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Formação e manejo de capineiras

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Formação e manejo de capineiras
· No centro do Brasil, há duas estações climáticas: chuvosa, novembro até abril com abundância de pastagens, e a seca, de maio a outubro com redução de pastagem em qualidade e quantidade (cai entre 30 a 40% em relação ao período de chuva e os animais emagrecem).
· Fatores responsáveis pelos índices de produtividade dos rebanhos:
i. Luminosidade.
ii. Regularidade de chuvas.
iii. Calor.
iv. Disponibilidade de alimentos.
· O uso de boas forrageiras para complementar ou substituir a alimentação a pasto ajuda a manter a produção e produtividade >> as CAPINEIRAS formadas e manejadas podem assegurar uma boa alimentação volumosa. 
CAPINEIRA: O QUE É?
· Capineira: área plantada com qualquer tipo de forrageira que possa ser cortada e fornecida aos animais diretamente ou sob forma de feno ou silagem.
· As capineiras de capim de corte são usadas também para pastejo direto, que é um sistema em que os animais ingerem as forragens de maneira natural, como em pastos comuns. 
· Gramíneas utilizadas normalmente:
· Capim-elefante.
· Capim-guatemala.
· Capim-imperial ou venezuela.
· Cana-de-açúcar.
· Capim-canarana (no nordeste).
· Principais características que uma gramínea deve ter para ser capineira:
· Bom valor nutritivo.
· Alto potencial de produção de matéria seca.
· Boa resposta à adubação.
· Boa resposta à irrigação.
· Boa aceitabilidade.
· Alto vigor de rebrotação.
· Facilidade de propagação.
· Resistência a pragas e doenças.
· Tolerância ao corte intenso.
COMO FORMAR UMA CAPINEIRA?
Escolha do local:
· Terrenos planos, perto das aguadas >> mais frescos e férteis.
· É melhor quando localizado perto das instalações onde os animais são manejados >> facilita o transporte e a distribuição para os animais ou a colocação em silos.
· NÃO pode em terrenos úmidos.
Abertura de áreas:
· Deve-se ter licença ambiental para remoção da cobertura.
· Período mais indicado: fevereiro-junho; pois o solo ainda conserva certa umidade, facilitando desmatamento e enleiramento.
i. Cerrado:
· Usar tratores de esteiras com lâminas.
· Caso a área seja pequena e houver mão de obra, usar do arranquio da vegetação de maneira mais artesanal (enxadão) >> menos danos ao solo (não retira a camada rica em matéria orgânica).
ii. Capoeira/campo sujo:
· Em casos de arbustos grossos, retirar com tratores, de pneu ou esteira, com lâminas.
· Em caso de arbustos finos, arrancar com enxada.
iii. Campo limpo:
· Não precisa realizar limpeza mecânica, podendo ser feita a imediata distribuição do calcário e sua incorporação. 
Conservação do solo:
· Em terrenos com declividade maior que 2%, realizar curvas de níveis de base larga; o que protege o solo contra erosão e facilita operações.
Catação de raízes:
· Deve-se realizar quantas operações sejam precisas para que a área fique isenta de raízes e tocos que dificultam sobremaneira a mecnaização do solo.
Correção e adubação para o estabelecimento das capineiras
i. Calagem:
· O capim-elefante e a cana-de-açúcar estão no grupo de forragens exigentes quanto à fertilidade do solo e, por isso, recomenda-se elevar saturação de bases para 50 a 60%.
· A quantidade de calcário a ser aplicada deverá ser determinada mediante a análise do solo.
· Calcário deve ser aplicado a lanço, distribuído de forma uniforme a uma profundidade de 20 a 25cm, usando arado ou grade pesado com antecendência de 90 dias do plantio das mudas.
· Se for aplicado 3 toneladas ou menos, pode botar tudo de uma vez. Caso seja mais do que 3 toneladas, dividir em duas aplicações.
· Usar calcário dolomítica ou magnesiano. 
ii. Gessagem:
· Se a saturação de alumínio for maior do que 20% ou teor de cálcio for menor do que 0,5cmol/dm3 na profundidade de 40 a 60cm, o GESSO deve ser aplicado de acordo com as recomendações do Engenheiro Agrônomo.
iii. Adubação de estabelecimento:
· Há necessidade de fornecer às plantas os níveis necessários de nutrientes, sempre baseados na análise do solo. 
