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Saúde mental - anatomia - problema 5 Aspectos morfológicos da gastrite Erosão - Descontinuidade da pele com perda incompleta da epiderme - Perda parcial ou completa da epiderme. Por não envolver a derme cura-se sem deixar cicatriz. Podem se ocasionar por traumas ou em doenças cutâneas inflamatórias ou infecciosas. Escoriação é uma erosão linear causada por coçadura ou atrito. Úlceras Uma úlcera é um defeito local, ou escavação, da superfície de um órgão ou tecido, que é produzida por perda (desprendimento) de tecido necrótico inflamado. A ulceração pode ocorrer somente quando a necrose do tecido e a inflamação resultante existem em cima ou próximo à superfície. Ela é mais comumente encontrada: - Na mucosa da boca, estômago, intestinos ou trato urinário; - Na pele e no tecido subcutâneo das extremidades inferiores em pessoas idosas que têm distúrbios circulatórios que predispõem a extensa necrose isquêmica. As ulcerações são mais bem exemplificadas pela úlcera péptica do estômago ou do duodeno, onde a inflamação aguda e crônica coexistem. Durante o estágio agudo, existe uma intensa infiltração polimorfonuclear e dilatação vascular nas margens do defeito. Com a cronicidade, as margens e as bases da úlcera desenvolvem proliferação fibroblástica, cicatrização, e acúmulo de linfócitos, macrófagos e células do plasma. Gastristes e gastropatias Gastrite significa reação inflamatória na parede do estômago. Quando primária, a inflamação limita-se à mucosa; quando associada a doenças inflamatórias sistêmicas, infecciosas ou não, o processo pode estender-se às demais camadas do órgão (doença de Crohn). Quando usada sem outras especificações, gastrite refere-se a processo inflamatório primário da mucosa gástrica. Na linguagem comum, porém, o termo gastrite costuma ser usado de modo amplo para indicar estados clínicos acompanhados de queimação ou dor epigástrica e desconforto abdominal, sintomas esses nem sempre associados a inflamação na mucosa gástrica ou outro tipo de lesão anatômica. Na prática médica, esses casos devem ser rotulados de forma mais correta como dispepsia funcional, que constitui uma entidade clínica; gastrite é uma condição histopatológica sem quadro clínico específico e, em grande número de indivíduos, assintomática. Gastropatia designa afecções gástricas de evolução aguda ou crônica sem componente inflamatório evidente, representado por fenômenos degenerativos e regenerativos do epitélio, secundárias a agressões químicas. Os agentes podem ter origem tanto exógena, como bebidas alcoólicas e medicamentos, quanto endógena, como refluxo de sais biliares. De início, as observações sobre esse grupo de lesões foram feitas em pacientes gastrectomizados, a partir de estudos endoscópico e histológico da mucosa gástrica de boca anastomótica em contato com refluxo biliar; algum tempo depois, tais lesões foram descritas em estômagos intactos, passando a ser chamadas gastrite de refluxo. Mais tarde, outros estudos mostraram que lesões semelhantes podem ser provocadas por outros agentes. As gastropatias podem ser agudas, quando predominam lesões degenerativas, ou crônicas, quando prevalecem alterações regenerativas. As gastropatias crônicas associadas a agressão química são ainda pouco conhecidas. Gastrite aguda Processo inflamatório transitório da mucosa que pode ser assintomático ou provocar graus variáveis de dor epigástrica, náuseas e vômitos. Em casos mais graves pode haver erosão da mucosa, ulceração, hemorragia, hematêmese, melena ou, raramente, perda maciça de sangue. A luz gástrica é fortemente ácida, com pH próximo de 1 (um milhão de vezes mais ácida do que o sangue). Esse ambiente hostil contribui para a digestão, mas também tem o potencial de danificar a mucosa. Múltiplos mecanismos evoluíram para proteger a mucosa gástrica. A mucina secretada pelas células foveolares da superfície forma uma camada fina de muco que impede que as partículas de alimentos toquem diretamente o epitélio. A camada de muco também promove a formação de uma camada “imperturbável” de líquido sobre o epitélio que protege a mucosa e tem pH neutro como resultado de secreção de íon de bicarbonato por células epiteliais da superfície. Finalmente, o rico suprimento vascular para a mucosa gástrica fornece oxigênio, bicarbonato e nutrientes, enquanto lava o ácido que difundiu de volta em direção à lâmina própria. A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer depois da ruptura de qualquer