Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Almir Dei Prette e Zilda A. Pereira Dei Prette (O gunt ad rc l Habilidades Sociais, Desenvolvimento e Aprendizagem Marina Bandei1'a Paula Inez Cunha Gomide Sorria Regina Loureiro Suzane Schmidlin Lõhr Habilidades Sociais, Desenvolvimento e Aprendizagem: Questões Conceituais, Avaliação e Intervenção Organizadores Almir Del Prette e Z ilda A . Pereira Del Prette Colaboradores Dam ela M ontesano Baraldi E dna M ana M arturano Edwiges F. de M attos Silvares Eliane G erk-Cam eiro Eliane M ary de O . Falcone M an a Luiza M arinho M arina Bandeira Pau la Inez C unha Gom tde Som a Regina Loureiro Suzane Schmidlin L õhr A T ' - r Alínea r d ! f o r a INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Alinea E O l T O R A DIRETOR GERAL Wilon Mazalla Jr. COORDBNAÇÂO EDITORIAL W íllian F M ightun COORDENAÇÃO DE REVISÃO Erika F. Silva REVISÃO DE TEXTOS Vera Lvciana Morandim R. da Silva EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Ma ri sei ma Queiroz REVISÃO DE FILMES Antonia S. Pereira CAPA Fábio Cyrino Mortari Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: qucstdcs conceituais, avaliação e intervenção / Almir Del Prette, Zilda A. P. Del Prette (orgs.).— Campinas, SP: Editora Alínea, 2003. Vários colaboradores. 1. Inteligência social 2. Habilidades sociais 1. Del Prette, Almir. II. Del Prette, Zilda A. P. 03-4784 CDD-302.14 Índices para Catálogo Sistemático 1. Habilidades sociais: Psicologia social 302.14 ISBN 85-7516-065-6 Todos os direitos reservados à Editora Alínea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara - Campims-SP CEP 13023-191 -P A B X : (0xxl9) 3232.9340 e 3232.2319 www.atomoealinea.com.br Impresso no Brasil INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS http://www.atomoealinea.com.br Sumário A presentação....................... .......................................................... 7 Sobre os A utores.................................................................... ......13 P a rte 1________________________________________________ Questões Conceituais Capítulo 1 Estilos parentais e comportamento anti-social.......................21 Paula Inez Cunha Gomide Capítulo 2 Comportamento anti-social infantil: Questões teóricas e de pesquisa.......... ....... ...............................61 Maria Luiza Marinho Capítulo 3 Aprendizagem socioemocional na infância e prevenção da violência: Questões conceituais e metodologia da intervenção.................. ..... ............. ............. 83 Almir Del Prette e Zilda A. Pereira Del Prette INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Capítulo 4 Inteligência social como vertente cognitiva da competência social.................................................................129 Eliane Gerk-Carneiro Capítulo 5 As habilidades sociais do terapeuta cognitivo-comportamental na interação com pacientes difíceis.................................................................147 Eliane Mary de O. Falcone P arte 2 _______________ Avaliação e Intervenção Capítulo 6 Habilidades sociais e dificuldades de aprendizagem: Teoria e pesquisa sob um enfoque multimodal.................... 167 Zilda A. Pereira Del Prette e Almir Del Prette Capítulo 7 Avaliando a competência social de pacientes psiquiátricos: Questões conceituais e m etodológicas.................................. 207 Marina Bandeira Capítulo 8 Treino de habilidades sociais em grupo com crianças agressivas, associado à orientação dos pais: Analise empírica de uma proposta de atendim ento........... 235 Daniela Montesano Baraldi e Edwiges F. de Mattos Silvares INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Capítulo 9 O desenvolvimento socioemocional e as queixas escolares................................................................ 259 Edna Maria Marturano e Sonia Regina Loureiro Capítulo 10 Estimulando o desenvolvimento de habilidades sociais em idade escolar................................ 293 Suzane Schmidlin Lõhr INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Apresentação Em 1999 enviamos à ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia) uma proposta para funcionamento de um novo grupo, com a denominação de Relações Interpessoais e Competência Social. A resposta positiva foi sinalizada algum tempo depois, possibilitando que os integrantes do grupo preparassem seus trabalhos e apresentações. Na reunião, em 2002, fomos para nosso primeiro encontro de trabalho esperançados pela possibilidade de diálogo que, partindo de um eixo temático comum, se movimentasse em várias direções, imprimindo um olhar crítico sobre as categorias analítico-descritivas que deveriam representar e ser representadas pelo trabalho comum dos participantes. Essa reunião da ANPEPP possibilitou nosso primeiro encontro conjunto, aglutinado pelo tema proposto: Afetividade, cognição e desempenho social: diversidade teórica e questões metodológicas, que permitiu, a cada um, ampliar o conhecimento sobre as preocupações e a produção acadêmica dos demais. A esperança foi se concretizando pouco a pouco, a cada dia de trabalho, a cada estudo apresentado. Nessa ocasião, incluiu-se, na agenda de reuniões, a participação de alguns dos membros do GT-21 {Atendimento psicológico em clínicas-escola: convergências atuais) cujos trabalhos têm característica de interface com a produção de nosso grupo. Desse primeiro encontro resultou um projeto de publicação dos trabalhos apresentados naquela ocasião, orientados pelas cate gorias temáticas que justificaram a criação deste grupo. O GT-10 reúne pesquisadores de diversas instituições de ensino superior que, INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS juntamente com alguns membros do GT-21, trazem ao público os trabalhos que apresentaram e discutiram no último encontro da ANPEPP. Portanto, o que o leitor tem em mãos, agora, representa o desdobramento de um esforço iniciado há vários anos, com diferen tes olhares sobre temas que mantêm um eixo comum. Este livro se compõe de duas partes, cada uma com cinco capítulos. A primeira contém os estudos predominantemente teóricos e a segunda, os que apresentam relatos mais sistematizados de pesquisa empírica. Isso não significa que os estudos teóricos ignorem resultados de pesquisa ou dados empíricos, mas eles são assim classificados porque não têm, como objetivo principal, a descrição de uma pesquisa empírica. O leitor poderá, também, identificar a preocupação, presente na maioria dos capítulos, com a análise de instrumentos e procedimentos de avaliação e com a proposta de procedimentos de intervenção para a promoção de habilidades sociais em diferentes contextos. Além disso, cada capítulo faz uma cuidadosa incursão nos estudos da área, podendo-se dizer que esta obra representa, em seu conjunto, uma boa atualização das referências disponíveis. Apresenta-se, a seguir, um breve resumo dos capítulos, na ordem de seqüência em que aparecem no livro: Estilos parentais e comportamento anti-social. Paula Gomide faz análise de uma extensa literatura sobre os estilos parentais em sua relação com o comportamento social (anti-social e pró-social) da criança em desenvolvimento. Tem como base inicial uma análise sobre o termo comportamento anti-social e os critérios mais utilizados em sua definição, tais como: seqüência, intensidade,cronicidade e intencionalidade. Na seqüência, apresenta resultados de pesquisas sobre as principais categorias descritivas das práticas educativas positivas (monitoria positiva, comportamento moral) e das práticas educativas negativas (abuso físico, abuso psicológico, disciplina relaxada, monitoria negativa, negligência e punição inconsistente) em termos do desenvolvimento social da criança. Encerra analisando e anexando um inventário de estilos parentais e risco, produzido pela autora. Comportamento anti-social infantil: Questões teóricas e de pesquisa. Maria Luiza Marinho faz uma ampla revisão da literatura psicológica sobre a área de comportamento anti-social infantil, explicitando seus principais determinantes no desenvolvimento da criança. A autora detém-se mais detalhadamente na produção do grupo INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS dc Oregon {Oregon Social Learning Center) que, durante muitos anos, vem realizando pesquisas longitudinais nessa área, podendo, portanto, apresentar dados relevantes sobre as variáveis relacionadas ao comportamento anti-social infantil: econômicos, ambientais, estratégias educacionais, efeitos da coerção, fracasso escolar etc. Conclui o capítulo sugerindo variáveis a serem focalizadas em estudos futuros. Aprendizagem socioemocional na infância e prevençãoda violência: questões conceituais e metodologia da intervenção. Almir e Zilda Del Prette enfocam, inicialmente, o fenômeno da violên cia como objeto de estudo de várias disciplinas científicas (sociologia, antropologia, etologia e psicologia entre outras) que movimentam diferentes perspectivas teóricas, com implicações ora reducionistas ora abrangentes sem, contudo, integrar os vários modelos disponíveis. Explicitam, ainda, a atualidade e a generalidade desse fenômeno como integrante de uma cultura da agressividade que permeia a maioria das instituições, da família à escola. O texto apresenta extensa revisão dos estudos sobre o assunto, incluindo pesquisas desenvolvidas com crian ças no âmbito escolar, para defender a tese de que, sem descartar outras estratégias, um dos recursos da sociedade para lidar com o fenômeno da violência é adotar a vertente da prevenção. Em relação à estratégia da prevenção, os autores examinam dados de pesquisa sobre as condições atuais da escola para aceitar tal empreendimento e alternativas metodo lógicas disponíveis para enfrentamento do problema. Defendem, então, o uso do método vivencial como um recurso para implementar o desen volvimento socioemocional e promover habilidades sociais-cognitivas da criança, incompatíveis com o engajamento em comportamentos agressivos. Inteligência social como vertente cognitiva da competência social. Eliane Gerk-Cameiro apresenta uma análise do conceito de inteligência como capacidade essencialmente cognitiva e acadêmica e sua trajetória, que foi incorporando outros constructos e aproximando-a de uma perspectiva de competência. A partir desse ponto, a autora faz uma incursão nas novas teorias sobre a inteligência, sob diferentes visões, como a abordagem das inteligências múltiplas, da inteligência prática e da inteligência social. Na seqüência, realiza uma análise sobre inteligência, integrada em modelos de competência para, então, aproximar as noções de inteligência aos conceitos correlatos tais como adaptação, competência social e habilidades sociais. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS As habilidades sociais do terapeuta cognitivo-comportamental na interação com pacientes difíceis. Eliane Falcone defende a impor tância das habilidades sociais do terapeuta cognitivo-comportamental, tendo como base os estudos que apontam uma relação entre a eficácia do tratamento e as habilidades sociais presentes no contexto clínico de atendimento. Explicita que a empatia é condição necessária, porém não suficiente, na condução da terapia e que outras habilidades seriam requisitos adicionais para o êxito do empreendimento terapêutico. Discute os problemas no atendimento, não apenas como variáveis do cliente, mas também como variáveis do terapeuta. Na análise dessas questões, a autora utiliza algumas categorias tais como, vulnerabi lidade, hostilidade, transferência, resistência, do chamado esquema pessoal do cliente e do terapeuta. Discute ainda, como variável relevante na terapia, a forma como o terapeuta introduz seus procedi mentos. Habilidades sociais e dificuldades de aprendizagem: teoria e pesquisa sob um enfoque multimodal. Sem desconsiderar as questões específicas da área da aprendizagem e do desenvolvimento, Zilda e Almir Del Prette apresentam uma análise sobre as relações entre o desempenho social e as dificuldades de aprendizagem. Para tanto, dividem o capítulo em três partes. Primeiramente são examinadas algumas questões conceituais e metodológicas associadas a essas duas categorias analíticas e uma breve revisão de pesquisas e propostas para a análise da relação entre elas. Em seguida, com base em uma abordagem multimodal de avaliação de habilidades sociais apresenta um estudo empírico sobre o desempenho social de crianças escolares com e sem dificuldades de aprendizagem, remetendo a análise dos dados às questões explicitadas anteriormente. Finalmente, os autores convergem a análise para as implicações metodológicas e propostas de encaminhamentos para reflexões e novas pesquisas na área. Avaliando a competência social de pacientes psiquiátricos: questões conceituais e metodológicas. De início, Marina Bandeira aponta o processo de desospitalização como contexto de ocorrência da maioria das pesquisas de avaliação da competência social do paciente psiquiátrico. Segue com referências a esse processo em uma perspectiva do desempenho de habilidades sociais básicas para um adequado funcionamento do paciente na comunidade, explicitando então os diversos programas de treinamento dessa população. Após isso, a autora enfoca as questões pertinentes à avaliação do INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS comportamento social de pacientes psiquiátricos, em especial com a metodologia do desempenho de papéis. Para finalizar, apresenta dados de uma pesquisa conduzida no Brasil com o uso da Escala de Avaliação da Competência Social de Pacientes Psiquiátricos (EACS), analisando os principais resultados e defendendo-se o uso do desempenho de papéis na avaliação dessa população. Treinamento de habilidades sociais em grupo com crianças agressivas, associado à orientação dos pais: Análise empírica de uma proposta de atendimento. Daniela Baraldi e Edwiges Silvares iniciam o capítulo com uma breve revisão da literatura psicológica sobre terapia comportamental infantil e agressão infantil, explicitando o modelo de Patterson na compreensão do comportamento anti-social e as evidências favoráveis à expansão do atendimento de crianças com o treinamento simultâneo dos pais. Seguem com a apresentação dos resultados de uma intervenção que utilizou grupo controle e grupo experimental, conjugado a um programa simultâneo de atendimento aos pais. Na avaliação, foram utilizados vários instrumentos tais como o CBCL e gravações em vídeo e áudio. Os dados foram organizados cm tabelas e figuras e a análise dos resultados obtidos é discutida com base na literatura da área, apresentando-se tambcm encaminhamentos de atendimento e pesquisa. O desenvolvimento socioemocional e as queixas escolares. A partir de uma concepção de desenvolvimento em que enfatiza a importância de considerar o comportamento não apenas como resul tante de experiências passadas e presentes vindas de fora para dentro, mas igualmente, como função de variáveis internas como, por exemplo, a maneira como a pessoa percebe e interpreta os eventos cotidia nos, Edna Marturano e Sonia Loureiro empreendem uma cuidadosa análise da literatura sobre o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, dando destaque aos inúmeros fatores (internos e externos) presentes na escolaridade. O capítulo revê uma grande quantidade de estudos sobre autopercepção, autoconceito e auto-eficácia em suas relações com o desempenho escolar, a aceitação ou rejeição por pares e os problemas de comportamento e saúde. As autoras acrescentam, também, uma comparação com os dados de estudos conduzidos em nosso meio e propõem encaminhamentos de pesquisas futuras. Estimulando o desenvolvimento de habilidades sociais em idade escolar. Suzane Lõhr apresenta um histórico da sua experiência do trabalho com crianças na idade de quatro a seis anos, conduzida na INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Universidade Federal do Paraná, fazendo em seguida um breve resumo da literatura sobre programa de intervenções com crianças para, então, relatar um dos programas desenvolvidos pela equipe de atendimento na universidade, planejado para um grupo de seis crianças, associado ao atendimento de seus pais. Neste texto, além de apresentar as partes usuais dos relatórios de intervenção/pesquisa (clientela, procedim entos etc.), a autora descreve também, resumidamente, cada uma das sessões, na ordem de ocorrência. Finaliza o capítulo tecendo considerações sobre o atendimento. Esperamos que este painel de estudos sobre relações inter pessoais e competência social represente um convite para novas pesquisas e para a aplicação dos conhecimentos disponíveis em nosso meio sobre essa importante área da Psicologia. Os Organizadores INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Sobre os Autores Almir Del Prelte Doutor pela Universidade de São Paulo (USP/SP), é professor aposentado pela Universidade Federal de São Carlos, onde está vinculado ao Departamento de Psicologia e ao Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. É pesquisador do CNPq (Bolsa de Produtividade em Pesquisa) e autor, com a Profa. Dra. Zilda A. P. Del Prette, dos livros: Psicologia das Habilidades Sociais: Terapia e educação (editado também no México); Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo; Habilidades Sociais Cristãs: Desafios para uma nova sociedade, (Vozes) e o Inventário de Habilidades Sociais (IHS-Del-Prette): Manual de aplicação, apuração e interpretação (Casa do Psicólogo). E-mail: adprette@power.ufscar.br. Daniela Montesano Baraldi Psicóloga formada pela PUC - SP, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de São Paulo - área de concentração em Psicologia Clínica. Tem sua atuação concentrada em consultório particular. E-mail: danibaraldi@ig.com.br. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS mailto:adprette@power.ufscar.br mailto:danibaraldi@ig.com.br Edna Maria Marturano Professora Titular da Universidade de São Paulo (USP), na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Obteve os graus de Mestrado, Doutorado e Livre Docência. E coordenadora do Ambulatório de Psicologia Infantil do HC-FMRP e do Programa de Pós-graduação em Saúde Mental da FMRP, participando também como orientadora no Programa de Pós-graduação em Psicologia da FFCLRP. Realiza pesquisas sobre fatores de risco e proteção na idade escolar. E pesquisadora do CNPq e atualmente coordena projeto temático apoiado pela FAPESP. E-mail: emmartur@finrp.usp.br. Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Professora Livre Docente da Universidade de São Paulo (SP) no Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica. É Mestre pela Northeastcrn University (Boston), Doutora pela Universidade de São Paulo (SP). E professora, orientador^ e supervisora clínica em abordagem comportamental junto à USP e UNIFESP, assessora em pareceres a revistas, órgãos de fomento e agências, coordenadora e supervisora do Centro de Estudo das Dificuldades Infantis (CEDI). Desenvolve pesquisas sobre novas formas de atendimento psicológico em clínicas-escola, tratamento e prevenção de distúrbios psicológicos infantis, formação e treinamento de terapeutas comportamcntais, E-mail: efdmsilv@usp.br. Eliane Mary de Oliveira Falcone E professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, psi cóloga, com mestrado em Psicologia Clínica pela PUC-RJ e doutorado em Psicologia Clínica pela USP-SP. Atua na área clínica como tera peuta e supervisora, dentro da abordagem cognitivo-comportamental. Desenvolve e orienta pesquisas sobre habilidades sociais. Faz parte do corpo docente do programa dc pós-graduação em psicologia social da UERJ e é presidente da Sociedade Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC). E-mail: falcone@uninet.com.br. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS mailto:emmartur@finrp.usp.br mailto:efdmsilv@usp.br mailto:falcone@uninet.com.br Eliane Gerk-Carneiro Mestre e doutora pela Fundação Getúlio Vargas, na área dos Processos Cognitivos. Atualmente é professora e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Gama Filho, do qual foi coordenadora durante seis anos consecutivos, lecionando as disciplinas “Medidas em Psicologia” e “Psicologia da Inteligência”. Integra a linha de pesquisa intitulada “Cognição, Inteligência e Relações Interpessoais”, dedicando-se à pesquisa e à extensão na área da inteligência. É consultora ad hoc da CAPES e de diversas revistas científicas em Psicologia. E-mail: gerk@hexanet.com.br. Maria Luiza Marinho E professora do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Psicoterapia na Análise do Comportamento pela UEL, Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado na Universidad de Granada - Espanha (financiamento CNPq), com o Dr. Vicente Caballo, na área de treinamento de habilidades de terapeuta comportamental e de pesquisadores clínicos. Realiza pesquisas sobre tratamento e prevenção de problemas psicológicos, treinamento de pais e formação de terapeutas comportamentais, áreas em que concentra suas publicações. Organizou o livro Psicologia Clínica e da Saúde (2001, UEL/APICSA). É membro do comitê científico da revista Psicologia Conductual (Espanha) e da diretoria da Associação Psicológica Iberoamericana de Clínica e Saúde (APICSA). E-mail: luizamarinho@onda.com.br. Marina Bandeira Professora adjunta da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), é psicóloga, com mestrado e doutorado pela Université de Montreal, Canadá. Realizou dois pós-doutorados, um na McGill University - Douglas Psychosocial Research Center e o outro no Centre de Recherche Fernand Seguin, ambos no Canadá. É pesquisadora do CNPq com bolsa de produtividade em pesquisa. Desenvolve atividades de pesquisa e tem atuação profissional em INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS mailto:gerk@hexanet.com.br mailto:luizamarinho@onda.com.br saúde mental, competência social, avaliação de serviços de saúde mental, validação dc escalas de medida e fatores determinantes da reinserção social de pacientes psiquiátricos. Validou quatro escalas de medida da OMS sobre a satisfação e a sobrecarga em serviços de saúde mental, uma escala dc Orientação na Vida e colaborou na validação da escala de habilidades da vida cotidiana de pacientes psiquiátricos e escala de qualidade de vida de pacientes com esquizofrenia. Publicou, emco-autoria, o Manuel d ’Evaluation Ecologique dês Habiletes Sociales. Coordena o Laboratório de Pesquisa em Saúde Mental - LAPS AM (www.ufej.edu.br/saudemental). E-mail: bandeira@ufsj.edu.br. Paula Inez Cunha Gomide É professora adjunta do Departamento de Psicologia e do Program a de Pós-G raduação em Psicologia da Infância e Adolescência da Universidade Federal do Paraná. É psicóloga, doutora em Psicologia Experimental (IP-USP- 1990). Coordena o Laboratório de Estudos do Comportamento Anti-social na TJFPR, onde desenvolve projetos de pesquisa e extensão sobre Estilos Parentais e Comportamento Anti-social e a Influência da Mídia no Comportamento Agressivo. Publicou Análise Experimental do Comportamento: Manual de Laboratório, em 1985, hoje na T edição; Menor Injrator: A caminho de um novo tempo (1990,1998, Ed. Juruá) e Pais Presentes, Pais A usentes (Vozes). E-mail: pgomide@onda.com.br. Sonia Regina Loureiro Psicóloga, Doutora em Psicologia Clínica (IP-USP). Professora Doutora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/ USP e docente nos Cursos de Pós-Graduação em Ciências Médicas (área Saúde Mental) e Psicologia, na Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto. Coordena o Serviço de Avaliação Psicológica, junto ao Setor de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Desenvolve atividades de pesquisa com instrumentos e procedimentos de avaliação em diferentes contextos psicossociais, tendo como área de pesquisa os fatores de risco, prevenção e intervenção em Saúde Mental. E-mail: srlourei@fmrp.usp.br INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS http://www.ufej.edu.br/saudemental mailto:bandeira@ufsj.edu.br mailto:pgomide@onda.com.br mailto:srlourei@fmrp.usp.br Suzane Schmidlin Lõhr Psicóloga, M estre e D outora em Psicologia C línica (IP-USP). Professora adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, atuando na graduação em Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Infância e Adolescência da Universidade Federal do Paraná. Coordenadora do Laboratório do Comportamento Humano da UFPR, no qual desenvolve estudos na área de habilidades sociais. Parecerista ad hoc da FAPESP. Coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Positivo. Linhas de pesquisa nas quais tem atuado: habilidades sociais, práticas parentais, autismo e câncer infantil. E-mail: lohr@superig.com.br Zilda A. Pereira Del Prette Professora Titular da Universidade Federal de São Carlos, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Especial dessa Universidade e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de São Paulo (RP). Obteve doutorado pela Universidade de São Paulo (USP/SP) e pós-doutorado na Universidade da Califórnia, com o Dr. Frank Gresham, na área das Habilidades Sociais de Crianças. E pesquisadora do CNPq (Bolsa de Produtividade em Pesquisa) e coordenadora do Grupo de Pesquisa: Relações Interpessoais e Habilidades Sociais do Laboratório de Interação Social (http://www.ufscar.br/~cech/lis.htm). E-mail: zdprette@power.ufscar.br. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS mailto:lohr@superig.com.br http://www.ufscar.br/~cech/lis.htm mailto:zdprette@power.ufscar.br INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Parte 1 Questões Conceituais INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Capítulo 1 Estilos parentais e comportamento anti-social Paula Inez Cunha Gomide No convívio diário, os pais procuram direcionar o comportamento dos filhos no sentido de seguir certos princípios morais e adquirir uma ampla gama de comportamentos que garantam independência, autonomia e responsabilidade, para que mais tarde possam expressar adequadamente seu papel social. Por outro lado, também se esforçam para suprir ou reduzir comportamentos que sejam considerados socialmente inadequados ou desfavoráveis. Para cumprir o papel de agentes de socialização dos filhos, os pais utilizam-se de diversas estratégias e técnicas para orientar seus comportamentos. Essas estratégias de socialização utilizadas pelos pais são denominadas por alguns autores de práticas educativas parentais. A introdução da disciplina na vida da criança envolve um contexto de interação entre pais e filhos cm que a criança começa a ser confrontada com as regras e padrões morais da sociedade através das práticas educativas parentais (Hoffinan, 1960b). As bases teóricas e empíricas que fundamentam essas práticas educativas parentais e seus efeitos estão na literatura agrupadas sob diferentes nomes. Buscou-se neste estudo agrupá-las em dois grandes grupos: as que desenvolvem comportamentos pró-sociais e as que implicam comportamentos anti-sociais. As práticas educativas, portanto, poderão tanto desenvolver comportamentos pró-sociais, como anti-sociais, dependendo da freqüência e intensidade que o casal parental utilize determinadas estratégias educativas. Ao resultado do uso deste conjunto de práticas educativas denominamos Estilo Parental. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 2,2 Paula Inez Cunha Gomide A literatura cita alguns inibidores do desenvolvimento do comportamento anti-social. Estes estão relacionados a fatores bio lógicos, evolutivos e de aprendizagem. Montagu (1988) e Bowlby (1984) através de estudos com sociedades primitivas defendem a intensificação do contato de pele (mãe-bebê) nos primeiros anos de vida como um fator inibidor de comportamentos agressivos e anti-sociais; Freud (1950) enfatiza que o aumento das relações afe tivas tem a capacidade de inibir a agressividade humana; Lorenz (1965) defende o desenvolvimento de práticas esportivas como redutor de comportamentos agressivos; Patterson, Reid e Díshon (1992) apontam o uso apropriado de reforçamento positivo, a habi lidade para resolver problemas de grupo, a supervisão e monitoria dos pais, o aumento do desempenho escolar, o aumento da auto-estima e o estabelecimento de regras como práticas educativas eficazes na diminuição de comportamentos anti-sociais; Sidman (1995) defende o uso do reforço positivo contingente a condutas pró-sociais; Feldman (1977) salienta que o aumento da auto-estima, do desempenho escolar e o estabelecimento de regras possíveis de serem cumpridas evitam a desmoralização da autoridade e são for tes inibidores do aparecimento de condutas anti-sociais; Caballo (1987) propõe que o desenvolvimento de habilidades sociais previ ne o aparecimento de condutas anti-sociais; Nurco e Lemer (1996) apontam para a presença e modelo positivo do pai na família como forte inibidor do uso dc drogas e álcool em adolescentes e Maccoby e Martin (1983) definem cm seus estudos duas dimensões nos esti los parentais; exigência e responsividade, em que a dimensão da exigência associa-se à regulamentação do comportamento do ado lescente, reduzindo comportamentos desviantes e a dimensão de responsividade favorece o desenvolvimento de autoconceito positi vo e autoconfiança. A mídia (Strasburger, 1999; Gomide, 2000; 2003) reite- radamente apresenta à sociedade um estereótipo da violência social através dos noticiários da criminalidade, permitindo que se atribuam à natureza agressiva do homem os desvios comportamentais atualmente observados. Acreditar na bestialidade humana é aceitar a violência como fato inexorável e admitir que a experiência da espécie humana fracassou.Felizmente as pesquisas da área mostram um outro cami nho. Identificar as causas dos comportamentos anti-sociais, que estão no ambiente social do homem - sua família, sua escola, seus amigos, INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos paieiitais e compoitamento anti-social 23 enfim, sua história filogenética e ontogenética - permite a orientação de procedimentos eficazes que podem interferir nesta realidade, trans formando-a para melhor. A literatura da área de estilos parentais felizmente é muito rica. Os autores selecionam diferentes dimensões do estilo parental para aprofundar seus estudos e apontar os caminhos que levariam os pais a um relacionamento harmonioso e efetivo com seus filhos, por um lado, e as práticas parentais que produzem comportamentos anti-sociais, por outro lado. Dentre os vários enfoques dados pela literatura, optou-se neste trabalho por apresentar as práticas parentais relacionadas ao desenvolvimento ou inibição do comportamento anti-social. Oito variáveis foram selecionadas para o estudo do estilo pa rental, seis delas vinculadas ao desenvolvimento do comportamen to anti-social: negligência (Hildyarda & Wolfea, 2002; Higgins & McCabe, 2001 ; Schumacher, Smith & Heyman, 2001 ), abuso físico e psicológico (Simons, Wu, Lin, Gordon & Conger, 2000; Straus, Sugarman & Gilcs-Sims, 1997; Bamow Lucht & Freyberger, 2001 ; llaapasoloa & Pokelaa 1999), disciplina relaxada (Lewis, 1981; Hoffman, 1960), punição inconsistente e monitoria negativa (Feldman, 1977) e duas que promovem comportamento pró-social; monitoria positiva (Pettit, Bates, Dodge & Meece, 1999; Pcttit, Laird, Dodge, Bates & Criss, 2001; Stattin & Kerr, 2000; Chen, Dong & Zhou, 1997; Dorit, 2001 ; Kilgore, Snyder & Lentz, 2000; Kim, lletherington & Reiss, 1999) e comportamento moral (Araújo, 1999; Bandura & McDonald, 1965; Cario & Koller, 1998: Comte-Sponville, 2000; Pérez-Delgado & Gracia-Ros,1991). As chamadas Práticas Educativas Positivas são: a) Monitoria Positiva, que envolve o uso adequado da atenção e distribuição de privilégios, o adequado estabelecimento dc regras, a distribuição contínua e segura do afeto, o acompanhamento e supervisão das atividades escolares e de lazer e b) Comportamento Moral, que implica o desenvolvimento da empatia, do senso de justiça, da responsabilidade, do trabalho, da generosidade e do conhecimento do certo e do errado quanto ao uso de drogas e álcool e sexo seguro, sempre seguido de exemplo dos pais. As Práticas Educativas Negativas envolvem a) Negligência, ausência de atenção e de afeto; b) Abuso Físico e Psicológico, caracterizado pela disciplina através de práticas corporais negativas, ameaça ou chantagem de abandono e humilhação do filho; c) Disciplina Relaxada, que compreende o INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 24 Paula Inez Cunha Gomide relaxamento das regras estabelecidas; d) Punição Inconsistente, em que os pais se orientam pelo seu humor na hora de punir ou reforçar e não pelo ato praticado e e) Monitoria Negativa, caracterizada pelo excesso de instruções independentemente do seu cumprimento e conseqüentemente pela geração de um ambiente de convivência hostil. Será apresentada a seguir a fundamentação teórica referente às oito práticas educativas envolvidas neste estudo. Práticas educativas positivas Monitoria positiva Monitoria parental, segundo Dishion e McMahon (1998), é um conjunto de comportamentos parentais que envolvem atenção para a localização de seus filhos, para suas atividades e formas de adaptação. Essa definição é similar à do dicionário em que o verbo monitorar significa manter a guarda ou checar como um meio de controle. Snyder e Patterson (1987) sugerem que os pais devem proporcionar às crianças um conjunto de regras sobre onde devem ir, com quem podem associar-se, e quando devem ir para casa e ainda, “garantir o seguimento obediente de tais regras e, além disso, ter uma ação disciplinar efetiva quando as regras são violadas” (p. 226). Sendo assim, os pais devem utilizar disciplina consistente e controlar ativamente os comportamentos de seus filhos e suas companhias. Modelos teóricos sobre práticas parentais demonstram que a monitoria inadequada se inicia quando o comportamento disruptivo aparece na infância, e que se os pais não forem orientados, este déficit em supervisão conduzirá o adolescente à associação a pares desviantes, resultando em provável desenvolvimento de comportamento anti-social (Reid & Patterson, 1989; Snyder & Patterson, 1987). O termo controle parental tem sido utilizado para descrever tanto os comportamentos parentais quanto os estilos parentais. A regulamentação comportamental parental - operacionalizada através da monitoria e da supervisão parental - e o uso do controle psicológico parental são duas formas de controle que têm sido freqüentemente combinadas para descrever diversos estilos parentais. A tipologia de INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social 25 Baumrind (1967, 1989) descreve: pais autoritativos, como aqueles caracterizados pela ação calorosa e compreensiva, geralmente promovendo a autonomia psicológica e, ainda, são firmes no estabelecimento de diretrizes comportamentais; em contraste com os pais autoritários que são caracterizados pela exigência acompanhada de baixos níveis de calor (carinho) e autonomia psicológica. Wright e Cullen (2001) afirmam que práticas parentais como supervisão, estabelecimento de limites, posicionamentos claros em relação às regras e relacionamento estreito entre os membros da fa mília podem reduzir a possibilidade de engajamento em comporta mentos de risco. Embora o controle seja uma importante variável a ser considerada diante de comportamentos anti-sociais, os autores ressaltam também a necessidade e incluir o suporte ou apoio ao se estudar o tema. Segundo eles, embora sejam variáveis distintas, apoio e suporte estão correlacionados e seriam algumas das caracte rísticas dopais autoritativos. Stattin e Kerr (2000) recomendam o controle ativo e que a vigilância seja “razoável”. As medidas freqüentemente utilizadas pelos pesquisadores incluem perguntas sobre o conhecimento pelos pais das atividades dos filhos, tais como: “Quanto seus pais realmente sabem... sobre quem são seus amigos? Aonde você vai à noite? Com o que você gasta seu dinheiro? O que você faz em seu tempo livre? Onde você está nas tardes livres após as aulas?” (Fletcher & cols., 1995, p. 262); “Seus pais sabem onde você está quando não se encontra em casa? Seus pais sabem quem você é e com quem você anda quando fora de casa?” e " Em meu tempo livre longe de casa, meus pais sabem com quem eu estou e onde estou?” (Cernkovich & Giordano, 1987, p. 303). Normalmente, essas medidas não perguntam como os pais fazem para saber essas informações. Contudo o termo monitoria refere-se às medidas que representam os esforços parentais para localizar e vigiar, ou seja, avaliam o conhecimento parental. De fato, pais deveriam ter conhecimento sobre as atividades de suas crianças pelo menos de três modos concebíveis. Primeiro, as crianças deveriam falar e contar aos pais espontaneamente, sem qualquer persuasão (revelação infantil). Segundo, pais deveriam obter informações de suas crianças e de seus amigos através de solicitações. Terceiro, pais deveriam impor regras e restrições sobre as atividades infantis e sobre as companhias da criança, INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 26 Paula Inez Cunha Gomide controlando assim a quantidade de liberdadeque a criança tem para fazer coisas sem contar aos pais (controle parental). As descobertas científicas sugerem que a comunicação parental é mais benéfica que a vigilância e o controle. Um estudo testou a idéia de que o apego aos pais diminui a probabilidade de delinqüência (Cemkovich & Giordano, 1987). Os pesquisadores utilizaram medidas indiretas de apego, algumas negociações da comunicação entre pais e crianças e a proximidade da relação. Os