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FUNDAMENTOS DO TEXTO EM LÍNGUA INGLESA Autoria: Me. Wéllia Pimentel Santos Indaial - 2021 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. S237f Santos, Wéllia Pimentel Fundamentos do texto em Língua Inglesa. / Wéllia Pimentel Santos – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 118 p.; il. ISBN 978-65-5646-315-5 ISBN Digital 978-65-5646-314-8 1. Língua Inglesa. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 420 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Texto, Tipos e Gêneros Textuais ................................................ 7 CAPÍTULO 2 Linguística de Textos em Língua Materna e Estrangeira e Uni- dades Textuais ............................................................................. 43 CAPÍTULO 3 Os Gêneros Textuais: Caracterização e Emprego dos Gêne- ros Textuais ................................................................................. 79 APRESENTAÇÃO A disciplina que iniciaremos agora, Fundamentos do Texto em Língua Inglesa, tem como objetivos principais: apresentar a importância dos gêneros textuais como ferramentas para o aprendizado de línguas; explorar os diferentes tipos textuais e suas principais características; analisar os diálogos formais e informais; estudar o papel da língua materna na aquisição da língua inglesa; evidenciar a abordagem lexical no processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa; os tipos de gêneros discursivos e suas funções; compreender a importância dos gêneros digitais no processo de ensino/aprendizagem da língua inglesa; além de evidenciar técnicas de leitura para a interpretação de textos em língua inglesa. No Capítulo 1, abordaremos, então, a compreensão do texto, os tipos e os gêneros textuais, evidenciando a diferenciação entre texto e contexto; texto oral e escrito; as modalidades formal e informal da escrita e a diferenciação entre texto e discurso. No Capítulo 2, estudaremos a linguística de textos em língua materna e estrangeira e unidades textuais, trazendo as diferenças organizacionais e linguísticas de textos em língua materna e língua estrangeira, a aquisição da língua materna versus aquisição e aprendizagem da língua estrangeira, seus aspectos gramaticais e lexicais da língua inglesa, coerência e coesão textual, estruturação de parágrafos e marcadores do discurso em língua inglesa. No terceiro e último capítulo, você, acadêmico, estudará os gêneros discursivos a partir da caracterização e emprego dos gêneros textuais, as funções dos gêneros do discurso, os gêneros primários e secundários; a língua inglesa nos gêneros digitais; a caracterização e o emprego dos gêneros textuais: textos instrucionais versus textos persuasivos; textos argumentativos e suas características; a leitura e a interpretação de textos em inglês; além das técnicas de leitura para a interpretação de textos em inglês. De tal modo, é importante salientar a importância da qualificação na língua inglesa para o mercado de trabalho, sendo um passo fundamental para o profissional na atual conjuntura, a qual exige requisitos que compreendem o saber falar e compreender o idioma, saber ler e escrever na língua inglesa, saber escrever relatórios, elaborar projetos etc. Essa é a grande diferença que um bom aprendizado de inglês pode trazer. Então chegou a hora de você iniciar seus estudos, vamos lá! CAPÍTULO 1 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Explorar os diferentes tipos textuais e suas principais características. Apresentar a importância dos gêneros textuais como ferramentas para o aprendizado de línguas. Analisar os diálogos formais e informais, o diálogo e o texto. Estudar os tipos de linguagem que acompanham os diferentes gêneros textuais. 8 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa 9 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Este capítulo consiste em apresentar uma refl exão sobre o texto, conceitos e abordagens dos tipos e dos gêneros textuais, evidenciando a diferença entre eles. Neste sentido, primeiramente, veremos a conceituação de texto, posteriormente, veremos alguns exemplos e falaremos também da formalidade e informalidade dos textos, sejam eles orais ou escritos. O que é um texto? Um artigo jornalístico seria um texto? A letra de uma música é considerada texto? Uma bula de remédio? Uma carta? Uma propaganda? Será que todos esses são textos? Veremos então a defi nição de texto e também a diferença entre tipos textuais e gêneros textuais, tendo em vista que dependendo do tipo e do gênero textual, há uma função, um objetivo diferente. Existem textos que possuem a função de convencer, de persuadir o eleitor, há outros que têm apenas a função de expor algo, já outros têm como função apenas informar alguma coisa. Assim, a depender da intenção de quem escreve, essa função muda e, ao mesmo tempo, também muda a interpretação e a compreensão daquele texto. Compreenderemos, ainda, a modalidade formal e informal, levando em consideração que a modalidade formal está diretamente ligada à escrita, e a modalidade informal está diretamente ligada à fala, portanto, como será tratado no decorrer deste capítulo, compreenderemos a importância de haver em alguns tipos de textos a predominância da modalidade formal, obviamente, o que implicará na ausência de marcas de oralidade. Assim, falaremos do processo de escrita e a função social desses textos na nossa sociedade. É preciso lembrar que a nossa sociedade valoriza extremamente a linguagem escrita, tanto que temos difi culdade para lembrar como era a vida sem a escrita. Usamos a escrita o tempo inteiro, para saber qual é o destino do ônibus, para anotar os nossos compromissos, para mandar mensagens de texto no celular, para ler manuais, para executar tarefas diárias que defi nitivamente não seriam as mesmas sem a escrita. 2 CONCEITOS E ABORDAGENS A literatura não foi feita meramente para transmitir mensagens, mas, sobretudo, para fazer as pessoas pensarem, para fazer as pessoas se colocarem na sociedade, para dominarem o discurso para que não sejam dominadas pelo discurso do outro. 10 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa A escrita tende a intensifi car o gosto pela leitura e o gosto por escrever, mas tudo isso dependerá também de um professor motivador. No caso dos textos em língua inglesa, para melhorar a escrita é preciso um constante exercício de leitura, difi cultando os níveis dos textos a serem lidos, aprofundando o conhecimento sobre o idioma em termos de estruturas gramaticais, melhorando, assim, a capacidade argumentativa. Para que uma pessoa possa escrever com efi ciência, com efi cácia, ela precisa se manter bem informada. Assim, para exercitar uma boa escrita, há uma série de detalhes que devem ser salientados para que seja possível identifi car as partes importantes de um texto e compreendê-lo. A compreensão e a interpretação de um texto partem de visões distintas, são leituras distintas. Um texto precisa ter signifi cado,seja ele escrito, falado ou uma imagem. É necessário que o leitor consiga fazer uma leitura desse texto, que precisa representar algo para que seja considerado um texto. Ainda é possível salientar que para a escrita efi caz de um texto é necessário o planejamento. Um bom planejamento faz com que a pessoa seja mais rápida no momento da escrita, para isso é importante que ela saiba o que falará numa introdução, no desenvolvimento e na conclusão e, assim, produza bons textos. 2.1 COMPREENDENDO O QUE É TEXTO Para que seja possível começar a interpretar melhor um texto é preciso primeiro saber o que está sendo interpretado. No entanto, o que é um texto? Todos crescem desde o pré-escolar, Ensino Fundamental, Ensino Médio e alguns até na faculdade ouvindo a palavra ‘texto’. No entanto, ao se pedir para defi nir o que é um texto, algumas pessoas podem conseguir defi ni-lo, mas a maioria pode não apresentar respostas muito boas. Nesse sentido, a primeira ideia que vem de texto tende a ser uma ideia errônea, que parte da concepção de que o texto é um aglomerado de frases que, 11 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 por sua vez, formam parágrafos, e esses parágrafos formam um começo, meio e fi m, constituindo-se num texto. No entanto, é possível considerar essa defi nição muito simplista, sendo necessária uma defi nição mais precisa de texto. Antes disso, é preciso fazer duas considerações: a primeira delas é a de que o texto não é meramente um aglomerado de frases. Ao se interpretar um texto, o primeiro cuidado necessário é o de não tentar fazer uma análise parcial do texto, ou seja, não tentar olhar frases soltas do texto e a partir delas já tirar conclusões. Isso se deve ao fato de que cada parte do texto está inter-relacionada com as outras. Nesse sentido, a primeira consideração é olhar o conteúdo. Cada frase de um texto está inserida em uma unidade maior, que é o contexto. A segunda consideração é que todo texto está inserido dentro de um debate mais amplo da sociedade. Todo texto, por mais que venha com um discurso de neutralidade, objetiva marcar uma posição dentro de um debate maior, seja qual debate for, mas ele sempre vem para marcar uma posição dentro desse debate. Pelo fato de todo o texto estar inserido em um debate maior dentro da sociedade, isso traz algumas implicações: a primeira delas é a de que o texto não é algo isolado, neutro, sozinho na sociedade, os textos não são ilhas. A segunda implicação é a de que o texto não é um produto da individualidade de cada um. Ao se produzir um texto, o conteúdo ali inserido não é um produto de toda a individualidade do escritor. Na realidade, este escritor é um produto social, ele vive no meio social e esse meio o afeta. Como afi rma Bakhtin (1997, p. 116), “a enunciação é o produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados e, mesmo que não haja um interlocutor real, este pode ser substituído pelo representante médio do grupo social ao qual pertence o locutor”. Um indivíduo tende a ser educado por determinadas escolas, está inserido numa determinada cultura, faz parte de determinado repertório, que foi adquirido com as suas experiências de vida. Então, quando ele expressa suas ideias e opiniões por meio da escrita, essa ação não deve ser considerada como algo isolado, nem como produto de sua individualidade apenas. Considerando esses fatores, a defi nição do que é um texto, de maneira ampla, é composta por partes e cada uma dessas partes traz uma ideia muito importante: a primeira parte é de que um texto precisa do seu contexto para fazer sentido, por ele não ser um aglomerado de frases, cada frase está ligada à outra; e outro fator é de que ele está ligado a um debate mais amplo. 