um desses mecanismos de proteção. Por exemplo, síntese reduzida de mucina em idosos é sugerida como um fator que explica a sua maior suscetibilidade à gastrite. AINEs podem interferir na citoproteção normalmente fornecida por prostaglandinas ou reduzir a secreção de bicarbonato, sendo que ambos aumentam a suscetibilidade da mucosa gástrica a lesões. Ingestão de substâncias químicas hostis, principalmente ácidos ou bases resulta em lesão gástrica grave, predominantemente como consequência de danos diretos às células epiteliais e estromais da mucosa. A lesão celular direta também está implicada na gastrite devido ao consumo excessivo de álcool, AINE, radioterapia e quimioterapia. No exame histológico, a gastrite aguda leve pode ser difícil de reconhecer, uma vez que a lâmina própria exibe apenas edema moderado e congestão vascular discreta. O epitélio da superfície está íntegro, embora possa haver presença de neutrófilos dispersos. Linfócitos da lâmina própria e células plasmáticas não são proeminentes. Presença de neutrófilos acima da membrana basal - especificamente em contato direto com as células epiteliais - é anormal em todas as partes do trato gastrointestinal e significa inflamação ativa. Com danos à mucosa mais graves, a erosão, ou perda do epitélio superficial, pode ocorrer, levando à formação de infiltrados neutrofílicos nas mucosas e exsudatos purulentos. Também pode ocorrer hemorragia, que manifesta como pontos escuros em mucosa hiperêmica em outros aspectos. Presença concomitante de erosão e hemorragia é denominada gastrite hemorrágica erosiva aguda. Gastrite crônica Sinais e sintomas associados à gastrite crônica geralmente são menos graves, mas mais persistentes do que os de gastrite aguda. Náuseas e desconforto abdominal superior podem ocorrer, às vezes com vômitos, mas hematêmese é incomum. A causa mais é a infecção por bacilo Helicobacter pylori. A gastrite autoimune, causa mais comum de gastrite atrófica, representa menos de 10% dos casos de gastrite crónica e é a forma mais comum de gastrite crônica em pacientes sem infecção pelo H. pylori. Causas menos comuns incluem danos causados pela radiação e refluxo biliar crônico. São classificadas segundo topografia (antro, corpo e/ou fundo gástricos), características morfológicas e etiologia. Gastrite crônica é um processo dinâmico e tipos diferentes de gastrite crônica podem refletir apenas um momento na evolução do quadro. Achados morfológicos principais das GC incluem: 1) inflamação - infiltrado inflamatório linfoplasmocitário na lâmina própria, com/sem formação de folículos linfoides (ou agregados); 2) atividade - presença de neutrófilos (PMN), que se localizam preferencialmente em torno dos colos glandulares e fovéolas, podendo formar microabscessos de cripta e atingir o epitélio de superfíce nos casos mais intensos; 3) atrofia - redução dos componentes da mucosa, que se torna delgada e mostra rarefação e afastamento das glândulas e alongamento/alargamento das fovéolas. Quando há atrofia, fala-se em gastrite crônica atrófica. Atrofia associa-se frequentemente a metaplasia intestinal. 4) metaplasia intestinal - substituição do epitélio gástrico por epitélio com características de epitélio intestinal (intestino delgado e/ou cólon), com ou sem manutenção das características do epitélio gástrico foveolar. Alterações qualitativas podem estar presentes: a) alterações epiteliais – o epitélio superficial/foveolarpode apresentar alterações degenerativas por ação direta do agente etiológico, ativação local de leucócitos ou ação de radicais livres de O2 , ou regenerativas; b) displasia aparece em menos de 5% dos casos, ocorre no epitélio com metaplasia intestinal e pode ser de alto ou baixo graus; c) hiperemia e edema; d) erosões; e) folículos linfoides; f) fibrose da lâmina própria e proliferação vascular; g) metaplasia pseudoantral - associada a atrofia da mucosa oxíntica, resulta do predomínio da diferenciação de células mucossecretoras sobre as células parietais e principais, componentes habituais dessa região. Gastrite por Helicobacter pylori A descoberta da associação de H. pylori com a doença de úlcera péptica revolucionou o entendimento da gastrite crônica. Esses bacilos em forma de espiral ou curvados estão presentes em amostras de biópsia gástrica de quase todos os pacientes com úlceras duodenais e na maioria das pessoas com úlcera gástrica ou gastrite crônica. A infecção aguda por H. pylori não produz sintomas suficientes para exigir atenção médica