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1 1 - ANATOMIA DO PERIODONTO 2 ANATOMIA/HISTOLOGIA/FISIOLOGIA DO PERIODONTO Periodonto são todos os tecidos envolvidos com a função de inserção dos dentes nos ossos maxilares (maxila e mandíbula) e a manutenção da superfície da mucosa mastigatória da cavidade oral. PERI = “em torno de” ODONTO = “dente” O periodonto inicia-se na fase embrionária, quando as células da crista neural migram para o primeiro arco branquial. Após a formação da lâmina dental inicia-se uma série de processos (estágio de botão, estágio de capuz, estágio de campânula, e o desenvolvimento da raiz) que resultam na formação de um dente e seus tecidos periodontais, incluindo o osso alveolar propriamente dito. Toda a informação necessária para a formação dos dentes e do periodonto está nos tecidos do órgão dental e no ectomesênquima circunvizinho (o órgão dental é o órgão formador do esmalte, a papila dentária é o órgão formador do complexo dentina-polpa, e o folículo dentário é o órgão formador dos tecidos periodontais de suporte). O desenvolvimento da raiz e dos tecidos periodontais segue-se ao da coroa. O órgão dental prolifera em direção a região apical, formando a bainha radicular epitelial de Hertwing, que sintetizam e liberam proteínas relacionadas ao esmalte. O Periodonto se classifica em: -periodonto de proteção: gengiva -periodonto de sustentação: ligamento periodontal, cemento radicular, e osso alveolar propriamente dito (lâmina dura) PERIODONTO DE PROTEÇÃO - GENGIVA O Periodonto de Proteção é a parte da mucosa oral mastigatória que recobre os processos alveolares dos maxilares e circunda o colo do dente. É formado por epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado. O Periodonto de Proteção é formado pelas gengivas: - gengiva livre , - gengiva inserida , - gengiva interdental . A gengiva é a parte da mucosa mastigatória que cobre o processo alveolar e circunda a porção cervical dos dentes. A gengiva é formada por uma camada epitelial e um tecido conjuntivo subjacente (lâmina própria). Tem função física de proteção da articulação dento-alveolar (ligamento periodontal e osso) de possíveis traumas da mastigação e da invasão microbiana (isola o tecido subjacente das bactérias e suas toxinas). A gengiva assume a textura definitiva após a erupção dos dentes. Obs: Limite mucogengival (LMG): linha imaginária onde acaba a gengiva inserida e começa a mucosa de revestimento (mucosa alveolar). ( fonte http://profissaodentista.com/2016/12/24/anatomia-histologia-e-fisiologia-do-periodonto/ ) 3 (fonte Marcelo Isidoro) ANATOMIA DO PERIODONTO DE PROTEÇÃO As características morfológicas da gengiva estão relacionadas com a dimensão do processo alveolar, a forma (anatomia) dos dentes, eventos que ocorrem durante a erupção dentária e com a eventual inclinação e posição dos dentes totalmente erupcionados. GENGIVA – ANATOMIA MACROSCÓPICA 1-GENGIVA LIVRE A gengiva livre é formada por epitélio e tecido conjuntivo subjacente. O epitélio da vertente bucal é do tipo estratificado pavimentoso queratinizado, e o epitélio da vertente dental é do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado. O epitélio unido ao esmalte dental é do tipo epitélio juncional, e esta união baseia-se em hemidesmossomos e lâmina basal. Já o tecido conjuntivo é do tipo denso permeado por feixes de fibras colágenas (fibra dento gengival, dento periostal, e circular). CARACTERÍSTICAS DA GENGIVA LIVRE: - coloração rósea pálida - superfície opaca e lisa - consistência firme - mede aproximadamente 1 mm de espessura - circunda a porção cervical dos dentes, em forma de colarinho, pelo lado vestibular, lingual ou palatino dos dentes (arco côncavo) - não está aderida, porém em contato íntimo com a superfície do esmalte, formando o sulco gengival livre (aproximadamente de 0 a 0,5 mm) e as papilas interdentais - está posicionada na superfície do esmalte cerca de 1,5 a 2 mm coronariamente à junção cemento-esmalte (JCE) É a área delgada e fina de transição entre as faces interna e externa da margem gengival CURVAS PARABÓLICAS E ZÊNITE GENGIVAL As curvas parabólicas sempre serão cônicas em relação a