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LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES) O LES possui uma etiologia desconhecida. Pode estar relacionado a fatores genéticos (HLA-DR2 e HLA-DRE), infecções virais prévias e fatores hormonais. A faixa etária principal ocorre entre 15 a 64 anos e acomete mais mulheres do que homens. É um protótipo da doença do soro, que se trata de uma reação de hipersensibilidade do tipo 3. O conhecimento dessa doença começou com a administração de soros heterólogos (de outra espécie) como o soro antiofídico, que vem de cavalo, e uma porcentagem dos pacientes apresentam risco de acontecer alguns episódios como artralgia por volta do 14º dia, além de febre e nas formas mais complicas levar a uma nefrite. O soro heterólogo contem proteínas que são estranhas a nós e que no primeiro momento vão ser apresentadas às células T. As células B vão reconhecer e as células T vão colaborar para produzi-las, e depois vai haver a mudança de isotipo, ativação e diferenciação em plasmócitos, que começam a produzir anticorpos que vão reagir contra os antígenos e isso demora cerca de 14 dias. São formados os imunocomplexos, em que uma parte vai ser depurada pelo fígado e outra parte pode ser depositada em vasos, glomérulos, articulações e, caso sejam IgG ou IgA, podem recrutar neutrófilos, que vão tentar fagocitar e não conseguem, liberando assim o seu conteúdo enzimático, levando ao estresse oxidativo com lesão tissular. Importante lembrar que o imunocomplexo sozinho não é capaz de levar a uma lesão tecidual, precisa estar associado com alguma outra célula ou componente. Também pode ativar o complemento (caso seja IgG ou IgM) e isso leva à ativação dos fragmentos que podem dar continuidade à cascata formando o complexo de ataque à membrana. Ainda há os componentes que são frações ativas que podem ter função quimiotática ou anafilatoxina (C3a ouC5a), ou podem ser opsonizantes (C3b) e recrutar mais neutrófilos ou formar o complexo de ataque à membrana e assim causar a lesão tissular. Com o tempo os imunocomplexos vão desaparecer da circulação, serão depurados e assim começa a ter anticorpos livres. O Lúpus é doença do soro like pois apresenta episódios de exacerbação e episódios em que vai estar inativo. Lesão tecidual mediada por imunocomplexos: os imunocomplexos circulantes se depositam, se forem IgG ou IgA podem recrutar neutrófilos, que vão tentar fagocitar e não conseguem e acabam eliminando as enzimas líticas, levando à lise oxidativa pela liberação de ROS. Se tiverem C3a e C5a podem recrutar mais neutrófilos para a região levando à vasculite. Asa de borboleta ou Eritema malar, que aparece em aproximadamente 30% dos pacientes, siginfica que o indivíduo se expôs ao sol, os queratinócitos dos pacientes de Lúpus possuem susceptibilidade maior à exposição solar e rapidamente entram em apoptose e esse material de dentro da célula vai ser exposto, o organismo produz então anticorpos que vão se ligar a esses antígenos, acometendo os vasos dérmicos. Se fizer uma imunfluorescência direta será encontrado imunocomplexos nos vasos dérmicos, uma característia do LES. A Alópecia (queda de cabelo) também pode acometê-los por conta do acometimento dos vasos, as imunoglobolinas se ligam aos antígenos depositando os imunocomplexos e por ativação do complemento ou por recrutamento de neutrófilos estão lesionando os vasos e acomentendo a irrigação dos folículos pilosos. É uma alopécia não cicatricial. O Lúpus discoide é quando o Lúpus se restringe às manifestações cutâneas, não há acometimento dos órgãos internos. O Lúpus neonatal acontece 1:86 gestante lúpicas principalmente por conta de um anticorpo IgG contra SSA/Ro, que é um antígeno de lipoproteína e passa pela placenta, e pode ocasionar dermatite lúpica em torno de 34%, no entanto é transitória, assim como citopenias, alterações hepáticas e pulmonares (1,4%), pois os anticorpos vão desaparecer, mas existe o risco de uma sequela permanente, a fibrose e calcificação do nodo atrio-ventricular (bloqueio permanente). O Lúpus induzido por fármacos é um evento autoimune. Está vinculado a um fármaco. O indivíduo tem febre, exantema (acometimento cutâneo) por conta de vasculite superficial, artralgias e raro comprometimento de rins (IgG contra antígeno do núcleo da célula pode se depositar nos rins). Os fármacos normalmente não levam a acometimento de rim, exceto a hidralazina. O Sistema Nervoso Central (SNC) também é raramente acometido. Se os imunocomplexos tiverem ocludindo pequenos vasos no SNC o indivíduo pode ter um acometimento psicótico. Uma das possíveis causas do Lúpus induzido por fármacos é uma redução funcional das acetiltransferases, que atuam na fase 2 do metabolismo de fármacos, ou seja o indivíduo pode ser um acetilador lento. Normalmente o indivíduo acometido não possui histórico de Lúpus na família, se expõe frequentemente ao fármaco e quando retira o fármaco se resolve o problema após semanas (às vezes pode demorar mais de um ano). Se demorar mais de dois anos pode se tornar LES. Nesse caso não se sabe se o fármaco foi um gatilho ou se o indivíduo já estava predisposto mesmo. Os fármacos que podem levar ao evento: procainamida, hidralazina, quinidina, minociclina, isoniazida e anti-TNF. 95% desses indivíduos apresentam anti-histona. A urticaria como manifestação pode ser tanto de hipersensibilidade do tipo 3, por conta dos imunocomplexos que ativam o complemento e geram fragmento C3a e C5a, que provocam desgranulação de mastócito e a histamina induz ao aumento de permeabilidade vascular e assim se visualiza vasculite e urticária. (A urticária também pode ser de hipersensibilidade do tipo 1, mas não é o caso do Lúpus). Os critérios imunológicos para diagnosticar Lúpus são: • anticorpos contra antígenos celulares: determinados por FAN; • anti-DNA dupla fita: serve para diagnóstico e acompanhamento clínico; • C3 e C4: se tiverem baixos é porque o indivíduo está em atividade clínica consumindo- os; • CH50: serve para teste de avaliação de via clássica do complemento, vai estar baixo também em atividade clínica; • anti-Sm: não serve para acompanhamento clínico, tem Valor Preditivo Negativo muito baixo com sensibilidade diagnóstica de 30% e Valor Preditivo Positivo de 100%; • anti-cardiolipina ou falso positivo para sífilis (está presente nas síndromes antifosfolipídeas). O VDRL no Lúpus está associado com fenômenos trombócitos.
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