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SEMANA 04 - DIREITO EMPRESARIAL

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DIREITO EMPRESARIAL APLICADO II
Prof. Luís Eduardo Lessa Ferreira
Doutorando em Direito Privado - UFPE
Mestre em Direito Privado - UFPE
RECIFE, 2021
NOTA PROMISSÓRIA
DEFINIÇÃO: A nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra.
Com o saque da nota promissória, surgem dois personagens distintos:
Promitente (emitente/subscritor/sacador): Aquele que promete pagar.
Tomador/beneficiário: O credor do valor prometido.
TUDO O QUE VIMOS NA LETRA DE CÂMBIO SE APLICA, EXCETO: 
Não há aceite;
Formas de vencimento;
NOTA PROMISSÓRIA
NÃO HÁ ACEITE NA NOTA PROMISSÓRIA. 
Nota promissória não é ordem de pagamento, mas sim promessa de pagamento. 
Em razão disso, não há que se falar em aceite (se não há ordem, não há o que se aceitar), nem em seus institutos decorrentes, como vencimento antecipado por recusa de aceite, cláusula não aceitável etc.
FORMAS DE VENCIMENTO. 
São possíveis as quatro formas de vencimento da letra de câmbio. Quando o prazo for a certo termo de vista, o marco inicial logicamente não é o aceite, mas sim o visto do subscritor (art. 23). O tomador deve apresentar a nota para o visto do subscritor num prazo de 01 ano do saque. 
PRAZOS DE COBRANÇA DA NOTA PROMISSÓRIA
REGRA DO 3+5. 
Qual é o prazo prescricional para a execução da nota promissória contra o emitente e o
avalista? 3 anos (art. 70 da Lei Uniforme).
Mesmo que esteja prescrita, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM, por meio de ação
monitória.
Qual é o pra zo máximo para ajuizar a ação monitória de nota promissória prescrita? 5 anos, com base no art. art. 206, § 5º, I, CC
DUPLICATA. 
CONCEITO: Duplicata é um título de crédito à ordem extraído pelo vendedor ou prestador de serviços, que visa a documentar o saque fundado sobre crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviço, que tem como pressuposto a extração de uma fatura.
É um título CAUSAL , ou seja, só pode ser emitido para representar créditos previstos em Lei, quais sejam:
compra e venda mercantil e prestação de serviços.
FATURA: É a relação pormenorizada das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados. 
Do crédito representado nessa fatura PODERÁ ser extraída uma duplicata. Ou seja, a emissão de duplicata não é obrigatória e sempre decorre de uma fatura. 
.
DUPLICATA. 
Três figuras:
1)
Sacador : Vendedor ou prestador.
2)
Sacado: : Comprador ou beneficiário do serviço prestado.
3)
Tomador/beneficiário: : Vendedor ou prestador.
DUPLICATA - ESPECIFICIDADES. 
Obrigatoriedade do aceite: 
 Na duplicata, o aceite do devedor/sacado é ato obrigatório (ao contrário da letra de câmbio). É o único título de crédito no qual o aceite é obrigatório. AFINAL: Como seria possível ao próprio comprador ou o tomador do serviço se negar a pagar pelo que comprou?).
EXCEÇÕES À OBRIGATORIEDADE
Lei 5.474/68 Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco;
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
PRAZOS
Emitida a duplicata, o sacador tem 30 DIAS para remetê-la ao sacado. 
Se for À VISTA , o sacado, ao recebê - la, deve realizar o pagamento; 
se for a PRAZO , terá prazo de 10 DIAS para devolver a duplicata ao sacador com o devido ACEITE ou com as razões motivadoras da recusa do aceite.
DUPLICATAS - TIPOS DE ACEITE
Aceite
ORDINÁRIO
—
resulta da assinatura do comprador aposta no local apropriado
do título de crédito.
Aceite por
PRESUNÇÃO
—
resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador,
desde que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução
do título ao vendedor.
duplicata
ENDOSSO = LC
AVAL = LC. 
VENCIMENTO = À VISTA, OU DATA CERTA. 
PROTESTO = FALTA DE ACEITE; POR FALTA DE DEVOLUÇÃO, POR FALTA DE PAGAMENTO. 
TRIPLICATA. 
Se o devedor não restitui a duplicata ao credor, o protesto deve se dar por indicações do credor fornecidas ao cartório de protesto (art. 13, §1º,Lei 5.474/68). 
