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FARMACOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO ➔ Fármacos usados para tratar 4 condições médicas envolvendo o TGI: 1. Úlceras pépticas e doença dos refluxos gastroesofágico (DRGE); 2. Êmese induzida por fármacos antineoplásicos; 3. Diarreia; 4. Constipação; 1. FÁRMACOS USADOS PARA TRATAR ÚLCERAS PÉPTICAS E DOENÇA DOS REFLUXOS GASTROESOFÁGICO (DRGE) As duas principais causas de úlcera péptica (lesão que se desenvolve na mucosa do esôfago, estômago ou intestino delgado.) são infecção com o gram-negativo Helicobacter pylori e o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). O aumento da secreção de ácido clorídrico (HCl) e a defesa inadequada da mucosa contra o HCl também têm seu papel nesse processo. O tratamento inclui: 1) erradicação da H. pylori; 2) diminuição da secreção de HCl com uso de IBPs ou antagonistas de receptor H2; e/ou 3) administração de fármacos que protejam a mucosa gástrica da lesão, como misoprostol e sucralfato; - Antimicrobianos; - Antagonistas H2; - IBP’s; - Prostaglandinas (PGE1); - Antiácidos; - Protetores da mucosa; 1.1 ANTIMICROBIANOS Pacientes com úlcera péptica (úlceras gástricas ou duodenais) infectados com H. pylori precisam de tratamento antimicrobiano. A infecção por H. pylori (diagnosticada via biópsia endoscópica da mucosa gástrica ou métodos não invasivos, incluindo sorologia e teste da ureia na respiração). A erradicação da H. pylori resulta na cicatrização rápida da úlcera ativa e na baixa da taxa de recorrência. A erradicação bem-sucedida da H. pylori (80- 90%) é possível com várias associações de antimicrobianos. - O tratamento de escolha consiste em: IBP’s + amoxicilina. - Alérgicos à penicilina: metronidazol + claritromicina. - O tratamento quádruplo com: subsalicilato de bismuto (atividade antibacteriana) + metronidazol + tetraciclina + IBP. O tratamento quádruplo deve ser considerado em regiões em que é elevada a resistência à claritromicina. O tratamento com um único antibacteriano é muito menos eficaz, resultando em resistência microbiana, e não é recomendado em absoluto. A substituição de antimicrobianos também não é recomendada (ou seja, não é recomendado trocar amoxicilina por ampicilina ou doxiciclina por tetraciclina). A DRGE, ou azia, não está associada com a infecção por H. pylori e não responde aos antimicrobianos. 1.2 ANTAGONISTAS DE RECEPTOR H2 E REGULAÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA A secreção gástrica é estimulada por acetilcolina (ACh), histamina e gastrina. As ligações de ACh, histamina ou gastrina com seus receptores resulta na ativação de proteinocinases, que estimulam a bomba de prótons H+ /K+ (ATPase) a secretar H+ em troca de K+ para o lúmen do estômago. Bloqueando competitivamente a ligação da histamina aos receptores H2, esses fármacos reduzem a secreção do ácido gástrico. Os quatro fármacos usados: cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina – inibem de modo potente (mais de 90%) a secreção gástrica ácida noturna, a estimulada por alimento e a basal. - A cimetidina foi o primeiro antagonista do receptor H2 da histamina. Todavia, sua utilidade é limitada por seus efeitos adversos e interações medicamentosas. Ações: Os antagonistas de receptor H2 da histamina atuam seletivamente nos receptores H2 do estômago, mas não têm efeito nos receptores H1. Eles são antagonistas competitivos da histamina e totalmente reversíveis. Usos terapêuticos: O uso desses fármacos diminuiu com o advento dos IBPs. Úlceras pépticas: Os quatro fármacos são igualmente eficazes para a cicatrização das úlceras gástricas e duodenais. Contudo, a recorrência é comum se houver presença de H. pylori, e o paciente for tratado somente com esses fármacos. Os pacientes com úlceras induzidas por AINEs devem ser tratados com IBPs, pois