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16. MANDADO DE SEGURANÇA E MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E CAUTELARES 58

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22
DIREITO PROCESSUAL PENAL
MANDADO DE SEGURANÇA E MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E CAUTELARES EM MATÉRIA CRIMINAL
SUMÁRIO
1. MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA CRIMINAL	4
1.1 DIREITO LÍQUIDO E CERTO	4
1.2 PRAZO DECADENCIAL	4
1.3 LEGITIMAÇÃO ATIVA E PASSIVA	5
1.4 VEDAÇÕES AO MANDADO DE SEGURANÇA	5
1.5 HIPÓTESES MAIS FREQUENTES	5
1.6 COMPETÊNCIA	6
1.7 RECURSOS CONTRA A DECISÃO PROFERIDA EM MANDADO DE SEGURANÇA	7
1.8 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA	8
2. CAUTELAR EM MATÉRIA CRIMINAL	9
3. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS OU ACAUTELATÓRIAS	10
3.1 INTRODUÇÃO	10
3.2 AÇÃO DE EXECUÇÃO EX DELICTO	10
3.3 AÇÃO CIVIL EX DELICTO	11
3.4 BUSCA E APREENSÃO	12
3.5 SEQUESTRO	22
3.6 HIPOTECA LEGAL	29
3.7 ARRESTO PRÉVIO (OU PREVENTIVO)	32
3.8 ARRESTO	32
3.9 ALIENAÇÃO ANTECIPADA	34
4. MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL	36
4.1 O FIM DA BIPOLARIDADE DAS MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL PREVISTAS NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL	36
4.2 PODER GERAL DE CAUTELA NO PROCESSO PENAL	38
4.3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL	39
4.4 CARACTERÍSTICAS	40
4.5 PRESSUPOSTOS PARA A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL	41
4.6 LEGITIMIDADE	45
4.7 ATUAÇÃO DE OFÍCIO DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA	47
4.8 PROCEDIMENTO PARA A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES	47
4.9 REVOGABILIDADE E/OU SUBSTITUTIVIDADE DAS MEDIDAS CAUTELARES	50
4.10 RECURSOS CABÍVEIS	53
4.11 DETRAÇÃO	54
5. JURISPRUDÊNCIA	55
6. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	58
7. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	58
ATUALIZADO EM 08/05/2020[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
MANDADO DE SEGURANÇA E MEDIDAS ASSECURATÓRIAS E CAUTELARES[footnoteRef:2] [2: Tássia N. Neumann Hammes.] 
1. Mandado de Segurança em matéria criminal
Nos termos do art. 5º, inciso LXIX, da CF, conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Regulamentado pela Lei nº. 12.016/09, mandado de segurança constitui-se em ação mandamental destinada à obtenção de ordem judicial dirigida à autoridade apontada como coatora (ou violadora do alegado direito), por meio do qual se exige dessa autoridade determinado comportamento, comissivo ou omissivo, suficiente a fazer cessar a ilegalidade. 
Em matéria penal, o mandado de segurança é utilizado de maneira residual, quando não for possível a impetração do habeas corpus ou quando não houver previsão legal de recurso para impugnar determinada decisão judicial.
1.1 Direito líquido e certo
Trata-se do direito em relação ao qual não há nenhuma dúvida quanto à sua existência, encontrando-se delimitado nos autos e comprovado de plano. Assim, não se mostra possível dilação probatória, incumbindo ao impetrante, desde logo, comprovar documentalmente os fatos que alega.
1.2 Prazo decadencial
Nos termos do art. 23 da Lei nº. 12.016/2009, o prazo para o ajuizamento do mandado de segurança é de 120 dias, contados do dia em que o interessado tomou ciência do ato impugnado. Esse prazo possui natureza decadencial, não estando sujeito a causas suspensivas e/ou interruptivas.
Vale mencionar que a perda desse prazo não retira a possibilidade de tutela do direito, porém o interessado deverá buscar as vias ordinárias.
1.3 Legitimação ativa e passiva
a) Legitimação ativa: possui legitimação ativa a pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, que vier a sofrer constrangimento ilegal em seu direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. Nesse sentido, o MS pode ser impetrado pelo Ministério Público, pelo querelante, pelo assistente da acusação, pelo acusado, por seu defensor ou por terceiros interessados.
b) Legitimação passiva: quanto à autoridade coatora, esta deverá ser uma autoridade pública, podendo ser tanto a que praticou o ato impugnado como a que ordenou essa prática. Quanto aos atos que praticarem em razão da função delegada, equiparam-se a autoridades os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público. Por fim, apesar das controvérsias, o entendimento majoritário é pela impossibilidade de figurar como autoridade coatora pessoa jurídica.
1.4 Vedações ao mandado de segurança
O mandado de segurança não poderá ser impetrado nos seguintes casos (art. 5º, Lei nº. 12.016/2009):
a) Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução: essa hipótese está em conformidade com a Súmula 429 do STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. 
b) Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo: isso porque o mandado de segurança deve ser utilizado de maneira subsidiária.
c) Decisão judicial transitada em julgado: essa hipótese está em conformidade com a Súmula 268 do STF: não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
1.5 Hipóteses mais frequentes
a) Para garantir ao advogado o direito de entrevistar o cliente;
b) Para assegurar a juntada de documentos em qualquer fase do processo penal;
c) Contra apreensão indevida de objetos;
d) Para assegurar a terceiro de boa-fé restituição de coisas apreendidas;
e) Contra despacho que inadmite assistente de acusação;
f) Para assegurar ao advogado vista do inquérito policial ou o direito de acompanhar durante o curso deste o indiciado;
g) No caso de decisão de indeferimento de habilitação do assistente (art. 268, CPP);
h) Nos procedimentos de sequestro, arresto ou de restituição de bens apreendidos (art. 188 e seguintes do CPP).
#DEOLHONASÚMULA: 
Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.
Súmula n° 701 do STF: No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.
#DEOLHONAJURIS: Em regra, é indispensável a intimação do Ministério Público para opinar nos processos de mandado de segurança, conforme previsto no art. 12 da Lei nº 12.016/2009. No entanto, a oitiva do Ministério Público é desnecessária quando se tratar de controvérsia acerca da qual o tribunal já tenha firmado jurisprudência. Assim, não há qualquer vício na ausência de remessa dos autos ao Parquet que enseje nulidade processual se já houver posicionamento sólido do Tribunal. Nesses casos, é legítima a apreciação de pronto pelo relator. STF. 2ª Turma. RMS 32.482/DF, rel. orig. Min. Teori Zavaski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 21/8/2018 (Info 912).