coroa e em sua extremidade mais alta está o chamado Zênite gengival (topo) ( fonte http://blog.dentalcremer.com.br/anatomia-e- esculturas-gengivais-para-protese-total/ ) 4 SULCO GENGIVAL É o espaço existente entre a face interna da gengiva marginal livre não aderida ao dente e a superfície do dente. A profundidade histológica do sulco é de aproximadamente de 0,69 mm (sulco gengival histológico), onde termina a gengiva marginal. A profundidade clínica do sulco (onde ocorre a sondagem periodontal, denominado sulco gengival clínico) é de 1 mm nas faces livres e até 3 mm nas faces proximais (altura papilar). É no espaço do sulco gengival que se inicia os processos patológicos em decorrência a retenção de biofilme, causando as doenças periodontais. Ao aumento patológico da profundidade do sulco gengival dá-se o nome de bolsa periodontal. 2-GENGIVA INSERIDA A gengiva inserida é a porção da gengiva firmemente inserida ao periósteo do processo alveolar e ao cemento radicular subjacente. Não possui uma medida padrão e nem tão pouco é constante, sua largura pode variar entre 1 a 9 mm . Sua extensão normalmente cresce com o tempo, sendo no maxilar superior maior nos dentes anteriores que nos posteriores e no maxilar inferior estreita na região anterior e larga na região posterior. A Gengiva inserida se confunde com a mucosa queratinizada do palato, unindo-se imperceptivelmente ao palato na região palatina. Na região lingual da mandíbula termina em junção com a mucosa alveolar lingual. CARACTERÍSTICAS DA GENGIVA INSERIDA: - coloração rósea pálida (opaca) - textura firme - superfície com pontilhados de aspecto de casca de laranja (stippling) (40% dos pacientes, é a visão macroscópica da inserção das fibras colágenas ao osso alveolar e cemento subjacente) - firmemente inserida ao periósteo do osso alveolar e cementos adjacentes através de fibras do tecido conjuntivo - seu limite externo é a ranhura gengival (LMG) e seu limite interno é o fundo do sulco gengival CRISTA MARGINAL 3-GENGIVA INTERDENTAL A gengiva interdental ou papila interdental preenchem as ameias interdentais. É constituída por gengiva marginal e gengiva inserida (principalmente). Seu formato é de sela (trapezoidal) na região posterior e piramidal na região anterior, isto devido a: - relação de contato entre os dentes - largura da superfície proximal dos dentes - trajeto da junção cemento esmalte (CEJ) (fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 5° ed.) COL GENGIVAL Depressão entre as papilas em forma de cela. São superfícies de contatos proximais em vez de pontos de contato. Comum nas regiões de pré-molares e molares, de forma que as papilas interdentais nessas áreas possuem uma porção vestibular e uma porção palatina ou lingual separadas pelo “col gengival” a cerca de 1 mm entre o contato proximal e a extremidade da gengiva. Essa área de col é formada por um epitélio fino e não queratinizado (epitélio juncional). É a área de maior propensão de surgimento de doenças periodontais, devido a dificuldade de higienização. GENGIVA INTERPROXIMAL - Área do col! 5 BIOTIPO GENGIVAL A anatomia da gengiva está relacionada com o contorno da crista óssea, e dois tipos básicos de arquitetura gengival podem existir: biotipo parabólico acentuado (fino) e biotipo plano (espesso). -Biotipo gengival parabólico acentuado (fino): A gengiva marginal vestibular é delicada e pode muitas vezes esta localizada apicalmente a junção cemento-esmalte (diminuída). As papilas são altas e finas, a parede do osso vestibular é frequentemente fina, e a distância vertical entre a crista óssea interdentale osso vestibular é longa (– 4 mm). Um processo inflamatório no biotipo fino irá gerar retração gengival. (fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 5° ed.) -Biotipo gengival plano (espesso): a gengiva marginal vestibular é comparativamente mais espessa. As papilas são frequentemente curtas, o osso da parede cortical vestibular é espesso, e a distância vertical entre a crista óssea interdental e o osso vestibular é pequena (certa de 2 mm). Um processo inflamatório no biotipo espesso irá ter como consequência bolsa