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EN
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ALANA MILCHESKI
FLÁVIA GISELE NASCIMENTO
A
RTE E C
U
LTU
R
A
Código Logístico
59572
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6685-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 5 8
Arte e Cultura 
Alana Milcheski 
Flávia Gisele Nascimento
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito das autoras e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Envato Elements
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M587a
Milcheski, Alana
Arte e cultura / Alana Milcheski, Flávia Gisele Nascimento. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
118 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6685-8
1. Arte. 2. Arte e sociedade. 3. Cultura. I. Nascimento, Flávia Gisele. II. 
Título.
20-65155 CDD: 700
CDU: 7
Alana Milcheski
Flávia Gisele 
Nascimento
Mestre em História pela Universidade Estadual 
do Oeste do Paraná (Unioeste). Especialista em 
Formação Docente para EaD pelo Centro Universitário 
Internacional Uninter. Graduada em História pela 
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Tem 
experiência como docente no ensino superior e, 
atualmente, produz conteúdo e material didático para 
graduação em diversas áreas. 
Mestre em Educação pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Especialista em Ensino de Artes, com 
concentração em Teatro, pela Faculdade Padre João 
Bagozzi. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade 
Tuiuti do Paraná (UTP). Atuou como professora de 
Arte na educação básica por dez anos e é autora de 
artigos científicos na área. Atualmente, é professora 
colaboradora no curso de Licenciatura em Artes Visuais 
da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
1 Breve panorama sobre arte e cultura 9
1.1 Conceito de arte 9
1.2 Conceito de cultura 13
1.3 Relação entre Arte e História 18
1.4 Relação entre Arte e Sociologia 21
1.5 Os gabinetes de curiosidades e museus 24
2 As interfaces e abordagens da arte 31
2.1 Arte e política 31
2.2 Arte e tecnologia 34
2.3 Arte e comunicação 38
2.4 Multiculturalidade e interculturalidade 41
2.5 Interdisciplinaridade 44
3 Aspectos teóricos da arte moderna e contemporânea 48
3.1 O contexto histórico da Revolução Industrial 48
3.2 O surgimento da Indústria Cultural 52
3.3 Consumo 55
3.4 Globalização 58
3.5 Pós-modernidade 62
4 Movimentos artísticos modernos e contemporâneos 68
4.1 Contexto histórico da arte moderna 68
4.2 Vanguardas artísticas: expressionismo, cubismo e futurismo 71
4.3 Vanguardas artísticas: dadaísmo e surrealismo 75
4.4 O movimento pop art 77
4.5 O surrealismo pop como expressão da contemporaneidade 81
5 Educar para preservar 86
5.1 A origem do patrimônio 86
5.2 Categorias do patrimônio 90
5.3 Educação patrimonial 97
5.4 O patrimônio cultural em debate 103
5.5 Conservação e restauração 107
Gabarito 115
A arte e a cultura estão presentes no nosso cotidiano, mas, na correria 
do dia a dia, muitas vezes não paramos para observá-las, apreciá-las e 
senti-las. Ao longo da história, esses conceitos foram mudando e, agora, 
podem ser vistos por diferentes perspectivas, dependendo da sociedade 
que os produz e das áreas pelas quais são analisados.
Cada capítulo desta obra irá tratar das conexões da arte e da cultura 
com outros saberes. Primeiramente, serão apresentadas as diferentes 
teorias sobre esses conceitos e, depois, as conexões com a História e com 
a Sociologia. Em seguida, abordaremos algumas interfaces da arte com 
a política, com a tecnologia e com a comunicação, além das diferentes 
abordagens da cultura no ensino de Arte. 
Entre os temas que serão tratados, temos a associação da produção 
artística com o seu contexto histórico, principalmente em relação aos 
movimentos que ficaram conhecidos como vanguardas artísticas. 
Teceremos, também, algumas considerações acerca da arte no contexto 
contemporâneo, buscando enfatizar aspectos característicos da nossa 
sociedade, como a pós-modernidade, a globalização e o consumo. 
Refletiremos, ainda, sobre as produções artísticas e culturais no 
decorrer do tempo, pois é fundamental considerarmos os aspectos 
referentes às noções de patrimônio e preservação desses bens, 
evidenciando a importância de ações que busquem proteger o legado 
existente para a posteridade. 
Ao pesquisar temas relacionados à arte e à cultura, temos a 
possibilidade de acessar um conhecimento que nos conecta uns aos 
outros, pois estamos adentrando um universo de ideias, pensamentos 
e ações que foram voltados para a expressão da humanidade nos mais 
diversos contextos históricos.
Boa leitura e bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Vídeo
Breve panorama sobre arte e cultura 9
1
Breve panorama sobre 
arte e cultura
Como seria uma sociedade sem arte e sem cultura? É muito 
difícil conseguirmos imaginar isso, porque, no contexto em que 
estamos inseridos, convivemos diariamente com referências ar-
tísticas e culturais.
Ir a uma exposição, assistir a um show ou cozinhar uma receita 
tradicional são exemplos de ações que estão inseridas no univer-
so cultural. Muitas vezes, em razão do ritmo acelerado dos dias de 
hoje, acabamos nem percebendo a presença da arte e da cultura 
em nossas vidas.
Neste capítulo, iremos percorrer um caminho que busca iden-
tificar algumas das principais relações que estabelecemos com a 
arte e com a cultura, tendo acesso a diversas abordagens sobre 
esses temas.
Inicialmente, é importante compreendermos os dois con-
ceitos que nomeiam este livro, tendo em vista que eles fazem 
referência a diversas maravilhas criadas pelos seres humanos 
no decorrer do tempo.
Posteriormente, vamos entender como se estabelece a relação 
da Arte com outras duas áreas: a História e a Sociologia. Para con-
cluir, veremos como surgiram as principais instituições voltadas para 
a preservação dos bens culturais e artísticos. Preparado para come-
çar a jornada pelo mundo do conhecimento?
1.1 Conceito de arte 
Vídeo Nesta seção, vamos apresentar algumas concepções sobre o que é 
arte. Provavelmente, ao contemplar uma pintura, escutar uma música, 
ver uma peça de teatro ou um espetáculo de dança você já ouviu ou fez 
a pergunta “isto é arte?”.
Mas, afinal, o que é arte?
10 Arte e Cultura
Essa é uma questão que não apresenta apenas uma resposta, o 
conceito de arte tem diferentes perspectivas e é mutável; em cada pe-
ríodo da história, essa ideia é reformulada.
Como diz o professor Read (2013, p. 15), a arte “é um dos conceitos 
mais indefiníveis da história do pensamento humano”.
Para algumas culturas, a palavra arte nem existe, como para vários 
povos indígenas brasileiros, por exemplo. Na etnia Kaingang, a palavra 
que tem o significado mais próximo é vida.
Diante disso, a arte está presente no nosso cotidiano, podendo es-
tar em espaços abertos, como nas ruas, nas praças, nos parques,nos 
sambódromos, e, também, nos espaços fechados, como nos museus, 
nas igrejas, nos cinemas, nos teatros, nas galerias e na sua casa.
Muitos artistas, filósofos e escritores apresentaram a sua visão do 
que é arte. Vamos conhecer algumas delas?
Segundo as pesquisadoras Ferraz e Fusari (2010, p. 101), “a arte é 
uma das mais inquietantes e eloquentes produções do homem”. Para 
o escritor Bourriaud (2009, p. 147), arte “é uma atividade que consiste 
em produzir relações com o mundo com o auxílio de signos, formas, 
gestos ou objetos”. Já para o filósofo Deleuze (1992, p. 215), “a arte é 
o que resiste: ela resiste à morte, à servidão, à infância, à vergonha”. E 
o poeta Ferreira Gullar diz que a “arte existe porque a vida não basta”.
Essa frase se tornou o título de um filme em homenagem ao artista.
A arte tem várias linguagens, como as artes visuais, o teatro, a dança, 
a música, a literatura, dentre outras. Cada uma tem a sua especificidade, 
suas técnicas, seus suportes e materiais. Ela pode ter diferentes temá-
ticas, estilos, formas e estéticas, podendo ser representativa, abstrata, 
imaginativa e distorcida. Além disso, pode provocar diferentes sentidos, 
sentimentos e reações no espectador, como tristeza, alegria, nojo, medo, 
saudades, prazer e admiração. É importante destacar que a arte é uma 
área de conhecimento que tem conteúdos e metodologias próprias.
Conforme a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, conhecida 
como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o ensino da 
arte é “componente curricular obrigatório na Educação Básica” (BRASIL, 
1996). Um professor de arte que é comprometido:
propicia aos estudantes conhecimento, inerente aos traba-
lhos artísticos, de como vivem e convivem outros povos, gêne-
ros, etnias, religiões, classes sociais etc.; aprende mais sobre a 
No livro O que é arte, Jorge 
Coli faz uma trajetória 
por diversos períodos da 
história da arte, questio-
nando quem define o que 
é arte e apresentando 
diferentes concepções.
COLI, J. São Paulo: Brasiliense, 2013. 
(Coleção Primeiros Passos).
Livro
Confira o documentário 
A arte existe porque a vida 
não basta, produzido pe-
los cineastas Zelito Viana 
e Gabriela Gasta. O filme 
retrata o poeta Ferreira 
Gullar em suas diferentes 
dimensões.
Direção: Gabriela Gastal; Zelito 
Viana. Brasil: Mapa Filmes, 2016.
