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Farmacologia Veterinária 1- Anti-histamínicos: a histamina é um mediador químico produzido por células degranuladoras como os mastócitos e os basófilos, são liberadas durante um processo inflamatório. São encontradas principalmente em tecido respiratório, tegumentar e gastrointestinal. Para que a produção da histamina ocorra é necessário que tenha a transformação do composto histidina em histamina por meio da enzima histidina descarboxilase que realiza uma reação de descarboxilação. Sua principal função é participar da formação dos 5 sinais cardiais da inflamação junto a outros vasodilatadores. - Mecanismo de ação: a histamina possui receptores específicos denominados H1, H2, H3 e H4. I- H1: São receptores encontrados no endotélio vascular, musculatura lisa dos órgãos e sistema nervoso central. Possuem função de vasodilatação, aumento de permeabilidade vascular, bronquioespasmos (presença do receptor na musculatura lisa) e ativação do sistema imunológico. II- H2: São receptores encontrados no sistema gastrointestinal, musculatura cardíaca, endotélio dos vasos e mastócitos específicos do sistema nervoso. Possuem função de produção de ácido clorídrico (células gástricas possuem receptor H2, assim que histamina se liga há liberação de HCl), vasodilatação arterial e aumento do inotropismo cardíaco. III- H3: São expostos em células nervosas histaminérgicas (tanto como no sistema nervoso central e periférico), essas células possuem capacidade de produção de histamina que avisa outras células com receptor H3 (feedback negativo). IV- H4: Presente em células do sistema hematopoiético, ou seja, células do sistema imunológico. - Drogas que liberam histamina: morfina, petidina, atropina e polimixina são medicamentos que liberam histamina como EFEITO COLATERAL, e não como efeito terapêutico. - Antagonistas competitivos reversíveis de H1: são medicamentos que competem com a histamina fisiológica pelo receptor H1, caso seja ligado ao receptor, irá fazer funções antagonistas da histamina. Inibem o aumento de permeabilidade, inibem o rubor e calor da inflamação e deprimem o sistema nervoso central. - Primeira geração de H1: são medicamentos como a difenidramina, dimedrinato, fernegan e polaramine. Características farmacocinéticas padrão (administração via oral, biotransformação hepática e excreção renal). São fármacos lipossolúveis, de alta absorção e fácil degradação sendo eliminados rapidamente. Não são medicamentos específicos, podem se ligar a outros receptores ocasionando muitos efeitos colaterais como taquicardia (receptor adrenérgico), aumento de apetite (receptor seratoninérgico), sono (depressão do sistema nervoso central). -Segunda geração de H1: são medicamentos como loratadina, desloratadina, terfenadina e cetirizina. Sua farmacocinética é padrão com excreção biliar também, são menos lipossolúveis, feito por moléculas grandes, algumas drogas como a desloratadina produzem metabólitos ativos (desloratadina à loratadina), hepatopatas devem evitar esse tipo de medicamento. Medicamentos como astemizol e terfenadina causam arritmias graves. - Uso clínico de medicamentos antagonistas de H1: reações de hipersensibilidade tipo I, alergias, picadas de insetos, náuseas e cinetoses e podem ser auxiliares de sedativos. - Medicamentos antagonistas competitivos reversíveis de H2: são medicamentos como a ranitidina, cimetidina e nizatidina. Possuem função principalmente de inibir a síntese de ácido clorídrico estomacal. Também são utilizados em tratamentos contra a gastrite, úlceras e diminuição de contratilidade uterina. I- Cimetidina: é um medicamento altamente hepatotóxico, deve ser evitada a administração para hepatopatas e junto com outras drogas já que por ser hepatotóxica pode atrapalhar a biotransformação de outros medicamentos deixando-os mais tempo na corrente sanguínea. II- Ranitidina e Nizatidina: são medicamentos pró-cinéticos, ou seja, aceleram a motilidade intestinal, nunca ser administrado para animais com distúrbios gastrointestinais. III- Efeitos adversos de medicamentos H2: náuseas, hepatotoxicidade, diarreias, perda da libido, redução da ação de fármacos que são ativados apenas pelo ácido clorídrico. 2- Anti-inflamatórios: a inflamação é um processo de resposta imunológica contra algum tipo de injúria, ocasionando diversos tipos de efeitos colaterais como rubor, calor, dor, tumor e perda da função e é iniciada pela cascata do ácido aracdônico. Ao ser lesionada, a membrana de uma célula libera fosfolipídios que em contato com a fosfolipase A2 formam o ácido aracdônico, as enzimas LOX, COX1, COX2 e COX3 fazem a degradação desse composto e produzem dois tipos de caminho o da lipoxigenase e o da cicloxigenase respectivamente. Esses dois compostos irão produzir mediadores químicos como a prostaglandina e os leucotrienos, responsáveis por ocasionar os sinais da inflamação. As enzimas COX 1 são chamadas de constitutivas já que são reguladores da homeostase, agem na maioria dos sistemas como aumento do muco e multiplicação celular estomacal, aumento da produção de renina e do fluxo sanguíneo renal, induz a produção de tromboxano para a agregação plaquetária e aumento na produção de osteoblastos. As enzimas COX 2 são as principais vilãs no evento da inflamação, fazem produção de mediadores químicos para dor (bradicinina) e realizam poucas ações fisiológicas. As enzimas COX 3 foram recém descobertas sendo assim há pouca informação sobre elas, sabemos que está relacionada ao sistema nervoso central, processos de dor e hipertermia. I- Anti-inflamatórios não esteroides: Os medicamentos considerados anti- inflamatórios não esteroides (AINE´S) fazem a inibição das enzimas COX 1, 2 e 3, sendo assim não serão produzidos os mediadores químicos. - Inibidores de COX 1 e COX 2 (preferencialmente COX 1): é o AAS (ácido acetilsalicílico) usado para tratamento de doenças vasculares e inibição da agregação plaquetária, porém também pode ser um analgésico e antitérmico. O AAS é PROIBIDO para gatos já que a doação de um acetil para a COX 1 faz uma sobrecarga no fígado dos felinos podendo ter uma predisposição há hemorragias. - Inibidores de COX 1 e COX 2 (igualmente): piroxicam (possui um longo período de ação, porém dura apenas 24 horas, NÃO utilizar em gatos) , flunixin meglumine (utilizado para distúrbios gastrointestinais e musculatura esquelética em equinos com grande ação analgésica, pode