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Savio Gonçalves dos Santos Políticas sociais e ética nas organizações Máscara M_2017.indd 1 25/04/2018 14:39:33 Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube © 2018 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Coordenação de Graduação a Distância Sílvia Denise dos Santos Bisinotto Editoração e Arte Produção de Materiais Didáticos-Uniube Projeto da capa Agência Experimental Portfólio Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Máscara M_2017.indd 2 25/04/2018 14:20:08 Santos, Savio Gonçalves dos. S59p Políticas sociais e ética nas organizações / Savio Gonçalves dos Santos. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2018. 252 p. : il. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7777-779-2 1. Ética e trabalho. 2. Política social. I. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. II. Título. CDD 174.4 Sobre o autor Savio Gonçalves dos Santos Especialista em Educação pela Universidade Federal do Triângulo Mi- neiro (UFTM). Graduado em Filosofia pela Faculdade Católica de Uber- lândia (Católica). Membro do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP), membro voluntário da Comissão Própria da Avaliação (CPA), membro da Comissão Central de Produção da EAD e docente da Universidade de Uberaba (Uniube). Avaliador do Ministério da Educação (MEC). Professor convidado da Pós-Graduação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Pesquisador de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tem experiência na área de Humanas e Sociais, com ênfase em Filosofia, Antropologia, Bioética, Educação, Ética, Metodologia Científica e Sociologia. Politicas sociais e etica_PP.indd 5 10/05/11 15:55 Politicas sociais e etica_PP.indd 6 10/05/11 15:55 Sumário Apresentação ......................................................................................IX Capítulo 1 A evolução social e o método da política social.................1 1.1 Evolução social ............................................................................................. 4 1.2 A perspectiva funcionalista ......................................................................... 28 1.3 A influência do idealismo ............................................................................ 35 1.4 O processo político-social de Karl Marx ..................................................... 39 Capítulo 2 Influências históricas e a gênese da política social ......... 59 2.1 A questão legal .......................................................................................... 62 2.2 A pessoa humana e o fator social ............................................................... 66 2.3 A perspectiva liberalista e a política social ................................................. 77 2.4 As lutas de classe e as políticas sociais ..................................................... 83 2.5 A política social diante da crise do capital .................................................. 87 2.6 O Brasil diante das políticas sociais ........................................................... 93 2.7 A contrarreforma neoliberal e a situação das políticas sociais ................... 99 2.8 As políticas sociais da iniciativa privada ................................................... 107 Capítulo 3 A construção da identidade ética: bases do ser humano ....................................................................................... 119 3.1 O fator liberdade ....................................................................................... 121 3.2 Estado natural ........................................................................................... 127 3.3 O individual como natural ......................................................................... 136 3.4 O coletivo como social .............................................................................. 144 Politicas sociais e etica_PP.indd 7 10/05/11 15:55 VIII UNIUBE 3.5 O ser ético natural .................................................................................... 156 3.6 Por uma ética da liberdade ....................................................................... 165 Capítulo 4 A pessoa humana, a organização social e a ética ........ 179 4.1 A humanidade: do século XX aos nossos dias ......................................... 187 4.2 A supremacia dos direitos humanos ......................................................... 191 4.3 Os privilégios e o comportamento ético .................................................... 196 4.4 A dignidade humana como finalidade da ética ......................................... 201 4.5 A igualdade social ..................................................................................... 207 4.6 Características da sociedade: a maquinização como problema ético ...... 214 4.7 Humanização e ética ............................................................................... 221 4.8 Ética nas organizações ............................................................................. 226 Politicas sociais e etica_PP.indd 8 10/05/11 15:55 Apresentação Para aqueles que buscam o desenvolvimento e o aprimoramento dos seus conhecimentos acerca de políticas sociais e ética, apresentamos este livro, que leva o mesmo título do assunto em questão. Como modelo referencial de estudo, as reflexões aqui propostas abarcam a discussão de uma situação em que o ser humano, vivendo em sociedade, traz consigo: a existência. Por mais que os temas não abordem de maneira direta tal definição, o caminho que se estabelece para a compreensão do avanço social, bem como o atual estágio de uma crise moral e ética, passa, necessariamente, pela compreensão do ser, estar e agir. Em linhas gerais, abordaremos situações do dia a dia, traçando, de maneira lógica e sistemática, um caminho que nos leve ao encontro da real necessidade de políticas so- ciais e de um comportamento ético. Sendo assim, no primeiro capítulo da obra trataremos da evolução social e do método da política social. Para tanto, analisaremos a perspectiva funcionalista, a influência do idealismo e o processo político a partir da crítica marxista (Karl Marx), para que possamos avançar para o segundo capítulo. No segundo capítulo, teremos a oportunidade de estudar as influências históricas e a gênese da política social, subdividida na análise do as- pecto humano enquanto fator essencial para a compreensão social, a perspectiva liberalista e a política social, as revoltas dos cidadãos e as Politicas sociais e etica_PP.indd 9 10/05/11 15:55 X UNIUBE conquistas das políticas sociais por meio das lutas de classe, a crise do capital diante da investida social, a situação do Brasil nesse processo, a resposta do Estado à contrarreforma e as políticas sociais sob a ótica da iniciativa privada. O terceiro capítulo se dedica a tratar da virada ética, ou seja, trataremos da construção da identidade do ser humano a partir da sua vida natural: a análise do indivíduo, sua inserção na sociedade e no coletivo, o ser ético natural e a liberdade como fator essencial para a ética. Ao analisarmos esses aspectos, poderemos compreender, de maneira fundamentada, como se dá a ética nas organizações. No quarto capítulo, nos dedicaremos a tratar do aspecto humano dos indivíduos e da ética nas organizações. Para tanto, analisaremos taldefinição à luz da compreensão da humanidade inserida no século XXI: a supremacia dos direitos humanos, o comportamento ético e os privilégios sociais, a dignidade como finalidade ética, a igualdade social como resultado de um comportamento ético, a sociedade diante da ma- quinização, a humanização como mudança de paradigmas e a ética à luz das organizações. Assim, estabelecemos os princípios para a execução de um conteúdo extremamente essencial para os dias atuais. A formação de uma consciência ética e crítica se alia à prática política como essência do humano. Não se separam as duas dimensões. Quanto mais humano, mais ético; quanto mais ético, mais humano. Toda essa discussão não se esgota aqui, mas reúne forças e modelos com as suas considerações, seus conhecimentos, pois a busca do saber não pode se resumir a uma simples leitura. Saber não é simplesmente entender algo. Saber vai além Politicas sociais e etica_PP.indd 10 10/05/11 15:55 UNIUBE XI do ato de ser sábio. Pois, como diz Todorov: “O homem é ponto de par- tida e ponto de chegada”, é o artífice e o artefato de seu conhecimento; e com absoluta certeza, a Universidade de Uberaba te levará ao ponto desejado, à compreensão do que é o ser humano que conhece. Bons estudos! Politicas sociais e etica_PP.indd 11 10/05/11 15:55 Politicas sociais e etica_PP.indd 12 10/05/11 15:55 Capítulo 1 Savio Gonçalves dos Santos Introdução Caro(a) estudante, Ao fundamentar o seu estudo dentro da realidade do curso de Processos Gerenciais, tem-se a intenção de contribuir com sua formação profissional mantendo os padrões de qualidade da EAD/Uniube. Assegurar àquele(a) que se dedica a um estudo aprofundado acerca dos aspectos gerenciais um ensino de qualidade é nossa missão. Para você, que pretende se formar como gestor, a obra oferece uma compreensão clara e objetiva dos deveres e obrigações, paradoxalmente formado a partir de sua realidade e da realidade onde se está inserido. Entre outros, o desenvolvimento de consciência crítica e de opi- nião racional, qualidades necessárias a um bom gestor, depende de um desenvolvimento processual paulatino. Os processos educacionais aqui dispostos convergem para a formação de um profissional capaz de estabelecer relações sociais pautadas em princípios éticos. Portanto, este capítulo contribui para a otimi- A