Buscar

350_marx-karl-o-capital-2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

(greve dos fabricantes coligados mediante fechamento simultâneo de
suas fábricas) foram subtraídos ao direito comum e colocados sob uma
legislação penal de exceção, cuja interpretação coube aos próprios fa-
bricantes em sua qualidade de juízes de paz. Dois anos antes, a mesma
Câmara dos Comuns e o mesmo sr. Gladstone, com sua conhecida
honradez, tinham apresentado um projeto de lei para abolir todas as
leis penais de exceção contra a classe trabalhadora. Porém, jamais se
deixou que ele chegasse a uma segunda leitura, e assim a coisa foi
sendo protelada até que finalmente o “grande partido liberal”, por meio
de uma aliança com os tories, ganhou a coragem de voltar-se resolu-
tamente contra o mesmo proletariado que o havia levado ao poder. E
não satisfeito com essa traição, o “grande partido liberal” permitiu aos
juízes ingleses, sempre abanando o rabo a serviço das classes domi-
nantes, desenterrarem novamente as arcaicas leis sobre “conspirações”
e aplicá-las às coalizões de trabalhadores. Vê-se que apenas contra
sua vontade e sob pressão das massas o Parlamento inglês renunciou
às leis contra greves e Trades’ Unions, depois de ele mesmo ter assu-
mido por cinco séculos, com vergonhoso egoísmo, a posição de uma
Trades’ Union permanente dos capitalistas contra os trabalhadores.
Logo no início da tormenta revolucionária, a burguesia francesa
ousou abolir de novo o direito de associação que os trabalhadores tinham
acabado de conquistar. Pelo decreto de 14 de junho de 1791 ela declarou
toda coalizão de trabalhadores como um “atentado à liberdade e à
declaração dos direitos humanos”, punível com a multa de 500 libras
além da privação, por um ano, dos direitos de cidadão ativo.728 Essa
lei, que comprime a luta de concorrência entre o capital e o trabalho
por meio da polícia do Estado nos limites convenientes ao capital, so-
breviveu a revoluções e mudanças dinásticas. Mesmo o Governo do
Terror729 deixou-a intocada. Só recentemente foi ela riscada totalmente
do Code Pénal.730 Nada é mais característico que o pretexto para este
golpe de Estado burguês.
“Se bem que”, diz Le Chapelier, o relator,"seja desejável que
o salário se eleve acima de seu nível atual, para que aquele que
o receba esteja livre dessa dependência absoluta que é produzida
OS ECONOMISTAS
362
728 O artigo I dessa lei declara: “Visto que uma das bases fundamentais da Constituição
francesa consiste na supressão de todas as espécies de união de cidadãos da mesma condição
e profissão, é proibido restabelecê-las sob qualquer pretexto ou em qualquer forma”. O
artigo IV declara que, se “cidadãos que pertencem à mesma profissão, arte ou ofício se
consultarem mutuamente e conjuntamente tomarem deliberações que objetivem a recusar
o fornecimento dos serviços de sua arte ou de seu trabalho, ou concedê-los apenas a de-
terminado preço, as ditas consultas e acordos deverão ser declarados como anticonstitu-
cionais e como atentados contra a liberdade e os direitos humanos etc.”, portanto como
crimes contra o Estado, exatamente como nos velhos estatutos dos trabalhadores. (Révo-
lutions de Paris. Paris, 1791. t. III, p. 523.)
729 Ditadura dos jacobinos de junho de 1793 até junho de 1794. (N. da Ed. Alemã.)
730 Código penal. (N. dos T.)

Outros materiais