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Tópicos Gestão Financeira

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Tópicos Gestão Financeira
APRESENTAÇÃO
A gestão financeira é um conhecimento essencial para todo ser humano que vive em sociedade. Robert Kiyosaki, em seu livro intitulado “Pai rico, pai pobre”, fala que a maioria das pessoas está concentrada demais em ganhar dinheiro, mas o que elas deveriam realmente focar é a sua educação financeira.
Para uma empresa, o gerenciamento financeiro, muitas vezes é o divisor de água entre ser lucrativa ou encerrar as suas atividades (ir à falência). Quantas boas empresas, com ótimos empreendedores, ideias maravilhosas, produtos fantásticos, mas que não conseguem ser suficientemente lucrativas?
A capacidade de gerenciar o seu dinheiro perante as atividades próprias atividade, o governo (impostos), os bancos, os investidores e a sociedade é um diferencial competitivo muito forte para as organizações.
Desse modo, no primeiro capítulo desta disciplina, discutiremos a importância da gestão financeira para as empresas. Destacando também as principais funções do gerente financeiro, desde a tesouraria, contas a pagar, contas a receber até a análise de investimentos e financiamentos.
No segundo capítulo, você será levado(a) a conhecer os principais demonstrativos contábeis utilizados para fins gerenciais: o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa. Você entenderá como eles funcionam e como elaborá-los.
Por fim, no terceiro capitulo, você será apresentado(a) ao Orçamento Base Zero – uma ferramenta gerencial utilizada por pequenas empresas e multinacionais também. Com o intuito de solucionar algumas dificuldades encontradas durante a elaboração do orçamento tradicional, o Orçamento Base Zero é um grande aliado da empresa ao planejar a utilização dos recursos disponíveis.
O conhecimento financeiro é uma jornada longa que precisa de constante atualização, mas muito gratificante. A sua está apenas começando!
FINANÇAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
· Esclarecer a contribuição da gestão financeira para a continuidade de uma organização;
· Explicar as principais funções do gerente financeiro;
· Conhecer a importância, os deveres, a relação com os demais setores e a contribuição da gestão financeira para a continuidade de uma organização.
INTRODUÇÃO
Qual o principal objetivo de uma empresa? Essa questão pode ser respondida de várias maneiras, mas quase todas as respostas vão levar a geração de valor para os sócios e/ou acionistas. Afinal, ninguém começa um negócio ou investe no empreendimento de outra pessoa pensando em perder dinheiro. 
Quando se fala em criação de valor, automaticamente se pensa em lucro, porém, para algumas entidades, como órgãos públicos e entidades sem fins lucrativos, a geração de lucro não é o objetivo primordial. 
Para as entidades sem fins lucrativos, por exemplo, o objetivo primordial é a geração de um resultado econômico e financeiro positivo, que permita o desenvolvimento normal de suas operações e a cobertura das necessidades gerais de investimentos, garantindo assim, sua continuidade e cumprimento da missão a que se destina (PADOVEZE, 2016).
No caso de uma entidade sem fins lucrativos que trabalha com crianças carentes, por exemplo, a missão desta entidade não é o acúmulo de riquezas e sim atender as necessidades das crianças e transformar o seu ambiente. Contudo, para cumprir sua missão, precisará de recursos financeiros.
Para garantir, não somente o retorno financeiro esperado, como também a continuidade da organização e, consequentemente, o atingimento da sua missão, se faz necessária uma gestão eficiente das finanças da entidade. Desse modo, pode-se dizer que o objetivo maior de finanças é criar valor para seus proprietários, sejam eles quais forem (PADOVEZE, 2016).
Portanto, é essencial para o profissional de finanças: conhecimento da área, proatividade, capacidade de análise e tomada de decisões, ética e sigilo profissional. Pois o profissional desta área tem acesso a informações estratégicas. Essas informações dizem respeito não somente ao setor financeiro, tendo em vista que esse se relaciona com todos os departamentos da empresa (vendas, compras, produção, marketing, etc.), utilizando e fornecendo informações aos mesmos.
De acordo com Hoji (2017, p. 7): “a administração financeira de uma empresa é exercida por pessoas ou grupos de pessoas que podem ter diferentes denominações, como: vice-presidente de finanças, diretor financeiro, controller e gerente financeiro”. Sendo que ainda segundo o referido autor, as funções típicas do administrador financeiro de uma empresa são:
· análise, planejamento e controle financeiro;
· tomadas de decisões de investimentos;
· tomadas de decisões de financiamentos.
Na Figura 1 é apresentado um exemplo do organograma do setor financeiro de uma empresa:
Figura 1 - Exemplo de organograma da área de finanças
Fonte: Hoji (2017).
Contudo, dependendo do porte da empresa, a denominação e a distribuição das funções podem variar. Em empresas de pequeno e médio porte, é comum que algumas funções da controladoria, por exemplo, administração de tributos e sistemas de informação, sejam terceirizadas. Nessas empresas, também é comum que uma pessoa execute duas ou três funções (PADOVEZE, 2016). Ou ainda, nos casos de micro empreendimento, muitas vezes é o sócio proprietário que as executa.
Para saber mais sobre controladoria, leia o livro: Controladoria Estratégica e Operacional. Do autor Clóvis Luís Padoveze.
Para facilitar o trabalho desse profissional, o ideal é que a empresa tenha um sistema de informações confiável. O recomendável é que o sistema seja informatizado – o que proporciona agilidade e facilita a rastreabilidade – seja um sistema em nuvem, instalado em um servidor da empresa ou até mesmo planilhas eletrônicas. O importante é que ele seja periodicamente alimentado e consultado. 
Neste livro, vamos focar nas funções e atividades da tesouraria, desempenhadas pelo tesoureiro, também denominado gerente financeiro, por serem fundamentais para empresas de pequeno e médio porte. 
TESOURARIA
A função básica de uma tesouraria é gerir o fluxo dos recursos financeiros de uma organização e salvaguardar seus ativos financeiros, ou seja, o seu tesouro (SOUZA; TORQUATO, 2019). Apesar de se preocupar com o controle das disponibilidades da empresa, mais recentemente a tesouraria tem assumido funções mais estratégicas e relacionadas ao planejamento organizacional. 
Disponibilidades são recursos da empresa em moeda ou que podem ser transformados quase que imediatamente em moeda (caixa, valor em conta corrente, aplicação de liquidez imediata).
Hoji (2017, p. 139) destaca que a tesouraria “é uma das áreas mais importantes em uma empresa, pois, praticamente, todos os recursos financeiros que giram na empresa transitam por ela”. Logo, é uma área que pode fornecer muita informação fundamental para a tomada de decisão.
Souza e Torquato (2019) destacam algumas funções da tesouraria relacionadas as disponibilidades da empresa:
· Realizar a conciliação bancária das operações de pagamentos efetuadas, para identificar se elas foram devidamente processadas pelos bancos;
· Identificar TEDs, DOCs e boletos não processados pelo banco e providenciar novo pagamento;
· Conferir e registrar os débitos relativos a tarifas, encargos financeiros e tributários de operações de crédito identificados em conta bancária;
· Realizar e registrar os pagamentos em dinheiro;
· Realizar e registrar os recebimentos em dinheiro ou cheques à vista;
· Consultar os sistemas de restrição de crédito nos recebimentos em cheques a vista (SCPC e Telecheque);
· Conferir a conformidade técnica dos cheques recebidos (à vista e pré-datados) para identificar inconsistências, tais como erros de preenchimento, falta de assinatura etc;
· Salvaguardar os cheques pré-datados recebidos;
· Conferir o follow-up dos cheques pré-datados;
· Salvaguardar o dinheiro e os cheques à vista recebidos;
· Enviar diariamente os numerários recebidos (cheques e dinheiro) para depósito bancário;
· Gerenciar o relacionamento com a agência bancáriaem que a organização tenha conta;
· Controlar o cadastramento para débitos automáticos e administrar possíveis bloqueios judiciais em conta corrente;
· Realizar a conciliação bancária diária de todos os lançamentos identificados no extrato bancário (débitos e créditos);
· Analisar e registrar créditos extraordinários identificados no extrato bancário;
· Realizar e registrar o fechamento diário de caixa e banco, registrando toda movimentação e apresentando ao responsável do setor;
· Organizar e enviar para a contabilidade os documentos dos movimentos financeiros de caixa e banco;
· Conferir diariamente a existência e a veracidade (contagem física) dos saldos em dinheiro e cheques salvaguardados;
· Controlar os recursos disponíveis em caixa e bancos.
É imprescindível que essas atividades sejam realizadas diariamente, evitando assim o acúmulo delas – em caso de empresas que apresentem grande volume de transações, o que é muito comum no setor de comércio – e principalmente, para minimizar a ocorrência de erros ou fraudes. Pois a tesouraria também é responsável por enviar informações fidedignas para a contabilidade. Neste sentido, também é imprescindível o desenvolvimento e aplicação de controles internos.
Para saber mais sobre controles internos na área financeira, sugere-se a leitura do artigo Controle interno: um estudo de caso em uma microempresa.
A tesouraria é uma área da empresa que recebe ou fornece informações para todas as demais. Esse relacionamento contribui para que o gerente financeiro possa, por exemplo, projetar o fluxo de caixa da empresa com segurança.
"Quase todos os atos praticados em qualquer área da empresa acabam transformando-se em contas a receber ou em contas a pagar. E, consequentemente, todos os valores a receber ou a pagar devem transitar, obrigatoriamente, pelo sistema de tesouraria" (HOJI, 2017, p. 141).
CONTAS A PAGAR
O controle de contas a pagar deve ser rotineiro nas funções do setor financeiro de qualquer empresa. Neste âmbito, deve ser levado em consideração todas as obrigações a pagar da empresa, bem como os prazos para o devido pagamento. O acompanhamento dessas informações permite que sejam tomadas decisões que auxiliem na gestão estratégica da empresa.
Um dos benefícios de gerir corretamente as contas a pagar em uma empresa é a capacidade de evitar atrasos nos pagamentos e, consequentemente, o pagamento de multa e/ou juros ou a suspensão dos serviços. Mas o controle efetivo das contas a pagar possibilita muito mais do que isso. Com base nas informações disponíveis é possível negociar e renegociar prazos de pagamento com fornecedores, visando manter um bom fluxo de caixa na empresa e, também em casos extremos, tomar decisões sobre quais obrigações devem ser priorizadas.
Neste sentido, Hoji (2017) destaca algumas atividades de responsabilidade do contas a pagar:
· Estabelecer políticas de pagamentos;
· Controlar adiantamentos a fornecedores;
· Controlar abatimentos e devoluções de mercadorias;
· Controlar cobranças bancárias e cobranças em carteira;
· Liberar duplicatas para pagamento.
Independente do porte da empresa, essas atividades devem ser desempenhadas com atenção e responsabilidade, pois muitas vezes podem ser fundamentais, principalmente em micro e pequenas empresas, onde o capital de giro geralmente é menor.
 CONTAS A RECEBER
As vendas de mercadorias ou prestação de serviços de uma empresa que são negociadas a vista, tem o seu valor indo diretamente para o caixa, conta corrente ou semelhante. Já as vendas a prazo de uma empresa, geram um direito futuro de recebimento do montante e são chamadas de contas a receber (ou duplicatas a receber).