esses fármacos curam e previnem úlceras futuras de modo mais efetivo do que os antagonistas H2. Úlceras de estresse agudo: Os anti-histamínicos H2 são usados normalmente por infusão intravenosa (IV) para prevenir e lidar com úlceras de estresse agudo associadas com pacientes de alto risco nas unidades de tratamento intensivo. Entretanto, como pode ocorrer tolerância com esses fármacos, o uso dos IBPs também vem avançando nessa indicação. FARMACOCINÉTICA: VO e VI. Ampla distribuição, incluindo no leite materno e na placenta. Excreção urinaria. Cimetidina, ranitidina e famotidina também adm por via IV. EFEITOS ADVERSOS: Antiandrogênico não esteroidal: Estimulante de prolactina; Ginecomastia; Galactorreia; Sistema nervoso central: Confusão mental; Sistema hepático: Inibe várias isoenzimas CYP450 e pode interferir na biotransformação de vários outros fármacos, como varfarina, fenitoína e clopidogrel Absorção: Antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de fármacos que exigem um ambiente ácido para absorção, como o cetoconazol. 1.3 INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS H+/K+ (ATPase) ➔ Dexlansoprazol ➔ Esomeprazol ➔ Lansoprazol ➔ Omeprazol ➔ Pantoprazol ➔ Rabeprazol Ações: Esses fármacos são pró-fármacos com um revestimento entérico ácido-resistente para protegê-los da degradação prematura pelo ácido gástrico. O revestimento é removido no meio alcalino do duodeno, e o pró-fármaco, uma base fraca, é absorvido e transportado à célula parietal. Ali, ele é convertido no fármaco ativo e forma uma ligação estável covalente com a enzima H+ /K+ -ATPase. São necessárias cerca de 18 horas para ressintetizar a enzima (secreção ácida é interrompida durante esse período). - Em dosagem padrão, os IBPs inibem a secreção gástrica basal e a estimulada em mais de 90%. Existem produtos disponíveis de uso oral, de venda livre e sujeitos à prescrição, contendo omeprazol associado com bicarbonato de sódio para absorção mais rápida. Usos terapêuticos: - Tto e profilaxia de úlceras pépticas (DRGE, estresse agudo, duodenal ativa, esofagite erosiva); são superiores ao tto com antagonistas de receptores H2, no bloqueio da produção de ácido e na cicatrização das úlceras. - Condições hipersecretoras patológicas (Síndrome de Zollinger-Ellison). Um tumor produtor de gastrina no pâncreas ou na parede duodenal, gera hipersecreção de HCL. - Os IBPs também diminuem o risco de sangramento das úlceras causadas por ácido acetilsalicílico e outros AINEs e podem ser usados para prevenção ou tratamento das úlceras induzidas por AINEs. Finalmente, eles também são usados como antibacterianos, para erradicar H. pylori. - A administração de antagonista H2 deve ocorrer bem depois do IBP - antagonistas H2 diminuem a atividade da bomba de prótons, e os IBPs exigem bomba ativa para serem eficazes. Farmacocinética: - VO. Para obter o efeito máximo, devem ser ingeridos de 30 a 60 minutos antes do desjejum ou da principal refeição do dia. Dexlansoprazol pode ser ingerido sem relações alimentares; - Esomeprazol, lansoprazol e pantoprazol também estão disponíveis em uso IV. Embora a meia-vida desses fármacos no plasma seja de poucas horas, eles têm duração de longa ação devido à fixação covalente à enzima H+ /K+ -ATPase. Efeitos Adversos: - Omeprazol e esomeprazol diminui a eficácia do clopidogrel porque impedem a sua conversão no metabólito ativo e isso gera riscos cardiovasculares. - Risco de fraturas, se a duração do uso for de 1 ano ou mais. A supressão prolongada do ácido gástrico com os IBPs (e os antagonistas H2) pode resultar em carência de vitamina B12, porque o ácido é necessário para a sua absorção em complexo com o fator intrínseco. O pH gástrico elevado também pode prejudicar a absorção de carbonato de cálcio. O citrato de cálcio é uma opção eficaz para suplementar cálcio em pacientes sob tratamento de supressão de ácido, pois sua absorção não é afetada pelo pH gástrico. - Diarreia e colite por Clostridium difficile. 