Usualmente, no entanto, tem-se admitido a emissão de TRIPLICATA para esse fim, apesar de a lei não trazer essa previsão
PROTESTO
O protesto deve ser feito nos 30 DIAS subsequentes ao vencimento da duplicata. A inobservância do prazo legal importa a perda , por parte do credor, do direito creditício contra os coobrigados , vale dizer, os endossantes e seus avalistas
.
PERDA OU EXTRAVIO DA DUPLICATA
PERDA OU EXTRAVIO DE DUPLICATA (ART. 23)
Deverá o vendedor extrair uma segunda via da duplicata, a denominada triplicata
E EM CASO DE FURTO OU ROUBO? ⇒ O TÍTULO DEVE SER CANCELADO. 
.
É POSSÍVEL EXECUÇÃO DE DUPLICATA SEM ACEITE?
SIM! desde que:
Haja prévio protesto (sem exigência do prazo legal dos 30 dias);
Exista comprovante da entrega da mercadoria ou da prestação do serviço
→ “Conhecimento de transporte”: É o documento que comprova que a mercadoria foi
entregue.// NO CASO DO SERVIÇO, A PROVA É FEITA NO CASO CONCRETO. 
É POSSÍVEL EXECUÇÃO DE DUPLICATA VIRTUAL?
Resposta: sim
“1. A duplicata tradicional é um título de crédito causal que consiste em uma ordem de pagamento emitida pelo próprio credor e tem origem numa nota fiscal ou fatura de compra e venda ou de prestação de serviço, sendo o aceite do comprador ou tomador de serviços obrigatório e, para a comprovação da existência do crédito perseguido, a apresentação do título executivo original é imprescindível. 2. A prática da duplicata virtual, que já era admitida pela jurisprudência, foi recentemente regulamentada pela Lei nº 13.775/2018, não subsistindo dúvidas de sua admissão e validade no ordenamento jurídico vigente. 3. Para cobrança judicial da duplicata emitida sob a forma escritural, a ausência física do título de crédito pode ser suprida pela apresentação dos instrumentos de protesto por indicação, tirado na praça de pagamento ou no domicílio do devedor, e dos comprovantes de entrega de mercadoria ou da prestação dos serviços, sendo esse, inclusive, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, antes mesmo da edição da Lei nº 13.775/2018.”
Acórdão 1199652, 07004566520188070014, Relator: FÁBIO EDUARDO MARQUES, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 4/9/2019, publicado no DJE: 25/9/2019.
CHEQUE
CONCEITO: o cheque é uma ordem de pagamento À VISTA , sacada contra um banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado ou decorrente de contrato de abertura de crédito. 
Três figuras:
1)Sacador: Correntista.
2) Sacado : Banco. 
3) Tomador/beneficiário : Credor do cheque.
REQUISITOS DO CHEQUE
Lei 7.357/85
Art. 1º O cheque contêm: 
I- a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido; 
II a ordem incondicional de pagar quantia de terminada; 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
ERRO NO PREENCHIMENTO, VALORES. 
Havendo divergência entre o valor da quantia entre as INDICAÇÕES POR EXTENSO e em ALGARISMOS, prevalece a primeira (art. 12);
REGRAS ESPECÍFICAS. 
Os cheques superiores a 100 reais devem, obrigatoriamente, ser nominais, vale dizer, com a indicação do beneficiário.
Conforme o art. 6º da Lei, não se admite a figura do aceite no cheque. 
CHEQUE PRÉ/PÓS DATADO
A cláusula ‘bom para’: 
Conforme o art. 32 da Lei, dada a natureza do cheque de ordem de pagamento à vista, qualquer cláusula que preveja algo em contrário é considerada NÃO ESCRITA.
.
Lei 7.357/85 Art . 32 O cheque épagável à vista. Considera-se não estrita qualquer menção em contrário. 
Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.
PARA O DIREITO CIVIL…. 
Para o Direito Civil, no entanto, a apresentação antecipada equivale ao rompimento da boa-fé contratual, caracterizando dano moral (Súmula 370 do STJ). O dano, nesse caso, é ‘in re ipsa’, não necessitando de prova do prejuízo do sacador.
STJ Súmula: 370. Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
CHEQUE EM BRANCO? 
