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Infertilidade Tatiane Lira – MED UFPE · · Epidemiologia: · Afeta aproximadamente 10% dos casais. · Estima-se que esta taxa está aumentando. · Conceitos: · Infertilidade: ausência de concepção após 1a de atividade sexual regular (2-4x / semana), s/ a utilização de um método contraceptivo (10-15%), ou de levar uma gestação ao fim. OBS.: 2a (ESHRE). · Fecundabilidade: é a probabilidade de se alcançar uma gestação dentro de um ciclo menstrual (em torno de 20%). · Fecundidade: é a capacidade de se alcançar uma gestação a termo em um ciclo menstrual (em torno de 15%). · Falhas de concepção: · Fatos: · A esterilidade afeta as 6,1 milhões de homens e mulheres americanas; aprox. 10% da população em idade reprodutiva. · 25% dos casais em férteis: + de 1 fator etiológico. · Em aprox. 40% dos casais em férteis, o homem é a causa isolada ou contribui para c/ a infertilidade. · Distúrbios da ovulação são responsáveis por aprox. 25% dos problemas de infertilidade feminina. · A maioria dos casais inférteis, 85% a 90%, podem ser tratados com terapias convencionais: medicamentos / cirurgia. · Enquanto vital p/ alguns pctes, IVF e similares são responsáveis por menos de 5% dos procedimentos e apenas 0,003% dos custos c/ a saúde. · Em 12% dos casos, magreza ou obesidade da mulher são a causa. · Quando a causa é alteração do peso, as pctes podem conceber espontaneamente se o distúrbio for corrigido. · Homens e mulheres que fumam apresentam diminuição da fertilidade. · O risco de abortamento espontâneo é maior em pctes fumantes. · Até 13% da infertilidade feminina é causada pelo fumo. · Chlamydia causa aprox. 4-5 milhões de infecções anualmente nos EUA. Se não tratada pode causar infertilidade. · Se tiver um colo uterino c/ muita infecção, c/ toxinas bacterianas, etc, pode ter comprometimento da regularidade e do muco cervical (que deve estar hialino, cristalino, c/ viscosidade característica), não sendo um ambiente favorável p/ espermatozoide ascender e fecundar o óvulo. · A investigação do casal objetiva: · Individualização dos possíveis fatores responsáveis pela infertilidade. · Orientação da conduta terapêutica. · Fatores envolvidos na fecundação: · Fator uterino (cervical e corporal): ○ Deve ter cavidade endometrial normal, de boa superfície, bem preparada do ponto de vista hormonal. ○ Qualquer fator que interfira no transporte dos espermatozoides e implantação/nutrição/crescimento do embrião, repercutirá na capacidade reprodutiva. ○ Causas + comuns de disfunção corporal: ▪ Malformações. ▪ Leiomiomas, pólipos. ▪ Sinéquias. ▪ Endometriose. ○ Quanto ao canal cervical: ▪Onde os espermatozoides são armazenados, capacitam-se p/ fertilizar o óvulo e liberados. ▪ P/ disfunções, há influência de: ☆ Quantidade e qualidade do muco (produzido pelas glândulas da endocérvice, protege e permite progressão). ☆ Presença de estenoses cervicais. · Fator tubário: ○ Pervidade, presença de peristalse ciliar. ○ A presença de aderências (devido a infecções - como DIP-, endometriose, cirurgias prévias pélvicas) é uma importante causa de disfunção. · Fator ovariano: ○ Ovulação é imprescindível. ○ Causas + comuns de disfunção ovariana: ▪ SOP. ▪ Disfunções hipotalâmicas. ▪ Hiperprolactinemia. ▪ C/ a idade, passa por uma ↓ initerrupta do nº de folículos e ↓ qualidade oocitária. ▪ Falência ovariana precoce. ▪ Extremos de peso. ▪ Produção inadequada de progesterona pelo corpo lúteo na 2ª fase do ciclo e início da gravidez. · Fator masculino: ○ Espermatozoide tem que ser de boa qualidade. ○ Disfunção: ▪ 1 ou + anormalidades na análise semial. ▪ Função sexual inadequada ou disfunção ejaculatória. · Fator psicoemocional: também interfere muito. · Propedêutica básica p/ infertilidade conjugal: · Anamnese: fatores importantes ○ Idade: ▪ Mulher atinge pico de fertilidade aos 25a e cai consideravelmente após 35a (devido menor coorte de folicular ovariana e produção + precoce do pico de estradiol). ▪ Homem atinge pico de fertilidade aos 35a e diminui nitidamente após 45a (devido ↓ níveis de testosterona e ↑ gonadotrofinas - associado a ↓ produção de espermatozoides e ↑ desproporcional de gametas anormais). ○ Tempo de tentativa: quanto maior o tempo, menor a probabilidade. ○ Frequência das relações sexuais. ○ Medicamentos em uso, história de quimiot/radiot, consumo de drogas, exposições ambientais ou ocupacionais. ○ História familiar de malformações, retardo mental ou falhas reprodutivas de repetição. ○ Na mulher: ▪ Regularidade menstrual: indica que o problema não é no sistema endócrino. ▪ Antecedentes cirúrgicos pélvicos: possibilita presença de aderências, que reduzem a capacidade reprodutiva. ▪ Antecedentes de endometriose (dismenorreia é secundária e progressiva), doença inflamatória pélvica, dor pélvica (principalmente cíclica: pode indicar endometriose). ▪ Paridade prévia. ○ No homem: ▪ Se teve caxumba que comprometeu o testículo, se levou alguma pancada: pois quebram a barreira hematocelular e os antígenos espermátides podem cair na circulação e gerar resposta imunológica de autoimunidade. ▪ Antecedente cirúrgico testicular. · Exame físico: ○ Peso, altura, IMC, biotipo, PA. ○ Palpação da tireoide. ○ Avaliação das mamas p/ procura de galactorreia. ○ Avaliação da distribuição dos pelos em busca de sinais de hiperandrogenismo. ○ Exame ginecológico completo: ▪ Procura dores, massas pélvicas/abdominais, conteúdos vaginais anormais. ▪ Tamanho, forma, posição e mobilidade uterina. ▪ Alterações nas regiões anexiais ou em fundo de saco vaginal. · Exames complementares: ○ Sorologias p/ toxoplasmose, CMV, HB, rubéola, herpes simples, HTLV, HIV. ○ Fator masculino: espermograma ▪ Análise de características objetivas em uma amostra de sêmen comparadas c/ valores de referência da OMS. ▪ Pelo menos 2 amostras devem ser avaliadas no mesmo laboratório. ▪ Limites + baixos do sêmen normal são: ☆ > 20x106 mL. ☆ > 50% de motilidade progressiva. ☆ > 30% formas normais. ▪ Valores de referência OMS: ▪ Em casos de problemas identificados, pode-se fazer: análise hormonal, avaliação genética e biópsia testicular. ○ Fator tubo-peritoneal: ▪ Histerossalpingografia (HSG): ☆ Analisa a perviedade tubária. ☆ Injeção de contraste pelo colo do útero + uma série de Rx da pelve p/ analisar passagem do contraste pelas tubas e se está havendo depósito desse contraste na cavidade peritonial. ☆ Prova de Cotte +: contraste extravasa p/ cavidade abdominal bilateralmente. ☆ Alterações possíveis: trompa fixa/aderida, trompa c/ alguma dilatação no seu percurso, tromba c/ obstrução, etc. ☆ Mas só consegue avaliar ⅓ ou ⅔ da trompa. Pregueamento da trompa. Trompa completamente obstruída (não vê o trajeto) ▪ Histerossonografia (HESG): ☆ Técnica semelhante à HSG. ☆ USG TV feita c/ injeção de líquido (injeção de soro fisiológico + comumente). ☆ Acompanha o trajeto até sua saída na cavidade abdominal, avaliando a permeabilidade tubária. ▪ Videolaparoscopia (VLSC): ☆ Padrão ouro p/ diagnóstico de doença tubária e peritoneal. ☆ Permite visualização direta das estruturas pélvicas. ☆ Introduz sistema óptico na cavidade abdominal após insuflação prévia por CO2. ☆ P/ avaliar permeabilidade tubária faz-se cromotubagem. ☆ Se introduz manipulador uterino e injetada solução de azul de metileno diluída através do colo. ☆ Cora-se a trompa e vê o contraste passando e se depositando na cavidade. ☆ Dá uma ideia bem + real por ver o processo dinâmico. ☆ Indicado quando há alteração nos anteriores ou evidências de doenças pélvicas. ☆ Permite tto imediato das lesões encontradas. ○ Fator ovariano: ▪ A maioria dos métodos se baseia na produção de progesterona pelo corpo lúteo após a eclosão do folículo. ▪ Curva de temperatura basal: ☆ Pcte registra sua temperatura pela manhã num gráfico. ☆ Não é um preditor confiável de ovulação. ▪ Dosagem seriada da progesterona plasmática: ☆ Chega ao máximo na metade da 2ª fase do ciclo (21d). ☆ Sua elevação é evidência indireta e retrospectiva da ovulação. ☆ Depois, c/ fecundação, começa a declinar até que haja a descamação endometrial. ☆Ela acima de 8 ng/mL tem maior taxa cumulativa de probabilidade de gravidez (função lútea normal). ▪ USG TV seriada: ☆ Demonstra a modificação evolutiva do endométrio (padrão trilaminar). ☆ Acompanha o crescimento folicular. ☆ Identifica a presença do folículo dominante e seu desenvolvimento. ☆ Antecipadamente, pode servir p/ avaliação da reserva funcional ovariana pela contagem de folículos antrais: ▪ Biópsia de endometrio (BE): ☆ Hoje está em desuso por ser método invasivo. ☆ Histologia do endométrio tem correlação c/ produção de progesterona. ☆ Pode assinalar assincronia entre componentes glandular, vascular e estromal. ☆ Então, biopsia e vê o grau de secretor que o endométrio é. ☆ Se tiver c/ transformações secretoras atrasadas em 2d ou + do que era p/ estar, significa uma insuficiência lútea (que leva a distúrbio do endométrio e dificuldade de nidação). ▪ Ecografia TV c/ doppler. ▪ Níveis de prolactina: ☆ Em mulheres c/ sintomas de anovulação, galactorreia ou tumor hipofisário. ▪ Androgênios: ☆ Em pctes c/ histórico de oligo/amenorreia e sinais clínicos de hiperandrogenismo. ▪ Monitorização do LH: ☆ Ovulação ocorre 10-12h após pico de LH (elevação em 3x do nível basal). ☆ Pouco valor na propedêutica pois não muda a conduta. ▪ Avaliação da reserva ovariana: ☆ A ovulação depende do nº de folículos primordiais no ovário. ☆ Está indicado antes de iniciar tto c/ indução da ovulação, mulheres > 35a, infertilidade s/ causa aparente, história familiar de FOP, cirurgia ovariana prévia à estimulação c/ gonadotrofina. ☆ Podem ser realizados: testes clínicos (o melhor preditor ainda é a idade), FSH basal, estradiol basal, teste do Citrato de Clomfeno, teste de Effort, contagem dos folículos antrais, inibina B, hormônio antimulleriano. ○ Fator uterino: ▪ Cervical: ☆ Escore cervical: 》Estudo do muco cervical. 》Muco aumenta 10x durante o período periovulatório (c/ aumento de 3/5x do estradiol): ductibilidade, pode chegar a 14cm formando fio s/ quebrar, cristalização em forma de folha de samambaia (e quando + ramificada for, maior o nível de estrogênio circulante). ☆ Teste pós-coito (TPC): 》Colhe material da endocérvice após 4-12h da relação e observa no microscópio como está o espermatozoide. 》Analisa relação do espermatozoide c/ muco da pcte: se estão móveis e íntegros ou imobilizados e c/ lesões da cápsula (mas não fornece dados suficientes p/ avaliar qualidade do sêmen). 》Seu uso não é + recomendado pois não tem valor preditivo nas taxas de gravidez. ▪ Corporal: ☆ Histerossalpingografia (HSG): 》Avalia a configuração uterina. HSG normal Útero arqueado (alteração anatômica discreta por má fusão dos ductos de Muller). ☆ USG: 》Vê se o útero tem miomas, adenomiose, tumores, pólipos: toda alteração que afetar a regularidade da superfície endometrial pode levar à infertilidade. OBS.: miomas intramurais e subserosos tendem a interferir menos do que os intracavitários / submucosos. ☆ Histerossonografia (HESG): 》Vê principalmente pequenas lesões de cavidade que apresentam diferentes características (pólipo, mioma submucoso, sinéquia intrauterina). 》Endométrio = ecogênico / fluído = anecoido / miométrio = hipoecoico. ☆ Histeroscopia (HSC): 》Padrão ouro p/ avaliação de doenças da cavidade uterina. 》Distende-se a cavidade e imagens são obtidas por meio de sistema ótico. 》Analisa lesões intravavitárias (possíveis sinéquias, pólipos, miomas submucosos, septos), tamanho e forma da cavidade (descartando possíveis malformações) e alterações endometriais. 》Permite visualização direta. ○ Fator imunológico: ▪ T. aglutinação. ▪ Imobilização. ▪ T. microesferas. ○ Fator psicossomático: ▪ Avaliação dirigida. · Anormalidades que podem ser encontradas nos exames complementares: · Pólipo endometrial. · Pólipo cervical. · Pólipo cornual. · Sinéquias intra-uterinas. · 1ª categoria: · Exames de rotina básicos na investigação da infertilidade: ○ Espermograma. ○ Dosagens hormonais: FSH e estradiol basais, prolactina, TSH, T4 livre, progesterona (p4) de 2ª fase. ○ HSG ou videolaparoscopia*. *Não faz parte da propedêutica inicial. · Opções terapêuticas: · Indução da ovulação (citrato de clomifeno, gonadotrofinas, metformina). · Reprodução assistida (inseminação intrauterina, fertilização in vitro - FIV, doação de óvulos e sêmen). · Além do tto de alterações específicas de cada fator.
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