12 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa Então, a primeira defi nição de um texto é de que ele precisa ser analisado em sua totalidade e essa totalidade é dotada de sentido, o que pressupõe que é necessário ao leitor analisar o texto como um todo, analisar o seu contexto, a relação que cada frase tem entre si, para assim atribuir sentido ao texto. Alguns tipos de textos possuem começo, de modo a se apresentar esse texto, um meio, o desenrolar dessas ideias, e possuem um fi m, excetuando- se, por exemplo, gêneros, como receitas, bulas, manuais, que não possuem necessariamente início ou fi m. Além disso, todo texto foi produzido por uma pessoa, que está num determinado local, num determinado país, cidade, Estado, que tem as suas culturas, as suas questões sociais etc. Se essa mesma pessoa estivesse em outro local, numa outra cultura, talvez esse texto seria completamente diferente, ou seja, se essa pessoa tivesse nascido há 500 anos, ela escreveria um texto diferente, ela trataria até de temas e questões diferentes ou os abordaria de maneiras diferentes. O texto seria então a concretização deste discurso por meio de uma linguagem. Essa linguagem pode ser pictórica (por meio da pintura). Uma pintura transmite algum sentido, se ela for capaz de transmitir sentido dentro de um todo signifi cativo, então essa pintura também pode ser considerada um texto, assim como um gesto também pode ser um texto. Esse processo de comunicação, da fala, também é texto. A música é um tipo de linguagem, o que pressupõe que é possível se ter um texto musical, ou seja, ela transmite uma mensagem por meio da combinação de notas musicais, às vezes, de vários instrumentos; uma orquestra executa um discurso musical. A arquitetura também possui um discurso que marca determinada época. Um conjunto de arquitetos, por exemplo, que tenha traços comuns e que são coerentes com a cultura de determinada época. Portanto, tudo aquilo que representa algo, que é capaz de transmitir signifi cado, informação é um texto. Como ler uma imagem? Por exemplo, uma charge, uma tirinha, o que é importante na leitura destes textos? Na charge, o leitor vai ler o texto escrito e vai relacioná-lo com a imagem, com a aparência dos personagens, com os elementos que compõem a imagem. Todos os elementos fazem parte dessa leitura. Além disso, é possível citar a fotografi a, que também possui um discurso, ou seja, trata-se de um texto sem palavras, com uma imagem congelada, grafada. O cinema também é um tipo de texto. Na realidade, o cinema agrega um conjunto de 13 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 outros textos, como a fotografi a em movimento e a literatura, que é um conjunto de falas das personagens, portanto, um conjunto de textos numa linguagem cinematográfi ca. Na leitura de uma tirinha, por exemplo, as imagens devem ser lidas e também é necessário observar aquele personagem, como está a posição do rosto, boca, olhos, a posição dos braços, mãos etc. Tudo isso compreende a leitura do todo para que seja possível realmente compreender aquele texto e chegar a uma conclusão. A partir da interpretação da imagem é que o leitor chegará a uma conclusão. Portanto, corroborando o exposto, um texto não é um amontoado de palavras ou um amontoado de imagens, ele precisa representar algo, tem que dizer uma ideia. Além disso, o processo de construir um texto depende não somente, mas em grandes partes, de algumas estratégias de textualização, ou seja, o que será necessário para que o texto seja bem formulado. Costumamos chamar essas estratégias de textualização ou fatores de textualidade, são as características que o texto precisa apresentar para que o leitor produza algum sentido sobre esse texto. São ao todo sete fatores: coesão e coerência, intencionalidade, aceitabilidade, intertextualidade, situacionalidade e informatividade. Conforme Bechara (2004), um texto deve ser coeso, ou seja, deve possuir uma relação de ligação entre os termos. A coesão textual está mais relacionada com a parte estrutural, com a parte física do texto, enquanto a coerência está mais ligada às ideias que são apresentadas no texto. A coesão também está ligadaà relação de uma palavra com a outra, de uma frase com a outra, de um período com o outro ou de um parágrafo com o outro. A coerência diz respeito ao texto inteiro, essa harmonia que as ideias precisam apresentar para que o texto possa ser coeso e também coerente. São interdependentes, mas podem ser estudadas separadamente e é isso que faremos a partir de agora. Um texto deve ser coeso, ou seja, deve possuir uma relação de ligação entre os termos. 14 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa Então, o que é coesão? A palavra ‘coesão’ vem do verbo ‘coser’ com ‘s’. Certamente, você conhece o verbo cozer com ‘z’, que signifi ca cozinhar. Coser com ‘s’, por outro lado, signifi ca costurar, é uma metáfora perfeita porque basicamente é isso que a coesão faz: ela une partes do texto de modo a obter um sentido coeso. Segundo Marcuschi (2008, p. 104), “o conceito de coesão textual está relacionado a todos os processos que asseguram uma sequencialização linguística entre os elementos que ocorrem na superfície textual”. Existem dois grandes grupos de coesão, os quais trabalharemos agora, começando com a coesão referencial. Veja o texto do autor Murilo Rubião (2010): “Nesta construção não há lugar para os pretensiosos. Não pense em terminá-la, João Gaspar. Você morrerá bem antes disso. Nós que estamos constituindo o terceiro Conselho da entidade e, como os anteriores, jamais alimentamos a vaidade de sermos o último” (O edifício, Murilo Rubião). A partir dos destaques inseridos no texto, observe a diferença existente entre um referencial e outros tipos de coesão. Ao se analisar a oração “não pense em terminá-la”, esse ‘la’ está fazendo referência à palavra construção. Então esse ‘la’ é um referenciador da palavra ‘construção’, que apareceu antes. “Você morrerá bem antes disso”. Esse ‘você’ faz referência ao nome ‘João Gaspar’, o nome que apareceu antes. “Conselho da entidade e, como os anteriores”. Esse termo ‘anteriores’ retoma conselho da entidade. Então esse conselho da entidade é o terceiro, por isso ele diz ‘os anteriores’, pois está fazendo referência àquele. “Jamais alimentamos a vaidade de ser o último”. Esse ‘último’ faz referência ao conselho, que apareceu antes. Então, quando a gente tem essa coesão que se refere a algo que já foi dito no texto, a gente chama isso de coesão anafórica. 15 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 Todavia, nesse momento é importante que você perceba a relação entre esses termos, sejam eles pronomes, palavras sinônimas ou palavras que se relacionam ao se referirem a algo que foi dito anteriormente. Agora, acompanhe os termos destacados: Nesta construção não há lugar para os pretensiosos. Esse pronome está fazendo referência a um termo que vem depois: “construção”. “Não pense em terminá-la, João Gaspar”. Esse verbo destacado faz referência ao João Gaspar, que virá somente depois. Então o verbo está fazendo uma referência a um termo que vem depois: a coesão catafórica. Portanto, não importa qual seja o termo, se ele faz referência a alguma coisa que foi dita antes ou que vai ser dita ainda, chamamos isso de coesão referencial. Agora, falaremos da coesão sequencial e como ela se diferencia da referencial, que vimos agora. “Muitos pensam que as crianças de hoje sofrem mais TDAH porque são expostas a mais estímulos do que no passado. Concordo, mas elas são também privadas de uma boa parte de suas obrigações: portanto, só lhes resta se divertir, o que é eminentemente ansiógeno” (CALLIGARIS, 2019, s.p.). Observe os temos destacados: “Muitos pensam que as crianças de hoje sofrem mais TDAH porque são expostas a mais estímulos...”. Esse porque está destacado, pois está dando sequência ao que se disse anteriormente, ele é um termo explicativo, então ele está promovendo a sequência entre as orações. Em seguida, temos: Concordo, mas elas são também privadas de uma boa parte de suas obrigações...”. 