resultados indicaram que delinqüentes têm comunicação pobre com seus pais. Os pais de crianças delinqüentes preocupam-se menos e não passam confiança para seus filhos (baixa intimidade na relação pai-criança), apresentam baixo suporte de identidade (respeito por parte dos pais, aceitação e suporte) e têm déficit na comunicação instrumental (discussão sobre planos futuros). Além disso, os delinqüentes são menos controlados e supervisionados, a medida inclui conhecimento das atividades da criança com controle ativo e supervisão. Este estudo indicou que a comunicação é tão importante quanto o controle. Outros autores também ressaltam a importância do apego como fornecedor de segurança emocional e inibidor de comportamentos agressivos. Mães hábeis em perceber e interpretar corretamente os sinais emitidos pela criança e fornecer respostas imediatas, contingentes e apropriadas têm maior probabilidade de desenvolver em seus filhos a concepção de si mesmo como agente em termos de controlabilidade e previsibilidade nas situações que enfrentará. O apego (ou falta de) também tem sido mostrado como uma das medidas preditoras de delinqüência (Benda & Whiteside, 1995; Sokol Ktaz, Dunham & Zimmerman, 1997). O apego pode ser uma terceira variável que faz com que a criança queira contar aos seus pais sobre suas vidas e também previne o envolvimento em problemas. Segundo Stattin e Kerr (2000), a m onitoria tem sido relacionada a baixos índices de delinqüência, hábitos de fumar, usar drogas e ter comportamentos infratores e altos níveis de revelação por parte do jovem foram relacionados com baixos níveis de comportamentos infratores, independentemente da solicitação e do controle parental. Com relação à solicitação parental, encontrou-se que quanto mais os pais perguntam sobre as atividades de seus filhos, mais os mesmos apresentam comportamentos infratores. De acordo com os relatos dos jovens, a revelação feita por eles está fortemente associada à diminuição de comportamentos infratores. Os achados INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social 27 sugerem que a relação entre monitoria e comportamento anti-social existe não porque a vigilância reduz o comportamento anti-social como tem sido proposto, mas porque a revelação do jovem é representada como “monitoria”, e o jovem que fala abertamente com seus pais tende a cometer menos atos anti-sociais. Os estudos de Pettit e Bates (1989) indicaram que o afeto soma do a uma atitude educativa e positiva da mãe estaria consistentemente relacionado à ausência de problemas de comportamento, enquanto as estratégias coercitivas e a ausência de um envolvimento positivo da mãe foram preditoras de comportamento anti-social na infancia. Cavell (2000) adverte, no entanto, que orientar pais de crianças ou adolescentes anti-sociais é tarefa das mais complexas e requer adesão dos pais ao programa, que deverão compreender que o sucesso de suas ações dependerá do estabelecimento de uma relação pais-filhos que forneça aceitação emocional, contenção de comportamento, supervisão e modelagem pró-social. Ao propor um programa de intervenção, deve-se ter em mente que se trata de uma família cujas relações estão abaladas, de modo que envolver-se e comprometer-se com práticas educativas quando os pais se sentem impotentes e os filhos são crianças difíceis de lidar é algo que requer excessivo esforço e competência. Comportamento moral Dilemas humanos envolvendo honestidade, generosidade, justiça, compaixão, e outros estiveram presentes cm todos os tempos e culturas, e são inerentes à vida em comunidade. Esta prática educativa parental procura investigar qual o efeito da transmissão desses valores para a inibição do comportamento anti-social. Para Piaget (1932), até cerca de sete a oito anos, predominam para as crianças as noções de justiça como subordinada à autoridade adulta. Na justiça retributiva as sanções expiatórias, necessidade de punição, são mais escolhidas que as por reciprocidade, tratamento igualitário, característico da justiça distributiva. As etapas nas concepções de justiça revelam a existência de duas tendências morais antagônicas que marcam todo o desenvolvimento moral da criança: a heteronomia ou moral do dever e da obediência e a autonomia ou moral do bem, do respeito mútuo. Estas, por sua vez, são praticamente INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 28 Paula Inez Cunha Gomide determinadas pelas relações sociais que vivem as crianças. Se predominarem relações de respeito unilateral, de coação do mais forte ao mais fraco, o moral possível é o da obediência. Ao contrário, se a criança puder viver relações entre iguais, relações de cooperação, pode então surgir o moral da autonomia. Pesquisas encontraram correlação positiva entre comportamento pró-social de crianças e práticas maternas de educação voltadas para o desenvolvimento da empatia (Zahn-WaxJer, Radke-Yarrow &c King, 1979; Eisenberg, Fabes, Cario, Speer, Switzer, Karbon & Troyer, 1993). Outros estudos relacionam positivamente o comportamento pró-social da criança com estilos parentais autoritativos (Jansens. & Dekovic., 1997); menor vulnerabilidade ao uso de drogas em adolescentes apegados à figura paterna, lar cujo ambiente é saudável, aceitação de crenças sobre o bom comportamento e desaprovação patema específica a certos comportamentos (Nurco & Lemer, 1996). A literatura tem apontado a presença do sentimento de culpa (Loos, Ferreira & Vasconcelos, 1999; Hoffmann & Saltzstein, 1967; Pfromm Netto, 1973; Hoffman, 1994), vergonha (Araújo, 1999), empatia (Davis, 1983; Hoffmann, 1994; Ribeiro, Koller & Camino, 1998; Cario & Koller, 1998), ações honestas (Araújo, 1999; Kohlberg & Tapp, 1971; Kolhberg 1992; Comte-Sponville 2000), justas (Comte-Sponville, 2000), ações generosas (Branco, 1983; Araújo, 1999; Comte-Sponville, 2000), crenças positivas sobre o trabalho (Mussen, Conger & Kagan,1974) e ausência de práticas anti-sociais (Patterson, Reid & Dishion, 1992; Reid, Patterson & Snyder, 2002), como importantes determinantes do comportamento moral. Janseens e Dekovic (1997) através de estudos empíricos encontraram haver uma relação entre estilo parental autoritativo e níveis elevados de raciocínio e comportamentos morais pró-sociais. O estilo parental autoritativo foi definido por Maccoby e Martin (1983) como aquele em que os pais dem onstram elevada responsividade e exigência. Hoffmann (1994) acredita que o apoio fornecido pelos pais faz a criança se sentir segura em relação ao seu bem-estar, o que proporciona oportunidades de considerar as necessidades e o bem-estar dos outros. O autor também salienta que a interação com pais cujo comportamento pró-social é aparente motiva a criança a prestar atenção em vítimas de danos ou tragédias. Por outro lado, pais coercitivos, cujas ações eliciam medo c raiva na criança, quando ela transgride uma norma que causou dano a alguém, INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anli-souial 29 podem fazer com que ela deixe de focalizar as conseqüências que seu ato causou na vítima para focalizar as conseqüências que a transgressão da regra causoua si mesma. No final da década de oitenta, começam a surgir trabalhos que utilizam a teoria e metodologia do estudo de representações sociais no campo da moralidade e, mais especificamente, no que se refere ao conceito de justiça (Doise, 1991; Doise, Clemense, de Rosa & Gonzáles, 1995; Jakubowska, 1991; Kourilsky, 1996; Percheron, Chixe & Muxel-Douaine, 1987; Malewska-Peyre & Kurczewski, 1991). Esses trabalhos têm em comum uma preocupação em aproximar o estudo de concepções de justiça às próprias instituições de justiça da sociedade a que pertencem os sujeitos; buscam, também, verificar como apropria justiça e concepções sobre ela são apresentadas aos sujeitos no seu meio cultural, na forma de práticas ou de regras, leis ou princípios. Acredita-se que noções como as de justiça não podem ser estudadas em abstrato, mas sempre referidas a conteúdos, levantados ou não pelo próprio sujeito, que descrevem sistemas de justiça vividos no seu meio social (Menin, 2000). Malewska-Peyre e Kurczewski (1991) utilizaram-se de diferentes instrumentos de pesquisa (testes de frases alternativas, historietas, diferencial semântico de Osgood, frases a completar...) para comparar jovens franceses e poloneses, de diferentes graus de instrução, em suas concepções morais e encontraram basicamente quatro orientações ou estruturas morais que podem predominar nas formas de educação familiar: orientação à moral da reciprocidade (baseada no princípio “Não faças aos outros o que não querem que te façam”), à “moral pró-social” (baseada na preocupação com o bem-estar do outro mais do que no próprio), à dignidade (baseada na enunciação de valores voltados à dignidade e à honra), e orientação taboísta (baseada na repetição das normas mais tradicionais). Esses autores apontaram que tais orientações são determinadas, em grande parte, pela cultura e meio social dos participantes. Pesquisadores brasileiros têm estudado o julgamento moral infantil e seus estudos evidenciaram atrasos nos estágios de julgamento moral em adolescentes delinqüentes (Bzuneck, 1979), em não-escolarizados (Freitag, 1984), e ainda em crianças criadas em lares mais autoritários ou com certas características de personalidade tais como rigidez, ansiedade e outras (Biaggio, 1999). A influência da escola no