evolução social e o método da política social Capítulo 1 Capítulo 1 Politicas sociais e etica_PP.indd 1 10/05/11 15:55 2 UNIUBE zação de seus conhecimentos teóricos, para que você possa aplicá-los, fazendo valer a dimensão da práxis, tão necessária ao processo gerencial. SAIBA MAIS Práxis É possível falar de níveis diferentes da práxis, de acordo com o grau de penetração da consciência do sujeito ativo no processo prático e com o grau de criação ou humanização da matéria transformada evidenciada no produto de sua atividade prática. Distinguimos por um lado a “práxis criadora” (reflexiva) e a “reiterativa” ou imitativa (espontânea) por outro. Essas distinções de nível não eliminam os vínculos mútuos entre uma e outra práxis, eles se dão no contexto de uma práxis total, determinada por sua vez por um tipo peculiar de relações sociais. Por isso, o espontâneo não está isento de elementos de criação e o reflexivo pode estar a serviço de uma práxis reiterativa, visto que o sujeito e o objeto se apresentam em unidade indissolúvel na relação prática (VÁZQUEZ, 1977, p. 245-259). Nesta primeira análise, estudaremos a sociedade capitalista, para chegarmos à compreensão de como surgiram as políticas sociais e, consequentemente, a necessidade de uma vida ética. De maneira prática, lança- remos nossa atenção para a realidade em que vivemos; isto é, uma sociedade que se compõe, essencialmente, de princípios neoliberais, suscitados pela prática capi- talista. SAIBA MAIS Práxis É possível falar de níveis diferentes da práxis, de acordo com o grau de penetração da consciência do sujeito ativo no processo prático e com o grau de criação ou humanização da matéria transformada evidenciada no produto de sua atividade prática. Distinguimos por um lado a “práxis criadora” (reflexiva) e a “reiterativa” práxis criadora” (reflexiva) e a “reiterativa” práxis ou imitativa (espontânea) por outro. Essas distinções de nível não eliminam os vínculos mútuos entre uma e outra práxis, eles se dão no contexto de uma práxis total, determinada por sua vez por um tipo peculiar de relações sociais. Por isso, o espontâneo não está isento de elementos de criação e o reflexivo pode estar a serviço de uma práxis reiterativa, visto que o sujeito práxis reiterativa, visto que o sujeito práxis e o objeto se apresentam em unidade indissolúvel na relação prática (VÁZQUEZ, 1977, p. 245-259). Neoliberalismo O neoliberalismo tem como característica fundamental a regulação de preços e ações comandadas pelas leis de mercado de oferta e procura, em que o estado age somente em casos de extrema necessidade. Politicas sociais e etica_PP.indd 2 10/05/11 15:55 UNIUBE 3 Antes de compreendermos mais a respeito do que é o neolibe- ralismo e quais suas políticas de ação, precisamos entender como a sociedade chegou à esse sistema e por quais motivos essa dinâmica política permanece até os dias atuais. Objetivos Promovendo um bom andamento acerca das políticas sociais e ética nas organizações, se faz preciso estabelecer um caminho lógico. Por isso, esperamos que ao final deste capítulo você seja capaz de: • compreender os principais influenciadores das políticas sociais; • analisar como se deu o surgimento das políticas sociais. Esquema A sequência lógica da disposição deste capítulo é: 1.1 Evolução social 1.2 A perspectiva funcionalista 1.3 A influência do idealismo 1.4 O processo político-social de Karl Marx Politicas sociais e etica_PP.indd 3 10/05/11 15:55 4 UNIUBE 1.1 Evolução social Para iniciar nossas reflexões, devemos compreender todo o contexto no qual estava inserida a sociedade europeia, local onde emergiu a dinâmica da sociedade capitalista e os motivos que levaram à tomada de decisão de se optar por esse sistema político-econômico-social. Todo o processo capitalista é dividido em 3 fases. Na primeira, o ca- pitalismo se instala na Europa, a partir da ótica das classes sociais, bem como na riqueza acumulada, desde o sé- culo XIII até o século XVIII, nas mãos de poucos indivíduos. A forma mais praticada de obter es- sas riquezas, no início, era através de roubos, monopólios e controle de preços pelos estados absolutistas. PESQUISANDO NA WEB Estados absolutistas Acesse o site <http://www.youtube.com/watch?v=BbY_t7P7cRw> e, durante o vídeo, atente para a explicação de como se deu a construção do Estado absolutista, bem como quais são as suas principais atribuições e caracterís- ticas. Tome nota dos principais personagens que influenciaram e socialize a sua opinião com os colegas e preceptor. Discuta sobre o que assistiu. Classes sociais Uma classe social é um grupo de pessoas que têm status social similar segundo critérios diversos, especialmente o econômico. PESQUISANDO NA WEB Estados absolutistas Acesse o site <http://www.youtube.com/watch?v=BbY_t7P7cRw> e, durante o vídeo, atente para a explicação de como se deu a construção do Estado absolutista, bem como quais são as suas principais atribuições e caracterís- ticas. Tome nota dos principais personagens que influenciaram e socialize a sua opinião com os colegas e preceptor. Discuta sobre o que assistiu. Politicas sociais e etica_PP.indd 4 10/05/11 15:55 UNIUBE 5 Diante da expansão marítima e do avanço do comércio, as classes so- ciais se modificam e surge a burguesia. Contudo, em meados do século XVI, as corporações de ofícios foram paulatinamente substituídas pelo trabalhador livre. A introdução na sociedade do trabalho livre fez com que surgissemas indústrias e com elas um novo meio de sobrevivência: o emprego como operários. A ideia de se substituir os ofícios artesanais pela produção ampliada e de baixo custo, levou à construção de galpões industriais em meados do século XVIII. A multiplicação dos galpões nas cidades ocasionou a Revolução Indus- trial na Inglaterra. Com isso, as indústrias começaram a expandir a sua organização e produção, por meio de máquinas, sistematizando os meios de produção e levando a falência dos artesãos. [...] a burguesia, com seu domínio de classe de apenas um século, criou forças produtivas mais massivas e mais colossais do que todas as gerações passadas juntas. A subjugação das forças naturais, a maquinaria, a aplicação da química à indústria e à agricultura, a navegação a vapor, as ferrovias, o telégrafo elétrico, o arroteamento de continentes inteiros, a canalização de rios, populações inteiras brotando do solo como por encanto [...] (MARX; ENGELS, 1998, p. 10). A mudança econômica ocorrida nesse período provocou uma crise entre os artesãos que não acompanhavam o sistema industrial. As fontes de fornecimento de matéria-prima se tornaram acessíveis somente para os grandes empresários, obrigando os artesãos a ingressar nas indústrias como operários, como está representado na Figura 1. Politicas sociais e etica_PP.indd 5 10/05/11 15:55 6 UNIUBE Figura 1: Mudança do sistema de produção. Fonte: Acervo EAD – Uniube. Com a mão de obra à disposição, farta, e com baixo custo, os empresários passaram a explorar os empregados, pagando baixos salários e impondo uma pesada carga horária de trabalho. O empregado, como não possuía os meios de produção, dependia exclusivamente de sua força de trabalho para sua sobrevivência. Assim, o empresário “alugava” por certo período e tempo a força de trabalho desse assalariado em troca de uma quantia de dinheiro. Tal quantia era estipulada para que o empregado pudesse alimentar-se, vestir-se, manter a família, descansar, recobrar as forças, para estar, novamente, disponível para o trabalho. Como o empresário pagava baixos salários – e para as mulheres era menor ainda – ficava fácil acumular certa riqueza à custa do esforço de seu funcionário. O fato é que essa relação trabalhista de produção acirrará, ainda mais, o campo do capitalismo; pois o capitalismo tem na força de trabalho a sua maior mercadoria. O trabalho é a única forma de ação humana capaz de gerar valor. Adam Smith já havia chamado atenção para o fato de que era essa a verdadeira fonte de riqueza social. Politicas sociais e etica_PP.indd 6 10/05/11 15:55 UNIUBE 7 A segunda fase do capitalismo começa com o avanço da evolução tecnológica nas fábricas, inaugurando o período compreendido como a era da industrialização. Essa etapa é chamada de capitalismo concorrencial – também chamado de liberal ou clássico – que perdurará até o último terço do século XIX. PARADA PARA REFLEXÃO Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo florescia na forma de pequenas e numerosas empresas que competiam por uma fatia do mercado, sem que o Estado interferisse na economia. Nessa fase, denominada capitalismo liberal (ou concorrencial) predominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o mercado deve ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura: quando a oferta é maior que a procura, os preços caem. Refletindo o otimismo científico-tecnológico característico do período, Smith acreditava que o mercado atingiria um equilíbrio natural por si só e que o progresso constante conduziria a humanidade à condição ideal, na qual não haveria escassez e tudo seria bem-estar. Um dos fatos que mais chama a atenção nesse período é o processo de urbanização pelo qual passara a Europa: Se, em 1770, 40% dos ingleses residiam nos campos, aí só permanecem, em 1841, 26% deles. As cidades crescem notavelmente: em 1750, só 2 delas aglo- meravam mais de 50.000 habitantes; em 1801, esse número era de 8 e, em 1851, de 29 (e 9 tinham mais de 100.000 habitantes). [...] A população total do Reino Capitalismo concorrencial Capitalismo concorrencial, também chamado de capitalismo liberal, é a forma de estruturação do mercado, na qual pequenas empresas lutavam por participação no mercado industrial