16 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa “Mas” apresenta uma ideia de adversidade com o que se disse anteriormente, ou seja, o autor diz: concordo e em seguida apresenta um termo que sequenciará a adversidade. Então ele diz ‘mas’ para poder fazer essa contraposição. Em seguida, ele disse “também”, que ajuda na sequenciação do que ele falou. Em seguida: “portanto, só lhes resta se divertir, o que é eminentemente ansiógeno”. Observe que o termo “portanto” destacado está chegando a uma conclusão, demonstrando qual é a conclusão que o autor chega a respeito daquilo que ele disse anteriormente. Em seguida, “o que”, que também está destacado, explica o que ele disse anteriormente, ou seja, “só lhes resta se divertir”, e a explicação do que é divertimento ‘é o que é eminentemente ansiógeno’. Então, ele está dizendo que brincar é ansiógeno, ou seja, aumenta a ansiedade da criança. Assim, qual é a diferença entre a coesão referencial e a sequencial? Na coesão referencial, estamos o tempo todo retomando informações que já foram apresentadas ou estamos antecipando informações que ainda serão apresentadas. Na sequência, utilizamos termos que encadeiam o discurso. Então, apresentamos uma oração, em seguida, temos outra oração e, para ligar as duas, coloca-se um conectivo, uma expressão ou um mecanismo linguístico para fazer a sequenciação de uma oração com a outra. Além disso, o texto também deve ser coerente, portanto, as ideias ali apresentadas devem possuir lógica. A coerência é o que faz um texto ter sentido, ela é o elemento que permite que nós façamos uma interpretação da mensagem. Segundo Koch e Travaglia (1992, p. 10): Coerência é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global. 17 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 A coerência possui um princípio fundamental que é a não contradição. Esse princípio nos ensina que as ideias não podem afi rmar uma coisa e depois afi rmar o contrário do que se disse anteriormente. No entanto, não confunda isso com o contraste. O contraste é um recurso de texto argumentativo. Por exemplo: embora o Brasil seja uma grande economia existe ainda muita desigualdade social. Esse é um argumento que apresenta um contraste: uma coisa muito positiva com uma coisa muito negativa que existem dentro de um mesmo elemento, no caso, o nosso país. A contradição é diferente, ela acontece, por exemplo, quando o autor segue uma linha de raciocínio e no fi nal defende algo totalmente contrário do que foi apresentado desde o início. Isso implica que um texto coerente não pode ser contraditório. Existem dois tipos básicos de coerência: a coerência externa e a coerência interna. A coerência externa diz respeito à relação entre o que está escrito no texto e o mundo real, ou seja, o que está posto na mensagem e os fatos do nosso cotidiano. Veremos aqui um exemplo. Imagine essa afi rmação: ‘É natural e correto abrir embalagens de alimentos dos mercados e consumi-los dentro do estabelecimento, afi nal pagarei por eles’. Isso pode virar uma mentalidade, o que gera atitudes antiéticas. Veja a seguinte situação: Uma mãe está com a sua fi lha no mercado, a menina está comendo salgadinho, que a mãe pegou na prateleira do mercado. De repente, elas ouvem uma mensagem no alto-falante da loja: — É proibido consumir produtos no interior da loja. A menina, muito inteligente, diz: — Mãe, eu estou fazendo errado, o moço no microfone disse que não pode. A mãe, mais do que depressa, responde: — Ele não está falando da gente, você pode continuar a comer tranquilamente o salgadinho, fi lha. A questão aqui não é se essa pessoa pagará ou não pela comida, mas a existência de uma regra que proíbe o consumode alimentos no interior da loja. A coerência possui um princípio fundamental que é a não contradição. Esse princípio nos ensina que as ideias não podem afi rmar uma coisa e depois afi rmar o contrário do que se disse anteriormente. 18 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa Então, vemos que uma afi rmação incoerente pode gerar mentalidades como essa. Assim, percebe-se a importância de se verifi car se uma mensagem está coerente com a realidade externa, ou seja, se há uma coerência externa presente no texto. A coerência interna se refere a elementos no interior do texto que colaboram para que se mantenha uma sequência lógica. Temos alguns processos que fazem parte de uma boa coerência: o primeiro deles refere-se à continuidade. A continuidade é aquilo que proporciona a conexão entre as partes de um texto, no entanto, não adianta as partes estarem conectadas se as ideias fi carem se repetindo. Daí entra a progressão. Na progressão são apresentadas várias ideias que contribuem para a evolução do raciocínio. A progressão evita que uma mensagem fi que circulando em torno de uma mesma ideia, ou seja, o tema deve ter continuidade, mas um texto deve ter uma progressão. Assim, é possível compreender que a coerência é um dos elementos primordiais para se fazer uma boa leitura crítica. Ao verifi car a coerência de uma mensagem é possível ver se ela está fundamentada em argumentos sólidos, caso não esteja é uma boa oportunidade de se contra-argumentar. Um texto deve ainda possuir intencionalidade, ou seja, a intenção de quem escreve aquele texto. O autor sempre possui um objetivo quando escreve um texto e isso é a própria intencionalidade, a razão pela qual se escreveu aquele texto. A intencionalidade é muito importante porque ela está presente em todos os textos, já que nós sempre escrevemos pretendendo alguma coisa. Val (1991, p. 11) considera que a intencionalidade “diz respeito ao valor ilocutório do discurso, elemento da maior importância no jogo de atuação comunicativa”. Por exemplo, ao fazer um trabalho escolar você tem o objetivo de tirar uma nota alta, ou aprender mais sobre aquele conteúdo, ou ao construir uma propaganda, você tem o objetivo de convencer alguém a comprar o seu produto ou o seu serviço. Por conta disso, questione-se sempre que for escrever algo. Fávero e Koch (1998, p. 77) consideram que: As intenções comunicativas do emissor e do receptor são, na maioria das vezes, coincidentes. A intenção unifi cadora do autor leva-o a decidir quais as frases que se podem combinar de modo adequado em um texto: embora, por vezes, as frases singulares não estejam sufi cientemente bem relacionadas ou A coerência interna se refere a elementos no interior do texto que colaboram para que se mantenha uma sequência lógica. A intencionalidade “diz respeito ao valor ilocutório do discurso, elemento da maior importância no jogo de atuação comunicativa”. 19 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 pareçam até contradizer-se, uma só frase fi nal da cadeia pode deixar claro o tema do conjunto. É neste ponto que entram as intenções do receptor, já que este espera que as frases que lhe são oferecidas em um texto estejam conectadas de algum modo. Cabe ao autor apresentar-lhe o conjunto do texto de modo a satisfazer tal expectativa. Todavia, se a intencionalidade está correlacionada àquele que escreve o texto, a aceitabilidade tem a ver com quem lê o texto. A aceitabilidade nada mais é do que o movimento do leitor em aceitar ou não o que o autor está escrevendo. Ela só acontece quando o leitor desenvolve algum tipo de compreensão sobre o que foi escrito. Quando lemos um texto com um tema um pouco diferente ou uma linguagem muito técnica sobre um assunto que não conhecemos muito, que seja estranho a nós, não conseguimos construir um sentido para esse texto. Então, a aceitabilidade não é das mais positivas. Entretanto, a aceitabilidade não é simplesmente dizer que aceitamos ou não um texto, baseado na má ou na boa vontade do leitor. Na realidade, para poder aceitar ou rejeitar um texto, o leitor precisa considerar o tema, o modo de escrita, além de recorrer aos seus conhecimentos sobre a língua, seus conhecimentos de mundo e seus conhecimentos sobre a reação do autor e do leitor quando estão interagindo com o texto. O autor não possui controle sobre a aceitabilidade de um texto. É o leitor que pode tornar o texto signifi cativo, com base nos seus conhecimentos. Vale lembrar que isso depende também do perfi l do leitor e, provavelmente, quem adquire determinada obra já pode possuir certa expectativa sobre o conteúdo para concordar ou discordar. Então, depois de analisar esses dois fatores – intencionalidade e aceitabilidade – podemos perceber que eles não têm qualquer relação com a gramática. Na realidade, eles estão ligados à atitude do autor, em produzir um texto, e do leitor, em aceitar ou não a confi guração desse texto, e enquanto ele lê, atribuir algum tipo de sentido para o que está sendo dito, ou seja, a intencionalidade remete à intenção e a aceitabilidade remete à compreensão e à interpretação. Já a intertextualidade acontece quando há uma referência implícita ou explícita a outro texto pré-existente, ou seja, tem-se um texto que já existe e se faz outro texto com referência neste que já existe. Por exemplo, é possível fazer uma paráfrase de um poema. Tem um poema já existente e se cria outro poema A aceitabilidade não é simplesmente dizer que aceitamos ou não um texto, baseado na má ou na boa vontade do leitor. 