julgamento moral também tem sido evidenciada por INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 30 Paula Inez Cunha Gomide trabalhos como o de Menin (1985) e Araújo (1996); estes mostram, no geral, que práticas autoritárias mantêm heteronomia moral na criança, resultando em julgamentos por responsabilidade objetiva, realismo e rigidez moral, concepções de justiça ancoradas na autoridade mais do que na eqüidade. Considerando que o uso de drogas e álcool na adolescência é um tipo de comportamento anti-social, Nurco e Lemer (1996) afirmaram que duas notáveis lacunas na literatura sobre fatores familiares que contribuem para a dependência narcótica referem-se à qualidade dos cuidados paternos (indicados pela freqüência da presença dos pais no lar ou de figuras patemas) e à qualidade da atmosfera do lar (moma/fria; estável/instável; estruturada/desestru turada), Os autores encontraram uma menor vulnerabilidade ao uso de drogas em adolescentes que viviam em famílias nas quais quatro características estavam presentes; forte apego ao pai, atmosfera posi tiva no lar, forte aceitação de crenças tradicionais sobre bom compor tamento para adolescentes e forte desaprovação paterna de maus comportamentos específicos nos quais adolescentes poderiam se envolver. Os autores encontraram que essas associações estavam mais vinculadas às figuras patemas do que às maternas. Hughes e Dunn (2000) focalizam a questão da moral nas relações entre estilos parentais e comportamento sócio-moral argumentando que a delinqüência na idade adulta parece estar relacionada ao fato de a criança nao presenciar e não vivenciar modelos morais nas atitudes na sua própria família. Loos, Ferreira e Vasconcelos (1999) defendem igualmente o papel da família como fundamental, sugerindo ao fato de que após haver uma transgressão por parte da criança e os pais terem apresentado a esta as conseqüências do seu ato, ela estaria mais propícia precocemente a ter sentimentos antecipados de culpa após transgressões e que este seria um indicador do desenvolvimento de comportamento moral. Schlinger (1995) afirma que, pela vertente teórica da análise do comportamento, a moralidade é uma especificidade comportamental evocada nas pessoas, pelos contextos sociais, dependendo das contin gências e reforçamento e punição. Nessa perspectiva, a questão mais importante sobre comportamento moral não é “o quê” ou “quando” acontece, mas sim, “como” ele ocorre e que variáveis o determinam. A idéia é oferecer uma abordagem unitária, sem especulações ou inferên cias de eventos e processos não observáveis. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social 31 No modelo proposto por Patterson (2002), o contexto geral (cultura, aspectos biológicos, genéticos, quadros psicopatológicos, situações específicas como divórcio e pobreza) influencia tanto as crenças parentais (valores, normas, modelos e atitudes perante o processo educacional) quanto as próprias práticas educativas parentais (formas de disciplina, monitoria, técnicas de resolução de problemas, envolvimento e reforçamento positivo), conjunto este que oportuniza o desenvolvimento ou não da aprendizagem de comportamentos adaptativos, dentre eles, o moral. Lembrando que este modelo é interacionista, bi-direcional, em que as características da criança influenciam as atitudes parentais. Por fim, KeUerman (2002, p. 112) afirma: O aprendizado da moralidade não funcionará a menos que seja realizado numa atmosfera de genuíno calor humano e afetividade, primeiro, porque todas as crianças precisam ser ouvidas e avaliadas: segundo, porque uma das maneiras mais eficazes de ensinar é por meio de exemplo. Se quisermos transformar crianças de alto risco em seres humanos empáticos e solidários, elas precisam estar na extremidade receptora de empatia e solidariedade. Práticas educativas negativas Abuso físico O conceito de maus-tratos infantis inclui abuso físico, abuso psicológico, abuso sexual e negligência. Gershoff (2002) apresentou cinco subitens para classificar maus-tratos: abuso físico, abuso sexual, negligência física (falha em fornecer cuidados básicos e ausência de supervisão), maus-tratos emocionais e morais, legais e educacionais. O subitem de negligência pode incluir ainda negligência física, emocional, médica, de saúde mental e educacional. Gershoff (2002) faz uma distinção entre punição corporal e abuso físico. Define punição corporal como “o uso de uma força física com a intenção de fazer uma criança sentir dor, mas não ser machucada, com o propósito de corrigir ou controlar o comportamento da mesma”; já abuso físico “é o resultado potencial da punição corporal, caracteriza do pelo socar, espancar, chutar, morder, queimar, sacudir ou por simples- INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 32 Paula Inez Cunha Gomide mente machucar a criança”. Comportamentos que não machucam fisicamente (como palmada e tapa) são considerados punição cor poral e são normalmente administrados em crianças até cinco anos, com freqüência de uma ou duas vezes ao mês. Para Haapasotoa e Pokelaa (1999), práticas parentais violen tas têm sido consideradas como fatores etiológicos de problemas sociais e psicológicos como comportamentos criminosos e distúrbios psiquiátricos em adultos. Espancamentos, atitudes autoritárias, dis ciplina severa, rejeição,falta de monitoria e supervisão, separação, divórcios, instabilidade, conflitos conjugais e características paren tais de comportamentos desviantes tais como criminalidade, abuso de substâncias psicoativas são algumas das variáveis apontadas pelas pesquisas mais recentes. Isso demonstra que embora a violência seja causada por múltiplos fatores, sua trajetória normalmente é cíclica, Strauss (1994) acredita que a violência em uma esfera da vida de uma pessoa pode desencadear violência em outras esferas, confirmando o que já foi postulado pelo senso comum: violência gera violência, muitas vezes em proporções crescentes. E a chamada transmissão intergeracional da violência. A punição corporal e o abuso físico são dois pontos em contínuo, sendo que se a punição for administrada muito severa ou freqüentemente, ela atravessa a linha para o abuso físico. Os pais abusivos relembram que os incidentes abusivos começaram com punição corporal instrumental. Pesquisadores associaram os fatores: estresse, falta de apoio/sustento e hostilidade como catalisadores para a passagem da punição ao abuso. Pais que administram punição corporal tendem a ser abusivos verbalmente com seus filhos, através de insultos, xingamentos e ameaças. Essa combinação pode promover o desenvolvimento da agressão, delinqüência e comportamento anti-social nas crianças. Gershoff (2002) classifica a punição em dois tipos: quando ela é planejada, controlada, e não acompanhada de emoções fortes por parte dos pais, é dita Instrumental e quando é derivada do momento, acompanhada de sentimentos de raiva e possivelmente de estar fora do controle, é chamada de Impulsiva. O primeiro caso geralmente faz parte do repertório disciplinar da criança, e é um procedimento capaz de deixá-la mais obediente; enquanto o segundo caso representa o último recurso disciplinar dos pais, sendo, na maioria das vezes, esporádico e passível de deixar a criança com medo ou brava com INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social 33 seus pais. O uso contínuo da Punição Impulsiva está correlacionado com o desenvolvimento de comportamentos anti-sociais em crianças e adolescentes. Huesmann e Eron (1984), através de um estudo longitudinal, acompanharam sujeitos dos 8 aos 30 anos e concluíram que crianças rejeitadas que não se identificaram com os pais e foram severamente punidas aprenderam a usar a agressão como alternativa para se expressar. Encontraram também que quanto mais severamente as meninas eram punidas por agressão, mais abusivas com seus filhos e maridos se tomavam. Esses dados apoiam a hipótese da transmissão intergeracional da violência (Widom, 1989). Simons, Wu, Lin, Gordon e Conger (2000) encontraram que nos dois países as mães são mais calorosas e engajadas em monitoria que os pais. Embora não aparecessem diferenças entre os grupos quanto à proporção de tempo que usaram palmadas, os chineses usaram mais formas severas de punição corporal que os americanos. Aproximadamente 65% dos adolescentes de ambas as amostras relataram que seus pais nunca usaram punição física. Comportamento opositor ou desafiante está associado com problema de conduta para garotos e não para garotas. Para garotos e garotas, os problemas de conduta estão negativamente relacionados com controle caloroso de pais e mães. Punição corporal foi positivamente associada a problemas de conduta para pais (homens) pouco calorosos, ao contrário, a análise de regressão mostrou que pais com muito controle caloroso jamais se envolvem em punição corporal. Punição corporal pelos pais (homens) está associada com problemas de conduta dos meninos enquanto punição corporal pela mãe esta correlacionada com problemas de conduta das meninas. Para pais e mães, a punição corporal mostra uma associação com comportamento opositor/desafiador e uma relação inversa com práticas de controle caloroso. Mães com baixo nível de controle caloroso usam mais freqüentemente punição corporal e têm crianças com maior freqüência de condutas problema. O oposto é verdadeiro para mães com alto índice de controle