De acordo com Hoji (2017, p. 130): “as vendas a prazo alavancam as vendas, isto é, aumentam o volume de vendas e, consequentemente, o lucro. Porém é necessário que se tenha um sistema de controle efetivo desses valores. Uma boa organização desse mecanismo possibilita o controle de quais clientes pagam em dia e quais deles estão com faturas em atraso (IZIDORO, 2016). 
Para Hoji (2017) identifica algumas atividades inerentes ao processo de crédito e cobrança:
· Analisar os cadastros dos clientes para concessão de créditos;
· Cobrar e receber as duplicatas nos respectivos vencimentos;
· Cobrar e receber saques de exportação;
· Controlar as duplicatas em carteira e em cobrança bancária;
· Controlar eventos financeiros contratuais;
· Negociar novação de crédito.
Em empresas de médio e grande porte, o desempenho de tais atividades é função do setor financeiro. Entretanto, em empresas de pequeno porte, é comum que a atividade de análise e concessão de crédito fique sob a responsabilidade do setor de vendas. Nesse caso, é preciso um trabalho em conjunto de ambos os setores.
Portanto, para auxiliar no bom funcionamento das contas a receber é interessante que a empresa tenha suas políticas de crédito e cobrança bem desenhadas, claras e divulgadas para todos os interessados no processo.
Pois, deve-se atentar para o fato de que em uma venda a prazo há a possibilidade de não recebimento, ou seja, de inadimplência. Por isso é fundamental para a empresa, o gerenciamento da sua carteira de contas a receber. Gerenciamento este, que deve iniciar pelo processo de concessão de crédito.
A política de crédito trata dos seguintes aspectos: prazo de crédito, seleção de clientes e limite de crédito. Uma política de crédito liberal aumenta o volume de vendas muito mais do que uma política rígida, porém gera mais investimento em contas a receber e mais problemas de recebimento, o que exige maior rigidez na cobrança (HOJI, 2017). Portanto, para auxiliar no bom funcionamento das contas a receber é interessante que a empresa tenha suas políticas de crédito e cobrança bem desenhadas, claras e divulgadas para todos os interessados no processo.
Deve-se analisar que se a responsabilidade pela concessão de crédito tiver participação da área de Vendas, o pagamento da comissão de venda deverá ser vinculado ao efetivo recebimento das vendas. Assim, os vendedores estarão mais dispostos a selecionar clientes bons pagadores.
Quando não se faz uma análise criteriosa dos dados cadastrais do cliente necessários para analisar a sua capacidade e probabilidade de pagamento, as chances de a venda a prazo não ser recebida é maior. Essa análise não deve ser feita somente para os novos clientes, mas para os clientes recorrentes também. Hoji (2017) atenta para o fato de que a situação do cliente, mesmo daqueles antigos e tradicionais, deve ser constantemente monitorada e atualizada, quanto aos aspectos de pontualidade, capacidade de pagamento e situação financeira. 
As políticas de crédito e cobrança devem trabalhar juntas a favor da empresa. Se uma política de crédito for extremamente facilitada, as chances de a política de cobrança precisar ser muito rígida é maior. E, em alguns casos, a possibilidade de inadimplemento aumenta.
Existem alguns tipos de cobrança que a empresa pode adotar, sendo esta feita diretamente pela empresa ou por intermédio de uma instituição financeira. A cobrança bancária é mais segura e eficiente, pois se o sacado atrasar o pagamento, o banco não dispensará os encargos moratórios e, ainda, poderá encaminhar o título para protesto após o vencimento – de acordo com o escolhido pela empresa na data da contratação deste serviço (HOJI, 2017).
Se a cobrança for realizada diretamente pela empresa é interessante que os valores recebidos sejam depositados em conta bancária previamente estabelecida, como medida de segurança. E, no caso de recebimento em cheque, orienta-se que eles estejam nominais para a empresa, evitando que sejam depositados em conta corrente na qual a empresa não seja o favorecido.
Também, se conforme a estrutura da empresa, o contas a receber for um setor diferente da tesouraria, é importante que todas as informações sobre recebimentos sejam repassadas ao responsável pela tesouraria.
A empresa Vende Tudo é uma empresa que atua no comércio de produtos de beleza e cosméticos. Por ser uma empresa de médio porte e optar por uma estruturade colaboradores enxuta, o setor de vendas é o responsável pela análise de crédito e por realizar as cobranças. Além de vendas à vista, a empresa efetua vendas no cartão de crédito e vendas a prazo em crediário próprio - para 30 e 60 dias. A empresa paga aos colaboradores, além do salário, comissão sobre as suas vendas, desde que a loja alcance a sua meta global de vendas, estabelecida e informada previamente a todos os colaboradores do setor. Depois de algum tempo, o responsável pela tesouraria notou que o valor das contas a receber da empresa estava aumentando consideravelmente e que a inadimplência estava crescendo na mesma proporção. O que pode estar acontecendo e que alternativas podem ser aplicadas para solucionar essa situação?
Para análise de crédito podem ser utilizados os 5 Cs do crédito: caráter, capacidade, capital, collateral e condições.
A Serasa Experian divulga anualmente o perfil dos inadimplentes no Brasil. A pesquisa divulgada, além de outras informações relevantes sobre crédito, pode ser acessada no site: https://cutt.ly/AlRit4n.
FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa é uma ferramenta básica da administração financeira. O tesoureiro, ao gerenciar o seu dia a dia, se depara com a necessidade de ter um instrumento de planejamento e controle da sua liquidez, que se constitui no fluxo de caixa projetado (FREZATTI, 2014). Complementando, Silva (2018) destaca que tal ferramenta permite controlar a movimentação financeira – entradas e saídas de recursos financeiros – de uma empresa em um determinado período
Sendo utilizado em conjunto com o orçamento, o fluxo de caixa apresenta uma característica de planejamento. Pois permite visualizar todas as entradas e saídas de recursos de uma entidade, com o saldo de caixa diário ou do período projetado. Possibilitando, também, que a empresa saiba exatamente qual o valor a pagar com as obrigações assumidas e quais os valores a receber (SILVA, 2018).
Como exemplo, para otimizar os recursos financeiros, a projeção do fluxo de caixa pode ser feita para um período de até três meses. Os dados são, geralmente, apresentados por dia para os primeiros 15 ou 30 dias e por quinzena ou mês para o restante do período. Para um prazo superior a três meses, podem ser utilizados os dados do orçamento de caixa revisado (HOJI, 2017).
É importante ter essas informações demonstradas em um mesmo relatório, pois facilita a análise. Com base no fluxo de caixa, o gestor pode se programar para momentos futuros. Se em algum momento o gestor identificar que o saldo do fluxo de caixa ficará negativo, poderá tomar decisões antecipadas sobre o que pode acontecer: buscar uma fonte de recurso, negociar pagamentos e recebimentos ou diminuir gastos, por exemplo. O importante é que se a situação for identificada com antecedência, o gestor pode analisar com calma as opções antes de tomar uma decisão e não ser influenciado pelo imediatismo. 
Por outro lado, se o gestor identificar para o período futuro um saldo positivo elevado, pode estudar melhor as opções de investimento dos recursos financeiros da empresa. Silva (2018) destaca que é possível, a partir da elaboração do fluxo de caixa, verificar e planejar eventuais excedentes e escassez de caixa, o que provocará medidas que venham a sanar tais situações.
É importante, que o profissional ao elaborar o fluxo de caixa, tome cuidado para não confundir as entradas de valores monetários com o lucro. O lucro utiliza o regime da competência e, contabilmente deve ser registrado no momento da ocorrência do fato (por exemplo, da venda). Já o fluxo de caixa utiliza, como data referência para as entradas de valores, a data efetiva da entrada de valor, seja por recebimento de clientes, vendas à vista ou outro. Essa confusão pode distorcer totalmente um fluxo de caixa e pagamentos também.
Como o caixa de uma empresa está intimamente ligado a todas as suas operações que envolvam movimentação financeira, diversos fatores podem afetar o fluxo de caixa de uma companhia, causando diferenças entre o que foi projetado pela empresa e o realizado no período. Silva (2018) aborda os fatores internos e externos que podem interferir no fluxo de caixa projetado por uma empresa. Como fatores internos temos:
· Falta de um sistema de cobrança eficiente;
· Investimentos não planejados e inesperados;
· Aumento no prazo de vendas concedido como uma maneira de aumentar a competitividade ou a participação no mercado;
· Compras que não estão em linha com as projeções de vendas;
· Diferenças representativas no giro de contas a pagar e a receber em decorrência dos prazos médios de recebimento e pagamento;
· Capitalização inadequada com a consequente utilização de capital de terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento;
· Ciclos de produção muito longos que não estão em consonância com o prazo médio dado pelos fornecedores;
· Política salarial incompatível com as receitas e demais despesas operacionais;
· Pequena ocupação do ativo fixo;
· Expansão descontrolada das vendas, implicando um volume maior de compras e custos operacionais;
· Distribuição de lucros incompatíveis com a capacidade de geração de caixa;
· Custos financeiros altos originários do nível de endividamento;
· Giros do estoque lento, significando o carregamento de produtos obsoletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no estoque;
· Investimentos desnecessários e/ou indevidos em relação aos prazos e estratégias mal definidas com retorno mensurado pelo VPL negativo.
O Valor Presente Líquido (VPL) é uma análise utilizada para determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial.
Apesar de não ser uma tarefa fácil, esses fatores são mais fáceis de serem trabalhados e controlados pela empresa. Já os fatores externos independem da vontade e esforço da organização. De acordo com Silva (2018), são eles:
· Inflação (elevação do nível de preços), recessão e taxas de juros.
· Mudança na política cambial, fiscal e de crédito.
· Mudanças na política de importação e exportação.
· Diminuição das vendas em decorrência de retração do mercado.
· Novos concorrentes.
· Mudanças na legislação fiscal (aumento de alíquota de impostos e/ou novos impostos, ou seja, aumento da carga tributária).
· Aumento do nível de inadimplência.
· Diminuição do fechamento de contratos.
· Falta de foco na prospecção de novos clientes.
A projeção de fluxo de caixa de qualquer empresa deve ser sistemática e periodicamente revisada e atualizada, com base em fluxo efetivo e em alterações das premissas e condições anteriormente projetadas, para aproximar-se o mais possível do resultado financeiro efetivo (HOJI, 2017). Pois é importante que a informação do fluxo de caixa seja confiável e de qualidade, diminuindo a imprevisibilidade e, consequentemente, melhorando a gestão dos recursos financeiros.
Por fim, Silva (2018) atenta para o fato de que outra grande vantagem que o fluxo de caixa pode dar para a empresa é a capacidade de aprender com o passado e prever o futuro do caixa, assim, oferecendo suporte a decisões futuras importantes para o negócio.
Para mais dicas e modelos de fluxo de caixa, consulte o site do Sebrae: https://cutt.ly/DlRoNJs.
A maioria dos livros sobre fluxo de caixa tem uma abordagem voltada para o usuário externo. O livro Gestão do fluxo de caixa: perspectiva estratégica e tática, de Fábio Frezatti tem uma abordagem voltada para o usuário interno e pode ser de grande auxílio para o profissional.
