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UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 1 CURSO DE MEDICINA - 3ª PERÍODO UNIDADE II SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “OLHOS DE SOGRA” Data da entrega: 07/10/2021 Tutor: Dr. Elisa Lopes Discentes: Ana Paula Jangarelli Dayane Carolini Rodrigues Edson Brunetti da Silva Isadora Martins do Carmo (Relatora) Luis Fernando Golçalves Valdemir Lucas Neves Santos MINEIROS-GO 2021 UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 2 SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “OLHOS DE SOGRA ” Relatório apresentado ao Centro Universitário de Mineiros como requisito parcial para obtenção de nota na disciplina especial de Tutoria do Terceiro Período do Curso de Medicina. Orientado pelo Professora Dr. Elisa Lopes. MINEIROS-GO 2021 UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 3 Sumário 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 4 2. OBJETIVOS GERAL ................................................................................................. 5 2. OBJETIVOS ESPECIFÍCOS ...................................................................................... 5 3. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 6 4. CONCLUSÃO........................................................................................................... 46 5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 47 UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 4 1- INTRODUÇÃO Neste relatório iremos abordar sobre o sentido da visão, para compreender estes mecanismos discutiremos sobre a anatomia do olho, assim como as vias relacionadas a transmissão e formação da imagem no córtex. Além disso, será debatido sobre a fisiopatologia das doenças relacionadas a este sentido e suas consequências biológicas e sociais, dentre elas, a relação da Diabetes Mellitus e Hipertensão no processo de alterações visuais. UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 5 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL: Reconhecer a fisiologia da visão. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 1. Descrever as vias da visão e o mecanismo de formação e interpretação da imagem. 2. Descrever as vias sensoriais a partir da retina que não têm a função da visão. 3. Descrever os vícios de refração e explicar como ocorre a formação e interpretação da imagem nestes casos. 4. Explicar a relação do diabetes e hipertensão com as alterações da visão relatadas no problema (glaucoma, catarata e perda visual). 5. Classificação, etiopatogênese, fisiopatologia da diabetes. 6. Explicar os mecanismos das lesões apresentas no problema. 7. Discutir os aspectos psicossociais da perda visual. 8. Discutir a legislação e os serviços oferecidos aos portadores de perdas visuais. UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 6 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 Objetivo 1: Descrever as vias da visão e o mecanismo de formação e interpretação da imagem. Segundo Silverthorn (2017) o olho é um órgão sensorial que funciona como uma câmera. Ele foca a luz sobre uma superfície sensível à luz (retina) utilizando uma lente e uma abertura (pupila), cujo tamanho pode ser ajustado para modificar a quantidade de luz que entra. A visão é o processo pelo qual a luz refletida pelos objetos em nosso meio externo é traduzida em uma imagem mental. Esse processo pode ser dividido em três etapas: 1. A luz entra no olho e a lente (cristalino) a focaliza na retina. 2. Os fotorreceptores da retina transduzem a energia luminosa em um sinal elétrico. 3. As vias neurais da retina para o cérebro processam os sinais elétricos em imagens visuais. A anatomia externa do olho é mostrada na FIGURA 10.24. Assim como os elementos sensoriais da orelha, o olho é protegido por uma cavidade óssea, a órbita, formada pelos ossos cranianos da face. As estruturas acessórias associadas ao olho incluem seis músculos extrínsecos, que são músculos esqueléticos que se fixam à superfície externa do bulbo do olho (globo ocular) e controlam os movimentos oculares. Os nervos cranianos III, IV e VI inervam esses músculos. As pálpebras superiores e inferiores se encontram na superfície anterior do olho, e o aparelho lacrimal, um sistema de glândulas e ductos, mantém um fluxo contínuo de lágrimas que lavam a superfície exposta, de modo que ela permaneça úmida e livre de partículas. A secreção lacrimal é estimulada por neurônios parassimpáticos do nervo craniano VII (SILVERTHORN, 2017). A pupila é uma abertura através da qual a luz pode entrar para o interior do olho. O tamanho da pupila varia com a contração e o relaxamento de músculos lisos da pupila. A pupila aparece como o ponto negro do interior do círculo de pigmento colorido, denominado íris. Os UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 7 pigmentos e outros componentes da íris determinam a cor do olho (SILVERTHORN, 2017). O olho é uma esfera oca dividida em dois compartimentos (câmaras) separados por uma lente (FIG. 10.25). A lente (cristalino), suspensa por ligamentos, denominados zônulas ciliares, é um disco transparente que focaliza a luz. A câmara anterior na frente da lente é preenchida com o humor aquoso, um líquido com baixa concentração de proteínas, similar ao plasma, que é secretado pelo epitélio ciliar que sustenta a lente. Atrás da lente, está uma câmara muito maior, a câmara postrema (câmara vítrea), preenchida principalmente pelo humor vítreo, uma matriz clara gelatinosa que ajuda a manter a forma do bulbo do olho. A parede externa do bulbo do olho, a esclera, é constituída de tecido conectivo (SILVERTHORN, 2017). UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 8 A luz entra na superfície anterior do olho através da córnea, um disco de tecido transparente que é a continuação da esclera. Após a luz passar pela abertura da pupila, ela chega à lente, que possui duas superfícies curvadas (convexas). Juntas, a córnea e a lente desviam a direção dos raios de luz que entram, para que eles sejam focalizados na retina, o revestimento do olho sensível à luz que possui os fotorreceptores (SILVERTHORN, 2017). Quando olhamos através da pupila com um oftalmoscópio, vemos a retina com pequenas artérias e veias entrecruzadas, que se irradiam a partir de um ponto, o disco óptico (Fig. 10.25b). O disco óptico é o local onde os neurônios da via visual formam o nervo óptico UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINATUTORIA 9 (nervo craniano II) e, então, saem do olho. Lateral ao disco óptico está um pequeno ponto mais escurecido, a fóvea. A fóvea e o tecido a sua volta, a mácula lútea, são as regiões da retina com a visão mais acurada (SILVERTHORN, 2017). As vias neurais dos olhos são mostradas na FIGURA 10.26. Os nervos ópticos vão dos olhos para o quiasma óptico, no encéfalo, onde algumas fibras cruzam para o lado oposto. Após fazer sinapse no corpo geniculado lateral (núcleo geniculado lateral) do tálamo, os neurônios da visão finalizam seu trajeto no córtex visual do lobo occipital. As vias colaterais vão do tálamo para o mesencéfalo, onde fazem sinapse com neurônios eferentes do nervo craniano III, os quais controlam o diâmetro pupilar (SILVERTHORN, 2017). A luz entra no olho através da pupila Na primeira etapa da via visual, a luz proveniente do meio externo entra no olho. UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 10 Contudo, antes de chegar à retina, a luz sofre desvio de duas maneiras. Primeiro, a quantidade de luz que chega aos fotorreceptores é modulada por modificações no diâmetro da pupila. Segundo, a luz é focalizada por meio de alterações na forma da lente (SILVERTHORN, 2017). O olho humano funciona em uma faixa de intensidade de luz de até 100 mil vezes. A maior parte desta capacidade vem da sensibilidade dos fotorreceptores, mas a pupila auxilia, regulando a quantidade de luz que chega à retina. Na luz brilhante do sol, as pupilas reduzem seu diâmetro para cerca de 1,5 mm, devido a estímulo parassimpático, que contrai o músculo esfíncter (circular) da pupila. No escuro, a abertura da pupila dilata até 8 mm, aumentando cerca de 28 vezes o diâmetro pupilar. A dilatação ocorre quando os músculos dilatadores da pupila (radiais), perpendiculares aos músculos circulares, contraem-se sob o comando de neurônios simpáticos (SILVERTHORN, 2017). Testar os reflexos pupilares é parte de um exame neurológico padrão. A luz que chega à retina de um olho ativa o reflexo. Os sinais são levados através do nervo óptico para o tálamo e, então, para o mesencéfalo, onde neurônios eferentes contraem as pupilas de ambos os olhos (Fig. 10.26c). Essa resposta é denominada reflexo consensual e é mediada por fibras parassimpáticas do nervo craniano III (SILVERTHORN, 2017). Além da regulação