· Fósforo: 
a) Elemento essencial.
b) Os solúveis (superfosfato simples, triplo, Arad e Gafsa distribuídos abaixo da linha de plantio das mudas) apresentam disponibilização mais rápida do nutriente para a planta.
c) Podem ser usados fosfatos naturais reativos (eficiência agronômica só ocorre no 2º ano após aplicação).
d) Recomenda-se aplicar 100kg por hectare de P2O5, ou seja, 500kg de superfosfato simples. 
· Potássio:
a) Cloreto de potássio.
b) Aplicação pode ser feita misturada com fonte de fósforo e distruibuídos nos sulcos ou covas.
c) 60kg/ha de K2O, ou seja, 100kg de cloreto de potássio. 
· Nitrogênio:
a) Deve ser aplicado na forma de cobertura, quando o capim já estiver com 40 dias de brotado. 
b) 40kg/ha; ou seja, 200kg de sulfato de amônio ou 90 de ureia por hectare.
· Enxofre:
a) Recomenda-se 30kg por hectare.
b) Quando se usa gesso, superfosfato simples ou sulfato de amônia, em cobertura, já há o suprimento de enxofre incluso.
· Micronutrientes:
a) A deficiência mais comum é a do zinco.
b) 10kg de sulfato de zinco por hectare OU fornecer através do uso do FTE BR-10 ou FTE BR-16, na quantidade de 30 a 50 kk/ha misturado à fonte de fósforo solúvel.
· Adubação orgânica:
a) Sempre recomendado para capim-elefante.
b) Mais comuns: estercos do curral (20-30 ton/ha) e a cama de frango ou esterco de galinha (10 ton/ha). 
c) Ter cuidado para aplicar quando estão bem curtidos.
Escolha da forrageira:
· Quando a opção for pelo plantio de corte, as variedades de capim-elefante são mais indicadas. As variedades Napier, Cameroon, Mercker, Taiwan e Mineiro são mais comuns e mais fáceis de conseguir mudas.
· Outra opção para quem quer reservar alimentos para época seca é plantar cana-de-açúcar; as melhores são as variedades industriais, plantadas pela usina produtora de álcool ou açúcar.
Escolha das mudas:
· As mudas de capins de corte devem ser retiradas de plantas novas e inteiras, com idade entre 3 a 4 meses. 
· Mudas de cana-de-açúcar devem ser de plantas novas, entre 19-30 meses.
· Mudas de plantas velhas não são boas, pois possuem brotação de gemas aéreas, que dão plantas fracas.
Determinação da área a ser plantada quando a forragem for para corte:
· É necessário calcular a quantidade de forragem necessária para a demanda; ou seja, precisa saber o rendimento da forragem por hectare e definir quantas animais vão recebê-la, por quantos dias e qual a quantidade para cada um por dia.
· No caso de silagem, basta calcular qual a quantidade de silagem necessária e dividir pelo rendimento médio.
Determinação da área a ser plantada quando a forragem for destinada ao pastejo direto:
· Método de Voisin: sistema intensivo de manejo que procura o equilíbrio entre solo-capim-gado. Para isso, calcule que cada animal adulto (400kg) precise de 60m2 de pasto por dia. se o objetivo é alimentar um rebanho de 20 animais, por exemplo, serão necessários 1.200 metros quadrados de pasto para cada dia; como o período médio necessário para a pastagem se recuperar é de 32 dias, serão necessários 33 piquetes (sempre deve haver um piquete em descanso) de 1.200 metros quadrados cada um. Portanto, uma área de 3,96 hectares deverá ser plantada para apascentar os 20 animais >> PARA PERÍODO CHUVOSOS.
· Para o PERÍODO SECO, não se recomenda esse tipo de pastejo, a menos que o produtor disponha de meios econômicos de irrigar a área e mesmo assim os cálculos devem ser refeitos.
i. Divisão de piquetes: 
a) A área externa dos piquetes deve ser de cerca fixa. 
b) As partes internas devem ser feitas de cercas elétricas. 
c) Cada vaca adulta precisa de 60m2 de capim para se alimentar por dia.
ii. Tempo de permanência:
a) Devem permanecer o menor tempo possível; ideal 1 dia.
b) Deve ser avaliado em relação do desfolhamento do capim.
iii. Descanso dos piquetes:
a) Para calcular, deve-se considerar o nº de dias de descanso e dividir pelos dias de pastejo, somando 1 ao resultado.