ser usado para pequenos animais apenas por 3 dias), fenilbutazona (utilizado em grandes animais para evitar dores musculares e articulares, NÃO utilizar em pequenos animais pode levar a nefrotoxicidade e hepatotoxicidade) e ibuprofeno ( possui grande ação analgésica, porém NÃO deve ser administrado a pequenos animais, geralmente utilizado em bovinos). Inibidores de COX 1 e COX 2 (preferencialmente COX 2): o meloxican inibe as duas COX, porém preferencialmente a COX 2, não causa muitas úlceras e é um ótimo condroprotetor. - Inibidores de COX 2 seletivamente: são chamados medicamentos coxibes como o firocoxibe e são utilizados apenas para eventos inflamatórios agudos. A nimesulida também é um inibidor seletivo de COX 2, porém tanto ela quanto os coxibes não podem ter uso contínuo pela alta chance de formação de trombos e risco de AVC. - Inibidores de COX e LOX: são medicamentos que agem na inibição das duas enzimas, porém não é um glicocorticoide, o diclofenaco de sódio e potássio (alta potência anti-inflamatória e analgésica, porém em animais carnívoros podem lesionar a mucosa, usar por pouco tempo) e o cetoprofeno (pode ser utilizado em pequenos animais) possuem essa capacidade. - Inibidores de COX 3: dipirona e paracetamol em afecções neurológicas. A dipirona especificamente possui grande capacidade antitérmica e analgésica, porém há relatos de discrasias sanguíneas como agranulocitose (baixa produção de células granulomatosas) e aplasia medular, porém foi relatado em pessoas com predisposição genética (Europa). O paracetamol realiza bloqueio na ação de pirógenos no hipotálamo sendo também um ótimoantitérmico. É de uso restrito para cães e PROIBIDOS para gatos, já que os felinos não possuem a enzima hepática glicuronil transferase, enzima utilizada na metabolização do fármaco, sendo assim não é metabolizado nem excretado ocasionando a formação de metahemoglobinas levando a uma cianose nos gatos. II- Anti-inflamatórios esteroides: Os medicamentos esteroides são feitos a base de glicocorticoides semelhantes ao produzido endogenamente pela camada fasciculada da glândula adrenal. O mecanismo de ação é semelhante aos AINE ´s, porém ao invés de inibirem enzimas seletivas, ele é capaz de realizar o bloqueio da formação da cascata inteira inibindo a enzima fosfolipase A2, fazendo com que nenhum sinal da inflamação seja formado. - Efeitos colaterais: hiperglicemia (hormônio catabólico), alteração na metabolização de ácidos graxos (direcionados para a gliconeogênese), osteoporose (reabsorção de cálcio), edema, hipercloremia (reabsorve mais sódio e cloro e excreta mais potássio), hipertensão, hiperadrenocorticismo iatrogênico ( doença endócrina ocasionada pela administração de altas doses de glicocorticoides). - Farmacocinética: uso oral, parenteral, oftálmico (em casos de úlceras não é indicado já que pode aumentar a lesão), inalatório e tópico (é absorvido na mesma quantidade de como se fosse administrado oralmente, por isso nunca utilizar grandes doses). Sua excreção é renal, metabolização renal em 30% e hepática em 70%. - Indicações terapêuticas: afecções musculoesqueléticas agudas ou crônicas, edemas cerebrais, dermatites, doenças autoimunes, fotossensibilização e inflamações oftálmicas não ulcerativas. - Contraindicação: gestantes (inibem a contração uterina), diabetes mellitus (é um fator de resistência insulínica), insuficiência renal ( inibem COX 1 que realiza manutenção dos néfrons), processos de cicatrização óssea e em córneas, infecções bacterianas e fúngicas em animais em crescimento. Glicocorticoides considerados de curta duração agem muito mais rápido como a hidrocortisona, porém são excretados facilmente. Já os de intermediária (prednisona) e longa duração (betametasona) demoram a iniciar o efeito anti-inflamatório, porém duram mais na corrente sanguínea. 3- Medicamentos inibidores de enzimas conversoras de angiotensina: Sabemos que diversos sistemas trabalham em conjunto para realizar a manutenção da pressão arterial, os rins são responsáveis em produzir a enzima renina, o fígado o angitensinogênio que é transformado em angiotensia I pela renina, os pulmões em produzir a ECA (enzima conversora de angiotensina) que realiza a transformação de angiotensina I em angiotensina II. Todo esse sistema é utilizado para que a pressão arterial seja elevada pelas ações posteriores da angiotensina II, porém em animais hipertensos esse sistema funcionando 100% não é benéfico. Células nervosas possuem receptores de angiotensina II sendo assim podem estimular o cronotropismo e inotropismo positivo o que leva o músculo cardíaco a entrar em sofrimento, se o animal for um cardiopata. -Evitamos o aumento da pressão inibindo a enzima ECA com os seguintes medicamentos: - Captopril (Capoten ®): medicamento de excreção renal, leva a proteinúria (pode levar a uma possível insuficiência renal), biodisponibilidade é de 60% em jejum, sem o jejum é de 50%, não é metabolizado pelo fígado. INDICADO PARA HEPATOPATAS. -Enalapril (Renitec ®): medicamento não necessita de jejum, biodisponibilidade boa, realiza metabolização hepática (é transformado em enalaprilato) e realiza excreção renal. NÃO DEVE SER ADMINISTRADO PARA HEPATOPATAS. - Benazepril (Lotensin ®): medicamento que necessita de metabolização hepática (transformação em benazeprilato) a excreção é 85% biliar em gatos e 50% em cães. INDICADO PARA ANIMAIS NEFROPATAS. - Lisinopril ( Previnil ®): medicamento que não necessita de metabolização, biodisponibilidade baixa (com a dose correta há efeito), maior excreção renal. INDICADO PARA HEPATOPATAS. 