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Fundamentos de Resistência dos Materiais Katielly Tavares dos Santos © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidência Rodrigo Galindo Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão Julia Gonçalves Vice-Presidência Acadêmica Marcos Lemos Diretoria de Produção e Responsabilidade Social Camilla Veiga Gerência Editorial Fernanda Migliorança Editoração Gráfica e Eletrônica Renata Galdino Supervisão da Disciplina Bárbara Nardi Melo Revisão Técnica Bárbara Nardi Melo Sandra Leonora Alvares Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Katielly Tavares dos S237f Fundamentos de resistência dos materiais / Katielly Tavares dos Santos. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 208 p. ISBN 978-85-522-1594-3 1. Equilíbrio dos corpos. 2. Tensão-deformação. 3. Flexão. I. Santos, Katielly Tavares dos. II. Título. CDD 620 Sumário Unidade 1 Fundamentos da física .................................................................................. 7 Seção 1 Unidades e vetores .............................................................................. 9 Seção 2 Força e movimento ...........................................................................25 Seção 3 Equilíbrio dos Corpos ......................................................................41 Unidade 2 Tensão e deformação ...................................................................................57 Seção 1 Comportamento dos materiais .......................................................59 Seção 2 Relação tensão-deformação ............................................................72 Seção 3 Aplicação do estado plano de tensões ............................................86 Unidade 3 Estudo das seções planas .........................................................................107 Seção 1 Introdução às características geométricas ..................................109 Seção 2 Momento de inércia ......................................................................124 Seção 3 Flexão ..............................................................................................139 Unidade 4 Resistência dos Materiais: aplicações .....................................................159 Seção 1 Treliças e apoios .............................................................................161 Seção 2 Torção e eixos .................................................................................182 Seção 3 Flambagem de elementos comprimidos .....................................197 Palavras do autor Olá, seja bem-vindo ao estudo dos Fundamentos de Resistência dos Materiais. Esta disciplina tem por objetivo apresentar os conceitos fundamentais da resistência dos materiais e suas aplicações. Para isso, serão abordados os conceitos de física mecânica de forma clara, objetiva e prática, visando à resolução de problemas do dia a dia. Portanto, torna-se necessário, antes de tudo, conhecer os fundamentos da física a fim de entender os conceitos de equilíbrio, força e deformação dos materiais durante a elabo- ração, análise e desenvolvimento de um projeto estrutural. É importante ressaltar que, para um bom aproveitamento e bom desempenho nessa disciplina, é necessário compreender os conceitos vistos e buscar aplica- ções práticas em seu cotidiano, tanto na área profissional quanto acadêmica. Sendo assim, para atingir os objetivos esperados, este livro é composto de quatro unidades de ensino. Na Unidade 1, iniciaremos nosso caminho de aprendizado com os conceitos fundamentais da física. Abordaremos as definições de unidades e vetores, compreenderemos o que são forças e como isso está relacionado com o movimento de um corpo e quais condi- ções devemos levar em consideração para verificar o equilíbrio de um corpo. Em seguida, na Unidade 2, analisaremos as propriedades mecânicas dos materiais, a fim de entender o comportamento deles quando solicitados, a relação da tensão e a deformação e como isso está aplicado ao estado plano de tensões. Na Unidade 3, o estudo das seções planas se faz necessário, levando em consideração as características geométricas de cada estrutura para ser possível calcular seu momento de inércia, tudo isso para verificar como ocorre a flexão em um corpo. E, por fim, na Unidade 4, estudaremos algumas aplicações dos conceitos abordados, focando as treliças, a torção em eixos e a flambagem de elementos compridos. Estudar os conceitos de resistência dos materiais não é uma tarefa fácil, mas é necessária para o desenvolvimento de projetos estruturais. Muitos serão os desafios encontrados ao longo do caminho. Contudo, conhecer um material e saber quais as propriedades mecânicas que ele apresenta quando carregado, faz com que, na escolha do material adequado para um determi- nado projeto, você sempre tome a melhor decisão, por conhecer as caracte- rísticas de cada componente, visando sempre o melhor custo-benefício. Aproveite cada etapa desse caminho que percorreremos juntos e bons estudos! Unidade 1 Katielly Tavares dos Santos Fundamentos da física Convite ao estudo Caro aluno, seja bem-vindo a nossa primeira unidade do livro didático da disciplina de Fundamentos de Resistência dos Materiais. Iniciaremos os estudos abordando os conceitos fundamentais da física, que serão nossa base para um bom entendimento do comportamento dos materiais a partir da análise das suas propriedades mecânicas bem como das aplicações em projetos estruturais. A princípio, buscaremos entender como a física está relacionada com os eventos de nosso cotidiano, como o movimento descrito por uma bola quando chutada, os satélites que orbitam ao redor da Terra sem o auxílio de propulsores (deslocando-se apenas por inércia), o porquê de todos os materiais serem atraídos para o “chão”, o movimento de um nadador. Para tanto, torna-se necessário conhecer as grandezas físicas e as unidades de medida que elas possuem. Na sequência, compreenderemos como ocorre o movimento em um corpo, em qual situação ele pode ser alterado e, por fim, verificaremos em quais situações um corpo está em equilíbrio e por qual motivo é importante para a análise estrutural de um projeto. A competência dessa disciplina é conhecer os conceitos fundamentais da física, conceitos de vetores, equilíbrio de ponto material e corpos rígidos. Como resultado de aprendizagem, ao fim dessa disciplina, você será capaz de analisar o estado de um ponto material e um corpo rígido, definindo as condições básicas de equilíbrio. Agora, chegou a hora de conhecer o desafio desta unidade de ensino: neste contexto, você é recém-contratado em uma importante construtora e foi inserido em um novo projeto para elaboração, desenvolvimento e construção de um píer em uma conhecida praia no litoral do estado de Santa Catarina. Nas especificações do projeto, foi enfatizado que esse píer deve ser perpendicular à faixa de areia para atracação de embarcações por ambos os lados. A Figura 1.1 apresenta uma ideia de como deve ser projetado o píer e ilustra que ele deve ser perpendicular à faixa de areia. Figura 1.1 | Píer perpendicular à faixa de areia Fonte: https://goo.gl/BwWdFM. Acesso em: 18 mar. 2019. O coordenador desse projetosolicitou que você elaborasse um laudo técnico sobre as condições de estabilidade desse píer. Que conceitos físicos são neces- sários para verificar a estabilidade desse píer? Quais as informações devem ser levadas em consideração ao estudar a estabilidade de uma estrutura? Qual a importância de saber se a estrutura analisada, nesse caso, o píer, apresenta ou não estabilidade? Como isso influencia o desenvolvimento do projeto? Para responder a essas questões, você deve primeiramente conhecer as grandezas físicas e as unidades de medidas que compõem o Sistema Internacional de Unidades (SI) bem como desenvolver cálculos entre vetores, conhecer o conceito de força e calcular o equilibro de um ponto material, entender e calcular o momento de uma força em uma estrutura e verificar o equilíbrio estático do píer que será construído. Bons estudos! https://goo.gl/BwWdFM 9 Seção 1 Unidades e vetores Diálogo aberto Caro aluno, você sabe da importância da física para o nosso dia a dia? Física é um termo de origem grega, que significa natureza. Dessa forma, ela é a ciência que estuda os fenômenos naturais e se desenvolve com base na teoria e através de experimentos, para formular teorias que os explique. Ela está presente em tudo! Então, estudar física é compreender o mundo a sua volta, os motivos pelos quais os fenômenos naturais ocorrerem e como isso está relacionando com os grandes impactos tecnológicos e ambientais em nosso cotidiano. Dessa forma, iniciaremos nossos estudos abordando os conceitos fundamentais da física, compreendendo o que são unidades de medida das grandezas e identificando quando uma grandeza física é escalar ou vetorial. Para as grandezas vetoriais, compreenderemos como os vetores se relacionam e como são realizados os cálculos (soma e produto) entre eles. Isso será a base para a construção dos conceitos futuros. Seu contexto de aprendizagem é focado em uma importante constru- tora e você foi inserido em um novo projeto para elaboração, desenvol- vimento e construção de um píer em uma conhecida praia no litoral do estado de Santa Catarina. Nas especificações do projeto, foi enfatizado que esse píer deve ser perpendicular à faixa de areia para atracação de embar- cações por ambos os lados. Sendo assim, o coordenador reuniu a equipe de trabalho da qual você faz parte para delegar o primeiro conjunto de tarefas que cada um deve cumprir na fase inicial do projeto: elaborar um relatório com as informa- ções fundamentais, ou seja, relatar os conceitos necessários para o desen- volvimento dos cálculos no decorrer do projeto. Dessa forma, a sua tarefa consiste em descrever os conceitos fundamentais para o desenvolvimento do projeto. Ao final dessa atividade, você deverá entregar ao coordenador um relatório com a pesquisa realizada. Essa pesquisa deverá conter as definições de: • Grandezas físicas, unidades de medidas no Sistema Internacional (SI) e transformações de unidades. • Grandezas escalares e vetoriais. • Introdução à álgebra vetorial, plano cartesiano, versores, soma de vetores, decomposição de vetores e vetor resultante. 