STF SÚMULA Nº 387 A CAMBIAL EMITIDA OU ACEITA COM OMISSÕES, OU EM BRANCO, PODE SER COMPLETADA PELO CREDOR DE BOA - FÉ ANTES DA COBRANÇA OU DO PROTESTO.
CHEQUE - NOÇÕES GERAIS ATOS CAMBIAIS
ENDOSSO = LC, mas não admite endosso-caução; 
AVAL = LC. 
PRAZOS DE APRESENTAÇÃO. 
MESMA PRAÇA → 30 DIAS. 
OUTRA PRAÇA → 60 DIAS.
Termo ‘a quo’ do prazo : Data de emissão do cheque (data indicada na cártula).
Mesma praça bancária : Quando o local de saque indicado na cártula corresponder ao local da agência pagadora.
Praças bancárias diferentes: Quando não há coincidência entre a praça do saque e a praça da agência pagadora.
 
CHEQUE - EFEITOS DO TRANSCURSO DO PRAZO. 
O transcurso do prazo de apresentação representa o TERMO INICIAL do prazo prescricional de execução do cheque contra o devedor principal.
Só é possível executar os coobrigados do cheque (endossantes e seus avalistas) se a apresentação do cheque se der dentro do prazo legal (Art. 47, II da Lei)
CHEQUE E CONTA CONJUNTA. 
STJ : Na conta conjunta existe solidariedade ATIVA , vale dizer, qualquer dos cotitulares pode movimentar a conta. Entretanto, a solidariedade PASSIVA não é reconhecida. Dessa forma, só responde pelo cheque aquele que o emitiu. Só ele pode ser protestado e executado (REsp. 336.632/ES).
DEVOLUÇÃO INDEVIDA
STJ - Súmula 388: “ A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral” in re ipsa).
SUSTAÇÃO DE CHEQUE
Contraordem/revogação (art. 35);
Sustação/oposição (art. 36).
PRAZOS DE EXIGIBILIDADE DO CHEQUE
REGRA DOS 06 MESES (PRAZO PARA PROTESTO APÓS O VENCIMENTO DO TÍTULO) + 02 ANOS (AÇÃO DE CONHECIMENTO). 
ATIVIDADES SEMANA 03
Pedro emite nota promissória para o beneficiário João, com o aval de Bianca. Antes do vencimento, João endossa a respectiva nota promissória para Caio. Na data de vencimento, Caio cobra o título de Pedro, mas esse não realiza o pagamento, sob a alegação de que sua assinatura foi falsificada. Após realizar o protesto da nota promissória, Caio procura um advogado com as seguintes indagações:
A) Tendo em vista que a obrigação de Pedro é nula, o aval dado por Bianca é válido?
B) Contra qual(is) devedor(es) cambiário(s) Caio poderia cobrar sua nota promissória?
Responda, justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e indicando os dispositivos legais pertinentes.
GABARITO
A) Sim. As obrigações cambiais, são autônomas e independentes umas das outras. Em que pese a assinatura de Pedro ser falsa e a sua obrigação ser nula, a obrigação de Bianca é autónoma, independente e válida e esta não pode se recusar a pagar, nos termos do artigo 43 Decreto n. 2.044/1908. 
B) Tendo em vista que as obrigações são autônomas e independentes, Caio pode fazer a cobrança de João e de Bianca. O primeiro em decorrência do endosso e a segunda em virtude do aval, tendo em vista que foi protestado e conforme o artigo 43 Decreto n. 2.044/1908.
Q1)
(MAGISTRATURA/MG – VUNESP – 2012) É correto afirmar que o cancelamento do protesto, após quitação do débito: 
a) é ônus do credor 
b) é ônus do devedor 
c) é ônus do tabelião de protestos, que deverá proceder de ofício. 
d) dependerá sempre de intervenção do Poder Judiciário, mediante alvará ou mandado, conforme seja jurisdição voluntária ou contenciosa
Q1)
(MAGISTRATURA/MG – VUNESP – 2012) É correto afirmar que o cancelamento do protesto, após quitação do débito: 
a) é ônus do credor 
b) é ônus do devedor ((art. 26, §§1º e 2º da lei nº. 9.492/97 ))
c) é ônus do tabelião de protestos, que deverá proceder de ofício. 
d) dependerá sempre de intervenção do Poder Judiciário, mediante alvará ou mandado, conforme seja jurisdição voluntária ou contenciosa