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Promoção da saúde

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PROMOÇÃO DA SAÚDE: A promoção da saúde foi nominada, pela primeira vez, pelo
sanitarista Henry Sigerist, no início do século XX. Segundo a sua concepção, a promoção
da saúde envolveria ações de educação em saúde e ações estruturais do Estado para
melhorar as condições de vida da população.
- Marc Lalonde, Ministro da Saúde do Canadá na década de 1970, ao investigar o impacto
dos investimentos e gastos em saúde na melhoria dos indicadores, constatou que 80% das
causas das doenças estavam relacionadas a estilos de vida e ambiente. Esse foi um
disparador para o questionamento sobre a capacidade das ações sanitárias setoriais serem
capazes de resolver os problemas de saúde. Isto levou Lalonde a atribuir ao governo a
responsabilidade por outras medidas, como o controle de fatores que influenciam o meio
ambiente (poluição do ar, eliminação de dejetos humanos, água de abastecimento público).
Assim, um processo de (re)valorização e (re)conceituação da promoção da saúde começou
a surgir, a partir da demanda pelo controle dos custos crescentes referentes à assistência
médica – os quais não correspondiam a resultados igualmente significativos, bem como da
necessidade de enfrentamento do quadro crescente de doenças crônico-degenerativas
numa realidade de envelhecimento populacional.
- Nesse contexto, um conceito mais contemporâneo de promoção da saúde surgiu em 1986,
quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu a Primeira Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, em Ottawa, Canadá. Esse encontro consistiu em
uma resposta à crescente demanda por uma nova concepção de saúde pública no mundo,
que pudesse responder à complexidade emergente dos problemas de saúde, cujo
entendimento não era mais possível por meio do enfoque preventivista tradicional –
vinculação de uma determinada doença a um determinado agente ou a um grupo de
agentes – mas que se relacionasse a questões como as condições e modos de vida. Como
produto da Conferência, foi emitida a Carta de Ottawa para a Promoção da Saúde:
‘’A Carta de Ottawa reforça o conceito ampliado de saúde e seus determinantes para além
do setor saúde, englobando conjuntamente as condições biológicas, sociais, econômicas,
culturais, educacionais, políticas e ambientais. Ficaram definidos como condições e
recursos fundamentais para a saúde: paz, habitação, educação, alimentação, renda,
ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade’’
- a promoção da saúde se define como o processo de fortalecimento e capacitação de
indivíduos e coletividades (municípios, associações, escolas, entidades do comércio e da
indústria, organizações de trabalhadores, meios de comunicação), no sentido de que
ampliem suas possibilidades de controlar os determinantes do PSa e, com isso, ensejem
uma mudança positiva nos níveis de saúde. Implica na identificação dos obstáculos à
adoção das políticas públicas de saúde e em um modo de removê-los, além de considerar a
intersetorialidade das ações, a implementação de ações coletivas e comunitárias, além da
reorientação dos serviços de saúde.
- Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no
controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e
social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e
modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a
vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que
enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a
promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de
um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global.
• Determinantes Sociais da Saúde (DSS): O conceito de DSS surgiu a partir de uma série
de comentários publicados nos anos 1970 e no início dos anos 1980 que destacavam as
limitações das intervenções em saúde quando orientadas pelo risco de doença nos
indivíduos, pois para compreender e melhorar a saúde, é necessário focalizar as
populações. Para isso, em 2006, foi criada no Brasil a Comissão Nacional sobre
Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), que define que DSS são os fatores sociais,
econômicos, étnicos/raciais, psicológicos, comportamentais e culturais que influenciam a
ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. A comissão
homônima da OMS adota uma definição mais curta, segundo a qual DSS são as condições
sociais em que as pessoas vivem e trabalham.
- Comissão nacional sobre os determinantes sociais da saúde: Foi criada por decreto
presidencial, em março de 2006. É composta por dezesseis especialistas e personalidades
da vida social, econômica, cultural e científica do país. Expressam o reconhecimento de que
a saúde é um bem público, a ser construído com a participação solidária de todos os
setores da sociedade brasileira. Identifica com maior precisão as causas de natureza social,
econômica e cultural da situação de saúde da nossa população. Identifica políticas públicas
de saúde e extra - setoriais, assim como iniciativas da sociedade, que ajudam a
enfrentá-las, buscando garantir maior equidade e melhores condições de saúde e qualidade
de vida para os brasileiros
- Desafios: Estabelecer uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais de
natureza social, econômica, política e as mediações através das quais esses fatores
incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas, já que a relação de determinação
não é uma simples relação direta de causa-efeito. Distinção entre os determinantes de
saúde dos indivíduos e os de grupos e populações, pois alguns fatores que são importantes
para explicar as diferenças no estado de saúde dos indivíduos não explicam as diferenças
entre grupos de uma sociedade ou entre sociedades diversas. Não basta somar os
determinantes de saúde identificados em estudos com indivíduos para conhecer os
determinantes de saúde no nível da sociedade.