sem que houvesse a intervenção direta do Estado na economia. PARADA PARA REFLEXÃO Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo florescia na forma de pequenas e numerosas empresas que competiam por uma fatia do mercado, sem que o Estado interferisse na economia. Nessa fase, denominada capitalismo liberal (ou concorrencial) predominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o mercado deve ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura: quando a oferta é maior que a procura, os preços caem. Refletindo o otimismo científico-tecnológico característico do período, Smith acreditava que o mercado atingiria um equilíbrio natural por si só e que o progresso constante conduziria a humanidade à condição ideal, na qual não haveria escassez e tudo seria bem-estar. Politicas sociais e etica_PP.indd 7 10/05/11 15:55 8 UNIUBE Unido [...] triplica entre 1750 e 1850, duplica entre 1800 e 1850. O crescimento demográfico e a urba- nização conectam-se diretamente à industrialização – evidencia-o a hipertrofia das cidades industriais que, em apenas 40 anos (1801-1841), sofrem o seguinte acréscimo no seu número de habitantes: Manchester – 35.000/353.000; Leeds – 53.000/152.000; Birmingham – 23.000/181.000; Sheffield – 46.000/111.000 (NETTO apud NETTO; BRAZ, 2006, p. 172). Acompanhando esse processo, as indústrias preocupadas em gerar mais lucro, com o impulso do capitalismo concorrencial, expandiram o ideal capitalista para o mundo, criando um mercado mundial. A necessidade de obter maior quantidade e maior variedade de matéria-prima obrigará os países a procurarem materiais por todo o globo, inclusive nos mais inóspitos lugares. Em contrapartida, o mercado mundial será abarrotado de produtos produzidos em larga escala pelas indústrias europeias. Jun- tamente com a expansão do comércio, as culturas europeias começam a ser difundidas pelo mundo, estabelecendo-se vínculos entre povos, separados por distâncias quilométricas. É desnecessário mencionar que boa parte das conquistas alcançadas se deu de maneira exploratória e danosa para aqueles que recebiam a “evolução” europeia. Em muitos casos, a força militar foi utilizada para que os ideais mercantilistas fos- sem alcançados. Com o mercado mundial estabelecido e as nações realizando o comércio de maneira cada vez mais voraz, abre-se precedente para outra questão: a dependência econômica. Como os demais países, em sua maioria fora do continente europeu, não detinham uma tecnologia tão avançada, havia a necessidade de que esses países comprassem produtos indus- Politicas sociais e etica_PP.indd 8 10/05/11 15:55 UNIUBE 9 trializados a altos custos, e fornecessem a matéria-prima, e até a mão de obra, a custos irrisórios. Várias foram as formas de se estabelecer a relação de dependência dos países. Como, em muitos casos, os países menos desenvolvidos care- ciam de subsídios básicos, aqueles que detinham a tecnologia e, con- sequentemente, o capital, começaram a emprestar dinheiro a juros para que os outros países pudessem “evoluir”. Com essa ação, não só o controle econômico estava garantido, como também o controle político começava a expor suas ideias. Como o dinheiro era emprestado aos países subdesenvolvidos, os credores impunham regras comerciais, políticas e sociais para que os devedores adequassem os seus países de acordo com a vontade dos primeiros. Ainda sob o capitalismo concorrencial, a Europa vê nascer no seio da evolução industrial as lutas de classes. O antagonismo formado por capital e trabalho – burguesia e proletariado –, que a partir desse ponto será presença marcanteem toda a discussão sobre o capitalismo. Num primeiro momento, as lutas de classe assumem um papel de ação violenta, ou seja, a aplicação de revoltas armadas e uma bruta- lidade essencial. Não se podia esperar menos, pois isso era apenas uma resposta a toda opressão sentida e vivida pelos operários até então. O centro motor de toda a luta era o que Marx chamou de mais-valia. Antagonismo Em linhas gerais, antagonismo representa o empasse de ideias, ou seja, oposição de pensamentos, ou ainda discordância de modos e sistemas. Politicas sociais e etica_PP.indd 9 10/05/11 15:55 10 UNIUBE PARADA PARA REFLEXÃO Para entender um pouco mais sobre a mais-valia, veja o que dizem Japiassú e Marcondes (2006, p. 176): A mais-valia era um conceito fundamental utilizado por Marx para sublinhar a exploração imposta ao proletariado pelo proprietário dos meios de produção; a força de tra- balho dos operários é o único valor capaz de multiplicar o valor inicial. Ao vender sua força de trabalho ao em- pregador, em troca de um salário, ela se torna um valor de troca como qualquer outra mercadoria. [...] Todavia, o empregador prolonga ao máximo a duração do trabalho operário. Este sobretrabalho cria um sobreproduto, uma mais-valia que não é paga ao trabalhador, que lhe é subtraída e marca sua exploração. Quando a mais-valia é aumentada pela introdução de máquinas mais aper- feiçoadas, por um controle maior da produção individual ou por uma aceleração do ritmo de trabalho, falamos da mais-valia relativa. A burguesia, como revide à revolta dos empregados, trouxe para as indús- trias cada vez mais máquinas que supriam a demanda de funcionários, ameaçando assim, desempregar aqueles revoltosos. Além do mais, os funcionários não tinham nenhuma garantia do Estado, que era controlado pelos capitalistas e seus políticos. O papel do Estado até então, era somente garantir que o comércio funcio- nasse bem e conter as revoltas por parte dos proletários. A participação do povo no Estado era muito pequena, pelo fato de que o direito ao voto era restrito. A partir daí as lutas de classe evoluem e passam a agir com outra pers- pectiva. O proletariado passa a ter consciência de sua situação e da rivalidade com a burguesia. Como forma de agir de maneira organizada, os proletários encontram apoio em instituições internacionais, como a PARADA PARA REFLEXÃO Para entender um pouco mais sobre a mais-valia, veja o que dizem Japiassú e Marcondes (2006, p. 176): A mais-valia era um conceito fundamental utilizado por Marx para sublinhar a exploração imposta ao proletariado pelo proprietário dos meios de produção; a força de tra- balho dos operários é o único valor capaz de multiplicar o valor inicial. Ao vender sua força de trabalho ao em- pregador, em troca de um salário, ela se torna um valor de troca como qualquer outra mercadoria. [...] Todavia, o empregador prolonga ao máximo a duração do trabalho operário. Este sobretrabalho cria um sobreproduto, uma mais-valia que não é paga ao trabalhador, que lhe é subtraída e marca sua exploração. Quando a mais-valia é aumentada pela introdução de máquinas mais aper- feiçoadas, por um controle maior da produção individual ou por uma aceleração do ritmo de trabalho, falamos da mais-valia relativa. Politicas sociais e etica_PP.indd 10 10/05/11 15:55 UNIUBE 11 Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1876) e a Associação Internacional Socialista (1889-1914). Começam também a surgir os sindicatos dos operários e, com eles, os partidos políticos operários. Como consequência de toda a revolta, e de maneira especial, pelo ocorrido em 1845 – a Revolução Industrial –, a burguesia assume um caráter ainda mais conservador. “Seu objetivo passou a ser a manutenção das relações sociais assentadas na proprie- dade privada dos meios de produção” (NETTO; BRAZ, 2006, p. 175). Mesmo com a derrocada da ideologia burguesa, o seu conservadorismo não impediu que aprendessem a lidar com as revoltas proletárias. Os burgueses, numa jogada política, invertem os papéis, e agora passam a lutar pelos direitos e por uma reforma social que minimizasse os impactos espoliativos sobre os operários. É evidente que tais reformas não diziam respeito à propriedade privada, que deveria ser garantida e mantida. Bem, mas, você pode estar se perguntando: e o lado positivo? É evidente que nem tudo foi prejudicial. Os avanços científicos foram significativos. Marcados pelos ideais positivistas, muitas ciências avan- çaram, tais como a Química, a Física e a Biologia. As inovações eram marcadas por uma facilidade no processo industrial. No campo da economia também foi possível perceber alguns avanços notáveis: os monopólios e a mudança dos papéis dos bancos. O grande problema foi Bem, mas, você pode estar se perguntando: e o lado positivo? Politicas sociais e etica_PP.indd 11 10/05/11 15:55 12 UNIUBE a consequência do monopólio: em poucos anos, grupos de capitalistas passaram a controlar verdadeiros impérios econômicos. Graças a Bessemer (1813-1898) e aos irmãos Sie- mens (Friedrich, 1826-1904 e Wilhelm, 1823-1883), o aço passa a ser produzido em grande escala e subs- titui o ferro como material básico; a aplicação da quí- mica permite obter papel da polpa da madeira (1855) e alumínio a partir da bauxita (1886) e a revolucionária produção de álcalis e de tintas e corantes dá nasci- mento à indústria de fármacos; a energia mais utilizada recebe um novo impulso, com a turbinação a vapor (Parsons, 1884); os motores de combustão interna são produzidos a partir de 1876 (Otto) e, com a abertura dos campos de Bornéu (1898), o petróleo generaliza- se como combustível; enfim, a eletricidade faz sua entrada em cena: em 1881, em Godalming (Ingaterra), inaugura-se a primeira central elétrica pública da Eu- ropa (NETTO; BRAZ, 2006, p. 176). De certa forma, o que se assiste nessa etapa do processo capitalista é justamente a fusão do capital financeiro, ou seja, bancos passam a controlar as indústrias, ou mesmo a financiar suas expansões, marcando o início do estágio imperialista. É preciso assinalar, contudo, que o