da quantidade de luz que chega à retina, as pupilas contribuem para o que é conhecido como profundidade de campo. Um exemplo simples é uma fotografia. Imagine uma foto de um filhote de cão sentado em primeiro plano no meio de um campo de flores silvestres. Se somente o filhote e as flores imediatamente em torno dele estão no foco, a foto apresentará uma profundidade de campo pequena. Se o filhote e as flores silvestres e todo o espaço até o horizonte estiverem em foco, a foto apresentará uma profundidade de campo total. (SILVERTHORN, 2017). A profundidade do campo total é criada pela constrição da pupila (ou o diafragma de uma máquina fotográfica), de modo que somente um estreito feixe de luz entra no olho. Desse modo, uma maior profundidade da imagem é focalizada na retina (SILVERTHORN, 2017). A lente foca a luz na retina O campo da física que descreve o comportamento e as propriedades da luz é chamado de óptica. Quando os raios de luz passam do ar para um meio com densidade diferente, como o vidro ou a água, eles sofrem encurvamento, ou seja, refratam. A luz que entra no olho é refratada UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 11 duas vezes: primeiro quando passa pela córnea e, novamente, ao passar através da lente. Cerca de dois terços da refração total (curvatura) ocorrem na córnea, e o terço restante, na lente. Aqui, será considerada somente a refração que acontece quando a luz passa pela lente, pois a lente é capaz de mudar a sua forma para focalizar a luz (SILVERTHORN, 2017). Quando a luz passa de um meio para outro, o ângulo de refração (o quanto o raio de luz será encurvado) é influenciado por dois fatores: (1) a diferença na densidade dos dois meios e (2) o ângulo no qual o raio de luz encontra a superfície do meio em que ele está passando. Para a luz passando através da lente do olho, assumiremos que a lente tem a mesma densidade do ar, de modo que este fator será desconsiderado. O ângulo no qual a luz encontra a superfície da lente depende da curvatura da superfície da lente e da direção do feixe de luz (SILVERTHORN, 2017). Imagine raios de luz paralelos incidindo sobre a superfície de uma lente transparente. Se a superfície da lente é perpendicular aos raios, a luz passa por ela sem nenhuma curvatura. Contudo, se a superfície não é perpendicular, os raios de luz se encurvarão. Os raios de luz paralelos que chegam a uma lente côncava, como a mostrada na FIGURA 10.27a, são refratados em um feixe mais largo. Os raios paralelos que incidem em uma lente convexa se curvam para dentro e são focalizados em um ponto – lentes convexas convergem os raios de luz (Fig. 10.27b). Você pode demonstrar as propriedades de uma lente convexa utilizando uma lente de aumento para focalizar a luz solar em um pedaço de papel ou em outra superfície (SILVERTHORN, 2017). UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 12 Quando raios de luz paralelos passam através de uma lente convexa, o ponto único para onde os raios convergem é denominado ponto focal (Fig. 10.27b). A distância do centro de uma lente até seu ponto focal é conhecida como comprimento focal (ou distância focal) da lente. Para qualquer lente, a distância focal é fixa. Para mudar a distância focal, a forma da lente deve ser alterada. Quando a luz de um objeto passa através da lente do olho, o ponto focal e a imagem do objeto devem incidir precisamente na retina para que o objeto esteja em foco (SILVERTHORN, 2017). Na Figura 10.27c, os raios de luz paralelos incidem na lente, cuja superfície é relativamente plana. Para essa lente, o ponto focal é na retina. O objeto está, portanto, em foco. Para o olho humano normal, qualquer objeto que está a 6 metros ou mais do olho emite raios de luz paralelos, que estarão em foco quando a lente estiver mais plana. O que acontece quando um objeto está a menos de 6 metros da lente? Nesse caso, os raios luminosos do objeto não são paralelos e, por isso, incidem na lente em um ângulo oblíquo, o que muda a distância da lente até a imagem do objeto (Fig. 10.27d). O ponto focal agora está atrás da retina, e a imagem do objeto torna-se imprecisa e fora de foco (SILVERTHORN, 2017). Para manter um objeto próximo no foco, a lente deve tornar-se mais curvada (arredondada) para aumentar o ângulo de refração (Fig. 10.27e). Ao se tornar mais convexa, sua distância focal diminui. Nesse exemplo, a lente mais encurvada faz os raios luminosos convergirem na retina, e não atrás dela, e o objeto torna-se em foco (SILVERTHORN, 2017). UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 13 Como a lente, que é transparente e não possui fibras musculares, pode mudar sua forma? A resposta está no músculo ciliar, um anel de músculo liso que circunda a lente e está ligado a ela por ligamentos inelásticos, chamados de zônulas ciliares (Fig. 10.27f). Se os ligamentos não exercem tensão na lente, ela assume sua forma esférica natural, devido à elasticidade da sua cápsula. Se os ligamentos tensionam a lente, ela se torna mais plana e assume aforma necessária para a visão à distância (SILVERTHORN, 2017). A tensão nos ligamentos é controlada pelo músculo ciliar. Quando o músculo ciliar está relaxado, o anel muscular está mais aberto e a lente é tensionada, assumindo uma forma mais plana (Fig. 10.27g). Quando o músculo circular se contrai, o anel fica menor e libera a tensão nos ligamentos, fazendo a lente ficar encurvada (Fig. 10.27h) (SILVERTHORN, 2017). Pessoas jovens podem focalizar objetos tão próximos quanto 8 cm, porém o reflexo de acomodação diminui a partir dos 10 anos de idade. Aos 40 anos, a acomodação é somente cerca da metade daquela que se tinha aos 10 anos. Aos 60 anos, muitas pessoas perdem completamente o reflexo, pois a lente perde sua flexibilidade e se mantém em sua forma aplanada para visão à distância. A perda da acomodação, presbiopia, é a razão para muitas pessoas começarem a usar óculos para leitura por volta dos 40 anos. Dois outros problemas comuns da visão ocorrem na visão de perto e na visão de longe. O problema na visão de longe, ou miopia, ocorre quando o ponto focal incide à frente da retina (Fig. 10.27j). O problema na visão de perto, ou hiperopia, ocorre quando o ponto focal incide atrás da retina (Fig. 10.27i). Esses problemas de visão são causados por córneas anormalmente curvadas ou aplanadas, ou UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 14 por bulbos dos olhos muito longos ou muito curtos. A colocação de lentes com curvatura apropriada à frente dos olhos altera a refração da luz que entra no olho e corrige o problema. Um terceiro problema frequente de visão, o astigmatismo, geralmente é causado por uma córnea que não possui uma curvatura perfeita, resultando em imagens distorcidas (SILVERTHORN, 2017). A fototransdução ocorre na retina Na segunda etapa da via visual, os fotorreceptores da retina convertem a energia luminosa em sinais elétricos. A energia luminosa é parte do espectro eletromagnético, o qual vai desde ondas com comprimentos de onda muito curtos e de alta energia, como os raios X e os raios gama, até micro-ondas e ondas de rádio de frequências menores e baixa energia (FIG. 10.28). No entanto, nosso encéfalo pode perceber apenas uma pequena porção deste amplo espectro de energia. Para os seres humanos, a luz visível é limitada à energia eletromagnética de ondas que têm uma frequência de 4,0 a 7,5 1014 ciclos por segundo (hertz, Hz) e comprimento de onda de 400 a 750 nanômetros (nm). A energia eletromagnética é mensurada em unidades chamadas de fótons. Nossos olhos podem ver a luz visível sem ajuda, mas não respondem à luz ultravioleta e à infravermelha, cujos comprimentos de onda delimitam as UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 15 extremidades do nosso espectro de luz visível. Por outro lado, os olhos de alguns outros animais podem ver esses comprimentos de onda. Por exemplo, as abelhas usam “pistas” ultravioletas para guiá-las até o pólen e o néctar das flores. (SILVERTHORN, 2017). A fototransdução é o processo pelo qual os animais convertem a energia luminosa em sinais elétricos. Nos seres humanos, a fototransdução ocorre quando a luz incide na retina, o órgão sensorial do olho (FIG. 10.29). A retina se desenvolve a partir do mesmo tecido embrionário que o encéfalo, e (como no córtex cerebral) os neurônios da retina estão organizados em camadas. Há cinco tipos de neurônios nas camadas da retina: fotorreceptores, células bipolares, células ganglionares, células amácrinas e células horizontais (Fig. 10.29f ) (SILVERTHORN, 2017). Atrás da porção fotossensível da retina humana há uma camada escura de epitélio pigmentado (estrato pigmentoso). Sua função é absorver qualquer raio de luz que não chegue aos fotorreceptores, evitando que essa luz seja refletida no