20 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa semelhante àquele por meio de uma paráfrase, portanto, ‘uma conversa’ entre aquele poema que foi feito e o poema pré-existente. Pode ser uma conversa explícita ou implícita, entendendo essa ‘conversa’ como referência. Nesse sentido, a intertextualidade sempre parte de um texto já existente, fazendo referência direta ou indireta a esse texto. Isso pode ocorrer frequentemente em músicas, quadros, charges e tiras, tendo referências implícitas e explícitas de textos que já existem, ou ainda, a situações que já existem. Então, quando uma pessoa tem difi culdade para entender uma tira ou uma charge, isso pode estar relacionado à falta de leitura, não percebendo que esteja fazendo referência a um texto pré-existente ou a uma situação que já tenha ocorrido. A partir dessa compreensão, a intertextualidade pode ser tanto de forma escrita como em forma de desenho. Pode estar correlacionada à linguagem verbal, com palavras, ou não verbal, através das imagens. A intertextualidade só será bem compreendida se a pessoa estiver por dentro dos acontecimentos, a partir de sua realidade. A intertextualidade pode ocorrer afi rmando as mesmas ideias de uma obra já citada ou ainda contestando. Por exemplo, quando elaboramos uma poesia podemos reafi rmar o que já está dito na poesia-base, ou ainda, ao invés de reafi rmar é possível ir contra, contestando aquela poesia-base. Assim, por meio da intertextualidade é possível criar um texto semelhante, porém diferente do texto-base. Já a situacionalidade textual pressupõe que qualquer situação que o escritor se encontre infl uenciará profunda, direta e objetivamente na sua forma de escrever. Então, essa interação de situação acontece também com o leitor, que se encontra em uma determinada situação ao ler. A noção dessas situações pode contribuir para uma boa leitura ou para uma boa escrita. Há situações que nos levam a períodos complicados nas nossas vidas e nós usamos esses períodos ou essas situações para escrever, por vezes, assuntos mais tristes ou mais pensativos, que nos levam a refl exões mais profundas, e existem situações, momentos ou circunstâncias que nos encontramos de tal maneira, que nos levam a escrever de uma forma mais engraçada, mais leve etc. A situacionalidade textual pressupõe que qualquer situaçãoque o escritor se encontre infl uenciará profunda, direta e objetivamente na sua forma de escrever. 21 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 Portanto, a situacionalidade é uma circunstância que nos leva a construir os nossos textos também de acordo com aquilo que estamos vivendo, bem como para o leitor, que receberá aquele texto conforme a situacionalidade que esteja vivenciando. Por sua vez, falar em informatividade pressupõe que nem sempre um texto com muitas informações é um texto com informatividade adequada. A informatividade está ligada à previsibilidade ou não das informações que estão sendo trazidas para um texto. Se aquele que está redigindo um texto traz muitas informações, mas todas elas não agregam em nada ao leitor, tudo o que está ali escrito são coisas muito simples, que estão no campo do senso comum, para o seu leitor este texto é muito previsível. Um texto previsível é um texto com um baixo grau de informatividade. O grau ideal é o grau médio de informatividade. Trata-se do tipo de texto no qual o escritor busca no seu repertório sociocultural e linguístico, dados e informações que ele agrega ao seu texto, algo que quebra a expectativa do seu receptor, do seu leitor. Esse grau de informatividade é imprevisível devido à forma como a pessoa redigirá a sua redação e surpreende o seu leitor. Ele traz sufi ciências de dados. Então, se ele traz uma citação, ele fala de onde aquela citação foi retirada e acaba coordenando, conectando as partes de seu texto, de modo a deixar aquele texto com grau médio de informatividade. O grau alto de informatividade é aquele que o leitor precisa fazer um esforço mental muito grande para compreender aquele texto. Assim, quando uma pessoa pega um texto com um vocabulário muito difícil, muito rebuscado, a tendência é de que ela menospreze aquele texto, deixe de lado, não termine a leitura. O mesmo ocorre quando temos um texto com grau alto de informatividade. Esse texto é ideal para um público específi co, um público muito seleto. O que todos nós esperamos encontrar em textos jornalísticos, em diferentes mídias, são aquelas produções textuais que estão de acordo com a compreensão da maioria. Então, em um jornal que se lê, o grau de informatividade é médio porque as palavras são ali trabalhadas com um índice de autoria, porém são de fácil compreensão. De tal modo, é por meio da intertextualidade que o escritor conferirá ao seu texto um grau médio de informatividade. Assim, todas as vezes em que se recorre a essas outras vivências, a essas outras leituras, conseguindo conectá- las no texto corretamente, essa pessoa ‘quebra’ a expectativa de seu leitor e traz um texto imprevisível. 22 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa 1 Falar em coesão e coerência implica diretamente no texto, ou seja, coesão e coerência textual sempre caminham juntas para que se tenha um bom texto, bem organizado, claro e objetivo. Perante esse fundamento, descreva o que seria um texto coeso e o que seria um texto coerente. R.:_________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________. 2.2 TEXTO E CONTEXTO: TEXTO ORAL E TEXTO ESCRITO Todo texto é formado de sentido, de um todo signifi cativo, de um elemento que transmite algum tipo de interpretação. Então, se por acaso houver um texto, qualquer que seja ele, verbal ou não verbal, e esse texto for capaz de transmitir um sentido, um signifi cado, logo, ele é um texto. Portanto, tudo aquilo que representa algo, que é capaz de transmitir signifi cado, transmitir informação é um texto. Importa salientar que todo texto é formado de partes solidárias que acabam contribuindo na formação desse sentido. A exemplo de um texto escrito é possível imaginar um texto constituído, um artigo qualquer disposto em parágrafos. Esses parágrafos vão se somando solidariamente a partir de um ponto signifi cativo. Portanto, essas partes chamadas de parágrafos devem estabelecer entre elas uma relação solidária, ou seja, juntas formam um sentido completo. Uma pintura também pode apresentar esse tipo de situação. Afi nal de contas, uma pintura é feita por vários elementos imagéticos, que são dispostos num quadro no decorrer da pintura, entre eles se tem a união de elementos, que são partes (solidárias) e assim formam um todo signifi cativo, com a intenção do autor em transmitir algum tipo de mensagem. 23 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 Segundo Bakhtin (1992, p. 162), “o texto só ganha vida em contato com outro texto (com contexto)”. Já o contexto faz parte do ambiente onde esse texto foi escrito. O contexto também pode ser compreendido como aquilo que está além do texto, aquilo que se percebe na produção de um texto, assim, é necessário levar em consideração que esse dado texto foi produzido diante de um contexto, que é um conjunto muito maior, muito mais amplo, em que se insere um conjunto bem menor, que é o texto. A delimitação temporal e espacial nada mais é do que o próprio contexto. Então, o texto surge a partir de um momento histórico, a partir de preceitos, de visões de mundo e essa visão de mundo é um contexto. Em outras palavras, contexto é aquilo que pode justifi car a produção de um texto. É a fundamentação, um embasamento para que seja possível compreender o que se entende por texto. Um contexto pode ser implícito ou explícito. Toda vez que um contexto for implícito, implica naquilo que está internalizado. Todo contexto implícito é aquele contexto mais difícil de ser compreendido, difícil de ser analisado. Enquanto que todo contexto explícito é aquele fácil de ser analisado, fácil de ser observado. Por exemplo, um contexto explícito signifi ca que ao se ler um texto, ao se ter um contexto muito explícito, é possível perceber neste texto marcas da situação pela qual ela foi criada rapidamente, ou seja, tem-se intimidade com esse contexto. A questão do futebol, por exemplo, é muito clara para os brasileiros, tendo em vista que esse é o tipo de contexto em que o brasileiro nasce, com a infl uência direta no futebol, com tantos comentários que existem explicitamente sobre o assunto. Enquanto num outro esporte, como o beisebol, por exemplo, um brasileiro não compreende com a mesma dimensão. Logo, para um brasileiro, isso tudo é pouco claro, pouco relevante ou pouco explícito, ou seja, implícito. Outro conceito importante é que o texto é difundido por diversos códigos, por diversos instrumentos de comunicação. O texto pode ser gestual, pictórico, verbal ou não verbal. Enfi m, existem diversas formas de transmissão de sentido por meio de um texto. O texto tem um discurso produzido por um sujeito. Se o discurso é produzido por um sujeito e o texto é obra desse sujeito, isso indica que esse texto é carregado de elementos que fazem parte da construção e O texto é difundido por diversos códigos, por diversos instrumentos de comunicação. O texto pode ser gestual, pictórico, verbal ou não verbal. Enfi m, existem diversas formas de transmissão de sentido por meio de um texto. 