estágio imperialista praticamente bloqueou a pos- sível evolução da maioria dos países atrasados à condição de países desenvolvidos. Observe-se que, no começo do século XX, a relação entre a renda média do país mais rico do mundo e a do mais po- bre era de 9 para 1 e, no final do mesmo século, era de 60 para 1 (FIORI, 1999, p. 24). Estágio imperialista Em linhas gerais, o estágio imperialista se caracteriza por uma fase monopolista do capitalismo. Há um risco, percebido pelos donos das indústrias, de substituição dos monopólios privados pelo monopólio estatal, onde a esfera financeira passa a dominar a esfera de produção. Contudo, a marca principal é a introdução dos bancos no meio industrial, como financiadores de todo o processo produtivo; daí o nome imperialista. Politicas sociais e etica_PP.indd 12 10/05/11 15:55 UNIUBE 13 Esse estágio marca a solidificação do mercado monopolista e acaba por subordinar as micro e pequenas empresas às vontades do monopólio. Nesse contexto, surge a oligarquia financeira, um reduzido grupo de capitalistas terá em suas mãos o controle financeiro do país, bem como dos demais onde ele atua. Essa mesma oligarquia promove as duas caracte- rísticas do capitalismo: ser desigual e combinado. Em linhas gerais, o desenvolvimento das nações capitalistas é sempre desigual; os países que possuem relações entre si, acabam sujeitos à demanda de um mercado global, em que a quebra de um significa a dificuldade do outro. Quanto a ser combinado, vai no sentido de que o capitalismo é capaz de ter, em suas entranhas, técnicas modernas com uma economia arcaica. O processo econômico de um país capitalista obedece a regras gerais do monopólio: obter lucros acima da média e escapar dos efeitosda tendência à queda da taxa de lucro. Por isso, entre outros procedimen- tos, é necessário aumentar a exploração dos empregados. Em mais de um século de existência, o processo imperialista passou por inúmeras transformações e fases, a saber: • a fase clássica (1890-1940); • os anos dourados (1945-1970); • o contemporâneo (dias atuais). Oligarquia financeira Oligarquia financeira se caracteriza pelo domínio de grupos – especialmente os grandes bancos – que detêm o domínio do capital especulativo, ou seja, investem com o intuito de que o seu próprio lucro aumente. Politicas sociais e etica_PP.indd 13 10/05/11 15:55 14 UNIUBE Um dado importante a se relatar é que essa dinâmica de capitalismo imperialista ainda se mantém em vigência no início do século XXI. Bem, ainda precisamos elencar duas influências diretas no sistema capitalista que marcaram profundamente a sociedade mundial. Uma é o liberalismo, desenvolvido inicialmente na Inglaterra; a outra é o Ilumi- nismo, com suas bases estabelecidas na França. Sendo assim, vejamos os dois pontos. O liberalismo, em suas bases iniciais, buscava um ideal: liberdade. Os liberais eram assim classificados por serem livres, baseando essa definição nas artes liberais, ou seja, um conjunto de atividades de indivíduos livres, diferentes das atividades manuais exercidas por escravos. A dinâmica estrutural da sociedade começa a ser alterada com a discussão que começava a surgir na Europa nos finais do século XVIII, em especial na região da França. Cidadãos insatisfeitos com o sistema autoritarista, com a decadência do sis- tema social, excesso de doenças, entre outros, foram às ruas com o intuito de tomar o poder à força, tendo como primeiro alvo a Bastilha. Os revolucionários adotaram o lema: “Liberdade, Igualdade e Fraterni- dade”, pois ele resumia os ideais do povo francês. O período histórico que se sustenta a partir dessa ideia da Revolução Francesa (1789) foi chamado de Iluminismo e buscou firmar suas bases na defesa da ciência e da racionalidade crítica. Para aqueles que defendiam esses Bastilha Originalmente Bastilha era um pórtico na cidade de Paris. Contudo, o espaço ficou conhecido por funcionar uma prisão, onde os revolucionários tomaram o poder na Revolução Francesa. Politicas sociais e etica_PP.indd 14 10/05/11 15:55 UNIUBE 15 ideais, a razão aparece como resposta única e suficiente para toda e qualquer dúvida. Entre outros, um dos objetivos do Iluminismo era o de justamente “livrar” a sociedade dos dogmas das religiões e das falsas explicações. O Iluminismo ainda pregava que todo indivíduo era livre; tinha em suma garantidos pelo Estado, seus direitos sociais e naturais. Todas essas ideias foram preparadas ao longo dos séculos anteriores pelo racionalismo cartesiano, a revolução científica, o processo de laiciza- ção da política e da moral. Com a ajuda de pensadores como Diderot, D’Alembert, Voltaire e outros, essa doutrina rapidamente se espalhou pelo continente europeu, apesar de a França estar atrasada em relação ao liberalismo inglês. O liberalismo, em suas bases estruturais, tinha como ponto de partida a ambígua realidade existente entre empreendedores capitalistas e aristocracia feudal. O termo “liberalismo” deriva da classificação antiga chamada de artes liberais, que tinha como intuito caracterizar indivíduos que executavam atividades de maneira livre, diferenciando daquelas atividades exercidas pelos escravos, manualmente. Contudo, a linha de reflexão adotada pelo liberalismo extrapola esses significados abstratos e abarca um “conjunto de ideias éticas, políticas e econômicas da bur- guesia” (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 246). Para melhor entendermos os ideais liberalistas, precisamos observar que há uma divisão em teorias, facilitando a compreensão; portanto, precisamos observar cada uma delas de maneira detalhada: Politicas sociais e etica_PP.indd 15 10/05/11 15:55 16 UNIUBE O liberalismo político cons- titui-se contra o absolutismo real, e busca nas teorias contratualistas a legitima- ção do poder, que não estará mais fundado no direito divino dos reis nem na tradição e herança, mas no consenti- mento dos cidadãos. O libe- ralismo ético, como garantia dos direitos individuais, tais como liberdade de pensa- mento, expressão e religião, supõe o prevalecimento do estado de direito, que rejeita o arbítrio, as lutas religio- sas, as prisões sem culpa formada, a tortura, as penas cruéis. O liberalismo econô- mico se opõe inicialmente à intervenção do poder do rei nos negócios, que se exercia por meio de procedimentos típicos da economia mercan- tilista, tais como a concessão de monopólios e privilégios (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 246, grifo nosso). Todas essas ideias foram desenvolvidas por Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823) para defender os ideais de propriedade privada dos meios de produção, baseando-se na livre iniciativa e na competição. Para tanto, o liberalismo colocava como pré-requisito para os seus adeptos uma confiança cega no sistema de governo, o qual se incumbiria de resolver todos os problemas. Esse modelo de liberalismo não foi seguido por todos; houve vários autores que deram forma própria à concepção liberal, adotando as mais variadas formas de interpretação. São eles: John Locke (1632-1704), Teorias contratualistas Entende-se por teorias contratualistas o conjunto de textos e dizeres de filósofos e sociólogos que se dedicaram a pensar a sociedade a partir da sua organização social, sustentada pela fixação de um contrato social entre as partes. Tal contrato daria poderes àquele que fosse o representante do povo. Podemos citar como exemplos: Thomas Hobbes (1651), John Locke (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762). Politicas sociais e etica_PP.indd 16 10/05/11 15:55 UNIUBE 17 Montesquieu (1689-1755), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Je- remy Bentham (1748-1832), entre outros. É claro que houve aqueles que foram contrários ao sistema liberal, como por exemplo, Friedrich Hegel (1770-1831) (figuras 2 e 3) que afirmava ser o estado quem constitui o indivíduo e não o contrário, e ainda, que a sociedade civil se encontra entre a família e o Estado. Assim, “na visão de Hegel, o Estado é, de modo geral, o reino da liberdade, pois nele cada indivíduo, cumprindo seu dever, tem consciência de objetivo que busca, e que as leis prescrevem – o bem coletivo”(ARANHA; MARTINS, 2003, p. 255). Figura 2: Organização feudal. Fonte: Acervo EAD – Uniube. Politicas sociais e etica_PP.indd 17 10/05/11 15:55 18 UNIUBE Figura 3: Pirâmide do sistema capitalista. Fonte: Acervo EAD – Uniube. O processo capitalista, como temos visto, não se construiu de maneira individual e natural, muito pelo contrário. Ao que se sabe, todo o sistema passa a fazer uso de uma ação característica: comunicação. Como o empregado não possuía tempo para si e para os seus, a única fonte de lazer acabava sendo o rádio, e, tempos depois, a televisão. Em casos raros, era comum observar as famílias de proletários irem a eventos populares, como circos, festas e, em algumas oportunidades, ao cinema. Com toda essa movimentação em torno dos meios de infor- mação, a sociedade viu nascer o que a Escola de Frankfurt chamou de Politicas sociais e etica_PP.indd 18 10/05/11 15:55 UNIUBE 19 cultura de massa. O fato de que as análises se apoiam na teoria mar- xista leva, necessariamente, os pesquisadores a utilizarem os conceitos de ideologia e alienação para explicarem a criação dessa cultura que, a partir do século XX, aglutina e integra pessoas de origens diferentes, numa manifestação rara de unanimidade. O melodrama aparece nessas análises como um recurso catártico pelo qual as pessoas constroem uma falsa ideia de um mundo que termina em happy end (final feliz). SAIBA MAIS O termo cultura de massa,como já exposto anteriormente, teve sua origem na Escola de Frankfurt, com os estudos que