1.4 PROSTAGLANDINAS - Misoprostol A prostaglandina E2, produzida pela mucosa gástrica, inibe a secreçãode ácido e estimula a secreção de muco e bicarbonato (efeito citoprotetor). A deficiência de prostaglandinas pode estar envolvida na patogênese das úlceras pépticas. Misoprostol, um análogo da prostaglandina E1, está aprovada para a prevenção de úlceras gástricas causadas por AINEs. O uso profilático deve ser considerado em pacientes que estão recebendo AINEs e se encontram sob risco moderado ou alto de úlceras induzidas por esses fármacos, como pacientes idosos ou com úlceras prévias. Contraindicado na gravidez. Pode estimular as contrações do útero e causar aborto. Efeitos comuns são diarreia e náuseas. Assim, os IBPs são os fármacos preferidos para a prevenção de úlceras causadas por AINEs. 1.5 ANTIÁCIDOS Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido gástrico formando água e um sal, para diminuir a acidez gástrica. Reduzem a atividade da pepsina (uma enzima proteolítica) que é inativa em pH acima de 4. Química: variam em composição química, capacidade de neutralizar o ácido, conteúdo de sódio, palatabilidade e preço. A eficácia de um antiácido depende da sua capacidade de neutralizar o HCl gástrico e do fato de o estômago estar repleto ou vazio (o alimento retarda o esvaziamento do estômago, permitindo mais tempo para o antiácido reagir). - Antiácidos são combinações de sais de alumínio e magnésio, como hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio [Mg (OH)2]. O carbonato de cálcio (CaCO3) reage com o HCl formando dióxido de carbono (CO2) e cloreto de cálcio (CaCl2) e é também uma preparação comumente usada. A absorção sistêmica do bicarbonato de sódio [NaHCO3] pode produzir alcalose metabólica transitória. Por isso, esse antiácido não é recomendado para uso prolongado. Usos terapêuticos: - Alívio sintomático da úlcera péptica e da DRGE. Ajudam na cicatrização de úlceras duodenais. - Para eficácia máxima, devem ser administrados após a refeição. Preparações de carbonato de cálcio também são usadas como suplementação de cálcio para o tratamento da osteoporose. Efeitos adversos: - O hidróxido de alumínio tende a causar constipação e o hidróxido de magnésio diarreia. 1.6 PROTETORES DA MUCOSA (CITOPROTETORES) - Sucralfato; - Subsalicilato de bismuto (itamol); Apresentam várias ações que aumentam os mecanismos de proteção da mucosa, prevenindo lesões, reduzindo inflamação e cicatrizando úlceras existentes. Sucralfato: complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada, se liga a grupos carregados positivamente em proteínas da mucosa normal e necrótica. Formando géis complexos com as células epiteliais, o sucralfato cria uma barreira física que protege a úlcera da pepsina e do ácido, permitindo a cicatrização da úlcera. - Eficaz no tratamento das úlceras duodenais e na prevenção das úlceras por estresse, seu uso é limitado devido à necessidade de dosificações diárias múltiplas e interações medicamentosas. - Como requer um pH ácido para sua ativação, o sucralfato não deve ser administrado com IBPs, antagonistas H2 ou antiácidos. O sucralfato é muito bem tolerado, mas pode interferir na absorção de outros fármacos, fixando-os. Esse fármaco não previne as úlceras induzidas pelos AINEs e nem cicatriza úlceras gástricas. Subsalicilato de bismuto (itamol): Este fármaco é usado como componente de tratamento quádruplo para cicatrizar úlceras pépticas. Além da sua ação antimicrobiana, ele inibe a atividade da pepsina, aumenta a secreção de muco e interage com glicoproteínas na mucosa necrótica, revestindo e protegendo a úlcera. 