Filme
Breve panorama sobre arte e cultura 11
tolerância, o respeito e o diálogo com o diferente e o plural nas 
diversas leituras de mundo e nas contextualizações histórico-so-
ciais compreendidos nos trabalhos de arte. (MARQUES; BRAZIL, 
2014, p. 37)
Já uma obra de arte pode ser uma referência histórica. Por meio 
dela, podemos saber como era a arquitetura, a moda, os costumes de 
um determinado período da história com o olhar do artista que a criou, 
seja uma pintura, uma escultura, uma música, uma dança ou uma peça 
de teatro.
Na famosa obra Guernica, o artista espanhol Pablo Picasso repre-
senta o bombardeio da cidade que leva o mesmo nome, que aconteceu 
em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, e matou milhares de pes-
soas. Assim como Picasso, outros artistas retrataram, nas diferentes 
linguagens da arte, episódios da trajetória da humanidade.
Mural da pintura Guernica, de Picasso, feito em azulejos.
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Falando em história, você sabe quando surgiu a arte na história? 
Segundo os historiadores de arte Gombrich (2013) e Proença (2008), ela 
inicia com a arte rupestre, que recebeu esse nome por serem pinturas 
e gravuras feitas nas rochas, com representações de formas geomé-
tricas, animais e do cotidiano das pessoas que viviam naquela época. 
Conforme diversos arqueólogos e historiadores, esses registros artísti-
cos são de aproximadamente 44 mil anos atrás.
Quer ver com mais detalhes a 
obra Guernica, do artista Pablo 
Picasso? Veja o vídeo Guernica 
3D, publicado pelo canal 
hellArte, que mostra a obra 
em 3D.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=jc1NfxX
4c5LQ. Acesso em: 30 jun. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=jc1Nfx4c5LQ
https://www.youtube.com/watch?v=jc1Nfx4c5LQ
https://www.youtube.com/watch?v=jc1Nfx4c5LQ
12 Arte e Cultura
O Brasil dispõe de várias manifestações artísticas desse período e, 
além disso, tem o parque com a maior quantidade de pinturas rupes-
tres do mundo, o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no 
estado do Piauí.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(IPHAN, 2020), o parque – inaugurado em 1979, fundado e gerido pela 
antropóloga Niède Guidon – conta com aproximadamente 400 sítios 
arqueológicos e é considerado patrimônio da humanidade desde 1991.
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Pinturas rupestres no Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí.
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Breve panorama sobre arte e cultura 13
Você consegue identificar quais figuras estão representadas? Per-
ceba que a pintura rupestre tem várias cores e tonalidades, elas eram 
feitas com pigmentos naturais, como carvão vegetal, minerais, sangue, 
gordura e ossos queimados de animais, dentre outros materiais. Eram 
utilizados como ferramenta gravetos, pelo de animais e até a própria 
mão para criar os desenhos.
Desde esse período até os dias atuais, os artistas utilizam, experi-
mentam e criam diferentes materiais, suportes, técnicas e formas para 
se expressar, conforme o seu contexto histórico e a sua cultura. O poe-
ta Paes (1990, p. 38) pensa a cultura como
tudo aquilo de que a gente se lembra após ter esquecido o que 
leu. Revela-se no modo de falar, de sentar-se, de comer, de ler 
um texto, de olhar o mundo. É uma atitude que se aperfeiçoa no 
contato com a arte. Cultura não é aquilo que entra pelos olhos, é 
o que modifica seu olhar.
A arte e a cultura estão diretamente conectadas. Assim como a arte, 
a cultura tem diferentes significados. Na próxima seção, confira outras 
concepções desse termo.
Para saber mais sobre a 
arte rupestre, assista ao 
vídeo Niède Guidon e as 
origens do homem americano 
(1990), publicado pelo canal 
VerCiência. Trata-se de uma 
reportagem-documentário 
sobre as pesquisas da 
arqueóloga no Piauí.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=oX7oToVioC0&t=427s. 
Acesso em: 30 jun. 2020.
Vídeo
Quer conhecer outras 
concepções de arte? Assista 
aos trechos do vídeo Celso 
Favaretto no Itaú Cultural: 
É isso arte?, publicado pelo 
canal Flavio Desgranges. 
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v==XXG71XwqwII&tX
330s. Acesso em: 12 jun. 2020.
Vídeo
1.2 Conceito de cultura 
Vídeo Nos dias de hoje, o conceito de cultura é amplamente utilizado, 
seja nos meios de comunicação, seja no cotidiano das pessoas. Apesar 
disso, você já percebeu que raramente paramos para refletir sobre o 
seu significado? Historicamente, não temos como especificar o exato 
momento em que esse termo começa a ser utilizado, porém, se con-
siderarmos a etimologia da palavra, poderemos ter alguns indícios de 
sua origem.
A palavra cultura vem do latim colere, cujo significado fazia referên-
cia a diversos tipos de ações. Conforme explica Williams (2007, p. 117, 
grifos nossos):
Colere tinha uma gama de significados: habitar, cultivar, pro-
teger, honrar com veneração. Alguns desses significados final-
mente se separaram nos substantivos derivados, embora ainda 
haja superposições ocasionais. Dessa maneira, “habitar” desen-
volveu-se do latim colonus até chegar a colony (colônia). “Honrar 
com veneração” desenvolveu-se do latim cultus até chegar a cult 
https://www.youtube.com/watch?v=oX7oToVioC0&t=427s
https://www.youtube.com/watch?v=oX7oToVioC0&t=427s
https://www.youtube.com/watch?v=-XG-71wqwUI&t=330shttps://www.youtube.com/watch?v=-XG-71wqwUI&t=330s
https://www.youtube.com/watch?v=-XG-71wqwUI&t=330s
14 Arte e Cultura
(culto). Cultura assumiu o sentido principal de cultivo ou cuidado, 
incluindo, como em Cícero, cultura animi, embora com significa-
dos medievais subsidiários de honra e adoração.
No contexto do século XVI, o termo era utilizado para fazer referên-
cia à ideia de cultivo, principalmente em termos agrícolas, assim como 
fazia menção às noções de habitar e cultuar.
Já no século XVIII, o termo se aproxima da noção contemporanea-
mente utilizada e começa a fazer referência ao desenvolvimento das 
potencialidades humanas, considerando, por exemplo, as obras artísti-
cas como representantes de uma determinada cultura.
A utilização do conceito de cultura no sentido figurado que atualmen-
te conhecemos começou a ser empregada em fins do século XIX, fazen-
do referência a tipos de cultura distintos. É nesse momento que a cultura 
deixa de ser compreendida somente como uma ação específica para en-
globar o entendimento sobre as diversas formas de manifestação social.
Para entendermos melhor a história desse conceito, é necessário 
compreendermos o contexto histórico em que esse termo começa a 
ser empregado, no sentido de descrever ações sociais voltadas para o 
desenvolvimento das faculdades humanas.
Inicialmente, podemos destacar a polarização entre a utilização do 
conceito francês de cultura e do conceito alemão, que ocorreu no sé-
culo XIX, visto que, ainda no século XVIII, o termo cultura foi inserido no 
idioma alemão, por meio do conceito de kultur.
Esse contexto foi marcado pela consolidação das noções de civilida-
de e de nacionalismo, que influenciaram o desenvolvimento do concei-
to de cultura e, consequentemente, o seu significado.
Para os alemães, inicialmente, o conceito de cultura era utilizado 
como uma espécie de sinônimo para civilização, entendimento asso-
ciado à noção francesa. Esse significado era utilizado principalmente 
pela aristocracia alemã, que admirava a corte francesa, considerada 
elevada.
Para os intelectuais alemães, entretanto, o conceito de cultura de-
veria ser distinto da noção de civilização, porque, para essa categoria, a 
aristocracia compartilhava cerimoniais bastante supérfluos, o que fazia 
com que ela não fosse autêntica em termos culturais.
Breve panorama sobre arte e cultura 15
A intelectualidade alemã considerava, então, que a aristocracia po-
deria ser civilizada, porém sem possuir sua própria cultura, enfatizando 
o quanto a formulação desse conceito esteve relacionada à questão da 
estratificação social, principalmente em relação aos embates entre os 
aristocratas e os intelectuais.
O conceito alemão de Kultur, no emprego corrente, implica uma 
relação diferente, com movimento. Reporta-se a produtos huma-
nos que são semelhantes a “flores do campo”, a obras de arte, 
livros, sistemas religiosos ou filosóficos, nos quais se expressa a 
individualidade de um povo. (ELIAS, 1994, p. 24, grifos do original)
Dessa forma, podemos considerar que o conceito alemão de cultura 
se torna mais restrito em comparação ao francês, buscando destacar o 
significado referente à produção cultural.
Em relação ao conceito de nacionalismo, é com base nesse contexto 
que a cultura vai começar a ser compreendida como um conjunto de 
características que englobam diversos aspectos de um país; por exem-
plo, os diferentes tipos de alimentação, de habitação e de costumes 
sociais. O sushi, no Japão, a pizza, na Itália, o croissant, na França, e a 
empanada, na Argentina, são exemplos de características culturais re-
ferentes à alimentação.
Esse embate entre franceses e alemães sobre o conceito de cultura 
originou dois entendimentos específicos sobre o significado do termo, 
que são recorrentemente utilizados atualmente nas Ciências Humanas.
Enquanto o conceito francês contribuiu para o desenvolvimento da 
noção universalista, que considera a cultura de uma perspectiva mais 
geral, o alemão contribuiu para a noção particularista, sendo que am-
bos buscaram estabelecer uma definição para cultura.
O conceito de cultura é polissêmico, ou seja, pode ter significados 
diversos, dependendo do contexto e da intenção com a qual for em-
pregado. Por isso, não pretendemos esgotar o debate acerca dessa 
questão, mas sim operacionalizar o entendimento que iremos ter no 
decorrer do texto em relação ao conceito de cultura.