10 • Produto escalar e produto vetorial. • Para resolver esse desafio, os conceitos descritos no relatório precisam ser discutidos. Bons estudos! Não pode faltar Caro aluno, iniciemos o estudo dos conceitos fundamentais da física partindo da definição de grandeza. Dizemos que grandeza é tudo aquilo que se pode medir, ou seja, ela descreve qualitativa e quantitativamente uma propriedade observada em um fenômeno físico. Associamos a grandeza com sua unidade de medida. Fazer a medida de uma grandeza é de suma importância para conhecer o fenômeno de estudo. Por isso, medir grandezas não é algo novo: temos registros de medidas de tamanho da Terra, da Lua e do Sol datadas por volta de 3 a.C. Observe algumas medidas já realizadas e importantes para a ciência (HEWITT, 2002): • Tamanho da Terra: o raio da Terra tem aproximadamente 6.370 km e sua circunferência, aproximadamente 40.000 km. • Distância da Lua: aproximadamente 385.000 km (variando de acordo com a órbita da Lua). • Distância do Sol: aproximadamente 150.000.000 km (mais próximo em dezembro – aproximadamente 147.000.000 km – e mais afastado em junho – aproximadamente 152.000.000 km). • Velocidade do som: aproximadamente 340 m/s. • Velocidade da luz: aproximadamente 300.000.000 m/s Reflita Se há registros de medidas de tamanho da Terra, da Lua e do Sol datadas por volta de 3 a.C., como essas medidas eram determinadas? Grandezas escalares e vetoriais Como já vimos, tudo que se pode medir é chamado de grandeza. As grandezas se dividem em dois grandes grupos: escalares e vetoriais. 11 Dizemos que uma grandeza é escalar quando é necessário apenas uma característica para sua completa definição, acompanhada de sua unidade de medida. Essa característica é chamada de módulo, ou seja, a intensidade ou valor que a grandeza apresenta. São exemplos de grandezas escalares: tempo, temperatura, massa. Contudo, dizemos que uma grandeza é vetorial quando necessita de três características, acompanhadas de sua unidade de medida, para sua completa definição, são elas: módulo, direção e sentido. Vimos que o módulo repre- senta a intensidade, o valor, da grandeza. Agora, para entender a diferença entre direção e sentido, analisemos a Figura 1.2. Figura 1.2 | Diferenças entre direção e sentido Fonte: elaborada pela autora. Podemos associar um vetor com uma seta, como mostra a Figura 1.2. Analisando a imagem, notamos que os vetores a e b têm a mesma direção (horizontal), mas sentidos opostos (o vetor a aponta para a direita, enquanto o vetor b aponta para a esquerda). Isso também acontece com os vetores c e d, contudo, a direção é vertical e os sentidos, cima (vetor c) e baixo (vetor d). Sendo assim, podemos dizer que a direção está associada à horizontal, à vertical, ao norte, ao sul, ao leste, ao oeste. Enquanto o sentido está associado à ponta da seta, como cima, baixo, direita, esquerda, positivo, negativo. Indica-se que uma grandeza é vetorial de duas formas: deixamos seu nome em destaque ou utilizamos uma seta indicando que a grandeza é vetorial. Tomemos como exemplo o “vetor a”, da Figura 1.2. Ele pode ser escrito: a ou a . As duas formas estão corretas e são apresentadas na litera- tura. São exemplos de grandezas vetoriais: força, aceleração, distância. Assimile Uma grandeza escalar será sempre uma grandeza escalar. Contudo, uma grandeza vetorial pode ser tratada como escalar quando apenas o seu módulo for necessário para a compreensão do contexto. Por exemplo: a distância de São Paulo à Curitiba é de aproximadamente 410 km. 12 Sabemos que distância é uma grandeza vetorial e, portanto, necessi- taria do módulo, da direção e do sentido para sua definição. Contudo, nesse contexto, apenas saber o módulo dessa grandeza é o bastante para transmitir a informação necessária para o ouvinte. Sistema Internacional de Unidades (SI) Criado em 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), o Sistema Internacional de Unidades (SI) surgiu para que houvesse uma padronização nas unidades de medidas das grandezas físicas. Pois cada lugar do mundo usava, e ainda usa, uma unidade de medida característica, dificul- tando a compreensão das descobertas científicas nos periódicos publicados. Nessa conferência, ficou decidido que haviam dois grupos de unidades: fundamental e derivada. As unidades fundamentais eram compostas de sete grandezas, e as demais eram derivadas com suas unidades de medidas estabelecidas. Observe o Quadro 1.1, que apresenta grandezas fundamentais do SI, acompanhadas de suas unidades de medidas. Quadro 1.1 | Grandezas fundamentais Grandeza Unidade de Medida (SI) Tempo segundo (s) Massa quilograma (kg) Comprimento metro (m) Temperatura Kelvin (K) Corrente elétrica ampère (A) Quantidade de matéria mol (mol) Intensidade luminosa candela (cd) Fonte: elaborado pela autora. Dessa forma, as demaisgrandezas apresentam suas unidades de medidas definidas das unidades fundamentais. O Quadro 1.2 apresenta algumas das grandezas derivadas. Quadro 1.2 | Exemplos de grandezas derivadas Grandeza Unidade de Medida (SI) velocidade metro por segundo (m/s) área metro quadrado ( 2m ) 13 força Newton ( =2 .kg m N s ) pressão Pascal ( = =2 2 N kg Pa m ms ) Fonte: elaborado pela autora. Transformação de unidades e fatores de conversão Frequentemente, é necessário mudar a unidade em que uma grandeza física está expressa. Isso ocorre pelo fato de se utilizarem unidades de medidas diferentes das usadas no SI. Por exemplo, no Brasil, a temperatura é dada em graus Celsius (ºC), contudo, nos Estados Unidos da América (EUA), a temperatura é dada em graus Fahrenheit (ºF). Ou, ainda, a unidade da velocidade no SI é dada em metros por segundo, mas, habitualmente, nos referimos à velocidade por quilometro por hora. Para situações como essas, é necessário converter unidades de um sistema de medidas para outro, realizando a transformação das unidades através dos fatores de conversão. O Quadro 1.3 apresenta alguns fatores de conversão comumente utilizados. Quadro 1.3 | Alguns fatores de conversão Relação Fator de Conversão Quilômetro por hora para metro por segundo 3,6 km/h = 1 m/s Hora para segundo 1 h = 3.600 s Polegada para metro 1 polegada = 0,0254 m Kelvin para graus Celsius 0 K = -273,15 ºC Kelvin para graus Fahrenheit 0 K = -459,67 ºF Quilograma força para Newton 1 kgf = 9,8 N Fonte: adaptado de http://twixar.me/S4SK. Acesso em: 11 jul. 2019. Algumas grandezas apresentam valores muito grandes ou muito pequenos, como por exemplo a massa de um elétron, que tem valor de -´ 319,1 10 kg. Para grandezas desse tipo, utiliza-se prefixos de base 10 para facilitar a escrita do número e evitar que algum algarismo seja perdido na resolução dos exercícios. Esses prefixos são multiplicadores das unidades fundamentais com base em várias potências de 10 e, para cada prefixo, há uma nomenclatura específica. Observe o Quadro 1.4, ela apresenta alguns prefixos utilizados comumente. 14 Quadro 1.4 | Prefixos de base 10 Potência Prefixo Nomenclatura 910 giga G 610 mega M 310 quilo k -210 centi c -310 mili m -610 micro m -910 nano n Fonte: elaborado pela autora. Pesquise mais Veja mais sobre o assunto nos livros indicados a seguir, disponíveis na Biblio- teca Virtual. Sugerimos a leitura do primeiro capítulo de cada um deles: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. v. 1. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1. Operação entre vetores Falamos, anteriormente, que uma grandeza vetorial necessita de três características para ser definida por completo: módulo, direção e sentido. Podemos representar graficamente um vetor por um segmento de reta orien- tado AB no plano, como é apresentado na Figura 1.3. Figura 1.3 | Vetor: segmento de reta orientado no plano Fonte: elaborada pela autora. 15 Além da forma gráfica, um vetor pode ser descrito algebricamente, por meio de um sistema de coordenadas cartesiano como referência. Assim, um vetor genérico tridimensional u pode ser descrito por = + + ˆˆ( , , ) x y zu x y z u î u j u k . Relacionando a direção do vetor com as direções do sistema cartesiano, dizemos que o índice î está relacionado com o eixo x, o índice ĵ está relacio- nado com o eixo y e, por fim, o índice k̂ está relacionado com o eixo z. Ou seja, podemos dizer que: = = =ˆˆ; ; .î x j y k z Realizamos operações matemáticas com vetores, tanto na forma algébrica quanto na forma gráfica, mas para isso algumas propriedades são importantes: 1. Se os vetores a e b têm mesmo módulo, direção e sentido, então = a b . 2. Se a é um vetor e n um escalar, então n a é um vetor de mesma direção e sentido que a , com intensidade n vezes maior. 3. A soma entre os vetores é comutativa, ou seja + = + a b b a . 4. A soma dos vetores, graficamente, se dá pela regra do paralelogramo, como exemplificado na Figura 1.4. Figura 1.4 | Soma de vetores pela regra do paralelogramo Fonte: Carvalho (2000, p. 4). 