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Antineoplásicos

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Matheus dos Santos Correia 
UniFG – Medicina (Medicina Laboratorial) 
1 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO CANCÊR 
- O objetivo da farmacologia dos antineoplásicos consistem em prevenir e lidar com toxicidade 
do câncer. Além disso, não podemos esquecer dos cuidados de suporte, nutrição, manejo da 
dor, infecção, náuseas e vômitos nos quais esses pacientes poderão apresentar de forma 
concomitante. 
- Câncer nada mais é do que um resultado de mutações cumulativa que alteram pontos 
específicos do DNA (proteínas). Tal alteração culmina em surgimento de mecanismos anormais 
de crescimento e proliferação celular. 
- Podemos compreender a formação do câncer em três fases. (1) iniciação com exposição da 
célula anormal, apresentando defeitos genéticos os quais quando não são reparados de início, 
tornam-se irreversíveis. (2) promoção os fatores carcinógenos e ambientais favorecem o 
crescimento da célula mutada. Tal fase é alvo para quimioprevenção – mudança do estilo de 
vida. (3) progressão consiste no estágio final de crescimento – presença de alteração genética 
e proliferação celular. Podemos observar invasão do tumor em outros tecidos – metástases. 
- O câncer surge através da interação entre agente carcinogênicos (radiação, agentes físicos, 
hormônios) e promotores carcinogênios (idade, sexo, hábitos de vida, irritação e inflamação 
crônica). O foco do tratamento do câncer visa a redução da capacidade de formar 
metástese e redução da capacidade de formação de angiogênese. 
- O tratamento do câncer pode ser compreendido pelas intervenções cirúrgica (tumor em situ), 
radiação, cirurgia e radiação, quimioterapias (hormonioterapia administrada na circulação 
sistema, causando impacto em todo o corpo), terapia biológica (imunoterapia – utilização de 
anticorpos e citocinas com uma maior eficácia e redução dos efeitos adversos) e terapia alvo 
(utilização de anticorpo monoclonal, inibidor de tirosina quinase – ativação gênica - e inibidores 
proteossomas). 
FARMACOLOGIA 
 AGENTES ALQUILANTES 
- Foram os antineoplásicos mais antigos já utilizados, surgindo na 1ª guerra mundial. O gás 
mostarda foi um gás utilizado para matar o inimigo, mas causava supressão da medula óssea 
e linfonodos. 
- O mecanismo de ação desses agentes se dá pelo estabelecimento de uma ligação 
covalente com o grupo alquila (ligação impossível de revertida in vivo). Desse modo, há a 
substituição do grupo alquila com os grupos nucleofílicos de proteínas ou ácido nucleico. A 
ligação covalente provoca uma alquilação do DNA, sendo que a ligação acontece no 7° 
Matheus dos Santos Correia 
UniFG – Medicina (Medicina Laboratorial) 
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nitrogênio das guaninas, impedindo a ligação cruzada entre as fitas de DNA, comprometendo 
a duplicação do material genético. 
- Havendo uma redução da capacidade de duplicação do DNA, podemos observar morte 
celular. Um fato interessante é que esses agentes não são específicos para todos os ciclos 
celulares, concentrando-se nas células em fase G1 tardia e S, levando um bloqueio da fase G2. 
- Durante o uso dessas drogas foi percebido que alguns mecanismos celulares conferiam 
resistências a sua ação. Sendo assim, foi observado uma maior capacidade de reparo do DNA, 
uma redução da permeabilidade da membrana celular para entrada da droga, 
concomitantemente com uma maior capacidade de expulsão da droga; maior capacidade 
de produção de glutationa (anti-oxidante). Cabe destacar, que quando os mecanismos de 
resistência ocorrem, ele afeta toda a classe dessa droga, mas não necessariamente com as 
nitrosuréias. 
- A toxicidade dessas drogas é bastante alta, sendo ela relacionada com a dose administrada. 