interior do olho e provoque distorção na imagem. A cor escura das células epiteliais é devida aos grânulos do pigmento melanina (SILVERTHORN, 2017). Os fotorreceptores são os neurônios que convertem a energia luminosa em sinais elétricos. Há dois tipos principais de fotorreceptores, cones e bastonetes, bem como um fotorreceptor descoberto recentemente, que é uma célula ganglionar modificada (ver Conceitos emergentes: melanopsina). Você poderia esperar que os fotorreceptores estivessem na UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 16 superfície da retina voltada para a câmara vítrea, onde a luz chegará primeiro, contudo, as camadas da retina na verdade estão em ordem inversa. Os fotorreceptores estão na última camada, com suas extremidades fotossensíveis em contato com o epitélio pigmentado. A maior parte da luz que entra no olho deve passar através das várias camadas relativamente transparentes de neurônios antes de chegarem aos fotorreceptores (SILVERTHORN, 2017). Uma exceção a este padrão organizacional ocorre na pequena região da retina conhecida como fóvea. Essa área é livre de neurônios e vasos sanguíneos que poderiam interferir na recepção da luz, de modo que os fotorreceptores recebem a luz diretamente, com o mínimo de distorção (Fig. 10.29d). Como mencionado anteriormente, a fóvea central e a mácula lútea circundante são as áreas de maior acuidade visual, e constituem o centro do campo visual (SILVERTHORN, 2017). Quando você olha para um objeto, a lente focaliza a imagem do objeto na fóvea. Por exemplo, na Figura 10.29b, o olho é focalizado no limite verde-amarelo da barra colorida. A luz dessa porção do campo visual incide na fóvea e o foco é nítido. Observe também que a imagem na retina é invertida. O processamento visual subsequente pelo encéfalo inverte a imagem de novo, de modo que a percebemos na orientação correta. A informação sensorial sobre a luz passa dos fotorreceptores para os neurônios bipolares, e, então, para a camada de células ganglionares (Fig. 10.29e). Os axônios das células ganglionares formam o nervo óptico, o qual deixa o olho no disco do nervo óptico. Como o disco do nervo óptico não tem fotorreceptores, as imagens projetadas nessa região não podem ser vistas, gerando o que é conhecido como ponto cego do olho (SILVERTHORN, 2017). UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 17 Os fotorreceptores transduzem a luz em sinais elétricos Existem dois tipos principais de fotorreceptores no olho: bastonetes e cones. Os bastonetes funcionam na presença de pouca luz e são responsáveis pela visão noturna, em que os objetos são vistos em preto e branco, em vez de em cores. Os bastonetes são mais numerosos que os cones, em uma proporção de 20:1, exceto na fóvea central, onde se encontra apenas cones (SILVERTHORN, 2017). Os cones são os responsáveis pela visão de alta acuidade e pela visão colorida durante o dia, quando a quantidade de luz é alta. Acuidade significa “apurada” e deriva do latim, acuere, que significa “aguçar”. A fóvea, que é a região de maior acuidade visual, possui alta densidade UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 18 de cones (SILVERTHORN, 2017). Os dois tipos de fotorreceptores possuem a mesma estrutura básica (FIG. 10.30): 1. um segmento externo, cuja extremidade está em contato com o epitélio pigmentado da retina, 2. um segmento interno, onde se encontra o núcleo da célula e as organelas responsáveispela formação de ATP e pela síntese proteica, e 3. um segmento basal, com um terminal sináptico que libera glutamato para as células bipolares (SILVERTHORN, 2017). No segmento externo, a membrana celular tem dobras profundas, as quais formam camadas semelhantes a discos. Nos bastonetes, próximo à extremidade dos segmentos externos, essas camadas estão realmente separadas da membrana celular e formam discos de membrana livres. Nos cones, os discos permanecem fixos (SILVERTHORN, 2017). Os pigmentos visuais sensíveis à luz estão nas membranas celulares dos discos dos segmentos externos dos fotorreceptores. Esses pigmentos visuais são transdutores que convertem a energia luminosa em uma mudança no potencial de membrana. Os bastonetes possuem um tipo de pigmento visual, a rodopsina. Os cones possuem três diferentes pigmentos, os quais são intimamente relacionados à rodopsina (SILVERTHORN, 2017). UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 19 Os pigmentos visuais dos cones são excitados por diferentes comprimentos de onda da luz, o que nos permite a visão colorida. A luz branca é uma combinação de cores, como você pode observar quando separa a luz branca passando-a através de um prisma. O olho contém cones para as luzes vermelha, verde e azul. Cada tipo de cone é estimulado por uma faixa de comprimentos de onda, porém, é mais sensível a um comprimento de onda específico (FIG. 10.31). O vermelho, o verde e o azul são as três cores primárias que formam as cores da luz visível, assim como o vermelho, o azul e o amarelo são as três cores primárias que formam as diferentes cores das tintas (SILVERTHORN, 2017). A cor de qualquer objeto que você esteja olhando depende do comprimento de onda da luz refletida pelo objeto. As folhas verdes refletem a luz verde, e bananas refletem a luz amarela. Os objetos brancos refletem a maior parte dos comprimentos de onda. Os objetos pretos absorvem a maior parte dos comprimentos de onda, razão pela qual esquentam mais quando expostos à luz do sol, ao passo que objetos brancos permanecem frios (SILVERTHORN, 2017). Nosso cérebro reconhece a cor de um objeto interpretando a combinação de sinais provenientes dos três diferentes tipos de cones. Os detalhes da visão colorida ainda não estão completamente compreendidos, e existem algumas controvérsias sobre como a cor é processada no córtex cerebral. O daltonismo é uma condição na qual uma pessoa herda um defeito em um ou mais dos três tipos de cones e tem dificuldade em distinguir determinadas cores. Provavelmente a forma mais bem conhecida de daltonismo seja a vermelho-verde, na qual a UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 20 pessoa tem dificuldade de distinguir o vermelho do verde (SILVERTHORN, 2017). Fototransdução O processo de fototransdução é similar para a rodopsina (nos bastonetes) e para os três pigmentos coloridos (nos cones). A rodopsina é composta por duas moléculas: a opsina, uma proteína inserida na membrana dos discos do bastonete, e o retinal, uma molécula derivada da vitamina A, que é a porção do pigmento que absorve luz (ver Fig. 10.30). Na ausência de luz, o retinal está ligado ao sítio de ligação na opsina (FIG. 10.32). Quando ativado, mesmo que por apenas um único fóton de luz, o retinal muda sua conformação para uma nova configuração. O retinal ativado não mais se liga à opsina e, então, é liberado do pigmento em um processo denominado descoramento (SILVERTHORN, 2017). Como o descoramento da rodopsina gera potenciais de ação que seguem pela via óptica? Para entendermos esse mecanismo, devemos conhecer outras propriedades dos bastonetes. Os sinais elétricos nas células ocorrem como resultado do movimento de íons entre os compartimentos intracelular e extracelular. Os bastonetes possuem três tipos principais de canais catiônicos: canais dependentes de nucleotídeo cíclico (CNG), que permitem que Na+ e Ca2+ entrem no bastonete; canais de K+, que permitem que o K+ saia do bastonete; e canais de Ca2+ dependentes de voltagem no terminal sináptico, que participam na regulação da exocitose do neurotransmissor (SILVERTHORN, 2017). Quando um bastonete está no escuro e a rodopsina não está ativa, a concentração de GMP cíclico (GMPc) no bastonete é alta e ambos os canais CNG e de K+ estão abertos (Fig. 10.32 O influxo de íons sódio e de Ca2+ é maior do que o efluxo de K+, de modo que o bastonete permanece despolarizado com uma média de potencial de membrana de – 40 mV (em vez do mais frequente − 70 mV). Neste potencial de membrana levemente despolarizado, os canais de Ca2+ dependentes de voltagem estão abertos e há liberação tônica (contínua) do neurotransmissor glutamato da porção sináptica do bastonete para a célula bipolar vizinha (SILVERTHORN, 2017). Quando a luz ativa a rodopsina, uma cascata de segundo mensageiro é iniciada a partir da proteína G transducina (Fig. 10.32 (A transducina é relacionada à gustducina, a proteína G encontrada nas células receptoras gustatórias do tipo II.) A cascata de segundo mensageiro UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 21 da transducina diminui a concentração de GMPc, o que fecha os canais CNG. Consequentemente, o influxo de cátions diminui ou cessa (SILVERTHORN, 2017). Com o menor influxo de cátions e o efluxo sustentado de K+, o interior do bastonete se hiperpolariza, e a liberação