Plantio:
· A quantidade necessária para se plantar 1ha de capineira de capim de corte é de 2 a 4 toneladas de mudas. 
· Para 1ha de cana-de-açúcar são necessários 8 a 10 toneladas de mudas. 
· Antes do plantiodas mudas, elas devem ser preparadas retirando-se as folhas e aparando as pontas.
· Pode colocar a muda intera no sulco ou cortá-la em 3 ou 4 pedaços de tamanhos iguais.
· Depois de colocadas, cobri-las com 15cm de terra.
· Sulcamento:
a) Plantio em sulco facilita a colheita e viabiliza maior produção de massa verde por unidade de área. 
b) Uso de sulcadores facilita, associados a tratores.
c) Em pequenas áreas, faz-se com enxadas.
d) Sulcos: 20 a 30cm de profundidade e espaçamento entre linhas de 80cm a 1m.
COMO UTILIZAR A CAPINEIRA?
1. Para corte e fornecimento aos animais. Na maioria dos casos, quando o produtor planta uma capineira ele está pensando em reserva de alimento para a época seca do ano (no Brasil Central, de maio a novembro). Recomenda-se, quando for esse o caso, plantar preferencialmente a cana-de-açúcar, pois ela é a única forrageira que pode atender a essa necessidade, porque a qualidade da cana não diminui nessa época do ano.
2. Para pastejo direto: a capineira só pode ser formada com capim de corte e deve ser manejada como um pasto qualquer em sistema rotacionado.
3. Para produção de silagem ou feno, quando se tratar de capineiras de capins de corte. A cana-de-açúcar pode ser adicionada a silagens de capins de corte para melhorar a qualidade energética e aumentar a capacidade de fermentação dessas forragens. 
a) A silagem para capins de corte pode ser enriquecida com farelo de milho, ureia ou sorgo.
COMO MANEJAR A CAPINEIRA
Capineiras de capins de corte:
· O principal erro é deixar acumular todo o material produzido durante o crescimento e desenvolvimento das capineiras para ser usado na época seca do ano, não realizando corte no período chuvoso.
· Valor nutritivo é inversamente ao seu crescimento e idade. 
· Quanto mais fibrosa a forragem, menor o consumo pelos animais. 
· Deve-se realizar o primeiro corte no início da estação chuvosa; 90 a 120 após plantio e depois de 30 dias no final desse período. O objetivo disso é:
a) Fornecer aos animais ou para ensilagem.
b) Poupar as pastagens para época seca, ajudando no controle de pragas.
c) Melhor desenvolvimento da capineira e fornecimento de alimento com maior valor nutritivo.
· Já na época seca, o início do corte depende da necessidade de uso. 
· A altura do corte, em terrenos férteis, pode ser feito bem rente ao chão, cerca de 5cm; pois o solo permite boas brotações basais.
· Em solos menos férteis, cortar mais alto, 10 a 20cm do chão. 
· Na manutenção das capineiras, em solos menos férteis, recomenda-se que após o corte de novembro ou dezembro, seja feita adubação à base de nitrogênio. 
· De 2 em 2 anos, em outubro ou novembro, deve-se aplicar adubação química de NPK. 
· Esterco pode ser usado na adubação.
Capineiras de cana-de-açúcar:
· As variedades recomendadas devem ser adaptadas à região, apresentar boa produtividade de massa verde, bom teor de açúcar, resistência a pragas e doenças, ter o período de utilização mais longo possível, porte ereto e ser de fácil colheita.
· IAC 86-248: maior digestibilidade de fibras e maior resistência a pragas e doenças. 
· Época de corte: pode ser estocada sem nenhum incoveniente. Pode-se cortar a qualquer tempo, desde que esteja madura.
· Altura do corte: em terrenos férteis, cortar rente ao solo, 5cm. Em terrrenos menos férteis, de 10 a 20cm.
· Manutenção: para terrenos menos férteis, recomenda-se adubar com N2.
· De 2 em 2 anos adubar com NPK.
· Pode-se usar adubo orgânico; esterco.

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