4- Intoxicação por carbamato e organofosforado: Algumas drogas possuem os dois compostos como o chumbinho, substâncias agrícolas (agrotóxicos) e ectoparasitas. São drogas altamente lipossolúveis, assim são absorvidas rapidamente e ultrapassam todas as barreiras do corpo podendo afetar todos os sistemas. A biotransformação é hepática, excreção renal e também pelo leite materno e fezes. - Mecanismo de ação: essas substâncias são ligadas na enzima acetilcolinesterase (sítio esterásico e aniônico) impedindo a degradação da acetilcolina fazendo com que os receptores colinérgicos sejam sempre ativados e o sistema nervoso parassimpático seja excitado sempre. - Manifestações clínicas: afetam todas as glândulas exócrinas (sialorreia e lacrimejamento), olhos ( miose e ptose palpebral), trato gastrointestinal ( náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, incontinência fecal), trato respiratório ( hipersecreção brônquica, broncoconstricção, dispneia e cianose), sistema cardiovascular ( bradicardia e hipotensão), vesícula urinária ( incontinência urinária), músculo estriado esquelético ( fasciculação, fraqueza muscular, paralisia), sistema nervoso central (sonolência, fadiga, confusão mental e ataxia). - Tratamento: a principal droga aplicada é a atropina, já que é um antagonista competitivo de muscarínicos, fazem a inibição dos receptores parassimpáticos. A atropina tem a meia vida de 4 horas, caso seja administrada em excesso pode ocorrer a atropinização (intoxicação por atropina excitando exacerbadamente o sistema nervoso simpático) Também podemos utilizar as oximas (pralidoxima) apenas se for intoxicação por organofosforado, também só haverá efeito caso a intoxicação seja recente (age nas primeiras horas, atropina sempre deve ser aplicada primeira). Fazemos também o suporte geral com oxigenioterapia, soro com eletrólitos, banho com água corrente se a intoxicação for tópica, indução ao vômito se for ingestão (apenas se animal estiver consciente) e catártico. Em casos de convulsão utilizar exclusivamente a diazepam. 5- Medicamentos que agem no sistema nervoso autônomo: Sabemos que quem controla nossas funções involuntárias é o sistema nervoso autônomo por meio de suas fibras simpáticas e parassimpáticas. As fibras simpáticas são responsáveis pelas ações de luta ou fuga, seus neurônios saem da medula e chega aos (estímulo com acetilcolina) gânglios simpáticos que ficam próximo a medula, esses possuem função de distribuição para 20 neurônios simpáticos diferentes (liberam adrenalina e noradrenalina). Seus receptores são chamados de adrenérgicos sendo cada um responsável por uma ação diferente, alfa 1 ( vasos sanguíneos, esfíncter externo da bexiga, contração uterina, vias catabólicas de glicose e realizam midríase), alfa 2 ( inibe alfa 1 se tiver muita adrenalina tem ação inibitória), beta 1 ( coração e rins para produção de renina), beta 2 ( vasodilatação muscular e coronária, inibe movimentação intestinal, relaxamento uterino e faz broncodilatação) e beta 3 (ativa lipólise). As fibras parassimpáticas possuem função de relaxamento e digestão, quando o corpo se encontra em estado de conforto, suas fibras que saem da medula e encontram gânglios parassimpáticos próximos ao órgão alvo, emitem acetilcolina (fibras pré e pós- ganglionares) para que ocorra interação com os receptores colinérgicos. Seus receptores podem ser classificados como M1, M2, M3, M4 e M5 (muscarínicos presente na musculatura lisa das vísceras) e Nn (nicotínico neuronal presentes em todos os tipos de gânglios e musculatura estriada esquelética) ou Nm (nicotínico muscular presente na placa motora). A ativação dos receptores parassimpáticos tem por função realizar digestão, vasodilatação, cronotropismo e inotropismo negativo, broncoconstricção, miose, realiza secreção de todas as glândulas exócrinas (lágrima, suor, bile, pâncreas). - Medicamentos simpatomiméticos diretos: são fármacos que agem diretamente nos receptores adrenérgicos. I- Agonistas de alfa 1: São fármacos utilizados para o controle de pressão arterial, realizam vasoconstriçãoperiférica para o aumento da PAS. Em excesso pode ocasionar hipertensão arterial, arritmias, baixo débito cardíaco, ICC. De fármacos podemos citar a etilefrina (age em alfa 1, beta 1 e beta 2), fenilefrina ( age apenas em alfa 1) e metoxamina ( age apenas em alfa 1). II- Agonistas de B1 e B2: São fármacos que geram um cronotropismo e inotropismo positivo (ativação de beta 1), broncodilatação, vasodilatação discreta e inibição da contração de vísceras. Em excesso pode causar taquicardia, taquiarritmia, tremores musculares, hipóxia no miocárdio, piora de hemorragias uterinas (beta 2). De fármacos podemos citar o salbutamol, terbutalina, formoterol e clembuterol. - Medicamentos de ações simpatomiméticas indiretas: são fármacos indiretamente potencializam a liberação de neurotransmissores simpáticos. I- Anfetamina: Facilita a liberação de noradrenalina, ajuda em tratamentos contra a obesidade, aumenta a quantidade de catecolaminas (dopamina) no centro da saciedade. II- Efedrina: Facilita a liberação de adrenalina, porém também age em receptores adrenérgicos, sendo uma substancia vasopressora. III- Antidepressivos tricíclicos: Inibem a ação da enzima MAO e COMT (enzimas que degradam catecolamina), assim os neurotransmissores simpáticos permanecem por mais tempo na fenda sináptica. IV- Antagonistas de alfa 2: São fármacos inibidores do feedback negativo que os receptores de alfa 2 realizam, geralmente são medicamentos utilizados para reverter anestesias. Caso seja utilizado em excesso pode ocasionar tremores, taquicardia, hiperalgesia e ruminantes são muito sensíveis. Podemos citar o atipamezole e a ioimbina como fármacos antagonistas de alfa 2. - Medicamentos de ações simpatolíticas: são fármacos que inibem a ação do sistema nervoso simpático levando ao aumento das ações parassimpáticas (não estimulam fibras parassimpáticas, apenas ocasionam a inibição das fibras simpáticas). I. Agonistas de alfa 2: São fármacos específicos para sedação, analgesia, relaxamento muscular já que induzem o feedback negativo das catecolaminas. Em excesso pode ocasionar bradicardia, hipotensão, depressão respiratória e hiperglicemia. Podemos citar a xilazina ( 60x a mais de feeedback ) e o detomidina ( 1620x a mais de feedback). II. Antagonistas de alfa 1: São fármacos que inibem todas as ações do receptor alfa 1, se liga ao receptor não deixando que as catecolaminas façam sua função. Em excesso pode ocasionar hipotensão, bradicardia, diarreias e vômitos. Podemos citar medicamentos como a prazosina, indoramina e hidralazina. III. Antagonistas de beta 1 e beta 2: Inibem principalmente as ações de beta 1 (ações fisiológicas cardiovasculares). Temos o propranolol é um antiarrítmico cardíaco que ocasiona cronotropismo e inotropismo negativo e também inibe ações das catecolaminas no sistema respiratório. O atenolol possui as mesmas características que o propranolol, porém realiza menor ação em beta 2. O carvediol é também um antiarrítmico, ocasiona cronotropismo e inotropismo negativo, é um vasodilatador que pode ser usado em substituição aos ECA’s. Podemos ter diversos efeitos adversos como hipotensão, ICC, bradiarritmia, broncoespasmos, hipoglicemia (antagonista de beta 2 