propunham análises da realidade contemporânea à luz das teorias marxistas. Em relação à comunicação, a teoria crítica estuda a cultura midiática como uma nova forma de opressão ideológica e de dominação da burguesia sobre as classes subalternas. Para isso, rejeitam o conceito de cultura de massa, considerando que os produtos veiculados pelos meios de comunicação não são produzidos pelas massas, nem satisfazem suas necessidades. Ao contrário, significam uma nova forma de dominação e de distribuição de uma cultura simbólica e de baixa qualidade. Foi preocupação da Escola de Frankfurt alertar para o perigo da expansão de um gosto cultural de segunda linha, voltado para o entretenimento de baixo custo, para a expressão artística da modernidade, para o desenvolvimento humano e para a cidadania. Segundo Adorno, a cultura ligeira dos meios de comunicação homogeneíza, empobrece, mistura tendências num processo em que se valoriza apenas a novidade. Tal cultura era supostamente baseada na ideia de que o povo era quem fazia e traçava os costumes culturais. Com o passar do tempo, foi pos- sível perceber que, na verdade, não existia uma cultura de massa, mas SAIBA MAIS O termo cultura de massa, como já exposto anteriormente, teve sua origem na Escola de Frankfurt, com os estudos que propunham análises da realidade contemporânea à luz das teorias marxistas. Em relação à comunicação, a teoria crítica estuda a cultura midiática como uma nova forma de opressão ideológica e de dominação da burguesia sobre as classes subalternas. Para isso, rejeitam o conceito de cultura de massa, considerando que os produtos veiculados pelos meios de comunicação não são produzidos pelas massas, nem satisfazem suas necessidades. Ao contrário, significam uma nova forma de dominação e de distribuição de uma cultura simbólica e de baixa qualidade. Foi preocupação da Escola de Frankfurt alertar para o perigo da expansão de um gosto cultural de segunda linha, voltado para o entretenimento de baixo custo, para a expressão artística da modernidade, para o desenvolvimento humano e para a cidadania. Segundo Adorno, a cultura ligeira dos meios de comunicação homogeneíza, empobrece, mistura tendências num processo em que se valoriza apenas a novidade. Politicas sociais e etica_PP.indd 19 10/05/11 15:55 20 UNIUBE sim, uma indústria cultural. Os meios de comunicação observaram que vender cultura era uma forma de lucrar, e lucrar muito; com isso, passou- -se a investir pesadamente num sistema que beneficiasse aqueles que divulgavam a informação, sem se preocupar com o que se estava divul- gando. Como resultado, a maioria dos meios de comunicação e de lazer, passou às mãos dos grandes empresários, por conta da necessidade de altos investimentos. De posse desses meios, os empresários deram início a uma divulgação de informações que em nada eram verdadeiras, mas somente retransmitiam os interesses capitalistas, mantendo o sis- tema na ordem em que estava. A terceira etapa do capitalismo começa com a compreensão do fator “globalização”. Os modelos alternativos ao capitalismo, como, por exemplo, o comunista, começam a entrar em decadência; os Estados nacionais se enfraquecem, abolindo toda a prática do nacionalismo. Com isso, há um apelo internacional para que a economia e o mercado capitalista não deixem de funcionar. A partir daí, começam a surgir organismos internacionais, que têm como objetivos administrar a economia, a sociedade e a política. Os principais órgãos internacionais para a organização global são: • a Organização das Nações Unidas (ONU); • o Fundo Monetário Internacional (FMI); • o Banco Mundial (BIRD). Nacionalismo Nacionalismo é a supervalorização de uma determinada nação em detrimento às outras. No caso do mercado financeiro, o nacionalismo pode favorecer às empresas nacionais, dificultando todo o processo para as demais empresas estrangeiras. Politicas sociais e etica_PP.indd 20 10/05/11 15:55 UNIUBE 21 A grande questão em pauta passa a ser a resposta que os países darão a estas organizações. Pois, muitas vezes, o que acontecia era uma or- ganização que possuía [...] valorizações fraudulentas de ações, falsos esque- mas de enriquecimento imediato, a destruição estru- turada de ativos por meio da inflação, a dilapidação de ativos mediante fusões e aquisições e a promo- ção de níveis de encargos de dívidas que reduzem populações inteiras, mesmo nos países capitalistas avançados, a prisioneiros da dívida, para não dizer nada da fraude corporativa e do desvio de fundos [...] decorrentes de manipulações do crédito e das ações – tudo isso são características centrais da face do capitalismo contemporâneo (HARVEY apud ARANHA; MARTINS, 2003, p. 123). Entre outros, percebe-se que um fator facilitador da destruição dos va- lores e do ser humano em si é a globalização; não pelo processo em si, mas pelo seu caráter agressivo, que acaba por denegrir a vida humana. É preciso lembrar que todas as questões sociais e econômicas que en- contramos não são somente consequências da globalização, mas fica claro que: A globalização neoliberal desenvolveu-se a partir de 1980. Acelerou conquistas tecnológicas, mas também estagnou povos. Uma revista alemã especializada sintetiza o perfil da atual globalização, nesses termos: “Produz onde os salários são mais baixos, pesquisa onde as leis são mais generosas, e aufere lucro onde os impostos são menores”. Enquanto as transnacio- nais acumulam riqueza, populações pobres acumulam miséria (ARDUINI, 2002, p. 142). O que fica claro é que a globalização modifica os humanos, agindo dire- tamente na mudança social, política, econômica, mas, principalmente, intelectual. A influência intelectual pode ser a mais marcante das ações promovidas pela globalização. Se observarmos bem, o avanço tecnoló- Politicas sociais e etica_PP.indd 21 10/05/11 15:55 22 UNIUBE gico, mais precisamente no que concerne à informação e comunicação, tem se mostrado um grande aliado no intuito de manipular a inteligência, os hábitos e costumes do ser humano. A comunicação em massa, por exemplo, vem deixando profundas marcas na história contemporânea, observando como marco fundamental, a Alemanha nazista de Adolf Hitler. Como um grande orador e retórico, Hitler conseguiu criar toda uma ideologia voltada para a conquista e o estabelecimento de uma raça pura. Ele soube utilizar a linguagem, o instrumento pelo qual o ser humano modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, suas vontades e seus atos. Instrumento pelo qual ele influência e é influenciado. Em meio a toda essa prática de controle do ser humano e de homoge- neização promovida pela globalização e seus frutos, emerge a Educação como ato de libertação da consciência e a criação de uma consciência crítica. Tal consciência crítica deve se aliar a uma ação refletida, o que filosoficamente chamamos de práxis. SAIBA MAIS A prática humana refletida, termo que chamamos de práxis, diferencia-se em dois estágios, segundo Vázquez (1977, p. 245-259): É possível falar de níveis diferentes da práxis, de acordo com o grau de penetração da consciência do sujeito ativo no processo prático e com o grau de criação ou humani- zação da matéria transformada evidenciado no produto de sua atividade prática. Distinguimos por um lado a “práxis criadora” (reflexiva) e a “reiterativa” ou imitativa (espon- tânea) por outro. Essas distinções de nível não eliminam os vínculos mútuos entre uma e outra práxis, eles se dão no contexto de uma práxis total, determinada por sua vez por um tipo peculiar de relações sociais. Por isso, o espontâneo não está isento de elementos de criação e o SAIBA MAIS A prática humana refletida, termo que chamamos de práxis, diferencia-se em dois estágios, segundo Vázquez(1977, p. 245-259): É possível falar de níveis diferentes da práxis, de acordo com o grau de penetração da consciência do sujeito ativo no processo prático e com o grau de criação ou humani- zação da matéria transformada evidenciado no produto de sua atividade prática. Distinguimos por um lado a “práxis criadora” (reflexiva) e a “reiterativa” ou imitativa (espon- tânea) por outro. Essas distinções de nível não eliminam os vínculos mútuos entre uma e outra práxis, eles se dão no contexto de uma práxis total, determinada por sua vez por um tipo peculiar de relações sociais. Por isso, o espontâneo não está isento de elementos de criação e o Politicas sociais e etica_PP.indd 22 10/05/11 15:55 UNIUBE 23 reflexivo pode estar a serviço de uma práxis reiterativa, visto que o sujeito e o objeto se apresentam em unidade indissolúvel na relação prática. Portanto, a formação da consciência depende claramente do relacio- namento pessoal que chamamos de “eu”, e do relacionamento social, “os outros”. O relacionamento entre o eu, que se classifica como a experiência pessoal em forma de comportamento, formando as bases para a geração do ser pessoa, deve se aliar ao relacionamento social, isto é, a convivência com as outras pessoas e, nesse caso, a escola. Assim sendo, o indivíduo se caracteriza pela consciência moral, criada a partir dos referenciais obtidos por meio do relacionamento social, seja ele no círculo familiar ou fora dele. O que fica claro é que o processo educacional deve contemplar os âmbitos pessoal, familiar e social; daí a necessidade dos sistemas educacionais estarem interligados com a família e a sociedade de maneira geral, com o objetivo de mediar o re- lacionamento educando/mundo, formando o pensamento. Portanto, organizar o mundo para que se mantenha uma ordem eco- nômica, converte-se em um árduo trabalho. Dessa forma, o padrão de globalização acaba sendo sinônimo de outros fatos históricos e, entre eles, o