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1 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA ANTINEOPLÁSICOS Podem ser chamados de antitumorais, quimioterápicos, etc. São medicamentos que são usados para o tratamento farmacológico do câncer. Quando se fala dos antineoplásicos refere-se a fármacos que atuam diretamente nas células tumorais. ➔ Ordem de incidência de câncer no Brasil: HOMENS x MULHERES FÁRMACOS ANTINEOPLÁSICOS São fármacos empregados no tratamento do câncer e que interferem nos mecanismos de sobrevivência, proliferação e migração celular. Pensando em uma célula tumoral, qual seu maior problema? O principal problema é que ela se prolifera muito rapidamente, não é que produz substâncias que são tóxicas, mas sim a disfunção do tecido onde se está acontecendo o crescimento exagerado, logo, o crescimento demasiado compromete a função daquele tecido. Logo, os fármacos que conseguem reduzir a progressão celular ou matar as células tendem a ter uma aplicabilidade como antineoplásico. O tratamento do câncer envolve várias terapias como a remoção cirúrgica, radioterapia e quimioterapia. CÉLULAS NORMAIS X NEOPLÁSICAS As células normais remetem a células que geralmente tem estrutura e morfologia conhecidas. Sabe-se quais características esperar de determinadas células à nível fenotípico, a nível genotípico elas possuem uma rara expressão de oncogene, fator de secreção ordenado e a presença do gene supressor de tumor, principalmente p53. Já as células neoplásicas possuem uma estrutura completamente desorganizada, as células que eram para estar no formato das células normais, são encontradas em um aspecto totalmente diferente, sendo marcadas por mitoses frequentes e novos vasos, em relação ao seu fenótipo, em relação ao seu genótipo, perdem a inibição por contato, possuem um aumento do fator de secreção, da expressão de oncogenes e diminuição do gene supressor tumoral. PROGRESSÃO TUMORAL Nesse caso iniciou-se o processo de progressão com a exposição ao carcinógeno o qual induz uma transformação celular que pode ou não ser suficiente para que uma determinada célula se transforme em uma célula neoplásica. Caso essa célula consiga escapar dos mecanismos de controle, ela vai começar a se dividir com o potencial de divisão de uma célula neoplásica, gerando neovascularização, de modo que esse crescimento pode provocar a liberação de células na corrente sanguínea que vão levar as células tumorais do tumor primário para outros órgãos, causando a metástase. CICLO CELULAR Existem antitumorais que atuam em regiões específicas do ciclo, logo, depende de em qual região do ciclo a célula vai estar naquele momento para o antitumoral agir. 2 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA P.ex. os alcalóides da vinca eles atuam na formação dos microtúbulos, impedindo essa informação, logo, atuam quando a célula estiver em divisão, nas fases inicias da mitose, que é quando ocorre a formação do fuso mitótico, no entanto, existem antitumorais que agem independentemente da fase. ➔ Ponto de restrição é dependente de: ▪ Fatores de crescimento: Facilitam a replicação do material genético e a divisão celular. ▪ Genes supressores tumorais p.ex. gene p53, principal gene responsável pelo início do processo apoptótico, são induzidos mediante impedimento no processo de divisão celular. ▪ Lesão do DNA. ▪ Depleção dos nucleotídeos celulares → menos DNA → se divide menos. ▪ Mal funcionamento do aparelho mitótico. P.ex. alcalóides da vinca. Gênese de uma célula neoplásica: - Inativação de genes supressores tumorais. - Ativação de oncogenes. O que é um “ponto de restrição” de um ciclo celular? É o local de identificação de algum erro, assim, nesses pontos ocorrem uma restrição do ciclo, esse ciclo vai continuar ou não, essas células vão continuar se dividindo ou não. APOPTOSE