1.6 Competência
Terá competência para julgar o mandado de segurança:
a) O juiz de direito para o julgamento do mandamus contra ato de autoridade sujeita à sua jurisdição;
b) Os Tribunais de Justiça dos Estados e os Tribunais Regionais Federais para o julgamento do writ contra ato dos juízes de direito ou dos juízes federais que lhes forem vinculados;
c) As Turmas Recursais para o julgamento do mandado de segurança contra ato dos juízes dos Juizados Especiais Criminais;
d) As Turmas Recursais para o julgamento do MS contra atos que delas emanarem. Em conformidade com a Súmula376, STJ: compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. 
e) O Supremo Tribunal Federal para julgar o mandado de segurança contra ato:
(i) do Presidente da República;
(ii) das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal;
(iii) do Tribunal de Contas da União;
(iv) do Procurador-Geral da República;
(v) do próprio Supremo Tribunal Federal.
f) O Superior Tribunal de Justiça para julgar o mandado de segurança contra ato:
(i) de Ministros de Estado;
(ii) dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
(iii) e do próprio Superior Tribunal de Justiça.
g) Os Tribunais Regionais Federais para julgarem o mandado de segurança contra ato de Juiz Federal ou do próprio Tribunal Regional Federal.
h) Os Juízes Federais para julgarem o mandado de segurança contra ato de autoridades federais em geral, excetuados os casos de competência dos tribunais federais.
1.7 Recursos contra a decisão proferida em mandado de segurança
#DEOLHONATABELA:
1.8 Jurisprudência correlata
Inviabilidade de MS impetrado pela vítima para evitar o arquivamento de IP
Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar o arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de segurança com o objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito ou das peças de informação. Considerando que o processo penal rege-se pelo princípio da obrigatoriedade, a propositura da ação penal pública constitui um dever, e não uma faculdade, não sendo reservado ao Parquet um juízo discricionário sobre a conveniência e oportunidade de seu ajuizamento. Por outro lado, não verificando o Ministério Público que haja justa causa para a propositura da ação penal, ele deverá requerer o arquivamento do IP. Esse pedido de arquivamento passará pelo controle do Poder Judiciário, que poderá discordar, remetendo o caso para o PGJ (no caso do MPE) ou para a CCR (se for MPF). Existe, desse modo, um sistema de controle de legalidade muito técnico e rigoroso em relação ao arquivamento de inquérito policial, inerente ao próprio sistema acusatório. Nesse sistema, contudo, a vítima não tem o poder de, por si só, impedir o arquivamento. Cumpre salientar, por oportuno, que, se a vítima ou qualquer outra pessoa trouxer novas informações que justifiquem a reabertura do inquérito, pode a autoridade policial proceder a novas investigações, nos termos do citado art. 18 do CPP. STJ. Corte Especial. MS 21081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565).
MS para atribuição de efeito suspensivo a RESE
Se o juiz rejeita a denúncia, o MP poderá interpor RESE, que é um recurso que não tem, em regra, efeito suspensivo. Não é possível que o MP interponha MS pedindo que seja concedida liminar no writ para se atribuir efeito suspensivo ativo a RESE, sobretudo sem a prévia oitiva do réu. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que não cabe mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a determinado recurso que não o possui. STJ. 6ª Turma. HC 296848-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/9/2014 (Info 547). Nesse sentido, após esse julgado, foi editada a seguinte súmula do STJ: Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.
2. Cautelar em matéria criminal
Apesar de não existir um processo penal cautelar autônomo, no âmbito do processual penal, a tutela jurisdicional cautelar é exercida através de medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal e na legislação especial.
Segundo Renato Brasileiro, há uma classificação própria das medidas cautelares no processo penal:
a) Medidas cautelares de natureza patrimonial: são aquelas relacionadas à reparação do dano e ao perdimento de bens como efeito da condenação. Ex: medidas assecuratórias dispostas entre os artigos 125 e 144 do CPP (sequestro, arresto e hipoteca legal); restituição de coisas apreendidas (arts. 118 a 124 do CPP);
b) Medidas cautelares relativas à prova: são aquelas que visam à obtenção de uma prova para o processo, com a finalidade de assegurar a utilização no processo dos elementos probatórios por ela revelados ou evitar o seu perecimento. Ex: busca domiciliar (e pessoal); produção antecipada de prova testemunhal;
c) Medidas cautelares de natureza pessoal: são as medidas restritivas ou privativas da liberdade de locomoção adotadas contra o imputado durante as investigações ou no curso do processo, com o objetivo de assegurar a sua eficácia. Ex: prisão preventiva; medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP).
3. Medidas assecuratórias ou acautelatórias
3.1 Introdução
Medidas assecuratórias ou acautelatórias são ações de natureza cautelar, dispostas nos arts. 125 a 144 do CPP, que visam à garantia dos efeitos extrapenais obrigatórios da sentença penal condenatória (art. 91, I e II, b, 2ª parte, do CP): 
a) tornar certa a obrigação do réu em indenizar a vítima pelos danos causados com o crime;
b) conduzir à perda dos bens que tiver o condenado adquirido com o proveito da infração.
#DEOLHOSNAJURIS: É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação. STJ. 5ª Turma. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/11/2017 (Info 617).
3.2 Ação de execução ex delicto
Quando condenado por decisão definitiva na esfera penal, o réu estará obrigado a indenizar eventuais danos patrimoniais que tenha ocasionado ao ofendido em razão da infração penal. Nesse caso, só poderá ser discutido o valor do dano indenizável, o que deverá ser arbitrado, definitivamente, no âmbito cível, mediante ação de liquidação.
Vale lembrar que o art. 387, IV, do CPP, prevê que, na sentença penal condenatória, o magistrado fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. 
Nesse sentido, considerando o disposto no art. 63, § único, do CPP, conclui-se que, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o ofendido terá as seguintes alternativas:
a) Promover, desde logo, a ação de execução da sentença condenatória no juízo cível pelo valor fixado na sentença penal;
b) Providenciar a liquidação da sentença condenatória no juízo cível para apuração do dano efetivamente sofrido e, somente após, ingressar com a ação de execução da sentença penal;
c) Adotar ambas as providências concomitantemente, ou seja, execução da sentença penal pelo valor nela fixado, e, ao mesmo tempo, ingresso de pedido de liquidação da mesma sentença na órbita cível para quantificar o dano efetivo visando à posterior execução da diferença entre o valor apurado na liquidação civil e aquele que foi fixado na sentença penal.
Importante frisar que a execução da sentença condenatória apenas pode ser proposta contra o condenado, pois só ele foi parte no processo penal. Quanto a terceiros, a responsabilização civil dependerá de ação ordinária cível (art. 64 do CPP), sob pena de violação ao contraditório e à ampla defesa.
Ainda, enquanto aguarda o trânsito em julgado da ação penal, pode ocorrer de o ofendido temer que o réu se desfaça de seus bens. Neste caso, presentes os requisitos legais, poderá ele deduzir, no juízo criminal, as medidas assecuratórias ou acautelatórias previstas nos arts. 125 a 144 do CPP (sequestro, arresto ou hipoteca legal), a fim de evitar que o réu fique sem bens para responder pelos danos patrimoniais.
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
3.3 Ação civil ex delicto
O objetivo desta ação também é o ressarcimento dos danos. Contudo, ela diferencia-seda ação anterior nos seguintes aspectos:
a) Seu ingresso não pressupõe o trânsito em julgado de sentença condenatória criminal, podendo ser ajuizada pelo ofendido contra o ofensor logo após a prática do crime. O ajuizamento desta demanda independe, até mesmo, de já ter sido ingressada a ação penal;
b) Pode ser ingressada tanto contra o autor do crime como em relação ao responsável ou corresponsável civil pela reparação patrimonial à vítima.