periodontal. fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 5° ed.) BIOTIPO PLANO E ESPESSO BIOTIPO FINO E FESTONADO -tecido mole denso e fibrótico -tecido mole delgado -faixa de tecido queratinizado ampla -faixa de tecido queratinizado reduzida -papilas curtas e largas -papilas longas e estreitas -osso adjacente plano e espesso -osso adjacente fino e festonado (alta frequência de deiscência e fenestração) -perda de inserção associada a presença de bolsa periodontal -perda de inserção associada a presença de recessão da margem gengival -área de contato nos terços médio/cervical -ponto de contato no terço incisal/oclusal -dentes com formato quadrangular -dentes com formato triangular GENGIVA – ANATOMIA MICROSCÓPICA TIPOS DE EPITÉLIOS QUE RECOBREM A GENGIVA LIVRE Existem três tipos de epitélios que recobrem a gengiva livre: -Epitélio oral (voltado para cavidade oral) (1) -Epitélio sulcular oral (voltado para o dente) (2) -Epitélio juncional (contato gengiva-dente) (3) ( fonte http://vidadeodonto.com.br/anatomia- histologia-periodonto.html ) 19/10/17 22(48Anatomia e Histologia do Periodonto Página 4 de 8http://vidadeodonto.com.br/anatomia-histologia-periodonto.html Epitélio Oral Externo Epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado Epitélio que compreende da margem gengival até a junção muco-gengival. Possui 4 camadas celulares: camadas basal, espinhosa, granulosa e córnea. Alta Renovação celular: em média 10 a 15 dias. Epitélio Sulcular Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado Possui 2 camadas celulares: camadas basal e espinhosa Forma uma das paredes do sulco gengival Epitélio Juncional Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado; Apenas 2 camadas celulares: Basal e Espinhosa Aderida à superfície dental através do esmalte no nível da junção cemento-esmalte, pela membrana basal Mecanismo de adesão: Glicoproteínas e Hemidesmossomos. Alta Renovação Celular: Em torno de 6 a 7 dias 6 1. EPITÉLIO ORAL: Características: -Voltado para a cavidade oral; -Epitélio pavimentoso, estratificado e queratinizado; -Epitélio que compreende da margem gengival até a junção mucogengival -Possui 4 camadas celulares, segundo o grau de diferenciação que as células possuem em produzir queratina: - camada basal (situada acima da membrana basal, formada por células basais de formato colunar ou cúbicas com núcleo arredondado, com grande atividade mitótica e material genético forte - estrato basal ou germinativo) - camada espinhosa (situada acima da camada basal, possui grande quantidade de desmossomos, semelhantes a espinhos – estrato espinhoso) - camada granulosa (situada acima da camada espinhosa, formada por grânulos de queratina possui a função impermeabilidade epitelial – estrato granuloso) - camada queratinizada (córnea - camada superficial acima da granulosa, formado por queratinócitos – estrato córneo) -Alta taxa de renovação celular: em média 10 a 15 dias -Possui os seguintes tipos de células (chamadas células claras): - Queratinócitos (células produtoras de queratinas, correspondem a 90%) - Células de Langerhans (fagócitos mononucleares que possuem propriedades antigênicas) - Melanócitos (sintetizam pigmentos responsáveis pela pigmentação, mais comum em indivíduos negros) - Células de Merkel (terminações de fibras nervosas – receptores táteis, possuem função sensorial) -Células inflamatórias 2. EPITÉLIO SULCULAR ORAL: Características: -Voltado para dentro do sulco, sem entrar em contato com a superfície do dente -Epitélio pavimentoso estratificado paraqueratinizado -Possui 4 camadas celulares: camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada queratinizada -Espaços intercelulares menores que o epitélio juncional -Age como membrana semipermeável, com passagem de produtos bacterianos prejudiciais e do fluido sulcular (fluido gengival) -Forma uma das paredes do sulco gengival -Local de inicio de doenças periodontais 3. EPITÉLIO JUNCIONAL: Características: -Promove o contato entre gengiva e dente; -Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado -Apenas 2 camadas celulares: Basal e Espinhosa -Aderida à superfície dental através do esmalte no nível da junção cemento-esmalte, pela