Também conhecida como morte celular programada, consiste em uma morte limpa, de dentro para fora. A célula vai se organizando e fazendo mudanças em sua morfologia, destruindo suas estruturas até formarem os corpos apoptóticos e posteriormente sofrem fagocitose pelas células vizinhas. Esse processo mantêm o local isento da produção de substâncias inflamatórias, diferentemente da necrose. A eficácia da maioria dos antineoplásicos depende da ativação dos processos de apoptose celular. ESPECIFIC IADADE DOS AGENTES ANTINEOPLÁSICOS Os alcalóides da vinca estão no grupo dos “fármacos específicos da fase M”, são identificados como a vincristina ou vimblastina e atuam na formação do fuso. Já o paclitaxel atua na despolimerização dos microtúbulos, se isso não ocorrer nas fases finais da mitose a célula também não vai se dividir, logo, tem fármacos que atuam na formação, outros na despolimerização. Os “fármacos inespecíficos” atuam independentemente da fase do ciclo celular em que a célula está iniciando o processo de morte. Os fármacos específicos da fase S, onde adentra os antimetabólitos, pois é a fase de síntese, onde se está precisando produzir e duplicar o DNA, produzir proteínas e os autolimitantes. ➔ Classificação das drogas antineoplásicas: ▪ Ciclo-inespecíficos: Aqueles que atuam nas células que estão ou não no ciclo proliferativo, como p.ex. a mostarda nitrogenada são agentes alquilantes ao DNA. ▪ Ciclo específicos: Atuam somente nas células que se encontram em proliferação, como é o caso da ciclofosfamida. ▪ Fase-específicos: Aqueles que atuam em determinadas fases do ciclo celular, só agem na fase M. TRATAMENTO DAS NEOPLASIAS Quando se fala das células tumorais, as quais são nossos alvos, tem-se a ideia de que são mais suscetíveis ao tratamento antitumoral quando se encontram em alguma fase do ciclo celular não seja G0, no entanto, isso depende do tipo de antineoplásico, pois, tem antineoplásico que essa frase não é verdadeira. Mas qual o problema de um antitumoral agir independentemente da fase em que se encontra? O problema é que há uma grande chance de que esses fármacos passem a agir nas células normais que, em sua maioria, não se dividem muito, assim, ao longo dos anos, a fim de melhorar o tratamento antineoplásico tentaram descobrir fármacos que agem enquanto as células estão se dividindo, já que as células sadias se dividem pouco em relação as tumorais. Algumas células tumorais se localizam em órgãos que atingem baixas concentrações de fármacos antineoplásicos (SNC, testículos). Esse é um grande ponto que justifica o porquê de alguns tipos de tumores serem tão difíceis de serem tratados. 3 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA O uso da poliquimioterapia, com diferentes mecanismos de ação, é comum no tratamento de neoplasias. ➔ Tipos e finalidades da quimioterapia: ▪ Curativa: Quando é usada com o objetivo de se conseguir o controle completo do tumor e sua remissão. ▪ Adjuvante: Quando se segue à cirurgia curativa, ou seja, foi utilizado a cirurgia para tirar o tumor e o quimioterápico como um adjuvante para esterilizar as células residuais locais ou as possíveis células circulantes, diminuindo a incidência de metástases à distância. ▪ Neoadjuvante ou prévia: É indicada para se obter a redução parcial do tumor visando permitir uma complementação terapêutica com a cirurgia ou radioterapia.