Contudo, nesse caso nem sempre é antecipada à vítima a sua reparação em relação ao término da ação penal, pois o art. 64, § único, do CPP, prevê a possibilidade de o juiz cível suspender o prosseguimento da ação civil até o julgamento definitivo da ação penal. Esta suspensão, porém, não será discricionária, apenas podendo ocorrer quando o magistrado perceber que há a possibilidade de ser o réu absolvido no juízo criminal por uma das causas que, por expressa disposição legal, fazem coisa julgada no cível, quais sejam:
a) Absolvição sob o fundamento de que está provada a inexistência do fato imputado no processo criminal (art. 386, I, do CPP);
b) Absolvição sob o fundamento de que está provado que o réu não concorreu para a infração penal (art. 386, IV, do CPP);
c) Absolvição sob o fundamento de que está provada a ocorrência de excludentes de ilicitude: legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal (art. 386, VI, 1.ª parte). 
Caso o ofendido opte por buscar o ressarcimento de seu prejuízo por meio da ação civil ex delicto, as medidas assecuratórias não terão tanta importância, pois, caso haja intenção de ingresso de ação civil de conhecimento ou já tendo esta sido instaurada, bastará ao ofendido propor uma das tutelas cautelares previstas no CPC para impedir que venha o réu a desfazer-se de seu patrimônio.
3.4 Busca e apreensão
a) Conceito: 
(i) Busca: são as diligências realizadas para investigar e descobrir materiais que possam ser utilizados na persecução penal, assim como de pessoas em relação às quais exista ordem judicial de prisão ou que sejam vítimas de crimes. Trata-se de procura em lugares ou em pessoas. 
(ii) Apreensão: é o ato de retirar alguma coisa que se encontre em poder de uma pessoa ou em um lugar, para que possa ser utilizada como prova ou para assegurar direitos.
#SELIGA:
Distinção entre busca e apreensão.
- Busca: É a diligência cujo objetivo é o de encontrar pessoas ou coisas.
- Apreensão: É a medida de constrição, colocando sob custódia determinada pessoa ou coisa.
b) Natureza jurídica: pode ser meio de prova ou ter caráter assecuratório de direitos, a depender da situação.
#SELIGA: A doutrina moderna impõe 3 finalidades distintas na efetivação da busca e apreensão:
1) Busca investigativa: voltada tanto à busca domiciliar quanto à pessoal, consiste na obtenção de elementos para elucidação da infração já praticada (art. 240 do CPP);
2) Busca preventiva: é mais direcionada à busca pessoal, cujo objetivo é o de evitar o cometimento de crimes e, consequentemente, garantir a ordem pública, a incolumidade das pessoas e a integridade do patrimônio alheio. Ex: revistas pessoais facultadas como condição para o ingresso em determinados locais, como estádios de futebol (art. 13-A, III, da Lei 10.671/2003); e
3) Busca exploratória: é aquela em que a autoridade policial, mediante autorização judicial, ingressa em locais protegidos pela garantia da privacidade, a fim de viabilizar determinada investigação criminal.
#OBS: É possível busca sem apreensão. Ex: entrei na casa do Senador para fazer uma busca, mas não encontrei nada, logo, não houve apreensão.
É possível apreensão não precedida por busca. Ex: Quando o cidadão entrega espontaneamente o objeto.
c) Iniciativa: a busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
#ATENÇÃO: Quanto à iniciativa, a busca de natureza pessoal se distingue da busca domiciliar:
- Busca pessoal: pode ser determinada ela autoridade policial (inclusive, de ofício) ou pela autoridade judiciária.
- Busca domiciliar: pode ser determinada apenas pela autoridade judiciária.
d) Objeto: as pessoas e coisas sujeitas à busca constam no rol do art. 240 do CPP:
CPP, art. 240: A busca será domiciliar ou pessoal [ESPÉCIES DE BUSCA].
§ 1º: Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2º: Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
#DEOLHONAJURIS: CPP, art. 240, § 1º, “f”: sobre as cartas: Embora a CF/88 assegure a inviolabilidade de correspondência, há precedentes do Supremo Tribunal Federal reafirmando a constitucionalidade do dispositivo: STF: “(...) A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. (...)”. (STF, 1ª Turma, HC 70.814/SP, Rel. Min. Celso de Mello, j. 01º/03/1994, DJ 24/06/1994).
e) Espécies de busca: pode ser de 02 espécies, conforme dispõe o caput do Art. 240 do CPP:
(i) Busca domiciliar: nos termos do art. 5º, XI da CF, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
1) Conceito de dia: durante o dia, é possível o ingresso em domicílio nas seguintes hipóteses: com o consentimento do morador, em caso de flagrante delito, desastre, para prestar socorro, ou mediante determinação judicial. Por outro lado, durante a noite, o ingresso em domicílio só pode ocorrer nos seguintes casos: com o consentimento do morador, flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro. Quanto ao conceito de dia, há 2 correntes:
- Primeira corrente: Critério físico-astronômico (Celso de Mello), considerando como dia o período compreendido entre o nascimento (aurora) e o pôr-do-sol (crepúsculo);
- Segunda corrente: para José Afonso da Silva, que procura um critério mais seguro, deve ser considerado dia o período compreendido entre 6h e 18h.
2) Conceito de casa: para fins penais e processuais penais, o conceito de domicílio é mais amplo que aquele do Código Civil, segundo o qual domicílio seria o lugar onde a pessoa natural estabelece sua residência com ânimo definitivo (CC, art. 70, caput). Nos termos do art. 150, § 4.º, do CP e do art. 246 do CPP, casa é qualquer compartimento habitado, aposento ocupado de habitação coletiva ou qualquer compartimento não aberto ao público no qual exercida profissão ou atividade.
#ATENÇÃO:
- Pátio da casa: havendo evidências certas de que integra o ambiente da residência, o pátio deverá ter o mesmo tratamento desta. Bem diferente, todavia, é a situação dos campos abertos ou terrenos baldios, nos quais é permitida a livre ação da autoridade para diligenciar e apreender objetos e provas.
- Veículos: Não podem ser equiparados a domicílio, pois se trata de coisas que pertencem à pessoa. No mesmo caso encontram-se os ônibus de transporte de passageiros, que podemser livremente examinados. Diferente é a situação da rotulada boleia do caminhão, que se equipara a domicílio na hipótese de encontrar-se o motorista em viagem prolongada, valendo-se da cabine do veículo como dormitório, lá possuindo seus objetos pessoais, roupas e material de higiene. Nesse caso, deve ser respeitada a previsão constitucional exigente de ordem judicial para revista específica, quer dizer, a abordagem diretamente relacionada àquele veículo. Evidentemente, essa regra não tem aplicabilidade na hipótese de blitz, que se caracteriza como operação de revista geral em todos os veículos que passam por determinado local, caso em que a revista aos veículos deve ser livremente facultada.
- Trailers, cabine de barcos, barracas, motor homes, etc: tratando-se de locais destinados à habitação, ainda que provisória, da pessoa, devem ser considerados como casa.