Consideramos que a pluralidade de um conceito demonstra sua 
complexidade, já que, variando de acordo com o contexto histórico, o 
termo cultura passou por processos de ressignificação.
Cada sociedade tem o seu 
próprio entendimento do conceiX
to de cultura. Por esse motivo, 
devemos evitar qualquer tipo de 
generalização e de hierarquiX
zação entre as diversas culturas 
existentes, buscando valorizar 
a diversidade regional e as suas 
características.
Importante
16 Arte e Cultura
Um dos conceitos de cultura que iremos utilizar faz referência à 
compreensão de sua perspectiva simbólica, que engloba a noção de 
fenômenos culturais.
Embora possa haver pouco consenso em relação ao significado do 
conceito em si, muitos analistas concordam que o estudo dos fenô-
menos culturais é uma preocupação de importância central para 
as ciências sociais como um todo. Isto porque a vida social não é, 
simplesmente, uma questão de objetos e fatos que ocorrem como 
fenômenos de um mundo natural: ela é, também, uma questão 
de ações e expressões significativas, de manifestações verbais, 
símbolos, textos e artefatos de vários tipos, e de sujeitos que se 
expressam através desses artefatos e que procuram entender a 
si mesmos e aos outros pela interpretação das expressões que 
produzem e recebem. (THOMPSON, 2011, p. 165)
Os símbolos, assim como as manifestações sociais em suas diversas 
formas, podem ser considerados uma parte integrante da noção de cul-
tura, pois representam o grupo ou a sociedade na qual são elaborados.
Um exemplo da utilização de símbolos em uma produção cultural 
é a representação do calendário elaborado pela sociedade Maia, na fi-
gura a seguir, que mostra, entre outras características, a concepção do 
tempo cíclico.
Representação dos símbolos presentes no calendário Maia.
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Dessa forma, a utilização do conceito de cultura pode ser feito de 
maneira multidisciplinar, pois os fenômenos culturais podem ser abor-
dados por diversas áreas do saber que utilizam recortes temáticos para 
analisar os bens culturais, sejam eles materiais ou imateriais.
Breve panorama sobre arte e cultura 17
Outro sentido possível é o entendimento de que existe uma cons-
trução do saber feita de modo coletivo, compreendida como uma ex-
pressão ou um objeto resultante de diversos processos sociais.
Um exemplo é a tradição musical de uma determinada região ou 
comunidade, que é elaborada por várias pessoas, como cantores, mú-
sicos, compositores etc. É necessário que ao menos parte da população 
desse lugar se identifique com as canções produzidas e considere-as 
pertencentes à sua própria cultura. Dessa forma, para que um estilo 
de música seja considerado representante de uma cultura específica, 
é necessário que, de maneira direta ou indireta, a comunidade esteja 
envolvida no processo.
Em relação ao uso do conceito de cultura na análise científica, 
cabe destacarmos que se relaciona, frequentemente, com as demais 
perspectivas, como a política e a economia.
Outra concepção possível do conceito de cultura teve origem na 
área da antropologia, em fins do século XIX, sendo composto de uma 
postura de análise descritiva dos diversos modos de vida que fazem 
parte de uma sociedade.
Nessa interpretação, ocorre uma tentativa de descrever as produ-
ções culturais, sejam elas objetos originados da atividade humana, 
como obras de arte, ou a representação imaterial dos valores, hábitos 
e crenças de um determinado grupo.
No contexto contemporâneo, o significado de cultura se amplia 
de modo considerável, principalmentepela inserção de novas for-
mas de produção dos bens culturais, em decorrência das inovações 
tecnológicas.
Um dos exemplos nesse sentido pode se dar por meio do resgate 
histórico proporcionado pela história dos meios de comunicação, que 
nos permite compreender a complexidade de criações como a máqui-
na fotográfica e o cinema.
Por fim, destacamos que “o estudo da cultura contribui no com-
bate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme para o res-
peito e a dignidade nas relações humanas” (SANTOS, 2005, p. 8). 
Assim, o estudo da cultura pode proporcionar a valorização e o res-
peito às diversas formas culturais existentes, sem estabelecer uma 
hierarquização entre elas.
O livro Meio Sol Amarelo, 
da escritora nigeriana 
Chimamanda Ngo-
zi Adichie, aborda o 
contexto da Guerra de 
Biafra, uma guerra civil 
originada, entre outros 
motivos, por questões de 
diferenças culturais. Esse 
livro o ajudará a aprofun-
dar seus estudos sobre 
a importância da cultura 
em nível social
ADICHIE C. N. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2017.
Livro
18 Arte e Cultura
1.3 Relação entre Arte e História 
Vídeo Ao pensarmos nas diversas possibilidades de relacionar a História 
com a Arte, cabe considerarmos como ocorreu o surgimento do campo 
de estudos denominado História da Arte, que se consolidou de modo 
acadêmico durante o século XIX.
Ainda no século XVI, podemos observar os primórdios da perspec-
tiva de análise que viria a ser característica da História da Arte, como a 
abordagem da vida dos pintores e a relação deles com o contexto em 
que viveram.
A historicização da arte se torna objeto de racionalização nos es-
critos do pintor florentino Giorgio Vasari (1511-1574), autor de 
uma série de biografias de artistas que possibilitam uma “leitura” 
retrospectiva da evolução das artes, pintura, escultura e arquite-
tura, desde Giotto, no início do século XIV. A historiografia da arte 
nasce como concepção do tempo histórico. A obra Vidas dos mais 
ilustres pintores, escultores e arquitetos…, publicada pela primeira 
vez em Florença em 1550, com uma segunda edição ampliada em 
1568, apresenta uma série de biografias de artistas e assinaturas 
individuais, que, além de amparar o desejo do artesão-pintor e do 
artesão-escultor de conquistar um reconhecimento social como 
profissional liberal, introduz a primeira interpretação teleológica 
da arte. (HUCHET, 2014, p. 226)
Posteriormente, com o status acadêmico, a História da Arte se cons-
tituiu uma extensão do saber histórico. É durante o século XIX que sur-
gem as primeiras disciplinas nas universidades europeias voltadas para 
o estudo dessa área, delimitando, temporalmente, o surgimento dela 
como a conhecemos atualmente.
Uma das principais características desse campo é a abordagem que 
relaciona a produção artística e o seu contexto histórico, tornando-se 
um tópico indispensável para a elaboração de análises que busquem 
compreender a obra de arte.
Outra característica da História da Arte é a percepção da existência 
dos diversos movimentos artísticos, que surgiu de uma análise da pro-
dução artística em escala ampliada, buscando identificar as semelhan-
ças e as diferenças entre os diversos contextos históricos.
Breve panorama sobre arte e cultura 19
Frequentemente, os movimentos artísticos se relacionam com seus 
predecessores, seja no intuito de reafirmar ou de negar as característi-
cas da forma e/ou do conteúdo. Por isso, para entendermos um movi-
mento artístico, é necessário compreender, também, o movimento que 
o antecedeu, para identificar essas vinculações.
Destacamos, inicialmente, as principais contribuições da História 
para o estudo da Arte, porém, também cabe destacarmos os acrésci-
mos dessa relação na produção do conhecimento histórico.
Por meio da arte como fonte de pesquisa, o historiador pode ter 
acesso ao contexto histórico de diversos períodos, podendo elaborar 
sua análise de acordo com as obras selecionadas.
Tudo o que os seres humanos produziram ao longo da história, desde 
algo extremamente sólido e impactante, como uma fortaleza, até uma 
manifestação muito mais delicada e fluida, como uma cantiga de ninar, 
reflete a relação que estabelecem entre si e com o meio que os cerca.
Estabelecer a relação entre Arte e História, considerando a 
perspectiva de áreas distintas entre si, foi possível graças ao desenvol-
vimento da interdisciplinaridade, uma vez que esse conceito foi funda-
mental para o surgimento e desenvolvimento de diversos campos de 
estudo, como o da Cultura Material.
A aproximação interdisciplinar possibilitou às diversas áreas percebe-
rem que possuíam a Cultura Material como um objeto de estudo em co-
mum, variando a abordagem ou a metodologia específica de cada análise.
A cultura material, compreendida como bens produzidos pela ação 
humana que possuem um suporte físico, relaciona-se diretamente com 
o corpo, pois ambos estão na materialidade, já que a condição do ob-
jeto permite ao indivíduo a experimentação dos sentidos sensoriais, 
como o toque, o olfato e o olhar.
Dessa forma, podemos considerar que a cultura material é um pon-
to de aproximação entre a área da História e a área da Arte, permitindo 
uma troca de conhecimento acerca de uma mesma tipologia de fonte.
Em termos de cultura material, um dos exemplos mais conhecidos 
mundialmente é o Coliseu romano, inaugurado em 80 d.C., um anfitea-
tro que servia para o entretenimento da população, com lutas entre os 
gladiadores.
A interdisciplinaridade contribui 
para o desenvolvimento de uma 
perspectiva mais abrangente 
e vista por diversos ângulos. 
Busque pesquisas de duas áreas 
pertencentes ao campo da 
Cultura Material e compare as 
diferenças e semelhanças entre 
as metodologias utilizadas.
Desafio
20 Arte e Cultura
Fotografia do Coliseu romano, na Itália. 
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Já no que se refere à área da História da Arte, que mencionamos no 
início desta seção, atualmente, diversos aspectos têm promovido uma mu-
dança significativa, como o desenvolvimento tecnológico, por exemplo.