▪ Paliativa: Não tem finalidade curativa, é utilizada apenas com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente. ➔ Classes de fármacos antineoplásicos: ➔ Locais de ação dos antineoplásicos: Os antimetabólitos vão interferir na síntese do DNA. Os agentes alquilantes vão se ligar no DNA. Os agentes intercalantes vão interferir na transcrição e na duplicação do DNA. Os inibidores mitóticos vão interferir na mitose. AGENTES ALQUILANTES E COMPOSTOS RELACIONADOS Os agentes alquilantes se ligam ao material genético e como consequência disso causam danos ao DNA, impedindo-o de ser lido, induz a ruptura do material genético e dá início à cascata apoptótica. ➔ Os agentes alquilantes podem ser classificados em: ▪ Mostardas nitrogenadas e nitrosouréia: São chamados de mostardas nitrogenadas devido à sua estrutura química, sendo chamada assim, pois, a primeira estrutura semelhante à essa foi de uma mostarda. Possui uma característica química muito particular que é além de possuir o nitrogênio, possui dois cloros nas cadeias, o qual puxa muito elétron para si, essa “puxada” de elétrons faz com que a mostarda nitrogenada crie um dipolo intramolecular, de modo que esses cloros ficam com carga negativa e o CH2 com carga positiva. Acontece que esse dipolo positivo ou falta de elétron é a causa pelo qual o CH2 reage com o nitrogênio da mostarda, ocorrendo uma reação intramolecular. O nitrogênio, nesse caso, possui um par de elétron disponível para se ligar a outras moléculas, acontece que a própria molécula da mostarda possui um CH2 que está na espera de elétrons, assim, o CH2 começa a querer o elétron desse nitrogênio de modo a se ligar a ele, gerando uma determinada estrutura. No entanto, quando isso acontece o nitrogênio fica com carga positiva, pois, ele era neutro, logo, ele tinha os dois elétrons para si, agora ele precisa dividir os elétrons com o CH2, então possui carga positiva. E daí? E daí que esse cátion (N+) é altamente reativo, ou seja, tem a capacidade de interagir com substâncias orgânicas p.ex. guanina → DNA. Desse modo, as mostardas nitrogenadas alquilam ou formam uma ligação alquil com o nitrogênio da guanina e a partir dessa ligação 4 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA que é irreversível tem-se lesão do DNA, interrupção da leitura do material genético, interrupção do crescimento da cadeia e é por isso que independe do estágio do ciclo celular. ▪ Essa mostarda reativa se liga além da guanina a grupamentos sulfidrila de proteínas ▪ Formam ligações covalentes com guaninas do DNA o que impede a sua replicação. Ex: mecloretamina, clorambucil, ciclofosfamida, ifosfamida, carmustina, estramustina, dacarbazina. ▪ Ativação dos agentes alquilantes: A ciclofosfamida tem uma diferença em relação as demais visto que é um pró-fármaco, pois, precisa sofrer uma reação enzimática nas CYPs hepáticas para romper a ligação covalente e ser convertida nas aldofosfamida, a aldofosfamida que vai dar origem a mostarda de fosforamida que possui o efeito citotóxico para o DNA. Efeitos tóxicos: - Imunossupressão. → A ciclosfosfamida em algumas doses é útil como imunossupressor pois tem uma preferência por células imunes. - Cistite hemorrágica. Cuidados na administração: - Se durante a administração houver o extravasamento de uma dessas mostardas no tecido subcutâneo resulta em endurecimento hipersensível e necrose. Solução: Infiltração imediata de solução isotônico estéril de tiossulfato de sódio (possui grupamentos SH, os quais são “adorados” pelas mostardas) seguida de compressa de gelo. ▪ Compostos de platina: São da mesma família dos agentes alquilantes, por isso, agem de forma bem parecida, no entanto, são compostos de platina, possuem em sua estrutura uma molécula de platina. A nível de mecanismo formam ligações covalentes com dois grupamentos adjacentes no DNA, prevalentemente nas posições N-7 e 0-5 da guanina. Câncer testicular, pulmonar, de ovário e de bexiga. Os compostos de platina possuem algumas características interessantes que são: - Estrutura química bizarra. - Acontece que para essa molécula seja citotóxica e consiga se ligar ao DNA, ela precisa sofrer algumas reações químicas, assim, a cisplatina atravessa a bicamada lipídica e sofre reações de hidratação de forma que o nosso corpo troca o cloro → água, agora sim o fármaco tem o potencial para se ligar às guaninas do material genético. Contudo, podem acontecer modelos de ligações diferentes, visto que se pode ter 65% das ligações à guaninas que são vizinhas ao DNA, 25% se liga quando se tem G, alguma outra base nitrogenada e uma adenina e 3 a 5% se liga na chamada “ligação cruzada”, que é quando se tem a ligação de uma guanina de uma determinada região da hélice com outra guanina de outra região de outra hélice, sendo essas as mais prejudiciais ao DNA. Efeitos tóxicos: - Nefrotoxicidade. - Neurotoxicidade (perda da audição e parestesias nas mãos e pés). Além disso tem-se a dor neuropática, por lesão nervosa. ANTIMETABÓLITOS Tem como função diminuir a oferta de substâncias que são essenciais para a divisão celular. Ex: Análogo do ac. fólico → Metotrexato Análogos das purinas → Mercaptopurina e tioguanina. Análogos das pirimidinas → Fluoruracila, gencitabina e citarabina. Cada um desses reduzindo a produção ou a oferta de uma das respectivas substâncias. No fim das contas, tem-se um prejuízo para as células quando estiverem na fase S que é a fase de crescimento e duplicação do DNA. No geral são análogos, ou seja, são estruturalmente similares a compostos utilizados nas células. Atuam na fase S do ciclo celular interferindo em diferentes rotas metabólicas. ➔ Antagonista do folato: Metotrexato Agem inibindo a síntese de precursores do DNA e do RNA. Ex: metotrexato, hidroxiuréia. 5 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA O ácido fólico é muito requerido na síntese dos nucleotídeos, pois, são essenciais à síntese do DNA e à divisão celular. Os pesquisadores estão tentando ao máximo provocar uma seletividade nesses tumorais para fugir dos efeitos tóxicos as células não tumorais uma das estratégias é encapsular o antitumoral e colocar na superfície das nanopartículas o ácido fólico. Qual a estratégia ao fazer isso? A estratégia se baseia em quais são as células que mais querem o ácido fólico que são as tumorais, logo, quais são as células que vão ter mais receptores e transportadores do ácido fólico? As tumorais também. Logo, quando as nanopartículas, que vão estar circulando na corrente sanguínea, passarem por células tumorais vão ser captados. E dentro da célula ocorre a liberação da “doxo”, enquanto que uma célula saudável não vai querer tanto ácido fólico, ela usa, mas é importante concentrar mais ác fólico em células tumorais do que em células sadias. Esses fármacos que atuam como antagonista do folato ou do ac fólico inibem uma enzima chamada de diidrofolato redutase, essa enzima tem duas funções: (1) Pega o folato e transforma ele em diidrofolato. (2) Pega o diidorfolato → tetraidrofolato. O metotrexato inibe essa enzima, consequentemente, inibe a formação de diidrofolato e tetraidrofolato. Isso implica no fato de que o tetraidrofolato ser um substrato para uma outra enzima chamada de timidilato sintase, a qual pega a dUMP e converte em dTMP, a qual vai ser trifosfatada e adicionada ao DNA, portanto, ao inibir diidrofolato redutasehá a inibição de FH2 e FH4, ao inibir FH4 dentro de uma célula tem-se a inibição da atividade do timidilato sintase e consequentemente há uma diminuição da oferta intracelular de dTMP (timidina monofosfato), logo, há menos material para formar o DNA. Logo, é assim que o metotrexato diminui a proliferação celular, portanto, é um antitumoral. Usos clínicos: METOTREXATO - Leucemia linfoblástica aguda. - Linfoma NH. - CA de mama. - CA de pulmão. - CA de cabeça e pescoço. - Osteosarcoma. ➔ Análogos de bases: ▪ Análogos das purinas: mercaptopurina e tioguanina. ▪ Análogos das pirimidinas: fluoruracila, gencitabina e citarabina. São fármacos que são incorporados ao DNA de forma errada no lugar das pirimidinas e no lugar das purinas, e isso leva à quebra da fita de