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS E FINANCIAMENTOS
Elemento importante ao gerir os recursos financeiros de uma empresa é ser capaz de tomar decisões sobre como e onde captar recursos e onde aplicar o capital excedente de uma organização com o objetivo de maximizar os lucros.
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
A decisão de investir é a mais complexa das decisões financeiras, pois envolve incertezas em todo o seu processo, uma vez que trabalha com o intervalo de tempo entre o investimento hoje para recuperação no futuro (PADOVEZE, 2016). Ao investirum capital, espera-se uma geração de benefício futuro. Contudo, quando se fala em futuro, pode-se tentar prever o que acontecerá, mas é impossível eliminar o efeito do risco.
Risco é probabilidade de um fato ou evento acontecer, sendo ele positivo ou negativo.
Padoveze (2016) salienta que o capital investido tem um custo – custo financeiro ou de capital – que deve ser recuperado para justificar o investimento e o risco. Logo, alguns pontos devem ser observados ao se tomar uma decisão sobre investimento:
· o empreendimento ou o projeto de investimento; 
· o valor do investimento; 
· o período previsto de operacionalização do investimento; 
· os fluxos futuros de lucros e caixa previstos pelo investimento durante o período previsto; 
· o risco envolvido no investimento; 
· o custo do capital.
Quanto aos métodos utilizados para avaliação de investimentos, Hoji (2017, p. 173) apresenta alguns:
a) Método do Valor Presente Líquido: consiste em determinar o valor no instante inicial, descontando o fluxo de caixa líquido de cada período futuro (fluxo de caixa líquido periódico) gerado durante a vida útil do investimento, com a taxa mínima de atratividade, e adicionando o somatório dos valores descontados ao fluxo de caixa líquido do instante inicial. [...] O investimento será economicamente atraente se o valor presente líquido (VPL) for positivo. Este método é conhecido também como Método do Valor Atual Líquido. b) Método do Valor Futuro Líquido: determina o valor do fluxo de caixa no instante futuro, utilizando as mesmas formas de cálculo e critérios do Método do VPL, diferenciando-se somente quanto ao aspecto da data focal. c) Método do Valor Uniforme Líquido: consiste em transformar uma série de valores diferentes em valores uniformes, por meio da aplicação de uma taxa mínima de atratividade. d) Método da Taxa Interna de Retorno: a taxa de juros que anula o VPL é a taxa interna de retorno (TIR). Este método assume implicitamente que os fluxos de caixa líquidos periódicos são reinvestidos à própria TIR calculada para todo o investimento. O investimento será economicamente atraente se a TIR for maior do que a taxa mínima de atratividade. e) Método do Prazo de Retorno: consiste na apuração do tempo necessário para que a soma dos fluxos de caixa líquidos periódicos seja igual ao do fluxo de caixa líquido do instante inicial. Este método não considera os fluxos de caixa gerados durante a vida útil do investimento após o período de payback (prazo de retorno) e, portanto, não permite comparar o retorno entre dois investimentos. Mas é um método largamente utilizado como limite para determinados tipos de projetos, combinado com outros métodos.
Independente da metodologia adotada para avaliar um investimento, cabe lembrar que aplicar mais de uma pode contribuir para facilitar e dar mais segurança à escolha.
ANÁLISE DE FINANCIAMENTOS
Frequentemente o gerente financeiro necessita escolher o melhor mix de financiamento para um projeto ou estrutura de capital da empresa, entre capital próprio e de terceiros (PADOVEZE, 2016). Capital próprio significa que a empresa pretende captar recursos dos sócios e capital de terceiros, que buscará recursos fora da sua unidade, por exemplo, instituições financeiras. Independente da fonte de financiamento, ambas esperam ser remuneradas por isso.
De acordo com Padoveze (2016) ao se tomar decisões sobre financiamentos, deve-se observar as variáveis:
· o montante do investimento; 
· a disponibilidade de fundos de capital, próprios e/ou de terceiros; 
· o risco do investimento; 
· o custo de capital das fontes de financiamento.
Há ainda casos em que a empresa necessita de recursos para capital de giro. Como salienta Ornelas (2020, p. 95): “muitas empresas quebram não porque não vendem, mas porque vendem demais e de forma desorganizada, ficando com “buracos” no caixa, o que as leva a buscar ajuda desesperada em bancos para conseguir capital de giro”. O capital de giro é um dos mais caros oferecidos pelas instituições financeiras. 
Daí a necessidade de uma boa gestão de recursos financeiros, desde o desempenho das tarefas básicas. Isso possibilitará uma projeção de fluxo de caixa com a menor variação possível e os gestores podem se preparar com antecedência para a escolha das fontes de financiamento.
Para mais sobre análise de investimento e financiamento, leia o livro Análise de investimento: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial.
RESUMO
Saber gerir as finanças é primordial na vida de qualquer pessoa ou organização. O mercado de trabalho cada vez mais valoriza profissionais com tais competência. Sendo responsável pela análise, planejamento e controle financeiro, bem como tomada de decisões sobre investimento e financiamento, o profissional dessa área é vital para sobrevivência, continuidade e geração de valor das empresas. A denominação do cargo, a quantidade de tarefas e o nível de responsabilidade varia de empresa para empresa. Em organizações de grande porte, diversos profissionais costumam desempenhar as tarefas relacionadas à administração financeira, muitas vezes segregados em setores. Já em empresas menores, uma ou duas pessoas costumam desempenhar essa função. Dentre as funções do gerente financeiro estão tesouraria, contas a pagar, contas a receber, elaboração de fluxo de caixa e análise de investimentos e financiamento. A tesouraria compreende o controle das disponibilidades da empresa – caixa, conta corrente e aplicação de liquidez imediata. A atividade de contas a pagar exige um contato próximo dos fornecedores, por exemplo. Para o bom desempenho da atividade de contas a receber é necessário o conhecimento de políticas de crédito e cobrança. E, por fim, o gerente financeiro necessita analisar onde pode obter recursos para a empresa e também onde pode investir o capital da organização, com o objetivo de aumentar a geração de valor para a mesma.
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CONTABILIDADE FINANCEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
· Conhecer os elementos das principais demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa);
· Elaborar as principais demonstrações contábeis utilizadas para fins gerencias;
· Interpretar os relatórios contábeis de modo a utilizar a sua informação para tomada de decisão.
INTRODUÇÃO
O termo Balanço Patrimonial (BP) é um dos mais conhecidos no meio da Contabilidade, é quase impossível falar em contabilidade e não visualizar um BP, por ser uma das demonstrações mais importantes da empresa. Também, é um dos mais importantes e significativos relatórios gerados pela contabilidade (BRUNI, 2014).
Para Martins (2020), tal relatório é uma das demonstrações contábeis mais importantes aos processos de tomada de decisão por parte dos usuários das informações oriundas da contabilidade.
É importante ter em mente que o  Balanço Patrimonial é um reflexo dos dados da empresa, através dessa demonstração, qualquer pessoa interessada pode saber o desempenho da empresa, se ela está apresentando lucros ou prejuízos, qual o valor que tem em caixa, quais são os valores devidos a fornecedores, e outras informações sobre a situação financeira da empresa. Os elementos do Balanço permitem, conforme salienta Martins (2020, p. 21): “que sejam tiradas conclusões a respeito da solvência, liquidez, endividamento, estrutura patrimonial e rentabilidade, entre outros aspectos”, fundamentais para análise e tomada de decisão.
Segundo o Velter e Missagia (2011, p. 581), o Balanço Patrimonial:
Tem por objetivo evidenciar a situação patrimonial da entidade em um dado momento, após a contabilização de todos os atos e fatos consignados na escrituração contábil, sendo por este motivo chamado de balanço patrimonial.
Por sempre representar uma situação de equilíbrio, esse demonstrativo recebe o nome de Balanço Patrimonial, representando uma fotografia em um dado momento do patrimônio da entidade. É estático e representa um instante da situação patrimonial (BRUNI, 2014), ou seja, representa a situaçãopatrimonial para um período – exercício social – específico e não a evolução ao longo de todo o tempo de existência da organização.
O balanço patrimonial é apresentado sempre no final do exercício social, e é dividido em três partes: o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. Cada parte do Balanço irá apresentar características específicas da sua conta, no Ativo são apresentados os valores dos bens e direitos, no Passivo serão demonstradas as obrigações, e no Patrimônio Líquido são descritos os valores da situação líquida da empresa. 
Também pode ser encontrado, principalmente em Finanças, a utilização da expressão “Investimentos” no lugar de “Ativos”. Da mesma forma, é mais usual a expressão “Financiamentos” ao invés de “Passivos”. Contudo, o importante é que fontes e usos, origens e aplicações de recursos devem se manter sempre em equilíbrio (BRUNI, 2014). O valor do Ativo Total da empresa deverá ser igual ao valor do Passivo somado ao do Patrimônio Líquido.
Ainda, a atual legislação estabelece a seguinte classificação para o Ativo e o Passivo: circulante e não circulante (ASSAF NETO, 2016). Na Figura 2 é apresentado um modelo de Balanço Patrimonial. Cabe ressaltar que a nomenclatura utilizada não é obrigatória do ponto de vista legal, podendo sofrer variações de uma empresa para outra.
Figura 2 – Estrutura do Balanço Patrimonial
Fonte: Martins (2020, p. 21).
O Balanço Patrimonial passou a ser obrigatório para as empresas com a promulgação da Lei das Sociedades por Ações, em 1976, junto com outras demonstrações contábeis, como a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
Cada demonstração vai tratar de uma parte específica do patrimônio da empresa, ficando sempre evidenciando as transformações do lucro, das despesas e receitas. Como vimos, o Balanço Patrimonial vai apresentar três partes, o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido, e é sobre elas que vamos estudar a seguir.
ATIVO
O Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade (MARTINS, 2020). As contas do Ativo representam bens, direitos e outros recursos da organização que gerem ou ajudem a gerar caixa.
De modo simples, os bens são quaisquer coisas possíveis de avaliação em dinheiro e que tenham a capacidade de satisfazer uma necessidade humana e os direitos são valores a serem recebidos de terceiros, por vendas a prazo ou valores de propriedade da empresa que se encontram em posse de terceiros (BRUNI, 2014).
É importante destacar que o ativo só deve ser reconhecido no Balanço Patrimonial de uma entidade, quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade (SILVA, 2017). Isso ocorre porque uma demonstração contábil deve fornecer informações confiáveis para os usuários.