5. O módulo do vetor soma ( R ) é dado pela equação: ( )= + + 2 2 2 x y zR R R R . Para compreender melhor a soma de vetores, tanto na forma algébrica quanto gráfica, tomemos dois vetores, no plano, = + ˆ3 2u î j e = + ˆˆ 1 3v î j . A soma vetorial + u v pode ser dada por: 16 • Forma algébrica: + = + + + Þ + = + + + Þ + = + ˆ ˆ ˆ ˆ(3 2 ) (1 3 ) (3 1) (2 3) 4 5u v î j î j u v î j u v î j Para calcular o vetor resultante, temos: ( ) ( ) ( )+ = = + Þ + = = + Þ + = = » 2 2 2 24 5 41 6,4x yu v R R R u v R u v R • Forma gráfica: Os vetores u e v são vetores que têm valores em dois eixos, x e y respectiva- mente. Primeiro precisamos “compor” esses vetores, tornando um vetor resul- tante graficamente. Assim, a Figura 1.5 apresenta o vetor u na forma gráfica: Figura 1.5 | Vetor u Fonte: elaborada pela autora. Dessa forma, temos o vetor u expresso de forma gráfica, com seu módulo, direção e sentido. Agora, a Figura 1.6 apresenta o vetor v na sua forma gráfica. Figura 1.6 | Vetor v Fonte: elaborada pela autora. Logo, temos o vetor v expresso de forma gráfica, com seu módulo, direção e sentido. Com os vetores u e v expressos graficamente, podemos agora realizar a soma gráfica do vetor u com o vetor v pela regra do parale- logramo. Essa regra afirma que a soma gráfica entre vetores deve ser realizada somando-se os vetores, colocando sempre o próximo vetor no final do anterior. O vetor soma, ou vetor resultante, será o seguimento de reta orien- tado que ligará o início da soma com o seu final, sendo o início da soma o 17 início do vetor resultante e o final da soma, o final do vetor resultante. A Figura 1.7 apresenta a soma dos vetores u e v . Figura 1.7 | Soma gráfica dos vetores u e v Fonte: elaborada pela autora. Assim, temos o vetor soma + u v expresso pela forma gráfica, com seu módulo, direção e sentido. Para calcular o módulo do vetor resultante, utili- zamos os valores referentes às partes x e y, como expresso na Figura 1.8. Figura 1.8 | Vetor resultante Fonte: elaborada pela autora. Dessa forma, podemos calcular o módulo do vetor resultante por: ( ) ( ) ( )+ = = + = + = » 2 2 2 24 5 41 6,4x yu v R R R . Assimile Tanto pela forma algébrica quanto pela forma gráfica, a soma de vetores deve apresentar o mesmo vetor resultante, ou seja, o módulo, a direção e o sentido precisam ser iguais. Podemos utilizar essas duas maneiras de soma vetorial para verificar se os cálculos desenvolvidos estão corretos, como uma prova real. Da mesma maneira que podemos somar vetores para encontrar o vetor resultante, é possível decompor um vetor nas partes x, y e z que o compõem. 18 Para isso, devemos levar em consideração o ângulo q entre o vetor resultante e o eixo das abcissas (eixo x) e utilizar as equações de decomposição para cada eixo, utilizando sempre o mesmo ângulo q . Essas equações são expressas por = = =cos ; ; tan .x y zR R R Rsen R Rq q q Sendo assim, para um vetor genérico = + ˆ( , ) x yu x y u î u j no plano, temos um ângulo de q entre o vetor u e o eixo das abcissas, como mostra a Figura 1.9. Figura 1.9 | Vetor u Fonte: elaborada pela autora. Para realizar a decomposição do vetor u , precisamos primeiro verificar quantas dimensões ele apresenta e sobrepor o vetor nessas dimensões. Como estamos tratando de um vetor genérico no plano, temos duas dimensões que precisam ser sobrepostas, como é apresentado na Figura 1.10. Figura 1.10 | Projeção do vetor u Fonte: elaborada pela autora. Com a projeção, as equações para a decomposição de vetores devem ser aplicadas para obter as componentes xu e yu . Assim, temos:= =cosx yu u e u usenq q . 19 Produto escalar e produto vetorial Anteriormente, verificamos que é possível realizar operações matemá- ticas com vetores, e aprendemos os conceitos relacionados à soma de vetores. Agora, verificaremos outra operação matemática com vetores: a multipli- cação. Chamaremos a multiplicação entre vetores de produto. Existem duas formas de produto entre vetores: escalar e vetorial. No produto escalar, temos a multiplicação entre dois vetores cujo resul- tado é um escalar (um número). Tomemos dois vetores genéricos, = + + ˆˆ( , , ) x y zu x y k u î u j u k e = + + ˆˆ( , , ) x y zv x y z v î v j v k , cujo produto escalar pode ser dado por × = × cosu v u v q , sendo q o ângulo formado entre u e v . Levando em consideração o sistema cartesiano, a multiplicação será sempre em função dos eixos, podendo ocorrer duas situações em relação ao ângulo q : = 90ºq (se os vetores estiverem em eixos diferentes) e = 0ºq (se os vetores estiverem no mesmo eixo). Dessa forma, podemos escrever o produto escalar por: • = 0ºq teremos × = × cos0ºu v u v , como =cos0º 1 , o produto escalar será apenas a multiplicação dos módulos dos vetores, ou seja, × = × u v u v . • = 90ºq teremos × = × cos90ºu v u v , como =cos90º 0 , o produto escalar será zero. Dessa forma, de maneira simplificada e relacionando os eixos do sistema cartesiano, dizemos que a multiplicação escalar dos eixos iguais vale 1 e a multiplicação escalar dos eixos diferentes vale 0, ou seja: × = × =ˆ1 0.î î e î j Tomando como base os vetores genéricos, = + + ˆˆ( , , ) x y zu x y k u î u j u k e = + + ˆˆ( , , ) x y zv x y z v î v j v k , o produto escalar × u v é dado por: × = × × = + + × + + × = + + cos ˆ ˆˆ ˆ cosx y z x y z x x y y z z u v u v u v u î u j u k v î v j v k u v u v u v u v q q No produto vetorial, temos a multiplicação entre dois vetores cujo resul- tado é um vetor. Nesse caso, a multiplicação de mesmo eixo apresenta valor zero e a multiplicação entre eixos tem como resposta o eixo seguinte. Tomemos dois vetores genéricos, = + + ˆˆ( , , ) x y zu x y k u î u j u k e = + + ˆˆ( , , ) x y zv x y z v î v j v k , cujo produto vetorial pode ser dado por ´ = ´ u v u v senq , sendo q o ângulo formado entre u e v . 20 Sendo assim, por definição do produto vetorial, podemos escrever: ´ = ´ = ´ =ˆ ˆˆ ˆ 0î î j j k k ´ ´ = ´ =ˆ ˆ ˆˆ ˆ ˆ = î j k k î j j k î ´ = ´ = ´ =-ˆ ˆ ˆˆ ˆ ˆ – – j î k î k j k j î Nesse caso, podemos resolver o produto vetorial através do determinante de uma matriz 3x3, descrita por: é ù ê ú ê ú´ = ê ú ê ú ê úë û ˆˆ x y z x y z î j k u v u u u v v v Exemplificando Dados os vetores = + + ˆˆ( , , ) 2 1 1u x y k î j k e = - + ˆˆ( , , ) 2 1 2v x y z î j k , calcule o produto escalar e o produto vetorial. • Produto escalar: × = × = + + × - + ˆ ˆˆ ˆcos (2 1 1 ) (2 1 2 ) cosu v u v î j k î j kq q × = × + × - + × + × + × - + × + + × + × - + × = + + + - + + - + = ˆ ˆˆ ˆ ˆ ˆ ˆ(2 2 ) (2 ( 1 )) (2 2 ) (1 2 ) (1 ( 1 )) (1 2 ) ˆ ˆ ˆ ˆˆ(2 2 ) (2 ( 1 )) (2 2 ) 4 0 0 0 1 0 0 0 4 7 u v î î î j î k j î j j j k k î k j k k • Produto vetorial: é ù ê ú ê ú´ = ê ú ê ú-ê úë û ˆˆ 2 1 1 2 1 2 î j k u v é ù ê ú ê ú´ = = + - - - + = - -ê ú ê ú-ê úë û ˆˆ ˆ ˆ ˆˆ ˆ ˆ2 1 1 (2 2 2 ) (4 1 2 ) 3 2 4 2 1 2 î j k u v î j k j î k î j k Com a definição de produto vetorial, finalizamos a abordagem dos conceitos relacionados às grandezas físicas e à álgebra vetorial. Com isso, a base para o entendimento da física foi construída, fornecendo ferramentas a você para compreender as leis da natureza e os fenômenos físicos. Sem medo de errar O coordenador do projeto passou uma tarefa a você que consiste em descrever os conceitos fundamentais para o desenvolvimento do projeto de construção do píer. Ao final dessa atividade, deverá ser entregue um relatório contendo as seguintes definições: 21 • Grandezas físicas, unidades de medidas no Sistema Internacional (SI) e transformações de unidades. • Grandezas escalares e vetoriais. • Introdução à álgebra vetorial, plano cartesiano, versores, soma de vetores, decomposição de vetores e vetor resultante. • Produto escalar e produto vetorial. Ao estudar os conceitos fundamentais da física, foi visto que: • É chamado de grandeza tudo aquilo que pode ser medido e quantificado. Para nomear uma grandeza é necessário utilizar uma unidade de medida. No entanto, ocorreram problemas na publicação de trabalhos interna- cionais, pois cada local utilizava uma unidade própria. Sendo assim, foi criado o Sistema Internacional de Unidades (SI) para que houvesse padro- nização nas unidades de medidas das grandezas físicas. Desse modo, para uma mesma grandeza, duas ou mais unidades são possíveis, sendo neces- sário realizar a conversão de unidades para determinada aplicação. • As grandezas físicas são divididas em dois grupos: escalar ou vetorial. Uma grandeza é escalar quando é necessário apenas uma caracterís- tica para sua completa definição, acompanhada de sua unidade de medida – seu módulo. Uma grandeza é vetorial quando necessita de três características, acompanhadas de sua unidade de medida, para sua completa definição; são elas: módulo, direção e sentido. • É possível realizar operações entre vetores, tanto algébricas quanto gráficas, tais como soma e produto. Para a soma, podemos utilizar a regra do paralelogramo. Já para o produto, há dois tipos: produto escalar (produto entre dois vetores cujo resultado é um escalar) e o produto vetorial (produto entre dois vetores cujo resultado é um vetor). Com esses dados, um relatório foi desenvolvido e entregue ao coorde- nador do projeto. Avançando na prática Unidades de medidas e fatores de conversão Você trabalha em uma renomada empresa de engenharia, que desenvolve projetos nacionais e internacionais. No momento, um dos projetos em desen- volvimento, localizado em Boston (EUA), vem apresentando problemas e o 22 diretor solicitou a você que verificasse pessoalmente o que estava ocorrendo. Chegando a Boston, ainda no aeroporto, você alugou um carro para dirigir-se até o canteiro de obras, a fim de poder avaliar a situação e conversar com o responsável local pela obra. Duas situações o preocupavam. A primeira era porque com o combus- tível que vinha no tanque do veículo seria possível andar no máximo 50 km sem abastecer, e, pelo GPS, a distância até o canteiro de obras marcava 35 milhas. A segunda