que mais chama a atenção é o da pós-modernidade. Originalmente criado no campo das artes e da arquitetura, o termo “pós-modernidade” queria designar a ruptura com a modernidade. Procurava romper com critérios universais da arte, da perenidade e da legitimação. reflexivo pode estar a serviço de uma práxis reiterativa, visto que o sujeito e o objeto se apresentam em unidade indissolúvel na relação prática. Politicas sociais e etica_PP.indd 23 10/05/11 15:55 24 UNIUBE PESQUISANDO NA WEB Acesse o site <http://www.youtube.com/watch?v=4slt1vOhTDA> e, durante o vídeo, atente para a explicação sobre Arte Moderna, bem como quais são as suas principais atribuições e características. Tome nota dos principais personagens que a influenciaram e socialize a sua opinião com os colegas e preceptor. Discuta sobre o que assistiu. Essa ideia de pós-modernidade emerge como nova proposta de produção artística, associando-se à quebra de valores e de normas de comporta- mento que caracterizou o ser humano contemporâneo. Sem sombra de dúvida, um dos marcos do capitalismo pós-moderno foi o avanço tecnológico pelo qual passaram as sociedades capitalistas mundiais. O antagonismo assistido durante o período da Guerra Fria só fez eclodir, com maior força, a herança de uma Segunda Guerra Mun- dial marcada pela corrida bélica. Contudo, não foi só no campo bélico que pudemos perceber avanços. Se tomarmos por base a informática, veremos que o mundo, como se encontra hoje, seria inconcebível sem a presença dos computadores e aparatos eletrônicos. Um segundo aspecto que precisa ser ressaltado é o da automação das telecomunicações. Graças a ela, a globalização capitalista pode atingir um maior número de sociedades. A concepção, planejamento e execução dos processos industriais foram otimizadas com a entrada no mercado do mundo virtual Internet, e-mail, entre outros, passam a ser instrumentos necessários em todo e qualquer lugar; tudo se modifica. Não poderia ser diferente com os processos políticos e econômicos; diante da realidade PESQUISANDO NA WEB Acesse o site <http://www.youtube.com/watch?v=4slt1vOhTDA> e, durante o vídeo, atente para a explicação sobre Arte Moderna, bem como quais são as suas principais atribuições e características. Tome nota dos principais personagens que a influenciaram e socialize a sua opinião com os colegas e preceptor. Discuta sobre o que assistiu. Politicas sociais e etica_PP.indd 24 10/05/11 15:55 UNIUBE 25 da mudança global, o sistema de administração da máquina pública começa a ruir. As teorias existentes não suprem a necessidade social, muito menos resolvem as questões que dessa realidade eclodem. Com o desgaste das teorias sociais e com uma aguda dificuldade de manutenção do sistema estatal, os governos capitalistas começam a entrar em colapso. Em série, começa a vigorar o déficit orçamentário, uma crise fiscal, a alta inflação, gerando uma instabilidade social. Os países capitalistas se veem obrigados a rever toda a estratégia eco- nômica, política e social. Novos acordos passam a ser feitos, novas regras econômicas surgem como tentativa do controle monetário. Mas, o grande fator que desencadeará uma virada será a adoção do neoliberalismo. Os ideais do neoliberalismo foram traçados desde os anos quarenta do século XX pelo economista austríaco Friedrich August von Hayek (1899-1992) que, em 1974, ganhou, juntamente com Gunnar Myrdal o Prêmio Nobel de Economia. Em suas linhas de pensamento, Hayek pregava que o neoliberalismo gerava uma concepção de homem competitivo, possessivo e calculista; pensava uma sociedade como agregado fortuito, isto é, um meio de realizar seus propósitos privados, fundada numa “natural e necessária” desigualdade entre os homens. Neste ínterim, a noção de liberdade fica restrita à vontade do mercado. Contudo, graças ao avanço dos meios de comunicação social, a partir dos anos 1980, a visão neoliberal se generaliza, vulgarizando as for- mulações de Hayek. Um dos primeiros atos dessa generalização foi atribuir ao Estado a função de restringir a economia. A necessidade de constantes reformulações Politicas sociais e etica_PP.indd 25 10/05/11 15:55 26 UNIUBE do sistema estatal se deu pela afirmação de que este mesmo Estado era um problema anacrô- nico. O segundo ponto da ideologia foi reduzir o Estado, criando a ideia de um estado minimalista, ou seja, um estado que simplesmente deve cuidar de alguns aspectos sociais: policiamento, justiça e defesa, numa busca de reduzir encargos. Para que o Estado pudesse reduzir gastos rapidamente, surge a dinâmica da privatização. SAIBA MAIS A privatização ocorre quando o governo vende empresas estatais para a ini- ciativa privada (empresas nacionais, grupos de investimentos, multinacionais). Desta forma, essas empresas tornam-se privada. Geralmente, a privatização ocorre quando uma empresa estatal não está gerando os lucros necessários para competir no mercado ou quando ela passa por dificuldades financeiras. No Brasil, na década de 1990, várias empresas estatais foram privatizadas, por exemplo: Telesp, Companhia Vale do Rio Doce, Banespa, entre outras. A privatização ocorreu e está ocorrendo em diversos países do mundo, pois é uma das características do mundo globalizado em que vivemos. Para que a sociedade entendesse que havia a necessidade de se priva- tizar o que era público, o governo sucateava a máquina pública, numa tentativa de mostrar suas carências e problemas, justificando tal ato. Para tanto, o sistema sucateado era acrescido de outros fatores que facilitavam a aplicação de uma nova reforma, como a dívida externa, cuja principal função é manter a ordem capitalista mundial. Em linhas gerais, a dívida Anacrônico É uma palavra composta por três termos: ana+crono+ico, que significa fora do tempo. Neste caso em especial, o termo anacrônico se refere à pouca evolução do Estado em relação ao todocapitalista e global. SAIBA MAIS A privatização ocorre quando o governo vende empresas estatais para a ini- ciativa privada (empresas nacionais, grupos de investimentos, multinacionais). Desta forma, essas empresas tornam-se privada. Geralmente, a privatização ocorre quando uma empresa estatal não está gerando os lucros necessários para competir no mercado ou quando ela passa por dificuldades financeiras. No Brasil, na década de 1990, várias empresas estatais foram privatizadas, por exemplo: Telesp, Companhia Vale do Rio Doce, Banespa, entre outras. A privatização ocorreu e está ocorrendo em diversos países do mundo, pois é uma das características do mundo globalizado em que vivemos. Politicas sociais e etica_PP.indd 26 10/05/11 15:55 UNIUBE 27 externa possui como prerrogativa que os países devedores fiquem su- jeitos às ordens dos credores. O capitalismo neoliberal, dessa forma, estabelece três metas de ação prática: progresso, eficácia e produtividade. Com elas em mente, todo e qualquer governo tentará, desesperadamente, aplicar suas fórmulas para que o lucro seja iminente. Contudo, o capitalismo neoliberal esbarra num ponto: o socialismo real. Quando se diz socialismo real, não nos referimos à prática socialista como se conhece, mas a necessidade social de toda nação. Quando se faz uma leitura detalhada do sistema atual, percebemos que o que existe como prática do governo neoliberal é uma injustiça; opressão, ao invés de liberdade; fracasso social, ao invés de ação social e um planejamento que deixa a desejar, simplesmente mantendo a ordem instaurada, para que a sociedade não sinta os impactos da realidade do mercado, ou seja, a lei da oferta e da procura. É por esses e outros motivos, que a sua função como gestor é lutar pela formação e pela manutenção de uma sociedade mais ética. É preciso reaver valores coletivos, devolver a dignidade humana a todos aqueles que são indivíduos sociais. Gerar uma democracia participativa, em que todos tenham voz e vez, ao invés de simplesmente concordarem com o sistema imposto. Uma vez implantada a democracia participativa, pode- remos falar de uma cidadania que execute a verdadeira justiça social, que caminha lado a lado da paz solidária, fazendo com que a sociedade renasça como uma maneira de entender que o mercado e o dinheiro não são os únicos caminhos para a consecução social e pessoal. Politicas sociais e etica_PP.indd 27 10/05/11 15:55 28 UNIUBE Até aqui, tudo bem? Bem, de agora em diante, a nossa discussão ficará bem específica. Por isso, preste bastante atenção aos fatos históricos que serão estudados, para que você tenha plena compreensão do que for relatado. Compreendida a parte inicial da formação social, passaremos agora para a análise e discussão da organização social a partir das perspectivas políticas; a primeira delas será a funcionalista. Acompanhe! 