inibe a glicogenólise). - Medicamentos colinérgicos: I- Agonistas muscarínicos diretos: Geralmente realizam bradicardia, aumento do peristaltismo, contrações da musculatura lisa, relaxamento do esfíncter pilórico, miose, diminuição da pressão intraocular, aumento da secreção de todas as glândulas exócrinas, broncoconstrição. Temos fármacos ésteres de colina (acetilcolina, carbacol, betanecol e metacolina), temos os alcaloides (pilocarpina e muscarina). Podemos utilizar para o tratamento de glaucoma (utiliza mais pilocarpina), esvaziamento de bexiga (carbacol). É contraindicado para obstruções intestinais e urinárias já que aumentam a motilidade, asmáticos, portadores de doenças respiratórias, cardiopatas e prenhes (faz contração uterina). Os efeitos adversos são todas as reações esperadas, porém em exagero o que pode levar a morte. II- Medicamentos colinérgicos indiretos: Agem sobre a acetilcolinesterase, onde essa enzima possui 2 sítios de ligação o amoníaco e o esterásico. Como mecanismo de ação temos o carbamato (fármaco instável) se ligando a enzima, em 1 a 60 horas ele se solta. Já o organofosforado realiza fosforilação e conforme passa o tempo mais estável a ligação se torna (liga-se ao sítio esterásico). Usamos esses medicamentos para tratamento contra glaucomas (fisiostigmina), anestésicos e para tratamento de míastenia (neostigmina). Também podem ser encontrados em ectoparasitas agrícolas sendo extremamente lipossolúveis e podem causar intoxicação facilmente. - Medicamentos anticolinérgicos diretos: I- Antagonistas muscarínicos: Quando há excesso de acetilcolina na fenda sináptica podemos administrar fármacos antagonistas que se ligam aos receptores muscarínicos e não deixam o neurotransmissor agir. Temos a atropina como principal medicamento que realiza taquicardia, midríase, cicloplegia, inibição do peristaltismo intestinal e estomacal, broncodilatação (efeitos simpáticos acentudos). Como uso clínico temos a atropina para reversão de intoxicações com agonistas colinérgicos indiretos, dilatação da pupila com ciclopentolato, bradicardia sinusal (atropina), asma com ipratrópio e pré- anestésico com hioscina. 6- Farmacologia no sistema digestório: I- Estimulantes de apetite: Esses medicamentos são esteroides anabolizantes, zinco, complexo B, anti- histamínicos de H1 sendo necessária a administração 10 a 20 minutos antes de cada refeição. II- Adsorventes: São produtos da queima controlada do carvão ativado, onde possui alto poder adstringente, por ser um produto poroso atraí as partículas para si, diminuindo o tempo de absorção da substância tóxica. Devem ser administrados por até 48 horas e associado a um catártico fazendo com que a substância tóxica não seja absorvida. III- Antiespumante: São medicamentos que inibem a formação de gases ou rompe bolhas gasosas já que é capaz de diminuir a tensão superficial do líquido estomacal. Temos como exemplo a dimeticona. IV- Pró-cinéticos: São fármacos que aumentam a motilidade gastrointestinal realizando contração do esfíncter esofágico e relaxamento do esfíncter pilórico. A metoclopramida é um antagonista de dopamina e agonista de acetilcolina, serotonina (é um estimulante do sistema nervoso parassimpático). Temos o carbacol e o betanecol como agonista muscarínico que realizam hipermotilidade e podem gerar dores abdominais. Quando há suspeita de ingestão de algum corpo estranho NÃO administrar medicamentos pró-cinéticos. V- Antiácidos: São fármacos que aumentam o pH do estômago deixando o meio básico, podemos citar as bases de magnésio (constipante), hidróxido de alumínio (laxante) e carbonato de magnésio. VI- Bloqueadores da síntese do ácido clorídrico: Os anti-histamínicos de H2 (ranitidina) são os medicamentos mais rápidos na ação, porém de pouca duração e eficiência. Os bloqueadores da bomba de potássio e hidrogênio atpase como o omeprazol, pantoprazol, são mais lentos no inicio da ação, porém duram mais tempo e são de maior efetividade. O sucralfato é um fármaco que reage com o exsudato do tecido lesionado, cria uma barreira protetora estimulando a produção de prostaglandina E2 para aumentar a multiplicação células gástrica e a produção de muco estomacal. VII- Anti-inflamatórios locais: são fármacos como o budesonida (corticoide) de baixa absorção sistêmica, realizando apenas ação local. Pode ter diversas vias de administração como nasal ou oral. Não há metabolização hepática nem excreção renal. VIII- Eméticos: são fármacos que agem em zonas que estimulam o vômito (centro do vômito e zona deflagradora de quimiorreceptores), realiza alterações fisiológicas como abolição do movimento intestinal, contração do piloro, sialorreia, aumento na produção de muco nos pulmões, relaxamento da cárdia, sudorese, taquicardia entre outros. As drogas irritantes damucosa estomacal estimulam o centro do vômito pela lesão em mucosa, podemos citar o sulfato de zinco ou cobre, água oxigenada (risco de broncoaspiração). Temos as drogas agonistas do centro do vômito como a morfina (ativa receptores da dopamina), com cães podendo ser muito sensíveis a essa droga por possuírem muitos receptores dopaminérgicos e os gatos sensíveis a xilazina (agonista de alfa 2 presentes no centro do vômito). IX- Anti-eméticos: Temos os medicamentos anticolinérgicos como a escopolamina que diminui a motilidade estomacal e as secreções de mucosa sendo PROIBIDO para gatos. Também é relatado o uso de vitamina B com mecanismo de ação desconhecido, apenas sabemos que estimula a liberação de GABA. O dimedrinato (Dramin ®) é um antagonista de H1, receptor presente na zona quimioreceptora. A metoclopramida além de ser um medicamente pró-cinético também é antagonista da dopamina (receptores presentes na zona quimiorreceptora). A ondasetrona é um medicamento muito popular tem por mecanismo de ação ser antagonista da serotonina agindo nos receptores 5-HT. X- Antidiarreicos: São medicamentos basicamente depressores da motilidade intestinal como os anticolinérgicos (atropina e escopolamina), opióides (loperamida) fazem aumento na rigidez muscular intestinal e de esfíncteres, carvão aditivado absorvem substâncias que podem estar irritando a mucosa. XI- Catárticos: São medicamentos que favorecem a liberação das fezes, podem ser encontrados em forma de laxante (fezes em consistência amolecida) ou em forma de purgante (elimina as fezes de forma líquida). Podemos encontrar catárticos emolientes como o óleo mineral que