- Repartições públicas: aqui a busca equipara-se à domiciliar. Contudo, há duas orientações a respeito da oportunidade de sua realização: 
1) Primeira: deve ser precedida de requisição da autoridade competente ao responsável pela repartição e, somente se desatendida essa requisição ou se houver suspeita do envolvimento de precitado responsável em prática criminosa, determinada judicialmente. 
2) Segunda: é viável a realização da busca independentemente de prévia requisição, desde que ocorrentes as situações legais que autorizam a providência. Na esteira do entendimento majoritário, compreendemos correta a primeira orientação. 
- Quarto ocupado de hotel, motel, pensão, hospedaria e congêneres: quarto de hotel e similares, quando ainda ocupados, qualificam-se juridicamente como casa para fins da tutela da inviolabilidade domiciliar. 
- Escritório, consultório, gabinete de trabalho e similares quando não ocupados por qualquer pessoa no momento da diligência de busca: a diligência, além de prévia autorização judicial decretada com base em indícios e materialidade da prática de crime por parte de advogado, demanda a presença de representante da Ordem dos Advogados do Brasil, quando se tratar de escritório de advocacia. Nesse caso, é vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes, salvo se tais clientes também estiverem sendo formalmente investigados como partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade (Lei n° 8.906/94, art. 7o, §§ 6o e 7o). Logo, se o agente não estava sendo formalmente investigado e o crime então apurado não guardava relação com o crime que deu origem à cautelar de busca e apreensão, devem ser desentranhados os documentos obtidos por meio de busca e apreensão no escritório de seu advogado.
#DEOLHONAJURIS: (...) Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI, CF). Busca e apreensão em estabelecimento empresarial. Estabelecimentos empresariais estão sujeitos à proteção contra o ingresso não consentido. Não verificação das hipóteses que dispensam o consentimento. Mandado de busca e apreensão perfeitamente delimitado. Diligência estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude do resultado da diligência. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas. (STF, 2ª Turma, HC 106.566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16/12/2014, Dje 53 18/03/2015).
(ii) Busca pessoal: É a busca realizada sobre uma pessoa. A busca pessoal abrange a busca realizada em pessoas e em veículos automotores. A busca pessoal subdivide-se em duas espécies:
1) Busca pessoal por razões de segurança: é a busca realizada em festas, aeroportos e rodoviárias, por exemplo. A busca pessoal por razões de segurança tem natureza contratual e não é objeto de análise pelo CPP. 
2) Busca pessoal de natureza processual penal: É a busca realizada quando houver fundada suspeita de que o indivíduo traz consigo uma arma de fogo ou de que a medida é necessária para atender a uma das finalidades listadas no §1º do art. 240 do CPP.
CPP, art. 240, § 2º: Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
A busca pessoal de natureza processual penal independe de prévia autorização judicial, diferentemente da busca domiciliar, que está sujeita à cláusula de reserva de jurisdição. 
CPP, art. 244: A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.
#DEOLHONAJURIS: “(...) A fundada suspeita prevista no art. 244 do CPP não pode fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava, o paciente, um ‘blusão’ suscetível de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder”. (STF, 1ª Turma, HC 81.305/GO, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 22/02/2002 p. 35).
Ademais, a busca pessoal não pode ocorrer apenas sob fundamento de que a pessoa preenche o estereótipo do direito penal do autor. Não é uma opinião pessoal que pode autorizar uma busca pessoal. É necessário demonstrar com base em elementos concretos que havia uma suspeita que o indivíduo trazia consigo uma arma ou um dos objetos listados no CPP, art. 240, § 1º. Só porque a pessoa vestia um blusão, não é motivo para ser realizada busca pessoal. 
Em relação à busca em veículo automotor, ela é equiparada a busca pessoal, e independerá de mandado judicial:
#DEOLHONAJURIS: (...) Havendo fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, como no caso, a busca em veículo, a qual é equiparada à busca pessoal, independerá da existência de mandado judicial para a sua realização. Ordem denegada. (STF, 2ª Turma, RHC 117.767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 11/10/2016).[footnoteRef:3] [3: Resumo do Dizer o Direito: 
A apreensão de documentos no interior de veículo automotor constitui uma espécie de "busca pessoal" e, portanto, não necessita de autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior estão escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. 
Exceção: será necessária autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo, como no caso de trailers, cabines de caminhão, barcos, entre outros, quando, então, se inserem no conceito jurídico de domicílio. 
STF. 2ª Turma. RHC 117767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 11/10/16 (Info 843).] 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
“(...) Não restou demonstrada qualquer irregularidade na diligência efetuada pelos policiais na casa da tia do paciente, seja em decorrência de perseguição [CPP, art. 302, III – flagrante impróprio] continuada aos autores do crime de roubo, seja pelo fato de a ocultação de armas de fogo sem autorização e em desacordo com a determinação legal constituir-se, por si só, em crime permanente, de modo que em ambas as situações se verificam as hipóteses de exceção à regra de inviolabilidade de domicílio, previstas no inciso XI do art. 5º da Constituição Federal. (...) Ordem denegada”. (STJ, 5ª Turma, HC 51.897/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j. 20/06/2006, DJ 01/08/2006 p. 480).
“(...) Sem que ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público, ainda que vinculado à administração tributária do Estado, poderá, contra a vontade de quem de direito (“invito domino”), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em espaço privado não aberto ao público onde alguém exerce sua atividade profissional, sob pena de a prova resultante da diligência de busca e apreensão assimexecutada reputar-se inadmissível, porque impregnada de ilicitude material. (...) O atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos, que traduz expressão concretizadora do “privilège du préalable”, não prevalece sobre a garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar, ainda que se cuide de atividade exercida pelo Poder Público em sede de fiscalização tributária. (...)”. (STF, 2ª Turma, HC 103.325/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, j. 03/04/2012).
(...) Para fins de persecução criminal de ilícitos praticados por quadrilha, bando, organização ou associação criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e acústicos, bem como seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. Invasão de domicílio. (...) Não caracterização. Suspeita grave da prática de crime por advogado, no escritório, sob pretexto de exercício da profissão. Situação não acobertada pela inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão. (...). (STF, Pleno, Inq. 2.424/RJ, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 26/11/2008, DJe 55 25/03/2010).
- Causa provável para o ingresso em domicílio nos casos de flagrante delito: É comum o ingresso em domicílio sob o argumento de flagrante delito. Atualmente, vem se exigindo a causa provável, ou seja, é preciso demonstrar, com base em elementos concretos e não meramente adivinhatórios, de que havia elementos apontando para a existência de um flagrante delito no interior do domicílio. Vejamos o seguinte precedente do STF: STF: “(...) A inexistência de controle judicial, ainda que posterior à execução da medida, esvaziaria o núcleo fundamental da garantia contra a inviolabilidade da casa (art. 5, XI, da CF) e deixaria de proteger contra ingerências arbitrárias no domicílio (Pacto de São José da Costa Rica, artigo 11, 2, e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, artigo 17, 1). O controle judicial a posteriori decorre tanto da interpretação da Constituição, quanto da aplicação da proteção consagrada em tratados internacionais sobre direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico. (...) Normas internacionais de caráter judicial que se incorporam à cláusula do devido processo legal. Justa causa. A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária. Não será a constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida. Os agentes estatais devem demonstrar que havia elementos mínimos a caracterizar fundadas razões (justa causa) para a medida. Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados. Caso concreto. Existência de fundadas razões para suspeitar de flagrante de tráfico de drogas. Negativa de provimento ao recurso”. (STF, Pleno, RE 603.616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 93; 09/05/2016). (Info 806).