membrana basal -Mecanismo de adesão ao dente: Glicoproteínas e Hemidesmossomos -Alta renovação celular que ocorre na camada basal: em torno de 6 a 7 dias -Possui cerca de 0,97 mm -Mais largo na porção coronária -É completamente refeito apos a instrumentação ou cirurgia e também se forma ao redor do implante 7 (fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 4° ed.) Obs1: O epitélio juncional e o epitélio sulcular oral protegem as estruturas mais profundas da invasão microbiana, através da justaposição. Possuem um fluido do sulco (fluido gengival) que quando contaminado por bactérias muda na quantidade e composição e passa a ser chamado de exsudato inflamatório. Obs2: Existe diferença entre o epitélio sulcular oral, para o epitélio juncional. O epitélio juncional é mais delgado, e suas células são mais afastadas, permitindo a passagem do conteúdo do tecido conjuntivo para o sulco gengival, da mesma forma, passa o conteúdo do sulco para o conjuntivo, podendo causar a doença periodontal. Obs3: O epitélio juncional é aderido ao dente (através de hemidesmossomos) e não inserido. Obs4: Espaço biológico é o espaço vital ao redor dos dentes, o qual nunca deve ser invadido, e se isso acontecer, haverá problemas inflamatórios e gengivais (periodontite). Obs5: A renovação do epitélio gengival possui taxa mitótica maior no epitélio juncional (área não queratinizada), sendo que esta taxa cresce em processo de gengivite. A renovação gengival é de 10-12 dias, e do epitélio juncional em 6 dias. Na doença periodontal, frente a degradação das fibras principais que estão inseridas no cemento, o epitélio juncional migra em sentido apical ou até encontrar fibras intactas, para proteger o tecido conjuntivo. Obs6: O número de desmossomos é maior no epitélio oral do que no epitélio juncional Obs7: Levando-se em conta o volume tecidual: 1) o tamanho das células no epitélio juncional é maior que no epitélio oral; 2) o espaço intercelular é maior no epitélio juncional que no epitélio oral 8 Espaço biológico (+- 2mm ) = epitélio juncional (ou aderência epitelial) (+- 1 mm) + inserção conjuntiva (+- 1 mm) fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 5° ed.) CONSTITUIÇÃO DO TECIDO GENGIVAL O tecido conjuntivo (lâmina própria) é o tecido predominante da gengiva. As principais constituições do tecido conjuntivo são: - Fibras colágenas (60%) - Fibroblastos (5%) - Vasos e nervos (35%) Estes estão envoltos em uma substância fundamental amorfa (MATRIZ) CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO As principais células do tecido conjuntivo são: - fibroblastos (65% - célula predominante do tecido conjuntivo – participa na síntese da matriz do tecido conjuntivo e de vários tipos de fibras do tecido conjuntivo) - mastócitos (responsável pela produção de alguns componentes da matriz do tecido conjuntivo e atua nos processos inflamatórios) - macrófagos (fagocitose e síntese no tecido conjuntivo) - células inflamatórias (granulócitos neutrófilos ou leucócitospolimorfonucleares, linfócitos e plasmócitos) Obs1: A especificidade do epitélio gengival é determinada por fatores genéticos ligados ao tecido conjuntivo, isto é, quando de um transplante de tecido conjuntivo gengival é realizado, o tecido conjuntivo gengival neoformado possui a capacidade de alterar a diferenciação das células epiteliais do leito receptor. FIBRAS DO TECIDO CONJUNTIVO As fibras do tecido conjuntivo que são produzidas pelos fibroblastos, são divididas em: GENGIVA Classificações e divisões histológicas GENGIVA Classificações e divisões histológicas 9 - fibras colágenas (predominante no tecido conjuntivo gengival e constituem a mais importante dos componentes do periodonto. Cementoblastos e osteoblastos são células que também possuem a capacidade de produzir colágeno) - fibras reticulares (possuem propriedades argirófilas (captar prata) e são numerosas no tecido adjacente a membrana basal e tecido conjuntivo frouxo que circunda os vasos sanguíneos, desta forma, estão presentes nas interfaces epitélio-tecido conjuntivo e endotélio- tecido conjuntivo) - fibras oxitalâmicas (escassas na gengiva, porém numerosas no ligamento