amolece e lubrifica as fezes para facilitar sua saída. Temos os catárticos formadores de massa hidrofílica como as cascas de semente (fibras que se ligam as fezes e atraem água), catárticos osmóticos como sais de magnésio ou sódio que atraem água para as fezes e catárticos irritantes como o óleo de rícino fazem a inibição da absorção de água pelo intestino. XII- Digestivos: São fármacos que complementam ou substituem as enzimas digestivas endógenas. Podemos fazer o uso de enzimas digestivas como pancreatina, papaína e bromelina. Temos medicamentos coleréticos que estimulam a produção de bile pelo fígado e os colicinéticos aumentam a contração da vesícula biliar sendo semelhante a ação da CCK. XIII- Hepatoprotetores: São apenas eficazes em animais que já estão em processo de insuficiência hepática, caso seja suficiente não há necessidade de uso. A colina é um lipotrópico (ajuda na metabolização dos lipídeos) que transforma a gordura hepática em fosfolipídios. A metionina é um hepatotrópico que ajuda na doação de uma metila durante a metabolização de outros medicamentos. A lectina e a betaína são colinas que realizam hidrólise, a vitamina B12 são lipotrópicos que favorecem a formação de colinas endógenas, fazem biotransformação de radicais metílicos (hidroxicobalamina). A vitamina E e o selênio são antioxidantes que eliminam radicais livres e são matéria prima para a biotransformação hepática. 7- Medicamentos que agem no sistema cardiorrespiratório: I- Hemostáticos: São fármacos que impedem a saída do sangue dos vasos, realizando coagulação sanguínea. A vitamina K é o principal representante dessa classe já que auxilia a formação de fatores de coagulação hepática. II- Anticoagulantes: A heparina reage com a proteína antitrombina e forma um complexo que impede a ativação dos fatores de coagualção e da própria trombina. Temos medicamentos como o propranolol, AAS, difenidramina e verapamil que é um bloqueador de canais de cálcio fazendo com que não tenha agregação plaquetária. III- Inotrópicos: São fármacos que aumentam a contratilidade do coração. Podemos classifica-los como digitálicos (realizam menor consumo de oxigênio, diminuem resistência periférica e aumenta contração) temos a digoxina e a digitoxina são indicados para ICC e arritmias supraventriculares. Temos também as aminas simpatomiméticas utilizadas em casos de ICC sendo agonistas de receptores beta adrenérgicos, a dopamina se liga a beta, d1 e d2, dependendo da dose também se liga a receptor alfa. Já a dobutamina se liga apenas em beta 1 e não ativa receptores de dopamina. IV- Vasodilatadores: São utilizados para diminuir a pressão arterial, a pimobendan é um inodilatador que realiza vasodilatação e inotropismo positivo, aumenta a interação de cálcio com a troponina para a contração aumentar, sem gasto de oxigênio. Age sobre as fosfodiesterase – 5 (PDE-V) realizando efeito vasodilatador arterial e venoso reduzindo a pré e pós carga. V- Antiarrítmicos: Temos a classe 1 que bloqueia a despolarização desordenada de taquiarritmias ventriculares, bloqueiam os canais de sódio, representados pela lidocaína e quinidina. A classe 2 são antagonistas de beta adrenérgicos utilizado em tratamentos para hipertensão, representados pelo propranolol, atenolol e sotalol. A classe 3 prolongam o potencial de ação, assim inibem a repolarização impedindo a entrada de potássio na célula, representado também pelo sotalol. A classe 4 são antagonistas de cálcio onde prolongam a despolarização do nó sinoatrial e atrioventricular, representado pelo veparamil. VI- Expectorantes: São responsáveis pelo aumento de muco no trato respiratório, porém torna o muco mais líquido para que possa ser expelido. O muco catarral é o que possui mais componentes sólidos. Os expectorantes reflexos estimulam o nervo vago na faringe, esôfago e mucosa gástrica. O iodeto de potássio e a guaifenesina irritam a mucosa pela administração oral, porém causa náuseas e aumento na produção muco. O IPECA possui emetina que em baixas doses possui efeito expectorante, pode causar hipotensão ou taquicardia compensatória. Os expectorantes mucolíticos quebram os componentes sólidos do catarro se tornando menos viscoso. A bromexina ativa lisoenzimas que destroem esses componentes sólidos. A N-acetilcisteína fazem com que as pontes de dissulfeto sejam quebradas e os elementos sólidos se tornam instáveis. O óleo de eucalipto e o soro fisiológico são inalantes de uso limitado em animais. VII- Antitussígenos: São utilizados para diminuir a frequência da tosse, ação ocasionada por mediadores químicos como histamina, acetilcolina e serotonina. Os antitussígenos narcóticos como a codeína possuem efeito de até 4 horas, podem ocasionar vômitos, constipação ou sonolência. O burtofanol é 20x mais potente e possui mais efeito analgésico. Temos também antitussígenos não nacorticos como o dextrometorfano que é um opióide sintético que não causa dependência e possui mesma potência da codeína. VIII- Broncodilatadores: Podem ser classificados como agonistas beta adrenérgicos inibindo a ação de 5-HT, da histamina de mastócitos, estimulam a movimentação dos cílios e diminuem a viscosidade do muco, são esses o salbutamol e o clembuterol. As metilxantinas como a teofilina aumentam a força de contração muscular do trato respiratório, pode levar a muitos efeitos colaterais como excitação do sistema nervoso, aumento de frequência cardíaca e diurese. Os anticolinérgicos como a atropina pode causar efeito colateral em todos os sistemas, o glicopirrolato é para tratamento de doença obstrutiva pulmonar e o ipratrópio é uso restrito para equinos. IX- Descongestionante nasal: A loratadina são anti-histamínicos com efeitos simpatolíticos, já a efedrina e a pseudoefedrina são agonistas de alfa 1 e realizam vasoconstrição periférica. 8- Intoxicações por avermectina: A avermectina é um grupo ectoparasitário e endoparasitário que só utilizado em casos de vermes gastrointestinais, pulgas, piolhos, etc. O medicamento conhecido é a ivermectina, intoxicação só é causada pela diluição errada, por ingestão ou inalação. - Mecanismo de ação das avermectinas: é um agonista dos canais de cloro, ativam o GABA, realizam inibição neuronal devido a hiperpolarização celular, realiza paralisia motora neuronal fazendo com que ocorra flacidez muscular no parasita. -Sintomas da intoxicação: aumentodo neurotransmissor GABA, ataxia, comportamento anormal, apatia, tremores, mídriase, letargia, cegueira, salivação e coma. Em gatos vemos head pressing, bradicardia, bradipneia e morte. - Diagnóstico: histórico por má diluição, sinais clínicos de fraqueza muscular, não haverá nenhum achado na necropsia nem em exames laboratoriais. -Tratamento: realizamos tratamento sintomático com fluidoterapia, lubrificação ocular, animal não se move então necessitamos sondar o animal para se alimentar e urinar, mudar posição, ventilação mecânica, se for ingestão recente fazer indução do vômito, se for tópico banho com água corrente. 