DNA, interferência no alongamento da cadeia, na transcrição do RNA e na síntese de DNA. Ou seja, são 4 caminhos que esses fármacos tem para induzir a morte celular. p.ex. 5-fluorouracil (5-FU) tem um mecanismo um pouco diferente, pois, além de ser incorporada ao DNA, inibe a timidilato sintase, a qual é a enzima que converte dUMP → dTMP, ou seja, inibir essa enzima tem o mesmo significado celular de se inibir diidrofolato redutase. Mas o que a 5-fluorouracil precisa sofrer de transformação para conseguir ter efeito sobre a timidilato sintase? Administra-se 5-FU → Atravessou a membrana celular e chegou ao citoplasma → No citoplasma a 5-FU começa a ser confundida com a uracila e sofre a ação da timidina fosforilase e kinase para 5-FU ser transformada em 5-Dump → Após isso a 5-FdUMP fica muito parecido com a molécula endógena (5-dUMP) para ter afinidade suficiente para conseguir inibir a timidilato sintase. Efeitos adversos: - Mielossupressão. - Nefrotoxicidade por precipitação do metotrexato. Usar folinato de cálcio consegue prevenir a mucosite, que é um efeito adverso importante, e tenta diminuir a mielossupressão causada também por esse tratamento. 6 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA PRODUTOS NATURAIS São antitumorais que não foram sintetizados primariamente, foram primeiro descobertos na natureza. ➔ Antimitóticos: Tem-se os alcaloides da vinca (vincristine, vimblastina, vinorelbine e vindesina) e os taxanos (paclitaxel e docetaxel) atuam na formação do fuso mitótico. Qual a diferença entre eles? Os alcalóides atuam na inibindo a polimerização dos microtúbulos, já os taxanos atuam inibindo a despolimerização dos microtúbulos. Isso faz com que eles atuem em fases diferentes da fase M, ambos são inibidores da mitose, no entanto, os alcalóides da vinca vão agir nas fases iniciais da mitose. Sem formação correta do fuso mitótico, sem divisão celular, e é o que mais se quer para conseguir combater as células tumorais. Indicações clínicas: - Taxanos: Paclitaxel, docetaxel. São muito úteis em câncer pulmonar, ovário e mama. - Alcalóides da vinca: Vincristina e vimblastina. São muito úteis em câncer testicular metastático e linfoma. Efeitos adversos: - Hipersensibilidade aguda (paclitaxel); Retenção hídrica (docetaxel); Neuropatia periférica (vincristina e taxanos). Cuidados na administração: - Diluição em SF ou glicosado. - Cuidado para que não haja contaminação acidental dos olhos, pois, pode causar ulceração da córnea. ➔ Inibidores da topoisomerase: A topoisomerase é uma proteína que age diminuindo a força tensional do DNA. Desse modo, se a topoisomerase não funciona, essa tensão provocada nessas regiões provoca a ruptura do DNA devido à alta tensão. Esses fármacos podem ser divididos em inibidores da topoisomerase I (camptotecinas) e topoisomerase II (antraciclinas e epipodofilotoxinas). ▪ Inibidores da enzima topoisomerase I: - Camptotecinas: Se ligam a topoisomerase I impedindo que ocorra esse afrouxamento da tensão funcional e a consequência pós inibição é a ruptura. p.ex. topotecano e irinotecano. Efeitos adversos: - Diarreia grave. - Disfunção hepática. ▪ Inibidores da enzima topoisomerase II: - Antraciclinas (doxorrubicina, daunorrubicina): A doxorrubicina está entre os antineoplásicos mais importantes. Atua de duas formas, a primeira é por meio da inibição da topoisomerase II, o grande ponto é que ela possui um efeito adicional que consiste em aumentar a formação de espécies reativas de oxigênio no citoplasma, provocando lesão celular. É por isso que os antioxidantes estão tão “na moda”. Logo, além de inibir a topoisomerase ela ainda aumenta a formação das espécies reativas de oxigênio, sendo mais um causador de dano ao DNA. No entanto, além dos seus efeitos positivos, possui uma cardiotoxidade importante, que é marcada por uma afinidade com os