O grupo do Ativo, no balanço patrimonial é dividido em duas partes, a primeira é chamada de Circulante, e a segunda parte é Não Circulante. Martins (2020), destaca que as contas do Ativo são dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez, ou seja, de acordo com a velocidade em que podem ser convertidas em caixa. Seguindo essa lógica, na classe do Ativo Circulante estão localizadas as contas de maior liquidez, ou seja, se fosse preciso transformar esses bens em dinheiro, eles seriam transformados mais rapidamente que os bens que se encontram no grupo do Ativo Não Circulante.
Inicialmente o lado do ativo será representado pelos valores do Ativo Circulante, apresentado por suas contas, e o seu valor total, em seguida são expostos os valores do Ativo Não Circulante, e ao final o valor total da soma desses dois grupos de ativo.
O ativo circulante corresponde aos valores que estão de posse da entidade, realizáveis no curto prazo, ou seja, um ciclo operacional da empresa – que geralmente corresponde a um ano.
Martins (2020, p. 23) explica a composição do Ativo Circulante:
a) Disponível (caixa e equivalentes de caixa): composto pelas contas de maior grau de liquidez, a começar pelo próprio caixa, cheques recebidos e ainda em poder da entidade, saldo de depósitos bancários a vista e aplicações de liquidez imediata. b) Contas a Receber: são os valores a receber da entidade no curto prazo. São as contas relativas a vendas ou prestação de serviços a prazo a clientes, deduzidas das provisões de perdas com créditos de liquidação duvidosa. Também fazem parte desse grupo outros valores a receber no curto prazo decorrentes de transações da entidade (dividendos, adiantamentos, juros a receber etc.). c) Estoques: são os diversos inventários da empresa (mercadorias a serem revendidas, produtos acabados, matéria-prima e outros materiais estocados). A base elementar de atribuição de valor aos estoques é o custo de aquisição ou de produção. No entanto, se o valor realizável líquido for menor, deve-se constituir provisão para perda. Pois, de acordo com o “CPC 16 – Estoques”, os estoques devem estar registrados pelo valor de custo ou valor realizável líquido, dos dois o menor. d) Ativos Especiais e Despesas Antecipadas: ativos especiais são bens que a empresa pode comercializar sem perder a posse e propriedade dos mesmos (por exemplo, filmes, bancos de dados, softwares etc.). Já as despesas antecipadas são aquelas já contratadas, mas ainda não consumidas. Geralmente tais despesas são consumidas no próximo exercício (por exemplo, seguros antecipados, assinaturas de jornais e revistas pagas antecipadamente, entre outros).
O ativo não circulante possui subdivisões mais específicas como o realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível, são bens que possuem uma liquidez superior a de um exercício fiscal – ou ciclo operacional.
O Conselho Federal de Contabilidade emitiu as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T XX – Conteúdo e Estrutura das Demonstrações Contábeis, que trata sobre as demonstrações contábeis obrigatórias e do item 11 ao 25 trata especificamente sobre as particularidades do Balanço Patrimonial, as quais valem a pena serem estudadas. Basta acessar o Link: https://cutt.ly/IlRpGMV.
O ativo Não Circulante vai apresentar os valores dos bens que não estão diretamente ligados à atividade principal da empresa, como por exemplo, no subgrupo de Investimentos os valores serão representados pelos bens que foram adquiridos com o objetivo de investir o capital da empresa.
No subgrupo do Realizável a Longo Prazo os bens que serão contabilizados são aqueles que poderão ser cobrados no prazo superior a 12 meses. Por exemplo, os empréstimos ou adiantamentos concedidos a coligadas ou controladas, a diretores ou acionistas – neste último caso, mesmo que sejam realizáveis no curto prazo (MARTINS, 2020), os impostos a recuperar a longo prazo ou até mesmo as duplicatas de clientes com prazo de mais de um ano.
Os Investimentos, terceiro subgrupo do não circulante vão abranger os valores das aplicações da empresa, em seguida temos o Imobilizado o qual representa os bens utilizados para a manutenção das atividades empresariais, que se espera utilizar por mais de um exercício social, como por exemplo, o prédio onde a empresa funciona, máquinas e equipamentos, veículos etc.
 Por fim, temos o subgrupo do Intangível, onde estão classificados os bens incorpóreos dos quais se espera geração de benefício futuro para a entidade. São exemplos: direitos autorais, patentes, marcas, receitas, fundo de comércio adquirido no balanço consolidado (ágio por expectativa de rentabilidade futura ou goodwill), gastos com desenvolvimento de novos produtos etc (MARTINS, 2020).
PASSIVO
O Passivo é representado do lado direito do Balanço Patrimonial é constituído por todas as obrigações da empresa. Neste grupo são classificadas as obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos já ocorridos, cujas liquidações se espera que resultem em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos (MARTINS,2020). 
É também dividido em dois grupos, o Passivo Circulante e o Não Circulante, dispostas em ordem decrescente de exigibilidade. Martins (2020, p. 24) explica que isso significa que: “são apresentadas inicialmente aquelas que devem ser pagas primeiro, e por último, aquelas cujas datas de pagamentos estão mais distantes”.  
O Passivo Circulante representa as obrigações que a empresa tem no período de doze meses (um exercício social). Por exemplo, as contas: fornecedor, empréstimos, impostos a recolher.
No lado do Passivo Não Circulante serão descritas as contas que possuem vencimento após o exercício social, e de acordo com o Velter e Missagia (2011, p. 615), o passivo não circulante deve apresentar “as receitas diferidas diminuídas dos custos e a elas inerentes. Receitas diferidas são as que vieram substituir o que se chamava de exercícios futuros”.
Ao ser apresentado no Balanço Patrimonial as contas do Passivo serão somadas com as contas do Patrimônio Líquido que ficarão dispostas no mesmo lado do Balanço Patrimonial.
Para a melhor compreensão do balanço patrimonial das empresas e da forma que são definidos os valores e grupos, é de fundamental importância que o aluno visualize a divulgação dessas demonstrações. Como o balanço patrimonial é uma demonstração contábil obrigatória, muitas empresas divulgam em suas plataformas digitais os seus balanços, ficando o estudante com várias opções de pesquisa que valem a pena serem analisadas e estudadas.
Por fim, vale destacar que a depender da situação financeira da empresa, três situações patrimoniais podem ocorrer, a situação líquida positiva, a negativa e a nula.
A situação financeira positiva de uma empresa é encontrada quando o valor do Ativo supera o valor do Passivo. A situação negativa, é aquela definida também como, passivo a descoberto, é onde os valores dos Passivos superam os do Ativo.
Já a situação nula, é quando os valores do Ativo e Passivo são iguais, não tendo saldo em nenhum dos lados do Balanço.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
No Patrimônio Líquido é onde são encontrados os valores do capital social da empresa, o valor do resultado do exercício, das reservas de lucro, ou seja, o denominado capital próprio. Esse valor é obtido da equação patrimonial da subtração do Ativo pelo Passivo. 
De acordo com Velter e Missagia (2011, p. 615-6) o Patrimônio Líquido é:
O valor contábil que efetivamente pertence à entidade. Por esse motivo, é também chamado de capital próprio, mas não representa a obrigação para com os sócios ou titulares da empresa, pelo menos não exigível, pois estes não fizeram empréstimos àquela. Fizeram, isto sim, um esforço conjunto para a consecução de um objetivo.
O Patrimônio Líquido é a parte do balanço com mais particularidades, haja vista que existe uma demonstração específica que trata sobre as alterações na conta do Patrimônio Líquido, denominada Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.
Esta parte do Balanço Patrimonial é dividida entre capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucro, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.
A conta capital social é representada pelo valor que os sócios aplicaram no início da empresa, esses valores podem ser subscritos ou a realizar. O capital subscrito é aquele que os sócios colocam na empresa, para poder iniciar suas atividades, esse valor está descrito no contrato social e é registrado pela Junta Comercial do Estado.
O capital social a realizar é aquele valor no qual o sócio se compromete a passar para a empresa em um determinado período. Como a seguinte situação hipotética: dois amigos decidem abrir uma empresa e um deles decide aplicar o valor de R$ 20.000,00, e o outro vai aplicar o valor de R$ 2.000,00 e integralizar o valor do veículo que é de R$ 15.000,00.
Como observado o segundo sócio terá o capital subscrito de R$ 2.000,00 e o valor de R$ 15.000,00 a realizar por meio da venda do veículo.
A segunda conta do Patrimônio Líquido é a denominada Reserva de Capital, e de acordo com Martins (2020, p. 26), são:
[...] valores recebidos pela empresa que não transitaram pelo resultado como receitas ou despesas. Representam transações de capital com os sócios. Portanto, são valores que fortalecem o capital sem nenhuma contrapartida por parte da empresa, como ágio na emissão de ações e bônus de subscrição.
As Reservas de Capital são origens de recursos que não refletem esforço decorrente das atividades normais da empresa (VELTER; MISSAGIA, 2011), geralmente encontradas em empresas de grande porte, como as multinacionais.
O outro elemento encontrado no Patrimônio Líquido são os Ajustes de Avaliação Patrimonial. Essas avaliações são valores atualizados de aumentos do ativo ou de diminuições do passivo decorrentes de avaliações a preços de mercado, que por questões específicas não foram destinadas ao resultado.
Já as Reservas de Lucro são valores obrigatórios por Lei para empresas de grande porte e tem o objetivo de funcionar como uma poupança para a empresa. Entre as Reservas de Lucro temos a Reserva Legal, a Estatutária, a para Contingências, a de Incentivos Fiscais, de Retenção de Lucros e para Dividendo Obrigatório.
ELABORANDO UM BALANÇO PATRIMONIAL
Com o objetivo de compreendermos melhor a aplicabilidade do Balanço Patrimonial, vamos analisar uma situação hipotética de uma empresa de pequeno porte do ramo de vendas de peças de automóveis, e ao final elaborar o Balanço Patrimonial.
· Inicialmente vamos destacar que a empresa iniciou suas atividades em 02 de janeiro, com capital social de R$ 50.000,00, em dinheiro, adquiriu R$ 20.000,00 em 2.000 peças de mercadoria, sendo 10% pago à vista, e 90% a prazo, para 90 dias.
· A empresa adquiriu também um veículo que será responsável pela entrega das mercadorias, o veículo custou R$ 30.000,00 e foi parcelado por 36 meses.
· No decorrer do ano aconteceram as seguintes situações: a empresa comprou mais de R$ 100.000,00 em mercadoria, no total de 10.000 peças. Pagando 50% a vista e 50% a prazo. Comprou máquinas e equipamentos de informática no valor de R$ 10.000,00, a compra foi feita à vista.
· Ao final do ano foi destacado que a empresa vendeu 10.000 peças, 50% das vendas foram feitas à vista e 50% prazo, por um valor de R$ 150.000,00, sendo lucro de R$ 50.000,00.
· A empresa sentiu a necessidade de pegar um empréstimo bancário no valor de R$ 20.000,00, depositado diretamente na conta da empresa.
· A empresa adquiriu uma Obra de arte no valor de R$ 50.000,00, com o objetivo de investimento para a empresa, o valor da aquisição foi 20% em cheque, e 80% parcelado para 10 meses.
Diante das informações apresentadas e dos conhecimentos prévios sobre Balanço Patrimonial, vamos analisar a situação financeira da empresa nesse ano de operação.
O primeiro passo que devemos realizar é o balancete de verificação de cada situação ocorrida, conforme detalhado abaixo:
Ativo Circulante: 
Caixa: 
	Débito
	Crédito
	R$ 50.000,00(valor do capital social)
	