Seus efeitos são citotóxicos, mutagênicos, teratogênicos, carcinogênicos e mielossupressores. 
Desse modo, a toxicidade aparece em tecidos que apresentam uma alta taxa de crescimento 
celular. A monitorização dos pacientes que fazem uso dessas drogas é fundamental, pois o 
grau de leucopenia indica a absorção e a trombocitopenia grave quando presente obriga a 
interrupção do tratamento. Os efeitos adversos são vômitos e náuseas por interferir na 
serotonina. 
- Dentre os agentes alquilantes temos a ciclofosfamida e ifosfamida as quais são derivadas da 
mostarda nitrogenada. Ambos compartilham a mesma estrutura, apresentam o mesmo uso 
clínico e mesma toxicidade. São metabolizados pela via CYP (2B6, 3A4 e 5) formando 
metabólitos ativos. Outro grupo alquilante são as nitrosuréias as quais possuem um caráter 
lipofílico que facilita atravessar a BHE, justificando seu uso em tumores no SNC. Esse grupo tem 
a capacidade de produzir agentes alquilantes durante sua metabolização. 
 ANTIMETABÓLITOS 
- A classe dos antimetabólitos interferem na síntese dos nucleotídeos e ácidos nucléicos, agindo 
como agonistas das purinas, pirimidinas e antifolato. 
- Os medicamentos antifolatos visam a depleção dessa vitamina. O folato como qualquer outra 
vitamina, ele age como um co-fator importante que auxilia na síntese de DNA nas células. A 
vitamina apresenta um grupamento de carbono que é essencial para síntese de purinas e 
ácido timidílico a qual só manifesta seus efeitos ativos a partir da ação de uma enzima 
chamada didrofolato redutase (o folato oriundo da dieta para se tornar ativo necessita ser 
reduzido por tal enzima). Desse modo, quando temos um quadro de queda nos estoques de 
folato o principal resultado é redução na formação de DNA e prejuízo na divisão celular. Vale 
destacar que o folato é adquirido a partir da dieta. 
- Pensando na fisiologia do folato o metotrexato age como um antagonista do ácido fólico. A 
droga se liga no local catalítico ativo e impede a ação do folato na síntese de ácidos nucléicos 
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e, consequentemente, prejuízo na síntese de DNA e redução da divisão celular. O metotrexato 
é utiliza por mais de 50 anos e ele apresenta uma toxicidade atrelada a sua dose administrada. 
Sendo assim, pacientes que fazem uso do medicamento devem ser monitorizados, pois os 
efeitos de bloqueio da síntese de DNA pode atingir as células normais e tecidos saudáveis. 
Desse modo, em alguns casos é indicado o uso de suplementação de folato exógena a fim de 
minimizar tais efeitos adversos. A resistência relacionado ao uso de metotrexato se deve a uma 
queda no transporte do fármaco para o interior das células; aumento da síntese de didrofolato 
redutase e redução da afinidade da droga com a enzima; e redução dos poliglutamatos 
citotóxicos no interior das células. 
- A pemetrexede é outra droga que compõe essa classe de antifolatos. Tal droga apresenta a 
capacidade de agir na fase S do ciclo celular, sendo considerada como um antifolato multi-
alvo, isso porque o fármaco apresenta a capacidade de agir em diferentes vias do ciclo celular 
para formação de DNA. Desse modo, como ela é classificada como um antifolato multi-alvo 
podemos presumir que há uma redução da chance do organismo desenvolver resistência. Seu 
mecanismo de ação envolve inibição das vias de biossíntese de timidina e purina, inibie o 
diidrofolato redutase. Quando organismo desenvolve toxicidade frente a essa droga podemos 
observar uma sepse neutropênica (neutropenia febril oriunda de sua ação supressora na 
medula óssea), mielossupressão, exantema e diarreia. A fim de contornar os efeitos adversos 
da droga, podemos lançar mão da suplementação com vitamina B12 e ácido fólico. 