cardiomiócitos, desencadeando ICC e disritmias. - Epipodofilotoxinas: Também são inibidores da topoisomerase II, atuam de forma parecida com exceção da indução a formação de espécies reativas de oxigênio. p.ex. etoposida e teniposida. ➔ Bleomicina: Compõe a classe dos agentes alquilantes. Age alquilando o material genético, se ligando ao DNA, com um mecanismo adicional. Se liga ao DNA → alquila o DNA → prejudica a leitura do mesmo → quando alquilado ao DNA assume a afinidade específica pelo ferro e isso leva a geração de radicais livres que vão provocar mais dano ao DNA. Logo, tem-se a ligação da bleomicina ao DNA como um estressor ao material genético e quando ligado, quela o ferro e se liga a ele gerando radicais livres que vão provocar ainda mais danos ao material genético. Efeitos colaterais: Reações mucocutâneas e fibrose pulmonar. NOVOS FÁRMACOS ➔ Anticorpos monoclonais: ▪ Trastuzumab: 7 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA Tem como alvo um receptor chamado de HER-2 o qual é receptor do fator de crescimento chamado de HER-2. Em algumas linhagens de câncer de mama esse receptor é super expresso, sendo um receptor que induz o crescimento da célula tumoral mamária, não é todo tipo de câncer de mama que tem a expressão desse receptor, mas os que tem, são tratáveis com esse fármaco. Esse receptor quando ativado pelo HER-2 induz processos de divisão celular dentro da célula cancerígena, ou seja, quando o trastuzumab se liga à esse receptor ele impede a ligação do HER-2 diminuindo a sinalização intracelular de divisão, além disso, o anticorpo monoclonal quando ele se liga ao HER-2 ele induz uma resposta celular efetora imune, de modo que as nossas células imune passam a atacar as células tumorais. Além disso, o receptor que acoplado ao anticorpo tem uma chance maior de ser endocitado, e, consequentemente, retirado da superfície. Logo, tem-se 3 mecanismos pelos quais o trastuzumab inativa o receptor HER-2: (1) Ocupando seu sítio impossibilitando que o HER-2 se ligue. (2) Estimulando o sistema imune a atacar a célula tumoral que está ligada ao trastuzumab. (3) Facilitando a endocitose do receptor da superfície. Tudo isso diminui a sinalização provocada pelo receptor que é uma sinalização de divisão. Reações adversas: - Hipotensão. - Febre - Calafrios. - Pode exacerbar transtornos cardiovasculares. Normalmente essa classe possui reações envolvidas com a hipersensibilidade e não relacionada a toxicidade. ▪ Cetuximab: É mais um anticorpo monoclonal, porém o alvo desse receptor é o receptor do fator de crescimento EGF, o EGFR. Seu uso é aplicável à terapia de câncer de intestino (cólon ou reto) e câncer de cabeça e pescoço de célula escamosa (boca, garganta e laringe).O cetuximab impede a ligação do EGF, estimula a endocitose do receptor e estimula a toxicidade mediada por células imunes. Para o receptor de EGF funcionar ele precisa dimerizar (junção de dois receptores similares), no entanto, os anticorpos impedem que isso ocorra. Assim, sem o EGF as células tumorais perdem o potencial de proliferação, metástase, angiogênese e invasão. Efeitos colaterais: - Exantema cutâneo. - Diarréia. ▪ Rituximab: Seu mecanismo consiste na citoxidade mediada por células imunes e ativação do sistema complemento. É indicado para o tratamento em linfomas de células B, pois, somente ele produz o antígeno CD20 em sua superfície. Reações adversas: - Broncoespasmo. - Hipotensão. - Reação anafilática. 