24 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa da estruturação daquele indivíduo. Então esse indivíduo construirá o texto a partir da sua visão de mundo. Portanto, ao se ler um texto histórico, um texto muito mais antigo, suponhamos que tenha sido escrito anos atrás e que esse texto seja de ordem religiosa ou de ordem ideológica, qualquer que seja o seu assunto, é possível observar que o texto será permeado por preconceitos, de receios, de medos e temores, desentimentos que acabavam afetando o escritor desse período. Por isso, ao olhar um texto antigo, a primeira coisa a se deparar é com a tentativa de que o leitor se livre dessa capa de preconceito dada da nossa época. É necessário ler aquele texto tendo a noção de que foi produzido e carregado de valores daquela época, não pelos nossos valores. Muitas vezes, podemos nos deparar com textos ideológicos, por exemplo, machistas, patriarcais, excludentes da mulher na sociedade, e se esses textos foram escritos há 100 anos, será que realmente eles tinham esse conteúdo machista? Será que esse ideal machista era debatido naquela época? Então, há de se questionar esses parâmetros também, de modo a considerar que à época vigorava uma moral diferente, costumes específi cos. O que implica que o contexto histórico infl uenciará a produção de ideias de um texto. Em outras palavras, ao se analisar um texto de 200 anos atrás, por exemplo, que trata de um conteúdo extremamente machista, para o leitor de agora, esse texto pode ser considerado machista, mas para a época em que ele foi produzido não, pois ele foi construído por um autor, de acordo com os seus receios, com as ideologias, com os temores e com os elementos que permeavam a cultura daquela época. Então, é importante ter esse cuidado em julgar as pessoas ou os textos. Antes é necessário estar consciente de que existem esses fatores determinantes para a construção de um texto. Qualquer pessoa, quando produz um texto, elabora esse texto a partir de uma ideia própria, de valores próprios, portanto, é possível considerar que um texto nada mais é do que um elemento, um fator histórico. Uma parte do texto só tem um sentido completo quando confrontada com outras partes. Esse confronto, essa comparação, ou ainda, esse momento de se analisar a parte como um todo é chamado de contexto. A interpretação de um texto deve levar em consideração o contexto. Interpretar um texto é olhar esse texto como um todo, dentro do que foi dito e do que está implícito, ou seja, dentro do que não está dito. O contexto deve então ser compreendido como a soma de todas as partes, ou ainda, como a articulação 25 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 semântica, a articulação de sentido que cada parte exerce uma sobre a outra dentro de um texto. Um texto pode ainda ser considerado como uma manifestação linguística, na modalidade oral ou escrita, cujo papel é o de transmitir signifi cados em situações específi cas. Os textos ocorrem com palavras ou expressões, dentro de uma modalidade oral ou escrita. A modalidade oral se dá através de textos orais, através de entrevistas e dos próprios diálogos. Conforme Geraldi (1984, p. 44), o estudo da oralidade se constitui em: Tentar detectar os compromissos que se criam por meio da fala e as condições que devem ser preenchidas por um falante para falar de certa forma em determinada situação concreta de interação. [...] é muito mais importante estudar as relações que se constituam entre os sujeitos nos momentos em que falam do que simplesmente estabelecer classifi cação e dominar os tipos de sentenças. Já as manifestações escritas ocorrem de formas diversas. Normalmente, as mais conhecidas são por cartas, e-mails, receitas, entre vários outros tipos de textos. Escrita e fala têm papéis diferentes na sociedade e isso leva à valorização da escrita ou à valorização da fala. Marcuschi (2010, p. 25) destaca a distinção entre fala e escrita da seguinte forma: A fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fi ns comunicativos na modalidade oral (situa-se no plano da oralidade, portanto) sem a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano. A escrita seria um modo de produção textual-discursiva para fi ns comunicativos com certas especifi cidades materiais e se caracteriza por sua constituição gráfi ca, embora envolva também recursos de ordem pictórica, entre outros. Há também tipos de texto que ocorrem a partir de uma situação específi ca, dentro de um contexto específi co para que eles possam ser entendidos. Além disso, como exposto, um texto precisa de uma organização textual coesa e coerente. Em segundo lugar, uma boa estruturação dissertativa deve possuir uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. O desenvolvimento é a maior parte da redação, nele deverão ser discutidos os argumentos apresentados na introdução. Obviamente, existem várias maneiras de se desenvolver uma redação, mas basicamente é possível dizer que na 26 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa introdução, que será um ou dois parágrafos, se colocará a tese, ou seja, o tema que está sendo pedido para, a partir daí, inserir os argumentos, e a conclusão, que são as consequências ou as principais considerações daquele problema exposto. No desenvolvimento desse tipo textual é possível trazer os prós e contras daquele assunto a ser tratado, elencando os pontos positivos e negativos. É importante também a objetividade no texto dissertativo, todavia, ela não é necessária em todo o texto escrito. Há jornalismos de opinião, por exemplo, que não pressupõem essa necessidade. Já na conclusão é importante que seja feita a síntese de tudo o que foi apresentado, mas não acrescentar ideias novas, também é importante propor soluções. Por outro lado, imagine que você seja um chef de cozinha e que você precisa estruturar um texto de uma receita culinária. A estruturação de introdução, desenvolvimento e conclusão não nos parece adequada para uma receita culinária, não é mesmo? Outro ponto importante é que para um texto ser considerado de tal forma, ele precisa possuir um nível de linguagem adequado a uma situação social específi ca. Por exemplo, imagine o caso da receita culinária. Será que você colocaria: você poderia, por gentileza, quebrar os ovos em uma tigela de porcelana chinesa? Não nos parece muito adequada essa frase, não é mesmo? Portanto, atentar-se à linguagem a ser utilizada em cada tipo de texto é fundamental para uma boa escrita. 2.3 MODALIDADE FORMAL E INFORMAL DA ESCRITA Ao se refl etir as múltiplas fi nalidades da escrita na sociedade hoje é possível evidenciar que alguns dos corriqueiros usos da linguagem escrita são, por exemplo: uma lista de compras, lembretes que se escreve quase todos os dias, avisos, cartas para amigos, e-mails, blogs na internet, documentos em geral, atestado de cartório, registro de todo tipo, leis, contas, multas etc. Atentar-se à linguagem a ser utilizada em cada tipo de texto é fundamental para uma boa escrita. 27 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 Há também usos não corriqueiros da linguagem escrita. A escrita cotidiana e a escrita acadêmica são tipos de escrita que pressupõem tipo de leitor e procedimentos de leitura também diferentes. Esses tipos de leitores e esses procedimentos de leitura diferenciados também levam a procedimentos de construção de sentidos diferentes entre si. Essa diversidade de textos e de motivações pela leitura, entretanto, não impede certa regularidade nesses textos, não impede que se perceba que há alguns agrupamentos possíveis, algumas tipifi cações, rótulos que são passíveis de serem usados para descrever algumas tendências discursivas. A postura de leitor também muda quando se assiste a uma tv ou se lê um jornal. A leitura ou a maneira de ler, o foco que se vai dar ou o tipo de percepção que se tem do texto se ajusta ao contexto de leitura. De tal modo é possível dizer que existem dois tipos de linguagem: a linguagem formal e a linguagem informal. A linguagem formal é aquela em que se utilizam as regras gramaticais. Quando uma pessoa fala, utiliza regras específi cas da linguagem. Por exemplo, ela pode usar em sua fala vícios de linguagem. Nesse sentido, é importante ter em mente que as regras da fala e da escrita são distintas. Portanto, entendendo que no texto deve ser aplicadaa modalidade formal da escrita, é necessário compreender que na escrita não se deve usar a modalidade informal. Nesse sentido, a modalidade formal da escrita nada mais é do que se aplicar no texto as regras gramaticais de uma língua, com foco na concordância nominal e verbal, regência nominal e verbal, pontuação, fl exão de nomes e verbos, grafi a das palavras e divisão silábica. Isso pressupõe que não é possível inserir em um texto expressões como ‘aí’, para dar ideia de continuidade. Por exemplo, se a pessoa quer escrever: “você fará tal coisa”, ela não escreverá ‘vc’, mas, sim, ‘você’, haja vista que na modalidade formal as regras gramaticais devem estar presentes no texto. Na modalidade informal ou linguagem informal é possível ter maior liberdade e não há tantas regras a serem seguidas. É muito comum em redações os vícios de linguagem. Esses vícios se devem principalmente pela tentativa de se aplicar na redação regras da fala e isso diz respeito a colocar na redação marcas de oralidade e formas de escrita do ‘internetês’, que é uma forma simplifi cada e informal que surgiu no ambiente da internet. Sua principal função é conferir o dinamismo entre as conversas, para isso, inventa-se uma sintaxe diferenciada, ignorando as regras ortográfi cas e também abusando dos emoticons, que servem para produzir símbolos à maneira como nos sentimos, já que a escrita não conta com os mesmos recursos de expressividade disponíveis na oralidade. 28 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa FIGURA 1 – SEM MEDO DO INTERNETÊS FONTE: <https://www.amazon.com.br/Sem-Medo-Internetes- V%C3%A1rios-Autores/dp/8574974463>. Acesso em: 6 maio 2021. BISOGNIN, T. R. Sem medo do internetês. Porto Alegre: Age, 2009. A obra é um ensaio fundamental para a compreensão do que é o internetês e sintetiza a forma como se dá a escrita dos jovens no meio digital. Trata-se de um estudo realizado a nível de pós-graduação para compreender as mudanças da língua na contemporaneidade. Temos também os atos acrônicos. Exemplos, como ‘rs’ (risos); ‘blz’ (beleza); ‘thanks’ (obrigado), além de algumas abreviações como: ‘qdo’ (quando); ‘tbm’ (também); ‘vc’ (você); ‘tdo’ (tudo). Há também algumas ortografi as adaptadas como: ‘kdê’ (cadê); ‘axo’ (acho); naum (não) e ‘eh’ (é). A língua sofre uma constante metamorfose e o ‘internetês’ é um tipo de metamorfose da língua, mas por que isso acontece? A língua se transforma através do tempo e é de acordo com o seu falante que vamos construindo a nossa língua. Assim, com o passar do tempo, todos os nossos antepassados foram transformando a língua e nós hoje somos responsáveis em transformá-la também. Essa transformação da linguagem do ‘internetês’ acontece naturalmente. Todavia, o ‘internetês’ tem um lugar adequado para ser utilizado, que é na internet. 