periodontal) - fibras elásticas (presentes no tecido conjuntivo da gengiva e do ligamento periodontal apenas em associação com os vasos sanguíneos) As fibras gengivais possuem função de: - conectar a gengiva firmemente ao dente (união dentogengival) - fornece rigidez para suportar as forças mastigatórias - a união da gengiva marginal livre com o cemento da raiz - gengiva inserida adjacente - manter o dente em posição As principais fibras gengivais são: - Fibras Dentogengivais (DGF) (estão embutidas no cemento da porção supra-alveolar da raiz, de onde se projetam a partir do cemento, em forma de leque, em direção ao tecido gengival livre das superfícies vestibular, lingual e interproximal) - Fibras Dentoperiostais (DPF) (inseridas na mesma porção do cemento que as fibras dentogengivais, porém fazem trajetória em sentido apical sobre a crista óssea vestibular e lingual, para terminarem na gengiva inserida) - Fibras Circulares (CF) (são feixes de fibras dispostos na gengiva livre e que circundam o dente em forma de um anel) - Fibras Transeptais (TF) (seguem um trajeto retilíneo sobre o septo interdentário e estão inseridas no cemento supra- alveolar dos dentes adjacentes) (fonte http://profissaodentista.com/2016/12/24/anatomia-histologia-e-fisiologia-do-periodonto/ ) 10 PERIODONTO DE SUSTENTAÇÃO - LIGAMENTO PERIODONTAL, CEMENTO, OSSO ALVEOLAR. ANATOMIA DO PERIODONTO DE SUSTENTAÇÃO 1-LIGAMENTO PERIODONTAL Constituído de tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e celular, que circunda a raiz dos dentes e une o cemento radicular à lâmina dura ou ao osso alveolar propriamente dito. Em direção coronal, o ligamento periodontal é contínuo com a lâmina própria da gengiva e está separada dela pelos feixes de fibras colágenas que ligam a crista do osso alveolar à raiz (fibras da crista alveolar). FUNÇÕES DO LIGAMENTO PERIODONTAL - Suporte – fixa o dente ao osso - Sensorial – transmite sensação de tato, pressão e dor - Nutritiva – fornece nutrição para o cemento, osso e gengiva - Protetora – amortece e resiste ao impacto das forças oclusais, protege nervos e vasos de injurias mecânicas - Homeostática – formação e remodelação do cemento, ligamento e osso alveolar. Proporciona também a drenagem linfática FIBRAS QUE COMPOEM O LIGAMENTO PERIODONTAL - se desenvolvem a partir dos fibroblastos no tecido conjuntivo frouxo, sendo feixes de fibras colágenas, divididas de acordo com suas formas de arranjo: - Fibras da crista alveolar (estendem-se obliquamente do cemento à crista óssea alveolar. Previnem a extrusão dentária e oferece resistência aos movimentos laterais dos dentes) - Fibras horizontais (estendem-se perpendicularmente ao longo do eixo do dente e vão do cemento ao osso alveolar) - Fibras oblíquas (são as em maior quantidade, servindo como amortecedores das forças no sentido longitudinal da coroa para a raiz, da raiz para as fibras e das fibras para o osso que os dentes recebem) - Fibras apicais (irradiam-se de forma irregular, do cemento ao osso alveolar no fundo do alvéolo) - Fibras inter-radiculares (estendem-se do cemento as áreas de bifurcação em dentes multiradiculares) As fibras do ligamento periodontal são compostas por células do tipo: - fibroblastos (alinhado ao longo das fibras principais, são responsáveis pela formação e distribuição do colágeno) - osteoblastos (revestem a superfície óssea) - cementoblastos (revestem a superfície do cemento) - osteoclastos - células epiteliais - fibras nervosas O Ligamento Periodontal posiciona-se entre o osso alveolar propriamente dito e o cemento radicular, dando origem ao que chamamos de ESPAÇO DO LIGAMENTO PERIODONTAL, que possui as seguintes características: - Forma de ampulheta (mais estreita ao nível do terço médio da raiz) - Largura de 0,25 mm (0,2 - 0,4 mm) - Proporcionar mobilidade dos dentes (que é determinada pela largura, pela altura, e pela qualidade do ligamento periodontal) - Distribuição e absorção das forças mastigatórias e por contatos dentários diversos Obs1: No ligamento periodontal encontramos pequenos agrupamentos de células epiteliais que são remanescentes da bainha epiteliais de Hertwig, denominados restos de células