2. ÊMESE INDUZIDA POR FÁRMACOS ANTINEOPLÁSICOS ➔ náusea e êmese induzida pela quimioterapia (NEIQ) • 70 a 80% dos pacientes submetidos à QTX têm náuseas e/ou êmese; • Pode levar à rejeição da quimioterapia, potencialmente curativa; • Se descontrolada pode produzir desidratação, profundo desequilíbrio metabólico e depleção de nutrientes. Dois locais controlam o mecanismo que inicia a êmese: A zona disparadora quimiorreceptora (CTZ) e o centro da êmese bulbar. Este ultimo coordena os mecanismos motores da êmese, responde a impulsos aferentes do sistema vestibular, da periferia (laringe e TGI) e das estruturas superiores corticais e do tronco cerebral. O sistema vestibular funciona principalmente na doença do movimento (cinetose). Ações eméticas dos quimioterápicos: podem ativar diretamente CTZ ou o centro da êmese bulbar. Os receptores da dopamina tipo 2 e da serotonina tipo 3 (5-HT3), têm papéis críticos. Com frequência, a cor ou o odor dos quimioterápicos (e mesmo estímulos associados à quimioterapia) podem ativar os centros cerebrais superiores e iniciar a êmese. Os quimioterápicos também podem atuar perifericamente causando lesões celulares no TGI e liberando serotonina das células enterocromafins da mucosa do intestino delgado. A serotonina ativa os receptores 5-HT3 nas fibras aferentes esplâncnicas e vagais, que, então, levam sinais sensoriais ao bulbo, causando a resposta emética. Risco para gestantes: • Categoria A – estudos controlados em mulheres não têm mostrado risco para o feto durante o primeiro trimestre e a possibilidade de dano fetal é bastante remota. • Categoria B - estudos realizados em animais não indicam que a substância oferece riscos para o feto, mas não há estudos controlados em humanos; • Ou: os estudos em animais mostraram efeitos adversos sobre o feto, mas os estudos controlados em humanos não demostraram riscos para o feto. Prescrição com Cautela • Categoria C - estudos em animais têm demonstrado que esses medicamentos podem exercer efeitos teratogênicos ou é tóxico para os embriões, mas não há estudos controlados em mulheres; • Prescrição com Risco 2.1 FENOTIAZÍNICOS – BLOQUEADOR DOS RECEPTORES DE DOPAMINA (DA) - Proclorperazina - Bloqueia receptores da dopamina. É eficaz contra QT’s pouco ou moderadamente emetogênicos (fluorouracil e doxorrubicina). 2.2 BLOQUEADORES DOS RECEPTORES DE SEROTONINA (5-HT3): - Ondansetrona (ZOFRAN – QT; Vonau Flash - gestantes) - Granisetrona (kytril – êmese para gestantes) - Palonosetrona 2.3 BENZAMIDAS SUBSTITUÍDAS - Metoclopramida - Plasil; - Clorpromazina; Domperidona; Bromoprida; - Antidopaminérgicos Pró-cinéticos usados na gastroparesia. Podem causar: sedação ou sonolência, hipotensão, galactorreia, ginecomastia, redução da libido, erupções cutâneas, cefaleia, diarreia e cólica; A metoclopramida era usada previamente como fármaco pró-cinético no tratamento da DRGE. Contudo, devido ao perfil de efeitos adversos e à disponibilidade de fármacos mais eficazes, como os IBPs, ela é reservada para pacientes com gastroparesia comprovada (Condição que afeta os músculos do estômago e impede o esvaziamento adequado desse órgão). - Rico B para gestantes 2.4 BUTIROFENONAS - Droperidol e Haloperidol; 2.5 BENZODIAZEPINICOS - Lorazepam e Alprazolam 2.6 CORTICOIDES - Dexametasona e Metilprednisolona 2.7 ANTI-HISTAMINICOS - Dimenidrinato (Dramin B6 – Risco B para gravidez); - Difenidramina (Difenedrim – Risco B) - Meclazina (Meclin – Risco C) - Prometazina (Fenergan – Risco C) - Cinarizina (Stugeron – Risco C) 2.8 ANTI-COLINÉRGICOS - Butilbrometo de escopolamina (buscopan) - Fármaco profilático mais eficaz para profilaxia da cinetose; - Antiespasmódico do TGI; - Tto da ulcera péptica não funcionou devido aos efeitos adversos como xerostomia, perda de acomodação visual e dificuldade para urinar; ANTIEMÉTICOS MECANISMO DE AÇÃO ADM APLICAÇÃO CLÍNICA EFEITOS ADVERSOS Proclorperazina (fenotiazínico - antipsicótico) Bloqueio