29 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 O ‘internetês’ surgiu por uma noção de dinamicidade da língua e velocidade de comunicação. É para isso que existe o ‘internetês’, portanto, para agilizar a comunicação e a escrita. É importante perceber que todas as escritas são baseadas na norma padrão, assim, não é possível abandonar a norma padrão, pois o ‘internetês’ só deve ser utilizado informalmente, para auxiliar a velocidade da comunicação. Outro erro recorrente diz respeito ao que alguns autores consideram como ‘pedantismo lexical’. Isso diz respeito a não saber o conceito de uma palavra de uso pouco recorrente, mas a pessoa a traz para o seu texto simplesmente porque considera uma palavra bonita. No entanto, se a pessoa não compreende o seu conceito e não sabe usá-la de modo formal, ela acaba cometendo erros e apresentando um vício de linguagem. Por sua vez, quando falamos em ‘seleção lexical’, isso implica selecionar as palavras adequadamente. Léxico é palavra, então selecionar as palavras para pensar no texto que você vai produzir. Pensando nisso, a seleção lexical é muito importante para que se possa ter uma boa estruturação do texto. Melhor ainda, para que se possa passar adequadamente toda a informação pensada em construir, portanto, tudo aquilo que se pretende passar para o seu texto. Seleção lexical é usar um vocabulário muito adequado para aquela informação que se quer atingir e para quem você quer atingir. Se a pretensão for atingir um público um pouco mais novo é possível pensar numa seleção lexical um pouco mais simples. Se o público é um pouco mais velho é possível pensar numa seleção um pouco mais ampla. Então, o vocabulário, o uso das palavras para que a construção desse texto tenha o impacto que se quer ter nas pessoas que se pretende atingir, é essencial para a construção de qualquer texto. Se estamos falando de construção de textos, construção de ideias, estamos falando do pensamento crítico, porque pensar criticamente é transmitir aquilo que se quer pensar, ou melhor, aquilo que se quer apresentar para as pessoas que vão ler o seu texto ou até mesmo que vão te ouvir. Pensar em seleção lexical também impacta na oralidade. Quando temos, por exemplo, uma palestra para dar, dependendo do ambiente em que se estiver, se é uma universidade ou se é apenas dentro de um colégio, ou onde quer que seja, é preciso pensar nas palavras que vão ser utilizadas. Por isso, a seleção lexical é a base para um bom pensamento crítico, base para a construção da informação que vai chegar até as pessoas que vão ouvir. 30 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa O léxico tem a ver com o vocabulário, o conjunto de palavras de uma língua, mudando de língua para língua. Por exemplo, a língua portuguesa possui palavras que a língua inglesa não tem, como a palavra ‘saudade’. A junção de palavras que formam um sentido faz o texto. Seja ele escrito, seja ele falado, o texto possui sempre uma intenção, que perpassará a escolha das palavras. Utilizaremos a seguinte frase como exemplo: ‘o menino passou correndo por aqui’. Se usarmos a mesma frase, mas substituindo a palavra ‘menino’ por ‘moleque’: ‘o moleque passou correndo por aqui’, temos intenções diferentes. A palavra ‘menino’ é muito mais neutra, enquanto a palavra ‘moleque’ é muito mais ‘pejorativa’. Em outras regiões, podemos usar palavras diferentes, como ‘piá’ e ‘guri’. Outro ponto que infl uencia na intenção: se usamos um tom de voz mais agressivo, mais alto, temos uma intenção, por outro lado, se usamos um tom mais calmo, mais tranquilo, temos outra intenção. O local também infl uencia. Se estamos conversando entre amigos, utilizamos uma linguagem mais simples, mais comum. Agora, se estamos indo para uma entrevista de emprego ou se vamos dar uma palestra, por exemplo, é preciso fazer uso da norma padrão. Então, precisamos escolher o nosso vocabulário de acordo com o local. É preciso observar sempre o que está sendo dito, como e onde se diz. O desenvolvimento da competência lexical é importantíssimo para a competência discursiva, ou seja, a partir do momento em que entendemos as palavras e o léxico é possível conseguir entender o mundo e os discursos à nossa volta, ou seja, os textos colocados em prática. Conforme Karwoski, Gaydeczka e Brito (2008), é preciso compreender o que está a nossa volta, compreender o gênero pedido, por exemplo, e aí produzi-lo. Então, o desenvolvimento dessa competência discursiva também auxilia numa melhor compreensão e interpretação textual, observando o que o enunciado nos traz e o que concluímos a partir daquele texto ou daquele enunciado. É importante também pensar que essa é uma ação metalinguística. Olhamos para a língua e refl etimos sobre ela, olhamos para o código e refl etimos sobre ele. Isso é uma ação metalinguística. Se analisarmos, por exemplo, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2014, ele tende a mostrar a importância da escolha lexical. O tema era ‘Publicidade Infantil em questão no Brasil’. Muitos candidatos fi zeram a redação É preciso compreender o que está a nossa volta, compreender ogênero pedido, por exemplo, e aí produzi-lo. 31 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 do ENEM sem observar os textos motivadores e algumas das palavras-chave que estes textos traziam eram importantíssimas. Por exemplo, o primeiro texto motivador tinha como título: ‘A publicidade para crianças no mundo’ e o que a maioria dos candidatos naquele ano fez foi escrever sobre a publicidade com crianças, ou seja, a publicidade para crianças e a publicidade com crianças são dois textos completamente diferentes. Tem-se uma palavra ali que é uma preposição, mas que pode mudar toda a intenção do texto, ou seja, o léxico é importantíssimo, principalmente nas provas e concursos de vestibulares, por exemplo, porque o léxico (as palavras) da frase- tema ajuda a compreender a temática. Se olhamos, por exemplo, para a publicidade infantil e se falamos apenas de publicidade infantil ou de publicidade em geral, estaremos falando do assunto, se focamos em publicidade infantil para crianças, estaremos falando do tema. É necessário que na escrita se apresente a precisão vocabular, o que não diz respeito ao uso de palavras difíceis, mas a escolha de certas palavras para defender bem um ponto de vista. Se a pessoa utiliza uma palavra de difícil compreensão na modalidade formal, ela pode confundir o seu leitor no que diz respeito à apresentação do seu ponto de vista. O impacto que as palavras podem gerar em um texto dependerá também da intenção do autor daquele texto. É possível trazer subjetividade, diferentes valores e ideologias para o texto. A piada é outro exemplo. Às vezes consideramos que algumas pessoas têm um ‘dom’ maior para contar piadas do que outras, mas na realidade essas pessoas acabam utilizando-se das palavras certas dentro da piada, deixando-a mais divertida, elas sabem o tipo de palavra que devem usar para tornar aquele texto mais engraçado para quem está ouvindo. Ou, ainda, uma notícia. Se vamos reelaborar uma realidade, se vemos um acidente e vamos contá-lo a partir de um ponto de vista e a pessoa que estava do outro lado da rua vai contar do ponto de vista dela, a escolha lexical também dependerá disso. É possível planejar os textos pensando em quem vai recebê-los. Se criamos propaganda devemos pensar em palavras específi cas para determinado público- alvo. Se for uma propaganda destinada a um público mais jovem é possível pensar em fatores, como as cores daquela propaganda, as palavras que serão utilizadas etc. 32 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa Muitos textos trazem palavras que vão adquirir signifi cado dentro daquele texto. Por exemplo, se criamos uma palavra dentro do texto, ela vai adquirir signifi cado dentro daquele texto específi co. É possível melhorar o texto selecionando melhor as palavras. Em um concurso público ou uma prova de vestibular, por exemplo, é possível fazer uso de palavras que sejam mais expressivas, que tragam um signifi cado maior àquele texto. É possível deixar um pouco de lado a língua que utilizamos no dia a dia e escolher palavras com mais signifi cado. É possível também olhar para o gênero textual e fazer essa escolha a partir do gênero pessoal. Se a pessoa fi zer uma dissertação argumentativa, por exemplo, deve aprofundar, é preciso convencer aquele leitor, ou seja, fazer uso de palavras que tragam opinião e que convençam a pessoa que esteja lendo aquele texto de que o que está sendo dito é verdade, a partir daí também estaremos fazendo com que aquele leitor concorde cada vez mais com o texto. Ao se observar, por exemplo, um texto que tenha a intenção de vender, ele também selecionará as melhores palavras, escolherá frases pensando no efeito que elas terão sobre aquele leitor. A partir do momento em que internalizamos a escrita, externalizamos o pensamento, ou seja, a partir do momento em que pensamos nos processos necessários para a escrita, conseguimos externalizar o que está dentro da nossa cabeça. O pensamento é algo que não tem uma ordem. Podemos observar várias coisas ao mesmo tempo, quando uma pessoa consegue colocar em ordem o seu pensamento, ela faz isso através da escrita, pensar nesse processo, pensar nas palavras que foram parte daquele texto é importantíssimo. Dessa forma, é possível avaliar uma realidade de maneira global, é possível observar os vários pontos de vista sobre essa realidade. É possível fazer isso também através do pensamento crítico que decorre dessa escolha lexical, é possível resolver