientes com infertilidade e sem sintomas álgicos ou endometriose moderada/grave nos exames de imagem só devem ser submetidas ao tratamento cirúrgico após investigação e exclusão de todas as outras possíveis causas de infertilidade IMPORTANTE: a endometriose ovariana possui um risco de aproximadamente 2,5% de transformação maligna, sendo o carcinoma de células claras e o endometrioide os tipos histológicos mais comuns Prescrição de TRH em pacientes com antecedente pessoal de endometriose • Estrogênio + progesterona → Mesmo que seja histerectomizada o A estrogenioterapia isolada é capaz de ativar focos antigos de endometriose fazendo retornar a sintomatologia álgica MIOMATOSE: SUA, ADENOMIOSE: SUA + DISMENORREIA ENDOMETRIOSE: DISMENORREIA + DISPAREUNIA + INFERTILIDADE
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