	
	R$ 2.000,00 (compra de 10% de mercadoria)
	
	R$ 50.000,00 (compra de 50% de mercadoria)
	
	R$ 10.000,00 (compra de equipamento de informática)
	R$ 75.000,00 (valor das vendas)
	
	TOTAL
	
	R$ 63.000,00
	
Duplicatas a Receber:
	Débito
	Crédito
	R$ 75.000,00 (valor das vendas a prazo)
	
	TOTAL
	
	R$ 75.000,00
	
Banco:
	Débito
	Crédito
	R$ 20.000,00 (valor do empréstimo)
	R$ 10.000,00 (valor de 20% de pagamento da obra de arte)
	TOTAL
	
	R$ 10.000,00
	
Mercadoria: 
	Débito
	Crédito
	R$ 20.000,00(valor das 2.000 peças)
	
	R$ 100.000,00 (valor das 10.000 peças)
	
	
	R$ 100.000,00 (venda das 10.000 peças)
	TOTAL
	
	R$ 20.000,00
	
Veículo: 
	Débito
	Crédito
	R$ 30.000,00(valor do veículo)
	
	TOTAL
	
	R$ 30.000,00
	
Ativo Não Circulante - Imobilizado 
Equipamentos de Informática: 
	Débito
	Crédito
	R$ 10.000,00(valor dos equipamentos)
	
	TOTAL
	
	R$ 10.000,00
	
Obra de arte
	Débito
	Crédito
	R$ 50.000,00(valor da obra)
	
	TOTAL
	
	R$ 50.000,00
	
Passivo Circulante: 
Fornecedor: 
	Débito
	Crédito
	
	R$ 18.000,00(compra de 90% de mercadoria)R$ 10.000,00 (compra de veículo, 12 primeiros meses)
	
	R$ 50.000,00 (compra de 50% de mercadoria)
	
	R$ 40.000,00 (compra de 80% de obra de arte)
	TOTAL
	
	
	R$ 118.000,00
Empréstimos Bancários:
	Débito
	Crédito
	
	R$ 20.000,00(valor do empréstimo)
	TOTAL
	
	
	R$ 20.000,00
Passivo NÃO Circulante: 
Fornecedor: 
	Débito
	Crédito
	
	R$ 20.000,00 (compra de veículo, 24 meses restante)
	TOTAL
	
	
	R$ 20.000,00
Patrimônio Líquido
Capital Social:
	Débito
	Crédito
	
	R$ 50.000,00 (valor do Capital Social)
	TOTAL
	
	
	R$ 50.000,00
Lucro Acumulado:
	Débito
	Crédito
	
	R$ 50.000,00 (valor do lucro das vendas)
	TOTAL
	
	
	R$ 50.000,00
Após elaborar a verificação de cada conta contábil, vamos lançar os valores no Balanço Patrimonial, para isso, vamos analisar o lançamento abaixo:
	ATIVO
	PASSIVO
	Ativo Circulante
	Passivo Circulante
	Caixa R$ 63.000,00
	Fornecedor: R$ 118.000,00
	Banco R$ 10.000,00
	Empréstimo Bancários R$ 20.000,00
	Duplicatas a receber R$ 75.000,00
	
	Mercadorias R$ 20.000,00
	Passivo Não Circulante
	Veículo R$ 30.000,00
	Fornecedor: R$ 20.000,00
	Ativo Não Circulante
	
	Imobilizado
	PATRIMÔNIO LÍQUIDO
	Equip. de Informática R$ 10.000,00
	Capital Social: R$ 50.000,00
	Investimento
	Lucro Acumulado: R$ 50.000,00
	Obra de Arte R$ 50.000,00
	