1.2 A perspectiva funcionalista Num primeiro momento, pode haver uma confusão de situações que pre- cisa ser explicada. Se você observar o sumário, perceberá que há uma diferença curiosa no primeiro capítulo, chamado de “A evolução social e o método da política social”, e o segundo capítulo, chamado de “Capita- lismo, liberalismo e a origem da política social”. A dúvida surge quando se pergunta como seria possível que a política social tenha surgido após o método da mesma. Para tanto, mostraremos que a política social nem sempre foi concebida como tal; num primeiro momento se perfazia simplesmente de uma reflexão política. Já posteriormente, percebeu-se que era preciso que a política social representasse uma ação verdadeira em prol da população. Mas não se preocupe, tudo isso será tratado de maneira prática e objetiva no decorrer do capítulo. Assim, vamos esta- belecer as bases que levaram a essa mudança de comportamento por parte da população e seus representantes. Até aqui, tudo bem? Bem, de agora em diante, a nossa discussão ficará bem específica. Por isso, preste bastante atenção aos fatos históricos que serão estudados, para que você tenha plena compreensão do que for relatado. Politicas sociais e etica_PP.indd 28 10/05/11 15:55 UNIUBE 29 Quando se fala em políticas sociais e busca-se traçar uma linha cronoló- gica, é preciso passar pela concepção de uma política funcionalista. Como o próprio nome já diz, funcionalismo remonta à ideia de uma política que funciona, que alcance o objetivo de satisfazer as necessidades dos seres humanos em sociedade. Tal funcionamento não se dava simplesmente pela ótica popular, muito pelo contrário, esse funcionalismo era uma preocupação da uma política altamente marcada pela lógica neoliberal. A primeira compreensão que devemos ter, ao se falar da perspectiva funcionalista, é que todo esse processo se inicia na reflexão de Émile Durkheim (1858-1917) e a definição do fato social. A lógica durkheiminiana (nome dado a todo pensa- mento derivado de Émile Durkheim) obedece aos padrões sociais, em que a inserção do indivíduo no processo socializante se coloca de tal forma que a sua dimensão individual acaba sendo su- primida pela dinâmica social. Ou seja, não existe mais o indivíduo, mas sim a sociedade humana, objeto a ser estudado. A isso, Durkheim respondeu: É coisa todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experi- mentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais profundos (DURKHEIM apud BEHRING, 2008, p. 27). Fato social Pela definição de Émile Durkheim, fato social se caracteriza como uma característica cultural e estrutural dos sistemas políticos que experimentamos como externa a nós e que exerce uma influência e autoridade que equivalem a mais que a soma das intenções e motivações. Politicas sociais e etica_PP.indd 29 10/05/11 15:55 30 UNIUBE Essa prática de se objetizar a sociedade transfere para o pesquisador a necessidade de se purificar a pesquisa, observando o comporta- mento social não pelos indivíduos, mas sim, pela sociedade como um todo. Pautando por essa lógica, o próximo passo na busca de se compreender a perspectiva funcionalista – aplicada à realidade brasileira – é justamente elencar as bases sociais que compuseram a nossa sociedade. Como se sabe, ao se estudar a sociedade, não se pode traçar linhas comparatórias; ou seja, em hipótese alguma, as sociedades podem ser comparadas quando estudadas. O processo de entendimento e compreensão deve estudar cada sociedade em particular, levantando as características singulares que formam os indivíduos que as com- põem. Dessa forma, ao tomar por base a sociedade brasileira, pode- mos notar que há uma grande influência europeia em nossos traços culturais, devido à colonização. É fato que, durante muito tempo, o Brasil – assim como outros países latino-americanos – foi influenciado por um forte pensamento eurocêntrico (perspectiva que adota a Eu- ropa como centro). Nessa ótica, a sociedade buscou se aproximar ao máximo dos costumes e das políticas europeias. Quando se traça um perfil de determinada sociedade, mesmo com in- fluências do eurocentrismo, é preciso retomar alguns aspectos que são gerais a toda análise social. Primeiramente, a grande questão é: qual a funcionalidade de uma sociedade? A essa pergunta, a resposta possível se torna aquela que busca compreender por quais motivos os humanos se uniram em grupos. É desnecessário dizer aqui algo sobre a evolução histórica da humanidade, e por quais fatores percebeu-se a necessidade Politicas sociais e etica_PP.indd 30 10/05/11 15:55 UNIUBE 31 da união, mas sem sombra de dúvida, a principalfunção da sociedade é satisfazer as necessidades daqueles que a compõem. Dessa forma, toda e qualquer sociedade tem em suas bases funda- mentais a obrigação de satisfazer as necessida- des dos cidadãos. A cidadania não deve consistir somente em um único direito. Ela deve ir mais além. Deve almejar a existência do coletivo social, isto é, do bem-estar social, da dignidade humana, dos direitos iguais; afinal, todos são membros da mesma sociedade. Essa determinação em se primar pela satisfação das necessidades sócio-humanas transforma a concepção de sociedade em uma perspectiva funcionalista; daí, o nome dedicado a este subtópico. AGORA É A SUA VEZ Busque realizar uma pesquisa na Internet ou na biblioteca acerca do que é ser cidadão. Em seguida, discuta com seus colegas e aprofunde a questão. Com a concepção de perspectiva funcionalista definida, agora precisamos compreender como a composição de determinada sociedade se dá, para que possamos estudar a sociedade e o avanço das políticas sociais. Sabemos que toda e qualquer sociedade, quando formada, possui em seu alicerce os traços culturais. Tais traços variam de acordo com os Cidadão A definição de cidadão normalmente esbarra no direito de voto. Ser cidadão não é simplesmente possuir o direito de votar, mas sim, ter acesso aos direitos sociais (lazer, trabalho, educação, segurança, saúde etc), que legitimam os direitos naturais (vida, liberdade e expressão). Portanto, a cidadania é também um preocupar-se com o seu ambiente social; pois é desse que se ganha o respaldo necessário à existência. AGORA É A SUA VEZ Busque realizar uma pesquisa na Internet ou na biblioteca acerca do que é ser cidadão. Em seguida, discuta com seus colegas e aprofunde a questão. Politicas sociais e etica_PP.indd 31 10/05/11 15:55 32 UNIUBE grupos sociais e com as concepções de sociedade. Cada povo possui um modo de agir, costumes e hábitos que formam o que concebemos tradicionalmente como cultura. É essa cultura a responsável pela ca- racterização das sociedades. Dessa forma, não se excluem do processo de formação do ser humano os traços culturais, muito pelo contrário, a cultura passa a ser a resposta da sociedade às necessidades básicas do cidadão. Assim, quando há um padrão de diferença social, a exclusão pode aparecer por conta de fatores que, muitas vezes, não levamos em consideração. Dizemos isso pelo fato de que sempre quando se fala em exclusão social, pensa-se no aspecto econômico; nem sempre é assim. Por vezes, a exclusão cultural é mais forte e intensa. Quando um cidadão não tem acesso a bens de cultura (teatro, cinema, música, tecnologia etc), automaticamente ele se transforma em um indivíduo excluído da sociedade. É nesse sentido, de contradição em relação aos valores que defendemos em nossa forma de organização social, que na sociedade moderna e contemporânea a desigualdade assume o caráter de privilégio de alguns e de injustiça para com outros. É essa nova consciência que torna a pobreza tão incômoda (COSTA, 2005, p. 249). Infelizmente, a lógica social tomou esse caminho. Há alguns que, em benefício próprio, acabam explorando outros. Em muitas das vezes, essa confirmação se dá em âmbitos mundiais. Países que se julgam “melhores” que outros acabam impondo a sua cultura e o seu modo de administrar a outros povos. Há um desrespeito aos traços culturais. Anula-se a dimensão social, cultural, pessoal, de uma nação, em prol da superioridade dos mais ricos. É comum observarmos isso quando vemos Politicas sociais e etica_PP.indd 32 10/05/11 15:55 UNIUBE 33 algumas situações relativas a empréstimos mundiais, quando instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou o Banco Mundial (BIRD) estão envolvidas. PESQUISANDO NA WEB Ao assistir o vídeo indicado a seguir, atente à explicação sobre como surgiu o FMI, bem como quais são as suas principais atribuições e características. Tome nota das principais mudanças do Fundo ao longo do tempo e socialize com os colegas e preceptor a sua opinião. Discuta sobre o que assistiu. Site: <http://www.youtube.com/watch?v=kB_U6bL3zhE>. A influência internacional acabou por levar a uma mudança de comporta- mento das ações políticas, relegando as políticas sociais cada vez mais ao esquecimento da prática de governos. A lógica modificou o processo; o que era política de Estado (manutenção dos direitos) passou a ser política de governo (a cada novo mandato, uma nova ordem política, novos interesses e rumos). AGORA É A SUA VEZ Em sua Constituição, o Brasil descreve os Direitos Básicos para o funciona- mento da nação. Acesse o link: <http://www.culturabrasil.org/artigo5.htm> e compreenda um pouco mais sobre o artigo 5° da Constituição Federal. Essa prática de trazer para a cultura nacional influências externas fez com que surgisse um fenômeno chamado de aculturação. Nesse pro- cesso, hábitos e costumes de um povo estrangeiro passam a fazer parte PESQUISANDO NA WEB Ao assistir o vídeo indicado a seguir, atente à explicação sobre como surgiu o FMI, bem como quais são as suas principais atribuições e características. Tome nota das principais mudanças do Fundo ao longo do tempo e socialize com os colegas e preceptor a sua opinião. Discuta sobre o que assistiu. Site: <http://www.youtube.com/watch?v=kB_U6bL3zhE>. AGORA É A SUA VEZ Em sua Constituição, o Brasil descreve os Direitos Básicos para o funciona- mento da nação. Acesse o link: <http://www.culturabrasil.org/artigo5.htm> e compreenda um pouco mais sobre o artigo 5° da Constituição Federal. Politicas sociais e etica_PP.indd 33 10/05/11 15:55 34 UNIUBE da cultura local. Podemos citar como exemplo as palavras que usamos cotidianamente que originalmente não faziam parte da nossa gramática: fast-food, drive-thru, xerox, Halloween etc. É evidente que não se resume só a questão da linguística, mas envolve aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos. Com todo esse processo, advém uma mudança radical no comportamento da sociedade. Há uma necessidade de adapta- ção