Após ser encerrado o cumprimento do mandado de busca e apreensão, seria possível reabrir a diligência e realizar nova busca na casa do investigado? NÃO. O art. 245, § 7º, do CPP determina que, finda a busca domiciliar, os executores da medida lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais. Neste momento se considera encerrada a diligência. Após o encerramento da busca domiciliar, as autoridades responsáveis por sua execução não podem, horas depois, reabri-la e realizar novas buscas e apreensões sem nova ordem judicial autorizadora. Assim, se os policiais, após o encerramento da diligência, tivessem retomado as buscas na casa do investigado, tal diligência seria, em tese, ilegal. (STJ. 6ª Turma. HC 216.437/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 20/09/12).
Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou consentimento do morador. Vejamos o seguinte precedente do STJ: O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 20/4/17 (Info 606).
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623)
#PACOTEANTICRIME: O legislador inovou ao acrescentar ao Código Penal o artigo 91-A no CP, vejamos:
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Segundo o dispositivo, a depender da gravidade abstrata do delito – infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão –, o juiz, se condenar o réu, poderá decretar a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. Ou seja, há uma presunção – decretar “como produto ou proveito do crime” – de origem ilícita do patrimônio do réu.Há quem entenda que, por essa razão (presunção da origem do ilícita do bem), esse artigo é de constitucionalidade duvidosa. Além disso, há inversão do ônus da prova, conforme §2º.
f) Jurisdicionalidade: as medidas assecuratórias estão submetidas à cláusula de reserva de jurisdição. Trata-se de um núcleo de direitos e garantias que só pode sofrer restrição mediante autorização judicial. Vale mencionar que alguns doutrinadores entendem que o CPP, art. 282 é aplicado não só às cautelares pessoais, como também às demais cautelares:
#ATENÇÃO para a nova redação do artigo 282 do CPP (Pacote Anticrime):
	ANTES DA LEI Nº 13.964/2019
	DEPOIS DA LEI Nº 13.964/2019
	Medidas Cautelares
Art. 282.
§ 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319).
	Art. 282.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
Obs. Juiz não pode mais decretar medida cautelar de ofício.
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.
Obs. Em caso de descumprimento, o juiz não pode, de ofício, substituir a medida, cumular com outra ou decretar a prisão preventiva.
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Obs. Quando faltar motivo para que subsista a medida cautelar imposta ou quando sobrevierem razões que a
justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la.
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.”
 
A par da jurisdicionalidade, Ministério Público, Delegado de Polícia e CPI não poderão decretar medidas assecuratórias. Vejamos o seguinte precedente do STF: STF: “(...) Incompetência da Comissão Parlamentar de Inquérito para expedir decreto de indisponibilidade de bens de particular, que não é medida de instrução - a cujo âmbito se restringem os poderes de autoridade judicial a elas conferidos no art. 58, § 3º - mas de provimento cautelar de eventual sentença futura, que só pode caber ao Juiz competente para proferi-la. (...)”. (STF, Pleno, MS 23.466/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 04/05/20000, DJ 06/04/2001).
g) Pressupostos das medidas cautelares: 
(i) Fumus comissi delicti ou fumus boni iuris: Não é possível decretar uma medida cautelar patrimonial se inexistir um mínimo de indícios de que houve uma prática delituosa.
CPP, art. 126: Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens” [fumus comissi delicti].
(ii) Periculum libertatis: Segundo a doutrina, também é necessário demonstrar o periculum libertatis. O perigo está presente quando houver um risco de dilapidação do patrimônio do indivíduo.
#SELIGA: Ao decretar as cautelares patrimoniais é necessário respeitar o contraditório prévio? Parte da doutrina sustenta que, em regra, o contraditório prévio deve ser respeitado quanto às cautelares patrimoniais, aplicando-se o art. 282, §3º do CPP (*com nova redação dada pelo Pacote Anticrime):
CPP, art. 282, § 3º: § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.     (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
Todavia, a jurisprudência dos Tribunais Superiores entende que o contraditório prévio não precisa ser respeitado. Vejamos o seguinte precedente:
STJ: (...) A manifestação prévia da defesa não ocorre na medida cautelar patrimonial de sequestro, a qual é determinada inaldita altera pars, em prol da integridade patrimonial e contra a sua eventual dissipação; sendo o contraditório postergado, podendo a defesa insurgir-se em oposição a determinação judicial, dispondo dos meios recursais legais previstos para tanto. Recurso ordinário em mandado de segurança a que se nega provimento. (STJ, 6ª Turma, RMS 30.172/MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 11/12/2012).
3.5 Sequestro
a) Conceito: é uma medida cautelar de natureza patrimonial fundada no interesse público consubstanciado no confisco (CP, art. 91, II, “b”). Secundariamente, há o interesse do ofendido na reparação do dano causado pelo delito.
Em regra, o sequestro recairá sobre bens móveis ou imóveis, que sejam o produto direto ou indireto da infração penal. Portanto, usualmente, incidirá sobre o patrimônio ilícito do indivíduo. É o que se chama de referibilidade. Referibilidade significa que, ao decretar o sequestro, é necessário demonstrar que os bens são produtos ilícitos (produto direto ou indireto da infração penal).
Todavia, o sequestro também poderá recair sobre o patrimônio lícito quando os bens não forem encontrados ou estiverem no exterior. Vejamos o que consta no art. 91, §§ 1º e 2º do CP:
CP, art. 91: 
§ 1º: Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
§ 2º: Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012).
Além disso, a Lei nº 13.964/2019 inseriu no CP o artigo 91-A, permitindo que, nas condenações por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis)anos de reclusão, seja decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
CP, Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal.             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.             (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
CPP, art. 125: Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração [produto indireto], ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
CPP, art. 126: Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens [em regra, decreta o sequestro quanto à origem ilícita (referibilidade); exceção: CP, art. 91, § 2º].
CPP, art. 132: Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art. 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título VII deste Livro (apreensão).
#SELIGA: É possível decretar o sequestro sobre bens de família? Sim, o sequestro pode recair sobre os bens de família, nos termos do art. 3º, VI da Lei 8009/90. 