Os desafios atuais passam pelo inevitável alargamento do campo 
e da tipologia do objeto de análise, bem como pelo recurso neces-
sário a novas metodologias na sua abordagem. Isso não significa, 
contudo, que não permaneçam válidos e operativos métodos e 
perspectivas que pertencem ao core da disciplina, tal como se 
foi concebendo, estruturando e expandindo ao longo de século 
e meio. É bom não esquecer que continuarão a ser estudadas 
manifestações artísticas do passado e não apenas do presente. 
Os avanços da História, da Arqueologia, ou da Literatura Compa-
rada, por exemplo, continuarão a trazer contributos para uma 
História da Arte, que continuará a propor enfoques parcelares 
para melhor iluminar o conjunto. No domínio dos novos ângulos 
de abordagem, que visam gerar novas sínteses, é difícil fugir às 
narrativas clássicas dominantes. (MACHADO, 2008, p. 527)
As alterações decorrentes da contemporaneidade, como a globali-
zação, também influenciam a produção do conhecimento referente à 
História da Arte, pois, cada vez mais, as discussões sobre as culturais 
nacionais se fazem presentes.
Apesar dessas mudanças, cabe destacarmos que existem diversos 
referenciais já consolidados na prática do fazer histórico da Arte, que 
continuaram a ser utilizados como embasamento para a construção 
desse saber.
O filme Caçadores de 
obras-primas é ambien-
tado no contexto da 
Alemanha nazista e tem 
como base uma história 
real sobre um grupo de 
especialistas em arte 
enviados à Europa para 
resgatar centenas de 
obras que haviam sido 
saqueadas pelos nazistas. 
Aproveite para aprofun-
dar seu conhecimento 
sobre a relação entre 
contexto histórico e arte.
Direção: George Clooney. Alemanha; 
EIA: Columbia Pictures; 20th 
Century Fox, 2014. 
Filme
Breve panorama sobre arte e cultura 21
Por fim, podemos observar que diversas alterações estão em curso 
no que se refere à relação estabelecida entre a Arte e a História;porém, 
essa aproximação conseguiu demonstrar a importância de se consi-
derar ambas as perspectivas na elaboração do conhecimento, consoli-
dando a prática interdisciplinar de diálogo entre as áreas.
1.4 Relação entre Arte e Sociologia 
Vídeo Como vimos na seção anterior, a Arte tem uma relação bastante pro-
veitosa com a História, porém, existem outras áreas do conhecimento que 
também estabelecem diálogo muito significativo, como a Sociologia.
Nesse sentido, podemos considerar que “a sociologia e as artes confi-
guram relações teóricas e processuais possíveis, necessárias e visíveis nos 
campos científico, organizacional e comunitário” (AZEVEDO, 2017, p. 30).
Para além dos debates acadêmicos, a relação que se estabelece en-
tre a Arte e a Sociologia se estende para outros campos da vida em 
sociedade, contribuindo para uma perspectiva mais reflexiva das pro-
duções culturais feitas pelos seres humanos.
Uma das características da prática sociológica se constitui por meio 
da aproximação entre o embasamento científico e a análise social pelas 
experiências humanas.
A prática docente do sociólogo constitui a prática científica e pe-
dagógica acumulada e estruturada, mas enformada/informada 
pelas experiências pessoais e profissionais ligadas à investigação 
empírica e aos projetos de intervenção (a investigação aplicada). 
Nesse sentido, o investigador pode dominar as técnicas e o sa-
ber-fazer e, nesse quadro, desenhar uma leitura dos processos 
sociais. (AZEVEDO, 2017, p. 39)
Dessa forma, justamente por lidar com as experiências humanas 
em nível social, o pesquisador dessa área deve, necessariamente, con-
siderar seus próprios referenciais na elaboração de suas abordagens.
Essa prerrogativa também é necessária nas pesquisas e nos estu-
dos elaborados de Arte, sendo fundamental que o pesquisador esteja 
consciente de suas preferências estéticas, a fim de evitar que sua aná-
lise seja com base somente em opções pessoais.
22 Arte e Cultura
O surgimento da Sociologia da Arte se originou de discussões rela-
cionadas a questões estéticas e de perspectiva histórica, que buscavam 
evidenciar a importância da utilização do conceito de sociedade.
Considerarmos a perspectiva sociológica na arte significa ponde-
rarmos sobre a sociedade na produção de uma obra artística, ou seja, 
compreendê-la para além das características atribuídas pelo artista, 
buscando contextualizá-la no meio em que foi produzida.
Atualmente, temos presenciado um aumento em relação à inserção 
das temáticas artísticas nas mais variadas áreas do saber. Alguns fato-
res contribuem para a explicação desse contexto.
Cotidianamente, convivemos com centenas de imagens, que nos 
são ofertadas das mais variadas formas, por exemplo, por meio da te-
levisão e da internet. Nesse sentido, a perspectiva simbólica é uma das 
principais características da contemporaneidade, o que torna a com-
preensão dos símbolos uma ação indispensável em nível social.
Outro fator que também pode ser considerado para o aumento do 
interesse pelas temáticas artísticas é a constante transformação do 
conceito de obras de arte, que, cada vez mais, engloba diferentes for-
matos e estilos.
Atualmente, assiste-se a entrada, nos museus, do grafite, do hip-
-hop, de trabalhos de coletivos de arte, o que seria impensável há 
tempos atrás. De outra perspectiva, a ordem cultural tornou-se 
mais fluida, desestruturando as antigas fronteiras entre a alta 
cultura e a cultura popular e rompendo as relações entre estra-
tos sociais e estilos de vida. (CÂMARA, VILLAS BÔAS, BISPO, 2019, 
p. 470)
Com a aproximação da noção de sociedade, a obra de arte deixa de 
ser representada somente por si mesma e passa a ser compreendida 
pelas diversas relações estabelecidas socialmente.
Uma análise interessante que demonstra a importância da pers-
pectiva social na abordagem da obra de arte faz referência à Fonte, de 
Marcel Duchamp.
Na Fonte, a obra de arte não reside na materialidade do objeto pro-
posto (aqui, um mictório), mas no ato de propô-lo para uma expo-
sição no Salon des Indépendants; nas muitas histórias que narram 
como chegou a não ser exposto e como, por fim, ressurgiu quatro 
décadas mais tarde na forma de réplicas vendidas a algumas gale-
rias e museus; nos muitos protestos e até atos de vandalismo que 
Um dos estilos que tem 
conquistado cada vez 
mais seu espaço é a arte 
de rua, como o grafite e 
o estêncil. Um dos princi-
pais artistas da atualidade 
é Bansky, que utiliza esse 
pseudônimo e nunca 
revelou publicamente 
a sua identidade. Você 
pode ter acesso às obras 
desse artista acessando o 
site a seguir.
Disponível em: https://www.
banksy.co.uk/out.asp. Acesso em: 
30 jun. 2020.
Site
https://www.banksy.co.uk/out.asp
https://www.banksy.co.uk/out.asp
Breve panorama sobre arte e cultura 23
provocou; nos comentários infindáveis que continuam a construir 
seu mito etc. Ou seja, a obra de arte abandonou o objeto produzi-
do pelo artista para investir em contextos, palavras, ações, coisas, 
números... Daí a importância do contexto na arte contemporânea: 
é impossível contar a história da Fonte sem mencionar e explicar 
o contexto do Salon des Indépendants, a ausência de jurados, a 
presença de Duchamp entre os organizadores etc. etc. (HEINICH, 
2014, p. 377, grifos do original)
Duchamp foi um artista do século XX que simbolizou diversos pre-
ceitos da arte moderna, a começar pela sua obra mencionada, compos-
ta de um mictório produzido em escala industrial.
A obra foi inscrita em uma exposição organizada pela Sociedade 
de Artistas Independentes em Nova Iorque, sendo exposta por trás 
de uma tela, devido à decisão do conselho da associação do qual Du-
champ fazia parte e que se retirou logo em seguida.
Apesar da repercussão inicial, a Fonte se tornou uma das principais 
obras de arte, tanto do Dadaísmo quanto da Arte Moderna, justamente 
por fazer referência ao contexto do artista, marcadamente industrial.
Esse caso é um exemplo de como a obra de arte precisa ser com-
preendida em seu contexto, pois a um observador desatento, que des-
conhece os diversos aspectos em relação a produção da Fonte, pode 
considerá-la um simples objeto, desprovido de valor artístico.
Réplica da Fonte de Duchamp, no Musee Maillol, em Paris.
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24 Arte e Cultura
O artigo A ‘Fonte’ de Duchamp faz cem anos. Qual foi o impacto (e o legado) do 
mictório como obra de arte, de 2017, escrito por Juliana Domingos de Lima e 
publicado pelo Nexo Jornal, aborda o processo de criação da obra, relacio-
nando-o com o contexto histórico do período e abordando o seu legado, em 
termos artísticos.
Acesso em: 30 jun. 2020. 
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/03/05/AX%E2%80%98Fonte%E2%80%99XdeXDuchampX
XfazXcemXanos.XQualXfoiXoXimpactoXeXoXlegadoXdoXmict%C3%B3rioXcomoXobraXdeXarte
Artigo
1.5 Os gabinetes de curiosidades e museus 
Vídeo Para a sociedade contemporânea, o acúmulo de objetos é uma prá-
tica relativamente comum. Guardamos diversos tipos de bens mate-
riais, seja por necessidade ou por recordação.
Mas quando os seres humanos começaram a praticar o acúmulo 
de objetos? É muito difícil apresentarmos uma data específica, porém, 
podemos considerar que esse início tenha sido com o processo de se-
dentarismo, no contexto de surgimento da Idade Antiga.