situação é que a temperatura local indicava 45 °F e você ficou apreensivo, pois não havia levado blusa. Você conseguirá chegar ao canteiro de obras com o combustível do tanque do veículo? Será necessário parar para abastecer o carro? Qual o valor da temperatura em graus Celsius? Será necessário comprar uma blusa? Resolução da situação-problema Nesse caso, temos duas grandezas que precisam de conversão de unidades: distância e temperatura. • Distância Como 1 milha vale 1,6 km, a distância a ser percorrida será de 56 km. Dessa forma, será necessário abastecer o carro antes de ir ao canteiro de obras. • Temperatura Temos uma equação que relaciona a temperatura na escala em grau Celsius com a temperatura na escala grau Fahrenheit. Essa relação é dada por = -º º 5 ( 32) 9c F T T . Assim, = - =º 5 (45 32) 7,2º 9c T C . Dessa forma, será necessário comprar um agasalho. Faça valer a pena 1. Damos o nome de grandeza, na física, para tudo aquilo que pode ser medido ou quantificado. Essas grandezas são divididas em duas partes: escalares e vetoriais. Dizemos que uma grandeza é escalar quando apenas uma característica a define, acompanhada de sua unidade de medida. Já para uma grandeza vetorial, três características são necessárias para sua completa definição, acompanhadas da unidade de medida. Assinale a alternativa que apresenta corretamente as três características que são necessárias para afirmarque uma grandeza é vetorial. a. Módulo, direção e posicionamento. 23 b. Sentido, módulo e temperatura. c. Direção, sentido e comprimento. d. Módulo, direção e sentido. e. Direção, módulo e tempo. 2. Foi criado, em 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), o Sistema Internacional de Unidades (SI). O objetivo era padronizar as unidades de medida das grandezas físicas, estabelecendo, para cada grandeza, uma unidade de medida relacionada a ela. Nessa conferência, chegou-se à conclusão de que havia sete grandezas fundamentais e que as demais eram suas derivadas. Com relação a essa temática, analise as afirmativas a seguir: I. Comprimento, massa, tempo e força são grandezas que fazem parte das sete grandezas fundamentais. II. Comprimento é uma grandeza fundamental e sua unidade de medida é metro (m). III. Temperatura é uma grandeza fundamental e sua unidade de medida é graus Celsius (°C) IV. Tempo é uma grandeza derivada e sua unidade de medida é segundo (s). V. Energia é uma grandeza derivada, sua unidade de medida é 2 2 .kg m s , comumente chamada de J. Está correto o que se afirma em: a. I e II, apenas. b. II e V, apenas. c. I, II e IV, apenas. d. II, III e V, apenas. e. I, II, III e V, apenas. 3. O produto escalar é definido como a multiplicação entre dois vetores cujo resul- tado é um escalar (número). Já o produto vetorial também é um produto entre dois vetores, contudo, o resultado é um terceiro vetor. E, ainda, por definição, temos que o produto vetorial entre dois vetores ideais, = + + 1 2 3 ˆˆu u î u j u k e = + + 1 2 3 ˆˆv v î v j v k é descrito por ´ u v . 24 Assinale a alternativa que expressa corretamente o valor do produto vetorial entre = - ˆ3 2u î j e = - ˆˆ1 2v j k . a. ´ = + + ˆˆ4 6 3u v î j k . b. ´ = - + ˆˆ4 6 3u v î j k . c. ´ = + + ˆˆ4 6 4u v î j k . d. ´ = - + ˆˆ4 5 3u v î j k . e. ´ =- - + ˆˆ4 6 3u v î j k . 25 Seção 2 Força e movimento Diálogo aberto Caro aluno, a disciplina de Fundamentos de Resistência dos Materiais permite entender o comportamento que um material apresentará quando solicitado. Dessa forma, dizemos que um material é solicitado quando está atuando sobre ele um carregamento, ou seja, uma força. Podemos relacionar isso com conceitos simples do dia a dia, como, por exemplo: ao sentar em uma cadeira, como ela reage à força aplicada? Ou, um menino está andando de bicicleta, desequilibra-se e cai. Quais conceitos físicos estão associados a esse movimento? Afinal, o que é força? Como atua nos corpos, estruturas, objetos? Qual a relação entre força e resistência dos materiais? Uma definição simples para força é aquilo que produz ou altera o movimento de um corpo. Verificaremos que em um corpo podem estar presentes, ou atuar, muitas forças, cada uma com sua especificidade, sendo necessário avaliar as condições de equilíbrio de um corpo ou objeto. Nesta seção, você continuará a sua pesquisa, para compreender os conceitos necessários ao desenvolvimento dos cálculos no decorrer do projeto, que comporá o relatório final entregue ao coordenador. Contudo, para entender na prática o resultado do projeto que está no estado inicial, você resolveu visitar a construção de um píer, em uma cidade próxima, que estava na etapa final de sua construção. Já no local, você teve acesso aos desenhos técnicos do píer com as principais forças atuantes sobre ele. Neste momento, você viu a necessidade e a importância de incluir no relatório os conceitos de forças e equilíbrio em estruturas, para ser possível realizar os cálculos de equilíbrio em pontos específicos no píer. Ao voltar para a construtora, preocupado com o desenho estrutural do píer, o coordenador solicitou que você verificasse o equilíbrio em um ponto específico do projeto. A Figura 1.11 apresenta o ponto que deve ser analisado com as forças atuando sobre ele. 26 Figura 1.11 | Ponto específico do píer com aplicação de forças Fonte: elaborada pela autora. Os valores para as forças foram fornecidos pelo coordenador, assim como os valores dos ângulos. São eles: = = = 1 2 310 ; 5,7 ; 11,5F N F N F N e = =1 260º; 30ºq q . Use =cos60º 0,5 ; =60º 0,87sen ; =cos30º 0,87 e =30º 0,5sen . Esse ponto específico do píer apresenta equilíbrio? O coorde- nador deverá se preocupar em reforçar esse ponto? Ao final dessa situação- -problema, os dados obtidos devem ser inseridos no relatório que será entregue ao coordenador. Para resolução dessa atividade, você deverá conhecer as leis de Newton, os conceitos de forças da natureza (gravitacional, normal, tração), equilíbrio estático e dinâmico e equilíbrio de ponto material. Compreender o conceito de forças e conhecer como elas atuam nos objetos que nos rodeiam é o passo fundamental para entendermos a estabi- lidade de um edifício, de uma barragem, de um viaduto, ou seja, estruturas fundamentais no estudo da resistência dos materiais. Bons estudos! Não pode faltar Chegou o momento de compreender como se dá o estudo do movimento dos corpos. Afinal, ao aplicar as leis da física em um fenômeno, você está buscando analisar e entender o movimento de um corpo observado, seja macroscópica ou microscopicamente. Isso ocorre em todas as áreas que compõem a física: mecânica, ondas, termodinâmica, eletricidade e magne- tismo, óptica, relatividade e quântica. Para darmos início à discussão desses conceitos, abordaremos as leis da mecânica e entenderemos o movimento e a falta de movimento (repouso) 27 dos corpos, como isso evolui com o tempo e qual a relação da força com o movimento apresentado. Na mecânica, o estudo do movimento dos corpos está dividido em duas partes, conhecidas como cinemática e dinâmica. A palavra cinemática tem origem grega e significa movimento. Dessa forma, dizemos que a cinemática é a parte da física que estuda o movimento dos corpos sem se preocupar com a sua origem, ou seja, não leva em consideração os agentes externos que podem causar ou modificar o movimento. Para explicar o movimento de um corpo, será necessário determinar sua posição, velocidade e aceleração para cada instante de tempo do movimento apresentado. Vamos compreender o conceito de cada uma dessas grandezas: • Tempo ( t ) Podemos definir tempo como aquilo que nos remete à ideia de presente, passado e futuro. Ou ainda, o que está associado a um fenômeno ou à descrição de um movimento. Sua unidade no Sistema Internacional (SI) é segundo (s) e é uma grandeza escalar. • Posição ( x ) Podemos definir posição com o ponto em um espaço, em relação a um referencial. Normalmente, utilizamos o sistema de coordenadas cartesiano para descrever a posição de um corpo, relacionando o ponto (0, 0, 0) como referencial. Como exemplo, observe a Figura 1.12, que apresenta um sistema bidimensional (x,y), em que um corpo está localizado na posição (1, 3). Figura 1.12 | Posição de um corpo Fonte: elaborada pela autora. Note, através da Figura 1.12, que a posição dada é referente ao eixo (0, 0) do sistema cartesiano. Assim, a posição é uma grandeza vetorial e sua unidade no SI é metro (m). 28 • Deslocamento (Dx ) O deslocamento (Dx ) de um corpo é definido pela variação de posição que esse corpo apresenta. Por exemplo, considerando um sistema de coorde- nadas unidimensional, o corpo sai da posição =1 1x m e vai até a posição =2 4x m . Nessa situação, seu deslocamento foi de D = 3x m . A equação que descreve o deslocamento de um corpo é dada por: D = -2 1x x x , ou seja, posição final menos a posição inicial do corpo. Dessa forma, o deslocamento pode ser: - Positivo, se >2 1x x . - Negativo, se <2 1x x . O deslocamento também pode ser chamado de variação da posição. É uma grandeza vetorial e, como a posição, sua unidade no SI é metro (m). • Velocidade ( v ) A velocidade é definida pelo espaço percorrido (Dx ) em relação ao tempo ( t ) gasto. Ou seja: D = xv t Sua unidade no SI é metros por segundo (m/s) e é uma grandezavetorial. Em casos especiais, podemos obter a velocidade instantânea ( iv ). A velocidade instantânea é a velocidade apresentada em um instante de tempo t definido. Ela é dada pela derivada da função posição em relação ao tempo, ou seja: = ( )( ) d x tv t dt Pesquise mais A função para a posição, no movimento uniformemente acelerado, é dada por = + + 20 0 1( ) 2x t x v t at . Dessa forma, a velocidade instan- tânea em função do tempo é dada por: + + = 2 0 0 1( )2( ) d x v t at v t dt = +0( )v t v at Você conhece cálculo diferencial e integral? O capítulo 2 do livro indicado a seguir ajudará você a entender as derivadas. ÁVILA, G.; ARAÚJO, L. C. Cálculo Ilustrado, prático e descomplicado. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 29 • Aceleração ( a ) A aceleração é definida pela variação da velocidade em função do tempo. Sua unidade no SI é metros por segundo ao quadrado ( 2m s ), é uma grandeza vetorial e sua equação é dada por: D = va t Assim como a velocidade, também é possível obter a aceleração instan- tânea ( ia ), derivando a função velocidade em relação ao tempo, ou seja: = = 2 2 ( ) ( )( ) d x t d v ta t dt dt Até aqui, descrevemos as grandezas que compõem a cinemática, ou seja, o movimento do corpo em relação à posição, ao deslocamento, à velocidade e à aceleração, sem levar em consideração a causa do movimento. Contudo, você já se perguntou por que o movimento de um corpo muda? Qual fator influencia a mudança de velocidade ou de direção? A parte da mecânica que estuda a causa ou modificação do movimento dos corpos é chamada de dinâmica, que aborda as três leis que descrevem a causa do movimento dos corpos, conhecidas como as três leis de Newton. As leis de Newton Diz a lenda que um físico/cientista chamado Isaac Newton (1643-1727) estava lendo um livro, recostado em uma macieira. De repente, uma maçã caiu em sua cabeça. A partir desse momento, ele começou a se perguntar qual seria a razão pela qual os objetos eram atraídos para o chão. Depois de muito pensar, Newton chegou à conclusão de que havia algo que atuava nos corpos e os atraia ao chão e que essa atuação nos corpos ocorria de maneiras diferentes, dependendo da situação em que eles se encontravam. Newton deu o nome de força a essa atuação e a definiu como “agente físico que provoca ou altera o movimento de ou em um corpo”. A partir de então, buscando explicar o movimento de um corpo, considerando, agora, sua causa, postulou três leis para o movimento. • 1ª lei de Newton – equilíbrio A primeira lei de Newton afirma que se um corpo estiver em repouso, permanecerá em repouso, ao passo que, se um corpo estiver em movimento, permanecerá em movimento, com velocidade constante. Se a velocidade permanece constante, a aceleração do objeto é zero. 30 Essa lei também é conhecida como lei da inércia e estuda o equilíbrio dos corpos. Dessa forma, será possível alterar o estado de inércia (ou de equilí- brio) de um corpo se alguma força externa atuar sobre ele. A definição de inércia pode ser descrita como tendência de um corpo resistir a qualquer mudança em sua velocidade. Relacionada à definição de inércia, está a definição de massa: quanti- dade de matéria que compõe um objeto, ou seja, propriedade de um corpo que especifica a sua resistência em modificar sua velocidade. Sendo assim, quanto maior a massa, maior a dificuldade de vencer a inércia desse corpo. Na prática, muitas são as forças que atuam sobre um corpo. Dessa forma, torna-se necessário obter a força resultante ( RF ), que é a soma vetorial de todas as força atuantes. Para um corpo estar em equilíbrio, dizemos que a somatória de todas as forças que atuam sobre ele deve ser igual a zero. Ou seja, =å 0F . Força é uma grandeza vetorial, por isso possui módulo, direção e sentido. Sendo assim, para verificarmos o equilíbrio de um corpo, as três compo- nentes (x, y, z) do vetor força resultante devem ser avaliadas. Logo, as novas condições de equilíbrio serão: = = =å å å0; 0; 0.x y zF F F Assimile Lembre-se de que um vetor resultante normalmente tem componentes nos três eixos (x, y, z), ou seja, um vetor do tipo = + + ˆˆ( , , ) x y zu x y z u î u j u k . Dessa forma, torna-se necessário realizar a decomposição do vetor para analisar as componentes de cada eixo, separadamente, utili- zando as equações: = = =cos ; ; tan .x y zF F F F sen F Fq q q Sendo q o ângulo entre o eixo das abcissas e o vetor resultante. • 2ª lei de Newton A primeira lei de Newton explica o que ocorre com um objeto quando a somatória de todas as forças que atuam sobre ele é nula. Já a segunda lei de Newton explica o que ocorre com um objeto quando a somatória de todas as forças que atuam sobre ele não é nula. Nesse caso, um corpo parado, que recebe uma força, descreve um movimento, e um corpo em movimento, que recebe uma força, continua em movimento, mas com velocidade variada. Isso só é possível pois a aceleração apresenta um valor diferente de zero. 31 Assim, podemos dizer que a aceleração que um objeto apresenta é direta- mente proporcional à força aplicada e inversamente proporcional a sua massa. Matematicamente, temos: =å dvF m dt , ou seja, = ® =å RF ma F ma Levando em consideração o sistema tridimensional, podemos reescrever a segunda lei por: = = =; ;x x y y z zF ma F ma F ma Como já vimos, a unidade no SI para força é N, que equivale a 2 .kg m s . • 3ª Lei de Newton – ação e reação A terceira lei de Newton afirma que toda ação produz uma reação de mesma intensidade e direção, mas com sentido oposto. Exemplificaremos com uma situação o enunciado da terceira lei: um carro bate no poste. Qual foi a ação e qual foi a reação? Nesse caso, a ação consiste na batida do carro no poste e a reação, a batida do poste no carro. O par de forças ação e reação só ocorre em conjunto e enquanto os objetos estiverem em contato. No caso do carro e do poste, esse par de forças existe enquanto o carro e o poste estiverem em contato. Como consequência desse movimento, temos uma deformação na lataria do carro. Com essa situação, verificamos que as forças de ação e reação ocorrem em corpos distintos, por esse motivo, não se anulam. Dessa forma, a definição da terceira lei se dá por: se dois corpos interagem, a força que o corpo 1 exerce sobre o corpo 2 ( 1,2F ) é igual em módulo e em direção oposta à da força que o corpo 2 exerce sobre o corpo 1 ( 2,1F ). Assim: =- 1,2 2,1F F . Exemplificando Os blocos A e B, com massas = 5Am kg e = 2Bm kg , estão apoiados sobre um plano horizontal perfeitamente liso (desconsiderar a ação do atrito). Sobre o corpo A, é aplicada uma força F, de módulo 21 N. Calcule o módulo da força de contato entre os blocos A e B. A Figura 1.13 ilustra essa situação. 32 Figura 1.13 | Contato entre os blocos A e B Fonte: elaborada pela autora. Resolução: para resolver esse exercício, devemos seguir algumas etapas. Primeiro, devemos verificar as forças que atuam em cada bloco, separadamente, na direção do movimento. Observe a Figura 1.14. Como há movimento em relação ao eixo x, temos: Figura 1.14 | Forças atuando em cada bloco Fonte: elaborada pela autora. Feito isso, aplicamos a segunda lei para cada bloco. • Bloco A =å A AF m a - = Þ - = ×21 5BA A BAF F m a N F kg a - = × - Þ =- × +5 21 5 21BA BAF kg a N F kg a N • Bloco B =å B BF m a = ×2ABF kg a Como =AB BAF F , temos: = Þ × =- × + Þ × = Þ = 22 5 21 7 21 3AB BAF F kg a kg a N kg a N a m s Com a aceleração do sistema, conseguimos calcular as forças de ação e reação, e como =AB BAF F : = = = × = × =22 2 3 6AB BA mF F F kg a kg N s Forças da natureza (gravitacional, normal, tração) Já vimos que a definição de força é aquilo que produz ou altera o movimento de um corpo. Contudo, o nome que a força recebe está relacio- nado com sua atuação no corpo. Existem muitos tipos de forças, cada um com um nome diferente, mas todas com o mesmo conceito: aquilo que 33 produz ou altera o movimentode um corpo. A seguir, trataremos de três forças: gravitacional, normal e tração. • Gravitacional ( gF ) A força gravitacional, também conhecida como força peso, é a força de atração exercida pela Terra sobre um objeto. Nesse caso, a aceleração utilizada na equação da força é uma aceleração especial, chamada de aceleração gravitacional ( g ). O seu valor depende do planeta em questão e quanto maior seu valor, maior a força de atração entre os corpos. Na Terra, o módulo para a aceleração da gravi- dade é = 210 mg s . Dessa forma, a equação para a força gravitacional, ou força peso, é dada por: = × gF m g . Reflita Quando colocamos um corpo em uma balança, é muito comum dizermos que estamos verificando o seu peso. Mas, vimos até agora que, no SI, a unidade para massa é quilograma (kg) e para o peso, Newton (N). Dessa forma, é correto usar a balança e falar que obtemos o peso de um corpo? • Normal (N) A força normal, também chamada de força de apoio, é uma força de contato sempre perpendicular à superfície. Só existirá esse tipo de força quando o objeto estiver em contato com uma superfície. A Figura 1.15 exemplifica a atuação da força normal. Figura 1.15 | Força normal Fonte: elaborada pela autora. • Tração (T) A força de tração é aquela que está relacionada com fios, cordas e cabos. Desse modo, podemos dizer que a força de tração atua nos corpos por meios 34 de fios, cabos e cordas, provocando o movimento desejado. A força de tração sempre apresentará o sentido no local em que o fio ou cabo estiver preso. A Figura 1.16 apresenta um exemplo de força de tração. Figura 1.16 | Força de tração Fonte: elaborada pela autora. Pesquise mais Existem outros tipos de forças que podem atuar em um objeto. Pesquise mais sobre esse assunto nos materiais a seguir, disponíveis em sua Biblioteca Virtual: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Força e movimento – I (capítulo 5). In: HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. v. 1, cap. 5. [Minha Biblioteca]. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Leis de Newton. In: TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1, cap. 4. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Aplicações adicionais da Lei de Newton. In: TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica, oscilações e ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 1, cap. 5. Equilíbrio estático e dinâmico Vimos, na primeira lei de Newton, que um corpo está em equilíbrio quando a somatória de todas as forças que atuam nele é igual a zero. Assim, dizemos que, se o corpo estiver parado, permanece parado, mas se estiver em movimento, permanece em movimento com velocidade constante. Ou seja, a aceleração apresentada pelo corpo é igual a zero. Analisando essa situação, verificamos então que, para uma situação de equilíbrio, o corpo está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. 35 Dessa forma, percebemos que para o equilíbrio de um corpo há duas situações possíveis: • Equilíbrio estático – quando o corpo está em repouso. • Equilíbrio dinâmico – quando o corpo está em movimento retilíneo uniforme, ou seja, com velocidade constante. Para cada uma das duas situações, as condições de equilíbrio são as mesmas, e os cálculos realizados na primeira lei de Newton também. Para analisar o equilíbrio dos corpos, devemos verificar, inicialmente, se ele é um ponto material ou um corpo rígido. Isso é necessário, pois define quais condi- ções de equilíbrio devem ser aplicadas. A definição de ponto material pode ser dada por um corpo, com dimensões tão pequenas que são desprezadas, cujas forças sobre ele atuam em seu centro de massa. Já em um corpo rígido, as dimensões não podem ser desprezadas e nem todas as forças atuam em seu centro de massa. Equilíbrio de um ponto material Como vimos, ponto material é aquele em que as forças atuam em seu centro de massa. Em função disso, as dimensões do corpo são desprezíveis. Nessa situação, para verificarmos seu equilíbrio, pensando em um sistema bidimensional, as condições que devem ser analisadas são: = =å å0 0x yF e F O corpo só estará em equilíbrio se as duas condições forem satisfeitas; se apenas uma condição for satisfeita, o corpo não estará em equilíbrio, indicando que ele apresenta uma aceleração diferente de zero. Exemplificando Um ponto material hipotético é apresentado na Figura 1.17. Apresente os cálculos necessários para verificar se o corpo está em equilíbrio. Figura 1.17 | Ponto material sob ação de forças Fonte: elaborada pela autora. 36 Resolução: vemos que todas as forças atuam no centro de massa do corpo analisado. Dessa forma, as condições de equilíbrio que serão utilizadas são: = =å å0 0x yF e F Todas as forças que atuam no ponto material devem estar no eixo x e/ ou no eixo y. Observando as forças, vemos que 1F é uma força resul- tante que apresenta componentes em x e y. Por isso, torna-se neces- sário realizar a decomposição: = =1 1 1 1cos .x yF F e F F senq q Aplicando as condições de equilíbrio, temos: • No eixo x: = Þ - = Þ =å 1 2 1 20 cos 0 cosxF F F F Fq q • No eixo y: = Þ - = Þ =å 1 3 1 30 0yF F sen F F sen Fq q As três leis de Newton são expressas para descrever o movimento dos corpos, seja na situação de velocidade constante (equilíbrio) ou na situação de velocidade variada (aceleração diferente de zero). Dessa forma, conclu- ímos que sempre que houver qualquer tipo de variação de movimento em um corpo, seja macroscópica ou microscopicamente, é devido à aplicação de uma força, independentemente do nome que ela recebe (peso, normal, tração, atrito, entre outros). Sem medo de errar Você estava revisando alguns conceitos importantes e fundamentais para o desenvolvimento da construção do píer. O coordenador do projeto, preocupado com o desenho estrutural do píer, solicitou que você verificasse o equilíbrio em um ponto específico. A Figura 1.11 apresenta o ponto que deve ser analisado com as forças atuando sobre ele. Figura 1.11 | Ponto especifico do píer com aplicação de forças Fonte: elaborada pela autora. 37 Os valores para as forças foram fornecidos pelo coordenador, assim como os valores dos ângulos. São eles: = = = 1 2 310 ; 5,7 ; 11,5F N F N F N e = =1 260º; 30ºq q . Use =cos60º 0,5 ; =60º 0,87sen ; =cos30º 0,87 e =30º 0,5sen . Esse ponto específico do píer apresenta equilíbrio? O coorde- nador deverá se preocupar em reforçar esse ponto? Aplicando os conceitos estudados, é possível observar que o ponto específico do píer que será analisado é um ponto material, visto que todas as forças atuam em seu centro de massa. Dessa forma, para verificar seu equilí- brio, devemos utilizar as condições de equilíbrio: = =å å0 0x yF e F Para aplicarmos as condições de equilíbrio, todas as forças que atuam no corpo devem estar no eixo x e/ou y. O que não ocorre nas forças 1F e 2F , tonando necessário a decomposição de cada uma delas. • Para 1F : = = = 1 1 1 1 cos 10 cos60º 5 x x x F F F N F N q e = = = 1 1 1 1 10 60º 8,7 y y y F F sen F N sen F N q • Para 2F : = = = 2 2 2 2 cos 5,7 cos30º 5 x x x F F F N F N q e = = = 2 2 2 2 5,7 30º 2,8 y y y F F sen F N sen F N q Com as forças decompostas, podemos verificar as condições de equilíbrio: = - = - = å 1 2 0 0 5 5 0 x x x F F F N N e = + - = + - = å 1 2 3 0 0 8,7 2,8 11,5 0 y y y F F F F N N N Através dos cálculos vemos que as duas condições de equilíbrio foram satisfeitas. Dessa forma, o corpo está em equilíbrio estático, pois não há movimento com velocidade constante. E não será necessário reforçar esse ponto da estrutura do píer. Avançando na prática Máquina de Atwood A máquina de Atwood é uma aplicação prática da terceira lei de Newton. Ela consiste em um dispositivo simples em que é possível verificar o movimento dos corpos atravésde sua aceleração. De maneira simples, a 38 máquina é composta de dois corpos, com massas 1m e 2m , unidos por um cabo que passa por uma polia. O fio é inextensível e a massa da polia é despre- zível, assim como massa do cabo e o atrito da polia com seu eixo de rotação. Consideremos >1 2m m e “g”, a aceleração da gravidade. O sistema é apresen- tado na Figura 1.18. Apresente o desenvolvimento dos cálculos para a acele- ração do sistema ( a ) e o valor da tração (T) no fio. Figura 1.18 | Máquina de Atwood Fonte: elaborada pela autora Resolução da situação-problema Nessa situação, primeiro devemos analisar as forças que atuam em cada bloco separadamente, como apresentado na Figura 1.19. Figura 1.19 | Análise das forças Fonte: elaborada pela autora. 39 Como a massa do corpo 1 é maior do que a massa do corpo 2, o sistema apresenta movimento para a direita, região da massa 1. Assim, aplicando a segunda lei de Newton para cada bloco e levando em consideração o sentido do movimento, temos: = × - = × - = - = å 1 1 1 1 1 1 1 1 F m a P T m a P Ta m m g Ta m e = × - = × - = - = å 2 2 2 2 2 2 2 2 F m a T P m a T Pa m T m ga m Como a aceleração do sistema é a mesma nos dois blocos, pois eles estão unidos pelo fio, temos: - - = Þ - = - Þ - =- + - - =- - Þ + = Þ = + 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1 2 1 1 2 1 2 2 1 1 2 1 2 2 1 1 2 2 1 ( ) ( ) 2( ) 2 . m g T T m g m g T m T m g m m m g Tm m m g Tm m m m m gTm Tm m m g m m g T m m m m g T m m Faça valer a pena 1. Inicialmente, o movimento de um corpo era descrito pelas leis da cinemática, sem levar em consideração a sua causa. Tempos depois, Isaac Newton postulou três leis para o movimento, identificando o que causava ou modificava o movimento dos corpos. Deu-lhe, então, o nome de força. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a definição de força. a. Agente físico que modifica a temperatura do corpo. b. Agente físico que provoca ou altera o movimento de um corpo. c. Apenas o agente físico que altera o movimento de um corpo, não sendo possível provocá-lo. d. Apenas o agente físico que provoca o movimento de um corpo, não sendo possível alterá-lo. e. Agente físico que modifica as propriedades mecânicas de um corpo. 2. As leis de Newton foram construídas para explicar a causa e a consequência do movimento dos corpos. Dentre elas, a terceira lei de Newton afirma que toda ação tem uma reação de mesma intensidade e direção, mas de sentido oposto. Com relação à terceira lei de Newton, avalie as afirmativas a seguir quanto ao par de forças: ação e reação. 40 I. Ação: a Terra atrai os corpos. Reação: os corpos atraem a Terra. II. Ação: o pé do atleta chuta a bola. Reação: a bola adquire velocidade. III. Ação: o núcleo atômico atrai os elétrons. Reação: os elétrons movem-se em torno do núcleo. Está correto o que se afirma em: a. I, apenas. b. II, apenas. c. III, apenas. d. I e III, apenas. e. II e III, apenas. 3. A força da gravidade, ou força peso, é a força de atração que uma massa maior exerce sobre a massa menor. Sua unidade no Sistema Internacional é Newton, e a aceleração utilizada nos cálculos é a aceleração da gravidade. A equação para o cálculo da força gravitacional é = gF mg . Uma partícula apresenta um peso de 30 N na Terra, onde g = 9,8 m/s2. Considerando o contexto apresentado, responda aos itens a seguir: I. Calcule o peso dessa partícula em uma região onde g = 4,9 m/s2. II. Calcule o peso dessa partícula se ela estiver em um local onde a aceleração da gravidade é nula. III. Apresente a massa da partícula nas situações I e II. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, as respostas dos itens I, II e III: a. 15,2 N; 3,1 kg; 0 N. b. 30 N; 15,2 N; 2 kg. c. 15,2 N; 0 N; 3,1 N. d. 15,2 N; 0 N; 3,1 kg. e. 30 N; 15,2 kg; 3,1 kg. 41 Seção 3 Equilíbrio dos Corpos Diálogo aberto Caro aluno, compreender os conceitos envolvidos durante o movimento de um corpo é importante para entender o comportamento apresentado por ele. Além disso, as dimensões e formatos do corpo também devem ser analisados, pois influenciam diretamente no movimento apresentado. Por exemplo, você já imaginou por que uma roda de carro apresenta geome- tria circular? Como ocorre o movimento em uma gangorra quando duas crianças estão brincando; o mesmo ocorre com apenas uma criança? É mais fácil fechar a porta empurrando-a próximo à maçaneta ou próximo à dobra- diça? Não esqueça que a grandeza física força é responsável por provocar e/ ou alterar o movimento de um corpo. Dessa forma, as forças que atuam nos corpos devem ser analisadas quando o movimento de um corpo for estudado. Nessa seção, você será responsável por verificar o equilíbrio da estrutura do píer que será construído. Assim, retornando da visita à construção em outra cidade, você fez um esboço inicial do píer que será construído para verificar o equilíbrio em pontos específicos. Quando mostrou os resultados ao seu coordenador, e ele solicitou que, além dos pontos específicos, deveria ser verificado o equilíbrio da estrutura completa. A Figura 1.20 apresenta o esboço do píer com as forças aplicadas. Figura 1.20 | Esboço inicial do píer Fonte: elaborada pela autora. O comprimento do píer é de 30 m ( +1 2d d ), dado fornecido pelo coorde- nador. Em seu esboço, a distância 1d apresenta um valor de 20 m e a distância 2d , 10 m. Você supõe que esse píer deverá suportar uma força uniforme de 20 kN/m e está apoiado em dois pontos, 1F e 2F Levando em consideração que o 42 píer está em equilíbrio e que seu eixo de rotação está localizado em 1F , qual os valores que 1F e 2F devem apresentar? Ao final dessa atividade, os dados obtidos e os cálculos realizados devem ser inseridos no relatório que será entregue ao coordenador. Para resolução, deverão ser abordados os conceitos: corpos rígidos, rotações, momento de uma força: torque, equilíbrio de corpos rígidos. Saber nomear um objeto como ponto material ou corpo rígido é o primeiro passo para verificar seu equilíbrio. Dessa forma, em resistência dos materiais, devemos sempre verificar a estabilidade de uma estrutura quando submetidas a forças externas. Bons estudos! Não pode faltar Caro aluno, na seção anterior vimos que para analisar o equilíbrio dos corpos, devemos verificar, inicialmente, se ele é um ponto material ou um corpo rígido. Essa identificação é necessária porque define quais são as condi- ções de equilíbrio que devem ser aplicadas. Um corpo é considerado ponto material quando suas dimensões são tão pequenas que são desprezadas e forças atuam sobre ele em seu centro de massa. Nesse caso, as condições de equilíbrio que devem ser consideradas são = =å å0 0x yF e F . Lembrando que o corpo só estará em equilíbrio se as duas condições forem satisfeitas. Corpos Rígidos Um corpo é considerado rígido quando suas dimensões não podem ser reduzidas a um ponto e as forças sobre ele não atuam somente em seu centro de massa. Ou seja, são objetos que não podem ser descritos apenas por uma partícula, mas por um conjunto de partículas. A soma da massa de cada partícula resulta na massa total do objeto. As forças que atuam nos corpos rígidos, normalmente, são denominadas cargas e podem ser do tipo: • Concentrada: a força é aplicada em um único ponto da estrutura. Observe a Figura 1.21, ela apresenta um exemplo de força concen- trada, representada pela força P. Note que a força é aplicada em apenas um ponto da estrutura 43 Figura 1.21 | Exemplo de força concentrada Fonte: elaborada pela autora. • Uniforme: apresenta a mesma intensidade ao longo do elemento estrutural, sua unidade pelo Sistema Internacional (SI) é N/m e apresenta forma geométrica retangular. Ela produz uma força resul- tante concentrada cujo valor é igual à área da distribuição (ou seja, a carga por metro multiplicada pelo comprimento da estrutura) e sua aplicação ocorrerá no centro da distribuição. Observe a Figura 1.22,ela apresenta um exemplo de força uniforme (a) e como essa força deve ser considerada quando concentrada. Figura 1.22 | Exemplo de força uniforme (a) em um elemento estrutural e sua forma concentra- da (b) para realizar os cálculos Fonte: elaborada pela autora. Exemplificando Sobre uma estrutura, as forças externas podem atuar em três situações: concentrada, uniforme e variável. Contudo, para os cálculos de reação e equilíbrio, as forças resultantes devem ser do tipo concentradas. Dessa forma, apresente o valor da força resultante concentrada e sua posição na estrutura para uma carga uniforme de 10 N/m, conforme a Figura 1.23. 44 Figura 1.23 | Carga uniformemente distribuída na estrutura Fonte: elaborada pela autora. Resolução: Nesse caso, a força resultante dessa distribuição é calculada pela área da distribuição e aplicada no centro. Seu valor é dado por: = 10' NF m ×6 m = 60 .N A força resultante na estrutura é apresentada na Figura 1.24. Figura 1.24 | Força resultante aplicada na estrutura Fonte: elaborada pela autora. • Variável: a intensidade varia ao longo do elemento estrutural, sua unidade pelo Sistema Internacional (SI) é N/m e apresenta forma geométrica triangular. Ela produz uma força resultante concentrada cujo valor é igual à metade da área da distribuição (ou seja, a carga por metro multiplicada pelo comprimento da estrutura, dividido por 2) e sua aplicação ocorrerá a 1/3 do lado maior da distribuição. A Figura 1.23 apresenta esse processo (a) para força variável e (b) a sua forma concentrada. 45 Figura 1.25 | Força variável e sua forma concentrada Fonte: elaborada pela autora. Exemplificando Agora, apresente o valor da força resultante concentrada e sua posição na estrutura para uma carga variada de 10 N/m, conforme Figura 1.25. Figura 1.25 | Carga variada distribuída na estrutura Fonte: elaborada pela autora. Resolução: Nesse caso, a força resultante dessa distribuição é calculada pela metade da área da distribuição, aplicada a 1/3 do lado maior da distribuição. Seu valor é dado por: = 10 ' N mF ×3 m =15 . 2 N E a força resultante na estrutura é apresentada na Figura 1.26. 46 Figura 1.26 | Força resultante aplicada na estrutura Fonte: elaborada pela autora. Rotações O movimento descrito por um corpo pode ser classificado como rotação, translação ou uma mistura dos dois. Um exemplo comum de movimento de rotação é o movimento realizado pelo planeta Terra: rotação em torno de seu próprio eixo, permitindo que haja dias (quando a face do planeta está voltada para o sol) e noites (na face oposta do planeta); ou ainda um pião em movimento. Um exemplo comum de movimento de translação é um elevador, que sobe e desce, linearmente; ou ainda, um corpo em queda livre. Um exemplo da combinação desses dois movimentos é uma hélice de um avião. Sendo assim, podemos dizer que em um movimento de translação todos os pontos do corpo percorrem trajetórias lineares, cuja velocidade é linear. Já o movimento de rotação é aquele que o corpo realiza em torno de seu próprio eixo, percorrendo trajetórias circulares com velocidade angular. Um movimento de rotação é caracterizado pelo deslocamento do vetor posição r até outro vetor posição 'r em torno de um eixo O . A Figura 1.27 exemplifica o deslocamento do vetor posição ® 'r r . Figura 1.27 | Movimento de rotação Fonte: elaborada pela autora. 47 Para movimentos em que a translação e a rotação estão presentes, a velocidade linear (v) e a velocidade angular ( w ) se relacionam por = v rw , sendo r o raio da circunferência descrita pelo movimento. Assimile A unidade no SI para a velocidade linear é metro por segundo (m/s). Para a velocidade angular, a unidade no SI é radianos por segundo (rad/s). Por fim, para o raio, do movimento circular descrito pelo corpo, a unidade no SI é metro (m). Momento de uma Força: Torque A definição de momento de uma força, ou torque, é a força aplicada no material fazendo com que ele gire, ou seja, é a tendência que uma força tem de rotacionar um corpo. Sua unidade no SI é Newton vezes metro ( Nm ), que é unidade de energia, conhecida como Joule ( =Nm J ). Torque ( T ) é uma grandeza vetorial perpendicular ao plano formado pela força ( F ) e o raio ( r ) de rotação, podendo ser calculado por = .T F r Sendo assim, toda vez que uma força for aplicada em um corpo rígido a uma distância do eixo de rotação, provocará um torque. Observe a Figura 1.28, ela apresenta uma força ( F ) aplicada a uma distância ( r ) do eixo de rotação. Figura 1.28 | Momento de uma força Fonte: Young e Freedman (2008, p. 336). O torque apresentado por um material pode ser positivo ou negativo, dependendo do sentido de rotação apresentado por ele. Por convenção, o 48 torque será positivo se a rotação for no sentido anti-horário, e será negativo, se a rotação for no sentido horário. Mais de uma força pode ser aplicada ao material, provocando torque. Contudo, se mesmo com a aplicação dessas forças o corpo não rotacionar, dizemos que ele está em equilíbrio rotacional, tendo a resultante dos torques atuantes em um corpo nula. Nesse caso, temos = =å 0.RT T A Figura 1.29 apresenta algumas situações importantes da respeito da definição de torque. Figura 1.29 | Relação entre força e torque Fonte: elaborada pela autora. Analisando a Figura 1.29, temos que: • Anteriormente, o torque foi definido como a força aplicada, perpen- dicular ao eixo de rotação, em um material a uma distância de seu eixo fazendo com que ele gire. Se a força estiver no mesmo eixo de rotação (como em 2F ), ela provocará movimento linear no material, e não de rotação. Nesse caso, o torque não existe. • Quando a força for aplicada sobre o eixo de rotação, a distância entre a aplicação da força até o eixo será zero (como em 1F ). Assim, o torque será zero. • O valor do torque depende da intensidade da força aplicada perpen- dicularmente ao eixo e da distância da aplicação dessa força. Dessa forma, para uma força de mesma intensidade, o torque poderá ser maior ou menor, dependendo da distância até o eixo de rotação. Como vemos na Figura 1.29, considerando que =1 3F F , o torque apresentado por 3F será maior que o apresentado por 1F , simples- mente por estar mais distante do eixo de rotação. Reflita Dependendo do local de aplicação da força em um corpo rígido, o torque será nulo ou não existirá. Conceitualmente, podemos falar que aquilo que é nulo é aquilo que não existe possui valor zero? 49 Equilíbrio de corpos rígidos Vimos, anteriormente, que para um corpo (do tipo ponto material) estar parado, ou seja, em equilíbrio, a somatória de todas as forças que atuam nele deve ser igual a zero. Contudo, para corpos rígidos, mais uma condição de equilíbrio deve ser analisada: o torque. Isso, pelo fato de que, dependendo de como a força é aplicada no material, ela provoca movimento de rotação. Sendo assim, para corpos rígidos, as condições de equilíbrio que devem ser abordadas são: = = =å å å0; 0; 0x yF F T É importante ressaltar que a estrutura só estará em equilíbrio se as três condições forem satisfeitas. No caso do torque, a somatória deve ser nula em qualquer ponto da estrutura Pesquise mais Aprofunde seu conhecimento sobre torque e equilíbrio de um corpo rígido acessando os materiais: • HALLIDAY, D.; RESNICK, R. WALKER, J. Força e Movimento – I cap. 5. In: Fundamentos de física, volume 1: mecânica. 