de glutamato para os neurônios bipolares diminui. A luz intensa fecha todos os canais CNG e bloqueia a liberação de neurotransmissor. A luz fraca provoca uma resposta graduada proporcional à intensidade da luz (SILVERTHORN, 2017). Após a ativação, o retinal difunde-se para fora do bastonete e é transportado para o epitélio pigmentado. Neste local, ele é convertido a sua forma inativa antes de voltar para o bastonete e se recombinar à opsina (Fig. 10.32 A recuperação da rodopsina do descoramento pode levar algum tempo, sendo o principal motivo da adaptação lenta dos olhos quando saímos de um ambiente com luz intensa para o escuro (SILVERTHORN, 2017). O processamento do sinal começa na retina Agora, passaremos do mecanismo celular da transdução da luz para o processamento dos sinais luminosos pela retina e pelo cérebro, a terceira e última etapa da nossa via visual. O processamento do sinal na retina é um excelente exemplo de convergência, na qual vários neurônios fazem sinapse com uma única célula pós-sináptica (FIG. 10.33a). Dependendo da UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 22 localização na retina, até 15 a 45 fotorreceptores podem convergir para um neurônio bipolar. Vários neurônios bipolares, por sua vez, inervam uma única célula ganglionar, de modo que a informação de centenas de milhões de fotorreceptores da retina é condensada em apenas um milhão de axônios que deixam o olho em cada nervo óptico (SILVERTHORN, 2017). A convergência é mínima na fóvea, onde alguns fotorreceptores têm uma relação 1:1 com os neurônios bipolares, e máxima nas porções externas da retina. O processamento do sinal na retina é modulado por sinais provenientes de dois conjuntos de células ainda não abordados aqui (Fig. 10.29f). As células horizontais fazem sinapse com os fotorreceptores e com as células bipolares. As células amácrinas modulam a informação que flui entre as células bipolares e as células ganglionares (SILVERTHORN, 2017).UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 23 Células bipolares O glutamato liberado de fotorreceptores para os neurônios bipolares inicia o processamento do sinal. Há dois tipos de células bipolares, luz-ligada (células bipolares ON) e luz-desligada (células bipolares OFF). As células bipolares ON são ativadas na luz quando a secreção de glutamato pelos fotorreceptores diminui. No escuro, as células bipolares ON estão inibidas pela liberação de glutamato. As células bipolares OFF são excitadas pela liberação de glutamato no escuro. Na luz, com menos glutamato, as células bipolares OFF são inibidas. Por usar dois receptores diferentes para o glutamato, um estímulo (luz) gera duas respostas diferentes com um único neurotransmissor (SILVERTHORN, 2017). Se o glutamato é excitatório ou inibitório depende do tipo de receptor de glutamato presente no neurônio bipolar. As células bipolares ON possuem receptor de glutamato do tipo metabotrópico , denominado mGluR6, que hiperpolariza a célula quando o glutamato se liga ao receptor no escuro. Quando o mGluR6 não está ativado, a célula bipolar ON despolariza. As células bipolares OFF possuem receptor de glutamato do tipo ionotrópico, que abre canais iônicos e despolariza a célula bipolar OFF no escuro. O processamento do sinal na célula bipolar também é modificado por aferências das células horizontais e das células amácrinas (SILVERTHORN, 2017). UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 24 Células ganglionares As células bipolares fazem sinapse com as células ganglionares, os próximos neurônios na via. Sabemos mais sobre as células ganglionares devido à sua disposição na superfície da retina, onde seus axônios estão mais acessíveis a estudos. Muitos estudos foram realizados para avaliar a resposta das células ganglionares à estimulação da retina com luz cuidadosamente localizada (SILVERTHORN, 2017). Cada célula ganglionar recebe informação de uma área particular da retina. Essas áreas, denominadas campos visuais, são similares aos campos receptivos do sistema somatossensorial (p. 293). O campo visual de uma célula ganglionar próxima à fóvea é muito pequeno. Somente alguns fotorreceptores estão associados a cada célula ganglionar, e, assim, a acuidade visual é maior nessas áreas. Na periferia da retina, muitos fotorreceptores convergem para uma única célula ganglionar, e a visão não é tão acurada (Fig. 10.33a) (SILVERTHORN, 2017). Uma analogia deste arranjo são os pixels da tela do seu computador. Considere que duas telas possuem o mesmo número de “fotorreceptores”, como indicado pela resolução máxima da tela de 1280 1024 pixels. Se a tela A tem um fotorreceptor tornando-se um pixel de “célula ganglionar”, a resolução real da tela é de 1280 1024, e a imagem é nítida. Se oito fotorreceptores na tela B convergem sobre um pixel de célula ganglionar, então a resolução da tela cai para 160 128, o que resulta em uma imagem pouco nítida e talvez indistinguível (SILVERTHORN, 2017). Os campos visuais das células ganglionares são aproximadamente circulares (diferentemente da forma irregular dos campos receptivos somatossensoriais) e estão divididos em duas porções: um centro circular e uma periferia em forma de “rosquinha” (Fig. 10.33b). Essa organização permite que cada célula ganglionar use o contraste entre o centro e a sua periferia para interpretar a informação visual. Um contraste forte entre o centro e a periferia produz uma resposta excitatória intensa (uma série de potenciais de ação) ou uma resposta inibidora intensa (sem potenciais de ação) na célula ganglionar. Um contraste fraco entre o centro e a periferia gera uma resposta intermediária (SILVERTHORN, 2017). Existem dois tipos de campo visual na célula ganglionar. No campo centro on/periferia off, a célula ganglionar responde de forma mais intensa quando a luz incide no centro do campo UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 25 (Fig. 10.33c). Se a luz incidir na região periférica off do campo, a célula ganglionar centro on/periferia off é fortemente inibida e para de disparar potenciais de ação. O inverso ocorre com campos centro off/periferia on (SILVERTHORN, 2017). O que acontece se a luz é uniforme no campo visual? Nesse caso, a célula ganglionar responde fracamente. Assim, a retina utiliza o contraste, e não a intensidade absoluta de luz, para reconhecer objetos do ambiente. A vantagem de usar o contraste é a melhor detecção de estímulos fracos (SILVERTHORN, 2017). Os cientistas identificaram vários tipos de células ganglionares na retina de primatas. Os dois tipos predominantes, que correspondem a 80% das células ganglionares da retina, são as células M e as células P. As células ganglionares magnocelulares, ou células M, são grandes e respondem à informação de movimento (SILVERTHORN, 2017). As células ganglionares parvocelulares menores, ou células P, são responsivas a sinais relativos à forma e a detalhes finos, como a textura de objetos que estão no campo visual. Recentemente, foi descoberto um subtipo de célula ganglionar, a célula ganglionar da retina que contém melanopsina, que aparentemente também atua como um fotorreceptor que transmite informação acerca de ciclos de luz para o núcleo supraquiasmático, o qual controla ritmos circadianos (SILVERTHORN, 2017). 3.2 Objetivo 2: Descrever as vias sensoriais a partir da retina que não têm a função da visão. Processamento além da retina Assim que os potenciais de ação emergem do corpo das células ganglionares, eles percorrem os nervos ópticos até o SNC, onde são processados. Como mencionado anteriormente, o nervo óptico penetra no encéfalo no quiasma óptico. Neste ponto, algumas fibras nervosas provenientes de cada olho cruzam para o outro lado para serem processadas no encéfalo. A FIGURA 10.34 mostra como a informação proveniente do lado direito do campo visual de cada olho é processada no lado esquerdo do cérebro, e a informação do lado esquerdo do campo é processada no lado direito do cérebro (SILVERTHORN, 2017). A porção central do campo visual, onde os lados esquerdo e direito do campo visual de UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 26 cada olho se sobrepõem, é a zona binocular. Os dois olhos têm visões ligeiramente diferentes dos objetos nessa região, e o cérebro processa e integra estas duas visões para criar representações tridimensionais dos objetos. Nossa percepção de profundidade – isto é, se um objeto está na frente ou atrás de outro – depende da visão binocular. Os objetos situados no campo visual de apenas um olho estão na zona monocular e são vistos em duas dimensões (SILVERTHORN, 2017). Assim que os axônios deixam o quiasma óptico, algumas fibras projetam-se para o mesencéfalo, onde elas participam do controle do movimento dos olhos ou, juntamente com informações somatossensoriais e auditivas, da coordenação do equilíbrio e do movimento (ver Fig. 10.26). Contudo, a maioria dos axônios se projeta para o corpo geniculado lateral do tálamo, onde as fibras visuais fazem sinapses com neurônios que vão para o córtex visual no lobo occipital (SILVERTHORN, 2017). O corpo (núcleo) geniculado lateral é organizado em camadas que correspondem às diferentes partes do campo visual, de modo que a informação de objetos adjacentes é processada junto. Esta organização topográfica é mantida no córtex visual, com as seis camadas de neurônios agrupadasem colunas verticais. Dentro de cada porção do campo visual, a informação é classificada adicionalmente por cor, forma e movimento (SILVERTHORN, 2017). As informações monoculares dos dois olhos se juntam no córtex para nos dar uma visão binocular do meio que nos cerca. As informações das combinações de células ganglionares on/off são traduzidas em sensibilidade à orientação de barras nas vias mais simples, ou em cor, movimento e estrutura detalhada nas vias mais complexas. Cada um desses atributos do estímulo visual é processado em uma via separada, criando uma rede cuja complexidade se está apenas começando a esclarecer (SILVERTHORN, 2017). 