problemas com mais efi ciência, ter menos obstáculos no dia a dia, porque se a pessoa dispõe de um conhecimento lexical bom é possível que ela entenda melhor a realidade a sua volta. Se ela observa uma propaganda, por exemplo, consegue identifi car melhor as palavras. Ainda, se possui um bom conhecimento léxico da língua, ao ler um texto, por mais que ela não saiba o signifi cado de todas as palavras, é possível que consiga olhar para o contexto e entender o signifi cado de algumas palavras. Portanto, as pessoas que sabem fazer boas escolhas lexicais têm esse diferencial de compreender o contexto de um modo mais complexo e enxergar 33 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 possibilidades, de interpretar melhor o mundo a sua volta porque têm um conhecimento maior também com relação ao léxico. Obviamente é possível adquirir essa habilidade e compreender cada vez mais o léxico. O fato de ser curioso, por exemplo, de ler diferentes textos com os quais a pessoa não esteja acostumada etc. Isso possibilita expandir horizontes e fugir também de um lugar de conforto. Isso fará com que ela expanda o seu léxico, a sua capacidade lexical, expandindo, também, a sua capacidade discursiva. Há também a questão do ‘gerundismo’, que se caracteriza sobretudo pela conjugação verbal composta em uma situação desnecessária. Ex.: vou estar transferindo sua ligação. No entanto, nem toda construção com gerúndio é gerundismo. É possível a utilização de gerúndios em um texto, ou seja, utilizar alguns verbos com a terminação ‘ndo’ para dar a ideia de continuidade, mas deve ser evitado o seu uso excessivo. Assim, se a redação tem que ser objetiva é necessário evitar os gerundismos. 1 A língua é um código verbal que possui regras comuns aos falantes de uma mesma comunidade, como em nosso caso, em que temos a língua portuguesa como o nosso código e seguimos determinadas regras impostas pela língua portuguesa para nos comunicar. Sobre as diferenciações entre a língua falada e a língua escrita, analise as questões a seguir e assinale a alternativa CORRETA. a) A língua permanece a mesma no decorrer dos tempos. b) As marcas de oralidade devem ser excluídas do texto escrito formal. c) Na modalidade informal, as regras gramaticais devem estar presentes no texto. d) Concordância nominal e verbal são muito comuns na linguagem do internetês. 34 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa 3 TEXTOS: TIPOS, DISCURSO E GÊNEROS Na linguística é feita uma distinção na produção textual entre o que é tipo de texto e gênero textual. As tipologias textuais podem ser compreendidas como certas sequências discursivas, escolhas lexicais, alguns tipos de verbos e tempos verbais que determinam certas textualidades. Os tipos textuais se relacionam a uma estrutura fi xa do texto. Então, quando se fala que um texto possui certo tipo é porque ele tem uma estrutura fi xa, ou seja, ao se olhar para aquele texto é possível identifi car características fi xas. Por exemplo: é escrito sempre em primeira pessoa, é escrito sempre em terceira pessoa, tem a função de persuadir o outro, tem a função de convencer o outro, tem a função de transmitir uma característica, portanto, ele sempre tem a mesma função, possuindo uma estrutura fi xa. Em outras palavras, o tipo textual pode ser compreendido como a maneira como o texto sempre se apresenta para o leitor, a partir de características defi nidas. Trata-se de um texto classificado de acordo com a estrutura, o objetivo e a fi nalidade que tem para o leitor. Esses tipos de texto funcionam como uma espécie de matéria-prima para a produção dos gêneros, que são de fato os textos que comumente se produz, sejam eles textos do cotidiano, editorial, artigo de opinião, conto, crônica, fábula etc. Deste modo, ao se refl etir sobre os tipos textuais, os gramáticos identifi cam entre cinco a nove tipos textuais. Os tipos textuais principais podem então ser subdivididos basicamente entre texto narrativo, argumentativo, descritivo, prescritivo, expositivo, injuntivo e dissertativo. O texto narrativo normalmente conta com personagens, acontece num determinado espaço e tempo, possui um enredo, um clímax e também um desfecho. Assim, a narração é um tipo de texto que terá maior presença de verbos, porque expressa acontecimentos, fatos e ações. O texto argumentativo é aquele, em primeiro lugar, que apresenta uma tese, um ponto de vista, uma opinião e, em segundo lugar, os argumentos ou fundamentos são aqueles pelos quais se chega a uma tese, uma opinião. 35 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 No que tange ao texto descritivo, muitas pessoas confundem o ato de escrever com o ato de narrar, esta é uma diferença essencial entre essas duas tipologias textuais, porque quando uma pessoa descreve algo, ela está diante de uma cena estática, não há ações. Obviamente é possível misturar a descrição com a narração. Isso é muito frequente, por exemplo, num romance, num conto, em gêneros prioritariamente narrativos. De modo geral, a descrição é estática, fazendo-se necessário se valer de verbos, principalmente no presente, ainda se utiliza de adjetivações para caracterizar algum substantivo e modifi car o sentido deste. Assim, o texto descritivo é recheado de passagens, seja com objetivos, seja com locuções adjetivas ou orações que expressem adjetivos. Já o texto prescritivo é uma sequência textual que geralmente não aparece naquela divisão clássica das tipologias. Alguns autores colocam esse tipo de texto no mesmo patamar do texto injuntivo, ou seja, consideram o mesmo tipo. Por sua vez, o texto injuntivo é o tipo de texto que transmite uma ordem, ele dá instruções. Serve para orientar, prescrever, para ensinar a fazer alguma coisa. São exemplos deste tipo de texto: uma receita culinária, um manual de instruções etc. Assim como o texto injuntivo, o texto prescritivo também instrui o leitor sobre um procedimento, ele exigirá que o leitor siga determinadas orientações e apresentará um caráter de coerção. Para isso, esse tipo de texto utilizará verbos no infi nitivo, no imperativo ou ainda verbos no presente do indicativo, sempre indeterminando o sujeito. São exemplos: as leis de trânsito, os manuais, os editais e a própria Constituição Federal. O texto expositivo pode se subdividir em argumentativo e informativo e visa passar uma informação, trata-se de um tipo textual direto e objetivo. O texto expositivo é composto por um título e é dividido em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A exposição serve para informar seu leitor sobre um determinado assunto, ou seja, ele expõe um assunto. Já a dissertação é um texto argumentativo que serve para convencer o leitor de alguma coisa do ponto de vista de quem está escrevendo. 36 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa 3.1 DIFERENÇA ENTRE TEXTO E DISCURSO Existem alguns aspectos do texto que precisam ser observados. Nesse sentido, é importante estabelecer a diferença entre texto e discurso. A partir disso, tem-se a seguinte defi nição de que discurso é uma corrente de pensamento que dialoga com a sociedade. Uma corrente de pensamento pode ser um grupo de artistas, ou um grupo de cientistas, lembrando sempre que precisa ser constituída por um grupo, que deve ter um conjunto de ideias comuns e dialogá-las com a sociedade. Por sua vez, como exposto, defi nir o que é texto é uma atividade complexa e depende muito da abordagem linguística que se segue, mas podemos concordar que texto não é um aglomerado de frases prontas. Como o texto pode ser entendido pelo ponto de vista da análise do discurso? Para a análise do discurso, o texto é a porta de entrada para o discurso. É a materialidade do texto que permite compreender a materialidade discursiva. Nesse sentido, é possível imaginar um iceberg. Aquela parte de cima, que fi ca visível na água, imagine que aquilo é o texto, a parte que fi ca submersa, que quase ninguém vê, é o discurso. Essa parte oculta do discurso é a parte essencial do texto porque é o que dá sustentação ao texto. Para a análise do discurso, o texto é a ‘ilusão’ de unidade, que tem início, meio e fi m e se sustenta, se ancora na responsabilidade de quem assume o que diz, que no caso é o autor. Em contrapartida, o discurso é a dispersão entre as várias formações discursivas, exatamente por sempre se relacionar a algo já dito, tendo em vista que uma pessoa não diz a partir do zero, sendo que para a análise do discurso seria uma ilusão achar que alguém é dono do seu dizer. Por que o discurso é tão instável? Exatamente por estar à deriva dessas novas ressignifi cações. O mesmo discurso que signifi ca algo indeterminado (a formação discursiva) pode ser deslocado para uma nova formação discursiva e signifi car outra coisa, daí a sua instabilidade. Como exemplo, analisaremos o provérbio ‘é dando que se recebe’. Nesse provérbio, a formação discursiva da missa tem essa questão da caridade, de que quanto mais se dá se recebe bênçãos. No entanto, se esse discurso for deslocado, 37 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 por exemplo, para uma nova formação discursiva, como uma formação discursiva política e um político diz ao outro ‘é dando que se recebe’, isso pode apresentar uma conotação de corrupção, trocas favoráveis a ambos. A partir desse exemplo é possível perceber que o discurso é exatamente instável por isso, ele pode se ressignifi car a partir dessa troca de formação discursiva. Enquanto no texto temos o autor, que é aquele que assume a responsabilidade pelo que diz, no discurso não há autores, o que temos são posições-sujeitos, que são determinados conforme a formação discursiva em que os indivíduos podem se inscrever. Outro