de receptores dopaminérgicos (DA). VO, IV, IM, retal; - QT pouco ou moderadamente emetogênicos (fluorouracil e doxorrubicina). ____ Ondansetrona, granisetrona e palonosetrona (antiserotoninérgico) Bloqueiam seletivamente os receptores 5-HT3 periféricos (fibras aferentes vagais viscerais) e cerebrais(CTZ- zona de gatilho quimiorreceptora); - Adm antes da quimioterapia (IV ou VO); - Longa duração de ação e eficácia superior; - São eficazes contra todos os graus de tratamentos emetogênicos - Cefaleia, constipação, turvação visual, tontura, arritmia, hipotensão e bradicardia Metoclopramida - Plasil (antidopaminérgico) Inibe a dopamina na CTZ - zona de gatilho quimiorreceptora VO, SO; - Eficaz em doses altas contra a emetogênica cisplatina, prevenindo a êmese de 30 a 40% dos pacientes e reduzindo a êmese na maioria; - Efeitos adversos antidopaminérgicos, sintomas extrapiramidais (tremor de extremidade, aumento do estado de contração do músculo, rigidez muscular); - Sonolência (muito comum) Droperidol e Haloperidol (antidopaminérgicos, antipsicótico, neuroléptico) Bloqueiam os receptores de dopamina VO, IM; - Moderadamente eficazes; - Droperidol: sedação em endoscopia e cirurgia, associado a opioides ou benzodiazepínicos - Haloperidol: em doses altas, êmese por cisplatina - Droperidol pode prolongar o intervalo QT. Lorazepam e Alprazolam (benzodiazepínicos) Efeito benéfico pelas propriedades sedativas, ansiolíticas e amnésicas causadas pela modulação dos efeitos do receptor GABA-A ligando-se a um local específico de alta afinidade. VO; - Êmese por antecipação; - Sedação e confusão mental Dexametasona e Metilprednisolona (corticosteroides) Mecanismo antiemético não é conhecido, mas pode envolver bloqueio de prostaglandinas VO, IV; - Baixa potência - São usadas em associação a outros fármacos para melhores resultados. O uso concomitante com álcool deve ser evitado devido ao efeito depressor aditivo no SNC. 3. ANTIDIARREICOS O aumento da motilidade do TGI e a diminuição de absorção de líquidos são os principais fatores na diarreia. Os antidiarreicos incluem fármacos antimotilidade, adsorventes e fármacos que modificam o transporte de água e eletrólitos. 3.1 ANTIMOTILIDADE - Difenoxilato e Loperamida; - Ambos são análogos à meperidina e têm ações tipo opioide no intestino. Eles ativam receptores opioides pré-sinápticos no sistema nervoso entérico para inibir a liberação de ACh e diminuir o peristaltismo. - Receptores da proteína G inibitórias (mi); - Opioides atuam promovendo a abertura dos canais de potássio e a inibição da abertura de canais de cálcio controlados por voltagem. Causando assim, hiperpolarização e redução da excitabilidade neuronal. Além disso, ocorre redução da liberação de transmissores (pela inibição da entrada de Ca2+; - Em doses usuais, não têm efeito analgésico. ANTIDIARREICOS MECANISMO DE AÇÃO APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Difenoxilato + Atropina e Loperamida (antimotilidade) Atuam em receptores da proteina G inibitórios para inibir a liberação de Ach. - Megacólon tóxico do intestino, não devem ser usados em crianças ou em pacientes com colite grave. ____ Hidróxido de Alumínio e Metilcelulose (adsorventes) Atuam adsorvendo toxinas intestinais ou microrganismos e/ou revestindo e protegendo a mucosa intestinal; - Menos eficazes do que os fármacos antimotilidade e podem interferir na absorção de outros fármacos. - Constipação. Salicilato de bismuto (modificadores do transporte de líquido e eletrólitos) - Sua ação pode ser devida ao componente salicilato, bem como sua ação de revestimento. - Diarreia do viajante, diminui a secreção de líquidos no intestino. - Língua escurecida e fezes pretas. 