caloroso. Para qualquer nível de punição corporal usada pelos pais (homens) com alto controle a caloroso, os níveis de delinqüência foram menores que os dos pais com baixo controle amoroso. Muitos estudos têm focalizado a questão da resiliência, enfatizando que nem todas as crianças expostas a fatores disfuncionais tomam-se crianças anti-sociais. Fergusson, Horwood e Lynskey (1994) INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 34 Paula ínez Cunha Gomide estudaram 942 crianças do nascimento aos 15 anos e identificaram que algumas cresceram em lares com sérios problemas disfuncionais, mas, no entanto, não exibiram problemas comportamentais na adolescência. Eles oferecem duas explicações possíveis para o fato: 1. a criança resiliente foi exposta a vários fatores protetivos; 2. a criança expressa outros problemas, tais como, atividade sexual precoce, uso de drogas, desordem de conduta, contato policial, não medidos neste estudo. Ele encontrou que 50% das crianças com famílias disruptivas tiveram problemas na adolescência contra 13% que não tiveram. Também relataram que a prática parental violenta está diretamente relacionada com várias síndromes infantis, como distúrbios psiquiátricos e que podem levar a comportamento criminoso violento mais tarde. Em todos esses estudos, espancamentos que resultaram em fraturas, contusões, queimaduras foram correlacionados a infratores e delinqüentes. Os meninos apanham mais que as meninas e isso pode estar relacionado com a maior violência masculina. Abuso psicológico Na literatura de abuso infantil, alguns autores consideram que abuso de poder e falta de afeto são percebidos pelas crianças como se estivessem em perigo, não fossem amadas. O abuso de poder através da punição física (dar palmadas, bater), segundo Straus (1994), enquadra-se em abuso físico, enquanto falta de afeto encaixa-se melhor nos dom ínios do abuso psicológico ou emocional. Este domínio, juntamente com a negligência, aparece na literatura com menor freqüência que os abusos físicos e sexuais por ser mais sutil e de difícil mensuração. Porém, na prática, o abuso emocional pode ser o mais freqüente dos tipos de abuso infantil. As conseqüências negativas dessa prática variam entre dificuldade no desenvolvimento da autonomia e bons relacionamentos, baixa auto-estima e idealizações suicidas. Gershoff (2002) elencou vários tipos de práticas disciplinares que representam o conceito de abuso psicológico em crianças, são elas: confinamento de uma criança em um espaço pequeno, humilhação em público, “síndrome da Cinderela”, ou seja, abuso INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social verbal, coação de uma criança a cometer atos delinqüentes, ameaça, negar tratamento psicológico, não permitir crescimento social e emocional e anão promoção de uma atmosfera agradável e amorosa. Desbois e Konstantareas (2001) estudaram 57 pré-escolares (27 meninos e 30 meninas) entre quatro e 6 anos, para avaliar a percepção de abuso psicológico entre crianças pequenas. Utilizou cinco práticas de abuso psicológico; excesso de destituição de privilégios, retirada inapropriada de diversão, tratamento diferen cial entre irmãos, abuso de poder e humilhação pública. As crianças deveriam julgar se as práticas disciplinares apresentadas eram jus tas ou injustas, num conünuum de cinco alternativas. Os resultados obtidos mostraram que as crianças julgaram o tratamento diferen ciado entre irmãos como a mais injusta das práticas disciplinares, mais até queo abuso de poder e a humilhação pública. As práticas de desprover privilégios e diversão foram classificadas como menos injustas. O gênero, a idade, o número de irmãos e o nível socioeconômico da família foram pré-dispositivos no julgamento justo/injusto das crianças. Sendo que crianças provindas de famílias grandes tenderam a classificar como injusto o tratamento diferen cial entre irmãos, assim como participantes do sexo feminino e crianças com menos irmãos perceberam a ameaça de bater como a prática disciplinar mais injusta. Um indivíduo que abusa psicologicam ente, segundo Hirigoyen (2001), é permanentemente perverso, ele está fixado neste modo de relação com o outro e não se questiona em momento algum. 'Iais indivíduos só podem existir diminuindo alguém. Eles têm necessidade de rebaixar os outros para adquirir uma boa auto-estima e, com ela, obter o poder, pois são ávidos de admiração e de aprovação. Não têm a menor compaixão nem respeito pelos outros, porque não se envolvem num relacionamento. Esses indivíduos tem algumas características bem marcantes, segundo a autora, têm um senso grandioso da própria importância; são absorvidos por fantasias de sucesso ilimitado, de poder; acreditam ser especial e singular; têm excessiva necessidade de serem admirados; pensam que tudo lhes é devido; exploram o outro nas relações interpessoais; não têm a menor empatia; invejam muitas vezes os outros; dão provas de atitudes e comportamentos arrogantes, sentem prazer com o sofrimento do outro e de suas dúvidas, bem como têm prazer em humilhar o outro; criticam todo mundo, mas não admitem questionamento ou censura; INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 36 Paula Inez Cunha Gomide mostram as falhas dos outros como uma maneira de não ver as suas próprias; não se questionam nunca; defendem-se negando a realidade; são agressivos com parceiros benevolentes e se estes forem independentes são vistos como hostis e rejeitadores. Disciplina relaxada Esta prática educativa é caracterizada pelo não cumprimento de regras estabelecidas. O s pais estabelecem as regras, ameaçam e quando se confrontam com comportamentos opositores e agressivos dos filhos abrem mão de seu papel educativo, retirando-se do embate (Gomide, no prelo). Um dos estudos amplamente aceitos em criminologia é que os problemas de conduta infantis são preditores de subseqüente envolvimento em comportamento anti-social. Resultados de uma variedade de estudos longitudinais mostram que a criança que é agressiva e não obediente durante o início da escolaridade está sob o risco de séria delinqüência durante a adolescência (Patterson, Reid & Dishion, 1992). Evidência dessa continuidade é tão forte que a mais recente revisão do DSM-IV afirma que o comportamento opositor e desafiador durante a infância é um antecedente do desenvolvimento de condutas de desordem durante a adolescência. E embora apenas 50% das crianças anti-sociais tomam-se adultos anti-sociais, quase todos os adultos anti-sociais apresentaram tendências anti-sociais quando crianças. O estudo de Simons, Chão, Conger e Elder (2001) utilizou dados longitudinais para testar duas explicações teóricas para o estabelecimento da descoberta da relação entre comportamento desafiador e opositor na infância e posteriormente o comportamento delinqüente durante a adolescência. A primeira explicação teórica argumenta que a continuidade do comportamento anti-social é largamente uma expressão do traço latente. Esta perspectiva sobre os traços latentes argumenta que algumas crianças são mais impulsivas, imprevidentes e insensíveis às necessidades alheias que outras crianças. Esta tendência anti-social é considerada uma conseqüência da combinação entre a adversidade familiar, a dificuldade de temperamento e déficits neuropsicológicos. Assim, as propensões anti-sociais primeiramente emergem durante a infância e permanecem estáveis durante o curso da vida. Tendências INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social comportamentais como agressividade, impulsividade, hiperatividade conduzem a comportamentos desafiadores e opositores na infância, delinqüência na adolescência e comportamentos criminosos na idade adulta. Contudo a perspectiva de traços latentes mostra que o comportamento parental é uma importante causa da tendência anti-social na criança, o efeito da monitoria parental tem sido, em grande parte, limitado aos anos da infância. Para o adolescente, as tendências anti-sociais do indivíduo são supostamente estáveis e imunes às mudanças advindas das práticas parentais. Ambos, comportamento desafiador e opositor na infanda e delinqüência na adolescência, são considerados expressões de um traço latente anti-social e, o controle da qualidade da monitoria parental durante a infanda e adolescência deve ter pouco efeito sobre a associação entre comportamento anti-social na infancia e comportamento desviante durante a adolescência. Outro grupo de pesquisadores apóia o fato de as influências sociais serem importantes na continuidade do comportamento anti-social (Patterson & cols., 1992; Simon & cols., 2001). Esses cientistas sociais identificam a família como o primeiro contexto de socialização da criança e enfatizam o controle social c os processos de aprendizagem social como responsáveis pelo estabelecimento dos padrões comportamentais infantis. Argumentam que crianças com comportamentos de agressividade e de oposição estão em siluaçào de risco para o posterior desenvolvimento de comportamentos delinqüentes durante a adolescência porque freqüentemente são criadas em um ambiente em que as práticas parentais são inadequadas. A não eficácia parental desses casos é vista como resultante de dois fatores. Primeiro, pais e crianças tendem a ter um temperamento, personalidade e habilidades cognitivas similares (Snyder & Patterson, 1987). Assim, há uma tendência à impulsividade e agressividade para