epiteliais de Mallassez 11 As fibras de colágeno são as em maior numero e estão distribuídas em: - fibras da crista alveolar (ACF) - fibras horizontais (HF) - fibras obliquas (OP) - fibras apicais (APF) - cemento radicular (RC) - osso alveolar (ABP) (fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 4° ed.) 2-CEMENTO RADICULAR Cemento é um tecido conjuntivo mineralizado que contém colágeno, e que recobre a dentina radicular. É avascular (não possui vasos sanguíneos e linfáticos), sem inervação, não sofre remodelação nem reabsorção fisiológica, porém possui formação contínua ao longo do tempo. Sua porção mineral, composta de hidroxiapatita é de aproximadamente 65% do seu peso. As funções do Cemento são: - inserir as fibras do ligamento periodontal na raiz, unindo o dente ao osso alveolar propriamente dito - quando houver dano a raiz contribui com a sua reparação - proteção da dentina - através de seu crescimento contínuo possibilita movimento dentais: erupção, mesialização fisiológica, distalização fisiológica, movimentos ortodônticos e erupção passiva Os tipos de Cemento são classificados conforme: - localização: radicular ou coronário - presença de células: acelular ou celular - presença de fibras colágenas: fibrilar e afibrilar - origem de fibras na matriz (cemento fibrilar): fibras extrínsecas e intrínsecas Quanto ao tipo de fibras o cemento pode ser: 1) Cemento acelular de fibras extrínsecas - primeiro cemento a se formar - suas fibras são produzidas pelos fibroblastos do ligamento periodontal - está no terço cervical (porção coronária e média da raiz) - possui matriz fibrosa - as fibras colágenas estão regularmente dispostas - decresce no sentido anteroposterior - constituído principalmente pelas fibras de Sharpey - liga o dente ao osso alveolar propriamente dito 2) Cemento celular de estratificado misto - uma parte das fibras foram produzidas pelos fibroblastos do ligamento periodontal e outra parte pelo cementoblastos - está presente no terço apical das raízes e áreas da furca - presença de cementócitos (permite o transporte de nutrientes através do cemento e contribui para a manutenção da vitalidade deste tecido mineralizado) - possui matriz (com fibroblastos e cementoblastos) - mineralização incompleta das fibras de Sharpey - possui fibras extrínsecas e fibras intrínsecas 3) Cemento celular de fibras intrínsecas - suas fibras são formadas pelos cementoblastos - encontra-se na regiãoapical nas lacunas de reabsorção - é formado em caso de reparação - possui fibras intrínsecas e cementócitos 4) Cemento acelular afibrilar -encontrado na porção cervical do esmalte 12 LIMITE AMELOCEMENTÁRIO (JUNÇÃO AMELOCEMENTÁRIO) É a separação anatômica entre a coroa e a raiz dental, importante em alguns procedimentos clínicos. Em PERIODONTIA é o ponto de referência para determinar o aumento da gengiva ou a perda de inserção. Tipos de relação: - cemento cobrindo esmalte (60%) - cemento e esmalte se tocando (30%) - cemento e esmalte não se tocando (10%) FIBRAS DE SHARPEY São porções das fibras do ligamento periodontal que estão embutidos no cemento radicular e osso. Sofre mineralização total no cemento acelular e parcial no cemento e osso. Fonte https://pt.slideshare.net/Zerkyd/histologa-cavidad-oral - sistema intrínseco - produzidas por cementoblastos (paralela ao longo eixo da raiz dental) - sistema extrínseco - produzidas por fibroblastos do ligamento periodontal (perpendicular ao longo eixo da raiz dental) 3-OSSO ALVEOLAR OSSO DO PROCESSO ALVEOLAR – ANATOMIA MACROSCÓPICA Em conjunto com o ligamento periodontal e o cemento radicular, constitui o sistema de inserção dos dentes (periodonto de sustentação). Se forma durante o processo de erupção dentária e desaparece gradualmente após a perda dentária. O osso alveolar circunda o dente a nível aproximado de 1 mm apicalmente até a junção esmalte-cemento (JEC). O osso alveolar é dividido em: 1) Osso Cortical (OSSO FASCICULADO): -Compacta Externa: - porção externa da maxila e mandíbula que suporta os alvéolos - reabsorve após as exodontias - maior espessura em molares e pré-molares -Compacta Interna (Osso alveolar propriamente dito): - constitui