Lei n. 8.009/90, art. 3º: A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
b) Legitimidade: nos termos do art. 127 do CPP, o sequestro pode ser ordenado:
(i) pelo juiz, ex officio;
(ii) pelo Ministério Público;
(iii) pelo ofendido, seu representante legal (se incapaz) ou seus herdeiros (se morto). 
c) Momento adequado: o sequestro poderá ser determinado tanto na fase investigatória, quanto na fase judicial, até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
CPP, art. 127: O juiz, de ofício [apenas durante o processo], a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
#SELIGA (ação controlada): Quanto a esse momento adequado, é possível uma ação controlada. A ação controlada consiste no retardamento da intervenção policial ou administrativa para que ocorra no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas. Ela poderá recair sobre qualquer medida cautelar, inclusive patrimonial. Portanto, é possível retardar o decreto de sequestro se visualizado que naquele momento ele poderá comprometer as investigações. Vejamos o art. 4º-B da Lei 9613/98: Lei n. 9.613/98, art. 4º-B: “A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações”. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012).
d) Defesa: são os instrumentos postos à disposição do acusado (ou de terceiro) para defender-se de eventual sequestro. No caso, podem ser opostos Embargos. Assim, efetivado o sequestro, inscrita esta medida no registro de imóveis e cientificado quanto a ela o proprietário do bem gravado, 3 situações podem ocorrer:
(i) O sequestro incide sobre bem imóvel de propriedade de terceiro: por equívoco, o sequestro pode atingir bem imóvel ou parcela de bem imóvel pertencente a terceiro estranho a qualquer negócio com o agente da infração, vale dizer, que não o tenha adquirido do indiciado ou réu após a prática do delito. Ex: cônjuge meeiro, sócio, condômino, etc. Nesta hipótese, faculta-se a este terceiro opor os embargos do art. 129 do CPP, que são deduzidos pelo terceiro de boa-fé que adquiriu o bem que o indiciado ou réu, por sua vez, teria adquirido com os proventos da infração penal. 
(ii) O sequestro incide sobre bem imóvel de propriedade do réu ou indiciado: neste caso, os embargos estão previstos no art. 130, I, do CPP, sendo que o único argumento que pode ser utilizado como defesa é o de que o bem tenha sido adquirido de forma lícita. 
(iii) O sequestro incide sobre bem de terceiro que o adquiriu de boa-fé: são os embargos previstos no art. 130, II, do CPP, por meio dos quais o terceiro de boa-fé que teve o seu bem sequestrado poderá alegar que, ao comprar o bem do investigado ou réu, desconhecia que este, inicialmente, tinha-o adquirido com verbas ilícitas. 
#RESUMINDO:
Art. 129.  O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
Art. 130.  O sequestro poderá ainda ser embargado:
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração;
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
Parágrafo único.  Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar em julgado a sentença condenatória.
CPP, art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2o Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
#ATENÇÃO:
1) O inciso I do art. 130 do CPP deve ser interpretado à luz da Lei n. 12.694/12 (CP, art. 91, § 2º). Se os bens adquiridos ilicitamente não foram encontrados ou estão no exterior, poderá haver o sequestro sobre os bens lícitos. A Lei de Lavagem de Capitais também disciplina a matéria: 
Lei n. 9.613/98, art. 4º, § 2º: O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitose valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012).
2) O ônus da prova recai sobre o acusado, pelo menos até a prolação de eventual sentença condenatória. Na dúvida, na hora de sentenciar, o juiz decidirá in dúbio pro reo e, consequentemente, haverá o levantamento do sequestro. Vejamos o seguinte precedente sobre o êxito dos embargos do acusado quanto ao lapso temporal: STJ: (...) Portanto, para que o sequestro seja válido, necessária a presença de indícios de que o bem tenha sido adquirido com proventos da infração. In casu, observa-se que os fatos delituosos descritos na denúncia ocorreram, em tese, a partir do ano de 2002, razão pela qual merece provimento a irresignação da recorrente, uma vez que o imóvel objeto de constrição foi adquirido pela mesma em 1987, consoante cópias de escritura pública e certidão do cartório de registro de imóveis juntadas aos autos em apenso. Recurso ordinário provido. (STJ, 5ª Turma, RMS 28.627/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 30/11/2009).
#SELIGA: A Lei de Lavagem de Capitais ainda estipula que é necessário o comparecimento pessoal do acusado para a liberação dos bens (art. 4º, § 3º). A Lei de Drogas, igualmente, possui disposição neste sentido (Lei n. 11.343/06, art. 60, § 3º).
Sobre o assunto, vejamos o seguinte precedente do STF: STF: (...) O recorrente registrou, em nome de seus filhos absolutamente incapazes, bens imóveis adquiridos durante o período investigado nos autos principais. Tal procedimento indica o possível intuito de fraudar ao erário, caso o recorrente venha a ser condenado nos autos principais. Fraude ao erário que não guarda relação com ilícito tributário, razão pela qual a instauração ou não de procedimento administrativo fiscal contra o recorrente é irrelevante para a manutenção do arresto. Agravo regimental desprovido. (STF, Pleno, AC 1.011 AgR/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 10/11/2006, DJ 02/02/2007).
e) Levantamento do sequestro: é a perda da eficácia da medida constritiva. Em regra, a ideia é a de que o sequestro perdure até o final do processo. Com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o bem será confiscado ou será destinado à reparação do dano causado pelo delito. Porém, poderá haver situações de perda da eficácia da medida:
(i) Não ajuizamento da ação penal em 60 dias: sendo a medida deferida na fase anterior ao ajuizamento da denúncia ou da queixa, dispõe o Ministério Público ou o ofendido do prazo de 60 dias para ingresso da ação penal, a contar da data em que ficar concluída a diligência.
(ii) Caução pelo terceiro de boa-fé: a lei não faculta ao indiciado ou réu prestar caução para fins de levantamento antecipado do sequestro, sendo permitida apenas ao terceiro (de boa-fé) que tenha adquirido o bem. 
(iii) Extinção da punibilidade transitada em julgado: trata-se das situações do art. 107 do Código Penal, sem prejuízo de outras hipóteses previstas na legislação. Apesar de o art. 131, III, do CPP não ser específico, deve-se lembrar que o sequestro possui dois objetivos primordiais: a) assegurar que se cumpra o efeito extrapenal da condenação previsto no art. 91, I, do Código Penal (reparação do prejuízo financeiro sofrido pela vítima do crime), e; b) fazer cumprir o efeito extrapenal da condenação contemplado no art. 91, II, “b”, 2.ª parte, do CP (perda, em favor da União, dos bens adquiridos com os proventos da infração penal, ressalvado direito do lesado e de terceiro de boa-fé). 
(iv) Sentença absolutória transitada em julgado: sendo o acusado absolvido por decisão transitada em julgado, ocorre o levantamento do sequestro. 
f) Destinação final do sequestro:
(i) A destinação deve ser analisada desde que não tenha havido o levantamento da medida durante o curso do processo. Sobre o assunto:
CPP, art. 387 [sentença condenatória]: (...) 
§ 1º: O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar [aqui está o sequestro ou outra medida cautelar patrimonial, p. ex.], sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
#ATENÇÃO para a nova redação do artigo 133 do CPP (Pacote Anticrime) e a inclusão do artigo 133-A:
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido decretado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei especial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu responsável. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência definitiva da propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Conforme visto, a alteração pertinente no caput do artigo 133 reside na inclusão do Ministério Público expressamente como legitimado ativo. Além disso, de acordo com o § 2º, há a destinação do valor apurado ao Fundo Penitenciário Nacional, ressalvada previsão diversa em lei especial. Ainda, o artigo 133-A trata da possibilidade de o juiz autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades.
(ii) Há parcela doutrinária que entende que a destinação precípua dos bens sequestrados deveria ser o confisco (primazia do interesse público) e o que sobrar é que irá para a vítima e terceiros de boa-fé. Todavia, segundo o Código de Processo Penal o numerário é destinado precipuamente para a vítima e ao terceiro de boa-fé. Assim, somente de forma subsidiária o dinheiro seria recolhido ao Tesouro Nacional.