as crianças cujos pais também possuem essas características. Muitos atributos influem sobre a competência parental de forma significativa. Segundo pesquisas recentes, a interação pais-criança é um processo recíproco. Não apenas a inefetividade parental aumenta a probabilidade de a criança vir a ter problemas de conduta, mas o comportamento de hostilidade na criança é freqüentemente seguido por uma redução do esforço parental em monitorar e disciplinar seus filhos (Patterson & cols., 1992). Assim, as características pessoais dos pais e os comportamentos inadequados das INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 38 Paula Inez Cunha Gomide crianças combinam-se, aumentando as chances de uma criança opositora/desafiadora estar exposta a práticas parentais ineficazes. Sendo assim, as melhores explicações para a passagem da criança anti-social que se torna um adolescente delinqüente estão na supervisão e na disciplina parental inadequada. Assim, a perspectiva da influência social, contrariamente à perspectiva dos traços latentes, afirma que a qualidade da monitoria parental irá mediar a relação entre a criança que apresenta comporta mentos opositores/ desafiadores e a delinqüência durante a adoles cência. Pesquisas passadas suportam ambas as perspectivas. A agressividade infantil e durante o primeiro ano de idade são melhores preditores para a delinqüência durante a adolescência que a interação comportamental maternal. Dodge e colaboradores (1994) propõem que a falta de disciplinamento por parte dos pais na educação de seus filhos ou a falta de monitoramento podem ser um meio de se encorajar os filhos a perceberem a agressão e a violência como aceitáveis, como uma maneiraapropriada de atingir seus objetivos. Sendo assim, os altos índices de monitoramento parental podem reduzir o risco de desenvolvimento futuro de comportamentos violentos em situações de delinqüência e relacionamento íntimos. Suportes para esta noção são dados através de estudos de intervenção que mostraram que a agressão infantil em delinqüência ligada à violência baixou significativamente após o aperfeiçoamento da monitoria parental. Os resultados dos estudos de Kupersmidt, Coie e Dodge (1995) sugerem que a delinqüência e a criminalidade no adulto são previstas pelos modelos comportamentais infantis caracterizados como: agressivo, problemático, anti-social e marcado por violações das regras escolares e das normas dos grupos em que estão inseridos. Tais características estão correlacionadas com a rejeição social na infância, e estudos retratam que a impopularidade na infância provavelmente será seguida de delinqüência futura. Uma interpretação plausível da relação entre comportamento agressivo, relacionamentos pobres entre os pares e delinqüência é que as crianças que quebram regras e são agressivas serão desaprovadas e rejeitadas por seus pares pelos seus comportamentos, sendo a delinqüência uma continuação do comportamento anti-social em seu nível mais severo. INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-socwl Segundo Cavell (2000), falhas por parte dos pais em estabelecer práticas de disciplina e monitoria podem levar ao comportamento anti-social, assim como a disciplina demasiadamente severa. Os autores concluíram haver correlação entre pais que forneciam precária monitoria aos filhos e comportamento de risco em adolescentes: baixa freqüência de uso de preservativos ou outro contraceptivo em relações sexuais, multiplicidade de parceiros sexuais, uso de maconha, álcool, experiência de ter sido preso, maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis. Monitoria negativa A monitoria também chamada de Supervisão Estressante (Gomide, no prelo) caracteriza-se pela fiscalização e ordens exces sivas dadas aos filhos que em sua maioria não são obedecidas e que geram uma relação pais-filhos baseada na hostilidade, insegurança e dissimulações. Em contraste com a monitoria positiva e a regulamentação comportamental, o controle psicológico refere-se às tentativas de controle que o inibem ou interferem no desenvolvimento de indepen dência e autodirecionamento da criança pelo fato de manter a depen dência emocional aos pais. O início da adolescência é um período de crescimento do esforço pela autonomia (Steinberg, 1990) e o desen volvimento normal requer que o adolescente tenha “espaço” suficiente para afirmar independência e senso de identidade, enquan to ainda mantém conexão com os pais. O uso extensivo do controle psicológico comportamental (indução de culpa, retirada de amor) impede a emergência da autonomia psicológica (Barber, 1996). O uso do controle psicológico pelos pais, de acordo com Barber e Harmon (no prelo), não traz socialização normativa parental sobre metas e crenças, mas distúrbios intrapsíquicos, como os originários da história de desenvolvimento de seus pais, em que pais precisam proteger seu poder psicológico na relação pai-criança. Esse controle c realizado através de manipulação emocional e limitações psicológicas entre a criança e os pais que se esforçam para impedir ou deter a emergência da autonomia e o desenvolvimento do ego infantil. O controle psicológico tem levado a um “impedimento’1 para a autonomia e para autoconfiança e contribui para sentimentos de INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS 40 Paula Inez Cunha Gomide angústia e inadequação (Barber, 1996). Os autores aconselham que se investiguem seus efeitos sobre a ansiedade e a depressão, além de se buscar as possíveis correlações com a delinqüência e comportamentos anti-sociais. A maioria dos modelos de monitoria “estressante” acarretam efeitos para os adolescentes como: tendência a se unirem a pares anti-sociais e, concomitantemente, aumenta-se o risco para delinqüência (Patterson & cols., 1992). O estudo de Pettit e colaboradores (2001) promoveu duas predições com relação a antecedentes do controle psicológico ou monitoria negativa: em primeiro lugar, esse procedimento pode estar associado à utilização desde cedo de práticas educativas severas, e segundo pode estar relacionado a relatórios matemos de problemas de comportamentos extemalizantes precoces. No contexto deste estudo, mães que utilizam a severidade e a disciplina punitiva desde o inicio da infância de seus filhos estão mais propensas a serem psicologicamente intrusivas e manipuladoras durante os anos iniciais da adolescência de seus filhos. O argumento de Barber e Harmon (no prelo) é o de que em algumas famílias há uma duradoura hostilidade e falta de respeito com relação à autonomia desde o início da infância até a passagem para a adolescência. Não está claro se os estilos parentais severos e restritivos contribuem para posteriores conflitos sobre a autonomia do adolescente ou se os atributos que acompanham a disciplina severa (exemplos: rejeição ou controle inefetivo e coercitivo) são os causadores de conflitos posteriores (Baumrind, 1989; Patterson & cols., 1992). Duas possibilidades podem ser consideradas para explicar a relação entre disciplina severa e problemas extemalizantes e posterior uso de controle parental e ansiedade/depressão (Dodge & cols., 1994; Pettit & cols., 2001). A primeira é que alguns pais que utilizam disciplina severa desde cedo pretendem controlar, não somente o comportamento de seus filhos, mas controlar também a autonomia deles. Como conseqüência, a disciplina severa parental pode transformar-se, posteriormente, em controle psicológico parental. A possibilidade relacionada é que a hostilidade possa estar presente em ambas: disciplina severa e controle psicológico que podem ter diferentes impactos sobre o ajustamento da criança dependendo da idade dela. Desde o início da infância, quando a exigência de obediência é suprema, o provável resultado é de muita INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 27/8/2015 27/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS Estilos parentais e comportamento anti-social 41 hostilidade que pode ser: a não obediência, a resistência e outros tipos de comportamentos extemalizados (Patterson & cols., 1992). Desde o início da adolescência, quando a autonom ia e a individualidade estão em ascendência, a hostilidade e a intrusão psicológica parental podem conduzir à insegurança e a outros tipos de comportamentos internos (Steinberg, 1990). Barber (1996), Conger e colaboradores (1997) e Pettit e colaboradores (2001) propõem que há relação entre monitoria parental e controle psicológico e problemas de comportamento, ou seja, a ausência de monitoria, relatada por mães e adolescentes, foi associada mais fortemente com problemas de comportamento delinqüente do que a problemas de ansiedade e depressão; a correlação bivariável indica que o controle psicológico utilizado pelas mães está associado com ansiedade/depressão e problemas de comportamentos. A análise regressiva indicou que a ansiedade/ depressão são unicamente preditas por controle psicológico, mas não pela monitoria. Barber e colaboradores (1994) propunham que o uso parental de controle psicológico e de estratégias mampuladoras podem minar o desenvolvimento da autonomia e do “senso de eu” dos adolescentes, além de contribuírem para o desenvolvimento de comportamentos ansiosos, de medo excessivo, de insegurança e de diversos tipos de comportamentos ansiosos. Alternativamente, a ansiedade infantil pode aumentar de acordo com a tendência de aumento
Compartilhar