a porção interna do processo alveolar - reabsorve após exodontias - não constitui uma camada contínua 2) Osso Esponjoso ou Trabecular (PROCESSO ALVEOLAR): - porção dos maxilares mais apical, não esta relacionado com o dente 13 - sustentação e distribuição de forças geradas durante a mastigação e contato oclusal - renova-se constantemente - sua anatomia acompanha a forma da raiz - espessura variável (depende da posição dos dentes e forças oclusal) - sofre deiscências e fenestrações (mais comum nos dentes anteriores) - ocupa a maior parte dos septos interdentais OSSO DO PROCESSO ALVEOLAR – ANATOMIA MICROSCÓPICA (fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 4° ed.) processo alveolar em corte transversal: -A: osso compacto, -B: osso esponjoso ou trabecular; -C: osso alveolar; -D: ligamento alvéolo-dentário. Osso alveolar, ligamento periodontal e cemento constituem o denominado periodonto de inserção e funcionam como uma unidade biológica. O osso alveolar é formado e se desenvolve conforme o desenvolvimento e erupção dos dentes. Tem por função absorver e distribuir as forças oclusais e de mastigação. O osso alveolar tem sua superfície externa revestida por uma membrana denominada de PERIÓSTEO, que é constituído por tecido conjuntivo denso, fibroso, não mineralizado (OSTEÓIDE) mais interna, e de células osteogênicas (OSTEOBLASTOS) mais externa. A camada óssea no qual estão inseridos os feixes de fibras principais (fibras de Sharpey) é chamado de ”osso fasciculado”. A nutrição do osso é sustentada pelos vasos sanguíneos presentes nos canais de Harvers (vertical) que se conectam com os vasos nos canais de Volkmann (horizontal, que atravessam o osso). Os canais de Volkmann perfuram o osso, através do quais vasos sanguíneos, linfáticos e fibras nervosas passam do osso alveolar para o ligamento periodontal. O processo de REMODELAÇÃO ÓSSEA está sempre associada com os osteoclastos (executado por células ósseas diferenciadas, osteoblasticas, osteócitas e osteoclásticas) envolvem paratormônio, calcitonina, vitamina D, andrógenos, estrógenos, fatores de crescimento (TGF-BETA, ILGF), citosinas (interleucinas), prostaglandinas, nutrição e fatores mecânicos. SUPRIMENTO SANGUÍNEO DO PERIODONTO A grande vascularização do periodonto mostra seu alto grau de metabolismo e rápido turnover, o que demonstra seu poder regenerativo. O ramo das artérias alveolares superior e inferior fornecem os ramos que suprem o fornecimento sanguíneo ao ligamento periodontal, na seguinte sequência: ARTÉRIA DENTÁRIA >>> ATÉRIA INTRA-SEPTAL >>> RAMOS PERFURANTES 15/11/17 22'21ANATOMIA, anatomia dental, coroa dental, dentina, esmalte, cemento, polpa Página 32 de 42http://www.hs-menezes.com.br/anatomia_6.html O osso alveolar é perfurado por inúmeras aberturas que dão passagem aos ramos do nervo interalveolar e vasos sangüíneos e linfáticos que tem como destino o ligamento periodontal (a figura ao lado mostra um alvéolo em corte longitudinal –c: osso compacto; e: osso esponjoso). Devido a essas perfurações o osso alveolar também é conhecido como lâmina crivada. O processo alveolar sofre constantes modificações em sua estrutura e pode, assim, ser considerado um tecido altamente plástico. Essas modificações são evidentes especialmente durante a erupção, exfoliação da dentição decídua (primária) e perda final dos dentes permanentes; claro está que se faz presente, em menor grau, também com a abrasão e migração mesial. Os processos alternados de osteogênese e osteoclasia são intermitentes, havendo períodos de repouso entre eles. Na figura acima o processo alveiolar em corte transversal: A: osso compacto, B: osso esponjoso; C: osso alveolar; D: ligamento alvéolo-dentário. Osso alveolar, ligamento periodontal e cemento constituem o denominado periodonto de inserção e funcionam como uma unidade biológica. Na figura acima temos: G – grupo gengival; T – feixes transeptais; C – feixes da crista alveolar; H – horizontais; O – oblíquas; A – apicais e em B – espaço apical de Black. Os grupos I e II incluem as chamadas fibras livres: ou ligamento. Para Orban (que escreveu “Histologia e Embriologia Oral”), existiria, no agrupamento 