	Total do Ativo
	Total do Passivo
	R$ 258.000,00
	R$ 258.000,00
Esse é o Balanço Patrimonial da empresa após um ano de atividade, podemos analisar que a empresa apresentou lucro de R$ 50.000,00.
Além disso, para o próximo ano de atividade será necessário a aquisição de mais mercadorias para melhorar o estoque da empresa.
Por fim, podemos concluir que para que seja elaborado um balanço patrimonial, é necessário inicialmente realizar a verificação das contas contábeis, para somente após esses lançamentos os valores serem lançados no Balanço Patrimonial.
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
O Balanço Patrimonial demonstra a situação patrimonial de uma entidade em um determinado instante. Uma maneira de complementar essa informação , ou seja, demonstrar o que ocorreu entre dois balanços distintos, envolve a demonstração do lucro ou prejuízo que a entidade registrou no período. Martins (2020) destaca que uma das principais demonstrações contábeis que exerce exatamente esse papel é a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).
Sendo uma demonstração obrigatória nas empresas a aponta o resultado líquido da empresa, ou seja, o lucro ou prejuízo, baseando-se na diferença entre as receitas e despesas.
De acordo com Velter e Missagia (2011, p. 503) a DRE tem o objetivo de:
Fornecer aos usuários da Contabilidade os dados essenciais para formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício, que comporão o balanço patrimonial. Portanto, basicamente a DRE é uma forma organizada e resumida de confrontar receitas com despesas para obter o resultado do período.
Essa demonstração é muito utilizada por acionistas que desejam adquirir ações de companhias abertas, pois nela fica claro o desenvolvimento da empresa, ou seja, se a mesma está tendo lucros ou prejuízos no exercício social.
Além disso, a DRE é uma ferramenta gerencial para os gestores, pois através dela informações como os valores das despesas, tipos e quantidade ficam evidenciadas, podendo os profissionais se basear nos seus dados para buscar e montar estratégias de redução dessas despesas, além de gerar ferramentas para auxiliar no aumento das receitas
Conforme o que determina a Lei das Sociedades por Ações, de 1976, a DRE deve apresentar os valores das receitas brutas e líquidas, das despesas, da apuração do resultado antes e depois do Imposto de Renda e por fim o resultado do exercício. Desse modo, para que possamos entender o funcionamento da DRE é necessário conhecer o conceito dos dois principais elementos dessa demonstração, que são as Receitas e as Despesas, que é o que vamos aprender a seguir.
RECEITAS
Ao ouvir a palavra Receita, no sentido de finanças, pensamos logo em dinheiro, pagamento, e é esse o sentido das Receitas na empresa. Podemos definir como sendo todo o valor que a empresa recebe de seus clientes, seja por vendas, por serviços, por aluguel, entre outros tipos.
Todos os ingressos de elementos para o ativo, sejam de disponibilidades, de bens, ou de direitos, geralmente correspondentes a um esforço produtivo da empresa, ou ainda a uma redução de obrigações com terceiros são considerados receitas. Eles provocam um aumento da situação líquida da empresa (VELTER; MISSAGIA, 2011).
De acordo com Martins (2020, p. 32):
Em termos conceituais, receitas são entendidas como aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade.
Na DRE, as receitas são reconhecidas quando resultam em aumentos nos benefícios econômicos futuros oriundos do aumento de um ativo ou da diminuição de um passivo que possam ser determinados em bases confiáveis  (MARTINS, 2020). Dessa maneira, um aumento na receita acontece paralelamente ao reconhecimento de aumentos de ativos ou de diminuições de passivos.
Como podemos observar as receitas possuem várias formas, e o seu tipo vai depender de onde ela foi originada, ou seja, as receitas de vendas logicamente vêm dos valores recebidos das vendas, as receitas financeiras são aquelas relacionadas a juros, descontos recebidos, rendimentos de aplicações, as receitas não operacionais são aquelas que não decorrem da atividade principal da empresa, como por exemplo, a venda de um carro, ou o aluguel de um imóvel.
O profissional que atua na financeira da empresa deve estar familiarizado com todos os tipos de receita que existem na Contabilidade, é importante conhecer o conceito de cada uma delas, para poder aplicar corretamente no momento em que ela ocorrer na empresa. Algumas receitas devem estar descritas na Demonstração do Resultado do Exercício, entre elas temos, as receitas de amortização de deságio de investimento, de alugueis, de provisões, do resultado positivo em participações societárias, dos ganhos de capital, do lucro na venda de ações, e de doações. É importante conhecer o conceito e a aplicação de cada uma delas. Bons estudos!!
O lançamento da receita na Demonstração do Resultado do Exercício vai ter valor positivo, no entanto ao final da apuração o valor encontrado será lançado no Balanço Patrimonial da empresa do lado do Patrimônio Líquido, sendo classificado como crédito.
DESPESAS
O termo despesa na contabilidade é um pouco complexo, pois devemos entender a diferença de conceito entre despesa e custo, para podermos classificar de forma correta. Vamos conhecer inicialmente o conceito de Custo, custo é todo valor que a empresa gasta com a fabricação de um produto, por exemplo, em uma indústria de calçados, o custo vai ser toda a matéria prima para fabricação do produto, a energia elétrica gasta nesse processo, o valor do galpão onde são fabricados os materiais, enfim tudo que estiver relacionado à fabricação de materiais.
A despesa é um gasto mais abrangente, que não está relacionado com a fabricação, como descrito por Velter e Missagia (2011, p. 34):
Para gerir suas atividades, a empresa incorre em gastos, normais ou extraordinários, sempre com o objetivo de obter receitas. A esses gastos dá-se o nome de Despesas, que resultam em redução do patrimônio líquido (aumento do passivo ou redução do ativo).
Martins (2020) complementa que as despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em uma diminuição do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários (sócios) da entidade. 
Como podemos observar o conceito de despesa é bem amplo, e pode ser resumido como todo valor que a empresa investe para obter receitas. Podemos exemplificar a despesa como o valor gasto no pagamentodos funcionários, ou no aluguel da loja que funciona a empresa.
Conhecer a forma como os valores são contabilizados em uma empresa é o que vai lhe tornar um profissional de sucesso, por isso é importante conhecer sobre todas as formas de contabilização. No Brasil a grande maioria das empresas é de médio e pequeno porte, por isso o Conselho Federal de Contabilidade, publicou uma Resolução que trata sobre as formas de demonstrações contábeis obrigatórias, como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício, e as características de receitas e despesas nessas empresas, que valem a pena ser estudadas, basta acessar o link: https://cutt.ly/vlRp5n0.
As despesas vão ser contabilizadas na demonstração do exercício com valores negativos, subtraindo das receitas para dar o resultado do período. Martins (2020, p. 32) lembra que:
Uma despesa é reconhecida imediatamente na demonstração do resultado quando um gasto não produz benefícios econômicos futuros ou quando, e na extensão em que os benefícios econômicos futuros não se qualificam, ou deixam de se qualificar, para reconhecimento no Balanço Patrimonial como um ativo. Uma despesa é também reconhecida na demonstração do resultado quando um passivo é incorrido sem o correspondente reconhecimento de um ativo, como no caso de um passivo decorrente de garantia de produto.
As despesas são divididas em partes do mesmo modo que as receitas, despesas financeiras são aquelas oriundas de juros, de taxas de banco, de variação monetária, a de venda é aquela que está relacionada com a venda da mercadoria, como frete, comissões, garantias, propaganda, estadia e viagens com o pessoal de vendas, entre outros gastos que estão ligados diretamente ao trâmite da venda da mercadoria.
As despesas administrativas são aquelas relacionadas a pagamento de funcionários, água, luz, transporte e alimentação, aluguéis. As operacionais são aquelas relacionadas a contribuições sindicais, depreciação, amortização, doações, com veículos, com perdas em investimento.
Além desses tipos de despesas, temos as Perdas, que na contabilidade também estão relacionadas nesta conta. De acordo com Velter e Missagia (2011, p. 34):
Perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade, representando decréscimos nos benefícios econômicos e, como tal, não são de natureza diferente das demais despesas. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e inundações, assim como as que decorrem da venda de ativos não correntes.
As perdas são os imprevistos que podem ocorrer em uma empresa, no Brasil em muitos estados, acontecem inundações, que causam destruição, afetando também as empresas, essas situações são definidas pela contabilidade como Perdas, e vão reduzir o patrimônio da empresa.
Por fim, é nítida a importância da Demonstração do Resultado do Exercício na empresa, e um profissional eficiente vai trabalhar com um planejamento definido para reduzir ao máximo o valor das despesas, tentar prever as perdas e aumentar as receitas, gerando um resultado financeiro positivo.
ELABORANDO UMA DEMONSRTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Para assimilarmos o que foi aprendido vamos analisar na prática como elaborar uma DRE, imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa Souza XX LTDA atua no mercado de atacado, e durante o ano apresentou um valor de vendas de R$ 900.000,00, além das vendas a empresa realizou serviços de montagem de peças e adquiriu um valor anual de R$ 125.000,00, pagou a folha de pagamento no valor de mensal de R$ 7.000,00, pagou o aluguel mensal no valor de R$ 2.500,00, o custo das mercadorias vendidas foi de R$ 100.000,00, o valor das despesas de água e luz representaram um valor anual de R$ 100.000,00.