Apesar disso, podemos considerar como um dos marcos históricos 
em relação à prática da acumulação de bens materiais o surgimento 
dos gabinetes de curiosidade, lugares destinados à preservação de di-
versos objetos. Esses espaços podem ser considerados os antecesso-
res do museu moderno, pois demonstram a tentativa de preservar os 
objetos para as gerações posteriores.
O contexto histórico que deu origem aos gabinetes de curiosidade 
se passou na Europa do século XVI, época marcada pela chegada dos 
europeus em território americano.
Com a exploração de novos territórios, foram encontrados novos 
espécimes e objetos, considerados exóticos por não seremoriginários 
do espaço europeu.
Dentre esses diversos objetos, podemos citar a presença de fósseis 
e de bens culturais materiais, tendo em vista que também houve rela-
tos inverídicos sobre a existência de objetos místicos nessas coleções, 
como vestígios de dragões.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/03/05/A-%E2%80%98Fonte%E2%80%99-de-Duchamp-faz-cem-anos.-Qual-foi-o-impacto-e-o-legado-do-mict%C3%B3rio-como-obra-de-arte
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/03/05/A-%E2%80%98Fonte%E2%80%99-de-Duchamp-faz-cem-anos.-Qual-foi-o-impacto-e-o-legado-do-mict%C3%B3rio-como-obra-de-arte
Breve panorama sobre arte e cultura 25
A formação dos gabinetes de curiosidade teve influência do conhe-
cimento enciclopédico, que contribuiu para a estipulação de duas divi-
sões dos objetos: a Naturalia e a Mirabilia.
Outra característica dos gabinetes de curiosidade foi a difusão de 
catálogos e a elaboração de ilustrações científicas que, com o passar 
do tempo, foram sendo ampliados e evidenciaram a importância da 
classificação dos objetos preservados.
O desenvolvimento do Renascimento como movimento cultural 
também contribuiu para a existência dos gabinetes de curiosidade, 
com incentivo das elites europeias, pois a aquisição de coleções era 
restrita às classes sociais mais abastadas, que tinham condições de 
adquirir e manter os diversos bens selecionados.
A partir do século XVII, os gabinetes de curiosidade foram deixando 
de existir, principalmente em razão do surgimento de coleções espe-
cializadas, que instituíram novas formas de categorização dos objetos.
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Fonte: REMPS, D. Gabinete de Curiosidade, 1690, óleo sobre tela. 99 x 137 cm. Museu dell’Opificio delle Pietre Dure, Florença, Itália. 
Já a palavra museu tem origem no termo grego mouseion, que era 
o nome dado ao Templo das Musas, na Grécia Antiga, que eram as 
filhas de Zeus com a deusa Mnemosine; esta simbolizava a memória. O 
templo já abrigava várias referências à arte e à cultura, com as musas 
representando aspectos relacionados a esse universo, como Clio, musa 
da história, e Euterpe, musa da música.
A categoria Naturalia era 
composta de espécimes do meio 
natural, sendo classificados em 
três reinos: animalia (animal); 
vegetalia (vegetal) e mineralia 
(mineral). Já a categoria Mira-
bilia incluía objetos produzidos 
pela ação humana, por isso 
tinha a classificação chamada 
artificiali.
Saiba mais
26 Arte e Cultura
Cronologicamente, o termo museu começou a ser 
empregado no Renascimento para designar espaços 
destinados a guardar objetos e artefatos culturais. 
Podemos considerar que:
os museus e demais espaços de cultura 
são depositários da memória de um povo, 
encarregados pela preservação das obras 
produzidas pela humanidade, com suas 
histórias, com os meios próprios de que 
dispõem. São espaços de produção de co-
nhecimento e oportunidades de lazer. Seus 
acervos e exposições favorecem a constru-
ção social da memória e a percepção crítica 
da sociedade. (COELHO, 2009, p. 5)
Em 2001, durante a Assembleia Geral do 
International Council of Museums (ICOM), o concei-
to de museu foi ampliado para abranger outras ins-
tituições, como os centros culturais.
Além de o museu ser um espaço destinado à 
preservação do patrimônio por excelência, foi cria-
do com a ideia de representar, majoritariamente, as 
classes altas e suas memórias, bem como os ideais 
nacionais.
Reconhecidamente, o primeiro museu foi o 
Louvre, criado no ano de 1793, após a Revolução 
Francesa. Ele permitiu maior acesso aos bens rela-
cionados aos reis e à nobreza, também auxiliando 
na consolidação do nacionalismo francês.
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Pintura da musa Euterpe, de Camille Roqueplan 
(1803-1855). 
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Pintura da musa Clio, de Pierre Mignard (1612-1695). 
Breve panorama sobre arte e cultura 27
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Fotografia do museu do Louvre, em 2017.
No Brasil, a primeira instituição museológica a ser criada foi o 
Museu Real, atualmente conhecido como Museu Nacional, no estado 
do Rio de Janeiro. Foi instituído ainda no período colonial, no ano de 
1818. A maioria dos outros museus no país foram criados já no século 
XX, principalmente após a década de 1920.
Para além dos marcos históricos relacionados à construção dos edi-
fícios, é possível também traçarmos um histórico dos museus por meio 
de suas coleções e dos objetos que abrigam.
A história dos museus poderia se inspirar nos caminhos dos ma-
terial studies e da antropologia para rever seus pontos de vista, e 
passar do ponto de vista da instituição para aquele dos objetos 
tradicionalmente qualificados como objetos de museu. A definição 
desses objetos evoca um certo número de características, sua quali-
dade, particularmente a qualidade histórica e artística, ou ainda pa-
trimonial, a capacidade de suscitar “amigos” em torno deles, enfim, 
sua utilidade pública. (POULOT, 2013, p. 27, grifo nosso)
Um exemplo de objeto que faz parte da maioria dos museus, porém 
é pouco estudado de maneira separada, são os tecidos, que recente-
mente têm sido valorizados nos estudos nacionais.
Em 2 de setembro de 
2018, o Museu Nacional 
sofreu um incêndio 
devastador, e o evento 
foi considerado uma 
catástrofe da história 
da instituição. Diversas 
instituições se movimen-
taram para a recons-
trução do museu. Veja 
mais informações no site 
AgênciaBrasil.
Disponível em: https://agenciabrasil.
ebc.com.br/geral/noticia/2019X08/
reconstrucaoXdoXmuseuXnacionalX
entraXemXnovaXfase. Acesso em: 30 
jun. 2020.
Saiba mais
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-08/reconstrucao-do-museu-nacional-entra-em-nova-fase
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-08/reconstrucao-do-museu-nacional-entra-em-nova-fase
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-08/reconstrucao-do-museu-nacional-entra-em-nova-fase
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28 Arte e Cultura
Embora ainda sejam pouco mencionados, “as menções aos tecidos 
são eventuais, como por certo foram eventuais os registros dos próprios 
museus e pesquisadores sobre aqueles objetos” (PAULA, 2006, p. 253).
Um dos fatores que impactam essa realidade é o próprio suporte 
físico do tecido, que tende a ser um objeto com uma existência relati-
vamente baixa, mesmo nas condições adequadas, embora a presença 
dessas condições possa contribuir para o prolongamento da vida útil 
dos materiais têxteis.
Além da perspectiva relacionada ao estudo dos objetos museológi-
cos em contrapartida à história das instituições, na atualidade, impor-
tantes debates sobre a concepção do espaço do museu e de sua função 
social têm surgido.
Dentre os tópicos desses debates, destacamos as reflexões acerca 
da relação estabelecida entre o museu e o público que o frequenta, 
considerando que, cada vez mais, esses espaços têm sido frequenta-
dos por grandes públicos, bastante diversos entre si em alguns casos, 
modificando a ideia de que os museus eram destinados somente às 
classes altas.
Outro aspecto referente às temáticas contemporâneas sobre o mu-
seu é a especialização em conjunto de temas, processo que só come-
çou a acontecer de maneira significativa a partir do século XX, quando 
se multiplicaram os museus de arte e de ciência.
Enfatizamos ainda a relação entre o espaço museológico e os meios 
de comunicação, como a televisão e a internet, os quais, em um primei-
ro momento, pareciam anunciar o fim dessas instituições, mas anun-
ciavam somente o término da sua obsolescência.
O museu atual é, desse modo, um lugar bastante diferenciado de 
seus precursores no século XVIII, pois interage com as novas tecnolo-
gias, seja na constituição e conservação de seus acervos ou na comu-
nicação institucional. Também existem mudançassignificativas quanto 
ao espaço físico, como a anexação de locais destinados à alimentação 
e à venda de souvenirs.
A obra Inovações, coleções, 
museus é composta de 
13 artigos que abordam 
diversas temáticas rela-
cionadas ao patrimônio, 
às instituições e às 
inovações que permeiam 
esse universo. Tem um 
enfoque significativo no 
processo de formação 
das coleções e nos espa-
ços por elas ocupados. 
Os autores têm diversas 
nacionalidades e forma-
ções, o que proporciona 
um olhar abrangente 
sobre o patrimônio e 
de seus mais variados 
aspectos.
BORGES, M. E. L. (org.). Belo 
Horizonte: Autêntica Editora, 2011. 
Livro
Breve panorama sobre arte e cultura 29
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
A arte e a cultura se constituem práticas fundamentais da vida em 
sociedade, tendo cada contexto histórico seu próprio entendimento so-
bre o significado desses conceitos. Dessa forma, é indispensável que a 
diversidade cultural seja valorizada e preservada, pois ela representa as 
diferentes formas de manifestação humana nos mais variados espaços e 
períodos.