na maioria dos casos; mas a gastrite crônica faz com que a pessoa acometida procure tratamento. Microrganismos de H. pylori estão em 90% dos pacientes com gastrite crônica que afeta o antro. Além disso, o aumento da secreção ácida que ocorre na gastrite por H. pylori pode resultar em doença de úlcera péptica do estômago ou duodeno; infecção por H. pylori confere risco de câncer gástrico. Nos EUA, a infecção por H. pylori está associada a pobreza, aglomeração domiciliar, educação limitada, etnia afro-americana ou mexicana, residência em áreas com saneamento precário. As taxas de colonização excedem 70% em alguns grupos e variam desde menos de 10% a mais de 80% em nível mundial. Em áreas de alta prevalência, a infecção geralmente é adquirida na infância e persiste por décadas. Assim, a incidência de infecção por H. pylori correlaciona-se mais estreitamente com saneamento e higiene durante a infância de um indivíduo. A infecção por H. pylori na maioria das vezes manifesta-se como gastrite predominantemente antral com alta produção de ácido, apesar de hipogastrinemia. O risco de úlcera duodenal é aumentado nesses pacientes e a gastrite está limitada ao antro. Organismos de H. pylori adaptaram-se ao nicho fornecido pelo muco gástrico. Embora possa invadir a mucosa gástrica, a contribuição da invasão para a patogenia da doença não é conhecida. Quatro características estão ligadas à virulência: - Flagelos, que possibilitam que as bactérias se movam no muco - Urease, gera amônia a partir de ureia endógena, elevando o pH em torno de microrganismos e protegendo do pH estomacal - Adesinas, que aumentam a aderência bacteriana à superfície - Toxinas, que podem estar envolvidas no desenvolvimento de úlcera ou câncer por mecanismos mal definidos. Esses fatores possibilitam ao H. pylori criar um desequilíbrio entre as defesas da mucosa gastroduodenal e forças prejudiciais que superam essas defesas. Com o tempo, a gastrite antral crônica por H. pylori pode evoluir para pangastrite, resultando em gastrite atrófica multifocal, secreção ácida reduzida, metaplasia intestinal e aumento do risco de adenocarcinoma gástrico em um subgrupo de pacientes. Os mecanismos subjacentes que contribuem para essa progressão não são claros, mas as interações entre o sistema imune do hospedeiro e da bactéria são importantes. A biópsia gástrica geralmente demonstra H. pylori em pessoas infectadas. O organismo é concentrado no muco superficial que cobre o epitélio da superfície e do colo das criptas. A reação inflamatória inclui um número variável de neutrófilos na lâmina própria, abrangendo alguns que atravessam a membrana basal para assumir uma localização intraepitelial e se acumulam na luz das criptas gástricas criando abscessos criptas. A lâmina própria superficial inclui grande número de células plasmáticas, muitas vezes em aglomerados ou em lâminas, bem como número aumentado de linfócitos e macrófagos. Quando intensos, os infiltrados inflamatórios podem criar espessamento das pregas da mucosa, simulando lesões infiltrativas. Agregados linfoides, alguns com centros germinais, frequentemente estão presentes e representam uma forma induzida de tecido linfoide associado à mucosa (MALT) que tem o potencial de transformar-se em linfoma. Metaplasia intestinal, caracterizada pela presença de células caliciformes e células colunares de absorção, também pode estar presente e está associada ao risco aumentado de adenocarcinoma gástrico. O H. pylori apresenta tropismo para epitélio foveolar gástrico e geralmente não é encontrado em áreas de metaplasia intestinal, mucosa produtora de ácido do corpo gástrico ou epitélio duodenal. Assim, uma biópsia antral é preferida para a avaliação da gastrite por H. pylori. Além da identificação histológica do microrganismo, vários testes de diagnóstico têm sido desenvolvidos, incluindo um teste sorológico não invasivo de anticorpos anti-H. pylori, detecção de bactérias fecais e teste respiratório da ureia com base na geração de amônia pela urease bacteriana. As amostras de biópsia gástrica também podem ser analisadas pelo teste de urease rápido, cultura bacteriana ou ensaio de reação em cadeia da polimerase (PCR) para DNA bacteriano. Os tratamentos eficazes incluem combinações de antibióticos e inibidores da bomba de prótons. Os pacientes com gastrite por H. pylori geralmente melhoram após o tratamento, embora possam ocorrer recidivas após erradicação incompleta ou reinfecção.
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