4. LAXANTES Os laxantes são comumente usados contra a constipação, para acelerar o movimento do alimento por meio do TGI. Esses fármacos podem ser classificados com base no seu mecanismo de ação. Os laxantes aumentam o risco de perda do efeito de fármacos pouco absorvidos, preparações de ação postergada e preparações orais de liberação estendida por acelerarem o seu trânsito intestinal. Usados cronicamente, eles também podem causar desequilíbrios eletrolíticos. Vários desses fármacos têm risco de dependência para o usuário. 4.1 IRRITANTES E ESTIMULANTES - Efeito laxativo rápido de 6 a 8h - Indicados para constipação refrataria e no preparo intestinal em procedimentos diagnósticos ou cirúrgicos; LAXANTES IRRITANTES E ESTIMULANTES MECANISMO DE AÇÃO ADM APLICAÇÃO CLÍNICA EFEITOS ADVERSOS Senna Seu componente ativo é um grupo de senosídeos, um complexo natural de glicosídeos antraquinônicos. Estimulam diretamente o plexo mioentérico induzindo resposta inflamatória limitada de baixo grau. Provoca secreção de água e eletrólitos que aumentam a motilidade intestinal VO - Laxante estimulante amplamente usado. - Causa evacuação de 8 a 10 horas, secreção de água e eletrólitos para o interior do intestino. - tto das constipações causadas por opioides. - Dor, cólicas abdominais, cólon catártico (dilatação das alças), melanose colônica (coloração do tecido alterada – melanina no interior de macrófagos – destruição das organelas pelas antraquinonas), taquifilaxia (perde efeito quando adm em doses consecutivas), inflamação e destruição, plexo mioentérico. Bisacodil (lactopurga, bisalax, dulcolax) Atua diretamente nas fibras nervosas na mucosa VO - Estimulante do cólon intestinal _____ Óleo de Ricino (laxol) É hidrolisado no ID em ácido ricinoleico, que tende a irritar muito o estômago - peristaltismo; SO, 1- 3h - tto da prisão de ventre em adultos e no preparo de exames de diagnóstico, como a colonoscopia, devido às suas propriedades laxantes de ação rápida. - Ele deve ser evitado em gestantes, pois pode estimular contrações do útero. - Em grandes doses pode causar náuseas, vômitos, cólicas e severo efeito purgativo. https://consultaremedios.com.br/aparelho-digestivo/nauseas/c 4.2 AUMENTADORES DE VOLUME – FORMADORES DE MASSA FECAL Fibras da dieta e suplementos: Em condições normais, o volume, a consistência e a hidratação das fezes dependem do teor de fibras da dieta. A definição de fibra, é a parte do alimento que resiste à digestão enzimática e chega ao intestino grosso praticamente inalterada. As bactérias do cólon fermentam as fibras em graus variáveis, dependendo de sua composição química e hidrossolubilidade. Embora a fermentação das fibras reduza a quantidade de água das fezes, os ácidos graxos de cadeia curta também exercem um efeito procinético e as contagens aumentadas de bactérias podem contribuir para a ampliação do volume fecal. Já a fibra que não é fermentada pode atrair água e aumentar o volume das fezes. Desse modo, o efeito final nas evacuações varia com as diferentes composições das fibras dietéticas. Em geral, as fibras insolúveis e pouco fermentáveis, como a lignina, são mais eficazes para aumentar o volume fecal e o trânsito intestinal. - Os laxantes aumentadores de volume incluem coloides hidrofílicos (de partes não digeríveis de frutas e vegetais). Eles formam géis no intestino grosso, causando a retenção de água e a distensão intestinal, aumentando, assim, a atividade peristáltica. - Metilcelulose - Psyllium (fibra) - Fibras sintéticas e naturais - Policarbofila Cálcica - Eles devem ser usados com cautela em pacientes que se encontram imobilizados, devido ao potencial de causar obstrução intestinal. Contraindicados para pacientes com obstrução intestinal, impactação fecal e Megacólon. - Ação demora de 1 a 3 dias. As fibras naturais reduzem o efeito de carcinógenos e as sintéticas não sofrem ação bacteriana. Efeitos colaterais: flatulência, distensão abdominal, redução da absorção intestinal de algumas