Nesse sentido, as áreas do conhecimento, como Arte, História e Socio-
logia, devem ser respeitadas em âmbito social, pois se dedicam ao estudo 
e à preservação das diversas formas culturais e artísticas, buscando abor-
dá-las em seus contextos.
A preservação não deve ficar restrita somente aos lugares destinados 
para isso, como os museus, mas deve ser uma realidade presente no co-
tidiano, por meio da conscientização individual.
ATIVIDADES
1. A noção de cultura pode variar conforme o contexto no qual ela está 
inserida, e as características culturais de um grupo ou de um país 
fazem referência a esse processo. Considerando as discussões sobre 
o conceito de cultura, discorra sobre essa concepção evidenciando 
algumas das principais características culturais de uma sociedade.
2. A Arte estabelece relações com diversas áreas do conhecimento, 
como a História e a Sociologia; a interdisciplinaridade é um fato 
que contribuiu para essa aproximação. Explique de que maneira 
a perspectiva interdisciplinar contribui para o desenvolvimento do 
conhecimento na área da Arte.
3. Na condição de instituição, os museus em geral têm buscado cada 
vez mais atualizar-se em relação ao contexto contemporâneo, 
desenvolvendo ações e práticas que permitem maior interação por 
dos visitantes. Cite exemplos de mudanças no espaço museológico 
que contribuem para a adequação ao contexto atual.
30 Arte e Cultura
REFERÊNCIAS
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Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Número temático 
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scielo.mec.pt/pdf/soc/ntematico7/ntematico7a04.pdf. Acesso em: 1 jul. 2020.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.
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BOURRIAUD, N. Estética relacional. Trad. de Denise Bottmann. São Paulo: Martins, 2009.
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As interfaces e abordagens da arte 31
2
As interfaces e 
abordagens da arte
A arte tem várias interfaces e abordagens e, neste capítulo, 
apresentaremos algumas delas. Mas, afinal, o que é interface e 
abordagem?
Interface é uma palavra que tem diferentes significados, vamos 
utilizá-la no sentido de comunicação entre duas áreas, apresen-
tando as relações entre arte e política, arte e tecnologia e arte e 
comunicação.
Já a abordagem é uma forma de apresentar um determinado 
assunto; nesse caso, mostraremos a multiculturalidade, a inter-
culturalidade e a interdisciplinaridade no ensino de Arte. Vamos 
percorrer essa trajetória?
2.1 Arte e política
Vídeo A produção artística se modifica de acordo com o contexto histórico 
no qual está inserida, influenciando as características das obras de arte.
Para começarmos a estabelecer relações entre a arte e a política, é 
fundamental compreendermos, em um primeiro momento, que tanto 
o fazer político quanto o fazer artístico possuem um certo grau de au-
tonomia; permitindo que existam de maneira dissociada.
O fazer artístico se relaciona com as diversas variações das ações 
cotidianas, tendo como uma de suas características principais a asso-
ciação com o campo da visualidade. Ao mesmo tempo, podemos abor-
dar a conceituação do termo política, buscando evidenciar elementos 
que permitam relacionar esse aspecto com o fazer artístico.
A política é a atividade que reconfigura os âmbitos sensíveis nos 
quais se definem objetos comuns. Ela rompe a evidência sensível 
32 Arte e Cultura
da ordem “natural” que destina os indivíduos e os grupos ao 
comando ou à obediência, à vida pública ou à vida privada, vo-
tando-os sobretudo a certo tipo de espaço ou tempo, a certa 
maneira de ser, ver e dizer. [...] A política é a prática que rompe 
a ordem da polícia que antevê as relações de poder na própria 
evidência dos dados sensíveis. Ela o faz por meio da invenção de 
uma instância de enunciação coletiva que redesenha o espaço 
das coisas comuns. (RANCIÈRE, 2012, p. 60)Nesse sentido, podemos considerar que a política enfatiza as carac-
terísticas relacionadas ao exercício do poder, seja no âmbito individual 
ou no social, principalmente pela instauração de um espaço comum.
Quando pensamos no estabelecimento das relações entre arte e po-
lítica, podemos destacar, inicialmente, a inserção de temáticas que vão 
de encontro às demandas sociais expressas de modo reivindicatório.
Um exemplo específico em relação a esse aspecto é a representa-
ção dos debates feministas na produção artística.
Uma obra de arte feminista não visa a garantir a nossa admira-
ção, mas sim a incitar uma mudança na maneira como as mu-
lheres são consideradas e tratadas na nossa sociedade. Se ela 
tem esse efeito, se ela faz os espectadores perceberem injusti-
ças onde antes eles não viam nada ou eram indiferentes ao que 
viram, ela é artisticamente excelente. Pode-se estudar a obra a 
partir da perspectiva de como ela alcança o efeito pretendido. 
Todavia, esse não é o modo primordial pelo qual estamos des-
tinados a nos relacionar com ela. A obra se destina a mudar a 
maneira como aqueles que a veem percebem o mundo. (DANTO, 
2015, p. 124)
A intencionalidade da obra artística na perspectiva política se confi-
gura, desse modo, como uma característica que tem o intuito de ques-
tionar o estabelecimento das normas sociais.
Dessa forma, a obra de arte que tem como temática questões polí-
ticas busca possibilitar ao público que com ela interage uma nova com-
preensão das relações humanas e do mundo como um todo.
Outra característica associada com a relação entre arte e polí-
tica que podemos identificar é a tendência de um tensionamento 
dos espaços institucionais. A contestação ao entendimento de que 
somente os lugares tradicionais, como os museus, estariam destina-
dos à promoção da arte possibilitou a difusão das produções artísti-
cas para outros espaços.
Para conhecer um 
pouco mais o trabalho do 
filósofo Jacques Rancière, 
leia a entrevista A política 
tem sempre uma dimensão 
estética, de Gabriela 
Longman e Diego Viana, 
publicada no site da revis-
ta Cult.
Disponível em: https://revistacult.
uol.com.br/home/entrevista-
jacques-ranciere/. Acesso em: 31 
jul. 2020.
Leitura
Assista ao vídeo Especial 
mulheres na Arte, publica-
do pelo canal DW Brasil, 
e conheça a trajetória de 
três mulheres que são 
referências na arte: a 
coreógrafa Sasha Waltz, 
a fotógrafa e cineasta 
Shirin Neshat e a artista 
performática Marina 
Abramović.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=xH79ap5CiKI&t=4s. 
Acesso em: 31 jul. 2020.
Vídeo
https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-jacques-ranciere/
https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-jacques-ranciere/
https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-jacques-ranciere/
https://www.youtube.com/watch?v=xH79ap5CiKI&t=4s
https://www.youtube.com/watch?v=xH79ap5CiKI&t=4s
https://www.youtube.com/watch?v=xH79ap5CiKI&t=4s
As interfaces e abordagens da arte 33
O processo de ruptura com os museus como bastiões da alta cul-
tura que passam a se abrir para o grande público e, fazendo uso 
do discurso crítico das vanguardas, passam a colocar em xeque 
critérios estabelecidos pela autonomia da arte ocupa, com efeito, 
grande parte das reflexões sobre instituições museais na contem-
poraneidade. Iniciado nos idos dos anos 1960 e levado a efeito a 
partir dos anos 1970, o processo se deu também no Brasil e pare-
ce vir realmente tendo efetividade no mundo da vida contemporâ-
nea. (SANT’ANNA; MARCONDES; MIRANDA, 2017, p. 832)
O rompimento que ocorre se dá com a concepção de que as obras 
de arte deveriam estar restritas a espaços específicos. Outros lugares, 
como as ruas, começam a ser vistos de outra perspectiva.
Nesse sentido, um dos principais exemplos contemporâneos são as 
obras do artista britânico Banksy, o qual não tem sua identidade reve-
lada, fato que causa polêmica em diversos meios sociais.
Suas obras se destacam por serem feitas de estêncil em murais 
públicos e pela utilização de uma técnica que pode ser considerada 
transgressora (o estêncil). O artista ultrapassa os muros institucionais, 
fazendo com que a arte ocupe as ruas.
Os temas abordados são atuais e frequentemente políticos; retrata-
dos de maneira irônica, fazem parte da chamada arte de rua, original-
mente conhecida como street art.
A street art surgiu como um movimento considerado underground, 
nos EUA, na década de 1970, tendo poste-
riormente se difundido para diversos outros 
lugares.
Na figura ao lado, podemos observar uma 
obra feita por Banksy que faz referência à 
Guerra do Vietnã, ocorrida no período de 
1955 a 1975. O estêncil feito pelo artista foi 
inspirado em uma fotografia de Nick Ut, que 
se tornou mundialmente conhecida e ganhou 
o prêmio Pulitzer.
O livro Grafite: labirintos 
do olhar aborda questões 
fundamentais sobre a 
arte urbana, em específi-
co o grafite, apresentan-
do diversas referências 
sobre o assunto.
LONGMAN, G.; LONGMAN, E. São 
Paulo: BEI Editora, 2017.
Livro
A plataforma Google 
desenvolveu um site 
específico para a street 
art. Vale a pena dar uma 
conferida.
Disponível em: https://streetart.
withgoogle.com/pt/online-
exhibitions. Acesso em: 31 jul. 2020.
Site
Essa obra de Banksy faz referência à icônica fotografia tirada 
em 1972, que retrata a menina Kim Phúc fugindo de um ataque 
a bomba. É evidente a crítica ao american way life (estilo de vida 
americano), representado pela inserção dos personagens Mickey 
Mouse e Ronald McDonald. 