 ANÁLOGOS PIRIMIDINAS E PURINAS 
- Os análogos das pirimidinas são: 5-fluoruracila, capecitabina, citarabina e gencitabina, 
enquanto os análogos das purinas são: 6-mercaptopurina, 6-tioguanina, gludarabina, 
cladribina e pentostatina. 
- Esses análogos apresentam uma estrutura bioquímica semelhantes aos ácidos nucléicos 
normais do organismo, sendo assim, eles são introduzidos no núcleo das células, podendo 
exercer suas atividades antineoplásicas. 
- A fluoruracila (5-FU) é umapró-droga que possui sua forma ativa de nucleotídeo quando é 
metabolizada, transformando em monofosfato de fluorodeoxiuridina. A sua capacidade 
citotóxica ocorre na presença de folatos inibindo sua síntese e assim reduzindo síntese de DNA. 
Além disso, seus metabólitos apresentam a capacidade de ser incorporado no RNA e interferir 
na transcrição, por conseguinte, observamos prejuízo na síntese de DNA. Sua via de 
administração influencia no seu mecanismo de ação. Desse modo, a droga é administrada por 
infusão contínua. Seu uso clínico é em câncer de cólon retal e diversos outros tumores sólidos. 
- A capecitabina é outra droga que faz parte dessa classe. Sua via de administração é oral, 
sendo que a administração é em sua forma inativa, pró-droga, a qual é convertida em 
fluorouracil. A concentração dessa droga nas células tumorais parece ser maior do que em 
células normais. O esquema de uso da droga consiste em duas doses a fim de manter níveis 
semelhantes a uma infusão contínua. 
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- A citarabina (ara-C) é outra droga que compõe essa classe de fármacos. A ara-C é um 
análogo da citosina que age especificamente na fase S. Seu esquema de administração pode 
ser por infusão contínua ou a cada 8/12h. A ativação dessa droga consiste na adição de um 
fosfato. Quando ativa a droga inibe a DNA polimerase, impedindo a replicação do DNA e 
divisão celular. Sua toxicidade é dose dependente. Os efeitos adversos são: síndrome cerebelar 
(disartria, nistagmo e ataxia), disfunção renal, disfunção hepática e neurotoxicidade. Se uso 
clínico vem sendo no tratamento de neoplasias malignas hematológicas (leucemias). 
- A gencitabina é um análogo da desoxicitidina. Tal droga apresenta estrutura semelhante ao 
ara-C, mas apresenta uma concentração intracelular 20x maior. Seu mecanismo de ação 
envolve a inibição da ribonucleutídeo redutase (enzima importante para conversão de RNA 
em DNA). A incorporação desse análogo na cadeia de DNA finaliza sua síntese. A droga 
apresenta uma meia-vida longa, perpetuando seus efeitos por mais tempo. 
- A 6-mercatopurina e 6-tioguanina são análogos das purinas adenina e gunanina. Ambos são 
convertidos rapidamente em ribonucleotídeos que impedem a síntese de purinas. Eles criam 
lesões metabólicas, pois inibem a síntese de glicoproteínas para formação de DNA e RNA. 
- A fludarabina monofosfato é o análogo da adenina. Seu mecanismo de ação é semelhante 
a ara-C, pois envolve a inibição da DNA polimerase, inibindo a síntese de função do DNA. Ao 
contrário da ara-C a droga é incorporada no RNA agindo na inibição da transcrição. Devemos 
ficar atentos pela sua capacidade imunossupressora, sendo dose dependente e causando 
mielossupressão. Seu efeito supressor reduz a contagem de CD4. Desse modo, podemos lançar 
mão de antibióticos e antivirais até normalizar os níveis de CD4. 
 DROGAS QUE AGEM NOS MICROTÚBULOS 
- As drogas que compõe esse grupo agem como “veneno” para os fusos, impedindo a 
formação do fuso mitótico e, consequentemente, impedindo a divisão celular. Os principais 
componentes são alcaloides da Vinca rósea (vincristina, vimblastina, vinorelbina e semi-
sintética). 