drogas; 4.3 LAXANTES SALINOSE OSMÓTICOS Os laxantes que contêm cátions magnésio ou ânions fosfato são laxantes salinos: - Sulfato de magnésio; - Hidróxido de magnésio; - Citrato de magnésio; - Sais não absorvíveis (ânions e cátions) que retêm água no intestino por osmose; isso distende o intestino, aumentando a atividade intestinal e produzindo defecação em poucas horas; - A ação catártica (controle do trânsito intestinal) desses fármacos resulta da retenção/aumento de água na luz intestinal, mediada osmoticamente, que em seguida estimula a peristalse e a evacuação. Os laxantes que contêm magnésio podem estimular a liberação de colecistocinina, que resulta no acúmulo intraluminar de líquidos e eletrólitos e aumenta a motilidade intestinal. - Ação de 3-6h Os laxantes carboidratos não solúveis: - Glicerina; - Lactulose; - Dissacarídeo semissintético. Não consegue ser hidrolisada pelas enzimas gastrintestinais. - Macragol; - Lactulol; - Sorbitol; - PEG; Degradados à ácidos lático, fórmico e acético. Isso aumenta a pressão osmótica, causando acúmulo de líquidos que distende o colo do intestino, amolece as fezes e causa defecação. Efeitos Colaterais: flatulência, cólica, diarreia osmótica, vômitos, hiperfosfatemia, hipocalcemia, hipermagnesemia; - Utilizados como preparação de colón antes de procedimentos diagnóstico ou cirúrgicos indicados para obstipação mais graves, quando as fibras não tiveram eficácia. Particularmente indicados para gravidas e idosos. - Soluções eletrolíticas contendo polietilenoglicol (PEG) são usadas como lavagens colônicas para preparar o intestino para procedimentos endoscópicos ou radiológicos. Pó de PEG para solução está disponível como laxante em medicamentos receitados e também de venda livre. Esse fármaco causa menos cólicas e gases do que outros laxantes. 4.4 AMOLECEDORES DE FEZES (EMOLIENTES OU SURFACTANTES) Os fármacos ativos em superfície que se tornam emulsificados com as fezes produzem fezes amolecidas e facilitam sua progressão. Diminuem a tensão superficial das fezes e isso facilita a junção da água e gordura permitindo o amolecimento do bolo fecal. - Docusato de sódio (Humectol D) e docusato de cálcio. - Eles podem demorar dias para fazerem efeito (1-3) e geralmente são usados na profilaxia, em vez de no tratamento agudo. Os amolecedores de fezes não devem ser ingeridos simultaneamente com óleo mineral, devido ao risco de absorção do óleo mineral. - Evitar esforço para evacuar na recuperação de IAM ou pós cirúrgicos; - Contra indicado para apendicite, obstrução intestinal e hepatite aguda; Efeitos colaterais: vômitos e náuseas, diarreia e dor abdominal. 4.5 LAXANTES LUBRIFICANTES O óleo mineral e os supositórios de glicerina são considerados lubrificantes e agem facilitando a passagem de fezes endurecidas. - O óleo mineral deve ser ingerido por via oral em posição ereta (de pé) para evitar a aspiração e uma potencial pneumonia lipídica ou lipoide. - Ao chegar no intestino se juntam as fezes promovendo lubrificação e amolecimento sem causar irritação ou estimular o peristaltismo (amolecem as fezes de forma física, não são absorvidos). Efeitos colaterais: má absorção de vitaminas lipossolúveis e pneumonia lipoidica (se aspirados pela via respiratória); podem causar refluxos gastresofágico. 4.6 ATIVADORES DE CANAIS DE CLORO A lubiprostona, atualmente o único fármaco, atua ativando os canais de cloreto para aumentar a secreção de líquidos no lúmen intestinal. Isso facilita a progressão das fezes e causa pouca alteração no equilíbrio eletrolítico. - É usada no tratamento da constipação crônica, não foram demonstradas intolerância ou dependência associadas a esse fármaco. - Interações entre fármacos também parecem mínimas, pois a biotransformação ocorre rapidamente no estômago e no jejuno.
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