- Modelo de Dahlgren e Whitehead: inclui os DSS dispostos em diferentes camadas, desde
uma camada mais próxima dos determinantes individuais até uma camada distal, onde se
situam os macrodeterminantes. Apesar da facilidade da visualização gráfica dos DSS e sua
distribuição em camadas, segundo seu nível de abrangência, o modelo não pretende
explicar com detalhes as relações e mediações entre os diversos níveis e a gênese das
inequidades.
- o primeiro nível relacionado aos fatores comportamentais e de estilos de vida indica que
estes estão fortemente influenciados pelos DSS, pois é muito difícil mudar comportamentos
de risco sem mudar as normas culturais que os influenciam. Para atuar nesse nível de
maneira eficaz, são necessárias políticas de abrangência populacional que promovam
mudanças de comportamento, através de programas educativos, comunicação social,
acesso facilitado a alimentos saudáveis, criação de espaços públicos para a prática de
esportes e exercícios físicos, bem como proibição à propaganda do tabaco e do álcool em
todas as suas formas. O segundo nível corresponde às comunidades e suas redes de
relações. Os laços de coesão social e as relações de solidariedade e confiança entre
pessoas e grupos são fundamentais para a promoção e proteção da saúde individual e
coletiva, aqui se incluem políticas que busquem estabelecer redes de apoio e fortalecer a
organização e participação das pessoas e das comunidades, especialmente dos grupos
vulneráveis, em ações coletivas para a melhoria de suas condições de saúde e bem-estar, e
para que se constituam em atores sociais e participantes ativos das decisões da vida social.
O terceiro nível se refere à atuação das políticas sobre as condições materiais e
psicossociais nas quais as pessoas vivem e trabalham, buscando assegurar melhor acesso
à água limpa, esgoto, habitação adequada, alimentos saudáveis e nutritivos, emprego
seguro e realizador, ambientes de trabalho saudáveis, serviçosde saúde e de educação de
qualidade e outros. Em geral essas políticas são responsabilidade de setores distintos, que
frequentemente operam de maneira independente, obrigando o estabelecimento de
mecanismos que permitam uma ação integrada. O quarto nível de atuação se refere à
atuação ao nível dos macro-determinantes, através de políticas macroeconômicas e de
mercado de trabalho, de proteção ambiental e de promoção de uma cultura de paz e
solidariedade que visem a promover um desenvolvimento sustentável, reduzindo as
desigualdades sociais e econômicas, as violências, a degradação ambiental e seus efeitos
sobre a sociedade.
- Modelo de Diderichsen e Hallqvist: Enfatiza a estratificação social gerada pelo contexto
social, que confere aos indivíduos posições sociais distintas, as quais por sua vez provocam
diferenciais de saúde. De acordo com a posição social ocupada pelos diferentes indivíduos,
aparecem diferenciais, como o de exposição a riscos que causam danos à saúde (ii); o
diferencial de vulnerabilidade à ocorrência de doença, uma vez exposto a estes riscos (iii); e
o diferencial
de consequências sociais ou físicas, uma vez contraída a doença (iv).
02- Diferenciar os termos prevenção de doenças e promoção da saúde, discutindo os níveis
de prevenção de Leavell e Clark
• A prevenção corresponde a medidas gerais, educativas, que objetivam melhorar a
resistência e o bem- estar geral dos indivíduos (comportamentos alimentares, exercício
físico e repouso, contenção de estresse, não ingestão de drogas ou de tabaco), para que
resistam às agressões dos agentes. Também diz respeito a ações de orientação para
cuidados com o ambiente, para que esse não favoreça o desenvolvimento de agentes
etiológicos (comportamentos higiênicos relacionados à habitação e aos entornos). Tem
como foco as doenças, sua prevenção e formas de tratamento.
• Prevenção de doenças x Promoção da Saúde
- A prevenção de doenças trabalha no sentido de garantir proteção a doenças específicas,
reduzindo sua incidência e prevalência nas populações à Objetivo final: evitar a doença
- A promoção da saúde moderna visa incrementar a saúde e o bem-estar gerais,
promovendo mudanças nas condições de vida e de trabalho capazes de beneficiar a saúde
de camadas mais amplas da população, ou seja, facilitar o acesso às escolhas mais
saudáveis. Enfoque mais amplo e abrangente; à Objetivo contínuo: nível ótimo de vida e de
saúde.