exemplo é o padre. Dentro dessa formação discursiva religiosa, ele assume a posição-sujeito de padre, ele assume essa responsabilidade, essa autoria pelo que diz, mas na realidade, todo o seu sermão, toda a sua mensagem é baseada no já dito, por meio de tudo o que ele já leu, que ele conhece, seu discurso baseia-se na sua formação. Então, a sua mensagem está atrelada aos discursos passados. Por isso é comum dizer que o autor está para o texto, assim como sujeito está para o discurso. É relevante ressaltar que para a análise do discurso, o texto ultrapassa a barreira de apenas informar alguma coisa e por mais que possua início, meio e fi m, ele não é fechado em si mesmo, como dito, o texto não é apenas um aglomerado de frases. Se afi rmamos que o texto tem início, meio e fi m, como ele não é fechado em si mesmo? O texto quando relacionado ao discurso ganha esse aspecto de incompletude e é exatamente por essa condição de incompletude que ele fi ca à deriva, ele fi ca aberto às novas possibilidades de sentidos e de interpretações. Todavia, isso não pressupõe que o texto possa ser interpretado como se queira. É preciso ter em mente que o texto tem a sua opacidade signifi cativa, ou seja, a partir do momento que uma pessoa está em contato com o texto, ele é perpassado por diversos fatores: pela posição do sujeito, ou seja, que posição ele está assumindo ao dizer aquele discurso, em que ideologia aquele discurso foi construído, em que contexto sócio-histórico-cultural etc. Tudo isso condicionará e levará a uma interpretação daquele objeto simbólico que está sendo dito no texto e como a pessoa interpretará isso. Referente à interpretação,ela sempre poderá ser outra, porém, esse movimento de interpretação não é totalmente desorganizado e caótico. Há uma linha a se seguir, conforme a situação comunicativa ou o contexto em que ele foi produzido, portanto, as condições de produção determinarão, dentro das várias 38 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa possibilidades de interpretação, como se interpretará da melhor forma possível aquele objeto simbólico, o signifi cado daquele texto e o seu sentido. Portanto, a interpretação pode ser múltipla e variada. Essas possibilidades interpretativas dependerão da produção, da reprodução, da recepção e de quem receberá essa mensagem. Para a análise do discurso, o que interessa é que o texto se organize em sua discursividade, ou seja, como o texto se relaciona e se conecta aos discursos em que ele está afi liado. Se o texto trata de determinado tema, ela então analisará como esse texto está correlacionado à formação discursiva sobre determinado assunto. 3.2 TIPOS TEXTUAIS VERSUS GÊNEROS TEXTUAIS É importante compreender as tipologias textuais e os gêneros textuais antes de aprender a escrever um texto dissertativo, uma carta argumentativa ou um relato. Nesse sentido, as tipologias textuais são diferentes dos gêneros textuais, sendo que estes últimos pertencem às tipologias textuais. É como se as tipologias textuais fossem grandes grupos e os gêneros textuais fossem pertencentes a esses grupos. Os gêneros textuais possuem características semelhantes. Os gêneros que pertencem à tipologia narrar têm características em comum, mas eles não são iguais. Por exemplo: uma receita, um manual e uma bula pertencem à mesma tipologia textual, mas são diferentes entre si. Se uma pessoa pega uma receita, ela é diferente de uma bula de remédio, por exemplo. Todos os textos têm fi nalidades sociais, eles possuem um objetivo a ser alcançado dentro das nossas vidas. Então, por exemplo, se uma pessoa quer fi nalizar um jogo, ela entra no site do YouTube e vê como fi naliza aquele jogo, se ela procura por uma instrução, uma orientação ou um passo a passo sobre como fazer um brigadeiro, ela procurará por uma receita de brigadeiro, sendo este outro gênero textual. Ou, ainda, se a pessoa quer começar a assistir a uma série e quer saber o que as pessoas pensam sobre essa série antes de começar a assisti-la, ela procurará resenhas, por exemplo. Portanto, as pessoas estão a todo tempo em contato com os gêneros textuais. 39 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 Assim, todos esses gêneros têm uma fi nalidade na vida das pessoas e na sociedade. Não se trata de decorar todas as características de cada gênero textual, mesmo porque os gêneros textuais são muitos. É preciso, na realidade, compreender para que aquele gênero, texto oral ou escrito serve. Os gêneros textuais são subgrupos dentro dos tipos textuais. Eles se adéquam ao uso que os falantes do idioma e as pessoas que escrevem em determinado idioma fazem dele. Eles são mais livres, se adéquam às situações cotidianas. Já os tipos textuais possuem como características estruturas fi xas que ditam as regras de todo o restante. Os tipos textuais pressupõem então os aspectos sintáticos e lexicais de um texto, suas relações lógicas e seus tempos verbais. De acordo com Marcuschi (2004, p. 27), “quando se nomeia um certo texto como “narrativo”, “descritivo” ou “argumentativo”, não está nomeando o gênero e sim o predomínio de um tipo de sequência de base”. A intenção de um gênero textual é outra, é uma intenção comunicativa. A intenção é transmitir a mensagem ao interlocutor de forma efetiva com foco na intenção comunicativa e não nos aspectos estruturais, ou seja, eles possuem uma função social específi ca da língua, que é estabelecer a comunicação. Os gêneros textuais possuem um conjunto limitado de características, que são determinadas pelo autor, pelo conteúdo que ele deseja transmitir, pela composição e função. O romance, por exemplo, está dentro do tipo textual narrativo. É possível saber que aquele texto se enquadra como um romance porque ele possui características comuns com outros romances, só que ele é mais livre, é possível criar enredos diferentes, formas diferentes de transmitir uma mensagem de texto, tipo de gênero para o leitor etc. Dentre os exemplos de gêneros textuais, tem-se a receita culinária (tipo textual injuntivo/instrutivo), o blog, o e-mail, o telefonema (apresentam variadas tipologias textuais, tais como: narrativo, descritivo, dissertativo etc.), a lista de compras (tipo textual injuntivo instrucional), a bula de remédio (tipo textual injuntivo instrucional), a carta comercial (apresenta variadas tipologias textuais, como narrativa, descritiva, argumentativa etc.), carta argumentativa (tipo textual argumentativo) etc. 40 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa 1 Pense nos seguintes gêneros textuais: uma receita de bolo, uma bula de remédio e um manual de instruções. Esses três textos possuem formatos diferentes e têm características diferentes, tendo em vista que uma receita de bolo é composta por uma lista de ingredientes a serem seguidos para se fazer aquela receita, uma bula de remédio tem outro formato, aparecem as contra- indicações, a posologia, o modo de tomar determinado remédio, bem como o manual de instruções ensina passo a passo como montar, por exemplo, um objeto. Apesar de serem gêneros diferentes, eles têm em comum o fato de: a) Pertencerem ao tipo textual narrativo. b) Pertencerem a tipo textual expositivo. c) Pertencerem ao tipo textual injuntivo. d) Pertencerem ao tipo textual dissertativo. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A partir da refl exão ‘o que é um texto, afi nal?’, percebemos que um texto pode ser compreendido como um todo dotado de sentido. Ele possui um início, um meio e um fi m e foi produzido por uma pessoa que está num determinado local e momento histórico. Como o texto é um debate social, ou seja, é algo que está inserido dentro da sociedade, ele não é algo isolado, não é produto da individualidade exclusiva de cada um. O texto foi produzido por alguém que tem questões psicológicas, biológicas, sociais, históricas, ideológicas e culturais. Logo, esse texto também tem de respeitar a seguinte característica: ele é delimitado pelo tempo e pelo espaço em que foi produzido. A seleção de palavras adequadas para a produção de um texto é fundamental, pois cada vez que escolhemos uma palavra podemos dar um impacto diferente para uma notícia e para uma informação. Então, as palavras são extremamente importantes na construção do pensamento crítico. Se usamos uma palavra mais branda queremos que a pessoa tenha um pensamento diferente, se usamos uma palavra mais rude, temos outro 41 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Capítulo 1 pensamento construído a partir disso, obviamente que depende da intenção de quem produz aquele texto, do público que se pretende atingir e como se pretende atingir esse público. Nesse sentido, a escolha das palavras, a seleção lexical, fará toda a diferença no momento de construção do pensamento de quem vai ler aquele texto. O autor é responsável por fazer com que aquela pessoa crie um pensamento a partir daquilo que foi escrito e das palavras escolhidas. Por fi m, tomando como base a discussão sobre gêneros e tipos textuais, qual a diferença e fi nalidade destes? Conforme exposto, os gêneros textuais e os tipos textuais são diferentes entre si. Os gêneros são subgrupos dentro dos tipos textuais. Eles se adéquam ao uso que os falantes do idioma e as pessoas que escrevem em determinado idioma fazem dele. Já os tipos textuais possuem como características estruturas fi xas que ditam as regras de todo o restante, pressupondo os aspectos sintáticos e lexicais de um texto, suas relações lógicas e seus tempos verbais. 42 Fundamentos do Texto em Língua IngLesa REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Marxismo e fi losofi a da linguagem.
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