Para podermos resolver a situação, o primeiro passo é separar os valores de receita, e o valor de despesa. Em seguida proceder a montagem da DRE:
	(+) Receita de Vendas: 
	R$ 900.000,00
	(+) Receita de Serviços: 
	R$ 125.000,00
	(-) Custo de Mercadorias Vendidas: 
	R$ 100.000,00
	(=) Lucro Bruto
	R$ 925.000,00
	(-) Despesa com Pessoal: R$ 7.000,00 X 12 (meses)
	R$ 84.000,00
	(-) Despesa com Aluguel: R$ 2.500,00 x 12 (meses) 
	R$  30.000,00
	(-) Despesa com Água e Luz:
	R$ 100.000,00
	(=) Lucro Líquido
	R$ 710.000,00
Nessa situação podemos dizer que o lucro líquido da empresa após apurado os custos e despesas foi de R$ 710.000,00. Ao final da DRE, o valor encontrado, se for positivo, irá entrar no balanço patrimonial, no lado do patrimônio líquido, como Lucro acumulado, e se for negativo como Prejuízo acumulado.
FLUXO DE CAIXA
A falta de geração de caixa em volume suficiente para financiar as operações de uma empresa é o que tem levado muitas ao processo de falência, com a ressalva de que nem sempre uma empresa lucrativa consegue gerar caixa (SILVA, 2017, p. 55). Neste sentido, os usuários das demonstrações contábeis (internos ou externos) estão interessados em saber como a empresa gera e gerencia/utiliza caixa e equivalentes de caixa.
De acordo com Martins (2020) é por meio da DFC que os usuários das demonstrações contábeis podem avaliar a capacidade de gerar fluxos futuros de caixa da entidade, a capacidade de saldar obrigações e pagar dividendos, a flexibilidade financeira da empresa e a taxa de conversão do lucro em caixa entre outros aspectos.
A Demonstração do Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as empresas em 2007, com a inclusão do inciso na Lei 6404/74, desse modo todas as empresas devem elaborar a demonstração periodicamente. As informações contidas na DFC, em conjunto com outras demonstrações contábeis, devem ser suficientes para que seus usuários possam conhecer e avaliar a capacidade de geração de caixa da empresa (HOJI, 2017).
Cabe ressaltar que existe uma diferença entre a DFC e o fluxo de caixa gerencial que a empresa utiliza internamente. Diferença essa que consiste basicamente no período e no modo de apresentação, pois existem orientações sobre o modo de apresentação da DFC, com o objetivo de facilitar a interpretação e comparabilidade. Já o fluxo de caixa gerencial utilizado internamente na empresa não precisa seguir nenhuma estrutura específica e pode ser adaptado às necessidades da empresa.
A DFC deve apresentar entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa do  período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Martins (2020, p. 47) define tais atividades:
Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade bem como outras atividades não enquadradas em financiamento ou investimento. Exemplos: pagamento a fornecedores, recebimento de clientes, pagamento de salários etc. Atividades de investimento: são aquelas referentes à aquisição e venda de ativos (a maioria de longo prazo) e, também, os investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Exemplos: compra e venda de imobilizados; aplicações financeiras de longo prazo; compra e venda de investimento em coligadas etc. Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e endividamento da entidade. Exemplos: empréstimos e financiamentos de longo prazo obtidos; emissão de debêntures, aumento de capital em dinheiro, distribuição de lucros etc.
O Conselho Federal de Contabilidade emitiu as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TG – 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa, que trata exclusivamente sobre essa importante demonstração, apresentando seu objetivo, alcance, além de outras informações importantes que vale a pena serem analisadas e estudadas, basta acessar o link: https://cutt.ly/vlRagkb.
A demonstração de fluxo de caixa pode ser realizada de duas formas, uma denominada método direto, e outra indireto, segundo Hoji (2017), o método direto demonstra os principais itens de recebimento e pagamento pelos seus efetivos valores, o que facilita a visualização e a compreensão dos fluxos financeiros. Para assimilarmos melhor o método direto do fluxo decaixa vamos analisar a estrutura da demonstração apresentada na Figura 3:
Figura 3 - DFC pelo método direto
Fonte: Hoji (2017, p. 266).
Já o método indireto parte do lucro ou prejuízo líquido do exercício, ajustando os valores que não impactaram o caixa, complementando com aumento ou redução dos saldos das contas de ativos e passivos operacionais (HOJI, 2017).
 Para uma melhor visualização vamos analisar a Figura 4, que consta todos os itens da demonstração do fluxo de caixa realizado pelo método indireto:
Figura 4 - DFC pelo método indireto
Fonte: Hoji (2017, p. 267).
Analisando a estrutura dos dois métodos o que podemos observar entre as diferenças é que o valor inicial apresentado no método direto é aquele valor bruto das vendas e no método indireto o que está sendo utilizado é o valor do lucro líquido, ou seja já deduzidos os impostos.
Outra diferença entre os métodos diz respeito a estrutura das atividades de investimento e de financiamento, uma vez que no método direto é utilizado os valores brutos das vendas e resgates dessas contas, e no método indireto esses valores já estão incluídos no lucro líquido.
Hoji (2017) considera que em termos de poder informacional dos fluxos das atividades operacionais, é inferior à DFC elaborada pelo método direto, mas é mais fácil de ser elaborada.
Agora com o objetivo de analisarmos a aplicação da demonstração do fluxo de caixa nas empresas, vamos realizar um estudo de caso, é só continuar os estudos no próximo item.
ESTUDO DE CASO DO FLUXO DE CAIXA
Sabendo que o método de fluxo de caixa mais utilizado pelas empresas é o direto, vamos analisar uma situação hipotética de uma empresa de pequeno porte, e apresentar a demonstração do fluxo de caixa pelo método direto.
A empresa Cerqueira Ltda ao encerrar o exercício financeiro do ano de 2019 apresentou os seguintes resultados:
· Recebeu dos clientes entre valores de vendas e serviços R$ 200.000,00;
· Pagou os fornecedores em compras de mercadorias no valor de R$ 100.000,00;
· Pagou o aluguel do estabelecimento no ano no valor de R$ 24.000,00;
· Pagou Salários de Funcionários, junto com encargos sociais no valor de R$ 50.000,00;
· Vendeu um terreno que tinha de investimento no valor de R$ 80.000,00;
· Comprou móveis e utensílios no valor de R$ 20.000,00;
· Aplicou investimentos permanentes no valor de R$ 10.000,00;
· Integralizou o capital social em R$ 50.000,00;
· Captou empréstimos a longo prazo no valor de R$ 30.000,00;
· Pagou dividendos no valor de R$ 60.000,00.
Analisando essas informações vamos iniciar a elaboração da demonstração do fluxo de caixa pelo método direto:
	Exercício encerrado em 
	31/12/2019
	ATIVIDADES OPERACIONAIS
	(+) Recebimento de vendas e serviços
	R$ 200.000,00
	(-) Pagamento a fornecedor
	R$ 100.000,00
	(-) Pagamento de Custos diversos e despesas
	R$ 74.000,00
	(=) Caixa Líquido gerado pelas operações
	R$ 26.000,00
	ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
	(+) Venda de Imobilizado
	R$ 80.000,00
	(-) Aquisição de Imobilizado
	R$ 20.000,00
	(-) Aplicação de Investimento Permanente
	R$ 10.000,00
	(=) Investimento Líquido
	R$ 50.000,00
	ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS 
	(+) Integralização de capital
	R$ 50.000,00
	(+) Captação de empréstimo a longo prazo
	R$ 30.000,00
	(-) Pagamento de Dividendos
	R$ 60.000,00
	(=) Operações financeiras líquidas
	R$ 20.000,00
	SUPERÁVIT DE CAIXA
	R$ 96.000,00
Ao final da demonstração do fluxo de caixa da empresa Cerqueira Ltda no ano de 2019, podemos observar que a mesma apresentou um saldo positivo em sua conta no valor de R$ 96.000,00, isso quer dizer que a empresa conseguiu, após pagar todas as suas dívidas, encerrar o exercício financeiro com um valor positivo.
Ao analisar essa demonstração os diretores e administradores da empresa deverão iniciar o planejamento de forma que os recursos relacionados ao Superávit do caixa sejam aplicados em formas de investimento com o objetivo de gerar um maior resultado operacional positivo para os próximos exercícios sociais.
Além disso, deve iniciar um processo de planejamento em todas as áreas da empresa com a finalidade de melhorar as áreas que apresentaram resultados menos favoráveis, e estimular o processo de aumento de vendas e redução de custos.
A contabilidade pode ser observada desde a antiguidade, onde mercadores faziam anotações de suas transações comerciais, é notório que essas anotações eram primitivas, no entanto buscava registrar o patrimônio. Além dos mercadores, o Governo também fazia a contabilidade de várias maneiras, como para registrar suas posses, para receber os valores das cobranças dos tributos e até mesmo para calcular os tributos que deveriam ser pagos pelos cidadãos.
Com o passar dos anos a Contabilidade passou a ser mais profissional, e foram surgindo algumas regulamentações para padronizar as ações, até que se tornou uma ciência, sendo considerada como Ciências Contábeis.
Atualmente existem diversas formas de contabilizar os valores do patrimônio de uma empresa, seja através de sistemas dotados de mais recursos, através de livros fiscais e até mesmo de planilhas que auxiliam o controle dos registros.
Conhecer sobre as demonstrações contábeis, e saber realizá-las de forma correta, seguindo todos os regulamentos e normas é um diferencial do profissional que trabalha na área contábil de uma empresa.
No entanto, atualmente a profissão exige mais conhecimento do que simplesmente escriturar o ativo, passivo e patrimônio líquido, exige que o profissional interprete esses dados e utilize-os a favor da empresa.
Conhecer sobre as demonstrações de resultado do exercício, do fluxo de caixa, saber o momento ideal de utilizá-las, elaborar relatórios de gerenciamento é um papel importante dessa profissão, pois através desses valores muitas decisões podem ser tomadas.
Por fim, é de fundamental importância o profissional financeiro ter em mente que as informações que por ele serão prestadas devem ser fidedignas, coesas e confiáveis, pois essas informações vão ter o poder de alterar a estrutura da empresa, de ganhar mais sócios e até mesmo definir o momento da empresa finalizar suas atividades por estar em prejuízo.