14 (fonte: LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral, 4° ed.) RAMOS PERFURANTES ARTÉRIA INTRA-SEPTAL ARTÉRIA DENTÁRIA ARTÉRIA ALVEOLAR SUPERIOR/INFERIOR A gengiva recebe suprimento sanguíneo principalmente dos vasos sanguíneos supraperiostais, que são ramos terminais da: - artéria sublingual - artéria mentual - artéria oral - artéria facial - artéria palatina maior - artéria infraorbitária -artéria dentária superior posterior Existem inúmeras anastomoses entres as artérias, assim, todo o sistema de vasos sanguíneos deve ser visto como uma unidade que faz o suprimento dos tecidos duros e moles da maxila e da mandíbula. SUPRIMENTO LINFÁTICO DO PERIODONTO A linfa dos tecidos periodontais é drenada para os nódulos linfáticos da cabeça e do pescoço. gengiva vestibular e lingual da região dos incisivos inferiores Nódulos Linfáticos Submentonianos gengiva palatina da maxila Nódulos Linfáticos Cervicais Profundos gengiva vestibular da maxila e gengiva vestibular e lingual da região de pré- molares inferiores Nódulos Linfáticos Submandibulares dentes ( terceiros molares e incisivos inferiores ) Nódulos Linfáticos Submandibulares terceiros molares Nódulos Linfáticos Jugulo Digástrico incisivos inferiores Nódulos Linfáticos Submentonianos SUPRIMENTO NERVOSO DO PERIODONTO O ligamento periodontal possui mecanoceptores, propriocepção e nociceptores (receptores de pressão, tato e dor), além de diferentes tipos de receptores sensoriais, que possuem seu centro trófico no gânglio semilunar (núcleo mesencefálico). Este suprimento nervoso chega ao periodonto através do nervo trigêmeo e suas terminações. Assim, os receptores do ligamento periodontal associado a receptores de músculos e tendões desempenham um papel essencial na regulação dos movimentos e das forças de mastigação. - Mecanocepção – Sensação de dor, pressão e tato notecido gengival, cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. E possuem seu centro trófico no gânglio semilunar. - Propriocepção – Somente no Ligamento Periodontal. Responsável pela sensibilidade profunda e informação relativa a movimentos e posições. Na maxila os dentes e seus ligamentos periodontais são inervados pelo plexo alveolar superior, proveniente dos nervos: 15 - NERVO INFRA-ORBITÁRIO (ramo labial superior) – gengiva vestibular dos incisivos, caninos e pré-molares superiores - NERVO ALVEOLAR SUPERIOR POSTERIOR (ramo do nervo maxilar) – gengiva vestibular dos molares superiores - NERVO PALATINO MAIOR – gengiva palatina - NERVO NASOPALATINO – incisivos superiores ( fonte http://www.hs-menezes.com.br/anatomia_2_23.html ) ( fonte http://www.hs-menezes.com.br/anatomia_2_23.html ) Na mandíbula os dentes e seus ligamentos periodontais são inervados pelo nervo alveolar inferior, proveniente dos nervos: - NERVO SUBLINGUAL (ramo do nervo lingual) – gengiva lingual inferior - NERVO MENTUAL – gengiva vestibular dos caninos e incisivos inferiores - NERVO ORAL – gengiva vestibular dos molares 16 ( fonte http://www.hs-menezes.com.br/anatomia_2_23.html ) 1- nervo mandibular 2- nervo temporal 3- nervo oral 4- nervo lingual 5- nervo alveolar inferior 6- nervo milo-hioideo 7- nervo mentual Nervos e respectivas inervações ramo labiais superiores do nervo infraorbitário gengiva vestibular dos incisivos, caninos, e pré-molares superiores nervo dentário superior posterior gengiva vestibular da região de molares superiores nervo palatino maior gengiva palatina nervo esfenopalatino grande gengiva palatina na região de incisivos nervo sublingual gengiva lingual inferior nervo mentual gengiva vestibular de incisivos e caninos inferiores nervo oral gengiva vestibular de molares inferiores nervo alveolar inferior mandíbula (dentes e ligamentos periodontais) plexo alveolar superior maxila (dentes e ligamentos periodontais) Referências CARRANZA Jr., F.A.; NEWMAN M.G.; TAKEI H.H. Periodontia clínica, 12ª ed., Ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2016. LINDHE, J. Tratado de periodontologia clínica e implatologia oral, 6ª ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2010. (autor = Dr. Marcelo Isidoro)
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