- Especificadamente a vimblastina e vinorelbina causam mielossupressão dose dependente, 
enquanto a vincristina causa mielossupressão e neurotoxicidade. 
- O mecanismo de ação desse grupo consiste na inibição da polimerização da tubulina, 
proteína estrutural que polimeriza para formar os microtúbulos, interrompendo a mitose na 
metáfase e induzindo morte celular. Como o mecanismo afeta os microtúbulos há uma 
indução da apoptose. 
- A resistência observada durante a utilização desses fármacos deriva da ação da glicoproteína 
P a qual reduz o acúmulo e retenção do fármaco na célula tumoral. 
- Outro grupo de fármacos dentro dessa classe são os alcaloides Taxanos: Paclitaxel e 
Docetaxel. A ação desses fármacos deriva de sua interação com a tubulina, promovendo a 
junção dos microtúbulos e impedindo essa disjunção. Sendo assim, há a indução da 
polimerização da tubulina, mas os microtúbulos formados não são funcionais e são instáveis. 
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Desse modo, há uma perda de função dos microtúbulos e, consequentemente, interrupção da 
divisão celular. 
- Esse grupo ainda exercesse ações não mitóticas que são o bloqueio da angiogênese. A 
resistência observada nesse grupo também deriva da ação da glicoproteína P e pode ocorrer 
resistência cruzada entre 2 quimioterápicos. Dentre os efeitos adversos observados tempos: a 
mielossupressão em ambos, retenção de fluídos – docetaxel e neutrotoxicidade e 
hipersensibilidade tipo 01 – paclitaxel. 
- Na tentativa de reduzir os efeitos adversos é utilizar o paclitaxel associado a albumina 
(nabipaclitaxel), sendo assim, poderíamos induzir maior atividade quimioterápica, redução de 
hipersensibilidade, mas ainda apresenta neuropatia periférica. 
 Compostos metálicos pesados 
- Fazem parte desse grupo a cisplatina, a carboplatina e oxaloplatina as quais são derivados 
da platina. O mecanismo de ação dessas drogas consiste na ligação da platina ao DNA, 
formando ligações cruzadas entre as duas fitas. Tal ligação culmina em dano celular com 
alteração da conformação do DNA. 
- A resistência a tais drogas está relacionada com o tempo a maior capacidade do DNA ser 
reparado. Essa resistência pode ser conferida através da ação da glutationa e alteração na 
permeabilidade a cisplatina. Como efeitos adversos da cisplatina, podemos identificar: 
ototoxicidade (zumbidos e ataxia), nefrotoxicidade (recomenda-se hidratação agressiva IV), 
neuropatia sensorial periférica e êmese e anemia. Quanto a carboplatina o principal efeito 
adverso é hematológico, e a oxaloplaina moderadamente emética e pode causar neuropatia 
periférica e neuropatia induzida pelo frio. 
 Inibidores da topoisomerase 
- A enzima topoisomerase apresenta três isoformas as quais contribuem sinergicamente para 
manutenção da estrutura do DNA durante a replicação e transcrição. As enzimas apresentam 
a capacidade de aliviar a tensão de torção do DNA durante o desenrolamente das fitas, logo 
elas auxiliam na separação. A topoisomerase 01 produz a quebra da fita simples, enquanto a 
topoisomerase 02 quebra a fita dupla. 
- Fazem parte desse grupo os derivados da campotecina, substância alcaloide, que age como 
um potente inibidor de DNA topoisomerase 01, produzindo uma severa toxicidade inesperada 
e com pouca atividade antitumoral significativa. Temos ainda os derivados da topotecana e 
irinotecana que também inibem a topoisomerase 01, apresentando uma redução de 
toxicidade. 