3.3 Objetivo 3: Descrever os vícios de refração e explicar como ocorre a formação e interpretação da imagem nestes casos. Vícios de refração Os vícios de refração (miopia, astigmatismo, hipermetropia), são alterações oculares UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 27 que deformam a imagem capitada pela retina, causando embaçamento da visão, vermelhidão nos olhos, lacrimejamento, dor de cabeça após esforço visual prolongado, dor periocular e fotofobia (aversão à luz). (NETO, 2020) Classificações: (DJALMA, 2021) Emetropia: - O olho é considerado emétrope quando, sem interferência da acomodação, recebe na fóvea imagens nítidas de objetos situados no infinito. - É o paciente que não tem problema nenhum de visão, olho funcionando de maneira perfeita! Ametropia: - Condição em que o olho, sem interferência da acomodação, não recebe na fóvea imagens nítidas de objetos situados no infinito. Ou seja, a imagem está antes ou depois da fóvea, não estando localizada na região correta da retina; - Pode ser de 3 tipos: miopia, hipermetropia e astigmatismo. 1) Miopia: condição em que objetos situados no infinito têm suas imagens formadas anteriormente à retina. Pode ocorrer por duas razões: - Diâmetro antero-posterior do olho grande (é a causa mais comum, a imagem se forma antes de atingir a retina); - Excessivo poder de refração do olho. Para que a imagem caia no local certo da retina, é preciso utilizar lentes negativas. A principal queixa é a dificuldade de ver objetos distantes. UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 28 (DJALMA, 2021) 2) Hipermetropia: condição em que, sem interferência da acomodação, objetos posicionados no infinito têm suas imagens formadas posteriormente à retina. Pode ocorrer por: - Diâmetro antero-posterior do olho pequeno (imagem é formada atrás da retina); - Poder de refração do olho reduzido. Para correção desse problema, devem ser usadas lentes positivas. A principal queixa é a dificuldade de ver objetos próximos com nitidez e desconforto visual. (DJALMA, 2021) UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 29 3) Astigmatismo: o olho tem um tamanho normal, o que está alterado é a córnea, que não tem formato usual, formando vários pontos de imagem (dificuldade de enxergar tanto de longe quanto de perto). As principais queixas são: - Astenopia (cansaço visual); - Borramento visual (para longe e para perto); - Cefaléia; - Lacrimejamento. (DJALMA, 2021) Na imagem acima o olho com astigmatismo, os dois meridianos principais da córnea e/ou do cristalino têm curvaturas diferentes, não permitindo a formação de imagem nítida sobre a fóvea, resultando na percepção de imagens distorcidas. (DJALMA, 2021) UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 30 Na imagem acima conseguimos perceber a diferença entre os vícios de refração. (DJALMA, 2021) Todos os vícios de refração podem ser corrigidos pela cirurgia refrativa que elimina a necessidade de usar óculos ou lente de contato com grau em 93% dos casos. O recomendado é que seja feito antes dos 40 anos. (NETO, 2020) (NETO, 2020) 3.3 Objetivo 4: Explicar a relação do diabetes e hipertensão com as alterações da visão relatadas no problema (glaucoma, catarata e perda visual). O comprometimento ocular do diabetes, algumas vezes a cegueira total, é uma das consequências mais temidas do diabetes de longa duração. O envolvimento ocular pode tomar a forma de retinopatia, formação de cataratas ou glaucoma. A retinopatia: O padrão mais comum, consiste em uma constelação de alterações que, em conjunto, são consideradas por muitos oftalmologistas como virtualmente diagnósticas da doença. A lesão da retina assume duas formas: retinopatia não proliferativa (de fundo) e retinopatia proliferativa. A retinopatia não proliferativa inclui hemorragias intrarretinianas ou pré-retinais, exsudatos retinais, microaneurismas, dilatações venosas, edema e, mais importante, o UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 31 espessamento dos capilares retinianos (microangiopatia). Os exsudatos retinianos podem ser “moles” (microinfartos) ou “duros”. Os microaneurismas são dilatações saculares distintas dos capilares coroides da retina que surgem através do oftalmoscópio como pequenos pontos vermelhos. As dilatações tendem a ocorrer em pontos focais de enfraquecimento, resultando da perda de pericitos. O edema retiniano presumivelmente resulta de permeabilidade capilar excessiva. Subjacente a todas essas alterações está a microangiopatia, que se acredita leve à perda de pericitos capilares e, consequentemente, ao enfraquecimento focal da estrutura capilar. A denominada retinopatia proliferativa é um processo de neovascularização e fibrose. Essa lesão leva a consequências graves, incluindo cegueira, especialmente se envolver a mácula. As hemorragias vítreas podem resultar da ruptura de capilares recém-formados: a organização subsequente da hemorragia pode puxar a retina para fora do seu substrato que nada mais é que o descolamento de retina (ROBINS & COTRAN, 2010). Glaucoma: Glaucoma é o estado patológico caracterizado pela perda das camadas de células ganglionares e de fibras nervosas da retina e do nervo óptico que levam a escavação progressiva do disco óptico e alterações do campo visual, associadas, em geral, a elevação da pressão intraocular (em geral em níveis acima de 20 mmHg). Alguns pacientes, no entanto, podem desenvolver alterações clássicas de glaucoma sem aumento da pressão (glaucoma de baixa tensão ou glaucoma de pressão normal). Elevação da pressão intraocular no glaucoma está associada geralmente a distúrbios na drenagem do humor aquoso, que é produzido pelo epitélio não pigmentado dos processos ciliares e secretado na câmara posterior do olho; flui entre o cristalino e a íris e, após atravessar a pupila, atinge o ângulo da câmara anterior (seio camerular). Ali, após permear a malha trabecular (trabeculado), o humor aquoso alcança o canal de Schlemm e deixa o olho via canais coletores e plexos venosos intra e episclerais, localizados ao longo do limbo (BOGLIOLO, 2013). A neovascularização retiniana pode acompanhar-se também do desenvolvimento de membrana neovascular na superfície da íris (rubeosis iridis), presumivelmente em consequência de níveis elevados de VEGF no humor aquoso. A contração dessa membrana promove a formação de aderências entre a íris e a rede trabecular (sinéquias anteriores), favorecendo o UNIFIMES - CENTROUNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 32 desenvolvimento de uma modalidade de glaucoma de ângulo fechado – glaucoma neovascular. Essa complicação não é comum, mas o risco aumenta consideravelmente após a extração de catarata, visto que, neste caso, o crescimento de neovasos costuma progredir rapidamente, interferindo no ângulo da íris e dificultando a drenagem do humor aquoso. Os neovasos da íris, habitualmente friáveis, sangram com facilidade, propiciando o surgimento de hemorragia na câmara anterior (hifema). (BOGLIOLO, 2013). Catarata: Opacificação do cristalino, independentemente da causa, recebe o nome de catarata. Quando presente ao nascimento, pode estar associada a fatores genéticos (podendo coexistir com outras anomalias viscerais), doenças metabólicas, infecções intrauterinas (rubéola, toxoplasmose, citomegalovirose) ou ser idiopática. Após o nascimento, catarata pode resultar de traumatismo ocular (cirúrgico ou acidental), representar complicação de processos inflamatórios intraoculares (uveítes), doenças sistêmicas (diabetes melito) ou seguir-se ao uso de medicamentos (catarata cortisônica); associa-se também a estados de intoxicação química (intoxicação por compostos que contenham dinitrofenol), exposição a radiação ionizante, descarga elétrica (eletroplessão) ou, simplesmente, fazer parte do envelhecimento (catarata senil). Microscopicamente, as alterações são inespecíficas, independentemente da causa, e em geral percebidas por microscopia de luz somente nas fases mais avançadas do processo, quando são nítidas fragmentação e desintegração teciduais (BOGLIOLO , 2013). Retinopatia hipertensiva Retinopatia hipertensiva é encontrada caracteristicamente em pacientes com hipertensão arterial crônica, sobretudo maligna ou acelerada, eclâmpsia, poliarterite nodosa e lúpus eritematoso sistêmico, em que se encontra redução progressiva da luz de arteríolas secundária a vasoespasmo e/ou a hialinização da parede vascular (arterioloesclerose). Tais alterações modificam o padrão da circulação sanguínea ao exame de fundo de olho, produzindo, inicialmente, vasos em fios de cobre e, nos casos mais avançados de hialinização da parede, vasos em fios de prata. As arteríolas espessadas podem comprimir as veias nos pontos de UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 33 cruzamento dos dois vasos (entalhamento arteriovenoso). Além disso, são frequentes áreas de microinfartos envolvendo principalmente a camada de fibras nervosas da retina, com formação de corpos citoides (fibras degeneradas), estruturas vistas ao exame fundoscópico como manchas algodonosas. Podem surgir ainda hemorragias nas camadas retinianas superficiais, associadas ou não a áreas de edema intersticial, com deposição de exsudatos lipídicos (exsudatos duros). (BOGLIOLO , 2013). 3.4 Objetivo 5: Classificação, etiopatogênese, fisiopatologia da diabetes. Conceito: um grupo de distúrbios metabólicos compartilhando uma característica comum que é a hiperglicemia, que vem dos defeitos na secreção e ação da insulina (SBD, 2021). Classificação: apesar de todas as formas compartilharem a hiperglicemia de característica comum, as causas variam, mas a maioria dos casos está incluso em dois tipos amplos que são: • Diabetes tipo 1: total deficiência de secreção da insulina, tem como causa a destruição das células beta do pâncreas por um ataque de células autoimunes. • Diabetes tipo 2: tem-se uma resistência periférica à ação da insulina e também uma resposta compensatória inadequada dessa secreção pelas células beta pancreáticas gerando uma deficiência parcial da insulina (KUMAR, 2010). Fisiopatologia: O tipo 1 é caracterizado como uma doença autoimune em que as causas imunes efetoras destroem as ilhotas ao reagir contra as células beta. Esse tipo de diabetes geralmente se tem na infância e as manifestações na puberdade, progredindo com a idade. A maior parte dos pacientes com diabetes do tipo 1 depende de insulina exógena para a sua sobrevivência; sem a insulina, eles desenvolvem graves complicações, como a cetoacidose e o coma (GUYTON, 2011). O início clínico do diabetes do tipo 1 é tido como abrupto, mas o ataque autoimune contra células beta geralmente começa muitos anos antes que a doença fique evidente. As manifestações características da doença (SBD, 2021). -Hiperglicemia e cetose: ocorrem depois no seu curso, quando mais de 90% das células beta estiverem destruídas. UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 34 A anormalidade do sistema imune no diabetes do tipo 1 é a perda do auto tolerância que ocorre nas células T. A perda do auto tolerância pode vir da deleção clonal errônea de células T autorreativas, no timo, e também de defeitos na função de células T regulatórias, ou da resistência das células T efetoras à supressão por células regulatórias. Assim, as células T autorreativas sobrevivem e podem responder aos autoanticorpos. Em raras análises precoces das lesões pancreáticas, as ilhotas apresentam necrose das células beta e infiltração linfocítica (insulite) (SBD, 2021). No diabetes tipo 1 tem-se associação de fatores ambientais com os genéticos e no caso dos fatores genéticos, estudos identificaram mais de 20 locus de suscetibilidade onde o principal locus para o diabetes do tipo 1 se localiza na região do cromossomo que codifica as moléculas MHC classe II no 6p21 (HLA-D) (SBD, 2021). O diabetes do tipo 2 é uma doença multifatorial onde fatores ambientais, como estilo de vida sedentário e os hábitos alimentares, tem uma relação, fatores genéticos também estão envolvidos, como já foi evidenciado por uma taxa de concordância patológica de 35-60% em gêmeos monozigóticos em comparação com quase a metade disso entre gêmeos dizigóticos. Outras evidências para uma base genética vieram de estudos em larga escala de associação genômica, que identificaram mais de 12 loci de suscetibilidade que são chamados genes “diabetogênicos”. No entanto, ao contrário do diabetes do tipo 1, a doença não está vinculada aos genes envolvidos na tolerância e regulação imune. O diabetes do tipo 2 tem dois defeitos metabólicos que são: 1) a diminuição da capacidade de os tecidos periféricos responderem à insulina, que é a chamada resistência insulínica; 2) a disfunção nas células beta, manifestando-se como uma secreção inadequada de insulina em frente a resistência insulínica e hiperglicemia. A resistência insulínica antecede a hiperglicemia, e normalmente vem acompanhada por função exacerbada compensatória pelas células beta e hiperinsulinemia nos estágios iniciais da evolução do diabetes (SBD, 2021). Durante a gravidez ocorrem adaptações na produção hormonal materna para permitir o desenvolvimento do bebê, a placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas materno, UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 35 consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro de resistência à sua ação. Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intra-uterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemianeonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta (SBD, 2021). 3.6 Objetivo 6: Explicar os mecanismos das lesões apresentas no problema. Glaucoma: Doença ocular, ocorrendo em várias formas, tendo como principais características um aumento prolongado ou instável da pressão intraocular, na qual o olho não pode permanecer sem danos à sua estrutura ou prejuízo de suas funções. Na maioria dos casos, a pressão faz com que o sistema de drenagem do humor aquoso se torne mais lento, causando o acúmulo na câmara anterior. Isso comprime os vasos sanguíneos que transportam sangue para a retina e o nervo óptico e pode causar a perda gradual da visão. Há vários tratamentos para o glaucoma – de medicamentos à cirurgia (MENDES, 2020). As consequências da pressão elevada podem se manifestar com uma variedade de sintomas, dependendo do tipo e severidade, como escavação do disco óptico, endurecimento do globo ocular, anestesia corneana, acuidade visual reduzida, visão de halos coloridos ao redor da luz, adaptação ao escuro prejudicada, defeitos do campo visual e cefaleias. Catarata: Opacidade, parcial ou completa, do cristalino ou cápsula de um ou ambos os olhos que compromete a visão ou causa cegueira, os muitos tipos de catarata são classificados pela sua morfologia (tamanho, forma, localização) ou etiologia (causa e época de ocorrência). Quando a opacidade atrapalha muito a visão, geralmente é realizada uma cirurgia que remove as lentes e implanta novas estruturas (MENDES, 2020). Retinopatia diabética: é um termo genérico que designa todas os problemas de retina causados pelo diabetes. Há dois tipos mais comuns – o não-proliferativo e o proliferativo (MENDES, 2020). O tipo não-proliferativo é o mais comum. Os capilares (pequenos vasos sanguíneos) na parte de trás do olho incham e formam bolsas. Há três estágios - leve, moderado e grave – na medida em que mais vasos sanguíneos ficam bloqueados. Em alguns casos, as paredes dos UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 36 capilares podem perder o controle sobre a passagem de substâncias entre o sangue e a retina; e o fluido pode vazar dentro da mácula. Isso é o que chamamos de edema macular – a visão embaça e pode ser totalmente perdida. Geralmente, a retinopatia não-proliferativa não exige tratamento específico, mas o edema macular sim. Frequentemente o tratamento permite a recuperação da visão (MENDES, 2020). Depois de alguns anos, a retinopatia pode progredir para um tipo mais sério, o proliferativo. Os vasos sanguíneos ficam totalmente obstruídos e não levam mais oxigênio à retina. Parte dela pode até morrer, e novos vasos começam a crescer, para tentar resolver o problema. Esses novos vasinhos são frágeis e podem vazar, causando hemorragia vítrea. Os novos capilares podem causar também uma espécie de cicatriz, distorcendo a retina e provocando