9- Intoxicação por amitraz: O amitraz é utilizado em carrapaticidas e acaricidas para grandes e pequenos animais, são pesticidas da família formamidinas. O triatox e a coleira preventic são representantes dessa classe. São fármacos de base fraca, pH alcalino, fotossensível, hidrolisado no estômago, excreção biliar e renal. - Mecanismo de ação: inibem receptores de octopamina (semelhante ao alfa 2), nos vertebrados são agonistas de alfa 2 e inibem a MAO. - Manifestações clínicas: sedação, letargia, hipotensão, midriase, salivação, poliúria, vômito, hiperglicemia, hipotermia, bradicardia e arritmia (BAV). - Diagnóstico: anamnese, exame físico, no exame bioquímico constará hiperglicemia. -Tratamento: antagonistas de alfa 2 como a iombina, controle da bradicardia, fluidoterapia, aquecimento corporal, banho tópico e lavagem gástrica. 10- Intoxicação por piretróide: São fármacos derivados da flor, baixa toxicidade, baixo impacto ambiental, problemas na diluição levam a intoxicação. Temos a deltametrina, permetrina e butox como representantes. - Mecanismo de ação: aumentam os canais de cálcio de sódio das células, fazendo com que a despolarização neuronal ocorra em maior quantidade, se ligam aos receptores de GABA sendo antagonistas impedindo que o neurotransmissor se ligue ao receptor. - Piretrina tipo 1: age nos neurônios periféricos gerando tremores, fraqueza motora, ataxia, aumento de sensibilidade. -Deltametrina tipo 2: age nos neurônios do sistema nervoso central gerando convulsões, salivação intensa e incoordenação motora. Ambos fármacos citados acima ocasionam taquiarritmias, broncoespasmos e salivação. Gatos são extremamente sensíveis a piretróides pondendo ocasionar intoxicação com pequenas doses. -Diagnóstico: anamnese, manifestações clínicas e não haverá achados na necropsia. -Tratamento: banho com água corrente, eméticos, laxantes, diazepam, fluidoterapia e realizar hipermotilidade intestinal. 11- Intoxicação por rodenticida s: -Primeira geração das varfarinas: o racumin realiza excreção renal, é de curta ação, dura 4 a 5 dias, meia vida de 14 horas. -Segunda geração de supervarfarinas: o ratum possui longa ação, única dose letal, meia vida de 6 dias, 100x mais potente que o racumin. -Mecanismo de ação: inibidores competitivos da vitamina K, impedem a produção de fatores de coagulação II, VII, IX, X, fazem fragilidade capilar em altas doses em uso contínuo. -Manifestações clínicas: hematêmese, taquicardia, hemorragias internas, melena, epistaxe, ataxia, anemia, fraqueza, dispneia, morte súbita, icterícia e hematomas. -Diagnóstico: raio-x, hemograma, anamnese, provas de coagulação, diminuição da agregação plaquetária, diminuição do hematócrito, aumento do tempo de protrombina, necropsia com hemorragias, coração dilatada, hipóxia hepática, hemopericárdio e hemoperitônio. - Tratamento: transfusão sanguínea e de plasma para aumento da pressão oncótica, administração de carvão ativado, vitamina K, local silencioso e calmo para animal não se debater. 12-Intoxicação por plantas em grandes animais: I- Palicourea: conhecida como erva do rato ou cafezinho, é encontrada em todo o BR, menos no MS e no sul. - Características: é uma planta de alta palatabilidade, elevada toxicidade, efeito acumulativo (quanto mais comer maior será os danos), seu principio ativo causador dos danos é o ácido monofluoracetato. -Mecanismo de ação: inibe o ciclo de Krebs (inibição da enzima aconitase), assim todas as células irão acumular citrato (substrato do ciclo de Krebs), que se transforma em fluorocitrato, levando a uma fibrilação ventricular. Falência respiratória e óbito em até 24 horas. - Manifestações clínicas: em ruminantes observamos desequilíbrio, instabilidade, tremores, decúbito, movimento de pedalar, vocalização, convulsões e bloqueio de processos metabólicos. Em gatos e equinos observamos alterações cardíacas e neurológicas, em cães, cobais, ratos e hamsters observamos apenas alterações neurológicas. - Diagnóstico: gerará hiperglicemia, aumento de citrato livre, diminuição cálcio, falência renal, diagnóstico diferencial (de plantas cianogênicas e carbúnculo hemático). -Tratamento: é apenas sintomático, podemos administrar acetamida, gluconato de cálcio, substância probiótica que degrada fluorocetato. -Profilaxia: erradicar a planta palicourea de pastos novos e controle com herbicidas. II- Samambaia: é a segunda causa de morte em bovinos no BR, é encontrado em todo o território BR, possui diversos princípios ativos e efeito acumulativo. - Manifestações clínicas: variam conforme a espécie, quantidade ingerida, em bovinos apresenta diástases hemorrágicas de 6 a 8 semanas, hematúria enzootica, tosse, timpanismo por carcinoma do trato digestório superior. - Diagnóstico: anamnese, consultar se há samambaias no campo, alta quantidade de células vermelhas e mortas na urina, hemoglobinúria sem estar relacionada a nenhuma doença e fazer diagnóstico diferencial do carcinoma do trato digestivo superior. -Tratamento: Não há tratamento específico apenas profilaxia com a retirada das plantas. III- Brachiaria Decumbens: é um capim cortante que quando armazenado como feno pode ter crescimento do fungo phitomyces chartarum, fazendo a formação de micotoxinas. -Mecanismo de ação: A esporidesmina é a micotoxina produzida pelo fungo, quando atinge o fígado após a ingestão, leva a uma insuficiência hepática aguda. Junto ao pasto temos a clorofila que é metabolizada e transformada no fígado em filoeritrina, essa substância não consegue ser metabolizada por causa da insuficiência hepática é reabsorvida para a corrente sanguínea junto a bile, ela é um composto fotossensível. Quando o animal é exposto a luz solar a filoeritrina reage e começa um processo de liberação de energia térmica lesionando a pele do animal. -Manifestações clínicas: lesões cutâneas, eritemas, fotofobia, apatia, inquietação, infecções bacterianas secundárias e morte. -Tratamento: suporte de antissepsia nas feridas, antibióticos, protetores hepáticos, retirar capim contaminado, armazenar corretamente e realizar manutenção do pasto. 