- As etoposide e teniposide inibe a topoisomerase 02, sendo específico nas fases do ciclo 
celular, sobretudo nas fases S e G2. Para alcançar os efeitos terapêuticos devemos usar doses 
múltiplas durante vários dias. 
- Os derivados de antraceno que são originados da Streptomyces peuceticus. São na verdade 
antibióticos antitumorais bastante utilizados em neoplasias hematológicas e tumores sólidos. O 
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mecanismo de ação desses fármacos envolve a inibição da intercalação da topoisomerase 02 
levando a um bloqueio da síntese de DNA e RNA, bem como causando uma alteração da 
permeabilidade da membrana. A clivagem do endoperóxido forma radicais livres aumentando 
o seu efeito destrutivo. Todo o mecanismo necessita de ferro, pois as antraciclinas são 
agregadoras de ferro para agir no DNA. Em células normais os mecanismos antioxidantes 
conseguem restringir tais efeitos tóxicos causados por esses fármacos. Por outro lado, células 
tumorais apresentam defeito nesses sistemas, culminando em cardiotoxicidade e injúrias por 
extravasamento. Os mecanismos de resistência observados são oriundos da participação da 
gliproteínaP que bombeia para fora da célula os fármacos. Como alternativa para driblar os 
efeitos cardiotóxicos temos a mitoxantrona (não é uma antraciclina) que inibe a topoisomerase 
02, apresentando menos radicais livres e menos risco cardiotóxico. 
 AGENTES BIOLÓGICOS – ANTICORPOS 
- O uso de anticorpos monoclonais trouxe para terapia oncológica uma redução drástica dos 
efeitos adversos, apresentando menor toxicidade, seletividade incompleta e dano limitado a 
dose. Os anticorpos nada mais são do que uma sequência de imunoglobulinas que reconhece 
uma área específica de um antígeno para sinalizar e destruir esse corpo estranho. Temos 5 
classes (IgA, IgD, IgE, IgG e IgM) a mais utilizada é o IgG. 
- A estrutura fundamental dos anticorpos é aquela forma clássica em Y no qual é composto por 
2 cadeias pesadas e 2 cadeias leves. Os anticorpos apresentam região variável as quais iram 
compor o fragmento Fab (interação com os antígenos) e uma região constante – fragmento 
Fc responsável por determinar a função efetiva do anticorpo. 
- Para fins terapêuticos os anticorpos podem ser utilizados de duas formas. O anticorpo pode 
ser utilizado “nú” sem apresentar conjugação com nenhuma outra substância, tal forma é mais 
utilizada. Enquanto seu uso pode ser de forma conjugada, utilizando toxinas, agentes 
quimioterápicos ou alguma partícula radioativa. 
- De forma geral, os anticorpos apresentam dois alvos em seu mecanismo de ação: (1) indução 
da morte celular e (2) interação com receptores de fator de crescimento ou ligantes. 
- A nomenclatura dos anticorpo segue: 
Sufixo – mab em todos anticorpos 
Prefixo nos diz a fonte do animal o qual foi extraído, colocando letras antes do mab: 
O: murinos (camundongos) 
U: humanos 
Xi: quimérica (cadeia estável de humanos e cadeia variável de outro animal) 
Zu: fonte humanizada (cadeia variável de humanos). 
A doença no qual é utilizada apresenta um prefixo: tu – tumor/câncer. 
Matheus dos Santos Correia 
UniFG – Medicina (Medicina Laboratorial) 
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Se houver conjugação com alguma substância ela deve anteceder o nome. 
- Os anticorpos mesmo sendo bastante específicos apresentam reação de hipersensibilidade, 
sobretudo anticorpos murinos. As respostas adversas são leve febre, náuseas e rash, podendo 
apresentar ainda anafilaxia e colapso cardiovascular. Durante a infusão alguns pacientes 
podem manifestar dor no peito, sobretudo aqueles que apresentam células tumorais na 
corrente sanguínea. Durante a infusão recomenda-se o uso de paracetamol, corticosteroides 
e anti-histaminicos conjuntamente. 