seu descolamento, ou ainda, glaucoma. Grandes avanços têm sido feitos no tratamento da retinopatia diabética, como as técnicas de fotocoagulação, o laser e a vitrectomia. Quanto mais cedo a doença for descoberta, mais provável que haja sucesso na terapia utilizada. E os melhores resultados serão alcançados quando a visão ainda está normal. Os fatores de risco da retinopatia são o controle da glicose no sangue, o controle da pressão, o tempo de convivência com o diabetes e a influência genética. A retinopatia não-proliferativa é muito comum, principalmente entre as pessoas com diabetes Tipo 1, mas pode afetar aqueles com Tipo 2 também (MENDES, 2020). Embora os sintomas costumem aparecer apenas em estágios avançados, fique atento se notar: -Visão embaçada; -Flashes de luz no campo de visão; -Perda repentina de visão; Manchas na visão. Perda de visão: Algumas doenças oculares podem provocar uma perda de visão repentina. Por isso, devemos estar atentos a todos os sintomas que aparecem em nossos olhos. Às vezes, é possível detectar a causa precocemente evitando sequelas graves (MENDES, 2020). Descolamento de retina: pode ser exsudativo secundário a doenças inflamatórias; tradicional comum em pessoas com diabetes e regmatogênico devido ruptura na retina. Oclusão de artéria e veia central da retina: a perda de visão ocorre de forma UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 37 repentina, indolor e é grave ocorrendo morte de células da retina por não ter suprimento sanguíneo. No caso da veia central ocorrem hemorragias na retina, mas tem as mesmas características na perda de visão. Pode estar associado ao aumento da pressão e glaucoma. Degeneração macular: se apresenta nas formas seca e úmida: a forma úmida pode evoluir com perda repentina da visão. Nesse tipo, ocorre um extravasamento de corante para a região macular (porção central da retina) do paciente. A queixa mais comum nessa doença é o aparecimento de uma mancha escura na visão central. Diabetes: por retinopatia diabética Hipertensão: O aumento súbito da pressão arterial pode causar os derrames da retina; contudo, casos onde há o aumento da pressão arterial para níveis muito elevados (acima de 200 mmHg de pressão sistólica) pode causar lesão do nervo óptico, chamado de neuropatia óptica hipertensiva, onde há lesão prejuízo na condução das imagens do olho até o cérebro (MENDES, 2020). 3.7 Objetivo 7: Discutir os aspectos psicossociais da perda visual. Há muitos anos atrás na sociedade grega e nos tempos bíblicos a cegueira era considerada como uma punição divina, só podendo ser revestida se Deus perdoasse. Na época, esses cegos eram considerados pessoas que viviam com dificuldades e pobreza. Hoje, na sociedade contemporânea, indivíduos cegos são evitados, ignorados ou protegidos. Muitas pessoas na sociedade tendem a ter dificuldade em se relacionar com o indivíduo cego. E como consequência a relação com esses indivíduos trazem embaraço, desconforto e ansiedade. Assim, o desenvolvimento desses sentimentos no indivíduo cego traz dificuldades de se estabelecer as relações interpessoais. Com isso, essas pessoas tendem a ter atitudes de negação da própria incapacidade acarretando assim discriminações e rejeição social (DOURADO, 2006). Sociedade Em primeira análise, a inclusão na sociedade deve existir, porém é perceptível que são muitas barreiras existente para a inclusão como o preconceito, a falta de disposição, inabilidade por parte dos políticos, deficiência da estrutura física de cidade impossibilitando a usufruir e ser um cidadão comum (ir a escola, banco, cinema, teatro, trabalhar). Assim, é o meio que UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 38 define a incapacidade sobre a vida no dia a dia de uma pessoa. Desse modo, vale citar um exemplo perante a sociedade, que é as escolas, na qual, deve ser um local que equalize a igualdade e não propague a diferença. Ou seja, através de uma nova visão da escola, o aluno deficiente consegue ter o convívio com outras pessoas diferentes, isso proporciona maiores possibilidades de inserção social e acesso ao conhecimento. Essa interação, têm uma troca mútua, sendo que o deficiente não se sinta inferior e os colegas terão uma ralação harmoniosa com a diferença (DOURADO, 2006). Indivíduo O enfrentamento de uma deficiência segundo alguns estudos passam por uma série de fases e pode ser visto como um dano físico ou emocional para alcançar a adaptação da perda visual e isso pode acarretar e abalar a estrutura psíquica. Com isso, algumas reações psicológicas são frequentes como a dependência acentuada sobre outroindivíduo, a negação da limitação, isolamento, a integração física, diminuição de habilidades básicas, dificuldade em interpretar pistas não verbais como as expressões faciais, entre outros. Em um estudo, analisando melhor as fases que são divididas em cinco: o choque, a negação, a raiva, a depressão, e a aceitação (DOURADO, 2006). O choque, é o estado de anestesia mental onde o indivíduo não questionará o seu “problema” a fim de evitar uma dor que para a sua psique seria demasiadamente intensa. A negação, assim, se caracteriza por um deslocamento do “problema”, pois ele como estando fora do sujeito onde irá atribuir as consequências de sua perda como algo exterior a ele, agindo como se nada lhe tivesse acontecido, há uma negação diante da perda porque este indivíduo ainda não possui condições psicológicas para lidar com esta perda. A raiva é o local onde o sujeito descarregará toda sua energia libidinal que estava contida até então. Nesta situação muitas vezes o indivíduo manifestará a sua raiva e impotência atribuindo ao outro uma culpa que não lhe cabe. E ele apresenta sentimentos contraditórios, e muitas vezes confusos, como: raiva, medo, tristeza, culpa, depressão e dor. A depressão ocorre quando o sujeito finalmente entende o que perdeu e como isso o afetará ocasionando um rebaixamento nas suas atividades diárias e em uma reflexão interna podendo ocasionar em períodos de tristeza e embotamento afetivo. UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 39 A aceitação é como uma possibilidade de compreensão do que foi perdido, em que porção foi esta perda e como isto influenciará vida deste indivíduo agora com limitações às suas ações. Desta maneira, o sujeito se torna capaz de conviver com as suas limitações integrando- as em sua vida. Portanto, a inclusão social ainda representa um desafio para pessoas com e sem deficiência e a busca por acessibilidade e oportunidades igualitárias deve ser constante. A desconstrução de barreiras arquitetônicas, discriminatórias e de preconceito facilita os contatos interpessoais em qualquer nível de convivência, podendo tornar a aquisição de uma deficiência menos dolorosa e a adaptação mais rápida. Não se pode esquecer que o impacto pessoal gerado pela deficiência adquirida também é decorrente de fatores sociais e, neste sentido, uma sociedade funcional para todos bem como o respeito às diferenças individuais é capaz de amenizar muitas das dificuldades experimentadas neste tipo de circunstância (DOURADO, 2006). 3.8 Objetivo 8: Discutir a legislação e os serviços oferecidos aos portadores de perdas visuais. O Decreto 3.298, de 20/12/1999, pessoa portadora de deficiência é aquela que apresenta, em caráter permanente, perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal. É considerada portadora de deficiência visual quando apresenta acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações (art. 3º, I e II, combinado com art. 4º, III) (BRASIL, 2004). Tomando-se como base a estimativa da ONU, de que a população mundial atingiu em abril de 2019 a marca de 7,7 bilhões de pessoas, o Brasil detém 2,63% desse contingente4. As estimativas da OMS sobre a relação entre cegueira, deficiência visual e condições econômicas, permitem estabelecer estimativas sobre a cegueira no Brasil: População pobre: 59,4 milhões X 0,9% = 543.600; População intermediária: 143 milhões X 0,6% = 859.416; População rica: 5,8 milhões X 0,3% = 174.000; Cegueira estimada no Brasil: 208,4 milhões -> 1.577.016 pessoas (equivalente UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 40 a 0,75% da população) (CBO, 2019). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2015, nova estimativa chegou a 36 milhões de cegos (56% do sexo feminino) e que 216,6 milhões de pessoas tinham deficiência visual moderada e grave (CBO, 2019). São isentos do Imposto de Renda os proventos auferidos pelas pessoas físicas portadoras de cegueira. Trata-se de benefício atribuído com relação a moléstias irreversíveis e incapacitantes e instituído pela Lei 7.713, de 22/12/1988. O portador de deficiência visual goza da isenção de dois impostos federais: do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na aquisição de veículo novo, e de Imposto de Renda sobre os proventos de aposentadoria ou reforma. Usufrui ainda de desoneração do IPI na compra de lentes para óculos e artigos de prótese ocular. Passe livre em ônibus, trens e barcos interestaduais. As pessoas portadoras de deficiência física, mental, auditiva ou visual, desde que comprovadamente carentes (com renda familiar mensal per capita inferior a um salário mínimo), estão isentas do pagamento da tarifa nos transportes aquaviário, rodoviário e ferroviário, em trajetos interestaduais (BRASIL, 2004). A Constituição, como já referido, proíbe qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão dos trabalhadores portadores de deficiência e determina que lhes seja reservado um percentual dos cargos e empregos públicos. Trata-se de dois mandamentos que reforçam o princípio da igualdade – buscando, no caso, a equiparação de oportunidades – e que visam assegurar o ingresso do portador de deficiência no competitivo mercado de trabalho, público e privado. Reserva de postos de trabalho O Decreto 3.298/99 manda reservar, na administração pública federal, no mínimo 5% das vagas nos concursos públicos. O conjunto dos direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social forma o que a Constituição, no art. 194, chama de seguridade social, definida como incumbência do poder público, que a administra, e de toda a sociedade, que a financia (BRASIL, 2004). A assistência social, segundo o art. 203, será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e, como já referido, tem entre seus objetivos a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a garantia de um salário mínimo mensal àquelas que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. A promoção da integração social das pessoas portadoras de deficiência, mediante a remoção de preconceitos e a facilitação do acesso aos UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 41 bens e serviços coletivos, é objetivo central de toda a legislação referente a elas, a começar pela Constituição, passando pelas leis e decretos e chegando às portarias e normas de serviço. O que se busca não é conceder-lhes privilégios, mas proporcionar-lhes os meios e as condições para que possam, com autonomia, incluir-se na sociedade, desfrutar da convivência e efetivamente exercer a cidadania. É por esse prisma que se devem considerar as normas e medidas compensatórias adotadas, as quais visam acelerar o processo de construção da igualdade (BRASIL, 2004). Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB) determina em seu art. 58 é que a educação especial seja oferecida “dentro das classes de ensino regular”, na forma de apoio especializado; somente no caso de não ser possível a integração do aluno é que seus atendimentos educacionais se farão em classes, escolas ou serviços especializados. O mesmo encontra-se disposto no art. 54 da Lei 8.069, de 13/7/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Aspectos, recursose metas da educação especial. No art. 59, a LDB determina que os sistemas de ensino devem assegurar aos educandos com necessidades especiais: “I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtude de suas deficiências [...]; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho [...]; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular” (BRASIL, 2004). Enquanto a LDB se refere a recursos educativos em termos genéricos (inciso I acima), a Lei 10.172, de 9/1/2001 (Plano Nacional de Educação) é, a esse respeito, precisa. Para citar apenas aqueles recursos que interessam de perto aos portadores de deficiência visual, o Plano prevê os seguintes objetivos e metas a serem adotados pelas unidades da Federação, com a ajuda da União (item 8.3): tornar disponíveis no ensino fundamental, até 2006, livros didáticos falados, em braille e em caracteres ampliados; estabelecer, em parceria com as áreas de assistência social e cultura e com organizações não-governamentais, até 2006, redes municipais UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 42 ou intermunicipais para tornar disponíveis aos alunos cegos e aos de visão subnormal livros de literatura falados, em braille e em caracteres ampliados; e estabelecer programas para equipar, até 2006, as escolas de educação básica e, até 2011, as de educação superior que atendam educandos surdos e de visão subnormal, com aparelhos de amplificação sonora e outros equipamentos que facilitem a aprendizagem (BRASIL, 2004). Abrangência da educação especial e direitos dos educandos A Lei 7.853/89, que é anterior às três leis referidas acima e que decerto serviu de referência para elas, prescreve, em seu art. 2º, parágrafo único, I, a a f, as seguintes medidas no tocante à educação especial: a sua inclusão, no sistema educacional, como modalidade educativa abrangendo a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimento público de ensino; oferta obrigatória de programas de educação especial pré-escolar e escolar em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por um ano ou mais, educandos portadores de deficiência; acesso dos alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino (BRASIL, 2004). A matrícula do educando portador de deficiência visual é, desse modo, um direito líquido e certo. Tanto é assim que a Lei 7.853/89, conforme já referido, define como crime a recusa, sem justa causa, de inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta. Ensino superior, educação para o trabalho e estágio De acordo com o Decreto 3.298/99, as instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de provas e os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência, inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da deficiência, o mesmo valendo para o exame vestibular (art. 27, caput e § 1º). Ao tratar da formação profissional, o Decreto, entre outras disposições, estabelece que: “Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino fundamental UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 43 ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à educação profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe proporcione oportunidades de acesso ao mercado de trabalho. § 1º A educação profissional para a pessoa portadora de deficiência será oferecida nos níveis básico, técnico e tecnológico, em escola regular, em instituições especializadas e nos ambientes de trabalho. § 2º As instituições públicas e privadas que ministram educação profissional deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico à pessoa portadora de deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de aproveitamento e não a seu nível de escolaridade.” Quanto ao estágio curricular, a redação original da lei que o regula – Lei 6.494, de 7/12/1977 – admitia como estagiários apenas os alunos dos cursos superiores, profissionalizantes de segundo grau e supletivos (BRASIL, 2004). Desde 1994, a história passou a ser diferente. A Lei 8.859, de 23/3/1994, alterou a Lei do Estágio, estendendo o estágio profissionalizante aos alunos do ensino especial. Portanto, as atividades de aprendizado em situações reais de vida e trabalho que caracterizam o estágio estão agora ao alcance dos portadores de deficiência visual que estudam em escolas especiais. Há na Lei 10.098/00 quatro artigos que dizem respeito especificamente aos portadores de deficiência sensorial/visual. Eis o que determinam: “Art. 9º Os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas deverão estar equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave, intermitente e sem estridência, ou com mecanismo alternativo, que sirva de guia ou orientação para a travessia de pessoas portadoras de deficiência visual, se a intensidade do fluxo de veículos e a periculosidade da via assim determinarem. Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de natureza similar deverão dispor de espaços reservados para pessoas que utilizam cadeira de rodas, e de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação (BRASIL, 2004). Art. 17. O poder público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer (BRASIL, 2004). Art. 18. O poder público implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita UNIFIMES - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA 44 em braille, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação” (BRASIL, 2004). Visto que “todos são iguais perante a lei” (CF, art. 5º, caput), as pessoas, inclusive as portadoras de deficiência visual, estão igualmente sujeitas às penas previstas, caso adotem conduta, por ação ou omissão, que esteja codificada como infração penal. Somente em três hipóteses o Código Penal isenta o agente infrator de pena: doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
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