#DEOLHONAJURIS:
Ilegitimidade do corréu para ajuizar medida cautelar de sequestro de bens dos demais corréus: João, Pedro e Tiago foram denunciados pela prática de sonegaçãofiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90). O Ministério Público requereu ao juiz e foi autorizado o sequestro dos bens somente do réu João, com base no Decreto-Lei 3.240⁄41: “Art. 1º Ficam sujeitos a sequestro os bens de pessoa indiciada por crime de que resulta prejuízo para a fazenda pública, ou por crime definido no Livro II, Títulos V, VI e VII da Consolidação das Leis Penais desde que dele resulte locupletamento ilícito para o indiciado.” João, inconformado pelo fato de que apenas os seus bens foram atingidos pela decisão, impetrou mandado de segurança pedindo que os bens dos outros réus (Pedro e Tiago) também fossem sequestrados. Alegou que a medida constritiva deveria ter recaído sobre os bens de todos os acusados, sob pena de ofensa aos princípios da isonomia e da proporcionalidade. O mandado de segurança terá êxito? NÃO. O corréu - partícipe ou coautor - que teve seus bens sequestrados no âmbito de denúncia por crime de que resulta prejuízo para a Fazenda Pública (DL 3.240/41) não tem legitimidade para postular a extensão da constrição aos demais corréus, mesmo que o Ministério Público tenha pedido a medida cautelar de sequestro de bens somente em relação àquele. STJ. 6ª Turma. RMS 48.619-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/9/2015 (Info 570). 
O Decreto-Lei nº 3.240/1941 - diploma plenamente vigente no nosso ordenamento jurídico, consoante jurisprudência do STJ -, ao tratar do sequestro de bens de pessoas indiciadas por crimes de que resulta prejuízo para a Fazenda Pública, dispõe, em seu art. 2º, que a legitimidade para postular a constrição é do titular da ação penal. Nesse sentido, o deferimento ou não da medida depende de requerimento do Ministério Público, que, no exercício de suas funções, tem autonomia e independência funcional para agir de acordo com suas convicções ao buscar a aplicação da lei. 
Em assim sendo, ainda que a pretexto de defender direito fundamental ao tratamento justo, o corréu que teve seus bens sujeitos a sequestro não tem legitimidade para postular o sequestro de bens dos demais corréus. Se o titular da ação penal entendeu por bem pleitear a medida apenas com relação a um dos denunciados, o que se pode fazer é se insurgir contra este fato na via adequada, não contra o que não foi feito.
3.6 Hipoteca legal
a) Conceito: trata-se de direito real de garantia instituído sobre imóvel alheio lícito do réu, de modo a assegurar/garantir obrigação de cunho patrimonial.
CPP, art. 134: A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da autoria.
b) Espécies:
(i) Convencional: quando resulta do acordo entre credor e devedor;
(ii) Judicial: quando advém do direito do credor que obteve sentença contra o devedor;
(iii) Legal: quando resulta da lei. Esta é a que nos interessa. O CPP não regulamenta a hipoteca, ela está prevista no CC. O CPP apenas regulamenta como se dará o seu registro.
CC/1916, art. 827: A lei confere hipoteca: (...)
VII – ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das custas;
VII – à Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, sobre os imóveis do delinquente, para o cumprimento das penas pecuniárias e o pagamento das custas.
Portanto, trata-se de um procedimento que visa registrar a hipoteca em prol do ofendido.
	
	SEQUESTRO
	ESPECIALIZAÇÃO E REGISTRO DA HIPOTECA LEGAL
	PATRIMÔNIO
	Em regra, recai sobre o patrimônio ilícito.
	Recai sobre o patrimônio lícito.
	BENS
	Pode recair sobre móveis ou imóveis.
	Recai apenas sobre imóveis.
	MOMENTO
	Fase investigatória ou judicial.
	Só pode recair na fase judicial.
	LEGITIMIDADE
	A requerimento ou de ofício (fase judicial).
	A requerimento.
c) Bem de família: o registro da hipoteca legal pode recair sobre bens de família:
Lei n. 8.009/90, art. 3º: A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: (...) 
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
c) Momento adequado: apesar de o art. 134 do CPP dispor que a hipoteca legal pode ser requerida em qualquer fase do processo, há divergência. A posição dominante é de o registro da hipoteca legal não é cabível na fase investigatória, mas apenas na fase judicial.
CPP, art. 134: A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da autoria [justa causa].
d) Pressupostos:
(i) “Fumus boni iuris”: é presumido. Se a medida somente é cabível na fase judicial, significa que há denúncia ou queixa oferecida contra o acusado. Há, portanto, justa causa (CPP, art. 395, III).
(ii) “Periculum in mora”: risco de dissipação do patrimônio do indivíduo durante a persecução penal.
e) Legitimidade: o registro da hipoteca legal não pode ser realizado de ofício pelo juiz (o sequestro pode ser determinado de ofício pelo juiz na fase judicial). Assim, possui legitimidade para requerê-la:
(i) Ofendido/ representante legal (no caso de incapacidade) /sucessores (no caso de morte).
(ii) MP: nas seguintes hipóteses:
1) Interesse da Fazenda Pública: a maioria da doutrina entende que não há inconstitucionalidade na hipótese. Todavia, a melhor doutrina compreende que ela não foi recepcionada pela CF/88, pois não se encontra acolhida nas hipóteses de hipoteca legal regulamentadas pelo CC.
CF, art. 129: São funções institucionais do Ministério Público: (...) IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedadas a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
#DEOLHONAJURIS: (...) Com a edição da Lei n. 9.268/96, a qual deu nova redação ao art. 51 do Código Penal, modificou-se o procedimento de cobrança da pena de multa, passando-se a aplicar as regras referentes à Fazenda Pública sem que, no entanto, a pena de multa tenha perdido sua natureza jurídica de sanção penal. Hipótese na qual a legitimidade do Ministério Público para requerer o pedido de arresto está assegurada tanto pelo art. 142 do Código de Processo Penal quanto pela própria titularidade da ação penal, conferida pela Constituição Federal. (...). (STJ, 6ª Turma, Resp 1.275.834/PR, Rel. Min. Cericson Maranho – Desembargador convocado do TJ/SP, DJe 25/03/2015). [A decisão está totalmente equivocada! Se a multa é da Fazenda, por que o MP estaria pleiteando o arresto se ele não pode ingressar em juízo representando interesse da Fazenda?! Além disso, o CC/02 não prevê mais a hipoteca legal conferida à Fazenda.] 
2) Ofendido pobre e o requerer: essa hipótese deve ser interpretada a partir dos argumentos relacionados ao CPP, art. 68. Este dispositivo é dotado de inconstitucionalidade progressiva, segundo o STF. Assim, desde que não haja Defensoria Pública na Comarca, é conferida legitimidade ao Ministério Público para requerer o registro da hipoteca legal em favor de vítima pobre que o tenha requerido.
CPP, art. 142: Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos arts. 134 [registro da hipoteca legal] e 137 [arresto provisório], se houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e o requerer.