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https://streetart.withgoogle.com/pt/online-exhibitions
https://streetart.withgoogle.com/pt/online-exhibitions
https://streetart.withgoogle.com/pt/online-exhibitions
34 Arte e Cultura
2.2 Arte e tecnologia 
Vídeo Ao olhar o título desta seção, você pode estar se perguntando: qual 
será a relação entre arte e tecnologia?
A conexão dessas duas áreas começa pelo significado das palavras, 
tanto arte quanto tecnologia são consideradas técnicas. Mas é impor-
tante salientar que os conceitos dessas duas áreas são mais amplos.
Quando se fala em tecnologia, qual é a primeira imagem que vem à 
sua mente? Muitas vezes, as respostas estão relacionadas a computa-
dores, celulares, câmera digital, webcam, entre outros equipamentos. A 
tecnologia, no entanto, vai além desses aparelhos eletrônicos. Segundo 
Kenski (2012, p. 24), a tecnologia refere-se:
ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se 
aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um 
equipamento de um determinado tipo de atividade, chamamos 
de [...]. Para construir qualquer equipamento – uma caneta esfe-
rográfica ou um computador –, os homens precisam pesquisar, 
planejar e criar o produto, o serviço, o processo.
Podemos concluir que, com o tempo, o homem vai aprimorando o 
produto, tornando-o mais sofisticado. Vale lembrar que “o uso de tec-
nologia em arte não acontece somente em nossos dias. A arte, em to-
dos os tempos, sempre se valeu das inovações tecnológicas para seus 
propósitos” (PIMENTEL, 2012, p. 128).
Algumas linguagens da arte, como a gravura, a fotografia e o ci-
nema “levaram algum tempo para serem reconhecidas como Arte” 
(PIMENTEL, 2012, p. 129). Uma das questões levantadas se refere à tec-
nologia utilizada pelos artistas que possibilitou fazer várias cópias de 
uma obra por meio de uma matriz. Assim, a obra de arte deixa de ser 
um objeto único.
É importante destacar que, quando não existia a fotografia, os pin-
tores levavam dias, meses e até anos para registrar uma paisagem, 
uma pessoa, um objeto. Com o surgimento desse recurso, esse regis-
tro passa a ser muito mais rápido, além da reprodução parecer mais 
próxima da realidade.
Em relação ao cinema, um fato curioso aconteceu na primeira exi-
bição de um filme, em 1895, na cidade de Paris. Muitas pessoas que 
As interfaces e abordagens da arte 35
nunca tinham visto imagens em movimento, quando viram a cena de 
um trem vindo em sua direção, saíram correndodo local.
No contexto contemporâneo, a reação dos espectadores, descritas 
por essas narrativas, parece ser bastante exagerada, porém, se con-
siderarmos a mentalidade da época e o fato de essas pessoas nunca 
terem visto imagens em movimento, como no cinema, esse comporta-
mento se torna mais compreensível.
A arte e a cultura se transformam com o tempo. Os artistas inseri-
dos nesse contexto histórico vão experimentando, criando e recriando 
outros suportes, materiais e maneiras de apresentar o seu trabalho. 
Uma ferramenta que vem sendo utilizada nos processos de criação nas 
últimas décadas é o computador, equipamento que pode potencializar 
as tradicionais técnicas de arte (VENTURELLI; TELLES, 2007).
Segundo a pesquisadora Almeida (2011, p. 61) “o artista contem-
porâneo atento ao desenvolvimento tecnológico e científico vai incor-
porando novas ferramentas, que são meios diferentes de trabalho, 
buscando nas diversas áreas do conhecimento um compartilhar de 
ideias”. Mas você sabe o que é arte tecnológica?
Arte tecnológica é “toda atividade ou toda prática denotada como 
‘artística’ que serve das novas tecnologias como meios em vista de 
um fim artístico” (DOMINGUES, 2011, p. 38). Alguns exemplos são 
videoinstalações, arte na rede, videoarte, performances em ambientes 
virtuais, ciberinstalação etc.
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Nam June Paik, artista sul-coreano, costuma ser creditado por ter sido o responsável pela criação da videoarte. As obras 
desse artista são exemplos de inovação e uso da tecnologia na arte.
Ficou curioso para ver a 
cena? Você pode confe-
ri-la no vídeo A chegada 
de um trem na estação, 
Irmãos Lumière, 1895, o 
primeiro filme da huma-
nidade, publicado pelo 
canal andrio filmes.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=RP7OMTA4gOE. Acesso 
em: 31 jul. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=RP7OMTA4gOE
https://www.youtube.com/watch?v=RP7OMTA4gOE
https://www.youtube.com/watch?v=RP7OMTA4gOE
36 Arte e Cultura
Um espaço que reúne algumas dessas produções artísticas é o 
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE), que acontece 
desde 2000 na cidade de São Paulo, com algumas mostras em outras 
capitais do Brasil. Esse evento apresenta o que está sendo produzido 
na contemporaneidade e é dividido nas seguintes categorias: sonorida-
de eletrônica, arte interativa e linguagem digital.
A sétima edição do FILE aconteceu no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, em 2006.
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A artista e pesquisadora Domingues (2011, p. 37), ao pensar a arte 
e a tecnologia, afirma que é “a diluição do conceito de artista que dis-
persa a sua autoria”. Isso se dá porque a produção artística envolve 
profissionais de diferentes áreas, até mesmo o público, que poderá 
modificar, por meio de sua interação, a proposta inicial do artista. Ela 
aponta, ainda, que “as tecnologias digitais favorecem a arte da partici-
pação, a arte da comunicação. A interatividade é a palavra-chave das 
tecnologias digitais, propiciando a interação no sentido estrito do ter-
mo” (DOMINGUES, 2011, p. 37).
No Brasil, temos muitos artistas contemporâneos que trabalham 
com a tecnologia. Um dos precursores é o carioca Eduardo Kac, que 
cria obras digitais, holográficas, de telepresença, entre outras.
Veja a diversidade de 
produções exibidas no 
FILE acessando o site do 
festival.
Disponível em: https://file.org.br/
file_sp_2019/?lang=pt. Acesso 
em: 31 jul. 2020.
Site
https://file.org.br/file_sp_2019/?lang=pt
https://file.org.br/file_sp_2019/?lang=pt
As interfaces e abordagens da arte 37
Obra Genesis, de Kac, apresentada em 1999 no Festival de Arte Eletrônica, na Áustria.
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A figura anterior é de uma obra que inaugura a “arte transgênica”. 
Nesse trabalho, Kac criou um “gene de artista”, por meio de trechos do 
Velho Testamento em inglês. O gene é inserido nas bactérias, que estão 
dentro de uma placa de vidro colocada sob uma caixa de luz ultraviole-
ta; esta é controlada pelo público por meio de um site. Ao acionar a luz, 
o código genético é alterado.
Achou inusitada essa obra? Imagine que ela foi apresentada ao públi-
co em 1999. Desde esse período até os dias atuais, muitos outros recur-
sos tecnológicos foram apropriados e reinventados pelos artistas.
Outros artistas que têm uma grande produção na arte tecnológica 
são: Diana Domingues, Guto Lacaz e Gilbertto Prado. Eles são, também, 
pesquisadores, escritores e professores universitários.
Acesse os QR codes a seguir para visualizar as obras desses artistas multimídia.
Diana Domingues Guto Lacaz Gilbertto Prado
Como bem lembra Domingues (2011, p. 60), “os diferentes posi-
cionamentos dos artistas que investigam tecnologias como meios de 
criação deixam evidente que as tecnologias influenciam nossas for-
mas de ser com o mundo, pois modificam nossas maneiras de sentir, 
amplificando-nos”.
38 Arte e Cultura
Os museus também têm mudado a forma de apresentar as obras 
do seu acervo, empregando diferentes recursos tecnológicos, tornan-
do as exposições mais atrativas, interativas e acessíveis aos visitantes. 
Alguns exemplos são: audioguias; QR codes, que são colocados próxi-
mos às obras (quando o visitante posiciona o seu celular em frente ao 
código é direcionado para um site que apresenta informações sobre a 
obra e/ou o artista); vídeos com explicações sobre a exposição com in-
térprete de LIBRAS; obras impressas em 3D, para que as pessoas cegas 
possam tocá-las, entre outros.
Para ler um QR code, basta apontar a câmera do smartphone para o código. Em alguns casos, é 
necessário baixar um aplicativo que faça a leitura.
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“Em todas as épocas, o aparato tecnológico ocupa o centro vivo das 
diferentes culturas e determina as relações do homem com seu am-
biente” (DOMINGUES, 2012, p. 61). Portanto, essa relação da arte com 
a tecnologia é histórica e não temos a pretensão de esgotar o assunto, 
mas ampliar o olhar sobre a temática.
2.3 Arte e comunicação 
Vídeo A arte e a comunicação existem desde os primórdios da humanida-
de e, com o passar dos tempos, essas duas áreas foram cada vez mais 
convergindo.
Vários teóricos apresentam diferentes perspectivas sobre a defini-
ção do termo comunicação. Uma delas é da autora Santaella (2001, p. 
22), que, com base em vários estudos, apresenta um conceito amplo:
Para saber mais sobre 
como a arte é impactada 
pela tecnologia, assista 
à entrevista com artistas 
e instituições, feita por 
Ronaldo Lemos e publica-
da pelo Canal Futura.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=HwL3C_
x38tQ. Acesso em: 31 jul. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=HwL3C_x38tQ
https://www.youtube.com/watch?v=HwL3C_x38tQ
https://www.youtube.com/watch?v=HwL3C_x38tQ
As interfaces e abordagens da arte 39
A transmissão de qualquer influência de uma parte de um siste-
ma vivo ou maquinal para uma outra parte, de modo a produ-
zir mudança. O que é transmitido para produzir influência são 
mensagens, de modo que a comunicação está basicamente na 
capacidade para gerar e consumir mensagens.