- Ainda sobre a administração por infusão recomenda-se uma infusão com dose menor com o 
tempo sendo a dose tolerada pelo paciente. A presença de toxicidade pulmonar pode ser 
expressa pelo paciente. A ideia de especificidade dos anticorpos deriva de qual antígeno 
expresso ele vai interagir. Se esse antígeno for expresso de forma igual em uma célula tumoral 
e outra normal a presença de efeitos adversos será maior em relação aos antígenos expressos 
em maior quantidade em células tumorais comparadas com células normais. 
- Os mecanismos de ação desses anticorpos são diversos, apresentando 03 mecanismos 
possíveis. (1) os anticorpos podem agir como alvo a fim de sinalizar ou opsonizar as células 
tumorais para serem fagocitadas; (2) ativação do sistema complemento através da via clássica 
e formação do poro, induzindo a lise celular – fragmento Fc ativa o sistema complemento e 
induz lise celular; (3) ativação da toxicidade celular através da ligação do fragmento Fc que 
induz a ação de células netural killers, monócitos e macrófagos. 
- Quanto ao mecanismo de ação dos anticorpos imunoconjugados eles têm o papel de 
“entregar” o quimioterápico ou partícula radioativa” a célula tumoral a qual vai internalizar 
esse conjugado e assim os efeitos ocorrerão dentro dessas células. 
- O gentuzumab ozogamicina é um anticorpo conjugado com anti-CD33 recombinante 
humanizado. A conjugação é com a caliqueamicina. O antígeno CD33 é expresso tanto em 
células normais, quanto em colônias de leucemia mielóide. O fragmento Fab + antígeno CD33 
interage e permite a internalização da caliqueamicina dentro da célula. Uma vez dentro do 
citoplasma o conjugado se liga a dupla fita de DNA, promovendo sua quebra e morte celular. 
A indicação para esse anticorpo é para pacientes idosos que apresentaram falha na primeira 
terapia com quimioterápico. A administração deve ser uma infusão lenta (2h) com oferta antes 
de paracetamol e diifenidramina (evitar reações relacionadas a infusão). O paciente deve ser 
monitorizado seus sinais vitais até 4h depois da infusão. Os efeitos adversos mais comuns são 
mielossupressão, hepatotoxicidade e falência renal. 
- O Rituximab foi o primeiro anticorpo aprovado pelo FDA 1997, sendo um anticorpo quimérico. 
A atividade desse anticorpo consiste uma ação contra o antígeno CD20 presente na superfície 
das células normais e malignas B. A função do CD20 ainda é desconhecida, mas acredita-se 
que ele pode regular a ativação e diferenciação das células B. O domínio Fab se liga ao CD20 
e o Fc recruta células efetoras para mediar a lise das células B. 
- O tositumomab é um anticorpo monoclonal murino que age no CD20. Esse anticorpo é 
conjugado por um radioisótopo de iodo-131. 
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- O Alentuzumab é um anticorpo monoclonal que age contra antígenos CD52 que estão 
presentes nos linfócitos B e T, células natural Killer, monócitos e macrófagos. A ligação do CD52 
em linfócitos pode estar presente em leucemias linfocíticas. Seu uso segue a lógica como 
segunda estratégia terapêutica, sendo que houve falha na primeira tentativa com uso de 
alquilantes e fludarabine. 
- A via HER é uma via para tratar tumores malignos. O alvo ligante dessa via é o receptor do 
fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). Essa família de receptor é responsável por 
ativar a tirosina quinase a ativar a fosforilação intracelular de fatores de transcrição e 
proliferação celular. A via apresenta dois subtipos de receptores: HER-1 ou EGFR (fator de 
crescimento epidérmico) e HER-2 superexpresso no câncer. Os tumores sólidos que apresentam 
essa característica são o de mama, pulmão e cólon. 