ORÇAMENTO BASE ZERO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
· Compreender a finalidade do Orçamento Base Zero;
· Entender o processo de elaboração dessa ferramenta orçamentária;
· Elaborar um orçamento por meio de exemplo prático.
ORÇAMENTO
Os empresários têm buscado, cada vez mais, controlar as finanças da empresa, com o objetivo de maximizar o valor do lucro de suas atividades e reduzir os custos. O orçamento tem sido uma ferramenta aliada para o controle de gestão dessas instituições.
Nos dias atuais, orçar os gastos, prever as despesas, os custos de produção, os desembolsos e as receitas futuras, pode ser vital para a saúde da empresa. Quando a empresa conhece seu fluxo de caixa antecipadamente pode encontrar soluções para superar as dificuldades e, até mesmo, encontrar oportunidades frente às concorrentes. Mais do que isso, o processo orçamentário pode ser um aliado, modificando a forma de atuação e competição da empresa, permitindo identificar os verdadeiros obstáculos e oportunidades de crescimento (WELSCH, 2012).
No entanto, para que os empresários possam controlar seus gastos, é necessário que planejamento e orçamento estejam em harmonia, com planos de metas e objetivos claros e coesos, garantindo a execução das atividades. O processo de planejamento das ações da empresa inicia no momento da elaboração do plano de negócios, traçando as metas, o público-alvo, a perspectiva de gastos e custos, e a previsão de orçamento.
É importante destacar que apesar de se complementarem, planejamento e o orçamento são ferramentas diferentes, conforme demonstrado no Quadro 1:
Quadro 1 – Planejamento X Orçamento
Fonte: Oliveira, Perez e Silva (2005, p. 117).
O planejamento é um processo que acontece com o objetivo de definir o que a empresa pretende alcançar, e o que será necessário fazer para que seja alcançado, além de determinar várias possibilidades de situações que poderão acontecer. Para a elaboraçãodo planejamento todos os setores devem estar interligados, pois o sucesso da execução depende das decisões tomadas em conjunto. 
Já o orçamento reflete tudo aquilo que foi planejado, nele são previstas as tarefas que serão executadas pela organização, seja ela pública ou privada, tendo ou não finalidade lucrativa (RIBEIRO, 2017). Pode-se assim, utilizar o orçamento como uma ferramenta de controle das metas e objetivos da empresa. Por meio desse controle serão estabelecidos de forma quantitativa o valor obtido com os recursos investidos e o seu resultado dentro das suas atividades.
O processo orçamentário engloba três fases fundamentais: previsão (planejamento), orçamento e controle. Ribeiro (2017, p. 272) explica cada uma delas:
Previsão: estudo antecipado das alternativas de ação diante dos objetivos desejados. Em resumo, o planejamento deve prever as metas a serem alcançadas, sejam elas de curto, médio ou longo prazo. Orçamento: definição e formalização do plano de ação com especificação dos objetivos e meios para alcançá-los. Controle: comparação do desempenho real com o padrão fixado no orçamento, para levantar e analisar as variações visando aparar possíveis arestas que possam estar retardando a plena realização de tudo aquilo que foi planejado. Possibilita, portanto, a reavaliação dos objetivos almejados e das táticas e estratégias aplicadas.
Cada fase é importante para que o processo orçamentário atinja o seu objetivo. Além do mais, todas estão intimamente relacionadas ao processo de planejamento estratégico da empresa.
Ademais, o processo orçamentário: (i) estabelece metas e objetivos claros; (ii) pode ser utilizado como base para futura avaliação de desempenho; (iii) provê uma forma de comunicação gerencial acerca de planos; (iv) força os gerentes a pensar sobre ações para o futuro, evitando que estes, na ausência do orçamento, gastem esforços em ações do dia-a-dia; (v) provê uma forma de alocar recursos entre os departamentos e as áreas; (vi) pode evitar o surgimento de potenciais restrições; (vii) coordena as atividades por meio da integração dos planos das várias áreas e auxilia que estes estejam na mesma direção; (viii) define responsabilidades aos diversos departamentos; (ix) estabelece expectativas definidas; (x) é um instrumento de controle operacional; (xi) desenvolve a sofisticação da gestão em seu uso; (xii) gera flexibilidade administrativa; e, (xii) provê a elaboração de um plano realista de vendas (GARRISON, NOREEN, 2000; OLIVEIRA, PEREZ JR., SILVA, 2010; WELSCH, 2012).
Logo, a importância do orçamento não consiste unicamente no seu resultado, mas também em todo o processo desenvolvido para se chegar ao plano final aprovado pela empresa. Contudo, dificuldades podem ocorrer na elaboração do orçamento. Em alguns casos, as metas de receitas e custos são projetadas sem ter informações sólidas e, devem ser atingidas a qualquer custo; os responsáveis pelo orçamento se apegam excessivamente aos detalhes, esquecendo de gerenciar o que é importante; compram pacotes de software orçamentário prontos que não atendem as necessidades ou processos; estimam metas pouco realistas, esquecendo variáveis importantes; e, atentam em demasia para as variações, esquecendo de analisá-las de forma sistêmica (LEAHY, 2002).
O processo orçamentário pode e deve ser adaptável a maneira de gestão e cultura das organizações. As ferramentas gerenciais e o processo orçamentário sofreram adaptações ao longo dos anos, conforme as necessidades dos usuários foram mudando. De acordo com os estudos de Lunkes (2011), a evolução das práticas orçamentárias ocorreu em seis etapas principais: orçamento empresarial, orçamento contínuo, orçamento base zero, orçamento flexível, orçamento por atividades e beyond budgeting. Nos próximos capítulos, dar-se-á ênfase ao orçamento base zero.
ORÇAMENTO BASE ZERO
O Orçamento Base Zero (OBZ) tem sua origem nos fundamentos de Peter A. Pyhrr (1977), inicialmente implantado na empresa Texas Instruments, nos Estados Unidos, no final da a década de 70, com o passar do tempo foi difundido tanto para empresas do setor privado como para empresas governamentais. Essa ferramenta chegou no Brasil na década de 80 através da empresa Dow Química, sendo nos dias atuais um modelo bastante reconhecido nos meios empresariais (COBAITO, 2018). 
Pyhrr (1981) afirma que antes do surgimento do OBZ as técnicas orçamentárias existentes se preocupavam com o nível de gastos existentes como uma base estabelecida, analisando detalhadamente apenas os aumentos de receitas e corte de custos desejados. Esta premissa ignorava algumas questões fundamentais, como: qual a quantidade de colaboradores ideal para cada setor, e se os setores têm um nível de eficiência e eficácia nas suas atividades cotidianas.
Talvez o case mais conhecido de implantação do OBZ no Brasil é o da empresa AMBEV. Gimenez et al. (2013) destacam que apesar do OBZ ter sido desenvolvido originalmente para a indústria, respeitadas as diferenças dos segmentos, a técnica é perfeitamente aplicável em empresas de outros segmentos. Segundo Raza (2010), empresas como o Grupo Pão de Açúcar e a Nova Iguaçu Distribuidora de Bebidas, vêm obtendo resultados positivos após a implementação do orçamento base zero.
O importante ao aplicar, não somente o OBZ, mas qualquer outra ferramenta gerencial em uma empresa, é considerar as particularidades do negócio e do ambiente organizacional.
A maioria das ferramentas orçamentárias, utiliza-se de valores históricos para que assim se possam projetar os valores futuros. Já a principal característica do OBZ é a não utilização de valores históricos. Padoveze (2010) afirma que a proposta do OBZ está em rediscutir toda a empresa, toda vez que se elabora o orçamento. 
Desse modo, cada gasto é questionado, buscando evidenciar qual a real necessidade dele e forçando os gestores a repensarem as atividades de cada área e estabelecerem prioridades.
Em um modelo tradicional de orçamento, os gestores podem se habituar a superestimar seus resultados e acabar fixando tetos para as expectativas de crescimento e um chão para os custos, impossibilitando uma melhoria contínua dos resultados (HOPE; FRASER, 1999). Essa situação dificilmente ocorre no OBZ, sendo que além da não utilização de dados passados, cada valor deve ser discutido e defendido pelo gestor conforme a sua real necessidade.
O profissional atuante na área financeira da empresa deverá ter conhecimento de todas as ferramentas gerenciais que podem ser utilizadas dentro da organização, no entanto antes de serem definidas quais ferramentas deverão ser utilizadas, deverão ser analisadas as vantagens e desvantagens desta ferramenta, pois o êxito da aplicação vai depender do equilíbrio entre elas e da maneira como será executada dentro do ambiente de trabalho.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA OBZ
O Orçamento Base Zero é uma ferramenta de orientação para os gestores. Pode ser utilizado para  auxiliar os gestores no momento de decidir as áreas onde a empresa precisa dar maior foco, pois a metodologia propõe uma análise minuciosa das prioridades estratégicas para o exercício em questão (PADOVEZE, 2000), criando a condição de entender qual a finalidade de cada processo de uma organização, se gera valor ou se gera custos que precisam ser reduzidos a fim de melhora na situação financeira de uma empresa (SANTANA, 2010).
Pode-se elencar ainda outras situações as quais apresentam as vantagens do OBZ, conforme destacam os estudos de Lunkes (2003), e Gimenez et al. (2013):
1. Forçar os gestores a refletir sobre as operações e procurar oportunidades de melhoria; 
2. Fornecer informações detalhadas relativas a recursos necessários para se realizar os fins desejados; 
3. Diminuir os excessos e as duplicidades entre as atividades ou departamentos; 
4. Concentrar-se nas reais necessidades e não nas variações do ano anterior; melhor acompanhamento do planejado versus realizado.
5. Permite uma distribuição de recursos de forma consciente e eficiente;
6. Auxilia na percepção de orçamentos com receitas e

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