10.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. v. 1. • Young, H. D.; Freedman, R. A. Dinâmica do movimento de rotação, cap. 10. In: Física 1: mecânica. 12. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2008. Exemplificando Observe a estrutura da Figura 1.30, em que temos um exemplo de gangorra. Sobre ela estão apoiados dois corpos de massas distintas de 25 kg (a esquerda) e 54 kg (a direita). Os corpos estão apoiados na gangorra de modo que o sistema fique em equilíbrio, considerando as distâncias até o eixo de rotação. Figura 1.30| Gangorra Fonte: elaborada pela autora. Dessa forma, qual o peso da tábua da gangorra? Considere = 210 / .g m s 50 Resolução: Para verificarmos o equilíbrio de uma estrutura, primeiro devemos saber quais as condições de equilíbrio devem ser consideradas. Para isso, devemos classificar a estrutura como ponto material ou corpo rígido. A estrutura apresentada na Figura 1.30 é um corpo rígido, dessa forma, as condições de equilíbrio que deverão ser consideradas são = = =å å å0; 0; 0.x yF F T O próximo passo é verificar as forças que atuam na estrutura, observe a Figura 1.31. Figura 1.31 | Forças atuantes na estrutura Fonte: elaborada pela autora. Agora, aplicamos as condições de equilíbrio: =å 0xF =å 0yF - - - = Þ - ´ - ´ - =1 2 1 20 ( ) ( ) 0Apoio Gangorra Apoio GangorraP P P P P m g m g P - - - = Þ = +540 250 0 790Apoio Gangorra Apoio GangorraP N N P P P N =å 0T - + + + =1 2 0Gangorra ApoioT T T T - ´ + ´ + ´ + ´(540 1 ) (250 2 ) ( 0,5 ) ( 0 )Gangorra ApoioN m N m P m P m = 0 - + + ´ =540 500 ( 0,5 ) 0GangorraNm Nm P m ´ =0,5 40GangorraP m Nm = 40 Gangorra N mP 0,5 m = 80 N Dessa forma, a força peso da gangorra é de 80 N. Note que o exercício não pediu a força do apoio; contudo, caso ele solicitasse, bastava voltar na somatória das forças no eixo y e encontrar a força do apoio ( apoioP ). 51 Os conceitos de momento de uma força, ou torque, e o equilíbrio de corpos rígidos estão diretamente ligados ao nosso dia a dia. Por exemplo, ao abrir uma torneira, fechar uma porta, equilibrar um objeto sobre a mesa, praticar o esporte Slackline, dentre outras coisas. Saber relacionar os conceitos abordados em sala de aula com o seu cotidiano facilita a compreensão dos conteúdos e dos fenômenos que ocorrem ao seu redor. Sem medo de errar Voltando de sua viagem, você fez um esboço inicial do píer que será construído para verificar o equilíbrio em pontos específicos e mostrou a seu coordenador. Ele solicitou que, além dos pontos específicos, deveria ser verificado o equilíbrio da estrutura completa. A Figura 1.20 apresenta o esboço do píer com as forças aplicadas. Figura 1.20 | Esboço inicial do píer Fonte: elaborada pela autora. O comprimento do píer é de 30m ( +1 2d d ), dado fornecido pelo coorde- nador. Em seu esboço, a distância 1d apresenta um valor de 20 m e a distância 2d , 10 m. Você supõe que esse píer deverá suportar uma força uniforme de 20 kN/m e está apoiado em dois pontos, 1F e 2F . Levando em consideração que o píer está em equilíbrio, e que seu eixo de rotação está localizado em 1F , qual os valores que 1F e 2F devem apresentar? Para resolver essa questão, você verificou que a estrutura do píer era um corpo rígido, e por isso deveria utilizar as condições de equilíbrio = = =å å å0; 0; 0.x yF F T Sobre essa estrutura estão atuando três forças: 1F e 2F são forças concentradas e uma força uniformemente distribuída de 20 kN/m. Assim, redesenhando o esboço, temos o diagrama de forças apresen- tado pela Figura 1.32. Utilizando o diagrama como base, devemos encontrar os valores de 1F e 2F para que a estrutura esteja em equilíbrio. 52 Figura 1.32 | Diagrama de forças do esboço do píer Fonte: elaborada pela autora. Aplicando as condições de equilíbrio: =å 0xF =å 0yF + - = Þ + =1 2 1 2600 0 600 (1)F F kN F F kN =å 0T ´1( 0 )F m + ´ - ´ = Þ ´ =2 2( 20 ) (600 15 ) 0 ( 20 ) (9000 )F m kN m F m kNm =2 9000 kN m F 20 m = 450 kN Como em (1): + =1 2 600F F kN = - Þ = - =1 2 1600 600 450 150F kN F F kN kN kN Dessa forma, para que a estrutura esteja em equilíbrio, as forças 1F e 2F não devem apresentar valores maiores que 150 kN e 450 kN, respectiva- mente. Isso pelo fato de que a estrutura está em equilíbrio para esses valores de forças, qualquer aumento ou diminuição desses valores, o píer não estará em equilíbrio. 53 Avançando na prática Andaime suspenso Uma importante igreja de Minas Gerais está passando por reforma. No teto dessa igreja, em seu interior, há inúmeras pinturas que devem ser restauradas. Dessa forma, um conceituado pintor e historiador da região foi contratado para realizar esse serviço. Para isso, ele deve utilizar um andaime suspenso por duas cordas, como mostra a Figura 1.33. Figura 1.33 | Andaime suspenso Fonte: Fonte Valentim ([s.d], p. 5). As cordas, que estão presas no teto, possuem módulo de tensão de 1T e 2T , sendo 1T a tensão referente à corda da esquerda e 2T a tensão referente à corda da direita. E ainda, o módulo do peso do andaime mais o peso do pintor é dado por = +int .T P or AndaimeP P P Qual a relação entre as tensões 1T e 2T nas cordas com o peso = +intT P or AndaimeP P P ? Considere que a estrutura está em equilíbrio e a posição do pintor no andaime será fixa, conforme a Figura 1.33. Resolução da situação-problema Para resolver essa situação, devemos entender como as forças estão distri- buídas e lembrar que para uma estrutura estar em equilíbrio, devemos consi- derar as condições de equilíbrio. Nesse caso, estamos tratando de um corpo rígido, e as condições de equilíbrio, nesse caso, são: = = =å å å0; 0; 0.x yF F T 54 O enunciado afirma que a estrutura está em equilíbrio e pede a relação entre as tensões nas cordas e o peso da estrutura mais o pintor. Analisando a Figura 1.33 e aplicando a condição de equilíbrio das forças na vertical, temos que: =å 0yF + - =1 2 0TT T P + =1 2 TT T P O pintor não está no centro da base do andaime, logo, a tensão na corda 1 será menor que a tensão na corda 2. Assim, <1 2.T T Faça valer a pena 1. A definição de torque é aplicação de uma força/carga sobre o material, fazendo com que ele gire/rotacione. É dado pela intensidade da carga aplicada vezes a distância até o eixo de rotação e sua unidade no Sistema Internacional (SI) é Nm. Considerando o contexto apresentado, assinale a alternativa correta. a. O torque será positivo se a rotação ocorrer no sentido anti-horário e negativo se a rotação ocorrer no sentido horário. b. O torque será positivo se a rotação ocorrer no sentido horário e negativo se ocorrer no sentido anti-horário. c. O torque será sempre negativo, independente do sentido de rotação do corpo. d. O torque será sempre positivo, independente do sentido de rotação do corpo. e. Não importa o sentido da rotação, o torque sempre será nulo. 2. Observe a Figura 1.34 a seguir, ela apresenta dois materiais em equilíbrio suspensos por um fio ideal, inextensível. Figura 1.34 | Materiais suspensos por um fio ideal Fonte: elaborada pela autora. 55 O corpo A apresenta um peso de intensidade P. Assinale a alternativa que apresenta a intensidade do corpo B. a. 0,5 P. b. 1,0 P. c. 2,0 P. d. 2,5 P. e. 3,0 P. 3. Um trapiche está sendo projetado em uma estância turística. Um engenheiro desenhou um esboço, como mostrado na Figura 1.35, considerando que, no início da estrutura, será construído um quiosque para o comércio de bebidas no local. O eixo de rotação desse trapiche está alocado no ponto A. Figura 1.35 | Esboço do trapiche a ser construído Fonte: Elaborada pela autora Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, os valores para as forças Ay e By. a. 20,00 kN e 20,00 kN. b. 20,00 kN e 27,75 kN. c. 1,25 kN e 27,75 kN. d. 27,75 kN e 1,25 kN. e. 1,25 kN e 20,00 kN. Referências ÁVILA, G.; ARAÚJO, L. C. Cálculo Ilustrado, prático e descomplicado. Rio de Janeiro: LTC, 2012. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2128-7/ cfi/0!/4/2@100:0.00. Acesso em: 25 abr. 2019. BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: mecânica. Porto Alegre: AMGH, 2012. BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015. CALLISTER JR., W. D. Fundamentals of materials science and engineering. 5. ed. New York: John Wiley & Sons, 2001. CARVALHO, M. M. G. de. Vetores e álgebra vetorial (revisão). Instituto de Física “Gleb Wataghin”, Unicamp, [portal]. Campinas,
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