8 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA Por que os monoclonais possuem uma certa especificidade? A classe dos monoclonais são bastante específicos devido ao desenvolvimento em cima de alvos, ou seja, tais fármacos são construídos com um tropismo para com proteínas que são expressas pelas células tumorais e a partir disso desenvolver um anticorpo que seja ativo contra aquela proteína. ➔ Imatinibe: Não é um anticorpo monoclonal é uma micromolécula. Ele faz parte da classe dos novos fármacos pois teve como avanço o fato de ser uma micromolécula voltada exclusivamente para uma enzima que é super expressa em um tipo específico de célula tumoral como p.ex. a leucemia mieloide crônica, na qual se tem uma super expressão da enzima bcr-abl que tem como função ativar substrato domo GRB-2, SHC os quais são sinalizadores celulares que quando ativados vão estimular a proliferação celular. Logo, bcr-abl ativa essas vias por meio da fosforilação, ao usar o imatinibe que é um antagonista competitivo do bcr-abl e impede a sua fosforilação, tem-se como efeito farmacológico uma diminuição da proliferação tumoral. É um fármaco de pequeno peso molecular e uma grande vantagem é que por ser uma micromolécula e não uma proteína, pode ser administrado por via oral. Efeitos colaterais: Costuma ser bem tolerado. Edema. Náusea. Cãimbra. Exantemas. Diarreia. ➔ Resistência à quimioterapia: Algumas ferramentas que algumas células desenvolvem, tornando-as resistentes à quimioterapia, fazendo com que alguns quimioterápicos passe a não funcionar em determinados tipos de tumores. (1) Deleção ou hiperexpressão de uma enzima chave no processo. P.ex. Imagine que a célula tumoral tá desenvolvendo resistência ao metotrexato, o DNA de uma célula tumoral é uma bagunça, sendo assim, a coisa mais fácil de acontecer de forma espontânea é a mutação de uma enzima, assim, as novas células passaram a expressar a diidrofolato redutase com uma mutação, mutação essa que faz com que o metotrexato diminua ou perca a sua afinidade pela diidrofolato redutase. Como o metotrexato vai continuar tendo efeito nesse tipo de tumor se o seu alvo sofreu mutação? (2) Inativação do procesos de apoptose (perda do gene p53). Podem ocorrer mutações ao longo das divisões das células tumorais que diminuam p.ex. ou promovam a perda do gene p53, que é o principal responsável pelo processo apoptótico e sem esse apoptose, muitos dos antitumorais não funcionam. (3) Hiperexpressão de uma bomba de efluxo geral de fármacos. (como a glicoproteína P → muito presente na barreira hematoencefálica) Efeitos adversos da quimioterapia: Os quimioterápicos não atuam exclusivamente sobre as células tumorais, assim, as estruturas normais que se renovam constentemente como a medula óssea, pêlos e a mucosa do tubo digestivo também são atingidas pela ação dos quimioterápicos causando depressão da medula óssea (7d pós tratamento, 14d após o tratamento tem-se leucopenia e a recuperação em até 21d após o tratamento), alopecia, mucosite, diarreia, enjoos, vômitos. Reação de mucosite: Desencadeiam queimação local e a formação úlceras. Tem-se alguns agentes mais implicados como doxorrubicina, 5-fluorouracil, metotrexato, vinblastina. Cardiotoxicidade: Os antineoplásicos mais implicados são antraciclinas, doxorrubicina e daunorrubicina. Apresenta anomalias no ECG e hipotensão. 9 4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC FARMACOLOGIA JULIANA OLIVEIRA Não deve ser utilizado em paciente com ICC ou com redução na fração de ejeção ventricular abaixo de 50%. Nefrotoxicidade e urotoxicidade: Os fármacos mais implicados são: - Cisplatina e metotrexato: Túbulos renais. - Ciclofosfamina e ifosfamida: Bexiga. Alopécia: Quase todos os antitumorais afetam o crescimento capilar e isso ocorre dessa forma, pois, as células do folículo piloso estão em constante trabalho na formação do pêlo e a interrupção dessa constante divisão leva a um enfraquecimento do pêlo, posterior queda e atrofia dessa região. Fármacos mais implicados: - Antraciclinas, bleomicina, ciclosfofamida, dactinomicina, docetaxel, paclitaxel, vinblastina, etc. Potencial mielossupressor dos antineoplásicos: REVISÃO
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