- O Cetuximame é um anticorpo monoclonal recombinante quimérico que se liga ao fato de 
crescimento epidermal e fator de crescimento transformador alfa. Desse modo, ele age como 
antagonista impedindo a fosforilação e ativação do receptor associado a quinase. A inibição 
do crescimento celular e produção de VEGF resulta em apoptose celular. A indicação para tal 
medicamento é para cólon retal metastático, câncer de cabeça e pescoço com radioterapia 
conjunta. Dentre os efeitos adversos temos obstrução respiratória e hipotensão, exantema 
acneiforme, fadiga, problemas gastrointestinais e dor abdominal. 
- O imatinib é um inibidor da tirosina quinase da oncoproteína bcr-Abl. Há o bloqueio a 
fosforilação do substrato quinase pelo ATP, sendo utilizada para o tratamento de leucemia 
mielógena crônica – 95% dos casos apresenta o bcr-Abl. 
- O trastuzumab é um anticorpo monoclonal humanizado que se liga seletivamente ao HER-2 
superexpresso em câncer de mama. O uso desse anticorpo inibe a progressão do ciclo celular, 
as células não entram na fase S. Seu uso pode ser para o tratamento de câncer de mama 
maligno, podendo ainda ser utilizado como monoterapia ou associado ao paclitaxel. O 
tratamento adjuvante dado por 1 ano associado à quimioterapia – vinorebine e cisplatina. 
Dentre os efeitos adversos temos a cardiomiopatia, reação de hipersensibilidade, 
mielossupressão. O uso de paracetamol e difenidramina como pré-medicação está indicado. 
- A Bleomicina é um antibiótico antitumoral com mistura de peptídeos de espécie 
straptomyces. Os mecanismos de ação secundário consiste na redução de Os e formação de 
radicais livres e excisãona fita de DNA. Seus efeitos são realizados na fase G2 do ciclo celular. 
A resistência observada consiste na inativação de uma enzima aminohidrolase ou pela 
capacidade de reparo no DNA. 
- A hidroxiuréa é uma droga com capacidade de inibi a ribonucleotideo redutase, causando 
acúmulo das células em fase S, pois a síntese de DNA é inibida. O seu uso é de forma inicial 
para reduzir rapidamente o número de células brancas do sangue para dar início ao 
tratamento com quimioterapia. 
- A L-asparaginase é única com diferente mecanismo de ação. Tal mecanismo utiliza enzima 
produzida pela Escherichia coli, um aminoácido não essencial produzido pelas células 
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humanos, exceto por linfoma maligno humano. A droga depela o suplemento existente e inibe 
a síntese de proteína. 
- O Trióxido de arsênico é um veneno que age no tratamento de leucemia pró-mielocítica o 
qual induz a progressão de células cancerosas em maduras e células normais. Há também a 
indução dessas células entrarem em apoptose. 
- A mitomicina C é uma droga similar a mostarda nitrogenada, um agente alquilante, que 
apresentam um padrão de toxicidade diferenciado dos outros alquilantes. 
- Interferons são produzidas por células nucleadas e DNA recombinantes. Suas atividades são 
antivirais, antiproliferativo e imunoregulador. O iFN alfa 2a e 2b foram aprovados no tratamento 
do câncer. O mecanismo de ação é a prolongação do ciclo celular, aumentando o tamanho 
da célula e induzindo apoptose; inibe a formação de novos vasos sanguíneos e aumento da 
expressão de antígenso na superfície da célula (sinalização para o sistema imune). Ainda 
alteram a expressão gênica de proteínas e receptores de citocinas (enzimas que alteram o 
crescimento celular). 
- Interleucina-2 é uma linfocina produzida por DNA recombinante agindo da proliferação e 
diferenciação de células B e T. Ela apresenta a capacidade de iniciar a cascata de citocinas 
aumentando a produção de célula T. Seu efeito antitumoral depende da capacidade das 
células imunes em reconhecer e destruir as células tumorais sem danos normais.

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