• Modelo de Leavell e Clarck: segundo esse modelo, existem 3 níveis de prevenção, são
eles:
- Primária (promoção da saúde e proteção específica): A promoção da saúde aparece como
prevenção primária, confundindo-se com a prevenção referente à proteção específica
(vacinação, por exemplo). Corresponde a medidas gerais, educativas, que objetivam
melhorar a resistência e o bem-estar geral dos indivíduos (comportamentos alimentares,
exercício físico e repouso, contenção de estresse, não ingestão de drogas ou de tabaco),
para que resistam às agressões dos agentes. Também diz respeito a ações de orientação
para cuidados com o ambiente, para que esse não favoreça o desenvolvimento de agentes
etiológicos (comportamentos higiênicos relacionados à habitação e aos entornos).
- Secundária (diagnóstico e tratamento precoce; limitação da invalidez): Engloba estratégias
populacionais para detecção precoce de doenças, como por exemplo, o rastreamento de
câncer de colo uterino. Também contempla ações com indivíduos doentes ou acidentados
com diagnósticos confirmados, para que se curem ou mantenham-se funcionalmente
sadios, evitando complicações e mortes prematuras. Isto se dá por meio de práticas clínicas
preventivas e de educação em saúde, objetivando a adoção/mudança de comportamentos
(alimentares, atividades físicas etc.). Apresenta-se em dois níveis, o primeiro diagnóstico e
tratamento precoce e o segundo limitação da invalidez. Visa um diagnóstico imediato e um
tratamento para evitar a prevalência da doença no indivíduo
- Terciária (reabilitação): Consiste no cuidado de sujeitos com sequelas de doenças ou
acidentes, visando a recuperação ou a manutenção em equilíbrio funcional (reabilitação do
indivíduo e redução de sua incapacidade)
Esse modelo contribuiu para destacar as ações sobre o ambiente e sobre os estilos de vida,
além de ações clínicas, o que foi fundamental dentro do processo de transição
epidemiológica vivenciado no último século, com as doenças crônico-degenerativas
ocupando um lugar de destaque. Dessa maneira, a promoção da saúde, além de se
associar a medidas preventivas, passou a englobar a promoção de ambientes e estilos de
vida saudáveis
03- Discutir a importância da prevenção quaternária
• As ações em saúde, tanto preventivas quanto curativas, têm sido consideradas, em
algumas situações, excessivas e agressivas, tornando-se também um fator de risco para a
enfermidade e a doença. Por essa razão, em 1995, Jamoulle e Roland propuseram o
conceito de Prevenção Quaternária (Prevenção da Iatrogenia), aceito pelo Comitê
Internacional da Organização Mundial dos Médicos de Família em 1999. Esse novo nível de
prevenção pressupõe ações clínicas centradas na pessoa, e pautadas na epidemiologia
clínica e na saúde baseada em evidências, visando melhorar a qualidade da prática em
saúde, bem como a racionalidade econômica. Portanto, as ações devem ser cultural e
cientificamente aceitáveis, necessárias e justificadas, prezando pelo máximo de qualidade
da atenção com o mínimo de quantidade/intervenção possível.
• Outro objetivo da prevenção quaternária é construir a autonomia dos usuários e pacientes
por meio de informações necessárias e suficientes para poderem tomar suas próprias
decisões, sem falsas expectativas, conhecendo as vantagens e os inconvenientes dos
métodos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos propostos. Em suma, consiste na
construção da autonomia dos sujeitos e na detecção de indivíduos em risco de sobre
tratamento ou excesso de prevenção, para protegê-los de intervenções profissionais
inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
• Importância da Prevenção Quaternária: A prevenção quaternária facilita e induz o
desenvolvimento e sistematização de saberes e diretrizes operacionais para a contenção da
hipermedicalização e dos danos das ações preventivas no cuidado profissional, sobretudo
na atenção primária à saúde. A P4 na prevenção induz uma discussão organizada, um
reconhecimento coletivo dos profissionais e do sistema de saúde de situações
problemáticas, em que são comuns atitudes intervencionistas e sobremedicalizadoras,
potencialmente mais danosas, que demandam saberes orientadores de contenção e
correção. Isso abre espaço para construção de diretrizes que precisam ser sistematizadas
para maior proteção dos usuários dos danos e riscos produzidos pela ação clínico-sanitária
preventiva.
• OBS: O QUE É IATROGENIA? Iatrogenia refere-se ao efeito negativo sobre o paciente,
resultante de qualquer procedimento curativo realizado por um profissional de saúde ao
aplicar produtos ou serviços pretensamente benéficos, como sondagens, intubações,
cirurgias e medicamentos.

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