CPP, art. 144: Os interessados ou, nos casos do art. 142, o Ministério Público poderão requerer no juízo cível, contra o responsável civil, as medidas previstas nos arts. 134, 136 e 137.
f) Defesa: não há previsão legal de uma defesa específica quanto ao mérito da hipoteca legal, ao contrário do que ocorre com o sequestro. Contudo, há algumas possibilidades:
(i) Embargos de terceiro estranho à infração penal: assim como no sequestro, é possível a oposição de embargos de terceiro, quando atingidos bens de terceiros estranhos à relação entre a vítima e o acusado. Nesse caso, os embargos devemser opostos com fundamento nos arts. 674 e seguintes do novo CPC;
(ii) Substituição da hipoteca legal por caução: se o acusado oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida pública, pelo valor de sua cotação em Bolsa, poderá o juiz deixar de mandar proceder à inscrição da hipoteca legal. 
(iii) Oitiva das partes no curso do procedimento de especialização e registro da hipoteca legal: segundo o art. 135, § 3º, do CPP, no procedimento de inscrição da constrição, o juiz deve ouvir as partes no prazo de 2 dias, após a apresentação do laudo pericial, de modo a assegurar o contraditório ao acusado, que poderá se valer dessa oportunidade não só para se insurgir contra o valor estimado para a reparação do dano e dos imóveis, como também para questionar a própria existência dos pressupostos indispensáveis para a concessão da medida pleiteada.
g) Cancelamento:
(i) Extinção da punibilidade transitada em julgado;
(ii) Absolvição criminal transitada em julgado.
3.7 Arresto prévio (ou preventivo)
Arresto prévio é a medida preparatória do registro da hipoteca legal, de natureza pré-cautelar, cuja finalidade é tornar os bens imóveis do indivíduo inalienáveis durante o lapso temporal necessário para que se possa efetivar a especialização e o registro da hipoteca legal. Ele seguirá o mesmo trâmite dado ao registro da hipoteca legal.
O arresto preventivo será revogado se, no prazo máximo de 15 dias a partir da sua efetivação, não for promovido o processo de hipoteca legal dos bens constritos, nos termos do art. 136, 2ª parte, do CPP.
CPP, art. 136: O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal. (Redação dada pela Lei n. 11.435/2006).
3.8 Arresto
O arresto é parecido com a hipoteca legal, referindo-se, porém, a bens móveis de origem lícita pertencentes ao réu. Em suma, os requisitos, como legitimidade, fases e procedimento, antes examinados em relação à hipoteca, têm inteira aplicação ao arresto. Não obstante tal identidade de regramento, o arresto possui algumas peculiaridades importantes, que necessitam ser referidas, quais sejam:
a) Residualidade em relação à hipoteca: trata-se de medida cabível apenas na hipótese de o réu não possuir bens imóveis passíveis de hipoteca ou se o patrimônio imobiliário já hipotecado mostrar-se insuficiente para cobrir a integralidade da responsabilidade civil estimada. 
b) Depósito: os bens móveis arrestados ficarão em regime de depósito, podendo permanecer em poder do próprio réu ou serem encaminhados à guarda de terceiros nomeados pela autoridade judiciária. 
c) Suscetibilidade de penhora: a medida somente poderá incidir sobre bens móveis penhoráveis.
d) Possibilidade de alienação prévia se houver risco de deterioração: se os bens arrestados forem fungíveis e passíveis de deterioração, é possível que com o deferimento do arresto sejam eles vendidos em leilão, depositando-se o valor em conta judicial. 
e) O arresto subsidiário de bens móveis não se confunde com o arresto prévio: este possui natureza pré-cautelar; aquele é subsidiário, pois é empregado desde que não seja possível o registro da hipoteca legal (medida cautelar por excelência). Inicialmente, buscará bens imóveis, não possuindo bens imóveis para suportar a hipoteca legal ou possuir em valor insuficiente, buscará bens móveis pelo arresto subsidiário.
f) Distinções:
	REGISTRO DA HIPOTECA LEGAL
	ARRESTO SUBSIDIÁRIO (ART. 137, CPP)
	Bens imóveis.
	Bens móveis.
	É medida cautelar primária.
	É medida subsidiária.
	Pode recair sobre bens de família.
	Não pode recair sobre bens de família, pois o art. 137 do CPP prevê a possibilidade do arresto subsidiário de bens móveis “suscetíveis de penhora”.
CPP, art. 137: Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis. [OBS: Trata-se de medida semelhante à hipoteca legal, mas é empregado na hipótese em que o indivíduo não possui bens imóveis para suportar a hipoteca legal ou possuir em valor insuficiente. Nestes casos serão arrestados bens móveis].
§1º Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-se-á na forma do §5º do art. 120.
§2º Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a manutenção do indiciado e de sua família.
3.9 Alienação antecipada
a) Conceito: o art. 144-A do Código de Processo Penal possibilita ao juiz determinar a alienação antecipada de bens, para a preservação do seu valor, sempre que estiverem sujeitos à deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. Embora a medida seja prevista para bens móveis sequestrados ou arrestados, ela também pode ser aplicada aos bens imóveis, já que a lei não faz essa distinção.
CPP, art. 144-A: O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
§ 1º: O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico.
§ 2º: Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou por valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela administração judicial, será realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do primeiro, podendo os bens ser alienados por valor não inferior a 80% (oitenta por cento) do estipulado na avaliação judicial.
§ 3º: O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo até a decisão final do processo, procedendo- se à sua conversão em renda para a União, Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, ou, no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado. [O dinheiro proveniente da alienação dos bens seguirá a mesma regra do sequestro: primeiramente, serão reparados os danos causados pelo delito e secundariamente o confisco pelo Estado].
§ 4º: Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, o juízo determinará a conversão do numerário apreendido em moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes quantias em conta judicial.
§ 5º: No caso da alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado de registro e licenciamento em favor do arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. [Pode-se utilizar os veículos apreendidos? A lei de drogas autoriza o uso. O CPP não autoriza].
§ 6º: O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial.
b) Momento adequado: Não há previsão legal. Segundo a doutrina, a alienação antecipada só é cabível na fase judicial.
c) Pressupostos:
(i) Bem sujeito a grau de deterioração ou depreciação (há um risco de perda do valor econômico do bem);
(ii) Dificuldade para a manutenção do bem conscrito (se não houver aparato para mantê-lo).
d) Legitimidade para requerer a medida:
(i) Acusado;
(ii) Juiz (de ofício), durante a fase judicial;
(iii) Acusação (MP ou querelante);
(iv) Terceiro interessado (de boa-fé que o bem foi atingido com a constrição);
(v) Ofendido (habilitado como assistente da acusação).
#OLHAOGANCHO: Medidas assecuratórias na Lei nº 9.613/98 - Alterada pela Lei nº 12.683/2012: Medidas assecuratórias de bens – art. 4º - nova lei alteradora, trouxe alterações relevantes, como a inclusão do termo “interposta pessoa”, a utilização do termo genérico de medidas assecuratórias e a regulamentação de alienação antecipada.
Legitimidade: são decretadas mediante requerimento do MP, representação da autoridade policial ou

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