que obriga a mudança dos hábitos de todos os cidadãos; a popula- ção começa a ser desprezada em prol da manutenção de acordos firmados com o mercado externo. Começa a vigorar no sistema social a mudança das estruturas básicas (relações que definem a organização). O conjunto dessas modificações nas relações sociais ocasionou sérios problemas que começa- ram a exigir dos governos algum posicionamento. Aparecem inúmeros conflitos sociais, variadas situações de desigualdade são relatadas nos países que aderem às políticas internacionais. O relativismo cultural começa a vigorar. A realidade humana, dessa forma, acaba alterada por diversas situações que não dependem da ação individual de cada cidadão. É justamente aí que começa a vigorar, através de manifestos e ações populares, as políticas sociais. Antes, porém, de falarmos de tais políticas, é necessário traçar algumas considerações acerca de outra influência exercida no contexto social: o idealismo. Relativismo cultural Após a definição de Albert Einstein acerca do relativismo, as ações humanas começaram a se pautar pela lógica de que não existe uma ideia absoluta – verdade universal. Com a cultura não é diferente. O relativismo cultural prega a necessidade de valorização de qualquer cultura, inexistindo valor moral na mesma. Politicas sociais e etica_PP.indd 34 10/05/11 15:55 UNIUBE 35 1.3 A influência do idealismo Como você teve a oportunidade de compreender, o relativismo cultural levou a uma mudança no comportamento social. Toda essa mudança, juntamente aos novos ditames da política internacional, obrigou a popu- lação a ações extremas, entre elas, reivindicações através de passeatas, greves etc. Toda essa ação social acabou por modificar o comportamento humano, e, consequentemente, a forma de se conhecer.Em inúmeras espécies de animais, é possível encontrar formas de com- portamento e relacionamento variadas. Um comportamento natural no animal – racional ou não – é o de se unir em grupos; conviver, competir, acasalar, sobreviver, reproduzir, se relacionar com o ambiente. Com o humano isso não é diferente. Contudo, em sua constituição, o humano tem a possibilidade de aprender. Nosso aprendizado é essencialmente simbólico, o que significa basica- mente que somos ligados a símbolos: histórias, figuras, mitos, lendas. Um longo aprendizado marca a nossa vida, sendo, muitas vezes, aprendido de gerações anteriores (pais, avós etc). Somos seres que conseguimos promover uma ligação entre linguagem, experiência e realidade. Comparado aos outros animais, o homem não vive apenas em uma realidade mais ampla, vive, pode- -se dizer, em uma nova dimensão da realidade [...] o homem vive em um universo simbólico. [...] Por isso, dizemos que o pensamento humano é único, pois demonstrou ser capaz de transformar a experiência vivida em um discurso com significado [...] (COSTA, 2005, p. 13). Politicas sociais e etica_PP.indd 35 10/05/11 15:55 36 UNIUBE Essa capacidade simbólica do humano é que organiza o mundo e dá sentido à vida. A sociedade em que habitamos, os grupos que dividimos experiências geram uma diversidade de realidades; é isso que faz com que nasçam padrões de vida, crenças e pensamentos diferenciados. Toda essa capacidade do ser humano possibilitou à espécie uma oportunidade de existência única chamada de conhecimento. SAIBA MAIS Segundo a teoria do conhecimento (área da Filosofia), existem 5 tipos de conhecimento, com suas determinadas características: 1. O mito: Relação suprapessoal, em que a revelação do sagrado se mani- festa (revela) sobrenaturalmente ao profano por meio do rito (dramatização do mito, ou seja, da liturgia religiosa). 2. A filosofia: Relação transpessoal em que a palavra diz as coisas. O mundo se manifesta pelos fenômenos e é dizível por meio do logos. 3. O senso comum: Relação interpessoal, em que a ideologia é estabelecida pelas ideias dominantes e pelos poderes estabelecidos. 4. A arte: Relação pessoal, em que interagem a criatividade e a percepção da realidade do autor e a interpretação e sensibilidade do observador. 5. A ciência: Relação “impessoal”. A isenção do cientista diante de sua pes- quisa: o mito da neutralidade científica. A essa altura, você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com a discussão de políticas sociais. A questão é que para compreender como essas políticas começaram a surgir, temos que saber um processo SAIBA MAIS Segundo a teoria do conhecimento (área da Filosofia), existem 5 tipos de conhecimento, com suas determinadas características: 1. O mito: Relação suprapessoal, em que a revelação do sagrado se mani- festa (revela) sobrenaturalmente ao profano por meio do rito (dramatização do mito, ou seja, da liturgia religiosa). 2. A filosofia: Relação transpessoal em que a palavra diz as coisas. O mundo se manifesta pelos fenômenos e é dizível por meio do logos. 3. O senso comum: Relação interpessoal, em que a ideologia é estabelecida pelas ideias dominantes e pelos poderes estabelecidos. 4. A arte: Relação pessoal, em que interagem a criatividade e a percepção da realidade do autor e a interpretação e sensibilidade do observador. 5. A ciência: Relação “impessoal”. A isenção do cientista diante de sua pes- quisa: o mito da neutralidade científica. Politicas sociais e etica_PP.indd 36 10/05/11 15:55 UNIUBE 37 que se desencadeou na realidade humana, chamado de coisificação do sujeito; ou ainda, objetificação do sujeito. Nesse processo, a relação estabelecida entre o sujeito e o objeto se tornou confusa. A evolução racional da humanidade não contribuiu po- sitivamente na relação entre o sujeito (aquele que conhece) e o objeto (aquilo que é conhecido). A inversão dos papéis colocou o sujeito como objeto e, em alguns momentos, como escravo do objeto. Por vezes, a sociedade deixou de lado a perspectiva humana em prol de outras ações e centralizações. Nesse sentido, houve a necessidade de se repensar o comportamento social à luz da pessoa, do sujeito. Daí, o surgimento do idealismo. Em linhas gerais, o idealismo é uma perspectiva que sobrepõe o sujeito ao objeto. Trata-se de repensar a sociedade supervalorizando e redimen- sionando o papel do sujeito, concebendo a realidade como fruto do pen- samento; ou seja, há uma valorização da capacidade racional humana, transferindo para ela a responsabilidade pela construção da realidade. Esse estudo foi aprofundado de maneira especial por Immanuel Kant, Friedrich Hegel e Max Weber. Kant concebia que a razão era entendimento. Segundo o filósofo, era possível conhecer a realidade através das manifestações e expressões da razão, sendo o conhecimento relativo ao sujeito que conhece. Assim, a realidade acabará sendo específica para cada sujeito em particular; ou ainda, que cada sujeito será capaz de construir a sua realidade. Hegel, por sua vez, afirma que o entendimento é algo que parte da existência factual do ser e a razão dissolve as determinações fixadas pelo entendi- mento. Em Hegel, diferente de Kant, o ser é permeável pela razão. Isto Politicas sociais e etica_PP.indd 37 10/05/11 15:55 38 UNIUBE significa que é possível conhecer a coisa porque ela é um movimento que recomeça, em constante construção. A partir da reflexão kantiana e hegeliana, derivou-se um pensamento social que diferenciou a ciência em dois tipos: as da natureza, que tra- balham com a causa para prever ações humanas, e a partir da relação sujeito/objeto se obtêm explicações para as leis; e as do espírito, voltadas para a História, cultura e sociedade, em que se busca trabalhar com as motivações que promovem as ações dos sujeitos; ou seja, o sujeito faz parte do processo que precisa ser compreendido. Lembre-se de que já refletimos sobre as definições de determinado pensador, que levam o seu nome nas considerações. Ou seja, se um pensamento é de Heidegger, esse será chamado de heideggeriano; assim como kantiano e hegeliano pertencem respectivamente a Kant e Hegel. O estudo sistêmico acerca do pensamento de Kant e Hegel deu origem a um ramo da Sociologia chamado de sociologia compreensiva, tendo como seu maior influenciador Max Weber. Para ele, toda ação social está repleta de intenções e ações do sujeito, que se sobrepõem às condições. Sob essa ótica, Weber busca compreender o sentido da ação humana; sendo que para ele “conhecer um fenômeno social seria extrair o con- teúdo simbólico da ação ou ações que o configuram, [...] e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações” (WEBER apud COSTA, 2005, p. 33). Weber faz questão de deixar claro que os valores não estão rela- cionados aos projetos societários, às classes sociais, mas às culturas, Lembre-se de que já refletimos sobre as definições de determinado pensador, que levam o seu nome nas considerações. Ou seja, se um pensamento é de Heidegger, esse será chamado de heideggeriano; assim como kantiano e hegeliano pertencem respectivamente a Kant e Hegel. Politicas sociais e etica_PP.indd 38 10/05/11 15:55 UNIUBE 39 nações e religiões. São esses valores que permitem selecionar o que é significativo nos fenômenos sociais. Toda essa discussão teórica se faz necessária para que você com preenda o processo de surgimento das políticas sociais e a singularidade do su- jeito no processo social. Ao se promover a análise de uma sociedade, não podemos deixar de lado a perspectiva do indivíduo, do sujeito. Há a necessidade de se observar cada caso em particular, como formador da sociedade. Toda ação humana no seio social é convertida em fenômeno social, que de maneira alguma pode anular a dimensão do individual. É justamente por isso que há uma influência do idealismo ao falarmos de
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