A pesquisadora classifica a história da comunicação em seis catego-
rias, conforme mostra a figura a seguir.
1
3
5
2
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Era da comunicação oral
Era da comunicação impressa
Era da comunicação midiática
Era da comunicação escrita 
Era da comunicação propiciada pelos meios de comunicação em 
massa
Era da comunicação digital 
4
Fonte: Santaella, 2005, p. 9.
Vamos dar enfoque à era da comunicação digital, por ser a mais atual.
Com o surgimento da internet, essa nova tecnologia da comunica-
ção apresenta “grandes impactos na organização social e na forma com 
que os indivíduos se percebem no tempo e no espaço” (CRUZ, 2010, p. 
12). Ao mesmo tempo que o acesso à informação é popularizado, tor-
nou-se possível o controle de dados dos usuários.
Os artistas também possuem posições distintas frente às con-
sequênciasdas novas tecnologias da comunicação na arte e na 
sociedade. Enquanto alguns veem nas novas mídias digitais poten-
cialidades estéticas e sociais, outros pretendem desmistificar as su-
postas transformações libertadoras trazidas por estas. Também há 
aqueles que se utilizam dessas tecnologias sem se posicionarem 
sobre o seu significado cultural amplo. (CRUZ, 2010, p. 12)
40 Arte e Cultura
Você já parou para pensar em como as instituições relacionadas à 
arte utilizam as tecnologias de comunicação para a apresentação das 
obras, dos(as) artistas, além da interação com o público?
O avanço da tecnologia proporcionou visitas virtuais por museus, 
teatros, galerias e salas de concerto no mundo todo, sem o público 
precisar sair de casa. As visitas possibilitam que o internauta visualize 
as obras em outras perspectivas, com zoom, além de ampliar o seu re-
pertório sobre a obra e a biografia do artista. Temos como exemplo de 
visitas virtuais: a Pinacoteca 1 ; a Sala São Paulo 2 e o Theatro Munici-
pal 3 , localizados na cidade de São Paulo; o Museu Frida Kahlo, também 
conhecido como La Casa Azul, que fica na Cidade do México; o famoso 
Museu do Louvre 4 , em Paris, entre outros espaços.
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Fachada do Museu Frida Kahlo e pirâmide no pátio que exibe peças pré-hispânicas.
Alguns museus e galerias também proporcionam visitas virtuais 
pelo projeto Google Arts & Culture, utilizando a tecnologia street view 
(visualização panorâmica), que conta com a parceria de mais de 2 mil 
instituições, como o Museu Oscar Niemeyer, localizado em Curitiba 
(PR), o Museu Nacional, que fica no Rio de Janeiro (RJ), e o Museu de 
Inhotim, em Brumadinho (MG).
Muitos museus, teatros, conservatórios de música e galerias e fun-
dações culturais também utilizam a internet e as redes sociais para se 
aproximar do público, oferecendo acesso ao acervo virtual de referên-
cias bibliográficas, jogos, vídeos, entre outros. Um exemplo é o site do 
Museu Afro Brasil 5 , que disponibiliza jogo dos 7 erros, caça-palavras, 
quizzes, desenhos para colorir, acervo e catálogo on-line.
Disponível em: http://www.
iteleport.com.br/tour3d/
pinacoteca-de-sp-acervo-per-
manente/?utm_medium=web-
site&utm_source=archdaily.
com.br. Acesso em: 31 jul. 2020.
1
Disponível em: http://
www.salasaopaulo.art.br/
paginadinamica.aspx?pagi-
na=visitavirtualstreetview&fb-
clid=IwAR2yxnKbW1EBY7xCm-
NaLUnpmDFbI2_ljZimltEelB-
qUEvTNv1IQm_4J7x_A. Acesso 
em: 31 jul. 2020.
2
Disponível em: https://theatro-
municipal.org.br/pt-br/tour-vir-
tual/. Acesso em: 31 jul. 2020.
3
Disponível em: http://musee.
louvre.fr/visite-louvre/index.
html?defaultView=rdc.s46.
p01&lang=ENG. Acesso em: 31 
jul. 2020.
4
Que tal você fazer uma 
visita virtual pelo Museu 
Frida Kahlo? Tenha essa 
experiência acessando o 
link a seguir.
Disponível em: https://www.
museofridakahlo.org.mx/es/el-
museo/visita-virtual/. Acesso em: 
31 jul. 2020.
Site
 Disponível em: http://www.
museuafrobrasil.org.br/divirta-
-se. Acesso em: 31 jul. 2020.
5
As interfaces e abordagens da arte 41
Além disso, muitas dessas instituições fazem uso dos canais de ví-
deo no YouTube, em que apresentam exposições, projetos, cursos, en-
trevistas com artistas, seminários, entre outros eventos. Três canais de 
grande relevância artística e cultural são: o do Museu de Arte de São 
Paulo (MASP) 6 , o do Instituto Itaú Cultural 7 e do Instituto do Patrimô-
nio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) 8 .
Muitos artistas e muitas companhias de teatro e dança têm utilizado 
as redes sociais para divulgar o seu trabalho. Um exemplo é o Grupo 
Corpo, uma companhia de dança de Belo Horizonte (MG), com contas 
no Instagram e no Facebook, que publica fotografias e vídeos dos en-
saios e espetáculos, bem como reportagens e outras informações.
As tecnologias da comunicação aproximam o público dos museus e 
dos artistas e permitem visualizar espetáculos e exposições, mas não 
substituem a experiência de ver uma obra ao vivo e em cores ou de 
conhecer um espaço cultural.
Disponível em: https://www.
youtube.com/channel/UCn3RTL-
TgiO7TjfG7juhFM1g. Acesso em: 
31 jul. 2020.
7
Disponível em: https://www.
youtube.com/channel/UCl_tZ-
6fP9TdaATguYYRC1XA. Acesso 
em: 31 jul. 2020.
6
Conheça o trabalho do Grupo 
Corpo nas redes sociais:
• Instagram: https://
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Redes Sociais
Vamos conhecer esse projeto do Google? Podemos começar fazendo um tour guiado pelo 
Museu Nacional, que fica no Rio de Janeiro (RJ), antes do incêndio de 2018.
Disponível em: https://artsandculture.google.com/project/museu-nacional-brasil. Acesso em: 31 jul. 2020
Depois, podemos ir para Brumadinho (MG) conhecer o museu do Instituto Inhotim, con-
siderado o maior museu a céu aberto do mundo, que tem um importante acervo de arte 
contemporânea. 
Disponível em: https://artsandculture.google.com/streetview/inhotim/ugEcCOCZkq1_4A. Acesso em: 31 jul. 2020
Para finalizar nosso tour, vamos conhecer um pouco da cultura do Oriente, vendo a expo-
sição intitulada Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba 
(PR).
Disponível em: https://artsandculture.google.com/exhibit/%C3%A1sia-a-terra-os-homens-os-deuses-parte-
um/6QIyenIAuFnKKQ. Acesso em: 31 jul. 2020
Site
Disponível em: https://www.
youtube.com/channel/UCzLB6j-
8WasmMqA5LLWsNBXA. Acesso 
em: 31 jul. 2020.
8
2.4 Multiculturalidade e interculturalidade 
Vídeo A multiculturalidade é um conceito que aborda as diversas culturas 
presentes na sociedade.
Existem diferentes visões sobre a multiculturalidade, uma delas é 
da pesquisadora Candau (2011, p. 18), que diz: “uma das característi-
cas fundamentais das questões multiculturais é exatamente o fato de 
estarem atravessadas pelo acadêmico e o social, a produção de conhe-
cimentos, a militância e as políticas públicas”.
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42 Arte e Cultura
Com o aumento das discussões sobre o tema, o enfoque da multi-
culturalidade vem sendo ampliado:
Tendo em vista as numerosas culturas presentes em toda a so-
ciedade, baseadas em aspectos como religião, idade, gênero, 
ocupação, classe social etc. sendo que a questão étnica é apenas 
uma das características do indivíduo. Muito recentemente, tam-
bém a educação especial vem sendo incluída na visão multicultu-
ral. (RICHTER, 2012, p. 97)
Vale destacar que não existe uma cultura superior, o que temos 
são modos diferentes de pensar, de se relacionar e de crer. Por isso, 
é importante conhecer as especificidades das culturas para respeitar e 
valorizar os diversos povos.
O Brasil é formado por diversas culturas, tendo em sua matriz po-
vos indígenas, africanos e europeus. Fazendo uma breve retrospectiva, 
quando os colonizadores chegaram ao Brasil, existiam aproximada-
mente 1.000 povos originários, que falavam diferentes línguas. Atual-
mente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 
2010), existem 305 etnias e 274 línguas indígenas.
Depois de algumas décadas, os colonizadores trouxeram, de manei-
ra forçada, diferentes povos do continente africano para o Brasil. Essas 
pessoas foram escravizadas e somente no século XIX foi decretado o 
final da escravidão. Conforme o Censo de 2010, mais de 50% da popu-
lação brasileira é formada por negros e pardos (IBGE, 2010).
Mesmo com essa diversidade de povos e línguas, muitas vezes a 
cultura que é mais estudada e valorizada nas escolas, nas mídias e na 
sociedade é a do colonizador. É o que se chama de etnocentrismo, uma 
cultura que está no centro em detrimento de outras (nesse caso, a cul-
tura do europeu, o eurocentrismo).
Vale ressaltar que a legislação brasileira tem como premissa esti-
mular o respeito e o estudo da

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