13- Intoxicação por plantas em pequenos animais: I- Dieffenbachia ssp: é uma planta ornamental conhecida como comigo ninguém pode, que pode afetar os animais vira oral ou via tópica. -Mecanismo de ação: possui idioblastos (pequenas bolsas) onde dentro há ráfides (como se fossem pequenos espinhos feitos com oxalato de cálcio), essas possuem enzimas proteolíticas e oxalatos solúveis que queimam, perfuram e irritam a mucosa. -Manifestações clínicas: glossite, estomatite, sialorreia, edema, diarreia, dispneia, dor abdominal, lesões na córnea e possível morte. -Tratamento: lavagem ocular / dérmica / oral, princípios ativos que acalmem a mucosa como demulcentes como leite e clara do ovo, anti- inflamatórios esteroides, anti-histamínicos H2 (ranitidina) e fluidoterapia. II- Canabis Sativa: conhecida também como o substrato presente na maconha, a intoxicação por detla-9-tetrahidrocanabiol é letal acima de 3g/Kg por via oral. -Mecanismo de ação: os receptores endocanabióides principalmente do sistema nervoso central (CB1) são todos preenchidos, afetam a liberação de serotonina, GABA, dopamina e noradrenalina. -Manifestações clínicas: superestimulação do sistema nervoso central e periférico, altera os sentidos do animal, gera êmese, desorientação, bradicardia, nistagmo e taquipnéia.14- Zootoxinas: intoxicação por veneno de cobras, aranhas e escorpiões. I- Ofidismo: O veneno das cobras possuem diversas substancias que levam a morte tecidual podendo possuir enzimas proteolíticas, ação miotóxica (perde mioglobulina), ação neurotóxica (aumento ou diminuição dos neurotransmissores), ação coagulantes, ação hemorrágicas e ação nefrotóxica. - Quatro tipos de cobras diferentes: · Gênero Crotalus: conhecida como cascavel, gosta de ambientes quentes, secos e arenosos. Seu veneno possui substâncias coagulantes, miotóxicas, neurotóxicas que bloqueam a acetilcolina levando a paralisia flácida. Gênero Micrurus: conhecida como a cobra coral, encontrada no BR todo, principalmente em matas e litoral, extremamente tímida e possui hábito noturno. Seu veneno possui predominantemente ações neurotóxicas bloqueando a acetilcolina nas junções neuromusculares. Gênero Lachesis: é conhecida como surucucu, encontrada na mata e no litoral, gosta de locais úmidos e interior, não são tão agressivas. Seu veneno possui ações proteolíticas, coagulantes, hemorrágicas (é a que prevalece) e é vasculotóxico. Gênero Bothrops: conhecida como jararaca, é uma cobra que é agressiva, gosta de ambiente úmidos, frio, terrenos com sombra, lagos e barro. Seu veneno possui substâncias como hialuronidase, hemorrágicas, coagulação (é a que prevalece), vasculotóxico. - Tratamento: pode ser aplicado o soro antiofídico polivalente cobrindo os venenos da Lachesis, Bothrops, Crotalus, não há soro antiofídico para a Micrurus (apenas tratamento sintomático com um anticolinesterásico), associado com AINE’s, analgésicos e antibióticos. II- Escorpianismo: existem duas espécies de escorpiões venenosos mais comuns no BR, o Tityus Serrulatus (escorpião amarelo) e o Tityus Bahiensis (escorpião marrom). -Mecanismo de ação do veneno: podem causar dor, hipertensão por liberação de noradrenalina, trombos, lesão miotóxica que pode levar a insuficiência do miocárdio, maior despolarização neuronal causando tremores, aumento de histamina e serotonina, levando a vômitos. - Manifestações clínicas: depende do tamanho da vítima e da quantidade de veneno inoculado. Caso seja considerado leve o animal apresentará dor local, taquicardia, vômitos e leve excitação. Se for moderado terá náuseas, hipertensão, taquipneia e agitação. Se for grave terá todos os sintomas citados mais sonolência e hipotermia podendo levar ao óbito. -Tratamento: são apenas sintomáticos, analgésicos, diuréticos para eliminar as toxinas mais rápido, fluidoterapia, anti-hipertensivos. Não há soros contra escorpião. III- Araneísmo: intoxicação por picada de aranha. I- Phoneutria: É conhecida como a aranha armadeira, encontrada no sul e no suldeste em folhas de árvore de bananeira, são agressivas e podem atacar. Seu veneno é similar ao escorpianismo, as neurotoxinas liberam catecolaminas e cardiotoxinas levam a insuficiência cardíaca. -Tratamento: apenas sintomático, aplicar analgésicos, AINE’s, medicamentos para insuficiência cardíaca, não há soro disponível. II- Loxosceles: São conhecidas como aranha marrom, não são muito agressivas, são encontradas no sul e sudeste do Brasil. Seu veneno possui fosfolipases, proteases, colagenases, hialuronidases, esfingomielinase, realizam quimiotaxia de neutrófilos gerando inflamação no sangue. -Manifestações clínicas: edema, hemorragias, necrose, ação hemolítica e insuficiência renal aguda. -Tratamento: analgésicos, AINE’s, antibióticos, soro antiloxoscélico, transfusão sanguínea, diuréticos e fluidoterapia. A recuperação do membro afetado pode durar meses pela extensa área de necrose que pode causar. 15- Diuréticos: são medicamentos utilizados para eliminar água em excesso no corpo, auxiliam em casos de edemas, urgências e hipertensões. I- Osmóticos: são carboidratos que aplicados na veia atraem água para o vaso, retirada do meio intersticial, aumentando a taxa de filtração glomerular. São esses o manitol e a glicose.II- Diuréticos de alça: são fármacos que agem nas alças de Henle, inibindo a bomba de cotransporte de sódio, cloro e potássio, deixando o lúmen mais concentrado atraindo água. - Farmacocinética: podemos citar a furosemida ou a bumetanida, possuem rápida absorção, 90 minutos de meia vida, secretado no túbulo contorcido proximal, metabolização hepática pelo ácido glicurônico, assim é PROIBIDO para felinos. -Uso Clínico: aplicado em situações de emergências como edemas e tratamento de overdoses já que aumenta a taxa de filtração glomerular. - Efeitos colaterais: hipocalcemia, alcalose, hipovolemia, hipotensão, náuseas e reações alérgicas. III- Diuréticos tiazídicos: agem no túbulo contorcido distal bloqueando a bomba de cotransporte de sódio e cloro. Possui uma potência menor de inibição, aumenta reabsorção de cálcio e excreção de potássio. -Farmacocinética: podemos citar o clorotiazida ou o hidroclorotiazida, geralmente possuem meia vida de 1.5 a 2.5 horas, faz excreção renal. -Efeitos colaterais: aumenta excreção de sódio, hipotensão postural, hipocalemia podendo causar câimbras, alcalose e alergias. -Uso clínico: edemas causados por ICC, insuficiência renal e hepática, tratamento de hipertensão apenas se formar edemas. IV- Diuréticos poupadores de potássio: agem no ducto coletor, são antagonistas da aldosterona e bloqueiam canais de sódio. -Farmacocinética: podemos citar a espironolactona, bloqueiam os canais de sódio e não alteram a osmolaridade de potássio, possuem meia vida de 1,6 horas e fazem excreção renal. -Efeitos colaterais: hipercalcemia, hiperucemia, que gera acidose metabólica e distúrbios do trato gastrointestinal. V- Anidrase Carbônica: os inibidores de anidrase carbônica agem no túbulo contorcido proximal, eles inibem essa enzima impedindo que ocorra a formação de HCO3-, assim inibem o tamponamento e deixam o lúmen ácido atraindo água e sódio. - Efeitos colaterais: visão embaçada, lacrimejamento, fotofobia, acidose metabólica, hipercloremia, aparecimento de cálculos renais, hipocalemia. -Uso clínico: glaucoma, alcalinzação da urina e em casos de alcalose metabólica. 16- Antidepressivos: a depressão é a falta ou deficiência na produção de serotonina e noradrenalina que principalmente realizam percepção da dor e controle da dor. Motivos que levam a tristeza podem se agravar tanto e se tornarem uma dor tão intensa que mudam a produção dos neurotransmissores. - Mecanismo de ação geral: o uso de antidepressivos é para aumentar gradativamente a produção de neurotransmissores, demandando tempo e regulação da dose. I- Antidepressivos tricíclicos: podemos citar a amitriptilina que realiza o combate químico a dor, reduzem a recaptação de serotonina e noradrenalina deixando-os mais tempo na fenda. -Uso clínico: possui tempo de latência de 15 dias, controle de agressividade, medo e dominância em cães, agressividade, desordem na micção, autolimpeza excessiva e ansiedade para gatos. -Efeitos colaterais: fadiga, sonolência, sedação, hipotensão postural, taquicardia entre outros. II- Agonista de serotonina: a buspirona é um agonista de serotonina e também pode facilitar ou dificultar a liberação de dopamina. -Efeitos colaterais: irritação, cansaço, distúrbios gastrointestinais, taquicardia ou bradicardia. -Uso clínico: distúrbios de ansiedade principalmente para gatos. III- Inibidores da enzima MAO: a selegilina inibe a enzima MAO, assim aumentam a disponibilidade de catecolaminas e serotonina na fenda, é utilizado para distúrbios cognitivos (fazer micção de postura errada, bater a cabeça na parede). Possui latência de 3 meses. -Efeito colateral: hipertensão e arritmias. IV- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: a fluoxetina inibe a recaptação da serotonina aumentando o tempo dela na fenda sináptica. Possui latência de 15 a 30 dias, não altera a quantidade de noradrenalina, é indicado para cardiopatas. -Uso clínico: ansiedade, obsessão, compulsão e agressividade. 17-Intoxicação por chocolate: o cacau possui uma substância chamada teobromina (metilxantina), caso seja ingeridoem grande quantidade, bloqueia a adenosina, ocasionando excitação, inibe vasodilatação cerebral e aumenta atividades neuronais. Realiza bioacumulação. -Manifestações clínicas: hipertermia, hiperatividade, êmese, agitação, ataxia, convulsão, poliúria, polidpsia, cianose, coma e morte. -Tratamento: apenas sintomático. 18-Intoxicação por catmint: a erva Nepeta Cataria agem no receptor de serotonina acalmando os gatos agressivos e estimulam os gatos apáticos. A nepetalactona pode ser inalada e ir até o sistema nervoso central causando euforia, excitação e vocalização. -Tratamento: sintomático apenas, utilizar diazepam em casos de convulsões e fluidoterapia. 19- Anticonvulsivantes: São medicamentos utilizados no tratamento de convulsões agudas ou crônicas, se tornando um caso de epilepsia. Temos diversos tipos de convulsões como a generalizada que é a mais comum e que todo mundo conhece onde o animal entra em um estado que afeta todos os sistemas. Também há as convulsões parciais (afeta apenas um membro ou dois) e as atípicas (animal se torna ausente por um momento) entre outras. I- Fenobarbital: É o grupo de drogas dos barbitúricos de eleição para o tratamento neurológico, até hoje o Gardenal ® é o medicamento mais efetivo em tratamentos iniciais. -Mecanismo de ação: se ligam aos receptores de cloro fazendo com que a molécula entre para o meio intracelular e deixe o meio mais negativo e hiperpolarizado, prolongando o potencial de ação da célula. -Farmacocinética: administração oral, metabolização hepática e excreção renal, possui latência de 20 a 30 minutos, pode ser administrado apenas depois da crise, pode causar hepatotoxicidade caso seja ultrapassada a dose limite. - Efeitos adversos: insuficiência hepática, sedação, letargia, polifagia, polidpsia, poliúria e anemia. II- Diazepam: droga de uso imediato em casos de crises agudas, faz parte do grupo de benzodiazepínicos. -Mecanismo de ação: ele se liga aos canais de cloro e age como estimulador do neurotrasmissor GABA, que é inibitório. - Farmacocinética: possui múltiplas vias de administração, em casos de crises agudas geralmente é feito intraretal ou se o animal já estiver com o acesso pode ser usado em infusão contínua. A via de metabolização é hepática e a excreção é renal. -Efeitos adversos: sedação, polifagia, induz tolerância em cães em até 15 dias, PROIBIDO o uso para gatos já que pode levar a necrose hepática. III- Brometo de potássio: é um medicamento que geralmente é usado associado ao fenobarbital. -Mecanismo de ação: sabe-se que o medicamento é identificado pelo organismo como uma molécula de cloro, sendo assim as células fazem o transporte para o meio intracelular deixando a célula mais hiperpolarizada. - É um medicamento que deve ser administrado com o auxilio de luvas já que pode ser absorvido pela pele, não é hepatotóxico, é recomendado para gatos. -Efeitos adversos: ataxia, hiperatividade, hipersensibilidade em animais atópicos, hipercalemia em nefropatas e diarreia. IV- Gabapentina: É um medicamento feito a partir de um aminoácido semelhante ao neurotransmissor GABA, se liga aos receptores do neurotransmissor e acaba deixando a célula mais hiperpolarizada. -Realiza baixa metabolização hepática, pode causar sonolência, letargia, fadiga, incoordenação motora, ataxia, nistagmo e distúrbios na visão.
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